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UNIDADE 1. OLÁ! Você está na unidade Planejamento e Orçamento de Obras. Conheça aqui como é feito o planejamento para obras da construção civil de reformas pequenas e entenda quais parâmetros devem ser considerados no planejamento e na execução desse tipo de empreendimento. Aprenda ainda técnicas fundamentais relacionadas às fases de elaboração de projeto e execução e conheça algumas das principais ferramentas para se elaborar um orçamento que fornecerá as principais chaves para custear uma obra de reforma. Bons estudos! 1. Introdução No contexto mais geral da construção civil, planejar atividades e custos e estabelecer objetivos e traçar metas são pontos cruciais para a continuidade de uma empresa se manter competitiva e atuante no mercado. E, quando falamos sobre obras de interiores, o cenário não se modifica. Numa obra, seja ela de grande ou pequeno porte, o planejamento prévio das atividades e dos custos que ela demandará é uma etapa fundamental. Quando da inexistência de planejamento de ações e da previsão de monitoramento dos e avaliação dos custos, um empreendimento pode até demonstrar bom funcionamento e obtenção de lucros. Isso acontece pelo fato de que, se uma obra ou empresa não possui discussões, quantificação de investimentos prévios e definição do que se almeja obter de resultado final, não existirão parâmetros para se analisar se os resultados são positivos. Ou seja, não haverá uma métrica para análise e comparação de resultados. Cimino (1987) diz que o planejamento visa organizar o trabalho e procura sempre utilizar, de forma racional e econômica, a mão de obra associada aos equipamentos e materiais de construção, o que acaba por assegurar o bom desempenho na execução das atividades. Já que o planejamento não é assunto exclusivo do âmbito de projetos e obras, muitos métodos e tecnologias já foram desenvolvidos em prol da otimização dessa atividade e outros novos surgem a todo momento. Neste sentido, existem diversas ferramentas que são utilizadas por profissionais de diferentes áreas referentes a projetos e obras, principalmente gestores. Quanto mais tempo dedicado às decisões tomadas, mais garantia de qualidade e seriedade no desenvolvimento do empreendimento. Clique para abrir a imagem no tamanho original Figura 1 - Planejamento de obrasFonte: Natee Meepian, Shutterstock (2020) #PraCegoVer: A imagem mostra dois homens analisando um projeto em frente a uma mesa com um notebook, dois capacetes de obra, um nível de obra, trena, papeis e celular. Nas obras de construção civil, o planejamento de todo o processo, na maioria das vezes, considera seu início desde as reuniões e predefinições de projeto, passando por projetos complementares, e finaliza na entrega da obra e, em alguns casos, na Avaliação de Pós-Ocupação (APO). O planejamento pode ser de curto, médio e longo prazo: Planejamento de longo prazo Considera um período de aproximadamente cinco anos, como é o caso de obras de maior dimensão, como edifícios, pontes, estradas, etc. Planejamento de médio prazo Considera um período de aproximadamente um ano. Planejamento de curto prazo Envolve as frações do ano (meses, trimestres ou semanas). 1.1 Planejamento de obras Empresas, de um modo geral, não funcionariam de maneira racional se simplesmente expressassem seus objetivos de forma apensa qualitativa. Os compromissos de um empreendimento devem estar descritos de forma clara e precisa, por meio de metas quantificadas e formalizadas. O controle de gestão sempre existiu, ainda que de maneira mais intuitiva e informal, mas esse ramo de estudo atingiu níveis mais elaborados de operar e faz parte da rotina de toda empresa que visa organização e crescimento constante. Aliás, essa é também uma forma de lidar com crises e baixas do mercado sem sair com danos irreparáveis. Portanto, está claro que um gestor, atualmente, não pode se deixar guiar apenas pela intuição para dirigir sua obra ou empreendimento. Portanto, deve ter em mente alguns assuntos a se refletir durante as tomadas de decisão. Ambiente de negócios, inovações, transformações, flexibilidade organizacional, estratégia e tecnologia são alguns deles. Assim, fica claro que o planejamento de obras não deve estar pautado em suposições sem fundamentação, mas sim na avaliação de na discussão de fatores relativos, seguidos de decisões precisas e bem calculadas. Em uma obra, o planejamento é a função que apoia a coordenação de diversas atividades de acordo com um plano de execução, a fim de se otimizar o alcance de seus objetivos, prever riscos e organizar ações com racionalidade, economia e eficácia. Para Laufer e Tucker (1987 apud