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Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
Nutrição de plaNtas e fertilidade do solo
Elaboração
Laíse Ferreira de Araújo
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 5
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 7
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 9
UNIDADE I
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO ...................... 11
CAPÍTULO 1
CONCEITO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E DE FERTILIDADE DO SOLO .......................... 12
CAPÍTULO 2
PROPRIEDADES FÍSICAS E QUÍMICAS DOS SOLOS ................................................................... 17
CAPÍTULO 3
PH E CORREÇÃO DO SOLO ................................................................................................... 27
UNIDADE II
MATÉRIA ORGÂNICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES ESSENCIAIS PARA AS PLANTAS ................................. 37
CAPÍTULO 1
MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO .............................................................................................. 38
CAPÍTULO 2
CRITÉRIOS DE ESSENCIALIDADE .............................................................................................. 45
CAPÍTULO 3
ABSORÇÃO, TRANSLOCAÇÃO E REDISTRIBUIÇÃO DE NUTRIENTES ............................................ 49
UNIDADE III
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS, FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE E FUNÇÃO DOS MACRONUTRIENTES 
E MICRONUTRIENTES NAS PLANTAS ...................................................................................................... 55
CAPÍTULO 1
MACRONUTRIENTES ................................................................................................................ 56
CAPÍTULO 2
MICRONUTRIENTES ................................................................................................................. 68
CAPÍTULO 3
USO DE FERTILIZANTES PARA SUPRIR AS NECESSIDADES NUTRICIONAIS DAS PLANTAS ................ 77
UNIDADE IV
ANÁLISE DO SOLO E DIAGNOSE FOLIAR UTILIZANDO A AGRICULTURA DE PRECISÃO ............................. 84
CAPÍTULO 1
DIAGNOSE FOLIAR E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DA ANÁLISE FOLIAR ........................... 86
CAPÍTULO 2
ANÁLISE DA FERTILIDADE DO SOLO E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ................................. 94
CAPÍTULO 3
NUTRIÇÃO MINERAL E FERTILIDADE DE PLANTAS UTILIZANDO A AGRICULTURA DE PRECISÃO ..... 98
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 105
5
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos 
conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da 
área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que 
busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica 
impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
6
7
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para 
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de 
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
8
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
9
Introdução
Nesta apostila serão abordados alguns tópicos relevantes à nutrição mineral de plantas 
e fertilidade do solo. Os capítulos que compõem essa apostila são, em grande parte, 
compilações de materiais didáticos e artigos referentes às áreas da Ciência do solo e 
Nutrição de plantas. 
A participação dos alunos, mesmo que seja no ensino a distância, é de fundamental 
importância para o aprimoramento contínuo e o enriquecimento do processo 
ensino-aprendizagem, uma vez que o professor não ensina, mas ajuda o aluno a 
aprender. Esse material didático deverá servir como um referencial dos conteúdos 
abordados, sem que venha a inibir a participação e o dinamismo nas discussões sobre 
os assuntos. 
Diante disso, o estudo da fertilidade do solo e manejo de nutrientes é determinante para 
a produtividade das culturas e para o rendimento econômico, sempre se preocupando 
com a conservação do solo e a sustentabilidade agrícola. Dentro da nutrição de plantas, 
tem a importância dos macronutrientes e micronutrientes para o desenvolvimento da 
planta com o uso de fertilizantes químicos e biofertilizantes. Já a fertilidade do solo 
engloba o estudo das propriedades físicas, químicas e biológicas, ressaltando as práticas 
de conservação dessa fertilidade do solo.
Devido às vastas áreas de produção de grãos, hortaliças e frutas do Brasil; e à baixa 
fertilidade do solo, principalmente no Semiárido do Brasil, que vem passando cada vez 
mais por um processo de desertificação e salinização devido à falta d’água, clima quente 
e práticas de irrigação mal planejadas, o País vem se destacando por utilizar muitos 
fertilizantes químicos. Esses adubos lixiviam para camadas mais profundas e afetam a 
qualidade da água dos lençóis freáticos, importante fonte de água para os brasileiros.
Diante disso, a agricultura de precisão (AP) vem para minimizar esses efeitos do mal 
manejo da adubação e da fertilidade do solo. É uma ferramenta que vem crescendo 
na nutrição de plantas e na fertilidade do solo com o intuito de auxiliar nesse controle 
da aplicação de fertilizantes. O geoprocessamento (confecção de mapas de fertilidade) 
e o uso de sensores mais tecnificados são cada vez mais utilizados na diagnose de 
sintomas referentes à nutrição, objetivando aumentar a eficiência e a sustentabilidade 
daaplicação desses fertilizantes. 
Com essas ferramentas o produtor terá uma maior probabilidade de aumentar sua produção 
por utilizar o mínimo de insumos para isso, alcançando, assim, menores custos por ha.
10
Objetivos
 » Sistematizar as informações disponíveis e compatibilizá-las ao enfoque 
da disciplina, procurando auxiliar no processo de ensino-aprendizagem, 
uma vez que planejamento e organização são fundamentais para uma 
boa aprendizagem. 
 » Elucidar a importância da nutrição mineral de plantas para a agricultura. 
 » Aplicar os conhecimentos sobre a fertilidade do solo, adotando as medidas 
adequadas para evitar a erosão e a perda de nutrientes. 
 » Apresentar as novas ferramentas utilizadas na agricultura de precisão 
para melhorar a diagnose de sintomas de falta ou excesso de nutrientes.
11
UNIDADE I
INTRODUÇÃO AO 
ESTUDO DE NUTRIÇÃO 
MINERAL DE PLANTAS E 
FERTILIDADE DO SOLO
Nessa unidade falaremos um pouco sobre a fertilidade do solo e a nutrição mineral 
de plantas. Elas são estudadas em todo o mundo com o intuito de determinar como 
deve ser feito o manejo dos nutrientes de forma que se obtenha a maior produtividade 
econômica para o sucesso da agricultura.
A situação não é diferente no Brasil, no entanto os solos daqui apresentam algumas 
características que podem ser generalizadas, como poucos impedimentos físicos, mas 
com muitos impedimentos químicos. As adversidades químicas aqui encontradas são: 
clima tropical, altas temperaturas e chuvas desregulares (principalmente no semiárido 
nordestino), acentuando o intemperismo e a erosão do solo. 
Estes fatores fazem com que desde a sua formação, a partir da rocha, no geral pobre 
em nutrientes, em milhões de anos, os nutrientes sejam perdidos principalmente por 
erosão e lixiviação, deslocando da superfície do solo para camadas mais profundas ou 
sendo removidos do sistema, formando, assim, solos com baixo teor de nutrientes e 
com maiores teores de caulinita e óxidos de ferro e alumínio. 
Os valores de saturação por alumínio associados a solos ácidos encontrados indicam 
problemas potenciais de toxidez às plantas e dificultam que o sistema radicular da 
mesma se desenvolva normalmente, deixando as raízes mais grossas e curtas, reduzindo, 
assim, a capacidade de absorção de água e nutrientes.
Então, diante disso, qual a importância de se estudar a nutrição mineral de plantas 
e a fertilidade do solo na agricultura, sabendo que o Brasil é um grande produtor e 
exportador de frutas, hortaliças e grãos? As respostas para essas perguntas serão vistas 
ao longo dessa apostila.
12
CAPÍTULO 1
Conceito de nutrição mineral de 
plantas e de fertilidade do solo
Nutrição mineral de plantas
Uma dieta balanceada é essencial para a sobrevivência de qualquer ser vivo, não importa 
se é animal ou vegetal. Sem a alimentação correta ninguém consegue viver direito e 
permanecer saudável por muito tempo, com as plantas acontece o mesmo.
Mesmo que no solo alguns dos principais nutrientes estejam presentes, a planta ainda 
precisa de um complemento para crescer de forma mais saudável. Uma série de elementos 
minerais são individualmente necessários à medida que o crescimento das plantas 
somente ocorrerá se todos esses nutrientes estiverem adequadamente disponíveis. 
O fator limitante ou deficiente para o crescimento da cultura muitas vezes pode ser a 
água, a radiação solar ou até mesmo o dióxido de carbono, mas na maioria das vezes a 
falta de um nutriente essencial para a planta vai fazer com que ela não consiga atingir 
seu potencial máximo de produção. 
Por isso é importante que a planta tenha uma adubação equilibrada que contemple 
todos seus requerimentos e que permita que o produtor tenha uma boa produção e 
qualidade, gerando os melhores rendimentos. Para isso é importante saber qual a 
função dos nutrientes e suas interações com outros elementos minerais, bem como 
a identificação dos sintomas de deficiência ou excesso destes nas plantas. 
Quando o homem deixou de ser nômade e se fixou principalmente em áreas delimitadas, 
ele começou a se preocupar em melhorar o solo, pois safras seguidas diminuíam a sua 
fertilidade e consequentemente repercutia em menores produtividades. Com o decorrer 
dos anos, o homem civilizado aproveitou conhecimentos de biologia e química e formulou 
hipóteses sem grandes respaldos científicos, mas principalmente fundamentadas em 
observações de campo, tentando descobrir quais seriam os agentes fomentadores da 
produção agrícola. 
O conhecimento atual do conceito de nutrição de plantas é historicamente recente. 
A primeira hipótese foi a do fogo, já que após queimadas de vegetais vivos o solo 
apresentava uma condição melhor para obtenção de maiores colheitas, induzindo que 
o fogo era o alimento da planta. 
13
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO │ UNIDADE I
Sabemos, hoje, que essa melhor condição se deve à abrupta mineralização da matéria 
orgânica, levada pelo processo de combustão, deixando em formas disponíveis elementos 
como o fósforo, potássio, cálcio, magnésio e micronutrientes. Entretanto, essa prática 
não deve ser incentivada, pois erradica a vida do solo, por reduzir a população de fungos, 
bactérias, actinomicetos, minhocas e outros. 
