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MÁRCIO DONIZETE PEREIRA RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO Estágio Supervisionado em Educação Infantil - Gestão Licenciatura em Pedagogia São Paulo 2020 MÁRCIO DONIZETE PEREIRA RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO Estágio Supervisionado em Educação Infantil - Gestão Licenciatura em Pedagogia Relatório desenvolvido como requisito para aprovação na disciplina de Estágio Curricular Obrigatório em Educação Infantil – Gestão. No curso de Licenciatura em Pedagogia na Universidade Virtual do Estado de São Paulo. São Paulo 2020 RELATORIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO Folha de Assinaturas Licenciatura em Pedagogia Marcio Donizete Pereira / RA 1706475 Nome Estagiário/ RA Edna Braga Nome Coordenador Pedagógico ou Diretor da escola Edjane Angelo de Barros Nome Professora Mentor RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO Ficha de identificação Nome: Márcio Donizete Pereira RA: 1706475 Licenciatura: Pedagogia Polo: Embu das Artes Professor Mentor: Edjane Angelo de Barros Supervisor de estágio (na escola): Edjane Angelo de Barros Período do estágio: Agosto de 2020 até Novembro de 2020. Local do estágio: EE Mirna Elisa Bonazzi Endereço: Rua Rainha Elizabete, 50 – Vila Regina, Embu das Artes - SP, CEP: 06810-660 Fone: (11) 4782-1142 Cidade: Embu das Artes Estado: SP Email: e906475a@educacao.sp.gov.br mailto:e906475a@educacao.sp.gov.br SUMÁRIO INTRODUÇÃO………………………………………………………………..6 APRESENTAÇÃO DA ESCOLA……………………………………………..7 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS…………………………………………..9 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................16 REFERENCIAS...............................................................................................18 Introdução O Estágio Supervisionado na educação infantil – gestão constituiu-se uma etapa de suma importância para a formação acadêmica e profissional dos futuros pedagogos, uma vez que essa vivência implica no processo de ser e tornar-se um gestor. O estágio em questão complementa outras disciplinas do Curso de Licenciatura em Pedagogia, a qual tem a finalidade de compreender a forma como se efetiva o trabalho da equipe gestora com a escola e em especial com a equipe docente e também o trabalho do coordenador pedagógico com foco no trabalho coletivo e nos processos de formação contínua. O trabalho do coordenador pedagógico envolve toda a equipe pedagógica da instituição numa relação de coletividade entre os pares, com a finalidade de mediar às relações de ensino-aprendizagem dos alunos. Na antiguidade a criança era vista como um adulto em forma de uma miniatura, ou seja, era tratada igual a um adulto. Com o passar do tempo essa perspectiva toma outro viés, pois a criança já vem sendo considerada um ser que precisa de cuidados, e de orientação pedagógica que visa o desenvolvimento educacional. Para o desenvolvimento da criança na instituição é necessário o acompanhamento e orientação do profissional docente, e que esse tenha uma formação sólida e qualificada, quer dizer, é imprescindível que o graduando (a) construa na formação acadêmica os conhecimentos teóricos e saiba relacioná-los com a prática, possibilitando desse modo, conhecer as especificidades dessa modalidade como outras e também esteja sempre procurando realizar capacitações através de formações continuadas. A formação continuada envolve a coletividade dos diversos atores educativos, logo o trabalho coletivo está associado à formação dos educadores numa perspectiva de eliminar o descompasso entre teoria e prática a partir de uma problemática vivenciada no espaço escolar e não uma formação distorcida da realidade vivida no dia a dia. Além da formação continuada, outra atividade que pode estar relacionada ao coletivo é a construção do Projeto Político-Pedagógico (PPP) da escola. O Projeto Político- Pedagógico construído pelo corpo docente da escola é de suma importância e exige intensa reflexão sobre as finalidades da instituição, assim como o seu papel social e a precisa definição dos caminhos e ações a serem desenvolvidas em prol do processo educativo. A construção do PPP da escola tem como um de seus objetivos propor uma forma de organizar o trabalho pedagógico visando a superação dos conflitos educacionais e buscando dissipar as relações competitivas, corporativas e autoritárias. Segundo Ibiapina (2009), é necessário ao