SANTOS; MENDES, 2001, p. 2), “planejamento pode ser definido como processo de tomada de decisão realizado para antecipar uma desejada ação futura, utilizando meios eficazes para concretizá-la”. Assim, esse tipo de planejamento conta com a definição das atividades que serão desenvolvidas, por quem, quando e como ela será executada, e quando será concluída, além de determinar os sistemas construtivos adotados e definir os recursos que serão utilizados. Por fim, o planejamento de obra é importante em vários níveis de análise do processo e é fundamental para o sucesso do empreendimento, principalmente em momentos em que recursos estão escassos. Ele orienta o funcionamento da obra e é utilizado desde fechamento de contratos até para orientações técnicas e aquisições de materiais e possibilita a antecipação de decisões de longo prazo, a fim de se atingir certo objetivo. Possui todas as inúmeras atividades que fazem parte de um processo demonstradas e pensadas de forma integrada e, sem ele, essas ações tendem a se isolar, ainda que sejam interdependentes, comprometendo o andar da construção como um todo e, principalmente, os resultados finais em termos financeiros e de qualidade de entrega. 1.2 Orçamento Um dos itens de grande relevância do planejamento de obras são os custos. É por meio do orçamento da obra que se deduz qual será o valor total necessário para sua execução sem prejuízos ou necessidades de interrupções no processo devido à falta de recursos. O orçamento é uma forma de se exprimir quantitativamente o que foi planejado para determinado serviço. Constitui um instrumento de decisão quanto que deverá, ou não, ser realizado, o que será empregado para sua realização e como as atividades deverão ser organizadas. Permite a visualização antecipada de orçamentos, assim como a constante confrontação quanto aos resultados. Por exemplo, se uma obra começa a ultrapassar o limite de gastos antes do tempo previsto, é possível analisar o porquê desse comportamento e como ele pode ser revertido. Na falta do acompanhamento e da existência do orçamento prévio, essa percepção somente acontecerá quando os recursos já serão escassos para a continuidade do empreendimento. Quando na definição de custos relatados no orçamento de obras deve-se considerar imprevistos e fatores que tendem a demonstrar comportamento variável no decorrer da execução. É necessário incluir no documento possíveis ocorrências que vêm a interferir nos valores totais de investimento e, ao final, definir uma margem de erro no custo final. Porcentagens de valores são adicionadas ao custo final. 2. Diretrizes de planejamento Diretrizes de planejamento são aspectos que devem direcionar a tomada de decisões de uma empresa ou um empreendimento específico. Quando existe um consenso comum para gerir e tomar decisões, diz-se que o programa conta com uma política de gestão. Neste sentido, alguns processos primordiais fazem parte do planejamento total de uma obra: Processo de inicialização A inicialização nada mais é do que os primeiros momentos de idealização do projeto. Nesse momento serão feitos os primeiros contatos, contratos serão fechas e compromissos para a execução do projeto serão firmados. Nesse momento o que conta é qual anecessidade a ser suprida, ou seja, o que exatamente será feito, quais os recursos disponíveis, qual o limite de tempo disponível, enfim, tudo que se deseja e se espera do empreendimento. Processo de planejamento O planejamento irá considerar o que foi tratado e informado no processo de inicialização. Nesse momento, são abordadas estratégias para a execução do projeto. Se considerarmos o projeto de reforma de um apartamento, com o projeto executivo em mãos, projetos complementares, o valor limite a ser utilizado para cobrir os custos totais e o limite de tempo, por exemplo, é possível analisar e definir o que e como pode ser executado. De forma geral, é no planejamento que se organiza, analisa e define todas as ações que serão executadas ao longo dos demais processos. Processo de execução A execução, como o próprio nome já enuncia, diz respeito à concretização das ações definidas no planejamento. Na execução, todos os colaboradores são contratados, os recursos, disponibilizados e as ações são colocadas em prática, até que seja finalizada e, para tanto, esse é o momento em que se mais se estabelece a coordenação de pessoas e de outros recursos. O planejamento é elaborado para que se minimize as incertezas e os erros durante a execução da obra, mas, como os fatores aqui envolvidos são, em grande parte, relativos a recursos humanos e fornecimento externo, a execução acaba por não atender à risca o que foi definido no planejamento e