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Aula 05
Geografia p/ CACD (Diplomata) Primeira
Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital
Autor:
Alexandre Vastella
Aula 05
7 de Julho de 2020
 
 
 
Aula 06 - Geografia Agrária - Sumário 
Estrutura e funcionamento do agronegócio no Brasil e no mundo ........................................ 2 
Distribuição geográfica da agricultura e pecuária mundiais ..................................................... 8 
Caracterização da agropecuária mundial e regional ................................................................................. 8 
Distribuição geográfica da agropecuária mundial e regional .................................................................. 13 
Distribuição geográfica da agropecuária no Brasil .................................................................................. 18 
Soja ..................................................................................................................................................... 19 
Cana-de-açúcar ................................................................................................................................... 22 
Bovinos ............................................................................................................................................... 23 
Arroz e feijão ....................................................................................................................................... 24 
Milho ................................................................................................................................................... 24 
Café..................................................................................................................................................... 25 
Trigo ................................................................................................................................................... 25 
Floresta plantada ................................................................................................................................ 26 
Estrutura fundiária, uso do solo e relações no campo brasileiro ............................................. 28 
Histórico da estrutura fundiária brasileira ............................................................................................... 28 
Estrutura fundiária brasileira atual .......................................................................................................... 34 
Relações de produção no campo brasileiro ............................................................................................. 38 
Agricultura familiar e latifúndios no Brasil .............................................................................................. 40 
Projeções para a agropecuária brasileira ................................................................................................ 42 
Treinamento em questões objetivas (1ª fase) ................................................................................ 48 
Questões ................................................................................................................................................ 48 
Gabarito.................................................................................................................................................. 53 
Bibliografia sugerida .................................................................................................................................. 54 
 
 
 
 
 
Alexandre Vastella
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Brasil sempre teve "vocação" agrícola. Na imagem, ocupação agrícola no século 
XIX 
ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO AGRONEGÓCIO NO BRASIL 
E NO MUNDO 
Conforme vimos nas aulas anteriores, a atividade agropecuária teve papel central na formação 
histórica, territorial, e econômica do Brasil. Por cerca de quatro séculos – desde o período colonial 
até pelo menos a primeira metade do século XX – as atividades 
econômicas desenvolvidas no país estiveram fortemente atreladas à 
exploração da terra e dos recursos naturais. Determinando inclusive, a 
distribuição populacional pelo país. Se extração de pau-brasil, 
protagonizada a partir da primeira metade do século XVI, foi responsável 
pela ocupação do litoral da Bahia e de outros estados nordestinos, foi com a cana-
de-açúcar – plantada em larga escala na Zona da Mata nordestina entre os séculos 
XVI e XIX – que o Brasil efetivamente tornou-se um país agrário-exportador. Enquanto 
isso, no interior do nordeste – especialmente em estados como Piauí, Bahia e 
Pernambuco – estabelecia-se a criação de gado visando o fornecimento produtos 
como carne e couro para as regiões litorâneas. A descoberta do ouro em Minas Gerais, no 
século XVIII, deslocou o eixo econômico para o centro-sul, juntamente com as atividades de 
transporte, criação de animais e cultivos agrícolas de subsistência. Pouco tempo depois, ainda na região 
sudeste e no século XVIII, o café passou a ser cultivado em larga escala: primeiramente estabelecido no 
Rio de Janeiro, o produto passou a ser cultivado no interior paulista, inicialmente no Vale do Ribeira e 
depois sentido à Depressão Periférica interiorana. 
Apesar de o café ser o principal produto 
de exportação, outras regiões do país também 
consolidaram-se como grandes polos agrícolas 
ou extrativistas no século XIX. Enquanto o Rio 
Grande do Sul e demais estados da região 
especializavam-se na produção de charque e 
mate para o consumo interno, o sul da Bahia 
cultivava cacau em larga escala; já o Maranhão, 
especializava-se em algodão voltado à 
exportação. Última área a ser explorada no país, 
a Amazônia destacava-se pelas de drogas do 
sertão (produtos extraídos da floresta) e pela 
produção de borracha, extraída em dois ciclos, 
entre o final do século XIX e início do século XX, 
e posteriormente, durante a Segunda Guerra 
Mundial. Conforme visto nas aulas anteriores, a 
matriz econômica agrário-exportadora só 
começou a mudar, lentamente, com a 
industrialização ocorrida a partir da década de 
1930. Até hoje, em pleno século XXI, o setor 
agropecuário e a exportação de commodities 
ainda são os principais carros-chefes da 
economia nacional. 
Alexandre Vastella
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A recente mecanização do campo brasileiro tem provocado profundas alterações no espaço geográfico, gerando riquezas, porém acirrando os 
conflitos de terra já existentes. 
A partir da segunda metade do século XX, especialmente a partir da década de 1970, a agricultura 
passou por um amplo processo de modernização. A introdução de novos insumos, máquinas, e 
incentivos agrícolas fizeram com que o campo ganhasse nova dimensão tecnológica, principalmente nas 
regiões sul, sudeste, e centro-oeste, onde situa-se o eixo geoeconômico do país. No mesmo período, o 
acelerado processo de urbanização demandava novas formas de produção agrícola: com o aumento do 
êxodo rural (assunto que veremos na próxima aula), menos pessoas passaram a cultivar alimentos no 
campo, o que demandou a sofisticação dos processos produtivos para atender às recentes massas 
urbanas. Além disso, a abertura comercial e a globalização protagonizadas nos 1990 promoveram o 
aumento das exportações do setor. A baixa tecnologia até então vigente, passou a ser paulatinamente 
substituída por equipamentos e tecnologias modernas. 
Após as inovações tecnológicas pós-1960, e visando as exportações no setor, o desempenho 
agropecuário aumentou expressivamente. Especialmente entre os anos 1960 e 1980, os investimentos 
públicos em infraestrutura de transportes, de armazenamento, e de energia aumentaram 
consideravelmente – lembremos que neste período, o governo militar tinha uma grande preocupação em 
ocupar o interior do país. Conforme apontamos dados do Censo Agropecuário [fonte e fonte] o número 
de tratores no Brasil aumentou consideravelmente após os anos 1960. Perceba que a mecanização foi 
consideravelmente intensa nos últimos dez anos de Censo, entre 2006 e 2017. 
 
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Desconcentração industrial e modernização do campo: dois lados 
da mesma moeda. Trabalho camponês está sendo substituído pelo 
especializado, provocando êxodo rural. Na foto, usina de cana no 
interior paulista. 
Nota-se que em apenas dez anos, entre 1970 e 1980, o número de tratores mais que triplicou, 
passando de pouco mais de 160 mil, para mais de 500 mil. A partir de 1980, com a crise econômica, 
política, e inflacionária que o Brasil passava, o ritmo de crescimento diminuiu, porém, continuou 
expressivo. O que realmente chama atenção é o recente aumento na velocidade de mecanização: entre 
2006 e 2017, foram acrescidos mais de quatrocentos mil tratores, a metade do que havia! Isso significa 
que o campo brasileiro está se modernizando em uma velocidade impressionante. 
Os resultados da mecanização foram bem visíveis. Entre 1970 e 1980 a produtividade agrícola 
quase dobrou, passando de 124,4 milhões de toneladas (1970) para 234,9 milhões de toneladas (1980). 
Após 1985, a velocidade de crescimento diminuiu, porém, manteve-se elevada. Em 2006, a produção de 
alimentos era mais de seis vezes maior do que em 1960. 
No entanto, apesar de ter contribuído para diminuir o preço dos alimentos e a fome no país, a 
elevação da produtividade também trouxe impactos negativos, como o aumento do desemprego no 
campo e o êxodo rural. Conforme veremos na próxima aula, foi justamente entre os anos 1970 e 1990, 
época de mecanização expressiva no campo, que as regiões metropolitanas mais cresceram em todo o 
país. “Expulsos” de suas terras pela mecanização, ex-camponeses ajudaram a engrossar as periferias 
urbanas, intensificando os problemas sociais nas grandes cidades. De acordo com o gráfico abaixo: 
 
