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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER ESCOLA SUPERIOR POLITÉCNICA BACHARELADO EM ENGENHARIA ELÉTRICA DISCIPLINA DE ELETRÔNICA DE POTÊNCIA ESTUDO PRÁTICO E DE MODELAGEM DE CIRCUITOS ELÉTRICOS CONTENDO TIRISTORES - DIAC E TRIAC RENATO ROQUE PAIXÃO PROFa Me ELIANE SILVA CUSTÓDIO VITÓRIA - ES 2021 Sumário Resumo Lista de Figuras ii Lista de Tabelas iii 1 Introdução 1 1.1 Fundamentação Teórica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 1.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 1.2.1 Objetivo Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 1.2.2 Objetivo Espećıfico . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 2 Metodologia 14 2.1 Desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 3 Procedimentos Experimentais 20 3.1 Prática Aplicada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 4 Conclusão 31 5 Agradecimentos 32 Referências 33 i Resumo Este trabalho descreve a modelagem de circuitos elétricos contendo Tiristores - DIAC e TRIAC. Para tais modelagens, serão utilizados ferramentas de simulação para com- provação de resultados teóricos e softwares de prototipagem para construção de um mo- delos reais e obtenção dos seus gráficos de sáıda. Os resultados obtidos na prática serão comparados com os teóricos, afim de se obter a confirmação do correto funcionamento do sistema e consolidar o conhecimento sobre o assunto. Palavras Chaves:Tiristores, DIAC e TRIAC. Abstract This paper describes the modeling of electrical circuits containing Thyristors - DIAC and TRIAC. For such modeling, simulation tools will be used to prove the theoretical results, and prototyping software will be used to build real models and obtain their output graphs. The results obtained in practice will be compared with the theoretical ones, in order to obtain confirmation of the correct operation of the system and consolidate knowledge on the subject. Keywords:Thyristors, DIACs and TRIACs. ii Lista de Figuras 1 SCR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 2 Simbolo do DIAC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 3 TRIAC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 4 Curva de um TRIAC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 5 Quatro quadrantes de operação de um TRIAC . . . . . . . 18 6 Circuito de controle de onda completa com TRIAC . . . . 18 7 Forma de onda de tensão VR sobre a carga . . . . . . . . . 20 8 Controle de tensão em carga resistiva . . . . . . . . . . . . 20 9 Ângulo de disparo de 2◦ no Scilab . . . . . . . . . . . . . . 21 10 Ângulo de disparo de 15◦ no Scilab . . . . . . . . . . . . . 22 11 Ângulo de disparo de 30◦ no Scilab . . . . . . . . . . . . . 22 12 Ângulo de disparo de 60◦ no Scilab . . . . . . . . . . . . . 23 13 Ângulo de disparo de 90◦ no Scilab . . . . . . . . . . . . . 23 14 TRIAC MultiSim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 15 Disparo do TRIAC com ângulo de 2◦ . . . . . . . . . . . . 25 16 Disparo do TRIAC com ângulo de 15◦ . . . . . . . . . . . 26 17 Disparo do TRIAC com ângulo de 30◦ . . . . . . . . . . . 26 18 Disparo do TRIAC com ângulo de 60◦ . . . . . . . . . . . 26 19 Disparo do TRIAC com ângulo de 90◦ . . . . . . . . . . . 27 20 Dimmer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 21 Medida da tensão sobre a carga . . . . . . . . . . . . . . . 28 22 Dimmer no MultiSim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 23 Dimmer em funcionamento no MultiSim . . . . . . . . . . 29 24 Disparo do TRIAC com ângulo de 120◦ . . . . . . . . . . . 29 25 Disparo do TRIAC com ângulo de 140◦ . . . . . . . . . . . 30 26 Disparo do TRIAC com ângulo de 160◦ . . . . . . . . . . . 30 iii Lista de Tabelas 1 Valores de Rx para disparos de diferentes ângulos . . . . . 