Buscar

AP_Leitura e Producao Textual III

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Im
ag
em
: F
re
ep
ik
Leitura e 
Produção Textual
UNIDADE III
Chanceler
Prof. Antonio Colaço Martins Filho
Reitora
Profa. Denise Ferreira Maciel
Diretor Administrativo Financeiro
Edson Ronald de Assis Filho
Diretora Executiva
Ana Cristina de Holanda Martins
Diretora Executiva
Sandra de Holanda Martins
Assessoria de Desenvolvimento Educacional – ADE
Profa. Elane Pereira
Prof. Silvio Rodrigues
Revisão Textual
Cristiana Castro
Diagramação
Wanglêdson Costa
Su
m
ár
io
Apresentação
Para começo de conversa
01 - Organização das Ideias
O que é legibilidade?
02 - O Texto e a Textualidade
O que é um texto?
Qualidades de um Texto
Defeitos de um texto
Fatores de Textualidade
Fatores Pragmáticos Extralinguísticos
03 - A Argumentação
Referências
Anotações
05
06
07
11
14
16
19
19
23
25
33
42
43
Seja bem-vindo à disciplina Leitura e Produção Textual. A metodo-
logia adotada pela UNIFAMETRO na modalidade a distância conta com 
aulas ministradas no Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle, favore-
cendo atividades colaborativas, aproximando professores e alunos distan-
tes fisicamente.
Para a melhor compreensão do assunto, é importante que, além da 
leitura desse conteúdo, você participe das atividades e tarefas propostas 
no cronograma e consulte dicas e complementos sugeridos no decorrer 
da disciplina. Este material também está disponível para impressão ou 
para download em formato pdf cliancando no botão abaixo:
educacaoonline.unifametro.edu.br
É importante ressaltar que, nessa metodologia, o seu compromis-
so com a aprendizagem é fundamental para que ela aconteça. Portanto, 
participe, lendo os textos antes de cada aula para interagir melhor nos 
momentos de comunicação virtual e presencial, nas discussões com os tu-
tores, professores e colegas de curso.
A
pr
es
en
ta
çã
o
BONS
ESTUDOS!
5
http://educacaoonline.unifametro.edu.br/login/index.php
6
A disciplina Leitura e Produção Textual é dividida em 4 unidades, nas 
quais você encontrará o conteúdo, bem como conteúdos adicionais e su-
gestões de leituras. Ao longo do texto, você irá se deparar com vários 
ícones que irão ajudá-lo neste percurso em busca do conhecimento, tais 
como:
Para começo de 
conversa
Esses ícones nortearão a sua leitura, oferecendo amplas possibilidades de
aprofundamento. A linguagem dialógica aqui utilizada também irá aproxi-
málo das aulas ora apresentadas, levando-o à motivação e ao entendimen-
to da disciplina. Esperamos, por meio da diagramação desse material, con-
tribuir com sua interação plena com os conteúdos. Agora que já estamos 
“conectados”, mãos à obra!
OBJETIVOSPARA REFLETIR
ATENÇÃOPARA LER
SUGESTÕES
EXEMPLO
VÍDEOSAIBA MAIS VOCÊ SABIA
Organização 
das Ideias
01
8
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
Organização das Ideias
Essa aula tem como Objetivos:
• Reconhecer as diferentes habilidades discursivas para uma comunicação 
eficaz e eficiente.
• Utilizar o pensamento ordenado e lógico, condição primordial para uma 
exposição clara, precisa e objetiva das ideias, assim como para entendi-
mento das ideias centrais e secundárias do texto.
• Preocupar-se com a organização das ideias para se fazer entender em uma 
sociedade de informação.
OBJETIVOS
E como competência:
• Ler, interpretar e produzir textos com clareza e coerência.
• Organizar, interpretar e sintetizar informações para tomada de decisões.
• Formular e articular argumentos consistentes em situações sociocomuni-
cativas, expressando-se com clareza, coerência e precisão.
COMPETÊNCIAS
Termos-chave
Organização das Ideias. Texto. Textualidade. Fatores Pragmáticos. 
Parágrafo. Argumentação.
ATENÇÃO
9
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
Im
ag
em
: F
re
ep
ik
Organização das Ideias
Coesão
A coesão diz respeito à ligação entre as partes do texto, a conexão interna en-
tre os vários enunciados que o compõem.
Para estabelecer essa ligação, é importante conhecer os elementos coesivos, 
que podem ser pronomes, conjunções, preposições e advérbios, além da pontuação, 
uma vez que ela interfere diretamente na coesão de um texto.
Segundo Koch, coesão é a forma como os elementos linguísticos presentes na 
superfície textual se interligam, se interconectam, por meio de recursos também lin-
guísticos, de modo a formar um ‘tecido’ (tessitura), uma unidade de nível superior à 
frase, que dela difere qualitativamente (KOCH, 2004 p. 35).
Assim, a coesão de um texto é verificada mediante a análise de seus mecanis-
mos lexicais e gramaticais de construção.
A coesão pode ser:
a) Coesão remissiva ou referencial - quando um termo ou expressão substitui, re-
fere-se a um outro pertencente ao universo textual. Ela pode ser criada por ele-
mentos de ordem gramatical): pronomes, advérbios locativos, numerais, artigos 
definidos) e elementos de ordem lexical (sinônimos, hiperônimos, nomes genéri-
cos e formas nominais).
10
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
Esse tipo de coesão ocorre quando os elementos coesivos ou conectivos retomam ou 
anunciam palavras, frases e sequências que exprimem fatos ou conceitos.
Exemplo:
“Em tudo o que a natureza opera, ela nada o faz bruscamente”
“Há três coisas que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra 
pronunciada, e a oportunidade perdida.” (Provérbio Chinês)
b) Coesão sequencial - ocorre por meio dos componentes do texto que estabele-
cem relações semânticas entre orações, períodos ou parágrafos à medida que o 
texto progride. Ela é realizada de forma a garantir a continuidade do texto, a sua 
progressão.
Exemplo:
Fazendo um balanço do que se discutia até o momento, constatase que os mo-
delos apresentados são excessivamente redutores... Primeiro fazemos nossos hábi-
tos, depois nossos hábitos nos fazem.
A coesão é um elemento fundamental na construção de um texto, ela contribui, 
diretamente, para a coerência do texto.
Coerência
A coerência é considerada o fator fundamental da textualidade, porque é res-
ponsável pelo sentido do texto. É entendida como o nexo, a lógica entre as diversas 
ideias apresentadas, a relação entre elas e o contexto. Envolve não somente aspec-
tos lógicos e semânticos, mas também cognitivos, na medida em que depende do 
partilhar de conhecimentos entre interlocutores. O seu sentido é construído não só 
pelo produtor como também pelo receptor.
Um texto coerente é um conjunto harmônico, em que todas as partes se encai-
xam de maneira complementar, de modo que não haja nada destoante, nada ilógico, 
nada contraditório, nada desconexo.
Não se deve dizer, por exemplo: “Acordei cedo, hoje, às dez horas. Fui ao tra-
balho, vesti a roupa, tomei banho e fui caminhar, depois do almoço...” Há uma in-
compatibilidade na sucessividade das ações, de forma que facilmente se percebe a 
incongruência dos fatos.
A coerência e a coesão têm em comum a característica de promover a in-
ter-relação semântica entre os elementos do discurso respondendo pelo que se 
pode chamar de conectividade textual. A coerência diz respeito ao nexo entre os 
conceitos e a coesão, à expressão desse nexo no plano linguístico.
O texto não é um amontoado de palavras, mas um enunciado, o produto de uma 
determinada intenção e é dirigido a um determinado receptor ou conjunto de recep-
tores. Escrever um texto implica ter o que escrever, um objetivo, uma finalidade.
Deve-se sempre pensar como organizar e qual a melhor sequência das ideias 
que depois de escritas estarão à disposição do leitor. O texto bem escrito é aquele 
11
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
que realiza junto com o leitor a sua intenção. É o momento de organização das ideias 
em torno do tema central, obedecendo a uma sequência lógica (começo, meio e fim). 
Deve-se, também, ter presente a noção de quem é o interlocutor, pois é ele quem 
determina a forma e a linguagem do texto.
Neste momento é necessário saber: “O que você quer dizer?”, “Para quem você 
está dirigindo sua escrita?”, “Como pensouem completar tal ideia?”, “Por que não 
escreveu?”, “O que podemos retirar? (redundâncias)”.