Após a primeira queimada, a produção de uma cultura será maior pelas razões apontadas 
acima, entretanto queimadas sucessivas levam o solo a ficar praticamente estéril. Para a 
recuperação de um solo nessas condições, se faz necessário que este fique sob “pousio” 
por largo período de tempo e que sejam fomentadas práticas conservacionistas como: 
adubação orgânica corretiva e adubação verde, devolvendo a matéria orgânica que foi 
extinta pela queimada.
A segunda hipótese sugeria que a água era o agente responsável pela produção, pois 
após precipitações pluviométricas, os campos melhoravam. Hoje sabemos que a água 
exerce papéis importantes no ambiente do solo e no metabolismo da planta, por ser o 
agente solubilizador de alguns adubos, levando os nutrientes até às raízes para serem 
absorvidos, além de ser responsável pela turgescência das plantas. 
A terceira hipótese, a humística, foi levantada pela observação de que em solo com 
maior quantidade de resíduos orgânicos aumentava a produção agrícola. Just Von 
Liebig (1803-1873) “pai da nutrição mineral de plantas” estabelecia que os alimentos 
de todas as plantas verdes são as substâncias inorgânicas ou minerais. Ele contribuiu 
no progresso da fertilidade e fertilização do solo, com as leis do mínimo e da restituição 
de elementos ao solo.
Portanto, segundo Epstein e Bloom (2006), a principal contribuição de Liebig à nutrição 
de plantas foi a de ter “derrubado” a hipótese humística de que a matéria orgânica do 
solo era a fonte do carbono absorvido pelas plantas. 
Com base em trabalhos que Liebig efetuou em fisiologia vegetal e nutrição de plantas, 
e alicerçado pelos conhecimentos existentes de química inorgânica e orgânica da 
época, afirmou que a planta se alimentava de elementos químicos e não de moléculas 
complexas. Estava então estabelecida a teoria da nutrição mineral de plantas.
Dessa forma, segundo a teoria desse pesquisador, a planta vive de ácido carbônico, 
amoníaco (ácido azótico), água, ácido fosfórico, ácido sulfúrico, ácido silícico, cal magnésia, 
potassa (soda) e ferro. Definindo-se, assim, a exigência das plantas aos macronutrientes. 
Além disso, Liebig contribuiu para o surgimento das indústrias de adubos. Só no século 
XX é que se definiu o conceito de micronutrientes, ou seja, aqueles igualmente essenciais, 
porém exigidos em menores quantidades pelas plantas.
14
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO
Com o desenvolvimento da ciência no decorrer dos anos e o aumento das pesquisas 
em fisiologia e nutrição de plantas (com base nos critérios estabelecidos da 
essencialidade de elementos para o metabolismo vegetal), atualmente são conhecidos 
16 elementos essenciais àvida vegetal, como: carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio 
(O), nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), enxofre 
(S), os quais são designados como macronutrientes, pois as plantas requerem em 
maiores quantidades.
Completando a lista dos 16, temos ainda: ferro (Fe), cobre (Cu), zinco (Zn), manganês 
(Mn), boro (B), molibdênio (Mo) e o cloro (Cl), que recebem o nome de micronutrientes. 
Chamamos atenção que tanto os macro como os micronutrientes desempenham papéis 
importantes na vida vegetal, logo nenhum elemento é mais importante que o outro 
(MALAVOLTA, 2006).
Os nutrientes minerais são adquiridos primariamente na forma de íons inorgânicos e 
entram na biosfera predominantemente através do sistema radicular da planta. A grande 
área superficial das raízes e sua grande capacidade para absorver íons inorgânicos em 
baixas concentrações na solução do solo torna o processo de absorção mineral pela 
planta bastante efetivo. 
Além disso, outros organismos, como os fungos (micorrízicos) e as bactérias fixadoras 
de nitrogênio, frequentemente contribuem para a aquisição de nutrientes pelas plantas. 
Depois de absorvidos, os íons são transportados para as diversas partes da planta, onde 
são assimilados e utilizados em importantes funções biológicas.
Com isso, a alta produção agrícola depende fortemente da fertilização com elementos 
minerais, já que a maioria dos solos brasileiros tem pouca fertilidade, como já foi 
discutido anteriormente. No entanto, as plantas cultivadas, tipicamente, utilizam 
menos da metade dos fertilizantes aplicados. 
O restante pode ser lixiviado para os lençóis subterrâneos de água, tornar-se fixado 
ao solo ou contribuir para a poluição do ar. Assim, torna-se de grande importância 
aumentar a eficiência de absorção e de utilização de nutrientes, reduzindo os custos de 
produção e contribuindo para evitar prejuízos ao meio ambiente.
Diante do que foi falado, resume-se que o estudo de como as plantas absorvem, 
transportam, assimilam e utilizam os íons é conhecido como Nutrição Mineral. 
Enfatizando que esta área do conhecimento busca o entendimento das relações iônicas 
sob condições naturais de solo (salinidade, acidez, alcalinidade, presença de elementos 
tóxicos, como Al3+ e metais pesados, etc), porém o seu maior interesse está ligado 
diretamente à agricultura e à produtividade das culturas, sem perdas e excesso.
15
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO │ UNIDADE I
Fertilidade do solo
Solos férteis permitiram o desenvolvimento de civilizações e a criação de riquezas 
em muitas regiões do mundo. A existência da fertilidade natural para solos 
produtivos não é mais uma necessidade, já que a tecnologia no uso de insumos como 
corretivos e fertilizantes tornou produtivos solos antes considerados impróprios para 
a produção agrícola.
A fertilidade do solo pode ser considerada como o ramo da ciência que estuda a 
capacidade dos solos em suprir nutrientes de plantas. Para cada nutriente procura-se 
aprofundar os conhecimentos para melhorar o entendimento das transformações, da 
mobilidade e da disponibilidade de cada elemento para as plantas.
A fertilidade do solo, como disciplina, trata não apenas de um conjunto de atributos 
físicos e químicos do solo, mas também do conhecimento necessário para compreender 
como os nutrientes podem ser controlados em diferentes sistemas de produção, visando 
otimizar a produção agrícola, sem perder de vista a sustentabilidade (RAIJ, 2011).
Fazendo-se uso de conhecimentos básicos adquiridos e da correta avaliação da 
capacidade do solo em suprir nutrientes às plantas, pode-se fazer o correto manejo 
da adubação e da correção do solo. Não se pode ignorar a existência de solos férteis, 
que permitem a obtenção de elevadas produtividades, sem uso de corretivos ou 
de fertilizantes.
No entanto, a maioria dos agricultores ou produtores estão sempre buscando suprir 
as deficiências de nutrientes para obter maiores produtividades. Presume-se que cerca 
de 70% dos solos cultivados no Brasil apresentam uma ou mais limitação séria da 
fertilidade (SANCHEZ; SALINAS, 1981). Mas, através dos conhecimentos gerados pela 
pesquisa em fertilidade do solo, solos aparentemente improdutivos podem tornar-se 
ótimos produtores de grãos, frutas e hortaliças.
Mais do que nunca, o agricultor precisa conscientizar-se que o correto manejo da 
fertilidade do solo é responsável por cerca de 50% dos ganhos de produtividade das 
culturas. É lamentável que diversos conhecimentos básicos sobre a fertilidade do 
solo ainda não são devidamente adotados por muitos agricultores brasileiros. A título 
de exemplo, cita-se o fato de que a análise química do solo ─ o mais usado método 
de avaliação da fertilidade do solo nos países desenvolvidos ─ ainda é grandemente 
desprezada, às vezes, até mesmo por técnicos.
Além da destacada importância da aplicação dos conhecimentos em fertilidade do solo 
para a produção vegetal em áreas antes improdutivas, deve-se ressaltar que os avanços 
na agricultura, como a irrigação, o uso de variedades mais produtivas (melhoramento 
16
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO
genético), manejo mais eficiente do solo, entre outros; tendem a aumentar ainda mais 
a importância do manejo da fertilidade do solo na produção vegetal.
É preciso destacar que o uso inadequado de fertilizantes, tanto de natureza mineral 
quanto orgânica, além do baixo retorno econômico, pode resultar em sérios problemas 
ao ambiente. Por meio da aplicação dos conhecimentos da fertilidade do solo pode-se 
conciliar a economicidade da atividade agrícola com a preservação do meio ambiente, 
no que concerne ao uso de corretivos, como o calcário e fertilizantes.
Quando a fertilidade do solo foi definida como sendo a disciplina que estuda a capacidade 
dos solos em suprir nutrientes de plantas, estava implícito o fato de que “suprir” implica 
em o solo ter o nutriente e, ao mesmo tempo, fornecê-lo às raízes. Em outras palavras, 
o nutriente em forma capaz de ser suprido é considerado disponível às plantas. Com 
isso, o termo nutriente disponível é muito usado em fertilidade do solo, mas precisa ser 
melhor entendido.
A fertilidade do solo tem relação com outras disciplinas, pois esta é uma subdivisão 
da ciência do solo que trata da nutrição de plantas cultivadas no sistema solo-planta. 
O manejo adequado de nutrientes depende cada vez mais do apoio da física, química, 
mineralogia, microbiologia do solo, fisiologia vegetal, melhoramento genético, 
estatística, fitotecnia e economia. Logo, quanto maior for o conhecimento de todas 
essas outras áreas, melhor será o manejo da fertilidade do solo (RAIJ, 2011).
17
CAPÍTULO 2
Propriedades físicas e químicas 
dos solos
Solo
Solo só se conceitua vida. É a parte superficial intemperizada não consolidada da crosta 
terrestre, contendo matéria orgânica e organismos vivos. É o meio em que se desenvolvem 
as plantas, que dele obtêm, através das raízes, água e nutrientes. Resumindo, solo é 
um recurso natural notável com propriedades e atributos que lhe permitem sustentar 
desde microrganismos até organismos superiores.
