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Cnidários 
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 CNIDARIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Cnidários 
2 
 
1. Introdução 
1.1. Cnidários: “simplicidade”, porém tremenda diversidade com níveis surpreendentes de 
complexidade – Uma reflexão sobre as noções de grupo “simples”/“inferior”/“primitivo” 
Tradicionalmente, nos livros-textos de zoologia e na prática de ensino dessa disciplina no 
ensino médio e até superior, os Cnidários (e outros grupos animais como as Esponjas, por 
exemplo) são considerados/descritos como Animais “simples”, “primitivos”, “pouco 
evoluídos” ou ainda “inferiores”, que seriam situados na base de uma linha de evolução 
necessariamente hierárquica dos Metazoários, a qual caminha em direção a uma 
complexidade cada vez maior dos Animais. 
Nessa visão, a complexidade crescente seria considerada como um sinal de um “progresso” 
embutido nos processos evolutivos, e que levaria os grupos animais a “caminhar” do mais 
“primitivo” para o mais “evoluído”, do “inferior” para o “superior”, do “mais simples para o 
mais complexo” etc. 
Até hoje, o ensino da Zoologia ainda é profundamente influenciado por essa visão (errada 
como sabemos hoje) dos processos evolutivos. Não é à toa que se começa tradicionalmente o 
ensino da zoologia com as Esponjas (os mais “primitivos” entre os “primitivos”), seguidas 
pelos Cnidários, seguidos pelos Platelmintos etc. (essa ordem de apresentação dos grupos 
animais é perpetuada na presente disciplina, porém por razões puramente didáticas). 
Essas concepções de “inferior/superior”, “primitivo/menos evoluído/mais evoluído”, e de 
“simplicidade” versus “evolução progressiva da complexidade nos Metazoários”, são noções 
que são estreitamente atreladas a noção (errada e que não condiz com a realidade) de 
“progresso” nos processos evolutivos, e que levam a uma concepção hierárquica 
(“primitivo/evoluído”, “inferior/superior” etc.) (também errada) do mundo vivo. 
Essas concepções vêm diretamente de uma visão chamada gradista (= com a formação de 
grados) da biodiversidade animal. Essa visão gradista vai se instalar, na primeira metade do 
século 20, com a chamada sistemática evolucionista (ou tradicional/clássica), no passo da 
consolidação da teoria sintética da evolução (ver capítulo sobre Teoria da evolução pela 
seleção natural). 
Um grado é definido como um determinado nível evolutivo (grau evolutivo) “atingindo” por 
um grupo, e que se manifesta pelo compartilhamento, pelos membros do grupo, de caracteres 
“chaves” de um determinado plano de organização corporal. Esses supostos “graus de 
evolução” (grados) levam logicamente a hierarquizar os grupos animais, sempre com essas 
noções de “primitivo/evoluído”, “inferior/superior” etc., e do consequente “progresso” que 
chris
Nota
Os cnidários são considerados organismo muito simples, primitivos e pouco evoluídos, isso porque a Escola gradísta se fundamenta no princípio de hierarquização do mundo animal, levando a concepções de "menos evoluído/mais evoluído" "simples/complexos" "inferiores/superiores". A gradísta se baseou em dois critérios: ascendência comum (um grupo animal compartilha com outro grupo de animal distinto um ancestral comum) e homologia de caracteres que são considerados como essencial da organização corporal. Dessa forma, a gradista leva em conta as relações de parentesco, mas não unicamente isso. A Gradísta levoua formação de grupo parafiléticos e polifiléticos.
Porém, com o nascimento da Cladística, houve um rompimento com essa noção gradísta, e, desde então, estabeleceu-se uma visão cladística (clado/monofilético) no qual um grupo é formado por um ancestral e TODOS os seus descendente.
Os cnidários, juntamente com os poríferos e ctenóforos, formam um grupo chamado "emergência precoce", pois sofreram uma segregação precoce dos grupos animais ancestrais e dos grupos que formam os clados Protostomados e Deuterostomados .
Ao longo do processo evolutivos, os cnidários evoluíram (mudaram). E mesmo tendo adquirido novas características(apomorfia) de acordo com a Seleção Natural, mantém caracteres ancestrais (plesiomorfia). Essa mudança ao longo do processo evolutivo dos cnidários se dá por meio de dois fatores principais: pela tendência a formar complexas colônias através da reprodução assexuada ( brotamento) e pelo Ciclo de Vida que compõe duas fases morfologicamente distintas e com papéis diferentes: A forma polipoide (pólipos) e medusóide ( medusas).
Além disso, os cnidários desenvolveram um tipo de célula que é exclusivo no mundo animal: o cnidócito. Este cnidócito produzem venenos muito potentes. 
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seria embutido nos processos evolutivos. Vimos essa visão gradista na árvore filogenética 
tradicional dos filos animais (ver capítulo sobre taxonomia/sistemática). 
Por exemplo, os Animais cujo desenvolvimento embrionário se fez na base de dois folhetos 
embrionários (o grado dos “diploblásticos” – Cnidários, Ctenóforos e, talvez, Esponjas) são, 
na visão gradista da evolução, “inferiores” aos Animais cujo desenvolvimento embrionário se 
faz na base de três folhetos embrionários (o grado dos “triploblásticos”). O grado dos Animais 
com simetria radial é inferior ao grado dos Animais com simetria bilateral. O grado dos 
Animais “acelomados” é “inferior” ao grado dos Animais “pseudocelomados”, que é 
“inferior” ao grado dos Animais “celomados” (= com celoma). O grado dos “ágnatos” 
(vertebrados sem mandíbulas articuladas) é “inferior” ao grado dos “gnatostomados” 
(vertebrados com mandíbulas articuladas). O grado dos “anamniotas” (= sem 
desenvolvimento de âmnion) é “inferior” ao grado dos “amniotas” (= com desenvolvimento 
de âmnion) etc. 
Além do fato que essa visão gradista leva a formar muitos “grupos negativos” (ou seja, 
definidos pela ausência de um caráter [ex: os “acelomados”, que não possuem celoma, ou os 
“pseudocelomados que possuem um cavidade corporal que não é um celoma]), ela representa 
claramente uma concepção hierárquica do mundo vivo. E nesse ponto, podemos ver a 
influência da muito antiga noção da “escada dos seres vivos”. Ou seja, com a visão gradista 
de evolução, podemos ver uma visão hierárquica do mundo vivo que continua a permear a 
filosofia naturalista desde Aristóteles! 
A sistemática evolucionista trabalhou com dois critérios: ascendência comum 
(compartilhamento de um ancestral comum) e semelhanças em atributos considerados como 
essencial da organização corporal, e que levaram à formação de grados (e não 
necessariamente à formação de clados). A sistemática evolucionista é filogenética (= leva em 
conta as relações de parentesco), mas não apenas, já que não considera somente as relações de 
parentesco. Por isso, os grados formados por meio desse método levaram à formação de 
grupos polifiléticos (ex: “acelomados” e “pseudocelomados”) ou parafiléticos (ex: “répteis”) 
(outros grados foram reconhecidos como clados, como, por exemplo, o grupo dos Animais 
com simetria bilateral [Bilateria]!). 
A sistemática filogenética (ou cladística) vai derrubar completamente essa noção de grado, e 
as noções a ela atreladas (“inferior/superior”, “primitivo/evoluído” etc.), com a noção 
fundamental de clado (grupo formado por uma espécie ancestral e todas as espécies que 
descendem desse ancestral). O grupo dos répteis, por exemplo, não existe mais como táxon 
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formal. É um grado (e nesse caso, é um grupo parafilético) e não um clado (ver capítulo sobre 
Taxonomia/sistemática). Mesma coisa com os “acelomados” e “pseudocelomados” que 
formam, sabemos agora, grupos polifiléticos,conjuntos de táxon que são agora espalhados em 
clados de Celomados (Ecdysozoa e Spiralia). Esse exemplo dos “acelomados” e 
“pseudocelomados”, que são tipicamente grados, ilustra, aliás, muito bem que o curso da 
evolução não vai necessariamente no sentido do “menos complexo para o mais complexo”, já 
que os grupos “acelomados” e “pseudocelomados” são hoje considerados como grupos que 
provavelmente surgiram de ancestrais celomados que sofreram um processo evolutivo de 
simplificação (ou seja, nesse caso, no sentindo do mais complexo, para o menos complexo!). 
Voltando agora a nossos Cnidários, eles formam, junto com as Esponjas e os Ctenóforos) um 
dos grupos ditos de “emergência precoce”. Significa que são grupos que se separaram 
relativamente cedo (precambriano?) do(s) grupo(s) animais ancestrais e de maneira 
independente dos dois outros grupos que vão formar os dois principais clados de Animais 
conhecidos hoje: Protostomados e Deuterostomados. 
Entretanto, isso não significa que os Cnidários são grupos “primitivos”, “não evoluídos” ou 
até “simples”, noções que não fazem mais sentido hoje, à luz da compreensão que temos dos 
processos evolutivos. 
Em primeiro lugar, os Cnidários, como aliás as Esponjas, ou qualquer outro táxon animal hoje 
presente no planeta, mudaram (evoluíram) durante seu muito longo tempo de existência 
(centenas de milhões de anos no caso dos Cnidários ou Esponjas!). Evoluíram para outra 
direção que os grupos animais protostomados ou deuterostomados, com outras inovações 
evolutivas, seguindo outros caminhos evolutivos, mas evoluíram e continuam a evoluir. Os 
Cnidários de hoje não são os mesmos que os Cnidários do início do Cambriano. Não se pode 
esquecer que todos os organismos evoluem em “mosaico”: significa que, continuamente no 
decorrer da sua evolução, retêm plesiomorfias (caracteres ancestrais), mas também adquirem 
apomorfias (= caracteres novos e inovadores em relação a novos desafios enfrentados pelos 
grupos durante seu percurso evolutivo). 
Por exemplo, os Cnidários, um grupo com hoje cerca de 13.400 espécies, e com Animais bem 
familiares (Hidras, Anêmonas-do-mar, Corais, Medusas etc.), possuem, claro, caracteres mais 
“simples” e/ou mais ancestrais (ex: diploblastia, simetria radial) em relação aos Animais com 
simetria bilateral e triplobásticos (Bilateria). Entretanto, durante seus mais de 500 milhões de 
anos de evolução (que continua hoje!), os Cnidários sofreram uma tremenda diversificação, 
usando esses caracteres “simples” para adaptar-se e inovar !!. 
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Essa extrema diversificação evolutiva dos Cnidários se deve a dois aspectos fundamentais do 
seu percurso evolutivo (SL. 2): 
(1) Tendência a formar complexas e, às vezes, enormes colônias por reprodução assexuada 
(brotamento), com, muitas vezes, especialização funcional entre os diversos 
componentes (zoóides) da colônia; 
(2) Ciclo de vida que comporta muitas vezes duas fases morfologicamente diferentes, e 
com papeis distintos: a forma polipoide e a forma medusóide. 
Os Cnidários também “inventaram” um tipo celular único no mundo Animal: o cnidócito. São 
também capazes de produzir venenos extremamente potentes, produzidos nesses cnidócitos. 
Os Corais-pétreos (um grupo de Cnidários com mais de 3500 espécies) são os principais 
fundadores/construtores dos recifes de coral, os quais representam um dos mais diversos e 
importantes ecossistemas do planeta, rivalizando em biodiversidade com as matas tropicais. 
As mesmas considerações sobre essas noções de suposta “simplicidade”/“primitividade” 
podem ser feitas com as Esponjas, Animais que ao longo de centenas de milhões de anos 
adaptaram e diversificaram um método único de captura de alimento, formado por um 
complexo sistema interna e tridimensional de canais aquíferos (nenhum outro grupo Animal 
possui tal sistema de construção corporal com canais aquíferos!) onde água é 
permanentemente bombeada por células flageladas e filtradores (coanócitos). Também 
adotaram uma extrema diversificação nas formas de crescimento do corpo, tudo isso baseado 
na capacidade que as Esponjas têm de remanejar constantemente a arquitetura dos tecidos e 
canais aquíferos. Tão simples/primitivas assim as Esponjas? Tão simples/primitivos assim os 
Cnidários? 
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1.2. Eumetazoários e inovações evolutivas 
Os Cnidários são Animais possuindo verdadeiros epitélios, ou seja, camadas contínuas de 
células ligadas entre si por diversos tipos de junções intercelulares (*)1 e que ficam em cima de 
uma lâmina basal (*)2 secretada pelas próprias células dos epitélios (SL. 3 a 5). 
(*)1 
Há vários tipos de junções intercelulares entre as células que formam um epitélio: 
1. Junção aderente (desmosssomos): são complexos de filamentos de diversos tipos como queratinas, 
caderinas [proteínas de adesão] etc.; são estruturas de adesão entre as células dos epitélios; 
2. Junção de oclusão: são complexos multiproteínas de junção entre as células dos epitélios; literalmente 
selam o espaço entre as células do epitélio, evitando assim a passagem de íons, solutos e água entre essas 
células; 
3. Junção comunicante (gap junctions): são estruturas que permitem a comunicação entre células através de 
micro-canais formados por conexinas (proteínas); através desse tipo de junção, substâncias celulares como 
íons e moléculas servindo de sinais, por exemplo, podem passar de célula para célula, fazendo com que todas 
as células de um epitélio formem um conjunto funcional. 
(*)2 A lâmina basal é uma forma particular de matriz extracelular que separa as células epiteliais do tecido 
conjuntivo. Forma um fino folheto (50 a 80 µm) de material extracelular sobre o qual ficam e ao qual aderem 
(via hemidesmossomes - parcialmente compostos por proteínas de adesão chamadas integrinas) as células do 
epitélio. Contém fibras de colagénio (de tipo IV) e outras proteínas (ex: laminina [glicoproteína], 
proteoglicanos); é secretada pelo próprio epitélio. Evolutivamente, essa lâmina basal deriva do material 
extracelular (MEC) presente no tecido conjuntivo; é, de certo modo, uma especialização do MEC na base de 
camadas de células, para fornecer uma base de fixação a essas camadas. 
 
