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PRESSUPOSTOS CARACTERIZADORES DO ESTADO DE FALÊNCIA Alice Mislene Vastrinche Professor: Roger Mendes Cecchetto Centro Universitário Dante- UNIDANTE Matéria: Direito Empresarial- Falimentar Matrícula: 1057947 Primeiramente tem- se que, estado falimentar do devedor é um pressuposto objetivo para a verificação da falência da sociedade empresária e do empresário individual, ou seja, para que haja a decretação da quebra do devedor se faz necessário a apuração de devidos fatos e atos que dão ensejo e condicionam a qualidade falimentar do empresário. Desse modo a caracterização deste estado falimentar é objetiva, pois a Lei 11.101/2005 que traz as configurações já predispostas, e em razão desta presunção legal de quebra que o credor assim poderá pleitear a sentença de declaração da falência do devedor. Insolvência A insolvência do empresário é auferida juridicamente, é uma presunção legal na qual em razão da impontualidade injustificada ou até mesmo pela prática de atos considerados falimentares, que o devedor passa assinalar seu estado pré-falimentar. Em seu sentido técnico/econômico, “insolvência é o estado patrimonial do devedor caracterizado pela insuficiência do ativo para saldar o passivo” (RAMOS, 2016, p. 203). Em outras palavras, caracteriza o que a doutrina costuma chamar de crise patrimonial. No entanto, a doutrina e a jurisprudência apontam que, “enquanto pressuposto para a decretação da falência, a insolvência deve ser considerada em um sentido jurídico, que vai além do técnico/econômico. Nesse sentido, os casos específicos em que a insolvência se caracteriza são definidos pela própria legislação falimentar, e não propriamente pelo estado patrimonial da empresa”. Assim, entendemos que, demonstrada a ocorrência de quaisquer situações previstas em lei, a falência poderá ser decretada, ainda que a empresa conte com um ativo superior ao passivo. Posto isto, pode-se observar que a doutrina aponta que, existem quatro tipos de sistemas que caracterizam a insolvência, São eles: o sistema do estado patrimonial deficitário, o sistema da cessação de pagamentos, o sistema da impontualidade injustificada e o sistema da enumeração legal. Porém, nas lições de Rubens Requião, existem quatro sistemas para determinação da insolvência, sendo que a legislação brasileira adota apenas dois deles: o sistema da impontualidade injustificada e o da enumeração legal. (grifo meu) 1. Sistema do Estado Patrimonial Deficitário O primeiro sistema, o do estado patrimonial deficitário, de forma clara, ele exige a demonstração da insolvência econômica do devedor, e ele é o único sistema que se preocupa em averiguar o estado patrimonial do devedor, enquanto os demais se baseiam tão somente em presunções. Portanto o sistema em apreço propõe uma investigação da condição econômica deficitária do patrimônio do devedor, traduz-se pela insuficiência patrimonial do empresário, ou seja, o seu patrimônio apresenta-se insuficiente para satisfazer suas dívidas. O processo de falência é deflagrado anteriormente de se verificar o defict patrimonial, assim tem-se que esse sistema não é adotado no direito brasileiro para fins de falência, e de certa forma não se aplica para sociedade empresária, pois só é adotado para insolvência civil. 2. Sistema da Cessação de Pagamentos O segundo sistema, o de cessão de pagamentos, entende que a insolvência se caracteriza quando o devedor para de efetuar o pagamento de suas dívidas, em outras palavras ocorre a cessão consecutiva de pagamentos, onde deixa de pagar vários credores. Por intermédio desse sistema, o devedor que faz cessar os pagamentos de suas dívidas demonstra-se insolvente, inspirando a legislação brasileira de 1850, o Código Comercial de 1850 em seu artigo 797, declara que todo o comerciante que fizesse cessar os seus pagamentos entendia-se falido. Assim como o sistema do estado patrimonial deficitário, o sistema de cessação de pagamentos também não é adotado no direito brasileiro para fins de falência, o legislador entendeu que tal situação pode acontecer com frequência e ser temporária. Portanto o sistema de cessação de pagamento, como já dito anteriormente, este consiste na presunção de insolvência com base na atitude do devedor de não pagar suas dívidas ou cumprir suas obrigações, de modo que, a insolvência tem como característica a irreversibilidade, assim não se trata de mero desequilíbrio financeiro momentâneo (situação muito comum às empresas). Dessa forma a cessação de pagamentos não pode caracterizar a insolvência dando ensejo à falência. 3. Sistema de Enumeração Legal Já no sistema de enumeração legal, a situação de insolvência é presumida quando o devedor pratica um ou mais dos atos taxativamente previstos na legislação falimentar. E esses são chamados de atos de falência, inciso III do art. 94 da Lei 11.101/05 Dessa forma o sistema em questão, conduz uma indicação, pela lei de determinadas situações nas quais se encontra o devedor, tradutoras de sua insolvabilidade, onde exprimem o comportamentos do devedor que permitem a presunção da sua insolvabilidade, como por exemplo: “quando devedor se desfaz do seu patrimônio de forma precipitada; quando simula negócio jurídico para retardar pagamentos ou fraudar credores; quando simula a transferência do seu principal estabelecimento para prejudicar credor; etc.”