Segundo Raij (2011), a presença de organismos e de matéria orgânica é o que distingue 
o solo de regolito, propiciando condições diferenciadas e muito mais acentuadas de 
porosidade e retenção de água e nutrientes. O solo pode, então, ser visto como um 
reator que consome matéria orgânica fresca, produzindo húmus e liberando parte dos 
nutrientes e gás carbônico.
Logo, o solo é a base da agricultura. Dada à importância da agricultura, o solo se constitui 
em um dos mais importantes recursos para que possamos continuar produzindo e 
atendendo às necessidades da geração atual e também das gerações futuras. Desta forma, 
conservar o solo é uma tarefa para todos nós.
Propriedades físicas do solo
As alterações nas propriedades do solo afetam a sustentação do crescimento vegetal,e, consequentemente, o rendimento das culturas, causando impactos diretos para o 
produtor rural. 
Então, é preciso buscar alternativas que sejam sustentáveis ao longo do tempo, de forma 
que melhorem ou mantenham uma estrutura física capaz de exercer as suas funções 
para o crescimento e ancoragem das raízes, bem como favorecer o suprimento de água, 
oxigênio e os outros nutrientes (BLAINSKI et al., 2008).
As propriedades físicas do solo influenciam a função do ecossistema e a escolha do 
melhor manejo a ser adotado. Portanto, para Prevedello (1996), para manter um solo 
produtivo, bem como adequar determinadas estratégias de manejo, é importante 
18
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO
que sejam analisadas suas propriedades físicas (densidade, porosidade, textura, 
entre outros).
O sucesso ou fracasso de projetos agrícolas ou de engenharia muitas vezes é dependente 
das propriedades físicas do solo utilizado. A ocorrência e crescimento de diferentes 
espécies vegetais e o movimento de água e solutos estão diretamente relacionados às 
propriedades físicas do solo.
Se pensarmos no solo como uma casa, as partículas sólidas são os tijolos com os quais 
a casa é construída. A textura do solo descreve o tamanho das partículas. As frações 
minerais mais grosseiras são normalmente cobertas por argila e outros materiais 
coloidais (SILVA, 2010).
Quando houver predomínio de partículas minerais de maior diâmetro, o solo é 
classificado como cascalhento, ou arenoso; quando houver predomínio de minerais 
coloidais, o solo é classificado como argiloso. Todas as transições entre estes limites são 
encontradas na natureza.
Na construção de uma casa, a maneira como os tijolos estão dispostos determina a natureza 
das paredes, quartos e corredores. A matéria orgânica e outras substâncias atuam como 
agente cimentante entre as partículas, formando os agregados do solo. A estrutura do solo 
descreve a maneira como as partículas são agregadas. Esta propriedade, portanto, define a 
configuração do sistema poroso do solo.
A textura e a estrutura do solo contribuem na capacidade de fornecimento de nutrientes, 
assim como na retenção e condução de água e ar, necessários para o desenvolvimento 
radicular das plantas (SILVA, 2010).
Esses fatores também determinam o comportamento do solo quando utilizado em 
estradas, construções, fundações ou cultivo. Pela sua influência no movimento da 
água através do solo e fora dele, as propriedades físicas também exercem uma grande 
influência sobre a degradação do solo pelo processo erosivo.
A matéria orgânica do solo, que melhora as propriedades físicas deste, participa da 
estruturação e da retenção de água no solo (LEPSCH, 2002). A fração orgânica ocorre 
no solo em diferentes estágios de decomposição, contando, ainda, com organismos vivos 
e em atividade (REICHARDT, 1990). Falaremos um pouco mais sobre essa variável nos 
próximos capítulos.
Logo, as propriedades físicas do solo mais estudadas são: textura, cor, porosidade, 
densidade e estrutura do solo. Abaixo falaremos um pouco mais sobre cada uma delas.
19
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO │ UNIDADE I
Cor e textura do solo
A cor é um dos mais úteis atributos para caracterizar solos e sua determinação constitui 
importante fonte de informação para a pedologia, pois identifica e auxilia na distinção 
de classes de solos e na delimitação de horizontes nos perfis. 
A cor é determinada no campo pela sua comparação visual com padrões existentes 
em cartas de cor do Munsell Soil Color Company, em 1975. A cor do solo é função, 
principalmente, da presença de óxidos de Fe e matéria orgânica, além de outros fatores, 
tais como: a umidade e a distribuição do tamanho de partículas.
Sabe-se que o solo é constituído de uma mistura de partículas sólidas de natureza 
mineral e orgânica, ar e água, formando um sistema trifásico: sólido, gasoso e líquido. 
As partículas da parte sólida variam em tamanho, forma e composição química, sendo 
sua combinação o que forma a matriz do solo. 
A distribuição quantitativa das partículas de areia, silte e argila, desta composição da 
matriz, formam a textura do solo, que é uma das características físicas mais estáveis e 
mais importantes na agricultura (Figura 1). 
Figura 1. Diagrama triangular da textura do solo.
Fonte: http://solosfilipe.yolasite.com/dados.php.
Esta fase sólida mineral do solo, composta de partículas de areia, silte e argila estão 
reunidas pela ação de agentes cimentantes, formando as unidades estruturais do solo, 
20
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO
sendo os principais minerais de argila, a matéria orgânica e os óxidos de ferro e alumínio 
(CAMARGO; ALLEONI, 1997).
Logo, a textura do solo é definida pela proporção relativa das classes de tamanho de 
partículas de um solo. A Sociedade Brasileira de Ciência do Solo define quatro classes de 
tamanho de partículas menores do que 2 mm, usadas para a definição da classe de textura 
dos solos: areia grossa (2 a 0,2 mm ou 2000 a 200 µm), areia fina (0,2 a 0,05 mm ou 200 
a 50 µm), silte (0,05 a 0,002 mm ou 50 a 2 µm) e argila (menor do que 2 µm).
Desconsiderando a presença da matéria orgânica e de partículas maiores do que 2 mm 
no solo, o total de partículas de um solo é igual ao somatório da proporção de areia, silte 
e argila, de maneira que um solo pode ter de 0 a 100% de areia, de silte e de argila. Na 
prática, solos argilosos retêm mais água que os arenosos, em que os últimos propiciam 
uma maior taxa de infiltração no solo, precisando de irrigações mais frequentes para 
manter a turgescência da planta.
A cor, textura e outras propriedades físicas do solo são utilizadas na classificação de 
perfis e em levantamentos sobre a aptidão deste para projetos agrícolas e ambientais. 
O conhecimento básico sobre essas propriedades servirá como base para a compreensão 
de muitos aspectos que serão abordados posteriormente.
Porosidade do solo
Segundo Curi et al. (1993), o espaço do solo não ocupado por sólidos e ocupado pela 
água e ar corresponde ao espaço poroso, definido como sendo a proporção entre o 
volume de poros e o volume total de um solo. A porosidade é inversamente proporcional 
à densidade do solo e de grande importância direta para o crescimento de raízes e 
movimento de ar, água e solutos no solo. Este volume resulta na porosidade total do 
solo, subdividida em microporos e macroporos.
A microporosidade é uma classe de tamanho de poros que, após ser saturada em água, a 
retém contra a gravidade. Os macroporos, ao contrário, após serem saturados em água 
não a retém, ou são esvaziados pela ação da gravidade. 
Segundo Lima e Lima (1996), a funcionalidade desses poros fica evidente quando se 
considera que os microporos são os responsáveis pela retenção e armazenamento 
da água no solo e os macroporos responsáveis pela aeração, maior contribuição na 
infiltração de água no solo, movimentação de água e penetração de raízes.
A porosidade do solo e a relação entre a macroporosidade e microporosidade são fatores 
importantes para a avaliação da estrutura deste. Na prática, em solo compactado, 
21
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO │ UNIDADE I
o número de macroporos é reduzido, os microporos são em maior quantidade e a 
densidade também é maior (JIMENEZ et al., 2008). 
No entanto, segundo Beutler e Centurion (2003), a quantidade de macroporos influencia 
no crescimento das raízes e na absorção de água e nutrientes, e sua redução induz ao 
crescimento lateral de raízes, que diminuem seu diâmetro a fim de penetrarem nos 
poros menores.
A determinação da porosidade total (Pt) em laboratório é feita, principalmente, de dois 
modos: 
1. saturando-se uma amostra de solo e medindo-se o volume de água 
contido e;
2. por cálculo conhecendo-se a densidade do solo (Ds) e a densidade das 
partículas (Dp).
Densidadedo solo e das partículas
A densidade do solo (Ds) é outro importante atributo físico deste, pois fornece indicações 
a respeito do estado de sua conservação, sobretudo em sua influência em propriedades 
como infiltração e retenção de água no solo, desenvolvimento de raízes, trocas gasosas 
e suscetibilidade deste solo aos processos erosivos, sendo muito utilizada na avaliação 
da compactação dos solos (GUARIZ et al., 2009). 
Essa densidade expressa a relação entre a quantidade de massa de solo seco por 
unidade de volume do solo. No volume do solo é incluído o volume de sólidos e o de 
poros do solo. Entretanto, havendo modificação do espaço poroso haverá alteração 
da Ds. 
A elevação da densidade do solo prejudica o desenvolvimento das plantas, ocasionando 
aumento da resistência mecânica à penetração de raízes, alterando a movimentação 
de água e nutrientes e a difusão de oxigênio e outros gases, levando ao acúmulo de gás 
carbônico na área radicular (ISHAQ et al., 2001).
Relacionando com as classes texturais de solos, Sá e Junior (2005) afirmam que os solos 
arenosos apresentam valores de densidade naturalmente mais elevados em relação aos 
solos argilosos, exemplificando uma densidade de 1,5 g cm-3, que em solo argiloso pode 
significar um elevado grau de compactação, enquanto que em um solo arenoso não 
significa este problema. 