Quatro características fundamentais dos epitélios são responsáveis por suas funções (SL. 4): 
(1) As células que os compõem formam uma camada contínua de células estreitamente 
justapostas  não há “rupturas”/interrupções nessa camada; 
(2) As células do epitélio possuem uma polaridade “apical-basal”, cada polo sendo em 
contato com um compartimento diferente do corpo  os dois polos são morfologica e 
funcionalmente diferentes; 
(3) As células do epitélio são ligadas entre si por vários tipos de junções intercelulares, em 
particular as junções comunicantes que deixam passar íons e moléculas entre as células do 
epitélio  Permite uma integração funcional das células do epitélio que funcionam com se 
fossem uma única célula; 
(4) As células do epitélio ficam em cima de uma lâmina basal, secretada pelo epitélio; são 
ancoradas a essa lâmina por junções (os hemidesmossomos) que são parcialmente 
compostas por proteínas de adesão (integrinas) 
 
Os epitélios são uma inovação evolutiva chave nos Metazoários e uma das principais 
sinapomorfias do grupo Eumetazoa. Possuem funções importantes (SL. 6): 
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Nota
Diferentemente das Esponjas, os cnidários possuem verdadeiros epitélios, isso porque suas células são justapostas (unidas por junções celulares) e ficam sobre uma lâmina basal (mediador entre o tecido epitelial e o tecido conjuntivo) que são secretadas pelas próprias células das camadas epiteliais.
Os epitélios são caracterizados por: possuir células que formam uma camada de células justapostas; células são unidaspor junções celulares; células ficam sobre uma lâmina basal; suas células possuem dois polos distintos que ficam em contato com partes diferentes do corpo. 
Os epitélios é uma sinapomorfia (característica compartilhada) do grupo Eumetazoário ("animais verdadeiros").
Possuem função de revestimento das superfícies extrenas, delimitação de cavidades e espaços internos, pode proteger, secretar, absorver susbtâncias, separam o meio externo do interno e separam diversos compartimentos corporais internos.
Os cnidários possuem apenas dois epitélios: a epiderme, proveniente do folheto ectoderme, e a gastroderme, proveniente da endoderme. Também possuem apenas dois compartimentos corporais: a cavidade gastrovascular (cavidade que serve tanto para a digestão quanto para a circulação) e a mesogleia (tecido conjuntivo). A cavidade gastrovascular (ou cavidade digestiva) permite uma digestão extracelular e é composta por uma única abertura (boca) que serve tanto para ingerir o alimento quanto para eliminar dejetos. Essa boca é composta de vários tentáculos que servem para capturar e ingerir o alimento. 
Como já citado a cima de forma direta/indiretamente, a cavidade gastrovascular possui duas funções: digestão extracelular e absorção dos nutriente e possui papel de circulação, pois os cílios das células da gastroderme geram movimentos de convecção nos fluídos que estão presentes dentro da cavidade digestiva. Esses movimentos fazem com que os nutrientes, o oxigênio e os produtos do catabolismo circulem para todas as células do corpo.
Quando os cnidários não estão ingerindo o alimento, a boca permanece fechada e ela vai funcionar como um esqueleto hidráulico (espaço corporal fechado preenchido por fluídos que se mantém sob grande pressão)
 
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(1) Recobrem superfícies externas, e delimitam cavidades (ex: tubo digestivo) e espaços 
internos (ex: celoma); 
(2) Separam o ambiente externo do ambiente interno, e separam diversos compartimentos 
corporais internos com composição química diferente; 
(3) Podem ter um papel de proteção, de secreção, de absorção, de impermeabilização, e 
também atuam com “filtro” para a passagem de diversas substâncias entre um lado do 
epitélio e o lado oposto. Os epitélios possibilitam consequentemente a regulação 
fisiológica dos compartimentos extracelulares internos (ex: cavidade digestiva, celoma, 
tecido conjuntivo etc.). 
 
Todas essas características peculiares dos epitélios possibilitaram a formação de diversos 
compartimentos no corpo dos Animais e a especialização funcional dos mesmos. A 
consequência é uma divisão regional do trabalho dentro do corpo dos Metazoários, um 
processo que participou da homeostase (estabilidade do ambiente interno dos Animais, 
controlada por mecanismos de regulação inter-relacionados) e da complexificação corporal 
dos Animais (SL. 6). 
 
Nos Cnidários, a formação de epitélios e compartimentos é relativamente modesta. Há apenas 
dois epitélios: epiderme (oriunda da ectoderme) e gastroderme (oriunda da endorderme), e 
dois compartimentos corporais: a cavidade digestiva (cavidade gastrovascular), a mesogleia 
(tecido conjuntivo de origem principalmente ectodérmica) (SL. 7). 
Uma cavidade digestiva revestida por epitélio (gastroderme) é outra inovação evolutiva dos 
Eumetazoários: ele permite uma digestão extracelular numa cavidade isolada do mundo 
externo e provida de uma boca (SL. 7). 
 