professor ter diversos tipos de conhecimentos que são adquiridos por meio do processo de formação acadêmica. É fundamental esclarecer que o desenvolvimento de competências e habilidades não acontece de forma instantânea, e sim através de processo contínuo que visa o domínio d global sobre educação que vai colaborar de forma significativa com o contexto da sala de aula. Podemos definir que competência é a capacidade de mobilização de recursos cognitivos, afetivos e emocionais que ocorre numa situação determinada, situada e que se manifesta em situações reais, imprevisíveis, inusitadas e contingentes. Desse momo podemos dize que as habilidades referem-se ao domínio do fazer com eficiência. No entanto, esses aspectos não garantem ao docente uma formação emancipadora. Entendemos que o professor precisa de autonomia, aprofundamento e aperfeiçoamento do conhecimento, e relacionar o domínio apenas por competências e habilidades não garante uma formação crítica e reflexiva, pois é construindo e valorizando essa formação na prática, que os professores, terão o ensejo de desenvolver saberes. Para que o professor seja considerado um bom profissional é indiscutível relacionar alguns aspectos a sua prática que envolve valores, atitudes e conhecimentos, a maneira como ele ensina, as expectativas sociais sobre a importância da escolarização, o que ensinar o que devem fazer e saber. Dessa forma, é fundamental que o professor compreenda o contexto educativo como um espaço propício a produção e construção de saberes onde pode ocorrer a descoberta de elementos que estão inter-relacionados a prática educativa, como atores ativos, ambiente proveniente de saberes diversos, a possibilidade de ambos os atores interagirem através do diálogo, dentre outros aspectos, ou seja, o fazer docente presente neste lócus propicia a interação e construção de competência e habilidades. O Período do Estágio O presente estágio ocorreu em uma escola da região periférica de Embu das Artes e foi realizado durante os meses de abril até junho de 2020 totalizando um total de 100 horas distribuídas ao longo desses três meses. O objetivo do estágio foi analisar a infra-estrutura da escola, as suas dependências e equipamentos e principalmente acompanhar as atividades desenvolvidas pela equipe gestora da escola. Sabemos que o processo de alfabetização é um período de muita responsabilidade pelos professores e esse período, deve ser acompanhado pelo letramento, onde o professor deve contextualizar e principalmente valorizar o que o aluno carrega de conhecimento e as suas experiências adquiridas em seu ambiente familiar e social. Portanto é fundamental ao professor identificar o que se deve ensinar ao aluno e o seu dia-a-dia, tornando a tarefa de alfabetização mais prazerosa e significativa, possibilitando a troca de saberes, entre o professor e o aluno. O professor é a parte mais importante nesse processo, pois é através dele que o aluno será levado a buscar o conhecimento e a construir o seu próprio conhecimento. Mas para que esseprofessor seja um mediador capaz de executar tal função com sabedoria, criatividade e com respeito aos seus alunos, se faz necessário sua capacitação através da formação continuada. Desta forma esse professor estará contribuindo para a formação cidadã deste aluno, favorecendo, assim, a aprendizagem almejada. Plano Político Pedagógico (PPP) O Plano Político Pedagógico (PPP) é de extrema importância no âmbito escolar, pois define os caminhos para a efetivação do trabalho pedagógico. Para a organização desse Projeto, é de suma importância a ação de todos os que fazem parte do funcionamento da escola, inclusive os pais dos alunos que freqüentam a mesma. Entretanto, por falta de tempo e as devidas demandas escolares, o coordenador pedagógico não consegue reunir todos os profissionais da escola ao mesmo tempo para a elaboração do PPP e a sua construção de forma coletiva não se efetiva. Apresentação da Escola A escola escolhida para a realização do estágio em educação infantil foi a EE Mirna Elisa Bonazzi localizada na região periférica do município de Embu das Artes – SP. Para o ano de 2020 a escola mantém apenas uma turma de educação infantil com apenas 22 alunos e para o próximo ano não mais ofertara vagas para a educação infantil. A escola possui ainda 148 alunos nos anos iniciais e 156 alunos nos anos finais. A escola não possui ensino médio e possui 1 aluno especial matriculado nos anos