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Fundamento do Direito-Módulo 1

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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO
DIREITO
Os conceitos gerais, como o de Direito, fato jurídico, relação jurídica, lei, justiça, segurança
jurídica, por serem aplicáveis a todos os ramos do Direito, fazem parte do objeto de estudo da
Introdução. Os conceitos específicos, como o de crime, mar territorial, hipoteca,
desapropriação, aviso prévio, fogem à finalidade da disciplina, porque são particulares de
determinados ramos, em cujas disciplinas deverão ser estudados.
CIÊNCIAS EMPÍRICAS X CIÊNCIAS SOCIAIS
CIÊNCIAS EMPÍRICAS:Ao se falar nas
ciências empíricas, quer-se fazer referência aos
campos de estudo da ciência que tem como
objeto a análise a partir da observação e da
experimentação de fenômenos e objetos
naturais, tendo origem na experiência sensorial.
Uma de suas bases é o movimento empirista,
que tem, como alguns de seus representantes,
Thomas Hobbes e Francis Bacon. É o caso, por
exemplo, das ciências biológicas, da Física, da
Química, da Astronomia e da Biologia.
Algumas críticas são formuladas ao movimento
empirista, em especial pela alegada falta de
rigor científico, em razão de suas bases estarem
situadas na observação e no mecanismo
tentativa/erro.
CIÊNCIAS SOCIAIS:As ciências sociais, por
sua vez, destinam-se ao estudo do
comportamento humano e das relações sociais,
bem como, de maneira geral, das sociedades.
Trata-se de campo de estudo bastante vasto,
que gradualmente ganha mais complexidade
em sua observação, diante do aumento do
pluralismo e do reconhecimento do grau cada
vez mais intenso da complexidade do mundo
contemporâneo. É o caso, por exemplo, de
História, Geografia, Sociologia, Antropologia,
Economia, Psicologia e do Direito, que podem
ser considerados como ciências sociais.
A origem das ciências sociais remonta à
Europa do século XIX, em especial a partir das
obras de Karl Marx, Max Weber e Émile
Durkheim. Durkheim e seus pares se
esmeraram na busca de regras de método que
elevasse ao status científico o conhecimento
sobre a sociedade. Marx, ao contrário, mal
visto por seus pares, foi encontrar na classe
trabalhadora sua identidade.
As atrocidades das relações de trabalho da
época fizeram com que ele atribuísse a esse
grupo social, assim definido em relação ao
sistema econômico capitalista, ora a força da
transformação da sociedade, ora apenas uma
peça do complexo quebra-cabeça da história.
DIREITO COMO CIÊNCIA:OBJETO E
MÉTODO
Prevalece o entendimento no sentido de o
Direito ser uma ciência social aplicada –
ciência social por ser destinada ao estudo da
sociedade, dos indivíduos e de suas relações. O
Direito, pois, ocupa-se das normas destinadas a
regular a forma e a maneira como a vida
naquela determinada sociedade ocorre.
Aplicada, posto que é destinada a buscar o
aprimoramento das relações humanas a partir
de sua própria utilização como instrumento
para o progresso social e humano. O objeto de
estudo do Direito, segundo Maria Helena Diniz
(2017), constitui o problema central da
especulação jurídico-científica. Para a autora, é
a epistemologia jurídica que se ocupa da
ciência do Direito, estudando seus
pressupostos, analisando os fundamentos em
que repousam os princípios que informam a sua
atividade, bem como a delimitação de seu
objeto temático, procurando verificar, ainda,
quais métodos e meios lógicos dão garantia de
validade aos resultados teóricos alcançados.
No que tange aos métodos, o estudo do Direito
se utiliza de vários expedientes de investigação
científica. Miguel Reale (2000, p. 77) aponta
que o Direito faz uso de três métodos
científicos principais:
● Indutivo:é o raciocínio segundo o
qual, após a análise individualizada
de casos, chega-se a um resultado
extraível do conjunto. Parte-se do
caso particular para o geral.
● Dedutivo:é aquele em que,
partindo-se de uma premissa geral,
chega-se à solução do caso concreto.
● Analógico:é utilizado quando, na
ausência de norma para solução de
determinado concreto, utiliza-se
norma semelhante, originalmente não
prevista para aquele caso.
Trata-se, com efeito, de métodos de pesquisa
aplicáveis a diversos ramos da ciência.
O método analógico é previsto no art. 4º da
Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro (LINDB, Decreto-Lei nº 4.657 de
1942) como método supletivo e subsidiário
de interpretação, destinado a suprir lacunas
jurídicas. Dispõe o dispositivo que, quando a
lei for omissa, o juiz decidirá o caso de
acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais de Direito.
HANS KELSEN E A EPISTEMOLOGIA JURÍDICA
O jurista austríaco Hans Kelsen (1881-1973) é considerado um dos maiores expoentes do
Direito no século XX. Kelsen é visto, por alguns autores, como o principal pensador do
positivismo normativo, enquanto, para outros, é visto como um normativista.