Os valores médios para solos arenosos variam de 1,2 a 1,9 g cm-3, enquanto solos 
argilosos apresentam valores de 0,9 a 1,7 g cm-3 (RAIJ, 2011). Segundo Klein (2008), a 
22
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO
densidade do solo descreve o estado da estrutura do solo e é também denominada por 
“densidade global”, ou “densidade aparente”, e suas unidades mais comuns são: g cm-3, 
Kg dm-3 e Mg m-3.
A resistência mecânica do solo à penetração (RP) é apontada como um dos fatores 
limitantes ao desenvolvimento e estabelecimento das culturas, pois ela expressa o grau 
de compactação do solo (RICHARDT et al., 2005). 
Segundo Genro Junior et al (2009), são possíveis indicativos de compactação quando 
o solo diminui a quantidade de água disponível e prejudica o crescimento radicular, 
confinando as raízes acima da camada compactada ou em partes do perfil, diminuindo 
assim o volume de solo explorado pelas raízes, a quantidade de ar, água e nutrientes 
disponíveis, limitando a produtividade das culturas.
A determinação da Ds é relativamente simples e baseia-se na coleta de uma amostra de 
solos de volume conhecido e com estrutura preservada com técnicas diversas, incluindo 
coleta de solo em cilindros, torrão ou feito diretamente no campo por escavação. 
Em todos necessita-se medir o volume da amostra e quantificar quanto de solo seco 
tem-se no volume coletado.
Já a densidade das partículas expressa a relação entre a quantidade de massa de solo 
seco por unidade de volume de sólido do solo; portanto não inclui a porosidade do solo 
e não varia com o manejo deste. Depende da composição química e da composição 
mineralógica do solo. 
Os componentes que predominam em solos minerais apresentam valores de Dp em 
torno de 2,65 g cm-3, exceção quando tem teor de matéria orgânica ou óxidos de ferro 
e alumínio altos. A matéria orgânica tem densidade específica de 0,9 a 1,3 g cm-3 e sua 
presença reduz a Dp, ao contrário da presença de óxidos que aumenta a Dp. 
O principal uso da Dp refere-se a cálculos de sedimentação de partículas em meio 
líquido e estimativa da porosidade de um solo quando se conhece a Ds.
Estrutura do solo 
Dentre as características físicas do solo mais importantes, relacionadas ao uso e manejo, 
está a estrutura. Ela resulta da agregação das partículas primárias do solo (areia, silte e 
argila) com outros componentes minerais e orgânicos (calcário, sais, matéria orgânica, 
entre outros). A agregação origina unidades estruturais compostas, chamadas de macro 
e microagregados do solo. O agrupamento dos agregados do solo, organizados numa 
forma geométrica definida, constitui a estrutura deste (RAIJ, 2011).
23
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO │ UNIDADE I
Logo, um solo bem estruturado deve ter:
 » Melhor infiltração e armazenamento da água, possibilitando uma boa e 
rápida infiltração da água da chuva, evitando o acúmulo superficial que 
favorece o escorrimento e a erosão, possibilitando também que a água, 
ao alcançar o interior do solo, fique armazenada mais profundamente e 
disponível para as raízes, no caso de estiagem prolongada. 
 » Maior espaço poroso para as trocas gasosas do sistema radicular 
(porosidade do solo). 
 » Maior atividade biológica no solo (macro e microrganismos): atividade 
biológica de macro e microrganismos, e crescimento do sistema radicular 
das plantas são beneficiados, pois a presença de macroporos garante boa 
aeração. 
 » Maior resistência à erosão: no solo bem estruturado as partículas do solo e 
agregados sofrem menos com a ação do impacto da chuva e escorrimento 
da enxurrada. 
 » Maior resistência à compactação. 
 » Maior eficácia dos corretivos da fertilidade do solo e aproveitamento 
dos fertilizantes pelas plantas, devido às condições de aeração, umidade, 
crescimento das raízes e atividade macro e microbiológica. 
 » Maior rapidez na decomposição dos resíduos orgânicos e consequente 
liberação de nutrientes, devido à maior atividade biológica.
Logo, um requisito muito importante para se manter um solo agrícola bem estruturado 
é fazer o seu manejo de forma adequada. Por isso, a importância de se conhecer as 
propriedades físicas do solo, pois com esse conhecimento a escolha do manejo será 
mais rápida e eficaz. 
Propriedades químicas do solo
Além das propriedades físicas do solo, estudam-se também as propriedades químicas 
deste. O sistema solo está constantemente em atividade química, em que várias reações 
se processam ao mesmo tempo dentro de cada uma de suas fases (sólida, líquida e 
gasosa). Devido a sua alta reatividade, a maioria dos fenômenos químicos ocorre nas 
partículas menores do solo, chamada fração coloidal. 
Os coloides do solo, que compreendem as partículas com diâmetro entre um mícron e 
um nanômetro, são compostos principalmente pelas argilas do solo e pela fração mais 
24
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO
reativa da matéria orgânica (ácidos húmicos e fúlvicos). Partículas menores que um 
nanômetro são chamadas de solutos e compreendem as moléculas de tamanho médio a 
pequeno, os íons e os átomos.
A fração coloidal do solo é bastante heterogênea, pois é constituída de diferentes espécies de 
minerais e materiais orgânicos e, ainda, está no solo em meio a partículas maiores, como 
silte e areia. Mas, mesmo assim, não deixa de expressar suas características químicas.
Logo, as principais características químicas do solo são: capacidade de troca catiônica (CTC), 
matéria orgânica (M.O.), pH e elementos minerais (micronutrientes, macronutrientes, 
alumínio, silício, entre outros). Variáveis como matéria orgânica e acidez do solo (pH) 
serão discutidas nos próximos capítulos, como também os elementos mineirais.
Falaremos um pouco sobre a CTC, em que ela representa a medida do poder de adsorção 
e toca de cátions do solo. A CTC é a quantidade de cátions que um solo é capaz de reter 
por unidade de peso (em cmolc kg solo-1). Constitui-se numa propriedade fundamental 
para a caracterização do solo e avaliação de seu potencial agrícola.
A CTC varia com o pH do solo em decorrência da existência de cargas dependentes do pH.
Por isso, são feitas duas medidas de CTC: ao pH natural do solo e em um pH 
pré-estabelecido. A CTC determinada ao pH natural do solo é denominada CTC efetiva 
ou CTC Real. A CTC determinada utilizando-se uma solução tamponada a pH 7,0 (maior 
que o pH do solo) é denominada CTC potencial ou CTC a pH 7,0 (RAIJ, 2011).
Como em solos ácidos o número de cargas negativas aumenta com o aumento do pH, 
a CTC potencialserá maior que a CTC efetiva. Como a CTC efetiva e potencial do solo 
representam, respectivamente, a quantidade de cátions que estão ou que podem ser 
adsorvidos, elas podem ser estimadas. Ao conjunto dos cátions que estão ocupando a 
CTC do solo, saturando-a, juntamente com as cargas negativas dos coloides denomina-
se complexo sortivo do solo.
A CTC efetiva (t) pode ser estimada somando-se as quantidades trocáveis dos cátions 
Ca2+, Mg2+, K+, Na+ e Al3+, os quais são normalmente determinados nas análises químicas 
do solo. Existem outros cátions trocáveis no solo, como NH4+, Mn2+, Cu2+, Zn2+, Fe2+, 
entre outros, mas considera-se que os teores destes são baixos e pouco afetam o valor 
da CTC. A CTC potencial do solo pode ser estimada através do “valor T”, que é a soma 
dos cátions trocáveis Ca2+, Mg2+, K+, Na+, Al3+ e H+. 
Dada a importância da CTC no solo, as características relacionadas com esta propriedade 
são constantemente determinadas e utilizadas em interpretações e em cálculos de 
necessidades de corretivos e de fertilizantes. 
25
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO │ UNIDADE I
A acidez trocável é representada pelo Al3+ mais o H+ que faz parte da CTC efetiva. 
Como, em geral, a participação do H+ é pequena em relação ao Al3+, este valor é também 
chamado de alumínio trocável. O alumínio é considerado como acidez porque, em 
solução, por hidrólise, gera acidez, de acordo com a seguinte equação simplificada:
Al3+ +3H2O → Al (OH)3 ↓ + 3H
+
A soma de bases (SB) é calculada somando-se os teores de Ca2+, Mg2+, K+, Na+ e NH4+ 
trocáveis. Nos solos ácidos de regiões tropicais, como os do Estado de Minas Gerais, os 
cátions trocáveis Na+ e NH4+ geralmente têm magnitude desprezível.
A saturação por alumínio (m) corresponde à proporção de Al3+ na CTC efetiva. O teor de 
alumínio trocável tem sido usado como indicador do potencial fitotóxico do alumínio 
no solo. Todavia, considerando a variação de CTC entre solos, um melhor indicador tem 
sido a percentagem de saturação de alumínio. Essa variável é calculada pela expressão 
a seguir:
����) � Al
��
��� ��Al��) �����
A saturação por Bases (V) é a participação das bases na CTC a um pH 7,0. É expressa 
em porcentagem.
� � SB� �����
Informações sobre os valores de CTC, SB e V além de refletirem as características 
mineralógicas da fração argila são úteis e necessárias para orientar o manejo das 
adubações de acordo com as características do solo (Tabela 1 e 2).
Tabela 1. Análise físico-química (Amostra 1).
Granulometria (g/100g) Densidade (g/cm3) pH CE (dS/m)
Areia Silte Argila Argila natural Grau de floculação Solo Partículas
30 15 55 40 27 1,80 2,69 8,6 0,79
Complexo sortivo (cmolc/kg)
Ca2+ Mg2+ Na+ K+ H+ + Al3+ Al3+ SB T V (%) PST (%)
4,0 1,0 4,5 0,70 0,15 0,00 10,2 10,4 98 43
Tabela 2. Análise físico-química (Amostra 2).