iniciais. Para dar conta desse universo de alunos a escola conta com 35 funcionários e esta organizada por ciclos. O número de alunos matriculados por série pode ser observado na tabela abaixo: SÉRIE ALUNOS MATRICULADOS Educação Infantil (6 anos) 22 1 ° ano EF 31 2 ° ano EF 40 3 ° ano EF 31 4 ° ano EF 28 5 ° ano EF 18 6 ° ano EF 37 7 ° ano EF 43 8 ° ano EF 43 9 ° ano EF 33 A alimentação é fornecida para os alunos e a escola possui água filtrada, o que é muito importante tanto para os alunos da educação infantil quanto para os alunos do ensino fundamental de um modo geral. Essa discussão é importante por se tratar de uma escola pertencente a uma região periférica, onde muitas pessoas em torno da escola não têm acesso à alimentação adequada e a água filtrada. A acessibilidade da escola não é boa, pois não são acessíveis aos portadores de deficiências e os banheiros da escola não são adaptados aos deficientes. A infra-estrutura da escola não é adequada, pois não possui biblioteca, laboratório de ciências, laboratório de informática e nem sala de leitura o que pode ser observado pela tabela abaixo. Tabela: Infra-Estrutura da Escola Existe sanitário dentro do prédio da escola? Sim Existe sanitário fora do prédio da escola? Não A escola possui biblioteca? Não A escola possui cozinha? Sim A escola possui laboratório de informática? Não A escola possui laboratório de ciências? Não A escola possui sala de leitura? Não A escola possui quadra de esportes? Sim A escola possui sala para a diretoria? Sim A escola possui sala para os professores? Sim A escola possui sala de atendimento especial? Não Com relação aos equipamentos que a escola possui podemos destacar a presença de um aparelho DVD, um retroprojetor e uma televisão para uso dos docentes em suas atividades diárias. A escola possui ainda 5 computadores para uso dos alunos e devemos destacar também que a escola não possui impressora e nem uma copiadora, o que dificulta o trabalho docente. No estágio eu trabalhei com a única turma que a escola possui de educação infantil (alunos com 6 anos) e procurei acompanhar a equipe gestora. Durante esse período foi possível assistir algumas aulas dessa disciplina. A escolha das aulas de ciências se deu pelo motivo de eu já possuir uma licenciatura em física pela Universidade de São Paulo, o que torna mais confortável para acompanhar as atividades proposta pela professora da turma. Fatos Históricos sobre as brincadeiras na Educação Infantil No período da idade medieval, a criança era vista como um adulto em miniatura, e desde muito cedo enviadas para o trabalho. Muitas dessas crianças não tinham nem condições de brincar, e logo que entravam na infância, não precisavam mais de cuidados básicos, pois eram obrigadas a realizarem atividades de adulto. Isso pode ser verificado nos desenhos e pinturas da época que enfatizavam essas concepções e não respeitavam as devidas proporções existentes entre uma criança e um adulto. Neste período poucas crianças freqüentavam escola que eram as paróquias ou mosteiros. O momento da brincadeira não era visto como uma importante atividade pedagógica de interação entre as crianças sendo considerada apenas como uma atividade de distração. De acordo com Ariès (1978), em meados do século XII provavelmente não havia lugar para a infância. Os estágios da infância eram desconsiderados, sua socialização não era controlada pela família e a educação era garantida pela aprendizagem de tarefas realizadas juntamente com os adultos. Por volta do século XVII, consolidaram os primeiros conceitos de que a infância era uma etapa da vida que necessitava de cuidados próprios. Desde então a infância passou a ser analisada de outra forma. Além disso, Rousseau também criou inúmeros brinquedos educativos. A princípio estes brinquedos eram para estudar crianças com deficiência mental, mas, depois foram utilizados para o ensino das crianças ditas “normais”. Por isso, ele tem até hoje grande importância para a pedagogia. Recentemente, depois da década de 70, as escolas brasileiras começaram a trabalhar com materiais lúdicos, brinquedos pedagógicos e materiais didáticos. Algumas escolas já deixaram de lado a metodologia de repetição na pré-escola. Porém não são todas as escolas que trabalham com as brincadeiras para desenvolver o cognitivo das crianças. Segundo Fontana (1997), nos últimos anos, a psicologia, tem mostrado que a brincadeira tem um papel importante no desenvolvimento da criança