. Por fim, o sistema – enumeração legal – a insolvência se caracteriza de fato pela prática de determinados atos previstos de forma taxativa na legislação falimentar, conhecidos como atos de falência, ainda que o devedor não esteja sequer impontual quanto ao pagamento de suas dívidas. 4. Sistema de Impontualidade Injustificada A impontualidade injustificada é vislumbrada quando o devedor empresário é executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal. A impontualidade injustificada está prevista no inciso I do art. 94 da Lei 11.101/2005. De acordo com Ricardo Negrão (2012, p. 265), nesse sistema [...] basta a demonstração, por instrumento de protesto, do não pagamento, na data de vencimento, de obrigação líquida constante de um ou de mais de um título executivo, cuja soma ultrapasse, na data do pedido de falência, o equivalente a 40 salários mínimos, sem que exista razão relevante para a inadimplência. Portanto, a insolvência do devedor pode ser presumida a partir do momento em que ele não paga determinada obrigação líquida no vencimento, de forma injustificada, assim o artigo 94 § 1º da referida norma, admite que os credores reúnam os seus créditos a fim de atingir o valor de 40 (quarenta) salários mínimos para embasar o pedido de falência. Desse modo, basta 1 única dívida vencida e não paga para caracterização da insolvência e deflagração do processo de falência, sendo que o credor “deve” antes de protestar o título para fins de falência, conforme disposto na Lei do Protesto - Lei 9.492 Art. 23. Os termos dos protestos lavrados, inclusive para fins especiais, por falta de pagamento, de aceite ou de devolução serão registrados em um único livro e conterão as anotações do tipo e do motivo do protesto, além dos requisitos previstos no artigo anterior. Parágrafo único. Somente poderão ser protestados, para fins falimentares, os títulos ou documentos de dívida de responsabilidade das pessoas sujeitas às consequências da legislação falimentar. Sendo assim o título deve conter alguns requisitos como: o valor mínimo do título de 40 salários mínimo (valor equivalente até a data da propositura da ação), a situação do título será inadimplida e protestada, bem como os detentores do título podem ser vários credores no polo ativo, que somados atinjam o limite de valor. Vale salientar, por fim que, não se pode esquecer que, para que sirva de base ao pedido de falência, a impontualidade deve ser injustificada, isso porque deve inexistir relevante razão para o inadimplemento da obrigação líquida. Se justificável a omissão do devedor em realizar o pagamento, não cabe o requerimento da falência com base nessa hipótese. 5. Atos da Falência Cabe ressaltar, que o inciso III do art. 94 traz uma série de condutas que, uma vez praticadas pelo devedor, podem também ensejar o requerimento de sua falência. O § 5º do mesmo artigo assevera que, quando baseado em quaisquer das hipóteses desse inciso, “o pedido de falência descreverá os fatos que a caracterizam, juntando-se as provas que houver e especificando-se as que serão produzidas”. Assim a lei taxativamente dispões várias condutas que se praticadas são presumidamente entendidas como atos de falência, conforme podemos ver: Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: III — pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação judicial: a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos; b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não; c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo; d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor; e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo; f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento; g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação judicial. Pode-se observar, por fim, que são atos que envolvem fraude, simulação ou ausência, portanto devem ser descritos e provados pelo interessado na decretação da falência. REFERÊNCIAS BRASIL, Lei nº 11.101 de 09 de fevereiro de 2005. BRASIL, Decreto-lei nº 7.661 de 21 de junho de 1945. NEGRÃO, Ricardo. Aspectos objetivos da lei de recuperação de empresas e de falências: Lei n. 11.101, de 09 de fevereiro de 2005. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 19 COELHO, Fábio Ulhoa. Comentários à Nova Lei de Falências e de Recuperação de Empresas. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 269. https://jus.com.br/artigos/58607/pressupostos-caracterizadores-do-estado-de-falencia- importancia-definicao-e-instrumentos-de-comprovacao/2 https://www.conjur.com.br/2008-ago- 09/caracterizacao_estado_falencia_empresario_devedor https://www.conjur.com.br/2008-ago- 09/caracterizacao_estado_falencia_empresario_devedor https://juridieduc.jusbrasil.com.br/artigos/594528049/a-demonstracao-da-insolvencia- juridica-na-falencia https://trilhante.com.br/curso/falencia-1/aula/decretacao-da-falencia-procedimento-3 https://www.conjur.com.br/2008-ago-09/caracterizacao_estado_falencia_empresario_devedor https://www.conjur.com.br/2008-ago-09/caracterizacao_estado_falencia_empresario_devedor https://www.conjur.com.br/2008-ago-09/caracterizacao_estado_falencia_empresario_devedor https://www.conjur.com.br/2008-ago-09/caracterizacao_estado_falencia_empresario_devedor https://juridieduc.jusbrasil.com.br/artigos/594528049/a-demonstracao-da-insolvencia-juridica-na-falencia https://juridieduc.jusbrasil.com.br/artigos/594528049/a-demonstracao-da-insolvencia-juridica-na-falencia
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