Nota-se que apesar do incremento de mão de obra 
protagonizado na década de 1970 – também fruto de 
políticas públicas, auxílios creditícios, e incentivos de 
migração interna – a partir de 1985, o número de 
trabalhadores rurais entrou em queda vertiginosa, 
tendência que continua até os dias atuais. Além da 
mecanização do campo, fatores como a crise econômica, a 
seca no nordeste, o aumento do setor de serviços e o corte 
de subsídios governamentais contribuíram para este 
resultado. Além da migração para as cidades, outro fator 
que explica esta queda é a industrialização do campo, que 
atraiu parte dos empregos oriundos das áreas rurais. Entre 
2006 e 2017, o campo brasileiro perdeu aproximadamente 
1,6 milhão de trabalhadores. 
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No mundo contemporâneo, indústria e agropecuária estão cada vez mais 
próximas. O campo brasileiro não é somente “agropecuário”, mas 
principalmente “agroindustrial”. 
Outra característica a ser compreendida na agropecuária moderna são os fatores que regem a sua 
distribuição global. Até a metade do século XX, aspectos físicos como solos férteis, climas favoráveis, e 
proximidade à recursos hídricos exerciam grande pressão na distribuição agrícola. Atualmente, no 
entanto, embora estes fatores continuem sendo relevantes, não são mais primordiais. No cenário 
agropecuário contemporâneo, aspectos antrópicos acabam tendo maior importancia do que aspectos 
físicos. Em um mundo globalizado, o contexto político-econômico, o grau de urbanização, a presença de 
infraestrutura de transportes e comunicação acabam sendo primordiais ao exercício agrícola. Se 
anteriormente, a agricultura era exercida de forma relativamente autônoma - para consumo de 
subsistência ou mercados locais – esta passa, no cenário contemporâneo, a ser articulada aos mercados 
globais. 
Neste contexto, a partir dos anos 1970, com o 
advento da terceira revolução industrial e da revolução 
verde, houve o aumento das relações entre 
agricultura e indústria. Se anteriormente a produção 
de gêneros agrícolas era majoritariamente 
destinada ao consumo direto, passou a ser, em 
grande parte, designada para fins de matérias-
primas de indústrias alimentícias. Isto ocorre, por 
exemplo, com os dois maiores gêneros agrícolas do 
país: a cana de açúcar e a soja, que ao invés de serem 
consumidos diretamente, constituem integrantes de 
outros produtos daí derivados, tais como: o açúcar e as 
bebidas alcóolicas (cana-de-açúcar); e farelos e óleo 
(soja), que daí sim, após processamento industrial, 
são destinados ao consumo humano. 
Deste modo, o setor agropecuário contemporâneo não é mais autônomo, mas sim, integrado à 
indústria, aos serviços, à comunicação, aos transportes, e aos demais tipos de redes geográficas que 
compõem o território. Retomando a aula anterior, é correto dizer que o modelo de acumulação flexível e 
a terceira revolução industrial (ou técnico-científica) chegaram ao campo. Hoje, ao invés do clássico 
camponês com a enxada nas mãos, o trabalhador agrícola do século XXI está cada vez mais capacitado 
para lidar com a alta tecnologia, sendo cada vez mais necessárias habilidades como, por exemplo, operar 
tratores modernos, guiar drones, processar imagens de satélite, ou cultivar sementes produzidas por 
biotecnologia. Com a aceleração dos fluxos promovida pela globalização, as cadeias de produção, 
armazenamento, transporte, distribuição e consumo, tornam-se cada vez mais interligadas. 
Cadeia do agronegócio contemporâneo 
Fase Principais necessidades 
Plantio 
• Sementes transgênicas 
• Operação de tratores 
• Sistemas de irrigação 
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Monitoramento 
• Técnicos agrônomos 
• Pesticidas e herbicidas 
• Imagens de satélite 
• Drones 
Colheita 
• Operação de tratores 
• Mão de obra especializada 
Armazenamento 
• Locais seguros 
• Controle de entrada e saída 
• Controle de estoque 
Transporte 
• Veículos de transporte terrestre (caminhões) 
• Integração com modais ferroviário e hidroviário 
Agroindústria 
• Produtos químicos 
• Matérias primas de outras fontes 
• Energia elétrica 
• Mão de obra especializada 
• Máquinas especializadas na produção 
Consumo 
• Redes de supermercados 
• Transporte rodoviário e urbano 
• Embalagens e marketing 
Para “complicar” ainda mais, cada aspecto acima mencionado ainda está inserido em cadeias de 
produção específicas, tais como empresas especializadas biotecnologia, em tratores e máquinas 
agrícolas, em defensivos agrícolas, em sistemas de transporte e logística, em vendas e varejo, e etc. Deste 
modo, devido à alta complexidade das cadeias de produção, não é possível saber a exata dimensão do 
agronegócio brasileiro, e tampouco, do agronegócio mundial. 
Produção familiar de algodão no Maranhão (esq) e de arroz no Vietnã (dir). No Brasil e no mundo, a mecanização do campo ainda é restrita ao 
grande capital. 
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Agronegócio causou a maior parte do desmatamento na 
Amazônia. Na foto, pastoreio nas bordas da floresta. 
No entanto, nem toda a produção moderna está interligada ao agronegócio. Apesar da intensa 
modernização agrícola protagonizada pelo capital hegemônico e da tecnificação voltada à exportação, 
tanto no Brasil quanto no mundo, resistem alguns modos tradicionais de produção. Embora o centro-sul 
do país tenha absorvido a maior parte das inovações técnicas, áreas do sertão nordestino e do interior da 
Amazônia são pouco expressivas na produção do PIB. Nestaslocalidades, predominam a agricultura e a 
pecuária de subsistência, além da agricultura familiar para consumo local e regional. É o caso, por 
exemplo, da produção de mandioca realizada por ribeirinhos amazonenses, e da criação de gado realizada 
em estados como Piauí e Pernambuco. 
 Além de causar impactos sociais – especialmente êxodo 
rural e desigualdades no campo – o agronegócio moderno traz 
uma série de problemas ambientais, como o desmatamento de 
biomas nativos. Conforme veremos em aula posterior, devido à 
má utilização do solo, grande parte das coberturas vegetais do 
Cerrado, da Caatinga, e da Mata Atlântica foram historicamente 
suprimidas. A integridade de biomas como Amazônia e o 
Pantanal – que encontram-se em maior grau de preservação – 
estão seriamente ameaçados com o avanço das pastagens e da 
agricultura para exportação. A situação é agravada pela ação 
desenfreada de grileiros, madeireiros e garimpeiros ilegais. De 
acordo com estudo da FAO, a produção do agronegócio para 
os mercados internacionais foi o principal fator de 
desflorestamento na Amazônia, fruto de práticas como o 
pastoreio extensivo, o cultivo de soja e as plantações de coqueiro-de-dendê. O relatório aponta que entre 
1990 e 2005, mais de 80% do desflorestamento ocorrido no Brasil foi associado à conversão de terras 
em terrenos de pastoreio. [fonte]. Para mitigar estes problemas ambientais, em 2009, o governo 
brasileiro criou o Sistema de rastreamento do gado (Sisbov), que visa registrar e controlar as 
propriedades rurais que optarem por comercializar carnes para mercados que exigem rastreabilidade 
individual. Em outras palavras, tem por objetivo coibir a comercialização de carne irregular da Amazônia, 
já proibida em locais como União Europeia. 
Resumão - Funcionamento do Agronegócio 
Vocação agrícola do 
Brasil 
Desde o período colonial até a década de 1930, a agropecuária foi o único setor 
realmente expressivo no Brasil. Até hoje, é um dos setores mais importantes para 
a economia nacional. 
Modernização a 
partir dos anos 1970 
A partir dos anos 1970, avanços técnicos no campo protagonizaram uma revolução 
nos modos de produção. 
Aumento da 
produtividade 
Devido aos melhoramentos técnicos, a produtividade aumentou expressivamente 
entre 1970 e 1980 no Brasil, e continua aumentando até os dias atuais. 
Desemprego no 
campo 
A mecanização do campo provocou desemprego e êxodo rural, acentuando os 
problemas das grandes cidades. 
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Barateamento dos 
alimentos 
A Revolução Verde acarretou no barateamento dos alimentos, diminuindo a fome 
global e nacional. 
Aspectos de 
localização 
Até a segunda metade do século XX, fatores físicos (clima, solos, etc) exerciam 
maior influência na localização. Com os avanços tecnológicos das ultimas décadas, 
fatores políticos e econômicos passaram a ser mais importantes. 
Simbiose 
agropecuária e 
indústria 
Ao contrário do que ocorria na primeira metade do século XX, atualmente, a 
agropecuária está interligada à industria. Hoje, a maior parte dos alimentos vêm 
da indústria, e não diretamente do campo. 
Complexificação das 
redes de produção 
Com novos componentes técnicos, complexificaram-se as redes de produção. A 
agroindústria precisa de sistemas técnicos como transportes, armazenamento, 
etc. 
Acumulação flexível 
no campo 
Nas grandes cadeias de produção, devido a mecanização, o camponês está sendo 
substituído pela mão de obra especializada. 
Desigualdades no 
território 
Porém, o "progresso" não atingiu a todos: tanto no Brasil quanto no mundo ainda 
resistem vários focos de produção de subsistência e de consumo local, de baixa 
tecnologia. 
Questão ambiental 
O agronegócio é o maior agente deflorestador da Amazônia. No entanto, 
mercados como União Europeia não compram carne irregular. Para mitigar os 
efeitos dos impactos no meio ambiente, alguns produtores rurais financiam ONGs 
ambientais. 
 