A forma fundamental de um Cnidário é um saco/tubo que se assemelha a uma gástrula, e que 
delimita uma cavidade gastrovascular (SL. 8), a qual é definida como uma cavidade 
digestiva possuindo apenas uma abertura, que serve ao mesmo tempo para ingerir o alimento 
(boca) e para rejeitar os resíduos (ânus) (apenas dois outros grupos Animais possuem 
cavidade gastrovascular: Ctenophora & Platyhelminthes). Nos Cnidários, a boca é rodeada 
por tentáculos que servem para capturar e ingerir o alimento. 
Como o indica o próprio nome, a cavidade gastrovascular (também chamada celêntero ou 
êntero nos Cnidários) possui uma dupla função (SL. 8): 
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(1) serve como lugar de digestão extracelular e de absorção dois nutrientes (gastro-) 
(2) possuí também o papel de circulação (-vascular): graças ao movimento dos cílios das 
células da gastroderme, há permanentemente um movimente de convecção dos fluídos que 
estão dentro da cavidade digestiva; esses movimentos ajudam a circular (-vascular) os 
nutrientes que resultam da digestão extracelular ( melhor distribuição dos nutrientes para 
todas as células capazes de fagocitose da gastroderme, inclusive da gastroderme que reveste o 
espaço oco dos tentáculos), o oxigênio (que chega com água entrando na cavidade 
gastrovascular), e os produtos do catabolismo. 
Quando a boca é fechada (o que ocorre quando o Cnidário não ingere alimento), a cavidade 
gastrovascular também funciona como esqueleto hidráulico (espaço corporal fechado 
preenchido com fluído sob ligeira pressão). 
A cavidade gastrovascular dos Cnidários é, portanto, um compartimento corporal 
multifuncional (SL. 8). Em outros Animais mais complexos, os compartimentos corporais 
são mais especializados, além de serem mais diversos. 
 
1.3. Cnidários: simetria radial, diplobastia, e cnidócitos 
Três características fundamentais distinguem os Cnidários (e os Ctenóforos) dos outros filos 
de Eumetazoários (que formam o grupo Bilateria – SL. 10): simetria radial primária (A) e 
diplobastia(*)3 (B), presença de cnidócitos (C) (SL. 9). 
(*)3 A diplobastia dos Ctenóforos é bastante discutida; alguns autores consideram os Ctenóforos como sendo 
animais triploblásticos devido, principalmente, à presença de verdadeiras células musculares na mesogleia 
(ver capítulo sobre os Ctenóforos para mais detalhes) 
(A) Os Cnidários possuem uma simetria radial primária (primária significa que essa 
simetria caracterizou o filo desde seu nascimento, contrariamente aos Equinodermes, cuja 
simetria radial é secundária [são fundamentalmente Animais com simetria bilateral]). 
Simetria radial significa que todas as partes do corpo são arrumadas de maneira igual ao 
redor de um eixo central, chamado de oral/aboral; esse eixo representa o único eixo de 
polaridade (= que possui dois polos – oral e aboral, nesse caso) dos animais com simetria 
radial primária. Teoricamente, qualquer plano passando por esse eixo central é um plano 
de simetria, ou seja, divide o animal em duas partes simétricas. Há, portanto, e 
teoricamente, uma infinidade de planos de simetria num animal com simetria radial. Nos 
Animais, com simetria radial primária, não existe parte dianteira ou traseira, nem lado 
esquerdo e direito, nem ventre e dorso. 
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Nota
Os cnidários, assim como os ctenóforos, distingui-se dos demais eumetazoários por possui simetria radial primária (as larvas de equinodermos possui simetria bilateral, enquanto que o indivíduo adulto possui simetria radial secundária), diplobastia ( apenas dois folhetos embrionários: ectoderme e endoderme, que vai formar, respectivamente, epiderme e a gastroderme) e presença de cnidócitos (células urticantes). Em relação a simetria radial primária, isso significa dizer que essa simetria caracteriza o indivíduo desde o seu nascimento e que o mesmo possui um eixo central que, teoricamente, pode ser traçado vários planos de simetria. Porém, os cnidários possui uma simetria biradial secundária no qual a maioria das estruturas são arrumadas radialmente, mas as algumas delas são simétricas apenas emdois planos traçados pelo eixo central (oral/aboral). Essa simetria radial encontrada nos cnidários é uma adaptação a vida séssil, pois permite perceber estímulos, se defender e capturar o alimento em todas as direções ao redor do corpo. Porém não permite uma cefalização ou uma direção de movimento.
Em relação a diplobastia, os cnidários são chamados assim pois no desenvolvimento embrionários desses organismos é formado apenas os folhetos ectoderme e endoderme que darão origem a duas camadas epiteliais (epiderme e gastroderme). Entre essas duas camadas, há a mesogleia que mantém os dois epitélios unidos e funciona como suporte para o corpo. 
Os cnidários carecem de mesoderme e , portanto, isso limita o desenvolvimento de órgãos complexos e a maioria nem possui órgãos. Por conta disso, os cnidários possui um nível de organização tecidual. 
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Alguns Cnidários e todos os Ctenóforos possuem uma simetria biradial (ou até 
quadriradial). Nos Cnidários, essa simetria biradial é secundária enquanto nos 
Ctenóforos, ela é primária. Simetria biradial significa que a maioria das estruturas é 
arrumada radialmente, mas que algumas delas são simétricas somente em relação a dois 
planos passando pelo eixo oral-aboral (ver capítulo sobre os Ctenóforos para mais 
detalhes). 
As Anêmonas-do-mar, por exemplo, possuem uma boca em forma de fenda. Portanto, 
existem apenas dois planos passando pelo eixo oral-aboral que possam dividir o corpo em 
duas partes simétricas. 
A simetria radial é obviamente uma adaptação à vida séssil. Ela permite probabilidades 
iguais de perceber estímulos, se defender, e capturar o alimento a partir de todas as 
direções ao redor do corpo (os Cnidários são Animais que não caçam suas presas; se 
alimentam de maneira oportunista, por contato com presas que chegam até os Cnidários 
por nado ou por movimentos não controlados [deriva]). Entretanto, não favorece a 
diferenciação de uma cabeça especializada (cefalização) ou de uma direção particular de 
movimento. Não há movimento unidirecional, como é o caso dos Animais com simetria 
bilateral, ou seja, todos os filos Animais, salvo os Cnidários e os Ctenóforos. 
Antigamente, os Cnidários e os Ctenóforos constituiam o grupo Radiata (SL. 10). Hoje, 
esse grupo é considerado como parafilético já que o filo Ctenophora é considera como 
possível grupo—irmão do grupo Cnidaria+Placozoa+Bilateria, ou como possível grupo-
irmão de todos os outros Animais (Esponjas incluídas) (ver capítulo sobre os Ctenóforos 
para mais detalhes). 
 
(B) Durante o desenvolvimento embriológico dos Cnidários, apenas dois folhetos 
embrionários são formados: a ectoderme e a endoderme. Dessas camadas primárias 
derivam respectivamente a epiderme e a gastroderme do adulto, as quais formam, junto 
com a mesogleia, a parede corporal dos Cnidários (SL. 9). 
Devido ao fato dos Cnidários (e possivelmente os Ctenóforos) possuírem apenas duas 
camadas primárias de células, eles são chamados diploblásticos, contrariamente a todos os 
demais filos Eumetozoários que são triploblásticos (como indicado anteriormente, a 
condição diploblástica dos Ctenóforos é questionada por certos autores que os consideram 
como Animais triploblásticos – ver capítulo sobre os Ctenóforos para mais detelhes). 
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 Cnidários 
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Entre a epiderme e a gastroderme dos Cnidários (e Ctenóforos), há a mesogleia, oriunda 
principalmente pela ectoderme (SL. 9). Ela mantém os dois epitélios juntos e serve de 
suporte para o corpo. Segundo as espécies de Cnidários, a mesogleia pode ser fina ou 
espessa, gelatinosa e aquosa ou fibrosa. Ela pode também conter células que migram a 
partir da epiderme ou gastroderme. Às vezes essas células podem secretar elementos 
esqueléticos que fornecem um suporte adicional para o corpo. Entretanto, é importante 
salientar que a mesogleia não representa um derivado de um terceiro folheto germinativo 
(mesoderme), o qual não existe nos Cnidários. 
A falta de mesoderme e a estrutura basicamente epitelial dos Cnidários e dos Ctenóforos 
limita o desenvolvimento de órgãos complexos nesses Animais. De fato, embora os 
Cnidários e Ctenóforos possuam tecidos relativamente bem diferenciados, eles possuem 
menos tipos de células que os Animais triploblásticos, e a maioria das espécies não 
possuem nenhum órgão (apenas as medusas possuem órgãos dos sentidos rudimentares). 
Em razão dessa relativa falta de órgãos nos Cnidários e nos Ctenóforos, esses Animais 
possuem um nível de organização dito tecidual (nos outros Eumetazoários, vários tecidos 
especializados se organizam em órgãos) (SL. 9). 
 
(C) Uma das características fundamentais dos Cnidários é o fato deles possuírem um tipo 
celular altamente especializado e único do grupo: o cnidócito (SL. 9). 
 
1.4. Ecologia geral 
Existem cerca de 13.400 espécies de Cnidários, todas aquáticas. A grande maioria das 
espécies é marinha, mas existem alguns grupos de água doce (ex: as Hidras) (SL. 11). 
Muitas espécies preferem as águas pouco profundas e as formas sésseis são particularmente 
abundantes nas águas costeiras rochosas ou com recifes. 
Os Cnidários existem sob a forma de animais sésseis (forma pólipo) e/ou planctônicos (forma 
medusa) (SL. 11 & 12). Existem numerosas espécies que existem sob a forma de colônias de 
pólipos (SL. 13), os corais sendo os representantes mais típicos dessas formas coloniais (SL. 
13 & 14). 
A maioria das espécies é carnívora (SL. 15); algumas espécies se alimentam de partículas em 
suspensão; muitas espécies vivem em associação (intracelular) com algas simbióticas 
unicelulares (Zooxanthellae; Zoochlorellae) (SL. 16). 
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Nota
A maioria dos cnidários são marinhas e preferem águas pouco profundas, mas existem grupos de água doce. 
as formas sésseis são abundantes em águas costeiras rochosas ou formam colônias (corais, por exemplos)
A maioria das espécies é carnívoras e algumas se alimentam de parículas em suspensão na água. Outras espécies vivem em associação simbiótica com algas unicelulares
 Cnidários 
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O tamanho é extremamente variável, desde pólipos ou medusas microscópicas (SL. 17), até 
anêmonas-do-mar cujo diâmetro pode atingir 1,5 m (ex: Stichodactyla mertensii – a anêmona 
“carpete”) (SL. 18) ou medusas com mais 2 m de diâmetro e com tentáculos de mais de 30 
metros (ex: a medusa “juba de leão” Ciyanea capillata) (SL. 19). 
 
