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2015 SiStemaS de GeStão e auditoria ambiental UNIDADE 1 Prof.ª Vanessa Bachmann UNIDADE 2 E UNIDADE 3 Prof.ª Joseane Gabriele Kryzozun Ribeiro Rubin Copyright © UNIASSELVI 2015 Elaboração: Prof.ª Vanessa Bachmann Prof.ª Joseane Gabriele Kryzozun Ribeiro Rubin Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 657.45 L111g Bachmann, Vanessa Sistemas de gestão e auditoria ambiental/Vanessa Bachmann, Joseane Gabriele Kryzozun Ribeiro Rubin. Indaial : UNIASSELVI, 2015. 205 p. : il. ISBN 978-85-7830-890-2 1.Auditoria. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. Impresso por: III apreSentação Bem-vindo(a) acadêmico(a)! Vamos iniciar os estudos relativos à disciplina de Sistemas de Gestão e Auditoria Ambiental. Neste caderno estão contidas diversas informações relativas aos Sistemas de Gestão Ambiental nas empresas, sua importância e aplicações, bem como as finalidades e fases de um processo de Auditoria Ambiental. Com o aumento da conscientização ambiental desde a década de 70, as empresas e organizações passaram a ter responsabilidades cada vez maiores em relação ao meio ambiente. Por este motivo, consideramos essencial o conhecimento de como ocorre a preparação e a adequação a esta nova realidade, que se torna essencial nos dias de hoje para cumprir as exigências da legislação e da sociedade. O caderno é dividido em três unidades. Iniciaremos com o estudo dos antecedentes históricos dos sistemas de gestão ambiental nas empresas e você conhecerá alguns casos de sucesso. É nesta unidade ainda, que você conhecerá a norma ISO 14001, seus requisitos, objetivos e as fases para implantação de um SGA nas organizações. Na Unidade 2, abordaremos o histórico das auditorias e conceitos gerais relacionados às mesmas. Um dos tópicos esclarecerá a importância de o auditor possuir um perfil ético frente à sua atividade. Por fim, na Unidade 3, o caderno tratará de assuntos mais específicos relacionados às auditorias, como a norma ISO 19011 – Diretrizes para auditorias de sistema de gestão da qualidade e/ou ambiental: termos e definições, programa de auditoria, atividades de auditoria – e os tipos de auditorias que podem ser realizadas. Este material tem o objetivo de orientar seus estudos, mas é necessário buscar constantemente outras fontes de informação, mesmo que no decorrer da leitura já lhe apresentemos outras leituras. Sua autonomia na busca por mais conhecimento é fundamental no seu processo de aprendizagem! Bons estudos e sucesso! Prof.ª Vanessa Bachmann Prof.ª Joseane Gabriele Kryzozun Ribeiro Rubin IV UNI Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! V VI VII Sumário UNIDADE 1: INTRODUÇÃO AOS CONCEITOS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES ...................................................................... 1 TÓPICO 1: MODELOS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS E ORGANIZAÇÕES .......................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 ANTECEDENTES HISTÓRICOS ...................................................................................................... 4 3 MARKETING AMBIENTAL .............................................................................................................. 7 4 EMPRESAS SUSTENTÁVEIS E CASOS DE SUCESSO .............................................................. 9 LEITURA COMPLEMENTAR 1 ............................................................................................................ 9 LEITURA COMPLEMENTAR 2 ............................................................................................................ 10 LEITURA COMPLEMENTAR 3 ............................................................................................................ 12 LEITURA COMPLEMENTAR 4 ............................................................................................................ 16 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 20 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 21 TÓPICO 2: CARACTERÍSTICAS DE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL ................... 23 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 23 2 A GESTÃO AMBIENTAL E AS NORMAS DA SÉRIE ISO 14001 .............................................. 23 3 ASPECTOS ESTRATÉGICOS E OPERACIONAIS DA ISO 14001............................................. 27 4 MOTIVAÇÕES PARA A ADOÇÃO DA NORMA ISO 14001 ..................................................... 28 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 31 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 34 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 35 TÓPICO 3: REQUISITOS E ETAPAS DA IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA 14001 (SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL) ............................................ 37 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 37 2 ESTRUTURA DA NORMA ISO 14001 ............................................................................................. 37 2.1 POLÍTICA AMBIENTAL ................................................................................................................ 38 2.2 PLANEJAMENTO ........................................................................................................................... 42 2.3 IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO ............................................................................................. 47 2.4 VERIFICAÇÃO E AÇÕES CORRETIVAS .................................................................................... 53 2.5 ANÁLISE PELA ADMINISTRAÇÃO ...........................................................................................54 3 A BUSCA POR CERTIFICAÇÃO ...................................................................................................... 