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O futuro será negro ou não será Afrofuturismo versus Afropessimismo - as distopias do presente. Resenha critica

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS
CURSO: Ciências Biológicas Bacharelado
PERIODO: 1º período
DISCENTE: Charliane Aparecida dos Santos
DICIPLINA: Socioantropologia
DOSCENTE: Alexsandro de Souza e Silva
Kênia Freitas é crítica e curadora de cinema, com pesquisa sobre Afrofuturismo e o Cinema Negro. Fez estágios de pós-doutorado (CAPES/PNPD) no programa de pós-graduação em Comunicação na UCB (2015-2018) e no programa de pós-graduação em Comunicação da Unesp (2018-2020). Doutora pela Escola da Comunicação da UFRJ na linha Tecnologias da Comunicação e Estéticas (2015). Mestre em Comunicação formado pelo Programa de Pós-Graduação em Multimeios da Unicamp (2010). Graduação em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Departamento de Comunicação Social da Ufes (2007). Realizou a curadoria das mostras "Afrofuturismo: cinema e música em uma diáspora intergaláctica", "A Magia da Mulher Negra" e "Diretoras Negras no Cinema brasileiro". Escreve críticas para o site Multiplot!. Ministra cursos e oficinas sobre cinema negro, afrofuturismo e fabulações. Outras obras:
la transition de la télévision analogique à la télévision numérique? Réflexions sur une enquête brésilienne. Télévision, v. 10, p. 163-177, 2019.
BARROS, LAAN MENDES DE ; FREITAS, KÊNIA . Experiência estética, alteridade e fabulação no cinema negro. REVISTA ECO-PÓS (ONLINE), v. 21, p. 97-121, 2018.
FREITAS, KENIA. The resonantimages of the multitude: Egypt, Spain and Brazil. Revista Brasileira de estudos Urbanos e regionais (ANPUR), v. 17. 17-33, 2015.
Professor Adjunto do Curso de Comunicação Social/Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Campus Imperatriz. Coordenador do Laboratório de Pesquisa em Games, Gambiarra e Mediações em Rede (GamerLab/UFMA). Foi bolsista de Pós-Doutorado PNPD/Capes do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFF e integrante do Laboratório de Pesquisa em Culturas e Tecnologias da Comunicação (LabCult/UFF). Doutor em Comunicação e Cultura pela Escola da Comunicação da UFRJ com bolsa Faperj Nota 10 para realização de projeto de pesquisa sobre customização e compartilhamento de games em comunidades virtuais. Pesquisador visitante na University of Wisconsin-Milwaukee (UWM) por intermédio do Programa de Bolsa de Doutorado Sanduíche Capes/Fulbright. Mestre em Comunicação e bacharel em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Foi bolsista de iniciação científica pelo CNPq do grupo de pesquisa Comunicação, Lúdico e Cognição (Cibercog/Uerj) do qual ainda faz parte como voluntário. Atualmente, investiga o conceito de gambiarra aplicado às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) no contexto do chamado Sul Global, especificamente games e outras mídias digitais, em suas interseções com a cultura hacker, pirataria, consumo participativo e o desenvolvimento de competências cognitivas. Outras obras: 
MESSIAS, José; MUSSA, Ivan. Por uma epistemologia da gambiarra: invenção, complexidade e paradoxo nos objetos técnicos digitais. MATRIZES (USP. IMPRESSO), v. 14, p. 173-192, 2020
MESSIAS, José; PERANI, Letícia. Entre gamers e hackers: reflexões sobre a cultura digital. REVISTA FAMECOS (ONLINE), v. 26, p. 29118-24, 2019.
AMARAL, D.G; MESSIAS, José . A imagem através do espelho: O sujeito Ocidente e a razão do poder em jogos documentais. LUMINA (JUIZ DE FORA), v. 11, p. 1, 2017. 