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DA AGRICULTURA E PECUÁRIA 
MUNDIAIS 
Caracterização da agropecuária mundial e regional 
Ao contrário do que pregavam os malthusianos, nas últimas décadas, de acordo com dados da 
Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a produção agrícola mundial 
cresceu mais que a população. Este movimento foi mais intenso a partir da Revolução Verde ocorrida a 
partir dos anos 1970. A partir deste período, a modernização tecnológica alavancou a produção de 
alimentos, que apesar de intensificar os impactos ambientais, também aumentou sua acessibilidade. Não 
por acaso, respeitando a tendência mundial, atualmente, no Brasil, há mais obesos do que famintos 
[fonte]. O gráfico abaixo, elaborado com base em dados da FAO [fonte], compara o crescimento 
populacional e a produção agrícola desde a década de 1960: 
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Observa-se que apesar de ter evoluído durante todo o período, o crescimento da produção de 
agrícola aumentou de velocidade a partir do século XXI. Isto se deve principalmente à maior 
informatização do campo, protagonizada por técnicas modernas como drones, imagens de satélite, 
tratores automáticos, e avanços nas ciências agronômica e pedológica. 
No entanto, apesar deste crescimento, assim como ocorre em contexto brasileiro, a distribuição 
da agricultura mundial é bastante desigual. De acordo com a FAO, os principais produtores agrícolas do 
mundo são Estados Unidos, China, Índia, Rússia, Brasil e países da União Europeia (não 
necessariamente nesta ordem). A tabela abaixo – elaborada com base em dados do United States 
Department of Agriculture (USDA) mostra quais são foram os principais produtos agrícolas produzidos no 
mundo em 2017, ano mais recente do balanço (importante ressaltar que de um ano para outro, os 
números de produção podem se alterar em função do clima e de fatores político-econômicos). 
Alimentos mais produzidos no mundo - 2017 
 
Produto 
Milhões 
de ton. 
% do total 
 
Produto 
Milhões 
de ton. 
% do total 
1 Cana-de-açúcar 1898,2 24% 11 Tomate 163,4 0,0207 
2 Milho 1017,5 13% 12 Cevada 143,6 0,0182 
3 Arroz 738,1 9% 13 Suíno 112,3 0,0142 
4 Trigo 711,1 9% 14 Melancia 108,9 0,0138 
5 Leite de vaca 635,6 8% 15 Banana 106 0,0134 
6 Batata 374,5 5% 16 Batata doce 102,7 0,013 
7 Vegetais 279,7 4% 17 Leite de búfala 102 0,0129 
8 Soja 278,1 4% 18 Frango 96,3 0,0122 
9 Mandioca 263,3 3% 19 Cebola 84,8 0,0107 
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Localização dos “belts” americanos. País possui uma das agriculturas mais eficientes 
do mundo, destaque na produção de trigo, milho, e etanol. 
Terraços de arroz na China. Produto é o carro-chefe do 
país, e da Ásia como um todo. 
10 Beterraba 247,4 3% 20 Maça 80,8 0,0102 
Perceba que a maior parte da produção agrícola global, cerca de ¼ de tudo que é produzido, é 
cana-de-açúcar. Isso ocorre principalmente por conta do etanol, um combustível indispensável no mundo 
atual. Nos Estados Unidos, ao invés da cana, utiliza-se o milho para gerar o etanol, o que explica o 
segundo lugar dessa commodity. 
Aliás, por falar nos norte-americanos, a 
agricultura dos Estados Unidos é uma das mais 
desenvolvidas do mundo, sendo dotada de 
elevado grau de especialização e altamente 
mecanizada. Nos famosos “cinturões” (belts) 
norte-americanos são produzidas grande parte 
do trigo (wheat belt) e do milho (corn belt) 
mundiais. Ao contrário do que ocorre no espaço 
agrário brasileiro – historicamente marcado pela 
alta concentração fundiária e monocultora – nos 
Estados Unidos, a agricultura familiar é 
prioridade desde o século XIX. 
Vale salientar que enquanto ogoverno 
brasileiro aprovava a Lei de Terras (1850), que dificultava significativamente o acesso à terra no país, o 
governo dos Estados Unidos assinava a Lei da Propriedade Rural (Homestead Act) (1862), que 
incentivava, por meio de legalização de posse, a ocupação de terras pelos imigrantes europeus. Com o fim 
da guerra civil, o governo construiu hidrovias e ferrovias, o que levou empreendedores a montarem 
empresas especializadas em armazenar e transportar a produção. 
A partir dos anos 1990, no entanto, a maior autonomia 
das empresas privadas fez com que os Estados Unidos se 
tornassem o maior produtor agrícola mundial. De acordo com 
a FAO, são produzidas no país, em média, 9 toneladas de grãos 
por hectare, mais do que o dobro da taxa brasileira. Desde a 
década de 90, apesar da área plantada manter-se relativamente 
estável, a safra vem crescendo em média, 2% ao ano. Os 
Estados Unidos disputam com a China o posto de maior 
produtor global de grãos, Contudo, apenas 1,7% da população 
americana trabalha no campo — na China, a proporção é de um 
para três [fonte]. 
De tradição milenar e bastante diversificada, a 
agricultura chinesa é responsável por grande parte do cultivo 
global de milho, soja, trigo, cana-de-açúcar, beterraba, batata, e 
diversos outros produtos agrícolas. 1/3 da produção de arroz, 
17% da produção de grãos, e 17% da produção de trigo do 
mundo está na China. Apesar de historicamente possuir maioria rural, foi somente as últimas décadas 
que a agricultura chinesa tornou-se mundialmente expressiva. Neste contexto, as reformas econômicas 
promovidas por Deng Xiaoping iniciadas nos 1970, fizeram com que o setor galgasse projeção 
internacional no final do século XX. No entanto, apesar de abrigar 20% da população do globo, apenas 7% 
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do território chinês é cultivado [fonte]. Além disso, face à exponencial industrialização do país, e a à 
carência de políticas ambientais, grande parte dos arrozais chineses está contaminada com metais 
pesados, o que pode colocar em risco a saúde humana. [fonte] 
 
A União Europeia, por sua vez, figura-se como grande produtora de cereais, especialmente 
produtos cultivados em clima temperado como trigo, cevada, centeio, e aveia (veja gráfico acima). Os 
países com maior produção são França, Alemanha, Polônia e Reino Unido. O bloco também é grande 
produtor de carne: enquanto Espanha e Alemanha possuem o maior número de porcos, a França abrange 
o maior número de cabeças de gado, e o Reino Unido, de ovinos. De forma geral, Alemanha e França 
consistem nas maiores potências agrícolas do bloco: além de serem responsáveis pela maior parte da 
produção de cereais (conforme gráfico abaixo), também abrangem mais da metade da produção de 
açúcar e quase 40% da produção de leite da UE. [fonte]. 
A maior parte da produção agrícola europeia tende a se concentrar ao longo da linha do Canal da 
Mancha e do Mar do Norte, entre a França e a Dinamarca, na porção norte do continente. Apesar disso, a 
agricultura europeia ainda encontra destaque em produtos regionais, como o azeite de oliva na Espanha, 
Grécia e Portugal; e a uva na Itália e na França. Assim, é preciso ressaltar que produção europeia é 
altamente diversificada – tanto em relação aos gêneros quanto ao tipo de relação empregada –não sendo 
possível traçar um panorama conclusivo. 
Apesar de altamente mecanizada, com elevado grau de sofisticação, a agricultura europeia não é 
suficientemente competitiva em cenário global, sendo necessária a polêmica aplicação de subsídios 
agrícolas, que totalizam 47 bilhões de euros anuais, correspondendo ao maior segmento orçamentário da 
União Europeia [fonte]. No entanto, conforme vimos nas aulas anteriores, na última conferência da OMC 
(2015), o bloco concordou em eliminar as barreiras agrícolas num prazo de dez anos, o que poderá 
beneficiar diretamente economias emergentes como o Brasil e a Índia. As tarifas também deverão ser 
bastante amenizadas com o novo Acordo Mercosul-União Europeia, aprovado em 2019. 
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Agropecuária da União Europeia é bastante diversificada. Na imagem, pecuária intensiva e altamente mecanizada na Alemanha (esq) e extração 
artesanal de oliva, na Espanha (dir). 
Devido ao aumento da demanda por proteína vegetal e animal, e ao crescimento da China e de 
economias emergentes, a agricultura latino-americana, especialmente a brasileira, cresceu 
substancialmente nas últimas décadas. De ocupação histórica mais recente e tradicionalmente 
concentrada no litoral, a agricultura do continente apresenta uma marcha progressiva de ocupação do 
interior continental, especialmente as regiões de cerrado brasileiras. Consideradas de baixa capacidade 
natural, as terras do interior têm passado por processos de modernização que favorecem a produção de 
commodities agrícolas, sendo responsáveis pela expansão da área ocupada por produtos para exportação 
como soja e milho. A interiorização das redes de transporte, energia, e comunicação também propiciaram 
essa expansão. 
Desigualdades no espaço brasileiro: produção artesanal de mandioca por indígenas (esq) e produção mecanizada de soja em Mato Grosso (dir). 
Neste contexto, apesar de não figurar entre as maiores economias do mundo, o Brasil é uma 
grande potência agrícola, sendo o maior produtor de cana-de-açúcar global, e um dos maiores 
produtores de grãos e carne bovina do mundo. No entanto, conforme veremos nos itens posteriores que 
detalham o caso brasileiro, a agricultura latino-americana é profundamente desigual. Enquanto cultivos 
voltados à alimentação humana como mandioca, feijão, arroz, e leguminosas contam com baixo aporte 
tecnológico; produtos voltados à exportação como soja e cana-de-açúcar, recebem vultosos 
investimentos privados e governamentais. 
 
 
 
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Agricultura pelo mundo 
Região Características gerais 
América do 
Norte 
Agropecuária mecanizada, de alto nível tecnológico, de alta produtividade e de grande volume 
de exportação. Destacam-se os "belts" norte-americanos e as produções de trigo, cereais, e 
etanol. 
América do 
sul 
Parte da agropecuária mecanizada para exportação, especialmente concentrada em países 
como Brasil e Argentina, e em produtos como soja, milho, carne bovina e de frango. No 
entanto, grande parte dos gêneros alimentares para consumo interno como mandioca, 
feijão, arroz, e leguminosas são produzidos em pequenas propriedades familiares. 
Continente marcado por desigualdades no campo. 
União 
Europeia 
Agropecuária bastante diversificada devido à grande variedade climática e cultural. Para 
exportação, destacam-se França e Alemanha, principalmente na produção de trigo e de grãos 
como milho, aveia, ou centeio. A União Europeia também é grande produtora de laticínios, 
açúcar de beterraba, e produtos regionais como azeite (Espanha e Portugal), e uvas (Itália e 
França). Lembrar da questão polêmica dos subsídios. 
Ásia 
Baseada principalmente no cultivo de arroz, a agricultura asiática - sobretudo nos países 
mais pobres - é feita por meio de pequenas propriedades irrigadas. Tem a China e a Índia 
como grandes exportadores de produtos como grãos e carnes. 
África 
Grande parte da agricultura de subsistência ou de consumo local, sob baixo nível tecnológico e 
mão de obra não-mecanizada. 
 