Seu pensamento influenciou de maneira
significativa a formação das constituições
alemã (1919) e austríaca (1920), em especial no
que tange à instituição de um mecanismo de
controle concentrado de constitucionalidade de
leis e atos normativos, a cargo de uma corte
criada especialmente para tanto, qual seja, a
Corte Constitucional. Da mesma forma, outras
constituições naquelas inspiradas seguiram as
ideias de Hans Kelsen em alguma medida,
como foi o caso do Brasil na Constituição de
1988.
TEORIA PURA DO DIREITO: Entre as
muitas obras de sua autoria, destaca-se Teoria
pura do Direito, publicada inicialmente em
1934, em Viena. É considerado um dos livros
jurídicos de maior importância e influência na
formulação do Direito na segunda metade do
século XX. Posteriormente, o livro foi
traduzido para diversos idiomas e objeto de
múltiplas publicações. Nessa obra, o autor
concentra alguns de seus principais
pensamentos a respeito da formulação de uma
ciência jurídica.
O esforço de Kelsen é o de contribuir para a
criação de uma teoria pura do Direito, ou seja,
de uma ciência jurídica protegida de influências
externas da política, da moral e de outros
ramos, focada na neutralidade científica e na
pureza de seu campo de estudo. Assim, alicerça
sua proposição nos ideais de objetividade e
especificidade, levados a termo pelo autor a
partir da definição das normas jurídicas como
objeto da ciência jurídica, sublinhando, ainda,
se tratar de ciência jurídica, não política do
Direito (KELSEN, 2009, p. 79 apud
PAULITSCH, 2012, p. 6).
O pensamento de Kelsen é essencialmente
pautado na existência de ordenamento jurídico,
estruturado a partir de uma Constituição, ápice
do ordenamento e fundamento de validade de
toda e qualquer norma jurídica que lhe seja
hierarquicamente inferior. Com efeito, todo e
qualquer ato normativo deve respeitar aquele
que lhe seja superior na hierarquia jurídica, sob
pena de invalidade.
O Autor diferencia Existência e de Validade:
Existência:Uma lei pode ser existente, mas
inválida, sendo contrária à Constituição e,
portanto, inconstitucional.
Validade:A validade, com efeito, deve ser
analisada tendo como parâmetro temporal o
ingresso do ato normativo no mundo jurídico.
Daí se falar que, para Kelsen, a
inconstitucionalidade é um vício ab ovo, ou
seja, que atinge o ato normativo quando de seu
nascimento.
Kelsen assenta a premissa da existência de um
modelo de controle concentrado de
constitucionalidade. Isso porque, de modo a
manter a integridade do ordenamento jurídico
criado a partir da Constituição, deveria haver a
criação de um órgão estatal destinado a retirar
do ordenamento jurídico leis e atos normativos
elaborados em desrespeito às suas disposições.
Para Kelsen, esse órgão é a Corte
Constitucional.
A Constituição, por sua vez, encontraria
fundamento de validade na norma
hipotética fundamental, que conteria o
comando de obediência à Constituição. A
norma hipotética fundamental se
encontraria no plano lógico-jurídico,
norma pressuposta que confere existência
e validade à Constituição, sendo que esta
estaria no plano jurídico, somente.
Norberto Bobbio (2014) segue oentendimento de Kelsen a respeito da
existência de uma norma hipotética
fundamental.
A construção teórica de Kelsen, porém,
não ficou imune a críticas. De início,
fala-se na impossibilidade de depuração da
ciência jurídica em relação à moral, à
ética, à religião, entre outros. As normas
jurídicas, quando de sua elaboração, são
fortemente influenciadas pelos valores
daquela sociedade, os quais são formados,
muitas das vezes, por fatores externos ao
Direito.
INFLUÊNCIAS: Além disso, ainda ante
um possível “fechamento” da ciência
jurídica às influências científicas externas,
o Direito poderia se tornar, facilmente,
presa para o autoritarismo e o arbítrio de
governantes do momento. Isso ocorreria
Porque a criação do Direito,sob a essa
ótica, valoriza sobremaneira a vontade de
quem se encontra no poder e possui os
mecanismos disponíveis para a criação do
Direito.
Em tal contexto, atrocidades poderiam, em
tese, ser cometidas, desde que a
possibilidade de sua prática estivesse
autorizada pela lei (a título de exemplo, a
escravidão ou o extermínio de minorias).
Trata-se de crítica semelhante àquela
formulada em relação a Carl Schmitt, autor
alemão que, para alguns, forneceu bases
teóricas para dar suporte aos regimes
nazifascistas do século passado.
Aponta-se, por fim, a fragilidade da
alegação de existência de uma norma
hipotética fundamental que legitima a
existência, a validade e a eficácia de uma
Constituição. Até mesmo porque, para
Kelsen, o sistema jurídico é hermético a
influências externas; desse modo, justificar
que o fundamento de validade desse
sistema se encontra fora dele parece ser
um “furo” da teoria pura do autor
austríaco.

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