No artigo: O futuro será negro ou não será: Afrofuturismo versus Afropessimismo as distopias do presente, os autores nos apresentam como futuramente a cultura afro será cada vez mais presente em todos os povos, no mundo todo. Tomando como ponto de partida imagens de um curta-metragem chamado Chico de Eduardo e Marcos de Carvalho; 2016, onde no início, se observa uma mulher negra sobre um papelão em trabalho de parto gritando angustiada por ajuda para um homem branco que, com ar de superioridade nada faz. O bebe é Chico, o filme vai para o ano de 2029, descobre-se através do radio que o Estado brasileiro aprova uma lei que pode apreender jovens negro por crimes futuros que de modo suposto irá acontecer, Chico carrega nos tornozelos uma barra metalizada que indica ser um desses jovens. Não muito diferente da realidade, apesar de ser uma obra distópica futurística distante, Chico faz lembrar como as questões sociais e raciais no Brasil são desiguais. O artigo nos mostra duas imagens em que Chico está flutuando em uma pipa empinada pela sua mãe em uma tentativa de talvez salvar o filho de um julgamento errôneo e precoce.
Afrofuturismo, expressão usada por Mark Dory no inicio dos anos 90 explora futuros possíveis para a população negra através de ficção especulativa. Com o avanço das tecnologias e obras de ficção do fim dos anos 80 e inicio dos anos 90, Dery se questiona onde estaria os escritores negros do gênero, encontrando parte de seu questionamento em uma conversa com três artistas negros, Tricia Rose, Samuel R. Delany e Greg Tate, deslocando-se da cultura literária para outras plataformas de narrativa negra: música, artes plásticas e cinema.
O artigo cita também, um ensaístico chamado Last Angel of History de John Akomfrah, 1996 que segue um ladrão de dados vindo do futuro para o século XX a fim de saber mais sobre a cultura negra. O ladrão então, coleta imagens de tecnologias negras (africanas e diaspóricas) e entrevistas com teóricos, artistas e construtores do movimento afrofuturista. O que levanta mais um questionamento, como a comunidade negra e diaspórica que teve o passado roubado pela escravidão consegue vislumbrar futuro sem imagens comprobatórias? Samuel R. Delany também reflete sobre essa ligação e a escassa produção de imagens. Segundo Delany, muitos negros, se não todos, não fazem ideia de que lugares específicos da Africa seus antepassados vieram porque quando chegavam no mercado de escravos de Nova Orleans seus registros eram totalmente destruídos não podendo nem falar suas línguas de origem, tinham penas severas se caso desobedecessem. Delany diz ainda que o pais, no caso os EUA, foi fundado através da destruição das culturas africanas.
Ytasha Womack diz que “o afrofuturismo é uma reelaboração total do passado e uma especulação do futuro repleta de criticas culturais [...] uma intercessão entre imaginação, tecnologia, o futuro e a liberação (Womack, 2015: 30).
Outro conceito importante é o de Lisa Yaszek, que diz que o afrofuturismo é uma ficção especulativa ou cientifica escrita por autores afrodiaporicos e africanos, abrangendo arte, cinema, literatura, musica e pesquisas acadêmicas. Uma meta afrofuturista seria não apenas relembrar o passado ruim mas usar essa histórias para reivindicar o futuro.
Achile Mbembe, historiador, afirma que nos próximos 30 a 50 anos uma em cada três pessoas será africana ou descendente de africanos, o afrofuturismao deixará de ser uma questão ética, populacional ou continental e passará a ser planetária. A questão seria em como tirar proveito dessa vantagem transformando em riqueza. Para Mbembe a resposta estaria no afropolitanismo. Mbembe ainda diz que heranças culturais englobam línguas do passado colonial (francês, inglês e português) e diz que a África universalizou o francês. Mbembe faz alusão ao negro como se fossem aliens, se o futuro é negro, porque os negros em si ainda sofrem tanto em sociedade como critica o curta Chico. A escravidão passada e a perseguição presente nos trazem uma reflexão racial no universo do sci-fi e a realidade que mais parece ser uma ficção absurda: uma distopia do presente.
Para Nalo Hopkinson, escritora africana, a população negra passou por uma espécie de apocalipse, ela cita que nosso entendimento é ter a distopia como todos os lugares e a utopia como lugar nenhum, na perspectiva negra a distopia seria comum e não a exceção. 