24 1 1 Introdução Uma breve história da eletricidade industrial e da eletrônica de potência A eletricidade José Antenor Pomilio 23 de julho de 2012 A eletricidade, como tema de investigação cient́ıfica remonta ao século XVIII. A produção de eletricidade, ao longo de quase todo o século XIX provinha essencialmente de reações eletroqúımicas, fontes de Corrente Cont́ınua (CC), graças às descobertas de Alessandro Volta que em 1800 criou a primeira bateria pelo empilhamento de camadas al- ternadas de zinco, papelão embebido em salmoura, e prata. Este arranjo não foi o primeiro dispositivo para criar eletricidade, mas foi o primeiro a emitir uma corrente constante e duradoura. As pesquisas durante a primeira metade do século XIX resultaram nas descobertas das leis fundamentais do eletromagnetismo. Os prinćıpios básicos da indução eletromagnética foram descobertos no ińıcio de 1800 por Oersted, Gauss e Faraday. Em 1820, Hans Christian Oersted e André Marie Ampère tinham descoberto que uma corrente elétrica produz um campo magnético. As descobertas de Michael Faraday e Joseph Henry, de forma autônoma, em 1831, fazendo a vinculação dos fenômenos elétricos aos magnéticos abriu as portas para outras formas de produção de energia elétrica, em maior quantidade e, portanto, à aplicação 2 produtiva da eletricidade. Poucos anos depois, conhecida a propriedade de campos eletromagnéticos interagi- rem entre si, produzindo ação mecânica, começaram os desenvolvimentos dos motores elétricos1 . Muitos pesquisadores estiveram envolvidos nessa atividade, de modo que é dif́ıcil identificar de maneira adequada a invenção do primeiro motor CC, até porque isso depende de como se possa definir o que venha a ser um ”motor”. O desenvolvimento dos motores CC começa com Faraday, passando por Henry que, em 1831 publicou artigo descrevendo um dispositivo que se movia, baseado na alternância de alimentação de bobinas colocadas na parte móvel do aparato. Em 1832, William Sturgeon realiza o primeiro dispositivo motor com comutador. 3 Prinćıpio de operação do motor de Sturgeon. Seguiram-se os trabalhos realizados por Emily e Thomas Davenport, produzindo uma patente em 18375 , levando ao aperfeiçoamento do motor CC com comutador. Não havia, no entanto, suprimento de energia adequado para estes dispositivos. Em 1873, Zenobe Gramme inventa o d́ınamo (gerador CC). Ao conectar duas destas máquinas em paralelo, sendo que apenas uma era acionada mecanicamente, observou que uma delas passara a rodar e desenvolver torque em seu eixo, ou seja, atuava como motor. Assim, usando uma mesma estrutura construtiva de máquina elétrica, criou uma versão próxima ao atual motor CC. Tinha-se, assim a possibilidade de gerar eletricidade em quantidades adequadas para seu uso industrial. Durante a década de 80 do século XIX, impulsionado pelos trabalhos e investimentos 4 de Thomas Edison, amplia-se a produção e o aproveitamento da eletricidade em sua forma CC. Em 1888, Nikola Tesla inventa o motor de indução. Energia em corrente alternada (CA) pode ser produzida pelo próprio d́ınamo, eliminando-se o estágio retificador rea- lizado pelo comutador. As vantagens do uso de CA para transmissão e distribuição de energia elétrica fizeram desta tecnologia a responsável pela formidável expansão da ele- trificação a partir do final do século XIX. 5 O funcionamento dos motores CA em velocidade constante, no entanto, impediam seu uso em aplicações que exigiam alteração na velocidade, como em véıculos (trens, bondes, etc.) ou alguns processos industriais, como laminadoras. Nestas aplicações, o motor CC mantinha seu predomı́nio, exigindo o fornecimento de energia em corrente cont́ınua, em potências relativamente elevadas. 6 O ińıcio da eletrônica No ińıcio do século XX, a partir de experimentos realizados por Edison, que introduziu um eletrodo com potencial positivo em sua lâmpada de filamento para evitar que houvesse deposição de material no bulbo, Ambrose Fleming 11 identificou a capacidade deste dis- positivoatuar como retificador, ou seja, converter uma alimentação CA em CC. Uma vez que a produção de eletricidade se faz em CA, essa invenção possibilitou o processamento da energia elétrica de forma a se adequar às cargas CC. Foram também desenvolvidos outros dispositivos retificadores, como as válvulas a arco de mercúrio 12, mais adequadas a aplicações de potência elevada, devido à maior capa- cidade de condução de corrente devido ao plasma criado pelo arco. Seu uso permitiu substituir os grupos motores geradores para produção de corrente cont́ınua necessária aos sistemas de tração. Nos anos 20 do século passado surgiu a Thyratron 13, que não é um dispositivo à vácuo, uma vez que seu interior é ocupado por algum gás, responsável por ampliar a quantidade de ı́ons e, em consequência, a capacidade de condução de corrente. Seu com- portamento é o de um interruptor que é acionado por um terminal de disparo. 