2. Taxonomia e filogenia 
Há seis clados reconhecidos de Cnidários (SL. 20): 
* classe Anthozoa (Antozoários) - ± 7300 espécies 
* classe Hydrozoa (Hidrozoários) - ± 3500 espécies 
* classe Scyphozoa (Cifozoários) - ± 170 espécies 
* classe Cubozoa (Cubozoários) – 42 espécies 
* classe Staurozoa (Staurozoários) – 50 espécies 
* classe Myxozoa - ± 2400 espécies 
Quatro delas (Hydrozoa, Scyphozoa, Cubozoa, Staurozoa) formam o clado Medusozoa 
(assim chamado porque o ciclo de vida desses Cnidários comporta geralmente duas fases com 
papeis distintos [pólipo e medusa]) (SL. 20), contrariamente ao grupo Anthozoa, no qual há 
apenas a fase pólipo (não há fase medusa) (= condição ancestral nos Cnidários). 
Quanto à classe Myxozoa, é inteiramente formada por Cnidários parasitos que sofreram um 
processo evolutivo de extrema simplificação (são formados por poucas células e foram até 
inicialmente descritos como Protozoários). São parasitos de Anelídeos, de Briozoários e de 
Vertebrados. 
Embora a filogenia dos Cnidários ainda seja uma questão aberta, os dados atuais oriundos da 
filogenia molecular indicam que os Anthozoa (Anêmonas-do-mar, Corais) formam o grupo-
irmão do resto dos Cnidários (Meduzoa) (SL. 21), o que sugere que os primeirosCnidários 
tinha um ciclo de vida apenas com pólipos sésseis (condição ancestral) (SL. 22). O clado-
irmão do grupo Anthosa, Medusozoa, possui a condição derivada (ciclo de vida com duas 
fases: pólipo, séssil, e medusa, nadador) (SL. 21). O clado Medusozoa seria formado de dois 
clados: Hydrozoa e Eumedusozoa (SL. 21). Quanto ao grupo Eumedusozoa, seria formado do 
clado Scyphozoa e do clado reunindo Cubozoa e Staurozoa (SL. 21), dois grupos antigamente 
considerados como Cifozoários (Scyphozoa). 
O grupo Myxozoa não possui ainda posição bem definida, embora dados da filogenômica 
tendem a situá-los como grupo-irmão do clado Medusozoa (SL. 21). 
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Nota
Existe 6 classes de Cnidários: Anthozoa, Hydrozoa, Scyphozoa, Scyphozoa, Cubozoa, Sataurozoa e Myxozoa.

As classes Hydrozoa, Scyphozoa, Cubozoa, Saturozoa formam o clado Medusozoa pois é formados por duas fases distintas com funções diferentes (pólipo e medusa)
A classe Anthozoa é constituída apenas da fase pólipo é grupo-irmão do clado Medusozoa. Enquanto que a CLasse Myxozoa é constituída de cnidários parasitas. Parasitam anelídeos, vertebrados etc.
A filogenia molecular indicam que a classe Anthozoa, que possui apenas a fase pólipo, é grupo irmão do clado Medusozoa, que possui as fases pólipo e medusa. Diante disso, Medusozoa possui a condição derivada, pois apresenta as duas fases no ciclo de vida.
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 Cnidários 
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A visão tradicional da filogenia dos Cnidários considerava o ciclo de vida com alternância 
pólipo/medusa (como observada nos grupos Hydrozoa e Scyphozoa, por exemplo) como 
ancestral, e o ciclo de vida com exclusivamente pólipos (Anthozoa) com derivado, por perda 
da fase medusa (SL. 22). Novas análises morfológicas e dados moleculares sugerem hoje 
exatamente o contrário, ou seja, que a fase com apenas pólipo encarregada da reprodução 
sexual é o estado ancestral e que o surgimento de uma fase medusa especializada para a 
reprodução sexuada e a disseminação é o estado derivado (SL. 22). 
 
3. Registro fóssil 
O grupo dos Cnidários é muito antigo já que fósseis desses Animais são conhecidos desde a 
época pré-cambriana, mais precisamente na fauna Ediacariana (fauna fóssil de Animais 
aquáticos com corpo mole, encontrada em rochas sedimentares velhas de 530 a 670 Ma) (SL. 
23). 
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4. Biologia geral 
4.1. Tipos morfológicos 
Dois tipos morfológicos básicos são encontrados nos Cnidários, pelo menos no grupo 
Medusozoa (Hydrozoa, Scyphozoa, Cubozoa, Staurozoa): o pólipo (A) e a medusa (B) (SL. 
25). 
 
(A) O pólipo (SL. 25) é sempre séssil e bentônico (animal bentônico = que vive associado ao 
fundo, fixado ou não). 
O corpo é tipicamente tubular com uma extremidade que serve para a fixação ao substrato (= 
face aboral) e a extremidade oposta (= face oral) que possui a boca e os tentáculos que 
servem para a captura do alimento, para a defesa e às vezes, para a locomoção. 
 
(B) A medusa (SL. 25) é, ao contrário do pólipo, livre e pelágica (= vive em plena água). As 
medusas são geralmente nadadoras, embora não sejam capazes de lutar contra as correntes 
d’água (por isso são consideradas como animais planctônicos). Elas têm tipicamente a forma 
de uma campânula e derivam da forma pólipo por forte redução do eixo oral-aboral, o que 
resultou num achatamento e alargamento do corpo. Nas medusas, a face oral se torna a parte 
inferior (chamada subumbrela), côncava, da campânula, enquanto a face aboral representa a 
parte superior, convexa, chamada exumbrela. No meio da subumbrela, há uma extensão 
tubular chamada manúbrio, com a boca na sua extremidade (SL. 25). 
Na margem da umbrela, há tentáculos cujo principal papel é a nutrição e a defesa (pode ter 
tentáculos também no manúbrio). 
A mesogleia é geralmente muito espessa nas medusas (SL. 25), tão espessa que a cavidade 
gastrovascular se reduziu a uma pequena cavidade central ("estômago") a partir da qual 
partem canais radiais que se ligam geralmente a um canal circular na margem da umbrela. 
 
Muitas espécies de Cnidários têm uma medusa planctônica e um pólipo bentônico no seu 
ciclo de vida. Em outras espécies, existe apenas a forma polipóide (ex: Hidras e Anêmonas-
do-mar) ou então as duas formas existem, porém, a forma medusóide é dominante. Numa 
classe inteira (Anthozoa), não existe fase medusa. Esse ciclo de vida sem fase medusa que 
caracteriza a classe Anthoza é considerada como a condição ancestral nos Cnidários. 
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Nota
Os Cnidários apresentam dois tipos morfológicos: Pólipos e Medusas
os pólipos são sempre sésseis e bentônicos ( que vivem no fundo dos oceanos e geralmente fixados[ou não] sobre o substrato). Possui duas extermidades, uma serve para a fixação ao substrato [face aboral] e a outra serve para defesa e captura do alimento ou ainda para a locomoção [face oral] ) 
As medusa são livres e planctônicas (nadodoras incapazes de vencer as correntezas d'água). Nesses organismos, a face oral se torna a parte inferior côncava que se chama subumbrela, enquanto que a face aboral se torna a parte superior convexa que se cham de exumbrela. No meio da subumbrela tem o manúbrio com um boca (umbrela) na sua extremidade. Ao redor da umbrela, há tentáculos que servem para a capturar o alimento e para a defesa.
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4.2 Histologia geral dos Cnidários 
Devido a sua simplicidade, as Hidras (gênero Hydra - classe Hydrozoa) são excelentes 
modelos para descrever a histologia e a fisiologia dos Cnidários em geral, razão pela qual as 
descrições histológicas a seguir são baseadas nas Hidras. Entretanto, essas descrições valem 
para os outros Cnidários, embora cada grupo tenha algumas especificidades. 
 
As Hidras (SL. 26 & 40) (do gênero Hydra que comporta cerca de 40 espécies) são Cnidários 
de água doce que existem somente sob a forma de pequenos pólipos tubulares (de 1 a 2 cm de 
comprimento, com 1 mm máximo de diâmetro) e solitários. 
A extremidade aboral possui a forma de um pequeno disco (disco aboral) que serve para a 
fixação ao substrato. A extremidade oral tem a forma de um cone (típico dos pólipos da classe 
Hydrozoa, e chamado hipostômio) no topo do qual se abre a boca. Na base do cone, há uma 
coroa de cerca de 6 tentáculos. 
 