Granulometria (g/100g) Densidade (g/cm3) pH CE (dS/m)
Areia Silte Argila Argila natural Grau de floculação Solo Partículas
45 25 30 5 83 1,35 2,65 6,5 0,87
26
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO
Complexo sortivo (cmolc/kg)
Ca2+ Mg2+ Na+ K+ H+ + Al3+ Al3+ SB T V (%) PST (%)
7,0 2,0 0,66 0,80 0,40 0,00 10,46 10,9 96 6,0
Observando as amostras 1 (Tabela 1) e 2 (Tabela 2), conclui-se que a classe textural 
da amostra 1 é a argilosa e a da amostra 2 a franco-argilosa. Essa textura foi obtida 
por meio do diagrama triangular da classe textural de acordo com a Figura 1. Se fosse 
perguntado qual das duas análises revelam problemas que podem dificultar o uso do 
solo para a agricultura irrigada, a resposta seria a análise 1.
Chegamos a essa conclusão pelo fato de que o solo 1 apresenta um leve grau de 
compactação (densidade do solo = 1,8 g cm-3), além do agravante de ter textura argilosa, 
podendo apresentar problema de drenagem, além de valores elevados de argila natural, 
pH e Na+, apresentando um grau de floculação baixo.
Além disso, o solo é classificado como sódico, pois tem CE (condutividade elétrica) 
< 4, pH > 8,5 e PST (porcentagem de sódio trocável) > 15. Observa-se que o solo contém 
55% de argila e grau de floculação de 27%, evidenciando que o sódio está atuando como 
dispersante das argilas. Problema de infiltração, erosão (‘’run-off”) e plantas raquíticas 
são tipos de observações de campo necessárias para comprovar toda essa avaliação.
Qual seria então o principal problema apresentado pelo solo 1 e que técnicas seriam 
necessárias para sua correção? O principal problema seria o excesso de Na+; e técnicas 
como adição de matéria orgânica, correção química (gesso – substituição de Na+ por 
Ca2+), subsolagem/escarificação (descompactar) e lâmina de irrigação para lavar o 
excesso de Na+ seriam essenciais para melhoria desse solo.
Lembrando que o gesso é mais utilizado pelo baixo custo, podendo também utilizar 
enxofre, ácido sulfúrico, sulfato de ferro ou cloreto de cálcio. 
Logo, práticas conservacionistas como: plantio direto, terraceamento, bacias de 
retenção, rotação de culturas, cobertura morta, análise de fertilidade do solo, plantio 
em nível, uso correto de agroquímicos (agrotóxicos, herbicidas e fertilizantes químicos 
e orgânicos), manejo integrado de pragas, sistema de irrigação eficiente e cultivares 
adaptadas para a região podem ser utilizados para melhorar os atributos físicos, 
químicos e biológicos dos solos.
27
CAPÍTULO 3
pH e correção do solo
Acidez do solo
A condição desfavorável de reação do solo mais comum nos solos brasileiros é a acidez 
excessiva. O solo será mais ácido quando menor for a parte da CTC ocupada por cátions 
básicos (cálcio, magnésio, potássio e sódio). A acidificação do solo consiste na remoção 
desses cátions do complexo de troca catiônica, substituindo-os por alumínio trocável e 
hidrogênio não dissociado.
A distribuição quantitativa dos íons de hidrogênio nessas duas formas segue o mesmo 
princípio dos elementos nutrientes, ou seja, há uma pequena quantidade de H+ na 
solução e, quando estes são consumidos, a fase sólida os repõe, manifestando o poder 
tampão do solo.
Os solos podem ser naturalmente ácidos em razão da pobreza do material de origem em 
bases trocáveis (citadas anteriormente), no entanto o processo de exploração agrícola 
também é um fator gerador de acidez do solo, pela exportação e pela lixiviação de 
nutrientes (bases trocáveis), pela intensificação do ciclo da matéria orgânica, erosão 
e pelo próprio manejo da fertilidade do solo, com a aplicação de fertilizantes com 
efeito acidificante.
O cátion amônio (NH4
+), por exemplo, transforma-se no ânion nitrato (NO3
-) e em 
dois cátions de hidrogênio. A reação ácida decorrente da nitrificação do íon amônio 
manifesta-se tanto para adições de adubos nitrogenados ao solo como para os processos 
finais de mineralização da matéria orgânica do solo ou de resíduos vegetais.
 » 2NH4
+ + 3O2 → 2NO2
- + 4H+ + H2O (nitritação).
 » 2NO2
- + O2 → 2NO3
- (nitratação).
Reações envolvendo o CO2 também causam acidificação do solo. Em relação à reação do 
CO2 no solo, ela se dá pela seguinte forma:
 » CO2 + H2O → H
+ + HCO3
- 
Em que o HCO3
- (bicarbonato) pode reagir com H+, formando o H2CO3, em que esse 
ácido vai formar CO2 + H2O novamente, transferindo a acidez do solo para atmosfera. 
Os íons sulfato oriundos da mineralização da matéria orgânica também acidificam o 
solo, mas as quantidades envolvidas são muito menores que as de nitrogênio.
28
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO
A principal forma de avaliação da acidez do solo é pelo valor de pH, que representa 
a concentração (atividade) de íons hidrogênio na solução do solo e que é o logaritmo 
inverso da concentração de H+ na solução (pH = log 1/[H+]). A escala de pH varia de 
zero a 14, sendo o pH 7,0 a neutralidade. Esta informação apresenta efeito prático muito 
importante para a avaliação da fertilidade do solo, porque está diretamente relacionada 
à disponibilidade dosnutrientes às plantas.
Soluções com pH menor que 7,0 são considerados ácidas e as com pH maior são 
consideradas básicas. Como é expresso em escala logarítmica, para cada variação na 
unidade do pH, a concentração de íons hidrogênio varia 10 vezes e, por isso, uma 
pequena diferença de pH pode ser bastante significativa (RAIJ, 2011).
Nos solos, a amplitude de pH da solução do solo, chamado pH em água, é de 3,0 a 9,0, 
embora os valores mais comuns ocorram na faixa intermediária. Porém, a acidez do 
solo não é composta somente pelos hidrogênios presentes na fase líquida do solo, pois 
parte deles está adsorvida às cargas elétricas dos coloides da fase sólida. 
Assim, a acidez dos solos é dividida em dois tipos: acidez ativa (na solução do solo) e acidez 
potencial (hidrogênios adsorvidos). Por mais ácido que seja um solo, é extremamente 
fácil corrigir a acidez ativa. Bastaria alguns quilos de calcário por hectare. Entretanto, à 
medida que se neutralizam os íons H+ da solução, a fase sólida direta ou indiretamente 
libera H+ para a solução. Os íons H+ (diretamente) e os íons AI+3 (indiretamente), 
adsorvidos nos coloides da fase sólida, resultam na acidez potencial.
Quando em excesso, a acidez do solo é nociva para as plantas, pois há aumento das 
quantidades de elementos tóxicos, diminuição da disponibilidade de nutrientes 
(Figura 2), dentre outras consequências (MALAVOLTA, 2006).
Figura 2. Relação entre o pH e a disponibilidade dos elementos no solo.
Fonte: Malavolta (2006).
29
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO │ UNIDADE I
Logo, de forma resumida, os efeitos diretos e indiretos do pH do solo sobre o crescimento 
das plantas são:
 » Efeitos diretos: efeitos dos íons H+ que são absorvidos, podendo afetar 
diretamente o crescimento das raízes por fitotoxidade.
 » Efeitos indiretos: quando o pH exerce influências sobre os seguintes 
fenômenos: 
 › disponibilidade de nutrientes essenciais às plantas;
 › atividades de microrganismos dos solos, principalmente os que atuam 
sobre a mineralização da matéria orgânica e sobre a fixação do N2 
atmosférico e;
 › concentração de alumínio livre (Al3+) tóxico para as plantas.
A capacidade tampão de pH do solo é uma importante característica a ser mencionada. 
Ela é definida como a resistência que um solo apresenta à mudança de pH quando da 
adição de íons H+ ou OH- na solução. Solos com baixa capacidade tampão mudam de pH 
ao receberem doses relativamente pequenas de calcário. Nos solos com alta capacidade 
de poder tampão, a mudança de pH só é vista mediante a aplicação de doses mais altas 
de calcário (RAIJ, 2011).
A capacidade tampão de pH está diretamente relacionada com a natureza do complexo 
de troca catiônica, mais precisamente com acidez potencial ou de reserva do solo. 
Quanto maior for a quantidade de matéria orgânica e coloides no solo, maior será seu 
poder tampão.
Como venho falando sobre a aplicação de corretivos, como a calagem e a gessagem, 
nos capítulos anteriores, abaixo saberemos mais em detalhes o que essas práticas 
promovem na agricultura.
Calagem e gessagem
A calagem é uma prática agrícola utilizada para corrigir a acidez do solo. A correção 
da acidez superficial e subsuperficial do solo faz-se necessária para promover maior 
eficiência de absorção da água e nutrientes pelas plantas e obter melhores produtividades 
das culturas. Para essa correção, o insumo mais utilizado para a camada superficial do 
solo é o calcário e, para a subsuperficial, em solos com argila de baixa atividade, é o 
gesso agrícola (SOUZA; LOBATO, 2004).
30
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO
Calagem
A calagem, além de neutralizar a acidez do solo, diminui os conteúdos de hidrogênio 
(H+) e Alumínio (Al3+), aumentando as concentrações de cálcio (Ca2+) e magnésio (Mg2+). 
Com isso, haverá uma melhoria nas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo.
Embora existam inúmeros materiais, os mais econômicos e de uso técnico correto são 
os: calcários calcíticos ou cálcicos, dolomíticos e magnesianos. Em virtude de conter 
nas suas constituições maiores teores de óxido de magnésio (MgO) e bons conteúdos 
de óxido de cálcio (CaO), os calcários magnesianos e dolomíticos são mais usados que 
os calcíticos (Tabela 3).