essas variações devem ser levadas em conta. Processo de controle Como já mencionado, a execução de uma obra está passível de mudanças e readequações no decorrer do tempo. Portanto, fazendo uso ativo do planejamento previamente elaborado, é necessário que haja o acompanhamento da obra para supervisão e análise das ações descritas. Caso alguma atividade não aconteça no prazo previsto, uma atualização no prazo de atividade dependentes desta deve ser informada. O controle nesse tipo de processo aborda monitoração, medição e ações corretivas, para que seja possível perceber o quanto antes o que não saiu como previsto e para que medidas sejam tomadas para minimizar o impacto no resultado final da obra. Vale ressaltar aqui que os processos de planejamento, de execução e controle comunicam-se entre si, portanto, devem ser flexíveis e, dessa forma, passíveis de modificação um em relação aos outros. Processo de encerramento O final da obra não consiste apenas no encerramento dos serviços no canteiro, mas, sim, na aceitação formal do produto pelos clientes e consequente finalização total do empreendimento. Muitas vezes, detalhes de obra que não são notados em uma vistoria final, são percebidos logo nos primeiros momentos de utilização. Assim, a realização da avaliação pós ocupação também faz compõe esse processo de aceitação final da obra ou produto. As diretrizes apresentadas discorrem de maneira sucinta e global o que deve orientar as fases de todo o processo, para que haja um entendimento mais global sobre o assunto antes de aprofundarmos em cada um deles. 3. Fases do projeto e da obra Todo projeto se inicia com uma reunião entre profissionais e clientes a fim de se coletar todas as informações necessárias para a elaboração do projeto. Nessa primeira reunião é elaborado o “briefing”, que consiste em uma entrevista onde são perguntadas ao cliente sobre que se deseja atingir com o projeto. Também são coletados nesse momento documentos referentes ao imóvel e projetos existentes (em caso de reformas), sejam eles arquitetônicos, estruturais, elétricos, hidráulicos etc. Clique para abrir a imagem no tamanho original Figura 2 - Fases do projeto e da obraFonte: Loco, Shutterstock (2020). #PraCegoVer: A imagem mostra um desenho técnico de projeto executivo e equipamentos de proteção para operários. Quanto mais informações forem obtidas nesse momento, mais assertivo serão os primeiros estudos de projeto. Na falta de informações obtidas pelo cliente ou proprietário, consultas ao órgão público, como o setor de projetos de uma prefeitura, podem ser o caminho para se chegar a documentos existentes do edifício ou do lote. FIQUE DE OLHO Se, depois de buscar com o cliente ou nos órgãos públicos ainda não foi verificada a existência de projetos complementares da obra pré-existente, uma inspeção quanto a estruturas não visíveis deve ser realizada antes que se inicie o projeto. Geralmente, trabalhadores do setor da construção civil realizam essa inspeção e, acompanhados dos projetistas, identificam a existência de estruturas metálicas, dutos de instalações elétricas e equipamentos hidráulicos. Tipos de vedações e coberturas também podem ser verificadas nesse momento. A importância dessa verificação prévia consiste em se evitar surpresas durante a execução como canos estourados, estruturas abaladas ou até mesmo desastres com que afetam as pessoas presentes no momento. Essas informações serão consideradas em todos os projetos que farão parte do processo e, portanto, são fundamentais. A partir dos primeiros encontros é possível estabelecer algumas fases para o desenvolvimento do projeto. Já é possível, por exemplo, fazer a elaboração do chamado programa de necessidades. Nesses encontros, como foi dito, são fornecidas informações quanto ao que se deseja ou necessita realizar. O programa de necessidades consiste na relação de ambientes que serão projetados, suas especificações e pré-dimensionamentos. O seu desenvolvimento permite a quantificação inicial da área mínima necessária à demanda identificada, ou seja, no desenvolvimento do desenho do projeto, já se saberá qual o espaço mínimo deve ser adotado para cada ambiente. Dessa forma, podemos antever a metragem total que a obra tende a atingir e calcular se os custos, de um modo geral, estão dentro do orçamento disponível. Assim, já nesse momento, podem haver readequações no programa. Depois disso, a visita ao local é fundamental para se efetuar levantamentos como medições, registros fotográficos, análises de estrutura, áreas mais comprometidas, patologias existentes, vistas do local e o simples entendimento quanto ao contexto e características de uso do local onde será desenvolvido o