4.2.1. Epiderme 
Nas Hidras (e nos Cnidários em geral), existem 6 tipos principais de células na epiderme (SL. 
26 & 33) (no total, cerca de 20 tipos diferentes de células foram descritas nos Cnidários): 
* as células epitelio-musculares 
* as células intersticiais 
* os cnidócitos, típicos dos Cnidários (deram o nome ao filo) 
* as células glandulares produtoras de muco 
* as células sensoriais e nervosas 
As células epitelio-musculares representam o tipo celular mais abundante na epiderme dos 
Cnidários e são consideradas por muitos autores como as células musculares mais primitivas 
dos Eumetazoários. Elas possuem uma forma tipicamente colunar, com a base ficando contra 
a mesogleia, enquanto a parte distal achatada forma a maior parte da superfície da epiderme. 
A característica dessas células é que elas possuem, na porção basal apoiada contra a 
mesogleia, compridas extensões (2, 3 ou mais), chamadas mionémos, cada um deles contendo 
miofibrilas contráteis (associação de miofilamentos de actina e miosina, como nas células 
musculares de outros Animais) do tipo liso ou estriado. Na epiderme, as extensões das células 
epitelio-musculares, e, portanto, as miofibrilas queficam dentro delas, são orientadas 
paralelamente ao eixo oral-aboral e aos tentáculos (SL. 26). Há junções entre as extremidades 
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Nota
Como a Classe Hydrozoa é bastante simples, o estudo histológico e fisiológico dos cnidários, em geral, é descrito com base nessa Classe.
A extremidade aboral das Hidra
possui a forma de pequeno disco que serve para a fixação ao substrato, enquanto a extremidade oral, que tem a forma de cone, é chamada de hipostômio e é onde fica a boca. A base do cone é constituída de uma coroa de cerca 6 tentáculos.
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Nota
 A epiderme das Hidras é constituída de 6 tipos principais de células, são elas: as células epitelio-musculares, as células intersticiais, os cnidócitos, as células glandulares produtoras de muco e as células sensoriais e nervosas. 
As células epitelio-musculares são caracterizadas por possuírem, na parte basal que fica contra a mesogleia, mionémos que contêm miofibrilas contráteis ( microfilamentos de actina e miosina) lisas ou estriadas. Esses mionémos, assim como as miofibrilas que ficam dentro deles, possuem uma orientação paralela ao eixo oral-aboral e aos tentáculos. Estas células epitélio-musculares fazem sinapses com neurônios/células sensoriais. Todas as células epitelio-musculares formam uma camada muscular longitudinal que sofrem contração pelo encolhimento da coluna do pólipo e a volta seu estado natural se dá por meio do líquido presente na cavidade gastrovascular que age como um esqueleto hidraúlico. 
As celulas intersticiais são células totipotentes, capazes de se diferenciar e formar todos os tipos de células dos Cnidários, incluindo os gametas.
As células produtoras de muco secretam muco que irá servir como substância de adesão para a fixação ao substrato.
As células nervosas, nos pólipos, vai formar o sistema nervosos difuso que é constituído de vários neurônios interconectados que forma uma rede reticular. Essas células estão presentes tanto na base da epiderme quanto na gastroderme. É chamado de sistema nervoso difuso porque quando um impulso nervoso é gerado em um local específico do corpo se espalha para todas as célula do corpo. Além disso, nos pólipos, há células receptoras e sensoriais que fazem sinapses com os neurônios.
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de extensões de células vizinhas, e sinapses entre neurônios (ou células sensoriais) e as células 
epitelio-musculares (SL. 26 & 27). 
Juntas, todas as miofibrilas de todas as células epitelio-musculares formam de fato uma 
camada muscular longitudinal cuja contração resulta no encolhimento da coluna do pólipo (e 
aumenta seu diâmetro). A volta à forma original do corpo, após relaxamento da contração 
muscular, se deve ao líquido da cavidade gastrovascular que age como esqueleto hidráulico e 
sistema antagonista (desde que a boca esteja fechada). A mesogleia com suas fibras 
(colagénio, por exemplo) e a outra camada (circular – na base da gastroderme) de miofibrilas 
contráteis atuam também no sistema antagonista (SL. 26). 
 
As células intersticiais (SL. 26 & 33) são células que se encontram na epiderme, sob sua 
superfície, na base das células epitelio-musculares e entre elas. Elas são pequenas com um 
grande núcleo. 
São células-cepas das quais são oriundas, por diferenciação, todos os tipos de células do 
Cnidário. São chamadas de células totipotentes(*)4 
(*)4 Por diferenciação, as células totipotentes podem dar células nervosas, células sensoriais, cnidócitos, 
células glandulares, e gametas. 
As células intersticiais fornecem também por diferenciação os gametas (espermatozoides ou 
óvulos). São células muito importantes no processo de regeneração, capacidade altamente 
desenvolvida nos Cnidários, como no caso das Esponjas. 
 
As células produtoras de muco são particularmente abundantes no disco basal (SL. 33): 
secretam muco que serve como substância adesiva para se fixar ao substrato. 
 
As células nervosas (neurônios) dos Cnidários se apresentam sob a forma de neurônios 
mono-, bi- ou multipolares, e se encontram na base da epiderme (e também da gastroderme), 
contra a mesogleia. Elas estão em contato (via sinapses) com células epitelio-musculares, 
células sensoriais, e outros neurônios (SL. 26 & 27). 
Nos pólipos, os neurônios formam um sistema nervoso difuso (= sem centralização) (SL. 26, 
27 & 35). O impulso nervoso gerado num local determinado do corpo se espalha para todas as 
direções. 
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Nas medusas, as células nervosas podem formar, na margem da umbrela, concentrações em 
forma de anéis e pequenos gânglios que são associados a órgãos sensoriais (ocelos, 
estatocistos) (ver medusas da classe Hydrozoa e Scyphozoa, para mais detalhes). 
 
Nos pólipos, há células receptoras/sensoriais (neurônios sensitivos) que se encontram de 
forma isolada entre as células epitelio-musculares. Elas são mecano-, foto- ou 
quimiorreceptoras. Distalmente, essas células são terminadas por uma pequena esfera ou por 
uma cerda sensorial, que é um cílio modificado (SL. 26 & 27). Elas ficam em contato com 
neurônios através de sinapses. 
Nas medusas, células sensoriais podem se associar para formar órgãos sensoriais rudimentares 
como ocelos ou estatocistos. 
 
Os cnidócitos (também chamados cnidoblastos)(*)5 são as células mais características dos 
Cnidários e encontradas somente nesse filo. O próprio nome do filo – Cnidaria – deriva da 
presença dessas células. 
(*)5 A palavra cnidoblasto se refere às células derivadas de células intersticiais e a partir das quais os 
cnidócitos vão se formar. A palavra cnidócito se refere à célula completamente formada/madura. 
Existem algumas evidências que os cnidocistos (a organela especializada dentro do cnidócito) poderiam ter 
surgido a partir de protistas endossimbiontes. Estruturas semelhantes aos cnidocistos foram encontradas em 
Dinoflagelados e Esporozoários. 
São células arredondadas ou ovóides situadas entre as células epitelio-musculares (SL. 26), e 
particularmente abundantes na epiderme dos tentáculos. A particularidade dessas células é 
que elas secretam e contêm uma organela muito especial e complexa chamada cnidocisto 
(também chamada cnida, e considerada como uma das organelas mais especializadas de 
célula animal). O cnidocisto/cnida consiste numa cápsula contendo um túbulo enovelado (SL. 
28) que pode ser evertido de maneira explosiva para fora da cápsula. Esse cnidocisto é 
secretado pelo aparelho de Golgi do cnidócito. 
A parede da cápsula e do túbulo é composta por uma proteína parecida com o colagénio. A 
parede do túbulo é na verdade uma extensão da parede da cápsula, de tal maneira que a 
estrutura é análoga a uma luva com um único dedo invaginado, só que o túbulo é muitas vezes 
bem mais comprido que a cápsula e enovelado em hélice (SL. 28). 
A cápsula do cnidócito é cheia com um líquido que contém toxinas ou substância pegajosa 
(ou os dois). Ela possui também um opérculo (SL. 28 & 29) ou 3 válvulas (traço único dos 
Antozoários) que cobrem o lugar por onde sai o túbulo enovelado quando o cnidócito é 
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estimulado. O cnidócito pode também possuir um cnidocílio(*)6 na extremidade distal (SL. 26 
& 28) (nos cnidócitos da classe Anthozoa, não há cnidocílio; entretanto, há um chamado cone 
ciliar de estrutura mais complexa e com função similar), ou seja uma estrutura sensorial 
derivada de um cílio modificado. Neurôniosficam em contato com a base dos cnidócitos 
através de ramificações (SL. 26). 
(*)6 Os cnidocílios são estruturas mecanorreceptoras que respondem a vibrações específicas formadas na 
água. Quimiorreceptores em células de suporte vizinhas podem afinar o cnidocílio para uma frequência de 
recepção determinada. 
Cerca de 30 tipos morfológicos diferentes de cnidocistos/cnida foram descritos nos Cnidários. 
Eles podem ser agrupados em três tipos funcionais básicos: os nematocistos (SL. 28), os 
espirocistos e os pticocistos (SL. 31). 
Os nematocistos são os mais comuns, sendo encontrados em todos os Cnidários. São 
chamados de perfurantes, pois seus túbulos penetram nos tecidos de presas para injetar 
veneno. Possuem um túbulo oco e aberto na extremidade, e na base do túbulo, há fileiras de 
espinhos e estiletes que ajudam na penetração do filamento nos tecidos da presa (SL. 28 & 
29). A cápsula contém uma mistura de fenóis e proteínas (venenos) que são injetados na presa 
quando saem do poro que fica na extremidade do túbulo. Vinte e sete tipos diferentes de 
nematocistos foram descritos. Diferem entre si pelo comprimento e arrumação dos espinhos 
na base do filamento, e pelo diâmetro do túbulo. 
Os nematocistos são descarregados quando o cnidocílio (estrutura sensitiva do cnidócito) é 
estimulado (quimicamente ou mecanicamente) por uma presa ou um predador. A cápsula 
descarrega o túbulo de maneira explosiva (por um mecanismo ainda não inteiramente 
entendido) (SL. 29 & 30). Num período de apenas três milisegundos depois da abertura do 
opérculo, o túbulo é inteiramente desenrolado, se everte para fora, e penetra com força e 
rapidez (graças aos estiletes e espinhos) o tegumento da presa ou do predador (SL. 29). O 
veneno(*)7 contido no nematocisto sai da extremidade do túbulo e paralisa (ou mata) a presa. 
(*)7 Três classes de toxinas foram identificadas nos Cnidários: neurotoxinas, citolisinas (peptídeos 
celulolíticos que causam dor) e proteinases que inibem a coagulação do sangue. As espécies que se 
alimentam de peixes possuem toxinas que são particularmente eficientes contra os Vertebrados. Entre elas, há 
a espécie Chironex fleckeri, uma medusa da Australia que pode cause a morte de seres humanos. Numerosas 
outras espécies podem causar irritação da pele ou picada dolorosa. 
Esses venenos são muito estudados. O veneno da Anêmona-do-mar Anemonia sulcata por exemplo, chamado 
ATX II, é usado nos laboratórios de pesquisa devido a suas propriedades neuro e cardiotóxicas que facilitam 
o estudo dos mecanismos de transferências através das membranas. 
Os espirocistos e pticocistos (SL. 31) só existem nos Cnidários da classe Anthozoa. 
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Os espirocistos não possuem espinhos na base do túbulo. Não penetram no tegumento das 
presas, nem injetam veneno. Os túbulos são recobertos por uma rede regular de túbulos 
interconectados (SL. 31) que podem grudar firmemente nas presas, graças a uma substância 
pegajosa. São nematocistos ditos preênseis, pois se enrolam (e grudam) ao redor de pêlos ou 
apêndices da presa, a maneira de um laço. Podem também servir no deslocamento, para fixar 
temporariamente os tentáculos no substrato. 
Os pticocistos caracterizam apenas uma ordem da classe Anthozoa (a ordem Ceriantharia), 
um grupo de Anêmonas-do-mar (as anêmonas “tubo”) que vivem fixadas na areia, dentro de 
longos tubos mucosos (às vezes, com até 1 metro de comprimento) (SL. 31 & 138) que são 
formados a partir de muco, partículas do sedimento e uma rede de túbulos entrelaçados, 
descarregados por numerosos pticocistos (SL. 138). Como nos espirocistos, os túbulos de 
pticocistos não têm poros terminais e são adesivos. 
 