Tabela 3. Composição dos principais materiais usados na prática da calagem.
Material CaO (%) MgO (%)
Calcíticos 40 - 45 <6
Magnesianos 31,39 6 - 12
Dolomíticos 25 - 30 >12
Fonte: Manual Ultrafertil, 1985.
O calcário tradicional é o produto obtido pela moagem da rocha calcária, tendo como 
constituintes o carbonato de Ca (CaCO3) e o carbonato de Mg (MgCO3). A sua reação no 
solo ocorre da seguinte forma: 
CaCO3 ou MgCO3 + H2O → Ca
2+ + Mg2+ + HCO3
- + OH-
Já o calcário “filler” é natural, micropulverizado e com 100% de reatividade. O calcário 
calcinado é um produto obtido industrialmente pela calcinação do calcário. 
Seus constituintes são CaCO3, MgCO3, CaO, MgO, Ca(OH)2 e Mg(OH)2.
A eficiência do corretivo deve ser alta, a qual é definida por meio do poder relativo de 
neutralização total (PRNT) ou poder de neutralização efetiva (PNE), que depende de 
duas características básicas:
 » Poder de neutralização (PN) ─ quantidade de ácidos que neutraliza. 
 » Reatividade (RE) – tempo de reação do calcário.
Logo, o PN expressa o potencial químico do corretivo em neutralizar a acidez do solo, 
ou seja, a sua riqueza em neutralizantes. Pode ser determinado em laboratório ou 
calculado por meio dos teores de CaO e MgO do corretivo.
Já a reatividade expressa a velocidade de manifestação do potencial químico do calcário 
(RE). Geralmente os calcários com menor granulometria (mais finos) reagem em menor 
31
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO │ UNIDADE I
tempo. O valor do RE é determinado em laboratório, através das taxas de reatividade, 
isto é, a porcentagem de ação do calcário no solo em um período de 3 meses.
Diante desses fatores, não devemos esquecer que as recomendações de calagem, pela 
análise do solo, são para a utilização de um calcário agrícola com PRNT igual a 100% e 
para ser incorporado na camada arável, ou seja, de 20 cm. 
Logo, quando o calcário que vai ser utilizado apresenta um PRNT de 80%, por exemplo, 
devemos fazer a correção da quantidade a ser empregada. Para corrigir esta quantidade 
usa-se um fator conhecido na literatura como “f” (SOUZA; LOBATO, 2004).
A quantidade aplicada de calcário no solo não está na dependência do pH, embora a 
acidez seja o fator que leva a diminuição deste, logo não se faz calagem baseado somente 
no pH do solo. 
Os métodos mais utilizados no Brasil para as recomendações de calagem são:
a. Elevação dos teores de Ca2+ + Mg2+ e/ou insolubilização de Al3+. 
b. Percentagem de saturação de bases.
A escolha de um ou outro método varia de região para região, Instituição de pesquisa 
ou preferência do técnico por uma ou outra fórmula.
Método da elevação dos teores de Ca2+ + Mg2+ e/ou 
insolubilização do Al3+
Esse método visa aumentar os conteúdos de cálcio e magnésio no solo, que deve ser igual 
ou superior a 2,0 cmol/dm³ de solo, e insolubilizar o alumínio trocável, tornando-o 
igual a 0,0 cmol/dm³ ou bem próximo desse valor.
Para aumentar os conteúdos de cálcio e magnésio, usamos a seguinte fórmula:
NC (t ha-1) = (2,0 – cmol/dm³ Ca2+ + Mg2+) 2,0 x f
Em que:
NC = Necessidade de calcário.
t ha-1= tonelada por hectare.
2,0 = teor mínimo aceitável de Ca2+ + Mg2+ no solo.
cmol/dm³ Ca2+ + Mg2+= quantidade de Ca2+ + Mg2+ encontrado no solo depois de 
analisado.
32
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO
2,0 = fator de correção usado para solos tidos com “poder tampão normal” . 
f = 100/PRNT. 
Nos solos característicos dos tabuleiros costeiros e outros, com um baixo percentual de 
argila, e com predominância de areia, solos tidos com “poder tampão normal”, usa-se 
a fórmula abaixo:NC (t ha-1) = (2,0 - cmol/dm³ Ca2+ + Mg2+) x 3,0 x f
Caso o solo seja extremamente arenoso, o fator de correção deve ser menor conforme é 
indicado abaixo:
NC (t ha-1) = (2,0 - cmol/dm³ Ca2+ + Mg2+) x 1,5 x f
Lembrando que solos com maior concentração de areia e menor de argila, são solos 
com menor poder tampão e bastantes susceptíveis a mudanças no seu pH, com uso 
exagerado de produtos ácidos ou alcalinos, logo o fator de correção da fórmula deve ser 
menor. Quando a concentração de argila aumenta, o pH do solo fica mais estável (solos 
com poder tampão normal) (RAIJ, 2011). 
Solos argilosos ou húmicos apresentam uma maior concentração de coloides, logo há 
uma maior dificuldade em aumentar e diminuir o pH. Os solos com poder tampão alto 
necessitam que o fator de correção da fórmula seja maior, o que incide no uso de maior 
quantidade de calcário.
Em relação à resistência que o solo oferece às mudanças de pH, que está intimamente 
ligada ao teor de matéria orgânica e à textura do solo (poder tampão), temos como 
exemplo dois solos:
 Solo 1: Solo 2:
 - pH 4,3 - pH 4,3
 - alto teor de M. - baixo teor de M.O.
 - textura argilosa - textura média a arenosa
 - maior acidez potencial - menor acidez potencial
 -maior poder tampão - menor poder tampão
Com as características citadas acima, utilizará mais calcário o solo 1, devido, 
principalmente, ao maior poder tampão, alto teor de matéria orgânica e textura argilosa.
33
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO │ UNIDADE I
Fórmula para neutralizar o alumínio trocável do solo (Al3+)
NC (t ha-1) = cmol/dm³ Al3+ x 2,0 x f (2,0 = poder tampão médio – texturas mais arenosas). 
NC (t ha-1) = cmol/dm³ Al3+ x 1,5 x f (1,5 = poder tampão baixo - textura média). 
NC (t ha-1) = cmol/dm³ Al3+ x 3,0 x f (3,0 = poder tampão alto – texturas mais argilosas). 
Método pela porcentagem de saturação de bases
NC (t ha-1) = � � (�����)� ���� 
T ou CTC = capacidade de troca de cátions. 
V2 = % de saturação de bases ótima para diferentes culturas (geralmente utiliza-se de 
70 a 80). 
V1 = % de saturação de bases encontrado na análise de solo.
Época e modo de aplicação do calcário
Para uma boa aplicação de calcário deve ser levada em consideração a dose e a 
uniformidade de aplicação. A aplicação deve ser feita de dois a três meses antes do plantio 
ou da primeira adubação em culturas perenes, pois trata-se de um material insolúvel em 
água, necessitando consequentemente de maior permanência no solo e que esse fique em 
pousio por algum tempo. No caso de uso de calcários mais reativos, a antecedência pode 
ser reduzida para cerca de 15 a 20 dias (RAIJ, 2011).
O modo de aplicação deve ser a lanço, ou seja, cobrindo todo o solo, para maior contato 
(maior uniformidade) entre as partículas do calcário e o solo, pois sendo insolúvel 
em água a sua solubilização só ocorrerá através de contato de partículas (Figura 3). 
Essa aplicação também pode ser feita utilizando o GPS agrícola em taxa variável, técnica 
essa incluída na agricultura de precisão, em que será discutida ao longo da apostila.
Figura 3. Aplicação de calcário via mecanizada e equipamentos utilizados na agricultura de precisão, como o 
GPS agrícola.
 
Fonte: http://www.tcrsolution.com.br/produtos/produtos-taxa_variavel/ http://revistagloborural.globo.com/Revista/
Common/0,,ERT304761-18282,00.html.
34
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO
Logo, em suma, a calagem melhora a estrutura do solo pelo efeito cimentante das 
partículas levado pelo íon cálcio, deixando o solo mais floculado, o que melhora a saída 
de CO2 e CH4, entrada de O2 e a drenagem da água (incremento no tamanho da raiz) 
(Figura 4). 
O calcário também aumenta a soma de bases, a capacidade de troca de cátions e a 
porcentagem de saturação de bases, elevando os teores de molibdênio e cloro. Além 
disso, aumenta a eficiência dos materiais fertilizantes. Em relação aos parâmetros 
biológicos, aumenta a população de macro e microrganismos do solo.
Figura 4. Aplicação de uma colher de sopa com calcário agrícola em um vaso com plantas de feijão.
Fonte: http://www.sindical.com.br/espaco-do-agricultor/beneficios-do-calcario.
Gessagem
Já o gesso agrícola (CaSO4. 2H2O) é um subproduto industrial resultante do ataque por 
ácido sulfúrico a uma fosforita ou apatita na produção de superfosfato. 
O gesso é um sal levemente solúvel em solução aquosa (2,5 g L-1), podendo atuar 
significativamente sobre a força iônica da solução do solo, de maneira que haja contínua 
liberação do sal para a solução por longos períodos de tempo. Essa característica 
permite que o gesso seja utilizado para diferentes finalidades na agricultura, entre as 
quais se destacam:
 » Fonte de Ca e S. 
 » Correção de camadas subsuperficiais (20 a 40 cm ou 30 a 60 cm) contendo 
alto teor de alumínio e/ou baixo teor de cálcio, ou seja, para melhorar o 
ambiente radicular de plantas. 
35
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO │ UNIDADE I
 » Evita a formação de camadas adensadas em solos muito intemperizados. 
 » Correção de solos sódicos (maiores teores de sódio).
Logo, recomenda-se a aplicação do gesso visando à melhoria do ambiente radicular 
das plantas (Figura 5), quando as camadas subsuperficiais do solo apresentarem as 
seguintes características: ≤ 0,4 Cmolc/dm³ de Ca2+ e/ou > 0,5 Cmolc/dm³ de Al3+ e/ou 
30% de saturação por Al2+. 