e que ela satisfaz algumas de suas necessidades. No Brasil, as leis recentes para Educação Infantil são reflexos da nossa atual Constituição que foi promulgada em 1988. A partir dela as crianças no Brasil passaram a serem consideradas, de fato, sujeitos de direito. Oito anos após a Constituição de 1988, tivemos a Lei de Diretrizes de Bases em 1996 que também estabeleceu novas diretrizes para Educação Infantil. A inserção da educação infantil na educação básica, afirmada no Art. 22 da Lei: “a educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhes meios para progredir no trabalho e nos estudos posteriores” forneceu a esta etapa de ensino mais ênfase e importância. Estabelecida como primeira etapa da educação, a LDB apresenta em seu Art. 29 que “A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”. Logo, esta etapa passa a ser o reconhecimento de que a educação começa nos primeiros anos de vida e é essencial para o cumprimento de sua finalidade. Segundo Craidy e Kaercher (2001), nem os pais, nem as instituições de atendimento, nem qualquer setor da sociedade ou do governo poderão fazer com as crianças o que bem entenderem ou o que considerarem válido. Todos são obrigados a respeitar os direitos definidos pela Constituição e LDB (Brasil, 1996). Quando cursamos a disciplina de Educação Infantil, percebemos na teoria como de fato deve ser a postura de um professor lotado nesta etapa de ensino. Sua prática deve ser organizada de modo que as crianças possam desenvolver com confiança sua capacidade e percepção das limitações. Conhecer seu próprio corpo, suas potencialidades e seuslimites, desenvolvendo hábitos de higiene pessoal. Ampliar suas relações sociais por meio de vínculos com outras crianças e adultos. Saber utilizar diferentes linguagens, entender as diversidades e expressar suas emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades. Durante os momentos em sala de aula pude perceber que os estudos realizados nesta disciplina foram primordiais para a realização do planejamento e das aulas no período da regência. Acredito na importância da realização da atividade de estágio para nossa formação, pois é o ponto de partida para vivenciar, na prática, as experiências da sala de aula e como parte integrante de uma comunidade escolar. Além de poder analisar a prática à luz da teoria estudada na academia e pensar nossa futura atuação enquanto professores. Inicio das Atividades de estágio: O olhar cuidadoso O primeiro encontro na escola para desenvolver as atividades do plano de ação foi no dia 15 de Abril de 2020. Durante período de 5 horas entre as 7 horas da manha e às 12 horas. Durante esse período foram realizados registros do espaço interno da escola e das dependências. Esses registros já foram apresentados nesse relatório. Nos dias 18 (5 horas) e 25 (5 horas) do corrente mês, em sala de aula continuamos as observações. Este foi o momento apenas de observar o cotidiano em sala de aula e fazer as devidas anotações que considerei importantes. A professora foi bastante atenciosa, porém, através de conversas informais deixou claro que sua intenção era de trabalhar com os alunos do ensino fundamental I, mas que por motivos de atribuição de aulas teve que assumir a turma de educação infantil. Apresentei-me as crianças e percebi que estavam um pouco tímidas, mas com o decorrer do dia foram se familiarizando. O processo de familiarização da professora com os alunos durou duas semanas. A docente buscou conhecer as crianças e a identificar algumas características, como por exemplo, onde moravam, quantos anos tinham o que gostavam de fazer, entre outros. Em seguida iniciou uma atividade de sondagem para perceber o nível de desenvolvimento das crianças. Nesta turma, onde foi realizado o estágio as aulas começaram um pouco depois da data prevista no calendário letivo oficial, já que não havia professor. Esta realidade é muito comum nas escolas estaduais segundo os professores que trabalham nessa escola. Durante a realização desse estágio foi muito comum ouvir relatos de colegas que já atuavam na área da educação no âmbito estadual, as diversas dificuldades encontradas na escola, desde a falta de professores até a de materiais para se trabalhar. Estes momentos foram importantes para que pudéssemos analisar e planejar as aulas e projetos para turma. Além disso, procuramos identificar qual era a real necessidade dos alunos da educação infantil. A atividade de regência