Penhor Rural

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ANTONIO MENEGHETT I FACULDADE
DIREITO CIVIL V - D IRE ITO DAS COISAS
 
PENHOR RURAL
ANA CLARA CORADINI RODRIGUES 
LUIZA GARLET SONEGO
NATÁLIA GADTKE CASSOL
 
2021/1
 
PENHOR RURAL
Penhor é um termo jurídico que constitui na entrega de coisa
móvel ou imóvel como garantia de uma obrigação assumida.
Estabelece-se pela transferência efetiva da posse que, em
garantia do débito ao credor ou a quem o represente, faz o
devedor, ou alguém por ele, de uma coisa, suscetível de
alienação.
CONCEITO DE PENHOR
PENHOR RURAL
CONCEITO
O penhor rural é um instituto utilizado
pelos agricultores ou criadores, por
meio do qual instituem obrigações que
serão adimplidas através de suas
produções agrícolas. 
Esse título deve ser registrado no
Cartório de Registro de Imóveis da
circunscrição em que estiverem
situadas as coisas empenhadas.
Constitue-se o penhor rural pelo vínculo real,
resultante do registro, por via do qual
agricultores ou criadores sujeitam suas
culturas ou animais ao cumprimento de
obrigações, ficando como depositários
daqueles ou destes.
PENHOR RURAL
A R T . 1 º , L E I N º 4 9 2 / 1 9 3 7 .
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%20492-1937?OpenDocument
PENHOR RURAL
CONCEITO
Assim, o penhor se caracteriza como a
transferência da posse de uma coisa
móvel, oferecida ao credor como garantia
de algum débito, sendo que no caso do
penhor rural, essa transferência
meramente simbólica. 
PENHOR RURAL 
P E N H O R A G R Í C O L A
O penhor agrícola é uma das modalidades do
penhor rural. 
A lei assegura ao credor a extensão da garantia
para a colheita imediatamente seguinte.
Não se considera válido contrato de penhor
celebrado sem o consentimento expresso do
proprietário agrícola, aplicando-se aos casos
de locatários e arrendatários.
PENHOR RURAL 
P E N H O R P E C U Á R I O
Outra modalidade do penhor rural é o penhor
pecuário. Conforme art. 10, Lei nº492/33, os
objetos de penhpor devem ser identificados no
instrumento do penhor com a maior precisão de
características possível, sob pena de nulidade.
PENHOR RURAL 
LEI Nº 492/37
A Lei Nº 492, de 30 de agosto de 1937
regulou o penhor rural e a cédula
pignoratícia no ordenamento jurídico
brasileiro. Além disso, o tema foi
recepcionado pelo Código Civil de
2002, presente no art. 1.438 até o
art. 1.446.
PENHOR RURAL
OBJETOS
Apenas os bens passíveis de alienação podem ser
objeto de direito real de garantia. As coisas
alheias não podem ser dadas em garantia, porém,
considera-se válida garantia de coisa alheia se
aquele que constituiu a garantia tenha posse a
título de dono, pois esta aparência justifica a
presunção de realidade.
OBJETOS DO PENHOR RURAL AGRÍCOLA
I - M Á Q U I N A S E I N S T R U M E N T O S D E A G R I C U L T U R A ;
I I - C O L H E I T A S P E N D E N T E S , O U E M V I A D E F O R M A Ç Ã O ;
I I I - F R U T O S A C O N D I C I O N A D O S O U A R M A Z E N A D O S ;
I V - L E N H A C O R T A D A E C A R V Ã O V E G E T A L ;
V - A N I M A I S D O S E R V I Ç O O R D I N Á R I O D E
E S T A B E L E C I M E N T O A G R Í C O L A .
A R T . 1 . 4 4 2 , L E I 4 9 2 / 3 7
 
OBJETOS DO PENHOR RURAL PECUÁRIO
P O D E M S E R O B J E T O D E P E N H O R P E C U Á R I O O S
A N I M A I S Q U E I N T E G R A M A A T I V I D A D E P A S T O R I L ,
A G R Í C O L A O U D E L A C T I C Í N I O S .
A R T . 1 . 4 4 4 , L E I 4 9 2 / 3 7
 