7 Com este dispositivo foi posśıvel aprimorar os processos alimentados em CC pois se tornou viável o ajuste do valor da tensão e/ou corrente por meio de uma retificação con- trolada. 8 Da eletrônica de estado sólido à Eletrônica de Potência Em 194716, John Bardeen e Walter Brattain, que trabalhavam na Bell Telephone La- boratories, estudavam o comportamento de elétrons na interface entre um metal e um semicondutor. Ao fazer dois contatos muito próximos um do outro, criaram um disposi- tivo de três terminais com capacidade de amplificação. Bardeen e Brattain receberam o Prêmio Nobel de F́ısica de 1956, juntamente com Wil- liam Shockley, ”por suas pesquisas em semicondutores e descoberta do efeito transistor”. Shockley tinha desenvolvido um transistor de junção, que foi constrúıdo em camadas finas de diferentes tipos de material semicondutor. Esta invenção resultou um enorme esforço de pesquisa em dispositivos eletrônicos de estado sólido. Ao longo dos anos 50 17 os trabalhos se concentraram na substituição do Germânio pelo Siĺıcio como elemento sobre o qual se construir os dispositivos semicondutores. As propriedades do Siĺıcio são muito superiores às do Germânio (no que tange à realização de tais dispositivos), permitindo obter maior capacidade de bloqueio de tensão e de condução de corrente. 9 Os primeiros transistores tinham como principal aplicação a amplificação de sinais. Embora muito mais eficientes do ponto de vista energético em comparação com as válvulas, a aplicação em potências elevadas não era posśıvel. O alto rendimento exigido no processamento da energia elétrica faz com que os disposi- tivos atuem como interruptor quando, idealmente, não dissipam potência pois apresentam ou tensão nula (quando conduzem) ou corrente nula (quando abertos). A transição de um estado a outro, idealmente, deve ser instantânea. O primeiro dispositivo de estado sólido, que marca o nascimento do campo tecnológico a que denominamos Eletrônica de Potência é o SCR (Retificador Controlado de Siĺıcio), denominação dada pela General Electric, em 1958 [2,3]. Tratavase de um dispositivo que tem o mesmo comportamento biestável da thyratron. Por tal razão, a denominação que se estabeleceu para este dispositivo componente foi Tiristor. 10 O domı́nio sobre os processos de purificação do siĺıcio, aliado ao aprofundamento dos conhecimentos sobre os fenômenos da f́ısica do estado sólido e dos processos microe- letrônicos permitiu, ao longo dos anos 60 e 70 o aumento na capacidade de controle de potência dos tiristores, atingindo valores na faixa de MVA. Não houve, nesta fase, novas aplicações, mas principalmente a substituição de outros dispositivos pelos tiristores, com ganhos de rendimento e de desempenho, principalmente como retificador (conversor CA-CC) no acionamento de motores CC. Em sistemas com alimentação CC, como em trens e trólebus, o uso dos tiristores enfrentou dificuldades, dada a incapacidade deste dispositivo ser desligado por ação do terminal de comando (gate). Foram desenvolvidas estratégias para possibilitar tal tipo de aplicação. São do ińıcio dos anos 60 os circuitos de comutação idealizados por William McMurray [4] que permitiam o uso do tiristor em CC, bem como a obtenção de uma sáıda CA a partir da entrada CC. Tais inversores permitiriam a substituição de motores CA por motores de indução em aplicações de velocidade variável. A complexidade desses circuitos inversores e os problemas de confiabilidade restringiram fortemente as aplicações destes circuitos. A primeira aplicação ferroviária de conversores eletrônicos de potência aconteceu no Japão em 1969, com o controle do enrolamento de campo (por meio de conversor CC-CC) 11 dos motores CC de tração. No Brasil, a modernização dos transportes aconteceu a partir dos sistemas metroviários no final dos anos 70, ainda baseados em motores CC e conver- sores CC-CC. A primeira aplicação comercial de motor de indução em tração ferroviária ocorreu em 1982 [3]. As técnicas de comutação forçada de tiristores cáıram em desuso nos anos 80, com o desenvolvimento do GTO (Gate Turn-Off thyristor), que permitia tanto o disparo quando o bloqueio controlado. Os GTOs dominaram até o final do século XX as aplicações de tração com alimentação CC, sejam com motores CC ou motores CA. Outro campo que se beneficiou do desenvolvimento dos tiristores foi o sistema de transmissão de energia elétrica por meio de linhas em corrente cont́ınua de alta tensão, envolvendo retificadores e inversores. A instalação do sistema CC para trazer energia da parte paraguaia de Itaipu (gerada em 50 Hz) até o sudeste do Brasil (onde se converte em 60 Hz) ocorreu nos anos 80. Ainda na área do sistema elétrico, surgiram dispositivos de compensação, como os reatores controlados a tiristor (RCT) ou o TCSC (Thyristor Con- troled Series Compensator), instalado no ińıcio deste século na interligação dos sistemas norte (Tucurúı) ao sistema sul [5]. 12 Ao longo dos anos 60 e 70 as aplicações eletrônicas, principalmente na área de com- putação, cresceram vertiginosamente. O suprimento de energia para sistemas espaciais, computadores, bem como para uso residencial e comercial, como reatores para lâmpadas fluorescentes e televisores, exigiam soluções mais eficientes, leves e compactas. Nesta direção, houve grande evolução dos transitores, não mais para operar como amplificador (na região ativa) mas para funcionar como interruptor. Diferentemente dos tiristores que, por seu modo de funcionamento se adequam à ali- mentação CA, os transistores têm sua melhor aplicação a partir de fontes CC. Ao desen- volvimento dos transistores bipolares de potência somou-se a evolução dos transistores de efeito de campo, principalmente o MOSFET (Metal-Oxide Silicon Field Effect Transis- tor), resultando, no final dos anos 80 no surgimento do IGBT (Insulated Gate Bipolar Transistor). O elevado ganho de rendimento obtido com os tiristores, em comparação com as soluções anteriores não veio acompanhado de aumento na densidade de potência dos conversores, uma vez que os dispositivos continuavam a operar em 50/60 Hz. A dispo- nibilidade de transistores com capacidade de comutar na faixa de dezenas ou centenas de kHz tornou posśıvel uma grande redução no volume dos transformadores, indutores e capacitores utilizados nos conversores, minimizando o espaço requerido pelas fontes de alimentação dos equipamentos. Inicialmente com transistores bipolares (anos 70), passando pelos MOSFET (a partir dos anos 80) em aplicações de baixa tensão, chegando aos IGBTs nos anos 90, em uma faixa de tensão e frequência capaz de alimentar cargas na faixa de MVA, as fontes chavea- das e os inversores (conversores alimentados em CC) tiveram um enorme desenvolvimento em termos de desempenho e confiabilidade. O sucesso dosinversores, ao permitir o controle de velocidade dos motores de indução, a partir dos anos 90, praticamente eliminou o uso dos motores CC de escovas. É certo que ainda existem muitas aplicações com tais motores, mas os processos de troca de 13 equipamentos sempre apresentam vantagens para o uso dos motores CA associados aos inversores. Outras estruturas de motores, como o motor de relutância variável, os motores de passo, os motores CC sem escovas (DC brushless) necessitam de um conversor eletrônico para seu funcionamento. Conjuga-se, deste modo o desenvolvimento dos sistemas de aci- onamento ao de eletrônica de potência de maneira irreverśıvel. O direcionamento atual da Eletrônica de Potência tem sido em busca de processos de aproveitamento de energia mais ecologicamente adequados. Os usos de energia fotovol- taica, eólica, do hidrogênio, carecem de um processamento eletrônico para sua adequação às cargas. Apesar dos imensos progressos da microeletrônica (já tendo se tornado nanoeletrônica), do ponto de vista dos dispositivos de potência, aparentemente se está no limite da capa- cidade do siĺıcio em termos de bloqueio de tensão e de condução de corrente. A quebra dos atuais limites destas grandezas, que permitiria ampliar as aplicações, parece depender do desenvolvimento de novos materiais semicondutores, como carbetos de siĺıcio, ou ni- treto de gálio, capazes de ampliar o campo elétrico suportável, diminuir perdas, facilitar o fluxo do calor interno, etc. [6]. Quem sabe, daqui a uns 10 anos tenhamos um novo e importante caṕıtulo nessa história. 