Tomando como base a importância das brincadeiras para a educação infantil e todas as demais informações que foram coletadas pela professora sobre algumas características das crianças da turma escolhida, foi decidido em conjunto com a professora que a nossa prática pedagógica seria realizada através de atividades que utilizaria o lúdico como estratégia de alfabetização. Foi por meio de brincadeiras que realizamos as atividades em sala de aula no período de primeiro de maio a 24 de maio de 2020. Discutimos com a professora titular como se daria o processo de aprendizagem e para realizar o planejamento das nossas atividades de regência. Conforme estabelecido pela professora, não poderíamos deixar de trazer um filme, pois isso já era uma atividade permanente, mas deixou a nosso critério as escolhas dos vídeos. Então, diante da liberdade que tivemos para planejar as atividades e com a escolha do vídeo começamos a realizar as atividades para aquela turma. Nos dias de observação percebemos que a professora em sua prática procurava dar inicio ao um trabalho de alfabetização das crianças e para isso trabalhava com as famílias das letras. Isso pode ser percebido e demonstrado na fala da docente: - “hoje vamos trabalhar a família do B - ba, be, bi, bo, bu”. Minha intenção neste trabalho não é criticar ou desfazer da metodologia adotada pela docente, porém considero ser mais significativo trabalhar com as letras dentro de um contexto mais amplo e fazendo relação com aquilo que as crianças vivenciam, trazendo significado para os mesmos. Para isso, é fundamental para o professor fazer uma investigação inicial sobre os conhecimentos prévios dos seus alunos. Nesse sentido, é fundamental que as escolas estabeleçam um novo caminho a ser seguido e que desenvolva o hábito de rever as suas práticas pedagógicas para a educação infantil, trazendo dessa forma um desafio maior aos profissionais de educação. É neste sentido que a relevância da prática pedagógica se torna preponderante, pois busca levar a criança a se alfabetizar mantendo um equilíbrio entre o trabalho de aquisição do código, articulado ao domínio da leitura e escrita, contextualizando com os temas trabalhados em sala de aula a partir de discussões e necessidades atuais, além de propor aos alunos situações reais de alfabetização e letramento. Sabemos que isso não é tarefa fácil, já que no Brasil a teoria do conhecimento empirista dominou tudo que se fez em alfabetização até a década de 70, onde considerava que o aprendizado da leitura e da escrita se dava por meio de um processo de associação entre grafema e fonema, onde a criança evoluiria por receber e fixar informações transmitidas pelos adultos. Infelizmente, mesmo depois de passado tantos anos podem observar fortemente na pratica pedagógica da professora titular da turma que estagiamos, o enraizamento desta teoria nos dias atuais. Talvez em sua formação a disciplina de alfabetização não tenha problematizado estas questões. Mas, embora compreendamos a dificuldade, acreditamos na possibilidade de mudança, pois “o saber dos professores não provém de uma fonte única, mas de várias fontes e de diferentes momentos da história de vida e da carreira profissional” o que possibilita a compreensão desse conceito. (TARDIF, P.18, 2004) Planejando o trabalho docente Nossa primeira atividade foi planejada diante da dificuldade dos alunos em conhecerem as letras iniciais de seus nomes. Para isso procuramos desenvolver uma atividade que possibilitasse um aprendizado por parte das crianças através de uma atividade desenvolvida de forma lúdica e considerando os interesses e necessidades das crianças. Para que isso fosse possível, tivemos um momento de investigação de quais seriam os principais interesses das crianças. Esse momento de investigação dos interesses das crianças foi o que permitiu darmos inicio ao nosso trabalho de regência. Sabemos que a brincadeira é um poderoso instrumento que pode auxiliar nas práticas de alfabetização e letramento. Diante desse pressuposto buscamos alicerçar todo nosso projeto com atividades fortemente ligadas a uma base lúdica. Foi nesta perspectiva que buscamos desenvolver as atividades em sala de aula na prática de estágio, tendo sempre em vista que articular os jogos e as brincadeiras aos conteúdos escolares iria propiciar às crianças os conhecimentos e habilidades necessárias a essa etapa da educação infantil. Essa forma lúdica de se trabalhar é de