SAFRA FUTURA X PENHOR RURAL 
O art. 1.442, II, CC possibilita que seja objeto do penhor rural a
colheita pendente ou em vias de formação, permitindo, desse modo, a
constituição de um direito real sobre coisa inexistente.
PENHOR RURAL
NATUREZA JURÍDICA
O penhor possui natureza jurídica de direito real
de garantia sobre coisa alheia, tem caráter
acessório e sua existência subordina-se à
obrigação principal. Além disso, não basta a
manifestação de vontade para que se aperfeiçoe,
exige instrumento escrito, podendo versar sobre
coisas pendentes ou futuras, inexigindo a tradição,
uma vez que o devedor conserva a posse direta.
PENHOR RURAL
S U J E I T O S
O sujeito ativo da relação jurídica de um direito
real de garantia é o credor, e o sujeito passivo será
toda a coletividade por se tratar de um direito erga
omnes. O prestador da garantia poderá ser o
devedor ou um terceiro, o qual sofrerá o gravame
em sua propriedade, sendo que, em caso de
inadimplemento da obrigação, poderá ter o bem
alienado. 
PENHOR RURAL
CONSTITUIÇÃO
 
No penhor tradicional a entrega efetiva do objeto
garantidor ao credor é condição de sua existência,
conforme art. 1.431, CC. No que tange ao penhor rural a
sua composição depende de registro do instrumento no
Cartório de Registro de Imóveis da circunscrição em
que estiverem situados os bens empenhados, segundo
dispõe o art. 1.438, CC. Dessa forma, o registro é o
elemento constitutivo da garantia.
PENHOR RURAL
A formação do penhor rural se constitui pela
manifestação de vontade, requerendo, desse
modo, capacidade do agente.
R E Q U I S I T O S S U B J E T I V O S
PENHOR RURAL
REQUISITOS FORMAIS
 
Os nomes, prenomes, estado, nacionalidade,
profissão e domicílio dos contratantes;
O total da dívida ou sua estimação;
O prazo fixado para o pagamento;
A taxa dos juros se houver; 
As coisas ou animais dados em garantia, com
as suas especificações, de molde a
individualizá-las;
PENHOR RURAL
REQUISITOS FORMAIS
 
A denominação, confrontação e situação da
propriedade agrícola onde se encontrem as
coisas ou animais empenhados, bem assim a
data da escritura de sua aquisição, ou
arrendamento, e número de sua transcrição
imobiliária;
As demais estipulações usuais no contrato
mútuo.
PENHOR RURAL
POSSE DA COISA
 