projeto. Muitas vezes é necessário retornar ao local algumas vezes para verificação de medidas ou detalhes que não foram relevantes na primeira vez. Também é um momento no qual pode-se verificar a orientação da luz solar e como ela incide sobre o imóvel, assim como as direções principais das correntes de vento. Em seguida, o estudo de viabilidade permite que, após a realização dos levantamentos, seja efetuado um estudo para se avaliar as possibilidades do projeto. Por meio de normas pode-se conferir regras de recuos, área máxima construída, quantidade e dimensão de aberturas, entres outros parâmetros construtivos. O Plano Diretor e o Código de Obras são dois dos principais documentos que estabelecem regras gerais normalizadoras da construção civil de um munícipio, estabelecendo área máxima construída, dimensões mínimas de ambientes e várias outras questões que devem ser consideradas antes do início do projeto. Condomínios, tanto horizontais, quanto verticais, também possuem suas próprias normas, que orientam as construções executadas ali, determinando até mesmo horários de entrada e saída de materiais, por exemplo, permitem ou não a remoção de paredes, a troca de revestimentos etc. Tendo ciência dos desejos do cliente, é possível averiguar se existe permissão para tais modificações, ampliações ou construção, antes de seguir com um projeto que poderia vir a ser descartado ao final do processo por alguma inviabilidade normativa. O estudo preliminar é o momento onde se dá vazão a toda criatividade e quando se faz uso da bagagem de conhecimento de cada profissional. Todas as informações coletadas, analisadas e avaliadas servem como partida e direcionamento na criação, limitando algumas ideias e dando origema outras. Partido e conceitos arquitetônicos podem ser definidos nessa fase, assim como a elaboração de fluxogramas, organogramas e plano de massas que são modos de se tomar decisões mais gerais em relação ao projeto. Aqui se faz uso de ferramentas para expressar essas primeiras ideias, como o desenho de croquis, que são desenhos rápidos e sem muita precisão técnica, perspectivas de estudo volumétrico, maquetes virtuais (3D) e demais possibilidades de se colocar no papel ou na tela do computador o que está sendo idealizando nesse ponto de partida. No mercado, existem diversas ferramentas disponíveis para esse tipo de atividade e uma delas, que se enquadra muito bem na fase de estudo preliminares, é o Sketchup. Esse software permite o desenvolvimento de maquetes 3D de maneira mais intuitiva e fluida, características favoráveis ao processo criativo. Nesse momento, o conceito e os desenhos do projeto já estão bem definidos, então parte-se para um aprofundamento que definirá aspectos mais técnicos e viabilidade construtiva. A fase do chamado anteprojeto permite a elaboração do projeto executivo, possui especificações como medidas de ambientes e cotas gerais, propostas de materiais a serem utilizados e, por isso, contém em seu escopo mínimo: Plantas baixas (com as especificações de cada ambiente); Plantas de cobertura; Cortes transversais e longitudinais; Fachadas (frontais, laterais e de fundo); Planta de localização do terreno (também chamada de locação); Planta de situação (localização do terreno no contexto urbano); Perspectivas 3D. Esse é também o último momento no qual serão feitas modificações no projeto, já que as próximas etapas são mais burocráticas e mudanças podem acarretar prejuízos de tempo e financeiros. Portanto, é nessa fase que projetos complementares como projetos estrutural, hidrossanitário e elétrico devem ser contratados, já que esses projetos podem demandar modificações na proposta devido a questões técnicas. É importante deixar claro ao cliente que sugestões e desejos de modificações devem acontecer até esse momento. Então, o projeto legal ou de aprovação deve conter quase todas as informações contidas no Anteprojeto e é um documento que será enviado para os órgãos exigidos para cada natureza de obra. Projetos de construção são geralmente enviados à Prefeitura Municipal para ser avaliado e alguns devem passar por outros órgãos, como Vigilância Sanitária e Corpo de Bombeiros, por exemplo. Essa fase do projeto possui peculiaridades locais, portanto, deve-se buscar informações na cidade onde a obra será efetuada para que o serviço executado esteja dentro das normas vigentes, se risco de problemas futuros por falta de adequação às leis ou de alguma documentação necessária. No caso de projetos de interiores, em muitas localidades, é exigida apenas o Registro de Responsabilidade Técnica (RRT) do profissional habilitado responsável pelo projeto e pela execução e acompanhamento da obra. Por