fundamental importância para o desenvolvimento da criança, pois através dela é possível que as crianças adquiram diversas experiências, possibilita que elas interagem com outras pessoas, organizam seu pensamento, tomam decisões e criam maneiras diversificadas de jogar, brincar e produzir conhecimentos. É fundamental ressaltar ainda que os processos de desenvolvimento e de aprendizagem envolvidos no jogar e no brincar, quando bem elaborados e com finalidades pedagógicas, contribuíram de forma significativanos processos de apropriação do conhecimento, além de possibilitar o desenvolvimento de habilidades físicas, cognitivas, afetivas e sociais. A falta da intencionalidade e situações reais na educação infantil através das brincadeiras realizadas na sala de aula nos motivou a desenvolver nosso planejamento nessa perspectiva. Preencher esta lacuna foi um dos maiores desafios enfrentados por nós, já que passaríamos dar uma importância maior ao lúdico, trabalhando de maneira intencional, para que as atividades realizadas fizessem sentido para nós e principalmente para as crianças. Acredito que escolhemos o caminho certo, pois era notória a felicidade das crianças ao estarem conosco e realizando as atividades, além de terem conseguido grandes avanços no processo de inicio de sua alfabetização. Primeira Intervenção Quando chegamos à sala as 07h da manhã, esperamos as crianças chegarem até as 07h15min. Inicialmente a professora titular fez a contagem dos alunos para informar ao pessoal da merenda. Após esse primeiro contato, a professora informou para as crianças que seriam nós que conduziríamos a aula naquele dia. Como planejado, fizemos uma roda da conversa para tentar conhecer melhor as crianças, procurando identificar principalmente quais eram os seus gostos, quais as brincadeiras preferidas, o que gostavam de comer, como passaram o final de semana etc. Para isso convidamos os alunos para sentarem no chão formando um círculo e iniciamos a nossa roda de conversa com as seguintes perguntas entre outras: 1) Como foi seu final de semana? 2) Brincaram de quê? 3) O que comeram? Enfim, tentávamos trabalhar a oralidade com as crianças, enquanto iríamos buscando um melhor conhecimento do contexto social daquelas crianças. Logo após a roda de conversa, demos inicio ao desenvolvimento de uma atividade pedagógica com a utilização de um vídeo curto, que trabalhava com uma musica infantil animada com frutas dançarinas que diziam seus nomes e qual era a sua função na alimentação das crianças. Após os alunos assistirem ao vídeo, distribuímos para cada uma das crianças folhas de papel sulfite e disponibilizamos lápis de cor e giz de cera para os alunos desenharem a sua fruta preferida e pintarem os seus desenhos. O principal objetivo dessa atividade era mostrar a importância de uma alimentação saudável e mostrar para os alunos que cada fruta tem um nome próprio como cada um de seus coleguinhas. Através dessa atividade foi possível perceber que eles adoraram e prestaram bastante atenção. Para a realização desta atividade buscamos também, por meio da oralidade, enfatizar a importância da alimentação saudável para o desenvolvimento do ser humano. Podemos também perceber que as crianças tinham uma participação mais efetiva nestas atividades. Este momento foi bastante significativo, pois as crianças apresentavam um interesse maior. O professor precisa estar atento ao que realmente é de interesse dos alunos, somente desta maneira poderá desenvolver atividades motivadoras e diferenciadas, trazendo outras propostas que ultrapassam um ensino tradicional. Segunda intervenção Como de costume iniciamos a aula com a roda de conversa. Em seguida realizamos as atividades que estavam inseridas dentro do nosso projeto que era iniciarmos o processo de alfabetização das crianças através de atividades de forma lúdica. Para essa atividade levamos para sala de aula um jogo com as letras, algo que eles pudessem interagir brincando e ao mesmo tempo para fazer relação com as letras do alfabeto e dos seus nomes. Para o desenvolvimento desta atividade buscamos trabalhar as letras de forma diferenciadas e não isoladas, uma vez que, levamos para sala de aula figuras que faziam parte do cotidiano dos alunos e solicitamos que nos falassem o que era aquela figura e com qual letra começava aquela palavra. Entre as atividades que procuram fazer uma exploração específica da forma e nome das letras, podemos destacar os