Distribuição geográfica da agropecuária mundial e regional 
Elaborado pela FAO, a publicação bianual Food Outlook (2019) [fonte] evidencia a distribuição 
espacial dos principais produtos agrícolas em nível global. De acordo com o estudo, os gênerosagrícolas 
mais consumidos no mundo são trigo, arroz, grãos (soja, milho, centeio, cevada, etc.), oleaginosas, 
mandioca, carne, e laticínios. Analisaremos a seguir, cada um de acordo com sua produção, importação, 
e exportação. 
Primeiramente, conforme mapa abaixo, a maior parte da produção mundial de grãos está nos 
Estados Unidos e na China, seguido de União Europeia. Em seguida, após estas grandes potências, o 
Brasil figura como um dos grandes exportadores de grãos, especialmente soja e milho. Por outro lado, 
China, México, Colômbia, e países do Oriente Médio são os maiores importadores. Contando com cerca de 
20% da população global, a China é, ao mesmo tempo, grande exportadora e importadora destes gêneros. 
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Ao contrário da produção de grãos – predominante dos países desenvolvidos – o cultivo de arroz é 
mais intenso nos países asiáticos, especialmente China e Índia que juntos, correspondem a mais da 
metade da global (conforme mapa abaixo). Realizada principalmente em terraços por pequenos 
camponeses, o arroz é a principal base alimentar de países como China, Japão, Vietnã, Laos, e Camboja. 
Dos 10 principais países produtores, todos são asiáticos, exceto o Brasil: com lavouras concentradas na 
região sul, produzimos cerca de 1% do arroz mundial. 
Ao contrário do que muitos pensam, o mapa abaixo mostra que os Estados Unidos não são o 
principal produtor de trigo: tal posto é ocupado pela China, responsável por quase 1/7 do total mundial, 
correspondendo a quase o mesmo volume de todos os países da União Europeia somados. Apesar de 
elevada produção, a maior parte do trigo chinês é destinado para o mercado interno. Interessante notar 
que a produção de trigo é mais elevada em países de clima temperado, constituindo no hemisfério norte 
os maiores exportadores. De clima tropical e equatorial, o Brasil não produz o trigo suficiente para o 
seu consumo, sendo um grande importador do gênero, especialmente da Argentina. 
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Ao contrário do que ocorre com o trigo e grãos como soja e milho, que são cultivados em grandes 
plantações mecanizadas e tecnificadas para exportação, a produção de mandioca é predominantemente 
familiar e artesanal, destinada principalmente ao mercado interno e ao suprimento de subsistência 
(conforme mostra mapa abaixo). Deste modo, podemos notar que com exceção do sudeste asiático – onde 
está a maior parte da população global – não há um comércio expressivo de mandioca no cenário 
internacional: os principais produtores do gênero são países subdesenvolvidos como Nigéria (20% do 
total global), Tailândia (11%) e Indonésia (9%), onde prevalecem as formas tradicionais de cultivo. 
Conforme veremos nos próximos capítulos, grande parte da mandioca brasileira é produzida por pequenas 
propriedades familiares, inclusive por ribeirinhos amazonenses e tribos indígenas (o mapa abaixo é de 
2016, pois a Faostat não atualizou os dados para 2019). 
O Brasil é hoje o segundo maior produtor de carne bovina e de frango do mundo, atrás apenas 
dos Estados Unidos – e líder global em exportações de carne bovina (conforme mapa abaixo). Em 2016, 
foram exportadas 6,7 milhões de toneladas de carne, que resultaram em um total de 14,211 bilhões de 
dólares para o país. Hong Kong e China são os maiores compradores [fonte]. De 2014 para cá, conforme 
apontam dados da FAO (gráfico ao lado), o Brasil ultrapassou os Estados Unidos, configurando-se como 
maior exportador de carne de aves. O rebanho bovino brasileiro possui mais de 212 milhões de cabeças, 
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sendo os cinco maiores estados produtores: Mato Grosso, com 28 milhões de cabeças; Minas Gerais, com 
23 milhões; Goiás, com 21 milhões; Mato Grosso do Sul, com 21 milhões e Pará, com 19 milhões. [fonte]. 
No entanto, a carne bovina representa apenas cerca de 
21% do consumo mundial. Ao contrário do que pensa o senso 
comum, a carne de porco é a mais consumida no mundo 
(36% do total), rivalizando com a carne de aves (também com 
36%). Em menor quantidade, destaca-se a carne de ovinos 
(cordeiro), mercado liderado pela Nova Zelândia responsável 
por 40% das exportações globais [fonte]. Além do Brasil, 
Estados Unidos, União Europeia, Índia, e China também são 
grandes produtores de carne bovina. 
Em relação a produção de laticínios (gráfico abaixo), 
destaca-se principalmente a Nova Zelândia, que apesar do 
pequeno território, abarca mais da metade da produção global 
de leite em pó e manteiga, bem como 14% da produção de 
queijo, sendo uma grande potência no setor. Muito bem representada por países como França, Alemanha, 
e Holanda, a União Europeia também figura como grande produtora de laticínios, sendo responsável por 
faixas entre 14 e 23% do total global 
Produção de Laticínios (2016) 
Leite em pó Manteiga Queijo 
País Mton % País Mton % País Mton % 
N.Zelândia 1350 54% N.Zelândia 515 51% Un. Euro. 795 32% 
Un. Europ. 395 16% Un. Europ. 230 23% N.Zelândia 350 14% 
Argentina 128 5% Belarus 94 9% EUA 275 11% 
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Uruguai 117 5% Austrália 32 3% Belarus 205 8% 
Mundo 2518 100% EUA 25 2% Austrália 172 7% 
- - - Mundo 1006 100% Ar. Saudita 130 5% 
- - - - - - Mundo 2477 100% 
Por fim, a produção de peixes (mapa e gráfico abaixo), em destaque variedades como salmão, está 
concentrada em mares de águas frias, sendo os principais exportadores China e Chile – este último, para 
os países desenvolvidos, processo facilitadopor grupos como Aliança do Pacífico e APEC. Os principais 
compradores deste tipo de produto são países e regiões altamente desenvolvidos como Estados Unidos, 
União Europeia, Japão e Rússia. 
 
Resumão – Principais produtos agrícolas e sua distribuição 
Produto Maiores produtores E o Brasil? 
Grãos 
China, EUA, União 
Europeia, e Brasil 
É uma potência exportadora, com grande potencial de 
crescimento. 
Arroz 
China e demais países 
asiáticos 
Apesar de produzir apenas 1% do arroz global, país está entre 
os 10 maiores produtores. 
Trigo 
União Europeia, China, 
Índia, e EUA 
Produz pouco trigo (apenas na região sul), sendo necessária 
importação do gênero. 
Mandioca Países subdesenvolvidos 
Produz 8% da mandioca mundial, mas para o mercado 
interno. 
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Carnes 
EUA, Brasil, Índia, 
Austrália 
É o maior produtor e segundo maior exportador de carne bovina 
do mundo. Também é um dos líderes na exportação de carne de 
frango. 
Peixe Chile e China Apesar do vasto litoral, não está entre os principais. 
 
Distribuição geográfica da agropecuária no Brasil 
Conforme mencionado nos itens anteriores, o Brasil possui um enorme potencial de crescimento 
no setor agropecuário. Neste item, trataremos dos principais produtos agrícolas do país, focando em seus 
valores agregados, em seus contextos de produção e em suas respectivas distribuições geográficas pelo 
território. A tabela a seguir mostra o valor bruto da produção agropecuária no Brasil com base na safra de 
2018 e em dados do Ministério da Agricultura [fonte]. 
 
Primeiramente, é possível notar que a soja é, de longe, o produto agropecuário que mais gera 
valor no campo. Em seguida, destaca-se a criação de bovinos e cana-de-açúcar. Perceba que somente 
esses três produtos, se fossem somados, concentrariam a larga maioria do valor agregadona produção. O 
Brasil também é um grande produtor de frango, milho, algodão, leite, café, suínos e laranja Nos gráficos 
e imagens abaixo, podemos ver a distribuição geográfica dos maiores produtos agropecuários nacionais. 
Exceto quando a fonte for citada, os dados foram obtidos no estudo Projeção do Agronegócio Brasil - 
2017/2018 a 2021/2028, também do Ministério da Agricultura [fonte e link recomendado]; e do Censo 
Agropecuário de 2017 do IBGE [fonte e link recomendado]. Sugiro que abram ambos os endereços e vejam 
o farto material gráfico que existe por lá. 
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Introduzida na região sul, a soja migrou para o centro-oeste, e atualmente está rumando para o 
eixo norte/nordeste. 
 