fim, o projeto executivo documenta todas as informações necessárias e fundamentais a execução da obra. Nele estão contidos todos os elementos do anteprojeto acompanhado de dimensões, cotas, detalhes construtivos, indicações de tipo de material, especificações quanto a aplicação desses materiais, especificações de portas, esquadrias, tipos de acabamento etc. esse material é enviado ao mestre de obras ou demais executores da obra e são documentos que garantem a fidelidade do objeto construído ao projeto idealizado. Por isso, é importante que seja bastante detalhado e que passe por revisões de correção e adequação ao longo da obra, quando necessário. Vale ressaltar que, apesar de existirem diversos métodos de processo projetual que podem ser utilizados, cada empresa ou profissional acaba desenvolvendo métodos próprios que variam também em relação ao tipo de projeto desenvolvido. 3.2 Fases da obra Uma vez que todas as fases do projeto foram finalizadas, com o projeto executivo em mão, pode-se dar início à execução da obra. É importante que nesse momento haja reuniões de alinhamento para discussão, análise e entendimento do projeto com o responsável pela obra, ou seja, o mestre de obras, e demais profissionais de outras áreas que farão parte do empreendimento. Antes que a obra seja realmente iniciada, é importante se planejar como as ações ocorrerão desse momento em diante, assim, um roteiro básico para o planejamento de obra pode ser feito da seguinte forma: 1 Coleta de documentos e informações de clientes e profissionais contratados; 2 Reunião com os envolvidos; 3 Levantamento dos quantitativos dos serviços; 4 Estabelecimento de prazos e metas; 5 Elaboração do cronograma físico/ financeiro; 6 Estabelecimento das diretrizes para acompanhamento e controle. O planejamento da obra tem a finalidade de reduzir custos e a duração da execução com um todo, minimizando incertezas e surpresas que pode acometer a obra em meio ao seu funcionamento. Tem por objetivo agrupar todas as ações e recursos e preparar soluções aos problemas constritivos. As atividades que constam no planejamento de obras devem ser relacionadas e suas interdependências, identificadas. Atividades demonstradas isoladamente dificultam a execução da obra e, por isso, o planejador deve pensa-las de maneira integrada, antecipando o que deve ser iniciado com antecedência, qual ação vai depender da finalização de outra e assim por diante. Essa organização vai facilitar também para que a compra e entrega de materiais ocorram na data mais apropriada e não seja necessário estocar no canteiro de obras produtos que não serão utilizados de imediato. O fluxo de ocorrência das atividades não é linear, já que nem todas demonstram ser interdependentes. Sendo assim, alguma podem ter seu início em datas comuns e serão relacionadas somente no meio ou ao final do processo. Existem no mercado, softwares que auxiliam esse planejamento e isso será apresentado no próximo tópico. As fases que compõem uma obra não são fixas, de fato. Há diferentes métodos para diferentes tipos de empreendimentos, não sendo única a forma como se desenvolve uma obra. Mas, para fins de conceitos gerais, destinados principalmente a obras de projetos de interiores, as fases a seguir descritas podem ser empregadas nas obras sem receio de prejuízos. Lembre-se sempre que, antes de começar qualquer obra, o projeto deve ser o pronto de partida, com todas as etapas demonstradas anteriormente já cumpridas é que podemos dar início a obra. 1º passo: demolições Como um projeto de interior é desenvolvido em um imóvel existente, é muito comum que o projeto demande demolições no local. Podem ser paredes que não farão parte do novo projeto ou cortes que serão necessários para receber novas instalações. Instalações elétricas por exemplo, precisam de rasgos onde passarão conduítes e serão instaladas novas caixas para tomadas e interruptores. Cortes para equipamentos hidráulicos, quando necessários, feitos no contrapiso e nas paredes, para cubas, torneiras e vasos sanitários. Cortes para nichos devem prever a espessura da parede existente e, para instalações de ar condicionados, é necessário averiguar se a tensão elétrica do local suporta tal demanda. A fase de demolições gera bastante resíduo e, por esse motivo, um serviço de caçambas deve ser contratado para que o entulho seja destinado ao local mais adequado e não nas vias públicas ou dentro do imóvel, podendo comprometer o rendimento dos trabalhos na obra. 2º passo: elétrica, hidráulica, iluminação, ar condicionado e estruturas de drywall Nessa fase serão instaladas todo o tipo de infraestrutura necessária. Instalação dos conduítes de cabeamentos elétricos, caixas de tomada e para interruptores, adequações elétricas para iluminação, instalações de infraestrutura para equipamentos hidráulicos, como conexões, tubos, válvulas, registros etc, e tubulação de ar condicionado. Nesse momentodevem ser executadas as estruturas das paredes de drywall, caso elas façam parte do projeto, pois toda a infraestrutura mencionada acima deverá passar por dentro dessas paredes. 