No penhor tradicional a transferência do objeto da
garantia ao credor é condição de sua existência, no
penhor rural, por sua vez, inexiste tradição. Assim, a
coisa dada em garantia permanece com o seu
proprietário, o qual tem a obrigação de conservação.
Portanto, não há transferência efetiva da coisa, mas por
meio da cláusula constituti se transfere ao credor tão
somente a posse indireta da coisa, mantendo ao devedor
a posse direta do bem. 
PENHOR RURAL
CARACTERÍSTICAS GERAIS DO PENHOR
ACESSORIEDADE TEMPORARIEDADE INDIVISIBILIDADE EXTENSIBILIDADE
PENHOR RURAL
CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS
Desnecessidade da tradição; 
Inscrição no registro de imóveis da circunscrição imobiliária em
que estiver o imóvel onde se encontre a coisa empenhada; 
Prazo limitado de três ou quatro anos, prorrogáveis apenas só vez
por período igual de tempo; 
PENHOR RURAL
CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS
O objeto sobre qual recai o penhor deve ser especificado com o
máximo de precisão para poder a coisa ser identificada; 
O penhor rural deu origem à Cédula Rural Pignoratícia, com o
advento da Lei 492/37, baseada na transcrição do penhor no
registro imobiliário.
PENHOR RURAL
P R A Z O S E P R O R R O G A Ç Ã O 
O penhor agrícola e o penhor pecuário somente
podem ser convencionados, respectivamente, pelos
prazos máximos de três e quatro anos, podendo se
prorrogar, somente uma vez, até o limite de igual
tempo. Mesmo que vencidos os prazos, permanece
a garantia, enquanto subsistirem os bens que a
constituem. Desse modo, a prorrogação deve ser
averbada no registro respectivo, mediante
requerimento do credor e do devedor.
PENHOR RURAL
P R A Z O S E P R O R R O G A Ç Ã O 
No ano de 2015, a Comissão de Constituição e
Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos
Deputados rejeitou o Projeto de Lei nº 5463/13, o
qual detinha o escopo de ampliar em até dez anos
o prazo do penhor rural, sendo que a proposta era
de que o penhor agrícola e o penhor pecuário
teriam prazo de cinco anos, prorrogáveis por igual
período.
PENHOR RURAL 
VENCIMENTO ANTECIPADO 
Se, deteriorando-se, ou depreciando-se o bem dado
em segurança, desfalcar a garantia, e o devedor,intimado, não a reforçar ou substituir;
 Se o devedor cair em insolvência ou falir;
Se as prestações não forem pontualmente pagas,
toda vez que deste modo se achar estipulado o
pagamento; neste caso, o recebimento posterior da
prestação atrasada importa renúncia do credor ao
seu direito de execução imediata;
PENHOR RURAL 
VENCIMENTO ANTECIPADO
 
Se perecer o bem dado em garantia, e não for
substituído;
Se se desapropriar o bem dado em garantia,
hipótese na qual se depositará a parte do preço
que for necessária para o pagamento integral do
credor.
PENHOR RURAL
EXTINÇÃO 
 
EXTINGUINDO-SE A OBRIGAÇÃO; 
PERECENDO A COISA; 
RENUNCIANDO O CREDOR; 
CONFUNDINDO-SE NA MESMA PESSOA AS
QUALIDADES DE CREDOR E DE DONO DA COISA; 
DANDO-SE A ADJUDICAÇÃO JUDICIAL, A REMISSÃO
OU A VENDA DA COISA EMPENHADA, FEITA PELO
CREDOR OU POR ELE AUTORIZADA.
EXTINÇÃO DO PENHOR RURAL
ART. 1.436, CC/02
I - EXTINGUINDO-SE A OBRIGAÇÃO
C O M O O P E N H O R É A C E S S Ó R I O D A
O B R I G A Ç Ã O P R I N C I P A L , A O S E R E X T I N T A ,
E X T I N G U E - S E T A M B É M O P E N H O R , S E J A Q U A L
F O R A C A U S A D A E X T I N Ç Ã O D A O B R I G A Ç Ã O
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EXTINÇÃO DO PENHOR RURAL
ART. 1.436, CC/02
I I - PERECENDO A COISA
A E X I S T Ê N C I A D O P E N H O R E N Q U A N T O
C O N T R A T O , D E P E N D E D A E X I S T Ê N C I A D O
P E N H O R E N Q U A N T O C O I S A D A D A E M G A R A N T I A ,
P O I S S E T R A T A D E U M D I R E I T O R E A L D E
G A R A N T I A , O Q U A L I N C I D E S O B R E C O I S A . E M
H A V E N D O O P E R E C I M E N T O D A C O I S A
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EXTINÇÃO DO PENHOR RURAL
ART. 1.436, CC/02
I I I - RENUNCIANDO O CREDOR
P O D E S E R E X P R E S S A , P O R A T O I N T E R V I V O S O U
C A U S A M O R T I S , O U T Á C I T A . 
A S S I M , O C R É D I T O P A S S A À C O N D I Ç Ã O D E
Q U I R O G R A F Á R I O . C A S O O C R E D O R S E J A O
R E S P O N S Á V E L P E L A R E N U N C I A A O C R É D I T O D A
O B R I G A Ç Ã O P R I N C I P A L , O P E N H O R I G U A L M E N T E
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EXTINÇÃO DO PENHOR RURAL
ART. 1.436, CC/02
IV - CONFUNDINDO-SE NA MESMA
PESSOA AS QUALIDADES DE
CREDOR E DE DONO DA COISA
O C O R R E Q U A N D O O C R E D O R V I E R A S E T O R N A R O
P R O P R I E T Á R I O D A C O I S A E M P E N H A D A , P O R A T O
I N T E R V I V O S O U C A U S A M O R T I S . A L É M D I S S O , D Á -
S E A C O N F U S Ã O T A M B É M S E O P R O P R I E T Á R I O D A
C O I S A E M P E N H A D A , D E V E D O R P I G N O R A T Í C I O O U
T E R C E I R O , P A S S A R A S E T O R N A R O T I T U L A R D O
D I R E I T O D E C R É D I T O A O Q U A L S E D I R I G E A
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EXTINÇÃO DO PENHOR RURAL
ART. 1.436, CC/02
V - DANDO-SE A ADJUDICAÇÃO JUDICIAL,
A REMISSÃO OU A VENDA DA COISA
EMPENHADA, FEITA PELO CREDOR OU POR
ELE AUTORIZADA.
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PENHOR RURAL 
EXTINÇÃO
 