14 1.1 Fundamentação Teórica Essa atividade foi desenvolvida através dos estudos dos manuais e apostilas do AVA, dos programas MultiSim e Scilab para a realização dos cálculos propostos que foi adqui- rido através de download gratuito na internet. A sistemática do trabalho consiste em modelar circuitos elétricos de eletrônica de potência contendo Tiristores: DIAC e TRIAC. Os Tiristores são responsáveis pelo au- mento e/ou diminuição da carga elétrica. Este tipo de ligação resulta em uma chave eletrônica bidirecional capaz de conduzir a corrente elétrica nos dois sentidos. O DIAC é um dispositivo semicondutore eletrônico que conduz corrente apenas após a tensão de disparo ser atingida (ou tensão de ruptura) e para de conduzir quando a corrente elétrica cai abaixo de um valor caracteŕıstico, chamada de corrente de corte, ou a tensão cai abaixo da tensão de ruptura. Este comportamento é o mesmo nas duas direções de condução de corrente. Os TRIACs são dé um componente eletrônico semelhante a dois retificadores controla- dos de siĺıcio (SCR/tiristores) ligados em antiparalelo, porém com construção que permite operação com um único terminal de disparo (”gate”). 1.2 Objetivos Essa atividade tem como intuito colocar em prática todos os conceitos abordados na disciplina de eletrônica de potência, aplicando uma atividade prática usando tiristores. 1.2.1 Objetivo Geral Realizar a análise de dois circuitos de Tiristores contendo DIAC e TRIAC, aplicado a análise de malha e equacionamentos necessários, com a ajuda do software gratuitos MultiSim e Scilab, executando os procedimentos experimentais sugeridos para alcançar os resultados esperados através dos cálculos. 1.2.2 Objetivo Espećıfico Desenvolver os cálculos e simulações propostos na atividade, analisar os resultados atingidos e descrever todos os passos no relatório. 2 Metodologia Para a realização dos experimentos será utilizado o simulador online de circuitos Mul- tiSIM Live, cujo acesso deverá ocorrer através do site: www.multisim.com. 15 Com intuito de aprendizagem, recomendo que acessem ao site https://www.tinkercad.com/ e utilizem o Thinkercad para simular os circuitos utilizando uma protoboard e entender o funcionamento da mesma. 2.1 Desenvolvimento A atividade prática é baseada no uso dos tiristores, componentes amplamente usados na indústria na área de eletrônica de potência. O nome tiristor engloba uma famı́lia de dispositivos semicondutores que operam em regime chaveado, tendo em comum uma estrutura de 4 camadas semicondutoras numa sequência p-n-p-n, apresentando um funcionamento biestável. O tiristor de uso mais di- fundido é o SCR (Retificador Controlado de Siĺıcio), usualmente chamado simplesmente de tiristor. Outros componentes, no entanto, possuem basicamente a mesma estrutura: LASCR (SCR ativado por luz), TRIAC (tiristor triodo bidirecional), DIAC (tiristor diodo bidirecional), GTO (tiristor comutável pela porta), MCT (Tiristor controlado por MOS), IGCT (Tiristor controlado com gate isolado). O dispositivo SCR (Sillicon Controlled Rectifier ou Retificador Controlado de Siĺıcio) é um diodo controlado de siĺıcio. Este componente faz parte da famı́lia dos tiristores. Os tiristores são uma famı́lia de componentes que possuem em comum a caracteŕıstica do disparo, que será explicada mais a diante. O SCR é constrúıdo por quatro camadas de material semicondutor: PNPN ou NPNP. Ele possui três terminais, chamados anodo, cátodo e gatilho. A Figura 1 mostra o śımbolo usado para representá-lo. Figura 1: SCR O DIAC, ou Diode for Alternating Current, é um gatilho bidirecional, ou diodo que conduz corrente apenas após a tensão de disparo ser atingida, e para de conduzir quando a corrente elétrica cai abaixo de um valor caracteŕıstico, chamada de corrente de corte. Este comportamento é o mesmo nas duas direções de condução de corrente. A tensão de disparo é por volta dos 30 volts para a maioria destes dispositivos. Este comportamento é de certa forma similar, porém mais precisamente controlado e ocorrendo em menor 16 valor, ao comportamento de uma lâmpada de neon. Na Figura 2 temos o śımbolo desse componente Figura 2: Simbolo do DIAC O DIAC é normalmente usado para disparar TRIACs e SCRs. O TRIAC funciona como um interruptor controlado e apresenta as mesmas carac- teŕısticas funcionais de um SCR. No entanto, ele possui a vantagem de poder conduzir nos dois sentidos de polarização. A Figura 3 mostra sua simbologia. Figura 3: TRIAC A Figura 4 mostra a curva caracteŕıstica real de um TRIAC. 