Perceber que o entendimento do texto pode ficar comprometido se faltarem 
informações relevantes, se as ideias não forem organizadas, se houver ambiguida-
des, fuga ao tema. As frases não podem estar soltas, devendo o autor usar com pro-
priedade os elementos coesivos que ligam palavras, períodos, parágrafos.
É muito importante o autor do texto entender que está escrevendo para al-
guém ler e que as lacunas deixadas no texto não podem ser preenchidas pelo leitor, 
a distância. Isso prejudica o entendimento do texto, a não ser que o leitor tenha um 
conhecimento prévio do assunto ali tratado.
Im
ag
em
: I
nt
er
ne
t
Um texto bem escrito deve delimitar com clareza o seu assunto central. Quando 
escrevemos um texto, nossa preocupação deve estar voltada para a questão do tema 
e os seus desdobramentos. As informações devem estar articuladas, bem amarradas, 
com sequência lógica, unidade de sentido que estabelece uma relação entre seus 
componentes.
Trabalhar a estrutura do texto é buscar completar informações, separar ideias, 
organizar parágrafos, retomando ou avançando a partir dos elementos coesivos mais 
adequados. A revisão do texto produzido é uma possibilidade de retomar o que foi 
escrito, acrescentando ideias (onde?, o quê?, quando?) esclarecendo o não dito (pois 
não foi escrito), retirando as redundâncias (palavras ou ideias que se repetem), etc. 
É mais uma oportunidade para trabalhar com os elementos coesivos (conjunções, 
pronomes, advérbios, entre outras); rede coesiva (pronomes, palavras sinônimas); 
pontuação; concordância verbal e nominal; grafia das palavras; espaçamento entre 
as palavras; acentuação; letras maiúsculas e minúsculas; elementos de apresentação: 
título, data, assinatura, margem; paragrafação; legibilidade. A Legibilidade é muito 
importante em um texto.
O que é legibilidade?
12
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
A eficiente leitura de uma página impressa requer que o leitor converta, o 
mais rápido possível, símbolos tipográficos — caracteres — em conceitos. A legi-
bilidade é a facilidade em desempenhar esta descodificação.
A pesquisa empírica da legibilidade de letras e números, auxiliada por métodos 
científicos, conta cerca de 110 anos. Em 1888, Sanfords publicou um estudo sobre a 
legibilidade comparada de pequenas letras.
A legibilidade é uma grandeza empírica, traduzida em números. Existem, entretanto, 
vários testes para medir
• a velocidade de leitura,
• a compreensão (retenção de conteúdos),
• o movimento ocular
• e ainda outros parâmetros e critérios.
Logicamente, a legibilidade varia consoante a inteligência e a cultura das pes-
soas que desempenham os testes.
Abaixo, temos um teste bem comum de legibilidade, para verificar a qualidade 
do seu texto em relação à decodificação.
https://www.digai.com.br/2014/02/teste-de-legibilidade-descubra-se-
-seus-textos-sao-faceis-de-ler/
Parágrafo
O parágrafo bem elaborado também é item essencial na confecção de um texto 
eficaz. Vamos analisá-lo melhor.
Othon Garcia (2003, p. 263) define o parágrafo como “uma unidade de compo-
sição constituída por um ou mais de um período, em que se desenvolve determinada 
ideia central ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente relacio-
nadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela.”
O parágrafo pode ser estruturado de maneiras diversas, dependentes de va-
riáveis quanto ao assunto, posição, propósito, autor e até mesmo do leitor a que 
se destina. Contudo, o chamado parágrafopadrão é modelo consagrado de eficácia 
para todo escritor.
O parágrafo é identificado no texto pelo seu início afastado da margem do pa-
pel, o que facilita, tanto ao escritor como ao leitor, percebê-lo de forma isolada para 
que de modo analítico, capte as ideias principais do texto e posteriormente, sinteti-
zá-las, compreendendo então o texto num todo.
Assim, é o parágrafo de essencial importância na composição. Hoje, em dia, mo-
dernamente, na redação empresarial, usa-se o parágrafo do estilo bloco-compacto, o 
qual não é marcado pelo seu afastamento da margem, mas pelo espaçamento maior 
entre um parágrafo e outro, enquanto a formatação dele é justificada tanto da mar-
gem esquerda como direita.
Tal como a sua estrutura, a extensão de um parágrafo também é diversificada, e 
https://www.digai.com.br/2014/02/teste-de-legibilidade-descubra-se-seus-textos-sao-faceis-de-ler/
13
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
dependente das mesmas variáveis que a estrutura, contanto que pela sua pequenez 
ou grandeza de extensão, não deixe de transmitir integralmente a mensagem, nem 
torne confuso ou até mesmo impossível a compreensão.
Tópico Frasal
O tópico frasal é a introdução da unidade de composição, nos fornece o tema 
a ser desenvolvido. Ele pode assumir aspectos diferenciados, tais como: declaração 
inicial - quando primariamente se afirma ou nega algo, para na sequência justificar a 
sentença; definição - o tópico frasal assume um conceito do objeto, material ou ima-
terial, em questão; divisão - buscando objetividade e clareza, apresenta-se o tópico 
frasal sob a forma de divisão do objeto em foco.
Desenvolver o parágrafo é expor de forma pormenorizada a ideia principal des-
te. Tal desenvolvimento pode se dar por diversas maneiras: enumerando ou descre-
vendo detalhes, confrontando, comparando, definindo, citando exemplos, mostran-
do causa, motivo ou razão etc.
Dicas
• Defina bem o assunto, evitando a generalização.
• Formule o objetivo do parágrafo (tópico frasal).
• Esquematize o seu desenvolvimento.
• Desdobre em tópicos o seu desenvolvimento.
• Observe, no desenvolvimento, a coerência.
• Equilibre a extensão dos períodos, evitando trechos longos ou muito curtos.
• Escreva com naturalidade, simplicidade e objetividade.
• Conclua o seu parágrafo.
O Texto e a
Textualidade
02
15
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
O Texto e a Textualidade
Essa aula tem como Objetivos:
• Reconhecer as diferentes habilidades discursivas para uma comunicação 
eficaz e eficiente.
• Utilizar o pensamento ordenado e lógico, condição primordial para uma 
exposição clara, precisa e objetiva das ideias, assim como para entendi-
mento das ideias centrais e secundárias do texto.
• Preocupar-se com a organização das ideias para se fazer entender em uma 
sociedade de informação.
OBJETIVOS
E como competência:
• Ler, interpretar e produzir textos com clareza e coerência.
• Organizar, interpretar e sintetizar informações para tomada de decisões.
• Formular e articular argumentos consistentes em situações sociocomuni-
cativas, expressando-se com clareza, coerência e precisão.
COMPETÊNCIAS
Termos-chave
Organização das Ideias. Texto. Textualidade. Fatores Pragmáticos. 
Parágrafo. Argumentação.
ATENÇÃO
16
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
Im
ag
em
: F
re
ep
ik
O que é um texto?
Ler as letras de uma página é apenas um de seus muitos disfarces. O astrô-
nomo lendo um mapa de estrelas que não existem mais; o arquiteto japonês 
lendo a terra sobre qual será erguida uma casa, de modo a protegê-la das for-
ças malignas; o zoólogico lendo os rastros de animais na floresta; o jogador 
lendo os gestos do parceiro antes de jogar a carta vencedora; a dançarina len-
do as notações do coreógrafo e o público lendo os movimentos da dançarina 
no palco; o tecelão lendo o desenho intricado de um tapete sendo tecido; o 
organista lendo várias linhas musicais simultâneas orquestradas na página; os 
pais lendo no rosto do bebê os sinais de alegria, medo ou admiração; o advi-
nho chinês lendo as marcas antigas na carapaça de uma tartaruga; o amante 
lendo cegamente o corpo amado à noite, sob os lançóis; o psiquiatra ajudan-
do pacientes a ler seus sonhos perturbadores, o pescador havaiano lendo as 
correntes do oceano ao mergulhar a mão na água; o agricultor lendo o tempo 
no céu - todoseles compartilham com os leitores a arte de decifrar e traduzir 
signos.
Alberto Manguel. In: Uma história da leitura. São Paulo: Companhia das letras, 1997, p.19.