3º passo: civil, massa, gesso e forro Todos os rasgos feitos para receber infraestrutura, paredes que serão construídas, vedações de gesso, amassamentos e lixamentos das paredes devem ser feitos nessa fase da obra. A estruturas de drywall já estrão prontas e aptas a serem vedadas. Nesse momento também serão instalados os forros nos ambientes que não receberão novos revestimento nas paredes, já que o forro deve ser instalado por cima do revestimento pronto. Nos ambientes em que só será feita a pintura, essa é a hora de instalar e dar os acabamentos necessários do forro. 4º passo: acabamentos Na fase de acabamentos o pintor entra em cena para passar seladoras nas novas paredes e dar a primeira demão de pintura. Nesse momento, sucessivas camadas de massas e lixamentos serão necessárias até se obter a textura final das paredes, e depois disso, será aplicada a seladora. A pintura não deve ser finalizada nesse momento, já que algumas atividades que acontecerão ainda podem sujar ou danificar as paredes. Os ambientes que terão paredes e pisos revestidos com materiais frios, como cerâmica, porcelanatos ou outros tipos de revestimentos, como cozinhas, áreas de serviço e banheiros, podem receber a aplicação dos materiais nesse momento da obra. Se o piso utilizado for algum tipo de madeira que deverá ser lixada, ele também deve ser instalado nesse momento. 5º passo: forro e marmoraria Nos ambientes onde o forro ainda não foi instalado devido à existência de paredes revestidas, agora essa atividade já pode ser executada. O forro, quando instalado por cima do revestimento, garante um melhor acabamento e melhor a estética do ambiente. Peças provindas da marmoraria, como bancadas de cozinha e banheiro, nichos de parede, soleiras e baguetes, podem ser instaladas, portanto, considere agendar a entrega desses materiais durante a instalação do forro. 6º passo: furação para luminárias e rejuntes Antes que seja efetuada a pintura final, locais onde foram instalados novos forros e receberão luminárias, precisam ser furados ou rasgados. As luminárias ainda não serão instaladas, mas esse tipo de serviço costuma gerar poeira e alguma sujeira pode afetar tanto o forro quanto as paredes circundantes, por isso deve ser feito antes da pintura final. Nos ambientes onde foram assentados revestimentos, podem ser feitos agora o rejuntamento das superfícies, tanto de pisos quanto das paredes. Também é nesse memento que os pintores darão acabamentos com massa e lixa nas marcas que possam existir devido a rasgos efetuados nas paredes. 7º passo: piso Caso o piso utilizado no projeto seja vinílico ou algum outro material relativo a ele, é nessa fase que sua instalação deve ocorrer, quando todas as paredes já foram “masseadas” e já possuem uma demão de pintura. Isso acontece para se evitar o derramamento de massa no piso instalado ou para que se economize com proteções do mesmo. 8º passo: marcenaria, louças e metais Louças sanitárias, como vasos e cubas, e metais, que seriam as torneiras, as duchas e cubas da cozinha já podem ser instalados pelo encanador e fazem parte das ações finais da obra, assim como a marcenaria. O encanador deve realizar seu serviço antes que a marcenaria seja instalada, pois alguns mobiliários dificultam a instalação de sifões e demais peças que ficam no interior de armários e gabinetes. Para a instalação da marcenaria, também é necessário que eletrodomésticos que ficam embutidos nos móveis já estejam no local, como fornos elétrico e micro-ondas, que possuem um tampão frontal de acabamento e só podem ser executados com o aparelho dentro. Uma dica importante é não instalar corrediças de gavetas se algo ainda será lixado no ambiente, pois o pó provindo de lixamentos compromete o funcionamento dessas peças. 9º passo: rodapés, última demão de pintura e luminárias Os rodapés devem ser instalados somente depois que a marcenaria toda já foi instalada, pois ele deve respeitar os limites de todo o mobiliário planejado e fixo nos ambientes. A pintura já foi iniciada no decorrer da obra, mas após a instalação da marcenaria, a última demão deve acontecer, já que os serviços executados nesse tempo podem ter deixado marcos de mãos e de poeira e os acabamentos foram todos finalizados. Por último, devem ser instaladas as luminárias, para que elas não atrapalhem a pintura e também não tenham respingos ou borrões de tinta. 