17 Figura 4: Curva de um TRIAC O TRIAC entra em condução de modo análogo ao SCR, ou seja: 1. Disparo por gatilho, ou seja, quando for aplicada uma corrente de gatilho; 2. Disparo por sobretensão, ou seja, quando VAK ultrapassa a tensão de breakover sem pulso no gatilho; 3. Disparo por variação de tensão; 4. Disparo por aumento de temperatura. Em condução, a queda de tensão entre os terminais MT1 e MT2 geralmente está entre 1 e 2 V. O TRIAC pode ser disparado tanto por pulso positivo, quanto por pulso negativo. Isso não consegue ser explicado pela analogia a dois SCRs em anti-paralelo, já que o SCR só é disparado por pulso positivo em relação ao seu cátodo. Existem quatro modos diferentes para disparo de um TRIAC, operando em quatro quadrantes. Tomando-se MT1 como referência, os quatro quadrantes são definidos pela polaridade de MT2 e o gatilho (G) em relação a MT1. A seguir são detalhados estes quatro modos de disparo. a) Disparo no 1° quadrante – os terminais MT2 e gatilho (G) estão positivos em relação a MT1. b) Disparo no 2° quadrante – o terminal MT2 está positivo e o terminal G está nega- tivo, ambos em relação a MT1. 18 c) Disparo no 3° quadrante – o terminal MT2 está negativo e o terminal G está nega- tivo, ambos em relação a MT1. d) Disparo no 4° quadrante – o terminal MT2 está negativo e o terminal G está positivo, ambos em relação a MT1. Logo, a corrente entra em G. A Figura 5 apresenta os quatro quadrantes de operação de um TRIAC. Figura 5: Quatro quadrantes de operação de um TRIAC No 1° e 3° quadrantes, obtêm-se maior sensibilidade de disparo para o TRIAC em relação às outras possibilidades. No 4°quadrante, a sensibilidade é pequena; e no 2° quadrante, é ainda mais reduzida, devendo ser utilizada somente em TRIACs concebidos especialmente para este fim. Portanto, o disparo de um TRIAC não é simétrico, ou seja, não dispara nas mesmas condições para os quatro quadrantes. A Figura 6 mostra um circuito de controle de onda completa utilizando TRIAC. Figura 6: Circuito de controle de onda completa com TRIAC Considerando que este TRIAC possui módulos iguais de corrente de disparo (IGT = 50mA) para o 1° e o 3° quadrantes, podemos calcular em quais ângulos serão efetuados 19 os disparos. Para isso, vamos considerar que a queda de tensão t́ıpica de disparo entre G e MT1 é VGT = 1, 2V . IGT = VREDE − VGT R1 (1) Sendo VREDE = Vp.senα (2) Substituindo (2) em (1) IGT = Vp.senα− VGT R1 (3) Organizando a equação (3), temos: IGT .R1 = Vp.senα− VGT IGT .R1 + VGT = Vp.senα senα = IGT .R1 + VGT Vp α = sen−1( IGT .R1 + VGT Vp ) (4) Aplicando os valores das variáveis em (4), obtemos o valor do ângulo desejado α = sen−1( 47.50.10−3 + 1, 2 127 √ 2 ) = 1, 132558253 ≈ 1, 13◦ Portanto, o TRIAC irá disparar em 1,13° (1° quadrante) e em 181,13° (3° quadrante). É importante lembrar que o TRIAC bloqueia quando o sinal de corrente entre os terminais MT1 e MT2 passa pelo zero da senoide. No caso deste circuito, como a carga (lâmpada incandescente) é puramente resistiva, a tensão passa por zero no mesmo instante da corrente, ou seja, a tensão e a corrente estão em fase. Neste circuito a lâmpada receberá praticamente todo o ciclo de onda, de acordo com a Figura 7. 