17
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
Afinal, o que é um texto? A palavra texto tem origem no latim textus e é deriva-
da do verbo tecere, que significa tecer, fazer tecido, trançar, construir entrelaçando. 
Como se vê, considerando a origem, o texto é sinônimo de tecido, logo podemos 
concluir que não é um amontoado de palavras e frases aleatórias. Ele é resultado de 
uma combinação programada de palavras e frases.
Trocando em miúdos, segundo estudos linguísticos, texto éuma unidade lin-
guística concreta, percebida pela audição (na fala) ou pela visão (na escrita/imagem), 
que tem unidade de sentido e intencionalidade comunicativa.
Sendo assim, para entender um texto basta compreender essa “combinação 
programada de palavras e frases”? Não, não é tão simples assim, são necessários 
outros elementos, principalmente se levarmos em conta que, além das palavras, ima-
gens, desenhos, símbolos, gestos, retas e curvas (no caso dos gráficos) e gravuras po-
dem constituir um texto. E ainda há outros aspectos que precisam ser considerados, 
como o contexto de produção, quem produziu, com qual objetivo e intenção, o co-
nhecimento de mundo, recursos linguísticos, estilísticos e pragmáticos, por exemplo.
O texto, portanto, não é algo extremamente simples, é algo a ser descoberto, 
compreendido, decodificado em todos os seus níveis. Precisamos, pois, descobrir os 
seus segredos.
Antes de qualquer coisa, um texto é uma unidade de linguagem de uso. Tem 
papel determinante em sua produção e recepção de uma série de fatores pragmáti-
cos, tais como: as intenções do produtor; o jogo de imagens mentais e o espaço de 
perceptibilidade visual e acústica comum, na comunicação face a face.
A segunda propriedade básica de um texto é o fato de ele constituir uma 
unidade semântica. Uma ocorrência linguística precisa ser percebida pelo receptor 
como um todo significativo, coerente.
Finalmente, o texto se caracteriza por sua unidade formal, material. Seus cons-
tituintes linguísticos devem se mostrar irreconhecivelmente integrados, de modo a 
permitir que ele seja percebido como um todo coeso.
Portanto, um texto será bem compreendido quando avaliado sob três aspectos:
• Pragmático, que tem a ver com seu funcionamento enquanto atuação informa-
cional e comunicativa.
• O semântico conceitual, de que depende de sua coerência.
• O formal, que diz respeito à sua coesão.
Segundo Francisco Platão Savioli e José Luiz Fiorin (2004, p. 175): “um texto 
é um todo organizado de sentido, delimitado por dois brancos e produzido por um 
sujeito num dado tempo e num determinado espaço”.
“O texto é um todo organizado de sentido”: o texto não é um amontoado de 
frases ou imagens. Ele é estruturado, organizado e pensado de forma a produzir um 
sentido, traduzir pensamentos e suscitar muitos outros nos interlocutores. Há um 
contexto interno: o sentido das palavras depende das relações delas dentro das ora-
ções; o sentido das orações depende de suas relações dentro do período, e assim 
sucessivamente. Tudo são relações, o significado da parte depende do todo.
“O texto é delimitado por dois brancos”: esses dois brancos referem-se ao antes 
18
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
e ao depois do contato com o texto. É o tempo de espera para o primeiro contato do 
interlocutor e o momento em que este termina seu contato com o texto.
“O texto é produzido por um sujeito, num dado tempo e num determinado es-
paço”: este sujeito está inserido em um determinado grupo social, num certo espaço 
e tempo, o que faz com que o texto dialogue com o contexto histórico e geográfico 
em que foi produzido, de diversas formas e refletindo diversas opiniões, mesmo que 
algumas opiniões se sobreponham a outras.
Assim, podemos concluir o seguinte: um texto pode ser uma produção verbal 
e/ou não verbal, em que há um diálogo dentro do próprio texto, com suas partes 
constituintes, e um diálogo do texto com o contexto em que foi produzido e com 
as concepções do seu autor e do seu interlocutor. Textos são diversas mensagens 
que podem assumir diversas formas e que, quando interpretamos, recebemos e pro-
duzimos sentidos a partir do que nos é apresentado.
Nas várias situações comunicativas do dia a dia, produzimos textos que se con-
cretizam através de gêneros textuais (textos com função social que variam de acor-
do com a situação, finalidade e suporte): conversas, cartas, telefonemas, bilhetes, 
e-mails, convites, avisos, lista de compras, agradecimentos, jogos, fofocas, recados, 
bate-papos virtuais, diários pessoais, formulários, contos, autobiografias, informes, 
advertências, relatos, instruções...
Os textos se apresentam nas mais variadas formas e podem ser:
• Verbal: palavra;
• Visual: imagem;
• Misto: palavra + imagem.
O poeta é um fingidor. Finge tão 
completamente que chega a fingir 
que é dor a dor que deveras sente.
- Fernando Pessoa -
Use com
moderação
Im
ag
em
: I
nt
er
ne
t
Im
ag
em
: I
nt
er
ne
t
19
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
Qualidades de um Texto
Além dos aspectos já apresentados, existem outros que também influenciam 
na compreensão e entendimento do texto, atribuindo-lhe qualidades e defeitos. Ve-
jamos quais são eles:
Segundo Ernani Terra, a gramática é um conjunto de regras que estabelecem 
um determinado uso da língua, denominado norma culta ou língua padrão. Acontece 
que as normas estabelecidas pela gramática normativa nem sempre são obedecidas 
pelo falante. Quando o falante se desvia do padrão para alcançar uma maior expres-
sividade, ocorrem as figuras de linguagem. Quando o desvio se dá pelo desconheci-
mento da norma culta, temos os chamados vícios de linguagem.
Vejamos as qualidades que são necessárias para a construção de um texto:
Correção: Um texto deve obedecer às regras gerais da língua, ressalvando-se sem-
pre algumas liberdades como consequência do estilo. Os desvios da norma culta que 
são comumente encontrados nas redações referem-se à ortografia, pontuação, con-
cordância e regência.
Clareza: Se o texto não obedecer às normas gerais da língua, torna-se pouco claro, 
difícil de ser compreendido. As palavras devem ser bem colocadas, as ideias devem 
obedecer a uma determinada lógica.
Elegância: É, o resultado final obtido quando se observam as qualidades e se evitam 
os defeitos. É o texto agradável de ser lido tanto pelo seu conteúdo como pela sua 
forma.
Concisão: Consiste em apresentar uma ideia em poucas palavras, sem, contudo, 
comprometer a clareza; deve ser entendida como sinônimo de precisão, exatidão, 
brevidade. O procedimento oposto é a prolixidade, que deve ser evitada. Ser prolixo 
é usar muitas palavras para dizer pouco ou nada.
Coerência: Encadeamento de ideias; qualidade de coerente; que possui nexo, lógica, 
ligação recíproca; resultado da harmonia entre as ideias existentes num texto. Coe-
rente, portanto, é o texto onde sobejam lógica, consequência, compreensão.
Coesão: Conexão, entrosamento das palavras entre si; união íntima entre as partes 
de um todo; conexão, concordância, consonância. Superfície física do texto, em opo-
sição ao plano, à esfera, à região das ideias, argumentos e conceitos.
Defeitos de um texto
Vejamos agora o que pode prejudicar um texto e o que devemos evitar.
Pleonasmo
Consiste na repetição desnecessária de um termo ou de uma ideia. Em alguns casos, 
20
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
no entanto, o pleonasmo tem a função de realçar uma ideia, torná-la mais expressiva; 
dessa forma, o pleonasmo deixa de ser um vício e passa a ser uma figura de lingua-
gem, um recurso estilístico. Portanto, torna-se necessário distinguir dois tipos de 
pleonasmo:
Pleonasmo vicioso: consiste na repetição desnecessária de uma ideia.
• Subir para cima, entrar para dentro,decisão unânime de todos, monopólio exclusivo
• A brisa matinal da manhã deixava-o satisfeito.
• Ele teve uma hemorragia de sangue.
• A brisa do vento é tão suave!
• Eu, na minha opinião, acho que...
• Não podemos mais continuar fingindo...
• O boêmio voltou novamente.
• Quando amanheceu o dia...
• Sem exceção, todos compareceram.
• Só alguns, nem todos aqui trabalhamos.
• Viva intensamente, pois só temos uma única vida!Vou repetir mais uma vez...