Os cnidócitos são geralmente agrupados em baterias que podem conter vários tipos de 
cnidocistos e que são localizadas em regiões determinadas do corpo, preferencialmente nos 
tentáculos. 
O conjunto dos cnidócitos presentes numa espécie de Cnidário se chama cnidoma. Sua 
composição é específica e fornece caracteres muito importantes na taxonomia desse grupo 
Animal. 
Os nematocistos são usados somente uma vez, os cnidócitos usados sendo digeridos. Novos 
cnidócitos são formados a partir de células intersticiais. Na espécie Hydra littoralis, por 
exemplo, cerca de 25 % dos nematocistos dos tentáculos são perdidos quando uma pequena 
presa é capturada. Eles são renovados em 48 horas. 
 
Os tentáculos com seus cnidócitos podem servir tanto para a captura do alimento como para a 
defesa. Certas Anêmonas-do-mar, por exemplo, possuem tentáculos que servem 
especificamente para a defesa. Elas são usadas durante interações com outras Anêmonas (de 
espécies diferentes ou não). O comportamento agressivo consiste em um contato inicial com o 
adversário seguido por auto-corte da extremidade do tentáculo que fez o contato. No 
adversário, uma necrose severa surge no lugar onde o pedaço de tentáculo se fixou. 
 
4.2.2. Gastroderme (SL. 32 & 33) 
A histologia da gastroderme é relativamente similar à da epiderme. 
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Nota
A gastroderme possui células nutritivas-musculares com fibrilas contráteis que estão orientadas a um ângulo reto em relação ao eixo longitudinal do corpo e formam uma camada muscular. Como nas células epitelio-muscular, a contração se dá por meio encurtamento do corpo e volta a sua forma normal por meio do líquido presente na cavidade gastrovascular que funciona como um sistema hidráulico. Estas células nutritivas-musculares atuam na fagocitose ou pinocitose dos fragmentos das presas, que são provenientes da digestão extracelular. a digestão intracelular também vai ocorrer nessas células.
Há, na gastroderme, também células glandulares enzimáticas. Essas células sintetizam e secretam enzimas, que são liberadas na cavidade gastrovascular, para realizar a fase inicial da digestão extracelular.
Alem disso, há células produtoras de muco que ficam ao redor da boca. Esse muco serve para proteger a boca da abrasão do alimento e também emulsifica o alimento para facilitar a ingestão.
Há também células nervosas e cnidócitos. Os cnidócitos é ausentes na gastroderme das Hidras, mas está presente nas demais Classes.
As células da gastroderme fazem simbiose com zooxantelas (dinoflagelados). Esses simbiontes (dinoflagelados) fornecem a célula glicose, aminoácidos etc (para suprir as necessidades energéticas dos cnidários), mas obtém CO2, proveniente da respiração dos cnidários, e resíduos nitrogenados para a produção de proteínas. 
 Cnidários 
19 
 
* As células que correspondem às células epitelio-musculares da epiderme são as células 
nutritivas-musculares (podem também ser chamadas células epitélio-musculares, como na 
epiderme). São monociliadas e possuem fibrilas contráteis na base. Nas células nutritivas-
musculares, as fibrilas são orientadas a ângulo reto em relação ao eixo longitudinal do 
corpo (SL. 32 & 35), de tal maneira que formam uma camada muscular circular cuja 
contração reduz o diâmetro do corpo e, portanto, aumenta seu comprimento (como no caso 
da camada contrátil longitudinal, a água contida na cavidade gastrovascular e a mesogleia 
atuam como sistema antagonista). 
As células nutritivas-musculares intervêm na digestão, efetuando a fagocitose ou a 
pinocitose dos fragmentos de presas resultando da digestão inicial extracelular. É nessas 
células que acontece a fase final, intracelular, da digestão. 
* Entre as células nutritivas-musculares, há células glandulares enzimáticas (SL. 32 & 
33). Não possuem base contrátil. Sintetizam e secretam enzimas que, liberadas na cavidade 
gastrovascular, vão realizar a primeira fase, extracelular, da digestão. 
Nos Cnidários, as enzimas digestivas são, sobretudo,enzimas proteolíticas (proteases, 
peptidases), embora lipases e esterases possam ser encontrados. Algumas espécies de 
Cnidários produzem também quitinases que digerem o exoesqueleto de Crustáceos. 
* Como na epiderme, há também células que produzem muco, e que são particularmente 
abundantes ao redor da boca (SL. 33). Supõe-se que o muco protege a boca da abrasão 
ocasionada pela ingestão das presas; também facilita (lubrificação) essa ingestão. 
* Existem também células nervosas na base da gastroderme. 
* Cnidócitos são ausentes na gastroderme das Hidras e dos outros membros da classe 
Hydrozoa. Entretanto, a gastroderme das outras classes de Cnidários do grupo Medusozoa, 
et também da classe Anthozoa, possui numerosos cnidócitos. 
* Em muitas espécies de Cnidários, os corais e as anêmonas-do-mar em particular, as 
células da gastroderme possuem Dinoflagelados (protozoários flagelados fotossintetizantes) 
simbióticos chamados zooxantellae (Dinoflagelados da ordem Suessiales e que são 
simbiontes intracelulares de Foraminíferos, de Radiolários, de Acantários, de Cnidários e 
de Moluscos). 
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Nos Corais formadores de recifes, as populações de zooxantelae podem atingir uma 
densidade de 30.000 células por cm3 de tecido do hospedeiro, ou seja, 1 a 2 milhões de 
células por m2 de superfície de coral. 
Nos Hidrozoários de água doce, os simbiontes fotossintetizantes são algas unicelulares do 
grupo dos Clorofitos. São chamados de zoochlorellae. 
Esses simbiontes fornecem à célula hospedeira uma parte (até 98 % em certos casos) dos 
produtos da fotossíntese, entre os quais glicerol, glicose, ácidos orgânicos, bem como 
aminoácidos não essenciais, os quais podem satisfazer boa parte das necessidades 
energéticas dos Cnidários. Entretanto, esses simbiontes não fornecem todos os nutrientes 
dos quais os Cnidários precisam e, portanto, os Cnidários têm que capturar alimento para 
obter uma quantidade suficiente de nitrogênio orgânico, aminoácidos essenciais e outros 
nutrientes. Os Dinoflagelados se beneficiam do CO2 resultando da respiração dos 
Cnidários, bem como dos resíduos nitrogenados (amoníaco) para a síntese dos aminoácidos. 
 
4.2.3. Mesogleia (SL. 34) 
A mesogelia é formada essencialmente por uma matriz extracelular de aspecto gelatinoso. Ela 
pode ser espessa ou fina, gelatinosa e aquosa, ou fibrosa (fibras de colagénio) e relativamente 
dura (inclusão de elementos esqueléticos), dependendo das espécies ou grupos de Cnidários. 
Serve como estrutura de fixação dos epitélios, de conexão entre os dois epitélios, e de maneira 
geral de estrutura de suporte corporal. 
Quando a mesogleia é espessa, há geralmente células nela. Essas células provêm da migração 
de células da epiderme ou da gastroderme. 
Essas células possuem várias funções (SL. 34): 
- transporte de nutrientes de uma camada celular para outra (da gastroderme para a 
 epiderme, por exemplo) 
- transporte de resíduos nitrogenados 
- fagocitose de organismos estranhos 
- secreção da matriz da mesogleia 
- secreção de elementos esqueléticos (espículas calcárias, por exemplo) em alguns 
 Cnidários 
Além de formar a maior parte da massa e do volume corporal, e de participar à sustentação da 
forma do corpo, a mesogleia atua também como esqueleto deformável que pode servir 
enquanto sistema antagonista (antogonista = que age no sentido oposto) dos músculos. 
Quando forças musculares atuam sobre essa mesogleia, ela fica sob tensão elástica. Volta a 
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Nota
A mesogleia é proveniente, principalmente, da epiderme. Ela pode ter composição variada dependo da classe de Cnidários. Pode ser gelatinosa e aquosa ou fibrosa. Quando células migram da epiderme ou gastroderme, torna a mesogleia espessa. Essas células que migraram possuem as seguintes funções: transportar nutrientes de um epitélio para o outro, transportar resíduos nitrogenados, fagocitar presas, secretar a matriz da mesogleia etc.
A mesogleia mantém os dois epitélios juntos e funciona como estrutura de fixação para os epitélios e como suporte para o corpo.
A mesogleia também pode servir como sistema antogonista dos músculos, podendo contrair, quando as forças musculares são exercidas sobre ela, e voltar a sua forma normal quando os músculos são relaxados e quando a boca está fechadas, pois o líquido presente na cavidade gastrovascular vai funcionar como um sistema hidraúlico (antagonista). 
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 Cnidários 
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sua forma normal quando os músculos são relaxados, atuando dessa forma como sistema 
antagonista. Esse sistema é particularmente bem observado nas medusas cuja mesogleia 
espessa contém muita água contida em pequenos espaços fechados, bem como fibras proteicas 
do tipo colagénio. A contração da umbrela cria uma tensão elástica na mesogleia, a qual é 
usada como sistema antagonista dos músculos quando esses são relaxados. O fluido da 
cavidade gastrovascular atua também como parte do sistema antagonista e é, aliás, o elemento 
principal desse sistema nas formas pólipo. 
 