Soja 
O Brasil é o segundo maior produtor de soja, apenas atrás dos Estados Unidos, com uma 
produção de 312,362 milhões de toneladas e uma área plantada de 119,732 milhões de hectares [fonte]. O 
país, de acordo com estimativas da FAO, será o maior produtor do grão em 2025 [fonte]. 
Dados da Associação dos 
Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) 
[fonte] indicam que 44% do grão in natura 
colhido no Brasil é exportado. Grande 
parte do restante (49%) é processado e 
transformado em produtos como farelo e 
óleo, respectivamente destinados ao 
consumo animal e à alimentação ou à 
produção de biodiesel (conforme gráfico 
acima). Como parte do farelo (52%) e do 
óleo (23%) também são destinadas ao 
mercado externo, consequentemente, a 
maior parte da soja produzida no Brasil 
é exportada para outros países, 
especialmente para a China. Inclusive, 
parte considerável do aumento das 
nossas exportações para o país asiático 
deve-se justamente ao agronegócio. 
 A evolução territorial da soja 
(figura ao lado) é bastante interessante. 
Inicialmente introduzida na região sul nos 
anos 1970 em estados como Rio Grande 
do Sul e Santa Catarina, foi 
paulatinamente se deslocando em 
direção ao norte do país, avançando para 
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as regiões centro-oeste, e mais recentemente, para as bordas da região norte e nordeste. 
No entanto, a intensa expansão da soja, apesar de elevar o PIB e contribuir positivamente para a 
matriz de exportação brasileira, causa uma série de impactos negativos como a alteração de 
ecossistemas, a poluição do solo e da água por pesticidas, e a concentração de renda no campo. Conforme 
veremos nas últimas aulas, as plantações de soja são mais intensas no Bioma Cerrado, que apesar de não 
possuir um solo atraente para o cultivo, já encontra-se bastante alterado e impactado pelas atividades 
agrícolas. Protagonizada nas últimas duas décadas, a expansão da soja para o Bioma Amazônia pode 
causar impactos irreversíveis tanto no meio natural quanto social. 
Além disso, o plantio de soja vem 
causado polêmica devido à intensa 
utilização de sementes transgênicas. 
Apesar de terem elevado a produtividade 
agrícola, diminuído a fome global, e 
aumentando a disponibilidade de nutrientes 
para as classes baixas da população [fonte], 
os transgênicos têm sido bastante 
criticados. Embora alguns estudos 
assegurarem a saúde humana para o 
consumo de alimentos geneticamente 
modificados, outros correlacionam o consumo de transgênicos a doenças como câncer, alergias ou 
infertilidade [fonte] 
De acordo com o Ministério da Agricultura (mapinha acima), a produção de soja é liderada pelos 
estados de Mato Grosso, com 27,3% da produção nacional; Paraná com, 16,3%; Rio Grande do Sul com 
14,5%; Goiás, 9,9%; Mato Grosso do Sul, 8,2%, Minas Gerais e Bahia, com igual participação de 4,4%. 
Mas, a produção de soja está migrando também para novas áreas no Maranhão, Tocantins, Pará, 
Rondônia, Piauí e Bahia, que em 2017/18 respondem por 14,0% da produção brasileira. [fonte]. De acordo 
com o Censo do IBGE, podemos ver as diferenças de produção da soja no Brasil. 
 
 Esse gráfico é importante para compreendermos a desigualdade regional do campo brasileiro. 
Perceba que os estados do centro-oeste (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás) lideram a produção 
de soja, no entanto há um pequeno número de estabelecimentos por lá. Isso implica em um número 
pequeno de fazendas, mas que produzem muito. Ou seja, há a predominância de grandes latifúndios e 
também, uma nítida concentração de terra. Já nos estados da região sul (Paraná e Rio Grande do Sul), há 
um grande número de estabelecimentos. Isso significa que a concentração de terra é menor, pois a soja é 
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produzida em mais propriedades, geralmente, de origem familiar. Entender essa diferença é muito 
importante para a geografia! Resumindo, é o seguinte: 
Região centro-
oeste 
Pequeno número de 
propriedades 
Maior concentração de terra 
(menos gente plantando em áreas 
maiores) 
Latifúndios, grandes 
propriedades. 
Região sul 
Grande número de 
propriedades 
Menor concentração de terra 
(mais gente plantando em áreas 
menores) 
Agricultura familiar, 
pequenas e médias 
propriedades. 
Apesar da grande produção de soja, o Brasil carece de infraestrutura para o escoamento do grão: 
mapeado por um artigo acadêmico [fonte], o trajeto da soja até o porto enfrenta gargalos e problemas 
estruturais. Conforme aponta o mapa abaixo, o fluxo mais expressivo ocorre do Mato Grosso para o 
Porto de Santos, no litoral de São Paulo. Parte deste trajeto é feito via ferroviária; no entanto, 
retomando nossa aula anterior, a maior parcela ainda é feita via rodoviária, o que encarece o produto no 
mercado internacional. Com exceção da Hidrovia do Rio Madeira (AM), o transporte Aquaviário ainda é 
pouco utilizado no país no transporte do grão. 
Escoamento da soja para exportação – principais infraestruturas 
 
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Sobrecarregado, o Porto de Santos não consegue atender toda a demanda. Assim, em menor 
quantidade, os portos de Paranaguá (PR), São Francisco do Sul (SC) e Vitória (ES) também recebem a soja 
do centro-oeste. Na região sul, o escoamento é facilitado devido à proximidade com o Oceano Atlântico: 
destaca-se, neste sentido, o Porto de Rio Grande (RS), no extremo-sul do país. A soja do MATOPIBA 
(Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) é escoada via Porto de Salvador (BA) e Porto de Itaqui (MA). Na 
região norte, a Ferrovia dos Carajás (PA), utilizada largamente para transporte de minério de ferro, 
também é aproveitada para o carregamento de soja. 
 
Cana-de-açúcar 
Brasil e Índia, respondem, em conjunto, por mais da metade da produção global. O Brasil é o 
maior produtor mundial de cana de açúcar, com uma safra de 632 milhões de toneladas (2014/2015). 
Além disso, o Brasil também é o maior produtor de açúcar do planeta, com 36 milhões de toneladas 
produzidas e 24 milhões de toneladas exportadas no ciclo 2014/2015 - quantias equivalentes a 20% da 
produção global e 40% da exportação mundial, respectivamente. No caso do etanol, o País é o segundo 
maior produtor (ranking liderado pelos Estados Unidos). Na safra 2014/2015, o volume produzido atingiu 
28 bilhões de litros. [fonte] [fonte] 
Conforme vimos 
na aula passada, 
aproximadamente 20% 
da matriz energética 
nacional é derivada da 
cana-de-açúcar, sendo 
11% proveniente da 
biomassa do bagaço de 
cana e aproximadamente 
6% de etanol. Graças à 
variação do clima do 
sudeste para o nordeste – 
principais regiões de 
cultivo – o etanol e o 
bagaço podem ser 
produzidos o ano inteiro. 
O maior destaque fica por conta do estado de São Paulo, responsável por mais da metade daprodução nacional. Somado a este, parte dos estados de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás, 
constituem assim, uma macrorregião canavieira. Já a segunda maior região produtora é a Zona da Mata 
nordestina – especialmente os litorais dos estados de Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Pernambuco, 
Paraíba e Rio Grande do Norte – que historicamente, cultivam o produto desde o século XVI, tradição do 
período colonial. 
 
 
 
 
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Bovinos 
O rebanho bovino brasileiro chegou a 215,2 milhões 
de cabeças em 2015, alcançando a marca recorde de acordo 
com o IBGE [fonte]. O Brasil possui o segundo maior 
rebanho bovino do mundo, apenas atrás da Índia; no 
entanto, considerando os animais abatidos, o Brasil torna-se 
detentor do maior rebanho comercial do planeta. Entre 
1990 e 2003, o rebanho brasileiro aumentou 32,9% [fonte]. 
Os estados do centro-oeste – Mato Grosso (15,6%), Mato 
Grosso do Sul (11,1%), Goiás (10,3%) – lideram a quantidade 
de cabeças de gado. Também se destacam São Paulo (9,4%), 
Minas Gerais (9,0), Pará (8,6), Rondônia (7,3%) e Rio Grande 
do Sul (6,3%). Os estados citados correspondem a 77,6% dos 
abates no país. Os dados de efetivos de bovinos em 2018 
indicam que o país possui 222,0 milhões de cabeças. 
A grande variedade dos produtos gerados pela bovinocultura 
(quadro abaixo) dificulta a tarefa de apurar a receita total do setor. Além 
da carne, do couro e do leite, uma ampla gama de insumos é utilizada 
pela indústria e pelo comércio. Além disso, sua cadeia de produção é 
descentralizada no território nacional. As regiões de fronteira, mais 
distantes, com menos estrutura, e com preços da terra menos elevados, 
dedicam-se geralmente à cria. Na região sudeste, concentram-se as 
atividades de recria e engorda. E, no Centro-oeste, predomina toda a 
cadeia produtiva [fonte]. 
Por fim, ainda que a Operação Carne Fraca tenha 
desestabilizado temporariamente o mercado de carne bovina no Brasil 
[fonte], em médio prazo, as vendas foram pouco abaladas. Em 2019, o 
Brasil consolidou-se como o maior exportador de carne bovina do 
planeta. Inclusive, devido ao aumento de exportações para China, 
Rússia e Emirados Árabes, o preço da carne aumentou para o 
consumidor brasileiro [fonte].. 
Principais produtos gerados pelo boi [fonte] 
Couro 
Produção de sapatos, cintos, roupas e gelatina neutra usada pela indústria alimentícia e 
farmacêutica. 
Pelos 
Produção de escovas, vassouras, brochas de pintura, filtros de ar e óleos combustíveis para 
carros. 
Sebo 
Indústria química, farmacêutica e de limpeza; indústria de cosméticos, de tintas, de 
explosivos e de pneus. 
Cascos e 
chifres 
Artesanato; na composição do pó de extintor de incêndio; na composição de óleos da indústria 
aeronáutica e como aditivo, em lubrificantes para aviões. 
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Bílis Indústria química, de bebidas e farmacêutica. 
Mucosa do 
estômago 
Indústria de laticínios 
 