Pleonasmo de reforço ou estilístico: Camões, em Os Lusíadas (Canto V, estrofe 
18), faz uso de um pleonasmo célebre ao iniciar a descrição de uma tromba-d’água 
marítima:
Vi, claramente visto, o lume vivo / Que a marítima gente tem por santo.
Conforme podemos perceber, o pleonasmo tanto pode ser um vício como 
uma figura de linguagem; isto dependerá sobretudo da eficácia e originalidade da 
mensagem.
Ambiguidade ou Anfibologia
Ocorre quando a frase apresenta mais de um sentido, em consequência da má pon-
tuação ou da má colocação das palavras. Trata-se, portanto, de construir a frase de 
um modo tal que ela apresente mais de um sentido.
Exemplos:
• O guarda deteve o suspeito em sua casa. 
(na casa de quem: do guarda ou do suspeito?)
• O menino viu o incêndio do prédio. 
(o menino estava no prédio e viu um incêndio, ou viu um prédio que estava pe-
gando fogo?)
• O Ricardão está com sua namorada. 
(de quem é a namorada? dele ou sua?)
Arcaísmo
Consiste na utilização de palavras que já caíram em desuso.
21
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
Exemplos:
Vossa Mercê me permite um aparte? (em vez de você)
O boticário não me recomendou este remédio. (em vez de o farmacêutico)
Barbarismo
Consiste em grafar ou pronunciar uma palavra em desacordo com a norma culta.
Exemplos:
• pesquiza (em vez de pesquisa)
• prototipo (em vez de protótipo)
• rúbrica (em vez de rubrica)
• excessão (em vez de exceção)
São também considerados barbarismos os desvios semânticos (uso de uma palavra 
semelhante à que deveria ser empregada):
O iminente deputado presidiu a sessão. (em vez de eminente)
É preciso combater com rigor o tráfego de drogas. (em vez de tráfico)
Cacofonia ou Cacófato
Trata-se do som desagradável resultante da combinação de duas ou mais sílabas de 
diferentes palavras. Consiste, por conseguinte, no mau som produzido pela junção 
de palavras.
Exemplos:
• Caro deputado, nunca gaste dinheiro com bobagens.
• Meu coração por ti gela.
• Paguei cinco mil reais por cada.
• Você notou a boca dela?
• uma mão
• vou-me já
Outra vez citamos Camões, em um de seus sonetos mais famosos:
Alma minha gentil que te partiste / tão cedo desta vida descontente!
Eco
Trata-se da repetição de palavras terminadas pelo mesmo som. Essa repetição, des-
necessária, resulta num texto desagradável, com um ritmo batido e monótono.
Exemplos:
O aluno repetente mente alegremente.
22
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
A decisão da eleição causou comoção na multidão.
Cuidado com as terminações ão, ade e mente, por exemplo, para evitar frases como 
esta:
Contra sua vontade, e apenas por bondade, ele foi à cidade; na verdade...”
Laconismo
Característica oposta à prolixidade; ocorre quando a economia de palavras é tanta 
que a compreensão do texto se torna dificílima ou impossível.
Neologismo
É a criação desnecessária de palavras novas.
Exemplos:
Respondendo aos que o criticavam, aquele político disse que 
eram todos neobobos e fracassomaníacos.
Não é considerado vício de linguagem, nem desnecessário, quando a nova palavra é 
criada para designar algo igualmente novo, ou para obter efeito estilístico:
• Naquele estúdio, faziam a remasterização das gravações.
• Para diminuir custos, a empresa resolveu terceirizar os serviços.
• Para ilustrar seu trabalho, é preciso antes escanear estas imagens.
Segundo Mario Prata, se adolescente é aquele que está entre a infância e a ida-
de adulta, envelhescente é aquele que está entre a idade adulta e a velhice.
Obscuridade
Trata-se da falta de clareza, de transparência, nexo, lógica, simplicidade. É o defeito 
que se opõe à clareza. Dentre os vícios que acarretam obscuridade, podemos citar:
• Má pontuação;
• Rebuscamento da linguagem;
• Frases excessivamente longas (prolixas) ou 
exageradamente curtas (lacônicas);
• Emprego equivocado de pronomes relativos e conjunções;
• Erros de concordância e regência.
Prolixidade
Característica do texto muito longo, palavroso, enfadonho. Defeito de estilo que 
consiste em escrever muito para dizer quase nada.
Solecismo
Consiste em desviar-se da norma culta na construção sintática.
23
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
Exemplos:
• Fazem dois meses que ele não aparece. 
(em vez de faz; desvio na sintaxe de concordância)
• Não espere-me, porque eu não irei. 
(em vez de não me espere; desvio na sintaxe de colocação pronominal)
• Assisti o filme que você recomendou. 
(em vez de assisti ao filme; desvio na sintaxe de regência)
Fatores de Textualidade
A compreensão de um texto envolve muitos fatores: a intenção do autor, o ob-
jetivo do texto, o conhecimento de mundo do leitor, o nível e a quantidade de infor-
mações presentes no texto, enfim, deve-se considerar muitos elementos para que a 
leitura seja eficaz.
Um texto bem construído e, naturalmente, bem interpretado, vai apresentar 
aquilo que Val chama de textualidade, “conjunto de características que fazem com 
que uma sequência linguística seja um texto e não uma sucessão de frases que não 
compõem um todo significativo” (COSTA VAL, 1991, p. 5.).
Precisamos considerar também os seguintes aspectos:
• Papel social dos interlocutores;
• O conhecimento de mundo do interlocutor;
• A intenção do locutor (no caso, a de dissuadir o interlocutor);
• As circunstâncias históricas em que se processa a comunicação;
• A intenção do locutor.
Beaugrande e Dressler (1981) apontam sete aspectos que são responsáveis pela tex-
tualidade de um texto bem constituído:
Fatores Linguísticos
• Coesão
• Coerência
Fatores Pragmáticos (Extralinguísticos)
• Intencionalidade
• Aceitabilidade
• Informatividade
• Situacionabilidade
• Intertextualidade
A presença desses elementos em um texto é imprescindível, por isso é tão im-
portante conhecê-los, identificá-los e fazer uso deles para otimizar a leitura e a inter-
pretação e, claro, a nossa produção escrita.
Vamos a eles!
24
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
Circuito Fechado
Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, es-
puma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água 
fria, água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa, abotoadu-
ras, calça, meias, sapatos, telefone, agenda, copo com lápis, caneta, blocos de 
notas, espátula, pastas, caixa de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, 
papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, 
telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, te-
lefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anún-
cios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, 
cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. 
Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo. Xí-
cara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes, pasta, água. Mesa 
e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone 
interno, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, 
relógio, maço de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e 
pires, prato, bule, talheres, guardanapos. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa 
e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone 
interno, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, 
relógio, maço de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e 
pires, prato, bule, talheres,guardanapos. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa 
e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, externo, papéis, prova de anúncio, cane-
ta e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, ca-
neta e papel, telefone, papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e 
caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, 
copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. 
Xícaras, cigarro e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltro-
na.Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pija-
ma, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.
RAMOS, Ricardo. Os melhores contos. São Paulo: Global Editora 1998.
Esse texto descreve, por meio de substantivos, o dia de uma pessoa, da hora em 
que acorda até a hora que vai dormir. A maneira como as palavras foram organizadas 
e a relação estabelecida entre elas permite que identifiquemos isso.
No início do texto, o autor usa palavras que remetem às atividades que são exercidas 
logo que acordamos como levantar, escovar os dentes, tomar banho, por exemplo:
“Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, 
creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água 
quente, toalha”.
25
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
Podemos afirmar também que o personagem é um homem, pois muitos dos substan-
tivos usados referem-se ao universo masculino:
“[...] creme de barbear, pincel, espuma, gilete [...]Cueca, camisa, abotoaduras, calça, 
meias, sapatos [...]”.
No final do texto, temos uma referência ao retorno para casa:
“[...] Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, re-
vista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras, cigarro 
e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. 
Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos. 
Coberta, cama, travesseiro”.
Foi possível identificar todas essas informações graças à relação estabelecidas 
entre elas e também ao nosso conhecimento de mundo, afinal, vivenciamos essa si-
tuação retratada no texto com frequência.
Podemos afirmar que esse texto é coerente? E coeso?
Antes de responder a essa pergunta, vamos conhecer um pouco sobre esses 
fatores.