20 Figura 7: Forma de onda de tensão VR sobre a carga 3 Procedimentos Experimentais 3.1 Prática Aplicada TRIAC controlando fase de uma carga resistiva. Observe o circuito a seguir da Figura 8: Figura 8: Controle de tensão em carga resistiva Dados IGT = 50 mA (1º e 3º quadrantes) VGT = 2,0 V (1º e 3º quadrantes) a) Calcule os valores do resistor fixo R1 e da resistência variável (potenciômetro) R2 para disparo do TRIAC em 2°, 15°, 30°, 60° e 90° em relação à tensão da rede. Exemplo: Disparo em 2°. Pela segunda lei de Kirchhoff, temos: 21 VREDE −Rx.IGT − VGT = 0 (5) Organizando a equação (5) em função de Rx VREDE − VGT = Rx.IGT Rx = VREDE − VGT IGT (6) Sendo VREDE = Vrms √ 2senα, fazendo a sua substituição em (6), vem Rx = Vrms √ 2senα− VGT IGT (7) Substituindo os valores dados em (7) encontra-se o valor de Rx para o disparo em 2 ◦ Rx = 127. √ 2.sen(2)− 2 0, 05 = 85, 36256755 ≈ 85, 4Ω Simulação do disparo no Scilab com ângulo de 2◦ Figura 9: Ângulo de disparo de 2◦ no Scilab De forma análoga, utilizando a equação (7), podemos calcular os valores dos disparos para os demais ângulos, segue Disparo em 15°: Rx = 127. √ 2.sen(15)− 2 0, 05 = 889, 7045256 ≈ 889, 7Ω 22 Simulação do disparo no Scilab com ângulo de 15◦ Figura 10: Ângulo de disparo de 15◦ no Scilab Disparo em 30°: Rx = 127. √ 2.sen(30)− 2 0, 05 = 1.756, 051224 ≈ 1.756, 1Ω Simulação do disparo no Scilab com ângulo de 30◦. Figura 11: Ângulo de disparo de 30◦no Scilab Disparo em 60°: Rx = 127. √ 2.sen(60)− 2 0, 05 = 3.070, 851973 ≈ 3.070, 9Ω 23 Simulação do disparo no Scilab com ângulo de 60◦. Figura 12: Ângulo de disparo de 60◦ no Scilab Disparo em 90°: Rx = 127. √ 2.sen(90)− 2 0, 05 = 3.552, 102448 ≈ 3.552, 1Ω Simulação do disparo no Scilab com ângulo de 90◦. Figura 13: Ângulo de disparo de 90◦ no Scilab A tabela 1 apresenta os dados obtidos utilizado a equação (7) 24 Tabela 1: Valores de Rx para disparos de diferentes ângulos Ângulo de Disparo Rx (Ω) R1(Ω) R2(Ω) 2º 85,4 50 35,4 15º 889,7 50 839,7 30º 1.756,1 50 1.706,1 60º 3.070,9 50 3,020,9 90º 3.552,1 50 3.502,1 A tabela 1 mostra que os valores de R1 são fixos para todo e qualquer ângulo de dis- paro do TRIAC. Sendo os valores de R2 encontrados ao calcular Rx −R1. De acordo com a Tabela 1 podemos esboçar o gráfico da variação de Rx em relação ao ângulo de disparo. 0 20 40 60 80 0 1 2 3 Ângulo de disparo R x /1 00 0 b) Desenhe as formas de Onda da tensão sobre a carga para cada ângulo: 2°, 15°, 30°, 60° e 90. Para realização da simulação no MultiSim é necessário a montagem do circuito indi- cado na figura 8. 25 Figura 14: TRIAC MultiSim Após montagem no circuito mostrado na figura 14, é realizada a sua devida pro- gramação referente aos valores dos ângulos em V1 e sua correspondente percentual em R2. Em seguida, é colocado as pontas de prova e dado ińıcio a plotagem gráfica referente a cada valor solicitado, segue os valores aproximados Exemplo: Disparo em 2° Figura 15: Disparo do TRIAC com ângulo de 2◦ Disparo em 15◦ com 60% no MultiSim 26 Figura 16: Disparo do TRIAC com ângulo de 15◦ Disparo em 30◦ com 40% no MultiSim Figura 17: Disparo do TRIAC com ângulo de 30◦ Disparo em 60◦ com 20% no MultiSim Figura 18: Disparo do TRIAC com ângulo de 60◦ Disparo em 90◦ com 0% no MultiSim 27 Figura 19: Disparo do TRIAC com ângulo de 90◦ Com a plotagem dos gráficos fica indicado que o movimento da curva gráfica é uma senoide com oscilação no ângulo de disparo - tipo salto - quanto maior for a angulação do disparo, menor será a porcentagem de sua inclinação no gráfico, sendo melhor percebido nas figuras 18 e 19. c) Um DIAC é um diodo de corrente alternada. Geralmente ele é utilizado como dispo- sitivo de disparo do TRIAC. Basicamente, trata-se de um TRIAC sem gatilho. Portanto, ele só dispara quando a tensão aplicada sobre ele atinge as tensões de disparo VD. Ge- ralmente este valor se encontra entre 20 e 40 volts. Trata-se de um dispositivo simétrico, ou seja, ele possui as mesmas condições de disparo tanto para o 1°, quanto para o 3° quadrantes. Portanto, ele corrige o problema de antissimétria de disparo do TRIAC, de acordo com o circuito dimmer da Figura 9. Neste contexto analise o circuito a seguir: Figura 20: Dimmer O capacitor C1 atrasa a tensão aplicada sobre o DIAC. Então, é comum dizer que se trata de disparo por rede defasadora. Portanto, torna-se posśıvel disparar o TRIAC com ângulos maiores que 90° e 270°, pois a tensão sobre o capacitor, atrasada em relação à tensão da rede, é quem vai disparar o DIAC e, consequentemente, o TRIAC (Figura 10). 