10º passo: faxina, recebimento de móveis, mudanças, análise pós ocupação Uma grande faxina precisa acontecer no imóvel antes de receber móveis novos e mudanças dos proprietários. Existem empresas especializadas nesse tipo de serviço, que é bastante minucioso, uma vez que o ambiente terá rastros de materiais como cimento, massas, rejuntes, gesso e demais produtos que foram utilizados ali e não são removidos com muita facilidade. É importante frisar para os clientes que móveis devem adentrar o ambiente somente ao final da obra, para que os mesmos não interfiram na logística diária dos serviços efetuado e também não corram o risco de serem danificados devido a eventuais acidentes. Depois de finalizada, a obra deve ser verificada e aceita pelos clientes e visitas efetuadas depois da ocupação podem ser úteis para sanas eventuais problemas verificados durantes a utilização diária do imóvel. As peças de marmorarias serão entregues no 5º passo (de forro e marmoraria), mas devem ter sido medidas e encomendas anteriormente, pois elas possuem prazos para serem executadas e, se forem encomendadas no momento de instalação, atrasos na obra podem acontecer. Um momento em que se pode efetuar as medições para essas peças é quando as paredes já estiverem prontas, ainda que sem piso executado. Nesse caso, é importante fornecer a espessura final do piso acabado, para que ela seja descontada na medida final da peça. Para cortes de bancada, por exemplo, também devem ser fornecidas medidas das cubas, torneiras, lixeiras e demais equipamentos que serão instaladas na peça. 4. Orçamento para pequenas reformas Orçamento é o resultado de um processo de orçamentação. É, portanto, o documento final que se obtém ao final de um processo de busca e análise de custos para uma obra e representa quantitativamente. Existem diversas ferramentas que facilitam a orçamentação no ramo da construção civil, como tabelas que fornecem valores gerais de insumos ou softwares que auxiliam na organização, na quantificação e no processamento dos dados coletados. A Tabela de Composições de Preços e Orçamentos (TCPO) é um dos índices mais importantes da construção civil consiste numa base de dados que tem fornecido informações confiáveis a profissionais da área desde 1955. Sua versão final é produzida pela Pini, portal de notícias da construção que também realiza pesquisas quantitativas e qualitativas nesse ramo do mercado. Clique para abrir a imagem no tamanho original Figura 3 - Planilha orçamentáriaFonte: Rawpixel.com, Shutterstock (2020). #PraCegoVer: A imagem mostra um homem sentado em frente à tela de um computador analisando uma planilha com várias linha e colunas, composta por frases e números. Uma tabela também muito utilizada no orçamento de obras é a tabela SINAPI, sigla para Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil. Essa tabela é mantida pela Caixa Econômica Federal e pelo IBGE, que informa os custos e índices da Construção Civil de cada região do Brasil e ela pode ser consultada nos sites da Caixa. Outra ferramenta existente é o CUB, ou Custo Unitário Básico, que consiste em um método paramétrico para se realizar o orçamento de uma obra. O cálculo do CUB é produzido pelas unidades regionais do SINDUSCON (Sindicato das Indústrias da Construção Civil) e seus valorespodem ser conferido mensalmente nos sites do sindicato. Por ser uma metodologia mais simplificada, o CUB traz maior incerteza em sua estimativa e, além disso, deve-se considerar que seus dados são para tipologias padrão de construção, e não para quaisquer projetos. Uma diversidade imensa de softwares está disponível no mercado e sua escolha depende muito do tipo e projeto que está sendo trabalhado e da preferência de cada profissional, mas de um modo geral, eles consistem em tabelas que facilitam o preenchimento e a sistematização de dados. Porém, a interpretação do orçamentista é fundamental para que os dados obtidos nesses programas tenham efeitos positivos no resultado observado na obra. 4.1 Elaboração do orçamento O orçamento permite saber quanto será o custo total de uma obra, ajuda a programar os momentos que os gastos serão efetuados, facilita a alteração de materiais que caibam no orçamento limite que poderá der utilizado para o empreendimento. Dessa forma, devemos ter em mão documentos como projetos, memoriais descritivos e projetos executivos para que os dados levantados não sejam difiram da realidade. Informações de logística, transporte, concretagem (se existe a possibilidade de ser usinado ou se o concreto será produzido no local), custos direto e indiretos