55 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 60 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 62 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 63 UNIDADE 2: HISTÓRICO DAS AUDITORIAS E CONCEITOS GERAIS RELACIONADOS A ELAS .......................................................................... 67 TÓPICO 1: INTRODUÇÃO ÀS ATIVIDADES DE AUDITORIA ................................................. 69 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 69 VIII 2 HISTÓRICO DA AUDITORIA AMBIENTAL ................................................................................ 69 3 O CONTEXTO BRASILEIRO E MUNDIAL ................................................................................... 75 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 76 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 80 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 81 TÓPICO 2: O ESTADO DA AUDITORIA AMBIENTAL ................................................................ 83 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 83 2 DESENVOLVIMENTO DE MÉTODOS, CONHECIMENTO E CAPACITAÇÃO .................. 83 3 ÁREAS EMERGENTES DE AUDITORIAS RELACIONADAS AO MEIO AMBIENTE ......................................................................................................................... 86 4 O PAPEL ESPECIAL NA AUDITORIA DE ACORDOS AMBIENTAIS INTERNACIONAIS ............................................................................................................................. 87 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 93 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 95 TÓPICO 3: DIRECIONAMENTOS FUTUROS ................................................................................. 97 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 97 2 CONDIÇÕES AMBIENTAIS ATUAIS E AS PRESSÕES DO DESENVOLVIMENTO ................................................................................................................ 97 3 TENDÊNCIAS PARA OBSERVAÇÃO NA GOVERNANÇA AMBIENTAL GLOBAL ....................................................................................................................... 99 4 IMPLICAÇÕES PARA A PRÁTICA DE AUDITORIA AMBIENTAL........................................ 100 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 102 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 109 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 110 TÓPICO 4: RESPONSABILIDADE E ÉTICA NA AUDITORIA .................................................... 111 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 111 2 PERFIL DOS AUDITORES ................................................................................................................. 111 2.1 ATRIBUTOS PESSOAIS .................................................................................................................. 111 2.2 EDUCAÇÃO ..................................................................................................................................... 112 2.3 QUALIDADE DOS SERVIÇOS PRESTADOS.............................................................................. 112 2.3.1 Capacidades indispensáveis ao exercício da Auditoria Ambiental ................................. 112 3 PRINCÍPIOS DE AUDITORIA .......................................................................................................... 116 3.1 CONDUTA ÉTICA .......................................................................................................................... 117 3.2 APRESENTAÇÃO JUSTA ............................................................................................................... 118 3.3 DEVIDO CUIDADO PROFISSIONAL ......................................................................................... 118 3.4 INDEPENDÊNCIA .......................................................................................................................... 119 3.5 ABORDAGEM BASEADA EM EVIDÊNCIA .............................................................................. 119 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 120 RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 137 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 138 UNIDADE 3: AUDITORIAS AMBIENTAIS E OS AUTORES ENVOLVIDOS NO PROCESSO .................................................................................. 139 TÓPICO 1: AUDITORIA AMBIENTAL E CERTIFICAÇÃO .......................................................... 141 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 141 2 NORMAS AMBIENTAIS .................................................................................................................... 142 3 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E AUDITORIA AMBIENTAL COM FINS DE CERTIFICAÇÃO ................................................................................................................................... 145 IX 4 ABNT NBR ISO 19011: 2002 – DIRETRIZES PARA AUDITORIAS DE SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE E/OU AMBIENTAL: TERMOS E DEFINIÇÕES, PROGRAMA DE AUDITORIA, ATIVIDADES DE AUDITORIA ............................................. 147 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 148 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 150 TÓPICO 2: ATORES E FUNÇÕES DO PROCESSO DE AUDITORIA E TIPOS DE AUDITORIA ................................................................................................................... 151 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 151 2 PERSONAGENS DA AUDITORIA AMBIENTAL ........................................................................ 