Fatores Pragmáticos Extralinguísticos
Além da coesão e da coerência, existem outros aspectos que influenciam diretamen-
te na produção e consequentemente na compreensão do texto.
Intencionalidade: Diz respeito às intenções do autor / locutor, que podem ser infor-
mar, impressionar, convencer, pedir, ofender, etc.
Fator pragmático: Redator/produtor/emissor.
Segundo Koch (2006), A intencionalidade refere-se aos diversos modos como 
os sujeitos usam textos para perseguir e realizar suas intenções comunicativas, mo-
bilizando, para tanto, os recursos adequados à concretização dos objetivos visados; 
em sentido restrito, refere-se à intenção do locutor de produzir uma manifestação 
linguística coesa e coerente, ainda que esta intenção nem sempre se realize integral-
mente (KOCH, 2006, p. 42).
• José Rainha, o líder do MST, recorre ao governo no caso do assenta-
mento dos sem-terra.
• José Rainha, o incentivador das invasões dos sem-terra, pressiona o 
governo para resolver o problema dos assentamentos.
26
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
Percebe-se, claramente, nos dois exemplos, que as intenções dos autores são 
diferentes. No texto 1, José Rainha é apresentado de maneira mais passiva, procu-
rando o apoio do governo. No 2, temos um José Rainha mais agressivo, bem diferen-
te do texto 1. As intenções de cada autor estão bem claras e isso fica perceptível pela 
maneira como articulam as palavras a as informações.
Im
ag
em
: I
nt
er
ne
t
E você, consegue identificar quais as intenções de cada um dos autores dos 
textos acima? No postal de Aruba, o que você acredita que Marco pretende com esse 
texto? Vamos tentar?
Aceitabilidade: Refere-se à expectativa do receptor (leitor) de que o conjunto de 
ocorrências seja um todo coerente, coeso, útil e relevante, capaz de levá-lo a adquirir 
conhecimentos ou a cooperar com os objetivos do produtor.
Fator pragmático: Receptor/recebedor/leitor (a quem? Para quem?).
Koch afirma que: A aceitabilidade é a contraparte da intencionalidade. Refere-
-se à concordância do parceiro em entrar no ‘jogo da situação comunicativa’ e agir de 
acordo com suas regras, fazendo o possível para levá-lo a um bom termo, visto que, 
como postula Grice (1975), a comunicação humana é regida pelo Princípio de Coope-
ração (KOCH, 2006, p. 43)
27
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
História sobre um possível diálogo entre Rui Barbosa, renomado jurista 
brasileiro, e um ladrão.
Diz a lenda que Rui Barbosa, ao chegar em casa, ouviu um barulho estranho 
vindo do seu quintal. Foi averiguar e constatou haver um ladrão tentando 
levar seus patos de criação. Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, sur-
preendendo-o ao tentar pular o muro com seus patos, disse-lhe:
– Oh, bucéfalo anácrono! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes 
palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da mi-
nha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes isso por 
necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopeia 
de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica, bem no 
alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à quinquagési-
ma potência que o vulgo denomina nada.
E o ladrão, confuso, diz:
– Dotô, resumino... eu levo ou dêxo os pato?
Im
ag
em
: I
nt
er
ne
t
Im
ag
em
: I
nt
er
ne
t
Nos exemplos apresentados, percebe-se, claramente, a dificuldade de com-
preensão dos leitores/receptores. E as razões são muitas. No diálogo atribuído a Rui 
Barbosa, o seu interlocutor não compreende o significado das palavras usadas pelo 
jurista. Na charge do carnaval, o interlocutor atribuiu outro sentido à palavra fanta-
sia, comprometendo a compreensão do texto; e na outra charge, as senhoras enten-
deram, no sentido literal, a orientação para ler o código de barras. Dependendo da 
contribuição do leitor, a compreensão do texto poderá ser comprometida.
Situacionalidade: Diz respeito aos elementos responsáveis pela pertinência e re-
levância do texto quanto ao contexto em que ocorre. É a adequação do texto à 
28
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
situação sociocomunicativa. Esse fator de textualidade está ligado às expectativas, 
às crenças e aos objetivos dos agentes envolvidos no processo de interlocução.
Fator pragmático: É a adequação do texto à situação sociocomunicativa. O contexto 
pode, realmente, definir o sentido do discurso e, normalmente, orienta tanto a pro-
dução quanto a recepção.
A situacionalidade, segundo Koch, pode ser considerada em duas direções: (a) da 
situação para o texto e (b) do texto para a situação.
(a) Considera os elementos que tornam um texto relevante para uma dada situação 
comunicativa (contexto imediato, entorno sóciopolítico-cultural).
(b) Considera a reconstrução do mundo pelo produtor de acordo com suas experiên-
cias, seus objetivos, propósitos, convicções, crenças etc. e leva em conta os pro-
pósitos, as perspectivas e as convicções do interlocutor. (KOCH, 2006, p. 45).
Na produção textual, os objetivos do produtor só serão atingidos se seu lei-
tor aceitar o texto. Assim, todos nós, ao escrevermos nossos textos, precisamos nos 
conscientizar de que um texto é escrito e lido em determinado contexto, em deter-
minada situação espacial, social e temporal.
Ao escrevermos um texto, devemos levar em conta:
• o contexto de produção; a situação social e espacial;
• o que pode ser dito? A quem? Onde? Quando? De que forma?
• o que não pode ser dito?
• quem é o interlocutor?
• quais informaçõesdevem ser colocadas no texto?
• quais devem ser omitidas?
• que tipo de linguagem utilizar(padrão, não padrão)?
O pai lia o jornal – notícias do mundo. O telefone tocou tirrimtirrim. A mo-
cinha, filha dele, dezoito, vinte, vinte e dois anos, sei lá, veio lá de dentro, 
atendeu:
– Alô. Dois quatro sete um dois cinco quatro. Mauro!!! Puxa, onde é que você 
andou? Há quanto tempo! Que coisa! Pensei que tinha morrido! Sumiu! Diz! 
Não!?! É mesmo? Que maravilha! Meus parabéns!!! Homem ou mulher? Ah! 
Que bom!... Vem logo. Não vou sair não. Desligou o telefone.
O pai perguntou: – Mauro teve um filho?
A mocinha respondeu: – Não. Casou.
Moral: Já não se entendem os diálogos como antigamente.
29
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
Nesse caso, compreende-se que, ouvindo a conversa da filha, pensou que Mau-
ro tinha tido um filho, mas, na verdade, tratava-se de com quem ele casou-se. Isso 
se deve ao contexto social atual, que permite essas situações, embora ainda sejam 
distantes para algumas pessoas.
Informatividade: Diz respeito às informações veiculadas através dos textos escritos 
ou visuais, como anúncios, artes plásticas, artigos, dentro outros tipos de textos, à 
medida na qual as ocorrências de um texto são esperadas ou não, conhecidas ou não, 
no plano conceitual e no formal.
Fator pragmático: Quantidade de informação suficiente para que seja compreendi-
do com o sentido que o redator pretende. Não é possível nem desejável que o texto 
explicite todas as informações necessárias; é preciso que deixe inequívocos os dados 
para o receptor compreender a mensagem.
A informatividade, segundo Koch, diz respeito, por um lado, à distribuição da 
informação no texto, e, por outro, ao grau de previsibilidade/redundância com que a 
informação nele contida é veiculada (KOCH, 2006, p. 41).
O grau de informatividade de um texto é medido de acordo com o conhecimen-
to de mundo das pessoas a que ele se destina. Ou seja, dizemos que um texto possui 
um alto grau de informatividade quando a compreensão mais ampla desse texto de-
pender do repertório cultural do leitor.
O nível de informatividade dos textos acima vai requerer certo conhecimento 
do leitor. A princípio, podemos pensar que a primeira charge tem como tema prin-
cipal a coleta seletiva ou reciclagem. Esse pensamento não está de todo errado, de 
fato, temos os tambores que remetem a isso e é muito comum lermos sobre a impor-
tância e a vantagem da coleta seletiva.
Porém, existem outros elementos que nos levam a seguir outro raciocínio: temos 
um tambor branco. O que ele significa? Seria para receber que tipo de lixo? A charge 
em questão faz uma crítica ao comportamento de certas mulheres que jogam seus be-
bês recém nascidos no lixo. Notícias dando conta do abandono de bebês tornaram-se 
tão frequentes que fizeram uma crítica a isso, por meio da charge, criando um tambor 
específico para esse tipo de “lixo”, pois é assim que esses bebês são tratados.