4.3. Movimento (SL. 36 a 40) 
Os pólipos podem esticar, encurtar ou curvar o corpo (a coluna) e os tentáculos, usando as 
camadas de fibrilas contráteis da epiderme ou da gastroderme (SL. 36 a 38). Esse sistema 
funciona graças a um esqueleto hidráulico, ou seja, uma cavidade fechada contendo um 
líquido incompressível, sobre o qual músculos podem atuar para deformar o corpo. Quando o 
Cnidário fecha a boca, tais condições são preenchidas (SL. 36 a 38). 
O fluido na cavidade gastrovascular atua enquanto sistema antagonista das fibrilas contráteis. 
A mesogleia, com suas fibras de colagénio, tem também esse papel. 
Nas Hidras, por exemplo, o movimento dos cílios na cavidade gastrovascular provoca a 
entrada de água nessa cavidade e o subsequente alongamento do corpo (até 2 cm de 
comprimento). Quando os músculos longitudinais são contraídos e a boca é aberta, a coluna 
pode ser reduzida uma inchação de 0,5 mm de altura. O slide 38 mostra um exemplo de todos 
as formas que um pólipo (aqui uma anêmona-do-mar da espécie Metridium senile) pode tomar 
pela contração dos diversos músculos. 
 
Muitas espécies bentônicas, em particular os Corais, são sésseis e vivem permanentemente 
fixadas ao substrato. Entretanto, outras espécies, como as Anêmonas-do-mar, podem se 
deslocar lentamente, rastejando com o disco basal. 
Pequenos pólipos como as Hidras podem se deslocar por cambalhota (SL. 39), usando os 
tentáculos e seus cnidocistos pegajosos, para se fixar temporariamente ao substrato. Hidras 
podem também flutuar graças a bolinhas de gases produzidas no disco basal. 
Certas Anêmonas-do-mar podem nadar usando movimentos dos seus tentáculos ou até da 
coluna, enquanto outras cavam na areia ou no lodo. 
 
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Nota
Os pólipos podem se locomover através das camadas de fibrilas contráteis (epiderme e gastroderme) e também por meio da mesogleia. Essa locomoção é possível graças a um sistema de esqueleto hidraúlico, no qual a cavidade gastrovascular é preenchida por um líquido que permite os músculos desses organismos se deformar.
Nas Hidras, o movimento dos cílios, presentes na cavidade gastrovascular, faz com que a água entre nessa cavidade e provoca o alongamento do corpo.
Os corais não possuem capacidade de se locomover, pois estão permanentemente fixos nos substratos. 
As anêmonas-do-mar, embora sejam organismos bentônicos, se locomovem lentamente, rastejando com o disco basal, ou usam os movimentos dos tentáculos ou até da coluna para se locomover.
As medusas possuem uma capacidade de locomoção mais desenvolvida, embora elas não consigam vencer as correntezas d'água, pois são organismosplactônicos. A locomoção se dá por contração da campânula, através de 2 anéis musculares, de forma que água é expelida da região inferior (subumbrela), criando um jato d'água através da abertura do espaço sumbumbrelar. Isso faz com que a medusa seja impulsionada para cima ou para frente. Essas contrações são controladas por um conjunto de neurônios que ficam na margem da umbrela.
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A capacidade de locomoção é mais desenvolvida nas medusas (SL. 40). Quase que todas as 
espécies de medusa são nadadoras embora não sejam nadadores potentes: não podem 
enfrentar correntes d'água no oceano e são, portanto, animais essencialmente planctônicos. 
O nado é realizado por contração muscular da campânula, através de 2 anéis musculares (um 
margem da umbrela [o músculo coronal], outro no véu [dobra ectodérmica da margem da 
subumbrela]) (SL. 40), de tal maneira que água é expulsa da região da subumbrela, criando 
assim um jato d'água através da abertura do espaço subumbrelar, diminuído pela contração da 
campânula (SL. 40). O resultado é que a medusa é propulsada para cima ou para frente (SL. 
40). As contrações musculares são altamente rítmicas e são controladas por agregações de 
neurônios na margem da umbrela. Tipicamente, a umbrela se contrai de 20 a 100 vezes por 
minuto. 
Tanto nos pólipos como nas medusas, a mesogleia e o fluido da cavidade gastrovascular agem 
como sistema antagonista das fibrilas musculares. 
 
4.4. Nutrição (SL. 41 & 42) 
Quase que todas as espécies de Cnidários são carnívoras, as presas mais comuns sendo 
pequenos Crustáceos. 
Os Cnidários usam os tentáculos, onde há grandes concentrações de cnidócitos, para capturar 
a presa: a descarga dos nematocistos paralisa/mata (por ação da injeção de veneno) a presa, 
enquanto outros cnidocistos (ex: nos Antozoários [ex: Anêmonas-do-mar], espirocistos 
podem se descarregados, seus filamentos pegajosos se enrolando ao redor dos apêndices da 
presa), ajudam na imobilização da presa (SL. 41 & 42). Uma vez a presa capturada, os 
tentáculos efetuam movimentos que levam a presa para a boca. 
O movimento dos tentáculos bem como a descarga de numerosos nematocistos são 
desencadeados por substâncias químicas liberadas pela presa e que saem, entre outros, pelos 
pequenos furos causados pelos nematocistos perfurantes. Entre essas substâncias que agem 
como estímulos, há aminoácidos, peptídeos etc. 
 
A presa é ingerida e dirigida para a cavidade gastrovascular onde enzimas proteolíticas e 
outras enzimas (lipases, esterases e, às vezes, quitinases) são secretadas. Essas enzimas são 
responsáveis pela digestão parcial extracelular (SL. 42). 
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Nota
A maioria dos Cnidários são carnívoros e conseguem capturar suas presas através dos tentáculos que possuem vários cnidocistos. O descarregamento do túbulo do nematocisto paralisa/mata, por meio da injeção do veneno, a presa, enquantos os demais cnidocistos ajudam a imobilizar a presa. Quando a presa é captura, os tentáculos leva a presa até a boca. Dessa forma, a presa é ingerida e levada para a cavidade gastrovascular onde ocorrerá parte da digestão extracelular por meio de enzimas. Os produtos da digestão extracelular irão deslocar-se dentro da cavidade gastrovascular por meio dos cílios presentes dentro da cavidade. Com a ação das enzimas, a presa será fragmentada em partículas menores para que as células nutritivas possa fagocitá-las e, nesse caso, ocorrer a digestão intracelular. Os produtos da dessa digestão serão distribuídos para as demais células do corpo por meio da difusão simples. 
O excremento volta para a cavidade gastrovascular por exocitose e é colocado para fora pela boca, junto com os resíduos da digestão extracelular.
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23 
 
Uma vez a presa reduzida a partículas suficientemente pequenas para ser tomadas (por 
fagocitose ou pinocitose) pelas células nutritivas-musculares, a digestão é completamente 
intracelular (SL. 42). 
Os produtos da digestão extracelular circulam dentro da cavidade gastrovascular graças ao 
movimento dos cílios das células da mesma. Quanto aos produtos da digestão intracelular, 
eles são distribuídos às outras células do corpo por simples difusão. Nos Cnidários com 
mesogleia espessa (medusas, por exemplo), células móveis da mesogleia absorvem os 
nutrientes e os transportam para o resto da mesogleia e para a epiderme (SL. 42). 
O material não digerido (= fezes) volta para a cavidade gastrovascular por exocitose e é 
expulso pela boca, junto com os resíduos da digestão extracelular (SL. 42). 
 
Algumas espécies de Cnidários se alimentam de partículas em suspensão, e muitas espécies 
possuem, nas células da gastroderme, algas simbióticas intracelulares (Zoochlorellae, 
Zooxantellae) que fornecem uma parte significativa dos nutrientes. Foi até mostrado que 
certas espécies são capazes de absorver diretamente matéria orgânica dissolvida na água do 
mar. 
 
4.5. Troca de gazes e excreção 
Nos Cnidários, não há superfície especializada para a troca de gases, nem sistema particular 
de excreção. 
O oxigênio entra no corpo por difusão através da epiderme e da gastroderme (todas as células 
da epiderme e da gastroderme ficam em contato direto com a água), e é distribuído para todas 
as células do corpo por simples difusão. 
Os produtos de excreção, principalmente amoníaco, são liberados para o exterior também por 
simples difusão. 
 