Em solos com baixa CTC, muito arenosos, o uso de uma quantidade maior de 500kg 
ha-1 de gesso leva a grandes perdas de cálcio por lixiviação (SOUSA; LOBATO; 
REIN, 1995).
Lembrando que a gessagem não altera o pH do solo, diferentemente da calagem. 
Figura 5. Uniformidade do sistema radicular com a aplicação de gesso: solo sem aplicar o gesso (A), solo com 
aplicação do gesso – 3t/ha (B).
Fonte: file:///C:/Users/Laise/Downloads/Resposta-a-gesso-pela-cultura-do-algodao-cultivado-em-sistema-de-plantio-direto-em-
um-latossolo-de-Cerrado.pdf.
Fórmula para neutralizar o alumínio trocável do solo (Al3+)
Dada a facilidade e a necessidade da determinação do teor de argila em análises do solo, 
Lopes e Guilherme (1992) sugerem, com base nos trabalhos de Sousa et al. (1992), o 
uso da fórmula abaixo para culturas anuais. No caso de culturas perenes, a necessidade 
de gesso (NG) deve ser multiplicada por 1,5. 
NG (kg ha-1) = 40 x % argila
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO
Para elevar o teor de cálcio trocável no solo em 1,0 cmolc/dm3, Malavolta (1991) propõe 
que são necessárias 2,5 t de gesso ha-1 e que a necessidade de gessagem, com base na 
análise da camada de 20 a 40 cm, pode ser dada por: 
NG (t ha-1) = (0,4 x t – cmolc Ca2+ dm-3) x 2,5 ou
NG (t ha-1) = (cmolc Al3+ dm-3 - 0,2x t) x 2,5
Em que t refere-se à CTC efetiva da camada de 20 - 40 cm.
Época e modo de aplicação do gesso
Na implantação de lavouras ou em culturas perenes já instaladas, o gesso deve ser 
distribuído uniformemente a lanço, conforme indicado para a aplicação de calcário. 
Inicialmente não é preciso incorporar o gesso como se faz com o calcário, devido à 
solubilidade e facilidade de movimentação descendente deste.
Entretanto, para reduzir perdas por escorrimento superficial da água e para acelerar 
a descida do gesso, é recomendada também a incorporação com gradagem e aração. 
Portanto, tanto para distribuição quanto para incorporação, as máquinas utilizadas na 
gessagem são basicamente as mesmas utilizadas na calagem.
Recomenda-se proceder a gessagem após certo período de reação do calcário, 
especialmente quando se faz a calagem com calcário comum, devido à sua reação mais 
lenta. Com isso, reduzem-se as perdas de magnésio e de potássio das camadas superficiais. 
37
UNIDADE II
MATÉRIA ORGÂNICA 
E ABSORÇÃO DE 
NUTRIENTES ESSENCIAIS 
PARA AS PLANTAS
Nessa unidade falaremos um pouco sobre um dos parâmetros mais importantes 
namelhoria do solo e no crescimento da planta, que é a matéria orgânica. É um 
atributo importante principalmente do ponto de vista qualitativo, pois permite prever 
características que auxiliam no manejo físico e químico do solo, como: maior ou menor 
possibilidade de erodibilidade, permeabilidade, aeração, capacidade de troca de cátions, 
poder tampão e disponibilidade de nutrientes.
Falaremos também sobre a adubação orgânica, como fazer compostagem e o que é a 
adubação verde. Além disso, iremos aprender um pouco mais sobre a essencialidade 
dos nutrientes e como eles são absorvidos, transportados e translocados para a planta 
via adubação.
38
CAPÍTULO 1
Matéria orgânica do solo
Importância da matéria orgânica do solo
Material orgânico é todo material de origem orgânica, reconhecível ou não que contenha 
o elemento carbono em sua estrutura. A decomposição da matéria orgânica do solo 
produz o húmus (material residual da matéria orgânica, de cor marrom a negra que 
retêm água) e este libera nutrientes para as plantas (Figura 6). Esses materiais têm 
diferentes resistências à decomposição.
Figura 6. Formação da matéria orgânica.
Fonte: autor.
Os fornecedores de matéria orgânica podem ser: plantas, resíduos vegetais (MO fresca) 
em diferentes estágios de decomposição/resíduos de animais, biomassa microbiana e 
de outros animais, resíduos sólidos (lodo de esgoto) e lixo urbano.
A matéria orgânica é composta de carboidratos e proteínas (compostos importantes que 
se decompõem rapidamente, contribuindo para o aumento de N, P e S no solo), lipídios 
(ceras e resinas ─ componentes resistentes à decomposição que contribuem com S e P 
para o solo) e lignina (composto muito resistente à decomposição que persiste no solo 
como um dos principais componentes do húmus).
39
MATÉRIA ORGÂNICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES ESSENCIAIS PARA AS PLANTAS │ UNIDADE II
A decomposição da matéria orgânica fornece praticamente mais de 90% do N do solo, 
mas a maioria dos solos contém pouca matéria orgânica, geralmente 2% ou menos. 
Ela contém cerca de 5% de N, mas somente cerca de 2% da MO são decompostos a cada 
ano, em geral menos que isto.
Assim, cada 1% de MO libera somente cerca de 10 a 40 kg de N a cada ano – muito abaixo 
das necessidades da maioria das plantas cultivadas. Além disso, a taxa de liberação é 
afetada pelas práticas de manejo. O preparo conservacionista, que vem sendo praticado 
em maior área a cada ano na América do Norte, por exemplo, leva a solos mais frios, 
menor velocidade de decomposição da MO e menores taxas de liberação de N.
A relação C/N é outro importante parâmetro da matéria orgânica, essa relação é 
estudada para conhecer o tempo de decomposição e a quantidade de nutrientes 
presentes no material orgânico. A relação C/N determinará o processo de decomposição, 
mineralização e disponibilidade de nitrogênio (N) para as plantas. 
Ela não é constante em todo o processo de desenvolvimento das culturas, mas varia 
com a idade das plantas. Matéria orgânica com baixa relação C/N decompõe-se mais 
rápido e libera maior quantidade de nutrientes para o solo. Logo, restos vegetais que 
apresentam alta relação C/N são de decomposição lenta. 
Com o húmus formado, a matéria orgânica vai propiciar ao solo:
 » Maior permeabilidade ao ar e água, devido à formação de agregados, pois 
a presença da matéria orgânica deixa o solo mais “fofo”, já que reduz sua 
densidade. Além dos adubos orgânicos serem mais leves que o solo e, por 
isso, diminuírem a densidade do solo, eles colaboram na estruturação deste. 
 » A matéria orgânica melhora a aeração e a drenagem interna do solo, 
pois promove a agregação e a estruturação, formando poros com melhor 
distribuição de tamanho, facilitando a circulação do ar e da água. 
Além disso, a infiltração da água da chuva é aumentada. 
 » Maior estruturação do solo, em que o húmus dá mais liga aos solos 
arenosos, tornando-os mais bem arranjados, mais estruturados, e reduz 
a coesão dos argilosos, fazendo com que fiquem mais “leves”. Com menor 
densidade e solo estruturado, a compactação é diminuída e as raízes têm 
ambiente mais favorável para o seu crescimento. 
 » Aumento da capacidade de retenção de água, por meio da estruturação 
do solo – formando macro e microagregados e a rede de poros – e 
diretamente, pela sua grande capacidade específica de retenção de água. 
40
UNIDADE II │ MATÉRIA ORGÂNICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES ESSENCIAIS PARA AS PLANTAS
 » Aumento da CTC e da disponibilidade de macro e micronutrientes. 
 » Controle do pH do solo pelo efeito tampão no solo. 
 » Produção de substâncias ativadoras e/ou inibidoras do crescimento de 
microrganismos. 
 » Redução da erosão e compactação. 
 » Redução do efeito das altas temperaturas.
Como já foi dito anteriormente, os solos do Brasil são pobres em matéria orgânica, os 
principais fatores que ocasionam essa diminuição ou perda da MO são: 
 » Clima: a MO decompõe-se mais rapidamente quando as temperaturas 
são elevadas. Por isto é que os solos do clima quente contêm menos MO 
que aqueles do clima mais frio.
 » Textura do solo: os solos com textura fina contêm mais MO. Eles têm 
uma melhor retenção de água e de nutrientes e fornece condições ideais 
para o desenvolvimento das plantas. Lembrando que os solos do Brasil 
são mais arenosos, dificultando essa retenção de água.
 » Drenagem: nos solos úmidos, por apresentarem menos oxigênio, dificultam 
a decomposição da MO que vai se acumulando.
 » Mobilização do solo: o solo mistura o oxigênio dele mesmo aumentando 
a temperatura média e acelerando a decomposição da matéria orgânica. 
A remoção das camadas superficiais e de húmus pela ação da erosão 
provoca perdas de MO.
 » Vegetação: as raízes das plantas são as grandes formadoras de MO do 
solo, pois se decompõem a profundidades maiores.
Como já sabemos da importância da matéria orgânica do solo, veremos como é feita a 
adubação orgânica e como podemos utilizá-la de forma eficiente e sustentável.
Adubação orgânica
“Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” já disse Lavoisier. O adubo 
orgânico é constituído de resíduos de origem animal e vegetal que se decompõem, 
virando húmus. O adubo orgânico, como falado anteriormente, pode ser de origem 
vegetal e animal, mas também pode ser advindo de resíduos da agroindústria, de 
biodigestores e urbanos, entre outros.
41
MATÉRIA ORGÂNICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES ESSENCIAIS PARA AS PLANTAS │ UNIDADE II
O de origem animal mais conhecido é o esterco, o qual é formado por excrementos 
sólidos e líquidos dos animais e pode estar misturado com restos vegetais. Sua composição 
é muito variada e são bons fornecedores de nutrientes, tendo o fósforo e o potássio 
rapidamente disponível e o N fica na dependência da facilidade de degradação dos 
compostos.