Arroz e feijão 
Componentes da cesta básica do brasileiro, o arroz e o feijão são largamente produzidos em 
pequenas propriedades, normalmente comandadas por agricultores familiares. A região sul, líder na 
agricultura familiar no Brasil, constitui a maior área de cultivo de arroz: o Rio Grande do Sul produz quase 
70% de todo o arroz brasileiro, e Santa Catarina, aproximadamente 10%, totalizando quase 80% nos dois 
estados. 
Devido à maior facilidade de 
cultivo, a produção de feijão é mais 
descentralizada que a de arroz. 
Mesmo assim, o maior estado do 
produtor é o Paraná, também 
integrante da região sul, com 
aproximadamente 1/5 do total 
nacional. Em seguida, destacam-se 
Minas Gerais (15,8%) e, 
contraditoriamente, Mato Grosso 
(13%). 
Interessante notar que apesar 
do Brasil ser um grande exportador de 
alimentos – principalmente soja e 
carne bovina – o país importa parte 
do feijão consumido. Somente no 
primeiro semestre de 2016, a compra 
de feijão preto da Argentina registrou 
aumento de 146,1% na comparação 
com igual período de 2015, 
aumentando de 26 mil toneladas para 
64 mil [fonte]. Curiosamente, o Brasil 
também importa feijão da China 
[fonte]. Além disso, devido às fortes chuvas no Rio Grande do Sul em 2016, Pela primeira vez desde 2010, 
o Brasil importou mais arroz do que exportou. Esses dados servem apenas para entendermos que o Brasil 
não é somente um produtor, mas também, um comprador de alimentos. 
Milho 
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A produção de milho é 
bastante diversificada no Brasil. 
Sendo um produto básico para o 
consumo humano, pode ser 
plantado em pequena escala por 
assentados e por agricultores 
familiares, tanto para a 
subsistência quanto para o 
comércio local e regional. No 
entanto, também pode ser 
cultivado em grandes latifúndios, 
de forma concentrada e 
tecnificada, por meio de elevado 
aparato técnico, inclusive melhoramentos genéticos. Além do consumo direto do grão, derivados do 
milho podem ser usados em mais de 150 diferentes produtos industriais [fonte], especialmente ração 
para animais, farelo de milho, e canjicas; além de matéria-prima para óleos, cervejas, sopas, e outros 
produtos alimentares. 
Mato Grosso (centro-oeste) e Paraná (sul) representam juntos, quase a metade da produção de 
milho nacional, totalizando 46%. As safras também são expressivas em demais estados do eixo 
geoeconômico centro-sul como Mato Grosso do Sul (10,1%), Goiás (10,2%) e Minas Gerais (8,2%). 
 
Café 
Entre os séculos XIX e XX, 
o café constituiu o principal 
produto agrícola do Brasil. 
Durante este tempo, apesar da 
matriz econômica ter se 
diversificado, o café continua 
tendo grande expressividade no 
contexto nacional. Atualmente, o 
Brasil é o maior produtor de café 
do mundo, exportando 35 
milhões de sacas para 127 países, 
e gerando uma receita anual de US$ 5,3 bilhões. Os EUA lideram o 
ranking de países que mais importam o café produzido, com mais de 
sete milhões de sacas compradas de nossos produtores [fonte]. 
Ao contrário do século XIX, onde o cultivo era concentrado em 
São Paulo e Rio de Janeiro, atualmente, Minas Gerais lidera a 
produção nacional de café com 54,9% do total; seguido do Espírito 
Santo, com aproximadamente 1/5 do montante nacional. Ao longo de 
aproximadamente dois séculos, a produção cafeeira mudou de estado, 
mas continuou concentrada na região sudeste. 
Trigo 
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Embora seja largamente consumido no país, especialmente na forma de pães, o trigo é pouco 
plantado no Brasil. Isto se deve principalmente a fatores ambientais: é sabido que este gênero se 
desenvolve melhor em climas temperados e subtropicais, que com exceção de parte da região sul, são 
pouco atuantes em território nacional. Os principais estados produtores são Paraná (57,2%) e Rio Grande 
do Sul (27%). Ao contrário do que ocorre com a soja e o milho, o trigo é basicamente consumido no 
mercado interno. 
O trigo brasileiro contém baixa concentração de glúten, e por isso é pouco empregado na 
panificação, sendo mais utilizado em farinhas e outros produtos. Para fazer “o pão de cada dia”, o país 
importa trigo de países como Estados Unidos e Argentina [fonte]. 
 
Floresta plantada 
Estas florestas 
constituem áreas ocupadas 
por espécies vegetais 
comercialmente plantadas 
para a extração de madeira, 
celulose, e borracha. 
Atualmente, o país é um dos 
maiores produtores de 
floresta plantada no mundo e 
em 4º lugar no ranking 
mundial dos produtores de 
celulose [fonte].A maior parte 
desta modalidade é ocupada 
por eucalipto, e em seguida, 
por pinus [fonte]. As florestas plantadas são mais frequentes no eixo centro-sul: o estado de Minas Gerais 
lidera em área plantada, contando 1,49 milhão de hectares, seguido por São Paulo, com 1,18 milhão, 
Paraná, 817 mil, Bahia 616 mil e Santa Catarina com 645 mil hectares. Juntos, estes estados abrangem 
72% da superfície nacional [fonte]. 
Dados mais recentes, de 2018, indicam a manutenção deste cenário. O estado com maior área de 
floresta plantada no Brasil continua sendo o estado de Minas Gerais, com 1.955.578, com 98% de 
eucalipto. Considerando apenas Pinus, o estado que mais produz é o Paraná, com 1.589.767 ha [fonte]. 
Agropecuária no Brasil - principais produtos e contextualização 
Produto Finalidades Situação Estados 
Soja 
Farelo de soja, 
ração animal, 
óleo de soja. 
Cultivada em grandes propriedades 
dotadas de alta tecnologia e 
concentração de capital voltadas à 
exportação. Brasil é o segundo maior 
produtor. 
Mato Grosso (principal 
produtor) e demais estados do 
centro-oeste; além de estados 
da região sul, pioneiros no 
cultivo. 
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Milho 
Alimentos e 
produtos para 
agroindústria. 
Cultivada em grandes propriedades 
monocultoras (para exportação) e 
pequenas propriedades familiares (para 
consumo interno). 
Mato Grosso, Paraná, e 
demais estados do centro-sul. 
Cana-de-
açúcar 
Açúcar, álcool, 
biocombustívei
s, bebidas. 
Em parceria com usinas, é cultivada sob 
grande aporte tecnológico e científico. 
Mais mecanizada no sudeste, e menos no 
nordeste. Brasil é o maior produtor do 
mundo. 
São Paulo (principal produtor) 
e Zona da Mata nordestina. 
Carne bovina 
Carne, leite, 
couro e 
produtos 
derivados. 
No Brasil, convivem as pecuárias 
intensiva e extensiva. Grande parte é 
destinada à exportação, porém, há um 
considerável consumo interno. O Brasil 
rivaliza com os EUA a posição do maior 
exportador/ produtor do mundo. 
Principalmente centro-oeste 
(destaque para Mato Grosso), 
mas sudeste também produz 
bastante, além de Pará. 
Arroz, feijão, 
e mandioca 
Alimentação. 
Cultivada em pequenas propriedades 
familiares (arroz e feijão no sul e 
mandioca no norte e nordeste). Para 
consumo interno, normalmente conta 
com baixo nível tecnológico. 
Rio Grande do Sul (maior 
produtor de arroz). Paraná 
(maior produtor de feijão). 
Estados do norte de nordeste 
(maiores produtores de 
mandioca). 
Café 
Bebidas e 
produtos para 
agroindústria 
Produzido em médias propriedades. 
Brasil é o maior produtor de café, sendo 
relevante tanto a exportação quanto o 
consumo interno. 
Principalmente Minas Gerais 
(mais da metade da 
produção) e Espírito Santo. 
Trigo 
Farinhas, 
indústria 
alimentícia. 
Devido ao clima, o Brasil produz pouco 
trigo (que necessita de áreas frias e 
secas), precisando importá-lo de outros 
locais. 
Paraná e Rio Grande do Sul. 
Floresta 
Plantada 
Madeira, 
celulose. 
O Brasil é um dos maiores produtores, 
principalmente eucalipto e pinus. 
Minas Gerais e estados do 
centro-sul 
 