4.6. Sistema nervoso 
Os Cnidários são os mais simples Animais possuindo um sistema nervoso composto por 
neurônios. 
Como nos demais Eumetazoários, possuem três tipos de neurônios: neurônios sensitivos, 
neurônios motores e interneurônios. 
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Nota
Por serem organismos relativamente simples, os cnidários realizam as trocas gasosas e a excreção por simples difusão.
Tanto a entrada de oxigênio quanto sua distribuição para as células do corpo se dá por meio da difusão simples.
Os produtos de excreções são liberdos para o exterior, também, por difusão simples.
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Nota
Os cnidários possuem um sistema nervosos constituídos por neurônios. Esses neurônios são organizados em redes difusas irregulares que formam um sistema nervosos difuso. 
Os neurônios dos cnidários diferem dos demais animais por vários fatores, dentre eles: são capazes de transmitir os impulsos nervosos em qualquer direção. Isso porque os dois lados de uma sinapse pode secretar neurotransmissores; os interneurônios e os neurônios motores são mutipolares. Portanto, cada neurônio se "comunica" por meio das sinapses, com vários outros neurônios ao mesmo tempo; os neurônios dos Cnidários transmitem os impulsos nervosos sem sofrer atenuação do sinal.
Além disso, nos pólipos, não há órgãos dos sentidos apenas células receptoras e sensoriais, espalhados pela epiderme, que fazem sinapses com os neurônios. Já as medusas possuem órgãos sensoriais, são eles: Ocelos/olhos e estatocistos. 
Os ocelos servem para determinar a direção da fonte da luz e isso faz com que ela se oriente melhor. Mas esses órgãos não formam imagens.
Os estatocistos são vesículas preenchidas por um líquido. Esses órgãos servem para informar a medusa sobre sua posição e orientá-la em relação a ela. Portanto, são órgãos de equilíbrio e percepção de movimento do corpo.
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Entretanto, nos Cnidários, os neurônios são organizados em redes difusas irregulares 
(difusas) (SL. 35 & 43), uma na base da epiderme, a outra na base da gastroderme. Além do 
mais, os neurônios dos Cnidários diferemdos outros Animais: 
* podem transmitir os impulsos nervosos para as duas direções (dendrite  axônio; axônio 
 dendrite): não são polarizados. Isso se deve ao fato que os dois lados de uma sinapse 
podem secretar um neurotransmissor (= sinapses não polarizadas). Portanto, um impulso 
pode ser gerado em qualquer direção através da sinapse. 
* os interneurônios e neurônios motores são geralmente multipolares. Significa que 
possuem um só axónio e muitos dendritos. Cada neurônio pode, portanto, estabelecer 
vários contatos (via sinapses) ao mesmo tempo com outros neurônios. 
* os neurônios de Cnidários transmitem o impulso sem que haja atenuação do sinal. Nos 
outros Animais, o sinal sofre atenuação ao passar ao longo do axônio. 
 
A predominância de neurônios multipolares nos Cnidários significa que os impulsos se 
espalham para todas as direções, radialmente (condução centrífuga do impulso), a partir do 
ponto de geração do impulso (SL. 44). Além do mais, já que os impulsos não são atenuados, 
respostas generalizadas podem ser geradas a partir de um estímulo local. Entretanto, a 
condução dos impulsos é mais lenta que nos outros Animais. 
O sistema nervoso mais simples dos Cnidários é o encontrado nos pólipos. Neles, o sistema 
nervoso é composto por duas redes difusas de neurônios: uma na base da epiderme, a outra na 
base da gastroderme. Neurônios atravessando a mesogleia permitem a comunicação entre as 
duas redes. Em muitos pólipos, a rede de neurônios é mais densa na região bucal, na base dos 
tentáculos e na região do disco pedal. Não há órgãos dos sentidos, apenas células sensoriais 
espalhadas na epiderme. 
As medusas possuem sistemas nervosos mais elaborados (anéis nervosos, gânglios) (SL. 43), 
associados com o controle das contrações rítmicas de fibrilas da umbrela, as quais permitem o 
nado (ver medusas de Hidrozoários e Cifozoários para mais detalhes). 
 
Dois tipos de órgãos sensoriais são encontrados nas medusas (da Classe Hydrozoa, Scyphozoa 
e Cubozoa): ocelos/olhos (órgãos fotorreceptores) e estatocistos (mecanorreceptores atuando 
como órgãos do equilíbrio. 
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Os ocelos podem ser de vários tipos: ocelo de tipo mancha pigmentar, ocelo de tipo taça 
pigmentar evertido, ocelo de tipo taça pigmentar evertido com lente e córnea, ocelo de 
tipo taça pigmentar invertido, e olho tipo câmera com retina, lente e córnea (SL. 45). 
O ocelo de tipo mancha pigmentar (pigment spot ocellus em inglês) é formada por uma 
pequena mancha plana de células não fotorreceptoras e cheias de grânulos de melanina 
(células pigmentares) entre as quais são espalhadas células fotorreceptoras ciliadas (SL. 45). 
No ocelo de tipo taça pigmentar evertido, as células pigmentares formam uma taça e as 
células fotorreceptoras (ciliadas) se inserem entre elas (SL. 45). Em alguns casos, a taça é 
fechada por uma camada de células epiteliais que atua com córnea (SL. 45). 
Em todos esses ocelos, as células pigmentares servem para “sombrear” as células 
fotorreceptoras, e devido a fato que o número de células fotorreceptoras assim sombreadas 
pode variar em função da posição da medusa na água, esses ocelos permitem à medusas 
determinar a direção da fonte de luz (e se orientar em função disso). No caso dos ocelos em 
forma de taça, esse efeito é mais pronunciado ainda. Os grânulos de pigmento podem também 
refletir a luz. 
No ocelo de tipo taça pigmentar invertido, a taça de células pigmentares se encontra sob a 
epiderme e as células fotorreceptoras se projetam no interior da taça, pela abertura dessa taça 
(SL. 45). Nesse caso, as células fotorreceptoras têm suas extremidades fotorreceptoras 
direcionadas opostamente à luz. A luz tem que bater primeiro contra a camada de células 
pigmentar para então ser refletida na direção das células fotorreceptoras. 
Nenhum desses ocelos é capaz de formar imagens. Apenas detectam a intensidade da luz, 
variações dessa intensidade e a direção da luz. 
Enfim, mas medusas do grupo Cubozoa, há olhos de tipo câmera, com retina, lente e córnea 
(SL. 45). Entretanto, não se sabe ainda se esses olhos são capazes de formar imagens. 
 
Esses ocelos/olhos são envolvidos, nas medusas, em comportamentos como: processos de 
migração vertical diária na água, em função da intensidade da luz; movimentos de nado ou 
dos tentáculos, em resposta a rápidas mudanças de intensidade de luz, possivelmente para 
iniciar uma fuga; e em eventos ligados à reprodução como a maturação dos oocitos ou ainda a 
ruptura das gônadas para a liberação dos gametas. 
 
Nas medusas (e em outros “invertebrados” aquáticos, como Bivalves, Cefalópodes, 
Crustáceos), o estatocisto consiste numa vesícula oca preenchida por fluido e que é 
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parcialmente revestida internamente por células providas de cílio mecanorreceptor. Também 
contém uma estrutura calcária chamada estatólito (SL. 46). O funcionamento dos estatólitos é 
muito básico: quando o animal se vira ou muda a sua orientação, a força gravitacional atua 
sobre o estatólito, que se desloca por gravidade e faz com que ele toque e estimule algumas 
células sensoriais das muitas que revestem a superfície interna do estatocisto. As células 
estimuladas produzem uma resposta (impulso nervosos) que informam a medusa sobre sua 
posição e orientação em relação à anterior. São, portanto, órgãos do equilíbrio e percepção 
de movimento do próprio corpo. 
Nas medusas do grupo Hydrozoa, os estatocistos são dispostos na margem da umbrela (mais 
detalhes na descrição das medusas do grupo Hydrozoa). Nas medusas das classes Scyphoza e 
Cubozoa, os estatocistos, assim como os ocelos/olhos, se encontram em estruturas especiais 
(chamadas ropálios) dispostas na margem da umbrela (ver classe Scyphozoa e Cubozoa para 
mais detalhes sobre esses ropálios). 
 
4.7. Reprodução 
4.7.1. Reprodução assexuada 
Todos os Cnidários podem se reproduzir assexuadamente por fissão longitudinal ou 
transversal, por brotamento, ou por fragmentação (SL. 47 & 48), processos seguidos por 
regeneração (*)8 
(*)8 
Nas Hidras, por exemplo, o corte da coluna em 200 fragmentos de + 0,2 mm de diâmetro leva à formação 
de uma nova Hidra a partir de cada um dos 200 pedaços. 
No brotamento, a parede da coluna do pólipo, ou do disco oral, ou ainda de outra região, 
forma uma excrescência (broto), tipo de evaginação da parede corporal, que desenvolve uma 
cavidade gastrovascular, uma boca e tentáculos (SL. 47). Quando o broto é suficientemente 
grande para poder se alimentar independentemente, se desprende do parente e se torna um 
novo pólipo. Esse tipo de reprodução é muito comum nas Hidras (SL. 48 & 65). Medusas 
podem também formar brotos e sofrer processos de fissão (SL. 47), embora seja muito menos 
comum que nos pólipos. 
As colônias de Cnidários se formam por brotamento, só que nesse caso, os novos "indivíduos" 
não se separam do parente. 
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Nota
Os cnidários podem se reproduzir tanto assexuadamente como sexuadamente. 
A reprodução sexuada, se dá por fissão longitudinal ou transversal, por brotamento ou por fragmentação (seguido de regeneração). Na reprodução por brotamento, o cnidário vai sofrer uma evaginação da parede corporal (ou de de outra região) e formar um broto que desenvolve uma cavidade gastrovascular, uma boca e tentáculos. Quando o broto for capaz de alimentar sozinho, esse se desprende do parente e se torna um novo pólipo. As colônias de cnidários se originam por brotamento, mas os brotos não se desprendem do parente.
As anêmonas-do-mar, se reproduzem por fragmentação

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