São exemplos de resíduos advindos da agroindústria a vinhaça e a torta de filtro. A vinhaça 
é resíduo produzido em grande quantidade nas destilarias de álcool. A vinhaça de cana 
é rica em K e possui teores relativamente elevados de outros elementos. A composição 
desse resíduo é muito variável, dependendo das condições em que a usina vem operando 
(RAIJ, 2011) (Figura 7).
Já a torta de filtro é um resíduo da indústria açucareira oriundo da filtração a vácuo do 
lodo retido nos clarificadores. É composto de resíduos solúveis e insolúveis da fase de 
calagem. Cada tonelada de cana moída rende em torno de 40 kg. A torta é rica em P, 
Ca, Cu, Zn, Fe e possui relação C/N muito elevada, podendo diminuir a disponibilidade 
de N no solo. É deficiente em potássio, o que sugere a combinação deste resíduo com a 
vinhaça (MALAVOLTA, GOMES; ALCARDE, 2002).
Figura 7. Aplicação de vinhaça em área de plantio.
Fonte: http://www.agrolink.com.br/fertilizantes/FertilizantesOrganicos.aspx.
Os resíduos biodigestores são constituídos pelos efluentes de biodigestores e são 
considerados excelentes adubos orgânicos. Possuem composição muito variável, uma 
vez que o efluente consiste de materialque, por concentração, perdeu carbono. Se o 
material biodigerido contiver alta concentração de metais pesados, esses aparecerão 
em concentração ainda maior no efluente e poderão estar disponíveis para absorção 
pelas plantas.
Já como resíduos urbanos podemos citar o lodo do esgoto e o lixo urbano. O lodo de 
esgoto é um material sólido orgânico, ou inorgânico, removido das águas residuais 
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UNIDADE II │ MATÉRIA ORGÂNICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES ESSENCIAIS PARA AS PLANTAS
provenientes das residências e estabelecimentos comerciais nas estações de tratamento 
de esgoto.
A concentração de N, P e K no lodo depende das contribuições recebidas pelas águas 
residuais, do tipo de tratamento ao qual foi submetido e do manejo entre a sua produção 
e a sua aplicação no solo. Há volatilização da amônia durante a digestão aeróbica e 
durante a secagem.
A disponibilidade do N do lodo para as plantas diminui à medida que as formas 
inorgânicas (nitrato e amônia) diminuem e que as formas orgânicas se tornam mais 
estáveis durante a digestão nas estações de tratamento. O P e K, desde que presentes, 
estão na forma disponível. O lodo de esgoto possui o inconveniente de ser contaminado 
com agentes patogênicos e metais pesados.
O aproveitamento do lixo urbano é feito por diversos processos em função das 
quantidades, recursos e intenções, desde a decomposição ao ar livre até a fermentação 
em digestores fechados. Possui de 10 a 60% de umidade e 20 a 30% de matéria orgânica.
Como exemplo de aproveitamento de lixo urbano, o projeto “Utilização de Minhocas 
para Reciclagem” produziu os primeiros quilos de adubo orgânico. Esse projeto 
foi resultado da experiência do aproveitamento de resíduos sólidos oriundos do 
Restaurante Universitário (RU). A iniciativa partiu dos alunos, como forma de aplicar 
os conhecimentos obtidos em sala de aula e de apresentar uma solução para a destinação 
correta do lixo orgânico produzido no RU.
Com uma produção de aproximadamente 1.200 refeições por dia, o RU utiliza cerca 
de 400 Kg de alimentos (carne, arroz, feijão e verduras). Todo o lixo é dividido, entre 
orgânico e reciclável, e tudo possui um fim específico, em que o lixo sujo (comida que 
sobra das bandejas) é separado em baldes e coletado pela Prefeitura do Campus, que o 
deixa nas proximidades da horta, espaço improvisado para o projeto (Figura 8).
Figura 8. Processo de produção de adubo orgânico: 1 - Restos vegetais oriundos do Restaurante universitário, 
2 - Formação de pilhas ou leiras, com sobreposição dos resíduos orgânicos, 3 - Adubo em decomposição com 
adição de minhocas e 4 - Adubo orgânico pronto para uso. 
43
MATÉRIA ORGÂNICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES ESSENCIAIS PARA AS PLANTAS │ UNIDADE II
Fonte: http://empresaflorestaljr.blogspot.com.br/2014/11/adubo-organico.html.
O composto foi feito a partir da formação de pilhas ou leiras, com sobreposição dos 
resíduos orgânicos. A montagem da leira é realizada com a alternância dos diferentes 
tipos de resíduos em camadas, sempre acompanhados por restos de capim. Em seguida, 
adiciona-se uma camada de serragem e depois outra com restos de comida novamente e 
assim sucessivamente. O uso de esterco de qualquer animal também pode ser utilizado, 
pois funciona como inóculo de microrganismos, para acelerar o processo. 
Todo esse processo pode ser chamado de compostagem (conjunto de técnicas utilizadas 
para controlar a decomposição de materiais orgânicos). Ela tem como finalidade obter, 
no menor tempo possível, um material estável, rico em húmus e nutrientes minerais; com 
atributos físicos, químicos e biológicos superiores (sob o aspecto agronômico) àqueles 
encontrados na matéria-prima original. Lembrando que a temperatura e a umidade do 
material devem ser monitorados em todo o processo de formação do composto.
Vários materiais podem ser utilizados na compostagem, como já foi visto no projeto 
acima, podendo citar (MALAVOLTA, GOMES; ALCARDE, 2002):
 » Dejetos de animais (estercos de galinha, gado, porco, carneiro, etc.). 
 » Cascas e bagaços de frutas. 
 » Resíduos de culturas (cascas de arroz, palha de milho, vagem seca de 
feijão etc.). 
 » Folhas e ramos de mandioca, bananeira. 
 » Restos de capim (colonião, elefante, brachiara etc). 
 » Serragem, restos de capina, aparas de grama, restos de folhas do jardim. 
 » Além desses materiais, também podem ser utilizados para enriquecer o 
adubo orgânico: farinha de osso, cinzas e terra vegetal.
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UNIDADE II │ MATÉRIA ORGÂNICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES ESSENCIAIS PARA AS PLANTAS
Outra adubação orgânica, além da compostagem, é a adubação verde. É uma prática 
que visa realizar a recuperação dos solos que foram exauridos pelo cultivo de alguma 
espécie vegetal; melhorar a qualidade nutricional dos solos que são de natureza pobre, 
procurando manter a qualidade dos solos que se encontram produtivos (Figura 9).
Figura 9. Adubação verde.
 
Fonte: http://flores.culturamix.com/dicas/adubacao-verde-como-fazer.
O nome adubação verde vem pelo fato de o processo consistir em cultivar espécies 
vegetais, fazendo uma rotação entre as culturas cultivadas, de forma que as propriedades 
biológicas, físicas e químicas do solo, tenham o seu potencial aumentado e melhorado. 
A adubação verde gera um aumento da produtividade do solo, com melhoria na 
qualidade do produto obtido pela atividade agropecuária, diminui os gastos de 
adubação e controle de ervas daninhas (redução do consumo de adubo nitrogenado) e 
ainda recupera e estabiliza a capacidade de produção do solo.
As plantas da família das leguminosas, muito utilizadas nesse tipo de adubação, 
apresentam em suas raízes nódulos, em consequência da penetração de bactérias do 
gênero Rizobium, que vão até as células corticais da raiz provocando a formação destes 
nódulos. A planta fornece hidratos de carbono às bactérias e esta recebe em troca 
compostos nitrogenados (TAIZ; ZEIGER, 2013). 
As leguminosas são consideradas ótimas para adubação verde por serem ricas em 
nitrogênio, possuírem raízes ramificadas e profundas e por ser uma família numerosa e 
encontrada em grandes diversidades de clima e solo.
Em suma, o uso da adubação orgânica gera alimentos produzidos de forma mais 
natural, pois terá a redução da aplicação dos fertilizantes e adubos de origem química, 
o que acaba gerando benefícios para a qualidade de vida das pessoas. A adubação verde 
e a compostagem são técnicas ligadas com as tendências de um mundo sustentável que 
procura preservar o meio ambiente. 
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CAPÍTULO 2
Critérios de essencialidade
Lei do Mínimo
A Lei do Mínimo é umas das leis mais conhecidas no estudo de nutrição mineral de 
plantas e fertilidade do solo. Ela foi formulada por Liebig e enunciada em 1843. Segundo 
essa lei, o crescimento da planta é limitado por aquele nutriente que ocorre em menores 
proporções, sendo este o único a limitar a produção. Logo, ela relaciona o crescimento 
vegetal com a quantidade do elemento existente no solo (RAIJ, 2011).
Apesar de não ser considerada uma lei propriamente dita, essa proposição simples deste 
químico alemão é de importância universal no manejo da fertilidade do solo, visando 
uma recomendação equilibrada de fertilizantes.
No entanto, a lei do mínimo tem, na realidade, uma aplicação limitada. No caso em que 
vários nutrientes são deficientes, a adição de qualquer um deles leva a um aumento na 
produção. Além disso, o comportamento dos nutrientes de pouca mobilidade difere 
daquele apresentado pelos nutrientes móveis no solo.
Sua aplicabilidade é complexa, porque em condições normais de campo muitas vezes são 
vários os nutrientes ou fatores que limitam a produção, além da ação de suas interações 
(falta de água, luz, nutrientes, altas temperaturas, entres outros). Esta lei estabelece 
uma proporcionalidade direta entre a quantidade do fator limitante da produção, um 
nutriente, e a colheita.
Como exemplo podemos citar que uma adubação com N e K não traria aumento algum 
na colheita se o elemento mais limitante

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