são algumas das informações q deverão ser levantadas em um orçamento. Em alguns edifícios, os materiais não podem ser levados pelo elevador por exemplo, portanto, a maneira como esses materiais serão conduzidos até o local, seja por força humana ou por equipamentos externos, deverá ser contabilizada no orçamento. Visitas prévias, atenção aos riscos, necessidade de estocagem de material, carga de edifícios, aluguel de caçambas e contêineres compõem uma gama de custos que não são tão óbvios assim, mas fazem diferença nos custos finais da obra. Uma reforma possui comportamento bastante diferente de uma obra total de construção e, dessa forma, seu orçamento também tem peculiaridades, portanto deve-se sempre considerar que, quando falamos em reformas, existem diversos detalhes que se referem aquele projeto ou edifício em especial e isso deve ser considerado na hora de se desenvolver o orçamento. A seguir, iremos estudar um passo a passo para se elaborar o orçamento de uma reforma de pequeno porte. Levantamento de quantitativos Essa etapa diz respeito ao levantamento de quantitativo de todas as etapas que serão executadas assim como dos materiais que serão utilizados. Devem estar relacionados todos os profissionais que serão contratados, serviços de terceiros ou empresas contratadas. Os materiais que serão utilizados podem ser quantificados a partir da análise do projeto executivo e do memorial descritivo da obra. Esses documentos contêm medidas e indicações de materiais, detalhes e especificações, portanto itens como estruturas, alvenarias, massas, piso, revestimentos de paredes, louças, metais, forros e instalações de infraestrutura podem ser quantificados para a realização do orçamento. Fazer as CPUs Esta é a sigla para Composição de Preços Unitários e consiste em uma tabela que sintetiza todos os insumos levantados no item anterior, com suas quantidades totais, custo unitário e custo total. Essa relação de custos pode ser feita através de softwares gratuitos ou, no caso de reformas pequenas, ele pode ser manual. Relacionar os custos indiretos São custos que não compõem o escopo de materiais que serão diretamente empregados na obra. Mão de obra indireta, equipamentos, máquinas, água, energia, transporte, telefone, aluguéis, alimentação etc. esses custos devem estar presentes no orçamento mesmo quando se demonstram irrisórios. Criar o roteiro de orçamento Agora é o momento de reunir todos CPUs, inserir custos indiretos e também os impostos que incidem sobre os serviços e encargos sociais sobre a mão de obra contratada. A soma de todos esses valores resultará no custo total de sua reforma. Inserir BDI Essa é a sigla para Bonificação de Despesas Indiretas. Essa etapa é para aqueles que irão se responsabilizar pela execução de toda a obra e consiste no lucro que será obtido com tal empreendimento. O valor do BDI pode ser contabilizado em porcentagens que possuem variações diversas e dependem do tipo de obra e de serviço oferecido. Por exemplo, se o profissional apenas acompanha a obra para checar se o projeto está sendo executado com fidelidade e qualidade, essa porcentagem pode ser menor quando comparada a serviços no qual o profissional se responsabilizará pelo gerenciamento de materiais e mão de obra, por exemplo. Ainda que não faça parte desse roteiro de elaboração do orçamento de obras, o controle orçamentário é item fundamental que faz valer a adequação dos gastos realizados em obra ao que foi planejado previamente. As datas de pagamentos, as adequações de gastos imprevistos ou qualquer outro custo adicional que eventualmente venha a ocorrer deve ser adicionado ao orçamento para se ter uma noção real do quanto está sendo investido na obra. Tanto o proprietário quanto o construtor, prudentes, não se limitam a arquivar os contratos uma vez assinados, pois tratam-se de documentos que devem estar sempre à mão na mesa do escritório, pois ajudam a estudar as causas de qualquer contratempo ou diferença e a remediá-los em contratos sucessivos. Com o tempo, chega-se a uma estrutura ou base de contrato inalterável, reforçada pela jurisprudência estabelecida (NEUFERT, 1976, s.p.). Por fim, vale ressaltar a importância de se laborar contratos de serviços e incluir o orçamento nesses documentos, assim como cláusulas que esclareçam a possibilidade de modificação em preços previamente tratados devido a imprevisibilidade com que contamos em uma reforma. unidade 1. OLÁ! 1. Introdução 1.1 Planejamento de obras 1.2 Orçamento 2. Diretrizes de planejamento 3. Fases do projeto e da obra 3.2 Fases da obra 4. Orçamento para pequenas reformas 4.1 Elaboração do orçamento
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