28 A medida deve ser realizada sobre a carga, conforme Figura 11: Figura 21: Medida da tensão sobre a carga Colocar pelos menos 3 formas de ondas de disparos maiores que 90◦ no relatório. Inicia-se com a montagem do circuito da figura 20 no MultiSim, como visto na figura 22. Após a montagem do circuito é colocado as pontas de provas (ponteiras do osci- loscópio) conforme figura 21 e, em seguida, deve-se programar o MultiSim para realização de simulações com ângulos obtusos. Figura 22: Dimmer no MultiSim Circuito em funcionamento 29 Figura 23: Dimmer em funcionamento no MultiSim As simulações serão referentes aos ângulos de disparos de 120◦, 140◦ e 160◦, respecti- vamente. Disparo em 120◦ com 60% no MultiSim Figura 24: Disparo do TRIAC com ângulo de 120◦ Disparo em 140◦ com 40% no MultiSim 30 Figura 25: Disparo do TRIAC com ângulo de 140◦ Disparo em 160◦ com 20% no MultiSim Figura 26: Disparo do TRIAC com ângulo de 160◦ Com a simulação nota-se uma diminuição da amplitude da onda senoidal com a va- riação do ângulo de disparo. Resultado da despolarização do TRIAC e da repolarização do DIAC. 31 4 Conclusão Este trabalho apresentou a modelagem e construção circuitos contendo Tiristores: DIAC e TRIAC. O sistema foi constrúıdo em malha aberta e foram analisadas as respos- tas do sistema. Os valores obtidos foram satisfatórios para a consolidação do conhecimento através de atividades teóricas e da ferramenta computacional validando o experimento. Os desafios enfrentados neste projeto, vão desde de uma topologia que apresenta um certo grau de complexidadeaté a sua simulação nos softwares MultiSim e Scilab que apre- sentam certas dificuldades. São várias variáveis a serem manipuladas no processo, para uma construção que funcione de forma plena. O ponto forte deste trabalho foi a aplicação de muitos conhecimento desenvolvidos ao longo de vários anos, mostrando que o conhecimento adquirido na faculdade é de extrema importância para o desenvolvimento de qualquer projeto. As falhas cometidas foram um grande aprendizado, pois mostraram que também através do erro que é posśıvel desenvolver o conhecimento. 32 5 Agradecimentos Desejo exprimir os meus agradecimentos a todos aqueles que, de alguma forma, per- mitiram que esta atividade prática se concretizasse. Em primeiro lugar quero agradecer ao Profa Me. Elaine Silva Custódio, do Centro Universitário Internacional, por ter proposto esta atividade e, ter acreditado em mim e nas minhas capacidades. Agradeço ainda o trato simples, correto e cient́ıfico, com que sempre abordou as nossas tutorias de trabalho, sem nunca ter permitido que o desalento se instalasse, mesmo quando as coisas não corriam bem. Agradeço-lhe ainda o tema do trabalho, que sempre me aliciou, o que fez, a maioria das vezes, conseguir ultrapassar dificuldades surgidas. Aos meus colegas de curso, da Escola Superior Politécnica da UNINTER, quero agradecer-lhes os momentos, por vezes, magńıficos, que passamos nos grupos do what- sapp. Agradeço o bom conv́ıvio, as boas discussões e, a alegria que por vezes se instalava. E, finalmente agradeço, à minha famı́lia: - Aos meus pais, que decerto teriam ficado felizes por este momento. A Maria, minha tia, com amor, pelo permanente incentivo e preocupação com que sempre acompanhou este meu trabalho. Agradeço ainda a paciência e amor demonstra- dos nos meus momentos menos bons. A todos os meus sinceros agradecimentos 33 Referências [1] Eletrônica de Potncia. Dispositivos, Circuitos e Aplicações, author=Rashid, Muham- mad H, journal=Tradução de L. Abramowicz, year=2014. [2] Ashfaq Ahmed. Eletrônica de potência, ed, 2000. [3] Devair Aparecido Arrabaça and Salvador Pinillos Gimenez. Eletrônica de potência: conversores de energia (CA/CC): teoria, prática e simulação. Saraiva Educação SA, 2016. [4] Ivo Barbi. Eletrônica de potência: Projeto de fontes chaveadas. Ediçao do autor, 2007. [5] L BOYLESTAD. Nashelsky. dispositivos eletrônicos e teoria de circuitos, 2013. [6] Daniel W Hart. Eletrônica de potência: análise e projetos de circuitos. McGraw Hill Brasil, 2016. [7] Albert Malvino and David J Bates. Eletrônica: Diodos, Transistores e Amplificadores– Série Tekne. AMGH Editora, 2011. [8] Ned Mohan. Eletrônica de potência. Curso Introdutório. São Paulo: LTC, 2014. [9] José Antenor Pomilio. https://www.yumpu.com/pt/document/view/12562570/breve- historia-da-eletricidade-industrial-e-da-eletronica-de-dsce, 23 jul. 2012. Access date: 9 out. 2021.
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