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ESTRUTURA FUNDIÁRIA, USO DO SOLO E RELAÇÕES NO CAMPO 
BRASILEIRO 
Histórico da estrutura fundiária brasileira 
A desigualdade da estrutura fundiária brasileira teve suas origens no período colonial, há mais 
de quatro séculos, mais especificamente em 1530, quando os portugueses iniciaram a ocupação do país 
por meio da extração de pau-brasil e da apropriação dos recursos naturais. Entre os séculos XVI e XVIII, a 
introdução do sistema de plantations moldou a formação territorial do país. Neste período, o litoral 
brasileiro foi ocupado por grandes áreas de cultivo de cana-de-açúcar, caracterizado pelo contraste entre 
a mão de obra escrava e o alto poder de capital dos grandes empresários portugueses e holandeses, 
detentores dos grandes engenhos. 
Plantation 
Grande extensão de terra onde são cultivados produtos tropicais, como banana, café e 
borracha, em geral para exportação. 
Latifúndio 
Propriedade rural de grande extensão pouco cultivada e/ou explorada por métodos 
arcaicos e que apresenta renda restrita [fonte] 
No período colonial, a rígida divisão entre escravos e senhores de engenho (ou grandes 
latifundiários europeus) impedia a mobilidade social e inaugurava assim, um longo período de 
concentração fundiária no país, pautada na simbiose entre o poder estatal o grande capital. Para Celso 
Furtado1, o latifúndio, o trabalho escravo, o plantation açucareira monoprodutora, a relação comercial e 
exclusiva com a metrópole, e a grande autonomia dos senhores de engenho foram os pilares essenciais da 
agricultura brasileira do período colonial. 
Retrato da produção canavieira no período colonial: estrutura fundiária concentrada e sem mobilidade social. 
A partir do século XIX a importância relativa da cana-de-açúcar foi diminuída em detrimento da 
produção de café, que tornou-se a principal matriz econômica brasileira durante o período imperial. O 
centro agrícola, outrora concentrado no litoral nordestino canavieiro, se deslocou para o eixo Rio de 
 
1 Celso Furtado: Formação Econômica do Brasil 
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Janeiro – São Paulo, onde as terras eram mais favoráveis às lavouras cafeeiras. Além disso, o 
esgotamento do modelo escravista de produção (já proibido por potências como a Inglaterra) e o 
surgimento do capitalismo acarretaram na mudança gradual da mão de obra escravista para a 
assalariada. Os novos assalariados, porém, conforme vimos na Aula 02, não eram constituídos de ex-
escravos, mas sim, de imigrantes europeus e asiáticos. 
Foi neste contexto que ocorreu a aprovação da Lei de Terras (1850). Tratou-se da primeira 
iniciativa de organizar a propriedade privada de terras no Brasil – até então, não havia uma legislação 
específica para a sua regulamentação. A partir desta data, a terra só poderia ser adquirida por compra e 
venda, ficando proibida a aquisição por meio de posse ou usucapião. Abolia-se assim, o sistema de 
sesmarias, vigente desde o período colonial. Quem já ocupava um lote recebeu o título de proprietário; no 
entanto, quem quisesse adquirir um terreno, a partir de 1850, deveria necessariamente fazê-lo por meio da 
posse de capital. Conforme quadro abaixo: 
 
 
Não por acaso, a Lei de Terras entrou em vigor no mesmo mês da aprovação da Lei Eusébio de 
Queirós – também datada setembro de 1850 – que proibia o tráfico negreiro em território nacional. Além 
disso, também não por acaso, a Lei de Terras coincide com as iniciativas governamentais de importação 
de mão de obra europeia. A promulgação da Lei de Terras, cujos princípios continuam em vigor até hoje, 
destinava-se a impedir o livre acesso à terra – o principal meio de produção nas sociedades pré-
industriais – tanto aos ex-escravos como aos trabalhadores imigrantes, para não falar dos trabalhadores 
livres nacionais, já existentes em grande número2. Preocupados com a “concorrência” dos negros libertos 
e dos recém-chegados europeus, grandes fazendeiros e políticos tradicionais foram os primeiros a 
sustentar apoio a Lei de Terras; legislação esta, que mantinha a estrutura dominante no campo e impedia 
a mobilidade social. De fato, enquanto a lei dificultava o acesso à terra das camadas mais baixas da 
população, engessava os privilégios das grandes elites dominantes. 
Neste contexto, somente entre 1887 a 1930 cerca de 3,8 milhões de imigrantes entraram no Brasil3. 
O colono estrangeiro e sua família eram remuneradossegundo um sistema misto, que combinava 
pagamento em dinheiro com o direito ao cultivo de gêneros alimentícios em lotes cedidos pelo 
 
2 Tamas Szmrecsanyi. Pequena Histórica da Agricultura no Brasil 
3 Boris Fausto: História do Brasil 
 Lei nº601, de 18 de setembro de 1850 (Lei de Terras) 
“Dispõe sobre as terras devolutas no Império, e acerca das que são possuídas por título de sesmaria sem 
preenchimento das condições legais, bem como por simples título de posse mansa e pacifica; e determina que, 
medidas e demarcadas as primeiras, sejam elas cedidas a título oneroso, assim para empresas particulares, 
como para o estabelecimento de colônias de nacionais e de estrangeiros, autorizado o Governo a promover a 
colonização estrangeira na forma que se declara.” 
 Art. 1 – Lei de Terras 
“Art. 1º Ficam proibidas as aquisições de terras devolutas por outro título que não seja o de compra" 
 
 
a.- Suspender o direito de participar nos diferentes órgãos da estrutura institucional do MERCOSUL. 
 
 
 
 
 
