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145 METEOROLOGIA E CLIMATOLOGIA Mário Adelmo Varejão-Silva Versão digital 2 – Recife, 2006 5.4 - Temperatura do ponto de orvalho. O umedecimento isotérmico (processo a) não poderia continuar indefinidamente, ultra- passando a curva de saturação. De fato, após a saturação ter ocorrido (ponto A da Fig. IV.1), qualquer acréscimo de vapor d'água iria apenas provocar condensação. Caso se desejasse realmente colocar mais vapor d'água na amostra de ar, já saturada, seria preciso seguir a curva de saturação (para a direita) e, portanto, aumentar a temperatura. Quando a temperatura am- biente se eleva, cresce também o valor da pressão de saturação do vapor, indicando que um maior número de moléculas d'água pode permanecer no estado gasoso. Considere-se, agora, o segundo processo (b): o resfriamento isobárico, representado pelo segmento de reta unindo X(e, t) a B (Fig. IV.1). Após atingida a temperatura (td) em que a saturação acontece, qualquer resfriamento adicional deve ser feito seguindo a curva de satura- ção {não o prolongamento da linha X(e, t) – B} e, isso, implica reduzir o valor da pressão de saturação. Essa redução só se justifica pela passagem de parte do vapor ao estado líquido (condensação), de modo que o valor máximo da pressão de saturação à nova temperatura seja respeitado. Evidentemente a condensação do "excesso" do vapor, provocado pelo resfriamen- to, vai originar a formação de gotas d'água nas superfícies em contacto com essa amostra de ar (formação de orvalho). Exatamente por isso td é chamada de temperatura do ponto de or- valho, à qual se deve resfriar o ar úmido para torná-lo saturado, sem que se altere o valor inicial da pressão parcial do vapor nele contido. Como se observa, a saturação, neste caso, é obtida apenas por resfriamento (sem acréscimo algum de vapor d'água). Qualquer amostra de ar que atinja sua temperatura do ponto de orvalho torna-se satu- rada. Se, após atingir td, o resfriamento prosseguir, haverá formação de depósitos de água nas superfícies mais próximas. É exatamente isto que explica a formação de gotas d'água na su- perfície externa de um copo contendo uma bebida bem "gelada". Em contacto com a superfície arrefecida do copo, cuja temperatura é inferior à do ponto de orvalho, parte do vapor d'água se condensa. O hábito que certas pessoas têm de expirar seu hálito sobre a lente dos óculos an- tes de limpá-las, é justificado do mesmo modo. O ar quente e úmido proveniente dos pulmões resfria-se ao contacto com a superfície mais fria da lente, provocando a condensação de vapor, haja vista que a temperatura da lente é inferior à do ponto de orvalho do ar expirado. Um tercei- ro exemplo é a formação natural de orvalho sobre a superfície das folhas e de corpos expostos ao ar livre. Durante a madrugada as temperaturas dessas superfícies podem tornar-se inferio- res à do ponto de orvalho, advindo daí a condensação. A determinação de td é feita a partir do valor da pressão parcial do vapor (e) presente na amostra de ar. Uma vez que, pela definição de td, o valor da pressão parcial (e) não muda durante o processo (a saturação acontece apenas por resfriamento), basta procurar no corpo da tabela de saturação o valor da pressão parcial do vapor (e) e verificar a temperatura corres- pondente (td). Caso o valor exato não figure na tabela, pode-se adotar o mais próximo, ou efe- tuar uma interpolação entre aqueles imediatamente superior e inferior ao da pressão parcial obtida. Uma outra maneira consiste em usar equações empíricas, obtidas por regressão poli- nomial. Na prática, sendo a pressão parcial do vapor expressa em mb, pode ser usada a se- guinte expressão:
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