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Ageísm� A comédia norte-americana denominada “O Senhor Estagiário” retrata a contratação do protagonista Ben, um senhor aposentado cujo desejo era retornar ao mercado de trabalho. No entanto, ao ser admitido em uma empresa de moda, recebe instantaneamente olhares duvidosos de seus colegas, os quais discriminaram-no apenas pela sua idade. Embora seja uma produção cinematográfica, o filme expõe a realidade vivenciada por milhares de idosos vítimas de ageísmo. Destarte, tal problemática se desenvolve devido a uma visão preconceituosa do tecido social, trazendo efeitos negativos à integridade física e mental do indivíduo idoso diante desse quadro alarmante. Em primeira análise, é imperativo destacar que o ageísmo está enraizado na sociedade brasileira hodierna. Com isso, inúmeros estereótipos relacionados ao envelhecimento são naturalizados e reproduzidos pelos demais cidadãos. Assim, a visão universal acerca das pessoas idosas é a de que são indivíduos dependentes, frágeis, entristecidos e incapazes, enquanto, na realidade, as consequências do envelhecimento são relativas de pessoa para pessoa, e os idosos podem ser perfeitamente saudáveis e autossuficientes. No que tange a esse cenário, vale citar que o ageísmo não é intrínseco ao ser humano. Em conformidade com Nelson Mandela, ninguém nasce odiando outra pessoa, porque, para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar. Dessa forma, para combater o preconceito etário no corpo social, é necessário uma mudança educacional com a intenção de nutrir a harmonia e de mitigar ideais errôneos que impõem limites ao grupo da terceira idade. Ademais, é pertinente mencionar as consequências do etarismo à saúde da pessoa idosa. Nesse viés, tal estigma contribui não só para a perda de autoestima, mas também para o sentimento de solidão e, sobretudo, para o desenvolvimento de depressão. Além dos danos supracitados, o ageísmo também dificulta o acesso à saúde e eleva, por conseguinte, o número de mortes precoces. Sob essa ótica, embora o Estatuto do Idoso reforce o direito à saúde para qualquer pessoa acima dos 60 anos, observa-se que essa premissa não é valorizada na prática. Com isso, o preconceito etário infiltra-se em hospitais e suscita um racionamento de medicamentos e cuidados com a saúde do idoso , o que dá maior prioridade às pessoas mais jovens. Logo, a idade passa a ser - infelizmente - um fator determinante na garantia ou não garantia de direitos fundamentais à vida humana. Ante o exposto, o Ministério da Educação - órgão governamental responsável pelas políticas públicas educacionais - deve, por meio de atividades integradoras, acompanhadas por psicogeriatras, - promover visitas escolares em lares de idosos, com a finalidade de despertar valores de respeito e empatia nos estudantes, bem como de desmistificar o suposto caráter debilitado das pessoas idosas. Além disso, o Ministério da Saúde deve, por meio de fiscalização nos centros médicos, agir conforme o Estatuto do Idoso e garantir todos os cuidados necessários para a manutenção da integridade física e mental das pessoas na terceira idade. À vista disso, poder-se-á combater o ageísmo na sociedade brasileira, tornando-o, portanto, uma mazela passada.