Na charge que aborda o aquecimento global, fará toda a diferença saber quem 
é o personagem no centro da charge. Ele é Antonio Conselheiro a quem á atribuída 
a profecia: “O sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão”. Sem essa informação, a 
compreensão do texto pode, fatalmente, ser comprometida.
O excesso ou a falta de informação, associados ao conhecimento de mundo do 
leitor, podem prejudicar a compreensão de um texto. O nível de informação ideal é o 
mediano, no qual se alternam ocorrências de processamento imediato, que falem do 
conhecido, mas que trazem informação. Discurso menos previsível – mais informa-
tivo (recepção mais trabalhosa, mais envolvente). Discurso mais previsível – menos 
informativo (tendência a rejeição).
Intertextualidade: relaciona-se aos aspectos que fazem a utilização de um texto de-
pendente do conhecimento de outro(s) texto(s).
30
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
Fator pragmático: A relação direta ou indireta com outros textos.
É muito comum, no nosso dia a dia, lermos um texto e lembrarmos de outro. 
Quando isso acontece, estamos diante de um dos fatores constitutivos da produ-
ção textual: a intertextualidade. Esse fator trata especificamente da relação que um 
texto mantém com outros textos de forma explícita, pressuposta ou subentendida. 
(XAVIER, 2001, p. 83). Sua compreensão e produção exigem o conhecimento prévio 
do leitor.
O sentido de alguns textos só é percebido, muitas vezes, quando relacionado 
a outros, que funcionam como seu contexto. A intertextualidade mostra a interde-
pendência dos textos entre si, tendo em vista que um texto só faz sentido quando é 
entendido em relação a outro texto (COSTA VAL, 2004).
A intertextualidade é um dos fatores presente na produção de diversos tipos 
de intertextos, tais como: citação, epígrafe, alusão, referência, paráfrase, paródia 
e pastiche entre outros. Vamos conhecer um pouco sobre cada um dos tipos de 
intertextualidade.
Alusão
É um tipo de intertexto que faz referência, de modo explícito ou implícito, a uma 
obra de arte, a um fato histórico ou a uma celebridade, para servir de termo de com-
paração e que apela à capacidade de associação de ideias do leitor que ativa seu 
conhecimento prévio, sem o qual o sentido não pode ser alcançado.
Esse computador, sem dúvida, é um “presente de grego”. A expressão pre-
sente de grego só faz sentido para quem conhece a história da Guerra de 
Troia.
Presente de grego significa presente ou oferta que traz prejuízo.
“A grande arte é como labor de joalheiro. Ou bem de estatuário: tudo quanto 
é belo, tudo quanto é vário, canta no martelo”. (Manuel Bandeira)
As expressões “labor de joalheiro”, “é belo”, “canta no martelo” aludem ao 
poema Profissão de fé de Olavo Bilac, com a finalidade de criticar os autores 
parnasianos.
Paráfrase
É um tipo de intertexto que reproduz livremente as ideias de um autor contidas em 
um texto de origem, redigida pelo produtor do texto, sem desvirtuar do pensamen-
to do autor citado. Portanto, parafrasear é simplesmente dizer o já dito em outras 
palavras. Esse tipo de intertexto está presente na maioria dos trabalhos acadêmicos, 
sinopses, e, principalmente, em textos literários.
31
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
Texto Original
Minha terra tem
palmeiras
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.
(Gonçalves Dias, “Canção
do Exílio”)
Mesmo tema = Saudosismo
Paráfrase
Meus olhos brasileiros se
fecham saudosos
Minha boca procura a
“Canção do Exílio”
Como era mesmo a
“Canção do Exílio”?
Eu tão esquecido de minha
terra...
Ai terra que tem
palmeiras
Onde canta o sabiá!
(Carlos Drummond de
Andrade, “Europa, França e
Bahia”)
Mesmo tema = Saudosismo
Paródia
Modernamente, Sant’Anna (2003 p. 12) define a paródia como um jogo intertextual, 
mantido por uma relação antagônica com o texto original. O redator desconstrói e 
desvirtua o pensamento do autor, sem, contudo, perder a identidade do texto fonte. 
Tem por objetivo satirizar, contestar ou ridicularizar fatos sócio históricos que ocor-
rem cotidianamente.
Texto Original
Minha terra tem
palmeiras
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.
(Gonçalves Dias, “Canção
do Exílio”)
Mesmo tema = Saudosismo
Paráfrase
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá.
(Oswald de Andrade,
“canto de regresso à
pátria”)
tema diferente = nacionalismo
Pastiche
É um tipo de intertexto que se realiza no plano formal da obra, isto é, segue um modelo, 
32
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
uma estrutura já consagrada para recriar um programa de TV, um quadro de humor, 
uma obra de arte, uma prosa, um poema de forma lúdica.
No trecho, Machado de Assis, em seu conto “O cônego ou a metafísica do 
estilo”, faz um pastiche bíblico:
-“Vem do Líbano, esposa minha, vem do Líbano, vem... As mandrágoras
deram o seu cheiro. Temos as nossas portas toda a casta de pombos...”
-“eu vos conjuro,filhas de Jerusalém, que se encontrardes com meu
amado, lhe façais saber que estou enferma de amor...”
A intertextualidade é um importante recurso de textualidade e é muito fre-
quente na nossa rotina. Para compreendê-la, independente da forma ou tipo, é pre-
ciso conhecimento prévio.
Outros fatores que contribuem para a compreensão de um texto:
• Focalização: É a maneira como cada leitor vê o texto. Ex.: Um médico, um advoga-
do, um engenheiro.... lendo um romance. (Cada um terá uma visão).
• Inferências: Ideia não exposta, mas subtendida. Conexões que o leitor faz (con-
texto), tentando alcançar uma interpretação do que lê ou ouve, estabelecendo 
uma relação não explícita no texto.
• Conhecimento de mundo: O texto fala sobre o quê?
• Conhecimento partilhado: Necessário para a compreensão do texto - emissor e 
receptor devem ter um conhecimento de mundo com certo grau de similaridade, 
constituindo o conhecimento compartilhado.
• Conhecimento linguístico: é o conhecimento da gramática em si e sua aplicação 
dentro do texto para que possa ser estabelecida a coerência. Ex.: Uso de artigos, 
ordem das palavras, conjunções, tempos verbais....
• Contextualização: Informações sobre localização, data e autor (texto).
A Argumentação
03
34
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
A Argumentação
Essa aula tem como Objetivos:
• Reconhecer as diferentes habilidades discursivas para uma comunicação 
eficaz e eficiente.
• Utilizar o pensamento ordenado e lógico, condição primordial para uma 
exposição clara, precisa e objetiva das ideias, assim como para entendi-
mento das ideias centrais e secundárias do texto.
• Preocupar-se com a organização das ideias para se fazer entender em uma 
sociedade de informação.
OBJETIVOS
E como competência:
• Ler, interpretar e produzir textos com clareza e coerência.
• Organizar, interpretar e sintetizar informações para tomada de decisões.
• Formular e articular argumentos consistentes em situações sociocomuni-
cativas, expressando-se com clareza, coerência e precisão.
COMPETÊNCIAS
Termos-chave
Organização das Ideias. Texto. Textualidade. Fatores Pragmáticos. 
Parágrafo. Argumentação.
ATENÇÃO
35
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
Im
ag
em
: F
re
ep
ik
As pessoas geralmente brigam 
porque não conseguem 
argumentar.
- G. K. Chesterton -
Im
ag
em
: I
nt
er
ne
t
Citelli (2004) diz que, em qualquer texto, busca-se o convencimento, objetivam-
-se os efeitos pragmáticos da linguagem. Isto é, ressalta-se a capacidade que as pala-
vras têm de influenciar as pessoas e suas atitudes.
Quem argumenta bem convence mais. Tanto que várias vezes dizemos que al-
guém não nos convenceu com suas histórias porque não tinha bons argumentos.
Estudos sobre argumentação não são recentes. Desde a Grécia Antiga já exis-
tia a preocupação com o domínio da argumentação, pois os gregos participavam de 
regime democrático em que suas ideias teriam que ser expostas publicamente para 
serem aceitas ou não.