 
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proprietário da fazenda. Sem a Lei de Terras, estes colonos poderiam simplesmente ocupar novas áreas, o 
que inviabilizaria o novo sistema de colonato vigente. 
A Era Vargas, conhecida como Estado Novo foi marcada por uma dicotomia no campo brasileiro: 
ao mesmo tempo em que a matriz econômica brasileira se industrializava, os modos de produção 
agrícola, caracterizados pela existência de extensos latifúndios, permaneceram praticamente inalterados 
em sua estrutura. Neste período, ampliou-se os incentivos aos grandes produtores de café, sobretudo 
após a crise econômica que se estabelecera em 1929. Neste período, ocorreu o que Celso Furtado chama 
de “economia de transição”, na qual o café embora continuasse expressivo, deixou de ser o carro-chefe da 
economia nacional, que passou a ser pautada na industrialização. Ao contrário do setor industrial urbano, 
o setor agrário não se sindicalizou durante o Estado Novo, o que foi ocorrer somente após os anos 1960. 
Após a crise de 1929, produtores queimavam sacas de café para manter o preço elevado no cenário internacional. Até então, o produto era a 
principal matriz econômica do Brasil 
Após a aparente estagnação da Era Vargas, houve uma série de acontecimentos marcantes. Entre 
os mais importantes, está a organização dos trabalhadores rurais – foreiros, moradores, arrendatários, 
pequenos proprietários e trabalhadores da Zona da Mata por meio das Ligas Camponesas, apoiadas pelo 
Partido Comunista do Brasil (PCB), constituindo os primeiros ensaios de sindicalização rural no país em 
“combate ao latifúndio”. Durante o governo de João Goulart, o Estatuto do Trabalhador Rural (1963), 
formalizava as relações de trabalho no campo – uma espécie de “CLT rural” – a qual foram estabelecidos 
benefícios para a classe, como salário mínimo e férias remuneradas. A figura de João Goulart também foi 
importante para o estabelecimento das polêmicas Reformas de Base, no qual procurava, entre outros 
tópicos, realizar a reforma agrária no Brasil por meio de mudanças na estrutura fundiária. 
Durante o Governo Militar, foram estabelecidas algumas medidas agrárias, visando a proteção do 
território nacional e novamente, o grande capital. Dentre as mais expressivas, destaca-se o Estatuto da 
Terra (1964), que normatizava a ocupação fundiária no país e promovia a reforma agrária. Além disso, 
ocorreram incentivos fiscais e creditícios para a ocupação agrícola das regiões Norte e Nordeste, 
principalmente por meio da criação da SUDAM (Superintendência de Desenvolvimento da .Amazônia) e 
SUDENE (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste). Ainda nos anos 1970, foi criado o 
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), uma autarquia federal para fins de 
reforma agrária e administração de terras da união. 
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Charge critica Lei de Terras, que dificultou o acesso à terra no 
Brasil. 
O MST luta por reforma agrária, mas sua atuação tem sido 
questionada no Brasil. 
Logo no início, o governo militar preocupava-se, em 
tese, em melhorar as condições do trabalhador no campo, 
através da “justiça social” e “melhor distribuição da terra” 
preconizadas no Estatuto da Terra. No entanto, ao invés da 
reforma agrária, o governo militar manteve a estrutura 
fundiária concentrada no país: os principais beneficiários 
desse boom agrícola eram os grandes proprietários de terras, 
que estavam mais bem situados para aproveitar as vantagens 
do crédito fácil, subsídios de exportação e outros favores 
governamentais. Entre as décadas de 1960 e 1970, os 
tradicionais industriais e banqueiros do Centro-Sul 
transformaram-se em latifundiários/grileiros das terras 
indígenas e dos posseiros da Amazônia. A política federal 
também favorecia a agricultura de exportação ao invés da 
de alimentos domésticos, o que acirrava as desigualdades no campo brasileiro. 
O processo de abertura política pós-ditadura iniciado 
nos anos 1980, e as problemáticas agrárias herdadas do 
regime militar, serviram de contexto para a criação do 
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). 
Com o apoio de sindicalistas, partidos políticos, e “cristãos” da 
Teologia da Libertação, o MST solidificou-se como um dos 
principais movimentos sociais do Brasil, cujos objetivos 
centrais são a ocupação de terras e a luta por reforma 
agrária. No entanto, a atuação do grupo tem sido alvo de 
polêmicas: se por um lado, o MST ajudou a assentar milhares 
de famílias e a diminuir as desigualdades no campo; por outro, 
sua linha de ação tem sido criticada. Fatores como invasões de 
terras e desrespeito à propriedade privada, desmatamento de 
áreas florestadas, associação com grupos políticos e 
propagação de ideologias “ultrapassadas” fez com que o 
grupo perdesse credibilidade perante aos vários setores da 
sociedade. Neste contexto, grupos de grande expressão 
política como a União Democrática Ruralista (UDR) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do 
Brasil (CNA), defendem ideais ideologicamente opostos ao MST, como a propriedade privada e o 
agronegócio; e assim, conseguem galgar projeção nacional. 
Assentamento 
Fixação de trabalhadores rurais em terras devolutas ou desapropriadas. Núcleo de 
povoamento de trabalhadores rurais nessas terras. 
O espaço agrário, portanto, é um espaço de lutas. Ao mesmo tempo em que a grande cadeia do 
agronegócio traz vantagens óbvias como a diminuição do preço dos alimentos, a dinamização da 
economia nacional, e a criação de empregos; carrega consigo mazelas como a concentração de renda, a 
grilagem de terras, a “expulsão” do pequeno camponês, e a decorrência de problemas ambientais. Esta 
luta, para além dos conflitos armados in loco, também é travada no meio político por meio de entidades 
como MST, ONGs ambientalistas, e atores do agronegócio como CNA, UDR, e a famosa “bancada 
ruralista”. 
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CACD/2005 – O Estado-nação brasileiro tem suas raízes na expansão mercantil-
colonial europeia do século XVI. Naquele momento histórico, as burguesias 
mercantis, aliadas às monarquias, sobretudo portuguesa e espanhola, empreendiam 
a busca, para além-mar, do ouro, da prata ou de produtos que, de alto valor 
comercial nos mercados europeus, pudessem ser transacionados com muito lucro. O 
pau-brasil, que abundava em nossas florestas tropicais, ao longo da costa atlântica, 
foi o primeiro alvo do saque aos recursos naturais, até então manejados por diversos 
povos indígenas nômades e seminômades. Ironicamente,a espécie que acabou por 
dar origem ao nome do país tornou-se a primeira vítima: o pau-brasil, madeira de 
coloração avermelhada que os europeus utilizavam na produção de tinturas, hoje só 
existe nos jardins e museus botânicos. 
Tendo o texto II como referência inicial e considerando aspectos históricos e 
geográficos marcantes da colonização brasileira, julgue (C ou E) os itens a seguir. 
1) No início do processo de colonização brasileira (1530), a introdução das plantations 
de cana-de-açúcar marcou a forma de apropriação dos recursos naturais e a formação 
territorial do país. 
Comentários 
A extração do pau-brasil era pontual, e não provocava grandes mudanças territoriais. No 
entanto, o sistema de plantations de cana-de-açúcar moldou fortemente o território 
nacional. Não por acaso, grande parte da população brasileira ainda hoje está 
concentrada no litoral do nordeste, região que até hoje é grande produtora de cana-de-
açúcar. Gabarito: Certo 
2) No Brasil atual, o latifúndio, uma das principais marcas das condições 
socioambientais do período colonial, mantém-se como traço de poder. 
Comentários 
Sim, desde o período colonial, a estrutura fundiária brasileira é extremamente 
concentrada. A agricultura voltada à exportação ainda hoje é feita em grandes 
latifúndios. Gabarito: Certo 
3) A Lei de Terras, promulgada no Brasil em 1850, tinha como similar, nos Estados 
Unidos da América (EUA), o Homestead Act, que democratizou o acesso à terra 
naquele país. 
Comentários 
Por meio do Homestead Act, a fim de atrair mão de obra europeia, o governo dos EUA 
dava a posse de terrenos a imigrantes que quisessem cultivar no país. No Brasil, ocorreu 
o contrário: por meio da Lei de Terras, o governo dificultava o acesso à terra. Assim, o 
Homestead Act estadunidense democratizou o acesso à terra, mas a Lei de Terras 
brasileira não. Gabarito: Errado 
4) A disponibilidade de vasta extensão de terras nas mãos de elites rurais respondeu, 
e ainda responde, às demandas do mercado mundial. 
Comentários 
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No Brasil, a maior parte dos produtos agrícolas destinada à exportação é cultivada em 
latifúndios dominados pelas tradicionais elites rurais. Gabarito: Certo 
CACD/2006 
A Lei de Terras de 1850 também se relaciona à forma pela qual o processo 
abolicionista foi conduzido no Brasil do século XIX. Sabendo-se que essa lei obrigava 
o registro de todas as terras efetivamente ocupadas e impedia a aquisição de terras 
devolutas (desocupadas), exceto a realizada por compra, julgue (C ou E) os itens 
seguintes. 
1) Se prejudicava o trabalhador livre pobre, dificultando-lhe o acesso à terra, assim 
como o ex-cativo, a Lei de Terras apresentava-se como forte atrativo à mão-de-obra 
imigrante europeia, que, ao contrário dos nacionais, geralmente possuía recursos 
suficientes para a aquisição de pequenas e médias propriedades rurais. 
Comentários 
Ao contrário do que a alternativa diz, visto que a Lei de Terras dificultava a acesso à terra, 
não era um atrativo à mão de obra imigrante europeia, pois tornava a vida do imigrante 
mais difícil em solo brasileiro. Além disso, estes imigrantes raramente possuíram 
recursos para a aquisição de propriedades. Gabarito: Errado 
2) A Lei de Terras foi combatida por setores da aristocracia rural justamente porque 
ameaçava a sobrevivência da grande lavoura e a posição privilegiada dos grupos 
sociais envolvidos nessa atividade econômica. 
Comentários 
A Lei de Terras surgiu exatamente quando o tráfico negreiro foi proibido e também 
quando imigrantes europeus estavam chegando no Brasil. Com o aumento da 
“concorrência”, antigos aristocratas, que queriam manter seus privilégios de posse, 
sentiam-se ameaçados. Gabarito: Errado 
3) A Lei de Terras dificultava, quando não impedia propriamente, o acesso à 
propriedade da terra por parte do trabalhador livre pela evidente razão de que lhe 
faltavam os recursos financeiros para comprá-la. 
Comentários 
Exatamente, pela Lei de Terras só poderia ter acesso à terra quem a comprasse, 
acabando com o sistema de posses vigentes. Com isso, poucos tinham acesso. Gabarito: 
Certo 
4) Pelo que dispunha, a Lei de Terras de 1850 cristalizava uma realidade do início da 
colonização, ou seja, a concentração da propriedade fundiária em mãos de poucos 
Comentários 
Isso mesmo. Ao contrário do Homestead Act norte-americano, que democratizou o 
acesso à terra, a Lei de Terras brasileira ampliou as desigualdades sociais, pois só quem 
tinha recursos financeiros poderia comprar terrenos. Gabarito: Certo 
 
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Estrutura fundiária brasileira atual 
Correspondendo ao quinto maior território do mundo, o Brasil também é um dos principais 
produtores agrícolas mundiais. De acordo com relatório da Organização das Nações Unidas para 
Agricultura e Alimentação (FAO), O Brasil está pronto para se tornar o principal fornecedor de produtos 
agrícolas do planeta, sendo capaz de atender à crescente demanda mundial, originada principalmente 
pelo crescimento do mercado asiático [fonte]. Um levantamento feito pela Escola Superior de Agricultura 
Luiz de Queiroz (ESALQ/USP) indica que o Brasil tem 61 milhões de hectares de áreas cultivadas [fonte], o 
que corresponde a cerca de 8% de todo o território nacional [fonte] (é importante decorar esse número, 
pois já caiu no CACD). Deste modo, além de já contar com grande produção, o Brasil possui elevado 
potencial de expansão. 
Este número fica ainda mais expressivo se considerarmos a soma da área ocupada por todas as 
propriedades rurais, que acordo com Censo Agropecuário de 2017 corresponde a 350 milhões de hectares ´ 
[fonte]. Sendo assim, considerando que o Brasil inteiro possui aproximadamente 850 milhões de hectares, 
pode-se dizer que 41% do território brasileiro é composto por estabelecimentos rurais; ou seja, quase a 
metade da área total. 
No entanto, apesar de ser uma das mais expressivas do globo, e também ser potencialmente 
promissora, a agricultura brasileira é bastante desigual. Dados do Censo Agropecuário de 20064 - os 
últimos disponíveis para esse tipo de levantamento – indicam que 84,4% dos estabelecimentos brasileiros 
são de agricultura familiar. Contudo, este numeroso contingente de agricultores familiares ocupa uma 
área de 80,25 milhões de hectares, ou seja, 24,3% do total. Os estabelecimentos não familiares, apesar 
de corresponderem a apenas 15,6% do total dos estabelecimentos, representam cerca de ¾ da área 
ocupada. No geral, enquanto a maior parte dos agricultores ocupa uma pequena porção de terra, uma 
grande porção de terra é ocupada pela menor parte dos agricultores: ainda de acordo com o Censo 
Agropecuário de 2006, a área média dos estabelecimentos familiares era de 18,37 hectares, e a dos não 
familiares, de 309,18 hectares [fonte]. A tabela abaixo mostra a evolução da área dos estabelecimentos 
rurais desde 1985: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 A maior parte do material está atualizada para o Censo Agropecuário de 2017, no entanto, o IBGE ainda não divulgou todos os dados. Por isso, em alguns 
momentos ainda utilizaremos o Censo Agropecuário de 2006. Ainda não há, por exemplo, dados atualizados para agricultura familiar. Nas páginas abaixo, 
mostraremos mapas de uso e ocupação do solo e agricultura familiar, disponíveis apenas para 2006. Estamos em 2019, mas o IBGE ainda está finalizando o Censo 
de 2017. 
 
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No geral, houve uma redução da área ocupada pelos estabelecimentos rurais entre 1985 e 2006.

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