jogos. Esses podem ser montadas e desenvolvidas, como bingos com letras e nomes para identificação e memorização das letras, seus nomes e valores sonoros, dados, entre outros. O desenvolvimento desta atividade trouxe a oportunidade de vivenciar de forma diferenciada o ensinar e o aprender. Neste momento foi possível perceber que a brincadeira em sala de aula é bastante instigante e motivadora para todos os envolvidos. Os alunos interagem, se expressam, testam seu conhecimento de mundo. É fundamental ressaltar a importância destas atividades para o desenvolvimento dos alunos. Podemos também considerar que outro momento importante de aprendizagem envolvendo as brincadeiras e o lúdico é à hora do recreio, no qual as crianças podem brincar em um parque ou mesmo na quadra da escola. Após o intervalo as crianças realizaram uma atividade de caça palavras. De início seria uma atividade para casa, porém a professora considerou que seria uma atividade muito complexa para que eles fizessem sozinhos, por acreditar ser uma atividade que exigia muito das crianças e alguns pais poderiam não conseguir ajudá-los. Diante dessas observações da professora, trabalhamos a atividade em sala de aula. Este momento foi de fundamental importância, pois remeteu-nos as aulas de didática quando a professora enfatizava a discussão trazida por vários autores de que não existe um planejamento rígido e esse deve ser repensado sempre que necessário. Todos nós discutimos durante as disciplinas do curso de pedagogia da UNIVESP a idéia de que o planejamento flexível permeia as ações pedagógicas desenvolvidas no contexto escolar, por isto devemos estar atentos a esta tal flexibilidade. Como diz Vasconcelos (2000) não podemos ter o planejamento como uma camisa de força. Precisamos ter consciência de assumi-lo como um dispositivo norteador das atividades. Não podemos deixar de lado, por completo, o que foi planejado sem procurar uma explicação para o ocorrido. É necessária uma reflexão por parte do professor quando a atividade que foi prevista não foi concretizada. Acima de tudo o comprometimento deve ser assumido, pelo professor, no intuito de prever as possíveis mudanças no decorrer do caminho. Podemos vivenciar de fato a teoria na prática quando nos deparamos com esta realidade. Embora o plano de aula e as atividades propostas, tivessem sido passados e aprovado pela professora na hora houve algumas mudanças. Tivemos que readequar o momento de realização da atividade. Terceira Intervenção Nesta semana não trabalhamos com a exposição do vídeo, pois era uma semana atípica. A comemoração do dia das mães estava se aproximando e a professora solicitou que destinássemos esse momento da aula a uma atividade que pudesse contemplar essa temática. Foi então trabalhado atividades de artes. As crianças confeccionaram um cartão desenhando suas mãos. Propomos que os desenhos e as pinturas fossem livres. Esta atividade proporcionou para nós a compreensão de que com poucos recursos podemos fazer uma aula diferenciada, além de envolver a disciplina das artes no contexto da sala de aula. Para esta atividade foi usado apenas, papel A4 e giz de cera. Realizamos esta atividade por acreditar que o desenho na educação infantil tem um papel fundamental. Ao desenhar a criança expressa seu pensamento, conta sua história, realiza suas fantasias, expõem seus medos, alegrias, tristezas e interagem com seu corpo e como meio. A presença das artes na Educação Infantil é essencial. Por meio do desenho as crianças expressam suas emoções desenvolvendo seus sentimentos e através dele o professor pode perceber dificuldades de aprendizagem, de interação, entre outros. Mas não basta só o desenho pelo desenho, o professor deve estar sempre atento e procurar informações para entender as produções dos seus alunos. Optamos por trabalharde forma lúdica, pois o lúdico é um recurso metodológico capaz de propiciar uma aprendizagem espontânea e natural. Estimula à crítica, a criatividade, a socialização, sendo, portanto reconhecidos como uma das atividades mais significativas pelo seu conteúdo pedagógico social. Foi desta maneira que as crianças vivenciaram momentos de aprendizagem significativa por meio de brincadeiras e das artes com situações reais de aprendizagem. Interagiram com os colegas, afloraram suas emoções e desenvolveram habilidades motoras. CONSIDERAÇÕES FINAIS A universalização do ensino, as transformações sociais e o aumento dos anos da