A extinção do penhor apenas produz efeitos após
ser averbado o cancelamento do registro, à vista
da respectiva prova, conforme o art. 1.437, CC.
Logo, não havendo prova hábil ao cancelamento do
registro será preciso a decisão judicial transitada
em julgado em favor do proprietário do bem dado
em penhor. 
O penhor rural é um importante instrumento para
fomento da produção agrária, pois facilita a
captação de créditos no setor agrícola e pecuário.
Portanto, o penhor rural “visa facilitar a circulação da
riqueza representada pelos frutos, favorecendo assim
o crédito agrícola e o desenvolvimento da
agricultura, pois permite ao agricultor que o seu
trabalho represente capital, ainda antes da colheita".
PENHOR RURAL
PENHOR RURAL
C O N S I D E R A Ç Õ E S F I N A I S
O penhor rural é utilizado para garantir o pagamento de dívidas
contraídas para o financiamento da atividade rural. Possui a
finalidade de obter recursos para o desenvolvimento da atividade
rural, agrícola ou pecuária, em que o produtor possui a opção de
empenhar determinados bens, sem serem eles subtraídos
temporariamente de seu patrimônio, o que no caso de bens com
finalidade de produção agrária seria inconcebível, uma vez que o
produtor rural levantaria o capital necessário a implementação da
atividade rural, mas não teria como realizá-la, tendo em vista que
ficaria sem os instrumentos necessários para tal fim. 
PENHOR RURAL
REFERÊNCIAS
BEVILAQUA, Clóvis. Direito das coisas. V.1. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1941.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito das Coisas.
NADER, Paulo. Curso de Direito Civil: Direito das Coisas, Vl. 4. 2016. 
NASCIMENTO, Tupinambá Miguel Castro do. Penhor e Anticrese. Rio de Janeiro: Aide, 1986.
RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas. 7ª ed. Rev., atual e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2014.
RODRIGUES, Sílvio. Direito Civil. Direito das Coisas, vol. 5, São Paulo: Saraiva. 1998.
SANTAMARIA, Sâmya. Penhor Rural: Aspectos que o credor rural deve estar atento. 2020. Disponível em:
https://www.oabmt.org.br/artigo/538/penhor-rural--aspectos-que-o-credor-rural-deve-estar-atento.
Acesso em 10 jun 2021.
SANTOS, J. M. de Carvalho. Código Civil Interpretado. Direito das Coisas. 12. ed. vol. X. Ed. Freitas
Bastos, Rio de Janeiro, 1982.
Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/478768-ccj-rejeita-projeto-que-amplia-prazo-do-
penhor-rural/. Acesso em 24 jun 2021.
MUITO OBRIGADA!!
A N A C L A R A C O R A D I N I R O D R I G U E S 
L U I Z A G A R L E T S O N E G O
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