Em algumas profissões essa capacidade de argumentar é a chave para o suces-
so. A advocacia é um caso clássico. Um bom advogado deve ser capaz de convencer 
juiz e promotor de que seu ponto de vista sobre determinada matéria é o correto. 
Assim, também, os vendedores. Se um vendedor não souber convencer o comprador, 
é melhor mudar de profissão!
36
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
Fo
nt
e:
 Q
ui
no
 (2
00
3,
 p
. 1
27
, t
ir
a 
2)
.
E qual é a importância dos argumentos para qualquer tipo de profissional? O 
objetivo de um profissional, muitas vezes, não é apenas informativo: não se trata 
apenas de transmitir informação. Por vezes, o objetivo é influenciar uma decisão ou 
uma opinião. Acontece que só há duas maneiras de influenciar uma decisão ou uma 
opinião: através da persuasão ilícita ou através da argumentação. Na persuasão ilíci-
ta procura-se enganar o destinatário através de todos os recursos possíveis.
Persuadir
Fazer com que alguém acredite; começar a acreditar; expressar aceitação 
acerca de (alguma coisa); convencer-se; sua inteligência persuade a maioria 
(...)
Fazer com que alguém se convença sobre a necessidade de (alguma coisa); 
induzir; o professor persuadiu os alunos (em relação à viagem).
Dicio.com.br
A palavra persuadir vem do latin persuadere que significa aconselhar e é si-
nônimo de submeter, tendo assim, segundo Citelli (2004), uma vertente autoritária, 
ou seja, quem aconselha quer levar o outro a aceitação de uma ideia, e podemos 
acrescentar ainda que, para aconselhar, normalmente, é preciso ter maior poder do 
que o aconselhado. Quem usa a persuasão age por meio da linguagem pretendendo 
produzir efeitos de sentido, respostas, estabelecendo mecanismos argumentativos 
capazes de causar esses efeitos. Esses mecanismos podem variar conforme o público 
ou o receptor do enunciado.
Im
ag
em
: I
nt
er
ne
t
37
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
Othon M. Garcia (2003, p. 380) define assim a argumentação: “Convencer ou 
tentar convencer mediante a apresentação de razões em face da evidência das pro-
vas e à luz de um raciocínio coerente e consistente”.
Para Garcia (2003), o ato de argumen-
tar está intimamente relacionado à consis-
tência dos fatos. Sendo assim ele estabelece 
condições para que haja argumentação nos 
textos orais ou escritos, tendo a mesma que 
se basear na lógica e não no que ele chama 
de “juízos de simples inspeção” que são os 
preconceitos, superstições ou generaliza-
ções apressadas. Além disso, o xingamento, 
a ironia, o sarcasmo, por mais brilhante que 
pareçam e por mais que consigam desequili-
brar o oponente, já mais devem ser conside-
rados como elementos argumentativos, pois 
fogem à consistência dos fatos, tendendo simplesmente a um comportamento fala-
cioso, comprovando nada menos que a falta de argumentos.
Garcia (2003) diz que para que os argumentos sejam claros, necessitam de evi-
dência, uma vez considerada por Descartes como o critério da verdade, ou “certeza 
manifesta que se chega pelo raciocínio ou pela apresentação de fatos”. Essas evi-
dências se manifestam num texto argumentativo através de fatos, exemplos, ilus-
trações, dados estatísticos e testemunhos, os quais para o autor são de fundamental 
importância para dar credibilidade a um discurso que se diz argumentativo, elevando 
a consistência do texto.
Além das evidências o texto argumentativo é também composto de uma es-
trutura que o identifica como tal. Essa estrutura nos é colocada por Garcia (2003) 
sob dois aspectos: o da argumentação informal e o da argumentação formal, ambas 
compostas por quatro estágios.
Os estágios da argumentação informal que compõem a estrutura do texto são: 
a proposição, a concordância parcial, a contestação, e a conclusão. Já na argumenta-
ção formal, temos: a proposição, a análise da proposição, a formulação dos argumen-
tos e a conclusão. Assim, entendemos que o que difere a argumentação formal da 
informal são, principalmente, os estágios da concordância parcial e análise da propo-
sição. Enquanto esta aparece num texto de argumentação formal conceituando ele-
mentos da proposição, aquela aparece na argumentação informal apresentando “os 
dois lados da moeda” em relação à proposição, opondo-se à argumentação formal 
na qual a tese deve ser bem definida e inconfundível quanto ao que nega ou afirma.
Im
ag
em
: I
nt
er
ne
t
Segundo Murcho (2007), os argumentos são importantes porque é com base 
neles que tomamos decisões — desde as decisões pessoais até às decisões 
profissionais. Uma empresa tem de tomar decisões constantemente. Essas 
decisões apoiam-se em razões, ou informações, ou dados. Com base nos nos-
38
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
sos objetivos e nos dados disponíveis tomamos uma decisão. Mas os dados 
disponíveis não se organizam sozinhos. Os dados e as informações só podem 
ser a base para a tomada de decisões se estiverem organizados;caso con-
trário, não passam de um amontoado de dados e informações sem qualquer 
valor para a tomada de decisões, como um monte de sinais de trânsito dispos-
tos sem nenhuma organização especial.
Argumentar é organizar dados e informações de forma a mostrar qual a melhor 
decisão a tomar.
Mas o que é exatamente um argumento? Um argumento é certa quantidade 
de informação ou dados organizados de forma a sustentarem uma certa decisão, 
opinião ou teoria. Chamam-se “premissas” a essa informação ou dados; e chama-se 
“conclusão” à decisão, opinião ou teoria que queremos defender.
Por exemplo, podemos desejar fazer uma proposta para vender certo ser-
viço a uma empresa. Temos de conseguir convencer os quadros dessa em-
presa de que vale a pena contratar os nossos serviços. Para isso temos de 
organizar um conjunto de informações relativas à nossa empresa, relativas 
à empresa cliente e relativas aos ganhos e custos do serviço que queremos 
vender. Organizar toda essa informação para que a conclusão legítima seja 
a contratação dos nossos serviços é argumentar a favor da contratação dos 
nossos serviços. Nunca nos devemos esquecer, claro, que podemos estar (e 
muitas vezes estamos) na posição inversa, isto é, a avaliar as propostas de 
várias empresas que pretendem vender-nos um certo serviço. Se não do-
minarmos a argumentação não saberemos escolher a melhor proposta; se 
não dominarmos a argumentação não saberemos submeter boas propostas. 
(MURCHO, 2007).
E isso é pensar criticamente. Pensar criticamente é decidir racionalmente no 
que acreditar ou não acreditar. É usar nosso pensamento racional e ponderado para 
obtermos melhores resultados nas atividades que desenvolvemos no mundo. É sa-
ber julgar proposições, argumentos e opiniões e, através de investigação ativa, obter 
justificações para nossas decisões e crenças. O pensamento crítico também é uma 
das principais formas de obtenção de conhecimento.
Mas há outra razão para desenvolvermos o pensamento crítico: ele serve para 
evitar que sejamos manipulados. Os argumentadores persuasivos, aqueles que 
encaram a argumentação como uma estratégia para o convencimento, têm fortes 
habilidades de condução do raciocínio dos outros, frequentemente não importando 
muito se em direção da verdade ou não. O pensador crítico evita ser manipulado. Ele 
demanda suporte adequado às alegações e sabe identificar quando um argumento 
é falacioso ou tendencioso.
39
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
As falácias são erros de raciocí-
nio comuns porque são argumentos 
incorretos que parecem corretos. Se 
estivermos familiarizados com as fa-
lácias, não nos deixaremos enganar 
quando alguém nos tenta convencer 
com uma; e se formos honestos, não 
as usaremos.
É altamente improvável que se 
consiga defender bem uma proposta 
se não se tiver pensado cuidadosamente nas razões que as sustentam. E nunca de-
vemos imaginar que pensamos cuidadosamente numa proposta se não tivemos em 
conta os argumentos contra a nossa proposta. Para defender bem uma certa propos-
ta é preciso compreender bem as propostas contrárias. Temos de fazê-lo cuidadosa-
mente. Temos de nos colocar na posição de alguém que não quer concordar com a 
nossa proposta: Que argumentos essa pessoa pode apresentar?