O artigo nos apresenta uma outra imagem extraída do filme Welcome II the Terror Dome (Ngozi Onwurah, 1995) o qual se passa em umpesadelo distópico em que bairros negros e pobres foram cercados e isolados. O filme nos mostra a história da revolta negra após prisão e execução da protagonista Angela Mcbride, revoltados os negros destroem bairros brancos. No fim, Angela rompe sua correntes como um gesto de libertação. O filme conecta a violência da escravidão com a violência urbana num presente distopico.
Jared Saxton diz que afropessimismo é uma leitura de ganhos e perdas, um mod de desenrolara vida resistir a uma força que gera medo e esgota como a fadiga.
Como influência afropessismista os autores usam como exemplo o movimento Black liberation Army dos EUA nos anos 70, um grupo de negros radicais de guerrilha. Orlando Patterson diz que entende-se por experiencia do escravo três fatores: a desonra generalizada, a alienação natal e a violência gratuita ou ilimitada. Através desses três fatores, Saidiya Hartman diz que “ o escravo [...] é aquele que se encontra posicionado em sua pópria existência, em um ser-como-tal, como um não-Humano um objeto capturado, possuído e negociado para outros (Aarons, 2016: 8-9). Nesse sentido o escravo seria apenas uma propriedade, um objeto. Para os afropessimistas, a abolição da escravidão levou apenas a uma escravidão moderna, onde o preconceito, a violência social e estrutural permanece, tendo em vista que basta ser negro para se tornar alvo. Para Wilderson III a extinção da violência gratuita só será possível através da liberdade gratuita ou os negros continuaram sendo assassinados. Mbembe não nega a existência do afropessimismo e diz que o termo “negro” sempre foi relacionado a morte, assassinato, ser enterrado vivo e permanecer em silencio, invisível. Essa desumanização está ligada a relação que a figura do negro tem na sociedade principalmente em partes da Europa e América do Norte onde constantemente são marginalizados e inferiorizados. Por fim, o artigo nos apresenta uma última imagem do filme Born in Flame (Lizzie Borden, 1983) que se passa em um futuro distópico pós-revolução e contra-revolução feminista das mulheres queers e negras. Romy Opperman pontua que através da lente da mulher negra queer o afrofuturismo se encontra com o afropessimismo. A contra revolução das mulheres queers e negra termina o filme com uma bomba explodindo o Word Trade Center que sempre foi alvo da dominação capitalista e patriarcal dos EUA, quase 20 anos antes dos atentados de 11 de setembro. Para Opperman o filme é um futuro impensável. Para a afropessimista Hortense Spillers o tempo nãoé progressivo/passageiro, mas cumulativo. Para Dillon esse passado cumulativo é onde o tempo não passa, mas se acumula a violência da sociedade é o que limita as possibilidades do presente e do futuro. 
Por fim os autores concluíram que através das narrativas dos filmes Chico, Welcome II Terrordome e Born in Flames geram em torno desses dois regimes de futuro: 1- o cumulativo e 2- o não linear. O pessimismo vivo que cita Jota Mombaça não aceita uma imagem do apocalipse como destino de toda forma de vida. É preciso “aprender a desesperar” e esgotar o que existe é a condição de abertura dos portões do impossível para um futuro que será ou não negro.
Entende-se que os conceitos de afrofuturismo e afropessimismode certa forma estão ligados entre si, tendo em vista que a igualdade racial e social ainda está bem longe de ser uma realidade. A igualdade só será possível a partir do momento em que a cor da pele não for definição de caráter.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS:
FREITAS, Kenia; MESSIAS, José . O futuro será negro ou não será: Afrofuturismo versus Afropessimismo - as distopias do presente. REVISTA IMAGOFAGIA, v. 17, p. 402-424, 2018. 
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS DOS AUTORES:
http:// lattes.cnpq.br/8714734814365421. FREITAS, Kênia Cardoso Vilaça de;FREITAS, KÊNIA. Acessado em 17 de agosto de 2021 as 18:13
http://lattes.cnpq.br/8042448829229400. MESSIAS, José. Acessado em 17 de agosto de 2021 as 18:17

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