escolarização fizeram crescer a expectativa de outras exigências em relação aos professores e a escola. Diante desse quadro temos um papel fundamental neste processo e por isso devemos trabalhar em conjunto para atender as necessidades deste novo modelo de ensinar, adquirindo assim mais autonomia e controle. O presente trabalho trouxe uma análise sobre o estágio obrigatório na Educação Infantil. Pensar e elaborar o projeto, os planos de aula em parceria com uma professora titular tendo como suporte os referenciais teóricos já estudados e as disciplinas, já cursadas, como a disciplina de Didática e Alfabetização e Letramento e tantas outras foi primordial para o sucesso do nosso estágio obrigatório e para execução das atividades propostas em sala de aula. Experiências como essas são extremamente importantes para construção do conhecimento do pedagogo, sem esses momentos não podemos colocar em prática toda a bagagem intelectual aprendida durante o curso de pedagogia da UNIVESP. Através desse estágio obrigatório foi possível articular diversos saberes, conhecimentos e experiências. O estágio foi bastante rico e possibilitou diferentes maneiras de aprendizagem, pois nos possibilitou fazer articulações com a teoria estudada. Acredito que a atividade de estágio nos trouxe a aproximação de relacionar a teoria com a prática estudada, revelou-se também como oportunidade para responder vários questionamentos indagados por nós durante o curso. As dúvidas ficaram para trás, já que a vivência nos proporcionou uma satisfação ímpar e a sensação de dever cumprido. O planejamento pensado por nós, para a realização do estágio foi concretizado, mas isso só foi conseguido, pois tivemos uma base sólida quanto às disciplinas estudadas e a orientação que nos foi dada, como também total liberdade para planejar as aulas e desenvolver as atividades na sala de aula. O estágio curricular obrigatório veio para mim como mais um desafio entre tantos outros do curso de Pedagogia, acredito que este tenha sido o mais difícil, mas também o mais prazeroso e real. Digo real, pois é neste momento que colocamos em prática boa parte do que aprendemos. O processo vivido nesse percurso me fez compreender a importância deste momento para a formação docente. Já que são hora de pensar os saberes, refletir sobre a nossa conduta e construir a nossa identidade enquanto pedagogos. Ser professor é uma satisfação muito grande. Sentir o carinho das crianças e perceber a evolução no processo de aprendizagem é um momento de muita felicidade, principalmente quando percebemos a nossa importância para a construção da identidade e da cidadania das crianças. Quanto as crianças, ficou claro o prazer e comprometimento delas em relação à participação nas atividades. Muitas diziam: - Tio, adoramos a quarta-feira! Nem era preciso perguntar o motivo, pois o brilho nos olhos e o entusiasmo com as brincadeiras deixavam claro, que além da nossa presença, as atividades realizadas nestes dias eram diferenciadas. Acredito que as dinâmicas realizadas por nós contribuíram para melhorar as relações interpessoais, o respeito às diversidades, apropriar-se dos diversos tipos de linguagem e estabelecer relações entre os assuntos abordados e o contexto em que vivem. Penso que quando há comprometimento do profissional, planejamento das aulas e metas a ser alcançada, a atividade de estágio passa a ser um prazer e não apenas mais uma disciplina a ser estudada. Posso dizer, ao final deste processo, que esta é uma das disciplinas primordiais para o processo de formação do pedagogo. Referencias ARIÈS, P. História social da infância e da família. Tradução: D. Flaksman. Rio de Janeiro: LCT, 1978. BRASIL. Lei n. 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 1996. CRAIDY, Carmem; KAERCHER, Gládis E. Educação infantil: Pra que te quero? Porto Alegre: Artmed, 2001. FONTANA, Roseli; CRAUZ, Nazaré. A criança e a palavra. In. Psicologia e trabalho pedagógico. São Paulo: Atual, 1997. IBIAPINA, I. M. L. M. (Re) elaborando o significado de docência. In: MENDES TANCREDI, R. P. Aprendizagem da docência e profissionalização: elementos de uma reflexão. São Carlos: EdUFSCar, 2009. TARDIF, M. Saberes Docentes e Formação Profissional. 3. ed. Trad. Francisco Pereira. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. VASCONCELLOS, Celso dos S: Planejamento Projeto de Ensino-Aprendizagem e Projeto Político-Pedagógico. Ladermos Libertad-1. 7º Ed. São Paulo, 2000.