Observe o que diz Othon Garcia sobre a validade das declarações:
Declarações, apreciações, julgamentos, pronunciamentos expres-
sam opinião pessoal, indicam aprovação ou desaprovação. Mas sua 
validade deve ser demonstrada ou provada. Ora, só os fatos pro-
vam; sem eles, que constituem a essência dos argumentos convin-
centes, toda declaração é gratuita, porque infundada, e, por isso, 
facilmente contestável. (GARCIA, 2003, p. 302).
Tipos de argumento
Há diferentes tipos de argumentos e a escolha certa consolida o texto:
Argumentação por citação
Sempre que queremos defender uma ideia, procuramos pessoas ‘consagradas’, que 
pensam como nós acerca do tema em evidência. Apresentamos no corpo de nos-
so texto a menção de uma informação extraída de outra fonte. A citação pode ser 
apresentada assim: Assim parece ser porque, para Piaget, “toda moral consiste num 
sistema de regras e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito 
que o indivíduo adquire por essas regras” (Piaget, 1994, p.11). A essência da moral é 
o respeito às regras. A capacidade intelectual de compreender que a regra expressa 
uma racionalidade em si mesma equilibrada. O trecho citado deve estar de acordo 
com as ideias do texto, assim, tal estratégia poderá funcionar bem.
Argumentação por comprovação
A sustentação da argumentação se dará a partir das informações apresentadas (da-
dos, estatísticas, percentuais) que a acompanham. Esse recurso é explorado quando 
o objetivo é contestar um ponto de vista equivocado. Veja:
O ministro da Educação, Cristovam Buarque, lança hoje o Mapa da 
Exclusão Educacional. O estudo do Inep, feito a partir de dados do 
Im
ag
em
: I
nt
er
ne
t
40
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
IBGE e do Censo Educacional do Ministério da Educação, mostra 
o número de crianças de sete a catorze anos que estão fora das 
escolas em cada estado.
Segundo o mapa, no Brasil, 1,4 milhão de crianças, ou 5,5 % da po-
pulação nessa faixa etária (sete a catorze anos), para a qual o ensi-
no é obrigatório, não frequentam as salas de aula. O pior índice é 
do Amazonas: 16,8% das crianças do estado, ou 92,8 mil, estão fora 
da escola. O melhor, o Distrito Federal, com apenas 2,3% (7 200) 
de crianças excluídas, seguido por Rio Grande do Sul, com 2,7% (39 
mil) e São Paulo, com 3,2% (168,7 mil).
(Mônica Bergamo. Folha de S. Paulo, 3.12.2003).
Nesse tipo de citação o autor precisa de dados que demonstrem sua tese.
Argumentação por raciocínio lógico
A criação de relações de causa e efeito é um recurso utilizado para demonstrar que 
uma conclusão (afirmada no texto) é necessária, e não fruto de uma interpretação 
pessoal que pode ser contestada. Veja: “O fumo é o mais grave problema de saúde 
pública no Brasil. Assim como não admitimos que os comerciantes de maconha, crack 
ou heroína façam propaganda para os nossos filhos na TV, todas as formas de publi-
cidade do cigarro deveriam ser proibidas terminantemente. Para os desobedientes, 
cadeia.”.
Dicas
1. Para uma boa argumentação, em primeiro lugar, é preciso definir um tema 
sobre o qual se vai tentar convencer alguém. Muitas pessoas caem no erro 
de querer que outra pessoa assimile e acredite em muitas ideias ao mes-
mo tempo.
Acabam não convencendo de nada. Assim, é interessante buscar um só 
assunto em determinado momento.
2. Não se esqueça de também de definir o assunto do qual você está tra-
tando, quando ele não estiver explícito. Defina o que você quer, o objeto 
de trabalho. Escolha algo de cada vez para persuadir, para que haja uma 
unidade.
3. Se a matéria é complexa, divida-a. Imaginemos o caso da pena de morte. Se 
formos justificá-la como uma reparação ao sofrimento causado à mãe da 
menina que foi estuprada e morta, por exemplo, devemos ter em mente 
que há outro lado a ser tratado, que é o do sofrimento a se causar na mãe 
do acusado. Dividindo-se o assunto, falandose primeiro sobre um ponto e 
depois sobre o outro, de forma clara e concisa, evitaremos um atropelo de 
argumentos que seriam de extrema importância no convencimento final.
41
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
4. Mais importante do que isso, é a utilização do argumento de autorida-
de, que consiste em apoiar sua tese, sua argumentação, com palavras e 
opiniões de outras pessoas que tenham gabarito e autoridade para falar 
daquele assunto. Apenas um cuidado: escolha muito bem a pessoa a cujas 
palavras você vai se referir. De nada adianta defender a liberação do con-
sumo de drogas, apoiando-se em argumentos de um traficante. Não vai 
haver autoridade!
5. A estruturação de um pensamento racional também é de grande valia. 
Argumentos apoiados na razão e na lógica tendem a penetrarmais facil-
mente na cabeça da outra pessoa, de forma clara, fazendo com que ela 
compreenda melhor suas palavras e aceite o que você propõe.
6. Expor as causas e os efeitos também pode ser uma boa ferramenta.
7. Ser capaz de responder às dúvidas de quem se está convencendo também 
é muito importante. Quanto mais não nos restam dúvidas, mais forte fica 
o nosso convencimento. Se eu tenho dúvidas de se a pena de morte redu-
ziria ou não a criminalidade, e alguém me mostrar que reduziria, ficaria 
mais fácil de eu ser convencido a apoiar a pena de morte. Não se esqueça 
de também de refutar os argumentos contrários, antes mesmo de eles 
surgirem.
8. E não esqueça: Você pode falar um monte de mentiras falando só a verda-
de. Cuidado com seus argumentos!
Comercial Antigo 1987 
- Folha de São Paulo 
Hitler - Brasil
Canal: Marcelo Fradim
Tempo: 01 min
>>> CLIQUE NESSA IMAGEM E ASSISTA AO VÍDEO <<<
https://www.youtube.com/watch?v=pY4FCKlQISA
https://www.youtube.com/watch?v=pY4FCKlQISA
42
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
ANTUNES, I. Muito além da Gramática: por um ensino de línguas sem pedras 
no caminho. São Paulo: Parábola, 2007.
______. Aula de português. ANTUNES, Irandé Costa. Lutar com Palavras - 
coesão ecoerência. São Paulo: Parábola Editorial, 2005.
______. Língua texto e ensino - outra escola possível. São Paulo: Parábola 
Editorial, 2009.
COSTA VAL, M. G. Redação e textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
FIORIN, José Luiz; PLATÃO; Francisco Savioli. “A noção de texto”. In: Anglo: 
ensino médio: livro-texto. São Paulo: Anglo, 2004. p.175-177.
FIORIN, J. L. e PLATÃO, F. Para entender o texto: leitura e redação. São Pau-
lo: Ática, 2008.
______. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 2006.
INFANTE, Ulisses. Do texto ao texto. Scipione, São Paulo: 1991.
KOCH, I. V.; ELIAS, V. M. Ler e compreender os sentidos do texto. São Paulo:
Contexto, 2006.
KOCH, I. G. V.,BENTES, A. C., CAVALCANTE, M. M. Intertextualidade – Diálo-
gos Possíveis. São Paulo: Cortez, 2007.
KOCH, I. V. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2003.
KOCH, I. V. e TRAVAGLIA, L. C. A coerência textual. São Paulo: Contexto, 1990.
OLIVEIRA, Luciano Amaral. Coisas que todo professor de português preci-
sa saber - a teoria na prática. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.
ORLANDI, E. P e LAGAZZI-RODRIGUES, S. (Orgs). Discurso e textualidade. 
Campinas, SP: Pontes, 2006.
TERRA, Ernani. Minigramática (supervisão de José de Nicola). São Paulo: Edi-
tora Scipione, 2002.
REFERÊNCIAS
Chegamos ao fim dessa unidade da Disciplina Leitura e Produção Textual. Não se 
esqueça de ir ao Moodle para praticar o que aprendemos aqui. Vamos agora para 
a última unidade dessa disciplina! Até mais!
43
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
ANOTAÇÕES
44
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
ANOTAÇÕES
45
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
ANOTAÇÕES
46
unifametro.edu.br - Leitura e Produção Textual - Unidade III
ANOTAÇÕES
/unifametro @unifametro unifametro.edu.br
https://www.facebook.com/unifametro
https://www.instagram.com/unifametro/
http://www.unifametro.edu.br/

Continue navegando