151 3 TIPOS DE AUDITORIA ...................................................................................................................... 154 3.1 AUDITORIA OU ANÁLISE CRÍTICA AMBIENTAL.................................................................154 3.2 AUDITORIA DE CONFORMIDADE LEGAL ............................................................................. 157 3.3 AUDITORIA DE OPERAÇÃO DE AQUISIÇÃO, FUSÃO E ALIENAÇÃO (DUE DILIGENCE) ................................................................................................ 158 4 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) ................................................................................. 158 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 165 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 166 TÓPICO 3: LISTAS DE VERIFICAÇÃO ESPECÍFICAS .................................................................. 167 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 167 2 INSTRUMENTOS PARA A REALIZAÇÃO DE AUDITORIA AMBIENTAL .......................... 167 3 ELABORAÇÃO DE LISTAS ESPECÍFICAS PARA O SUCESSO DA AUDITORIA ................................................................................................................................... 168 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 178 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 198 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 200 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 201 X 1 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AOS CONCEITOS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Ao final desta unidade, você será capaz de: • compreender a necessidade da implantação de Sistemas de Gestão Ambiental; • conhecer modelos de gestão ambiental implementados por empresas e organizações; • compreender conceitos e características de um Sistema de Gestão Ambiental; • identificar os requisitos da norma NBR ISO 14001; • conhecer as etapas e procedimentos para a implementação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) nas organizações. Esta unidade de ensino está dividida em quatro tópicos. No final de cada um deles, você encontrará atividades que contribuirão para a apropriação dos conteúdos. TÓPICO 1 – MODELOS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS E ORGANIZAÇÕES TÓPICO 2 – CARACTERÍSTICAS DE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL TÓPICO 3 – REQUISITOS E ETAPAS DA IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA 14001 (SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL) 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 MODELOS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS E ORGANIZAÇÕES 1 INTRODUÇÃO Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais independente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que no meio de uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que, nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações. (Carta da Terra, ONU, 2002, p. 5). Ao longo da história, o ser humano sempre se utilizou dos recursos naturais de maneira predatória. Isto quer dizer que até recentemente não existia uma preocupação com a degradação ou o esgotamento destes recursos e os mesmos eram utilizados indevidamente. Da mesma forma, o homem pouco se preocupou com a geração de resíduos advindos das suas atividades, que eram simplesmente despejados nos ambientes com a ideia de “diluir e dispersar”. A combinação da exploração predatória e da baixa preocupação com o destino dos resíduos é um fator que ocasiona a degradação de vários ecossistemas mundiais por poluição e contaminação. IMPORTANT E Lembre-se de que os ecossistemas possuem um grande potencial de autodepuração, ou seja, por si só o ambiente é capaz de recuperar-se após uma alteração do equilíbrio, retornando ao estado de equilíbrio dinâmico. É claro que isso irá depender do grau de modificação que ele sofreu, mas a regra geral é esta. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AOS CONCEITOS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES 4 Historicamente, foi desde a Revolução Industrial que a capacidade do ser humano de alterar o ambiente foi aumentada significativamente. Também neste período foi intensificado o uso de combustíveis fósseis, dentre eles o carvão mineral, que possuem alto poder poluidor. Podemos entender, portanto, que a partir deste momento na história, a capacidade de muitos ecossistemas de se autodepurarem foi prejudicada. Aliado a isto tudo, temos o aumento do crescimento populacional humano, a partir do século XIX, que exigiu maior exploração de recursos e resultou numa maior geração de resíduos. Frente a esta problemática e a necessidade de sua resolução, surgiu uma ideia, que ainda está em processo de evolução, mas que busca mudar esta realidade: o desenvolvimento sustentável. Este novo modelo de desenvolvimento, que é contrário ao modelo predatório atual, busca construir uma realidade onde seja possível aliar o crescimento econômico com a manutenção dos ecossistemas, por meio de tecnologia e práticas conscientes da gestão dos recursos naturais. Com o aumento da conscientização ambiental, desde a década de 70, as empresas e organizações possuem responsabilidades cada vez maiores. Legislação mundial e nacional mais rígida, pressão da sociedade e a própria necessidade são alguns dos fatores que contribuem para a mudança de postura. Consideramos, portanto, que é essencial conhecer exemplos de como as empresas e organizações estão se preparando e se adequando a esta nova realidade antes de entender como funciona um Sistema de Gestão Ambiental. Além disso, compreenda que para a própria empresa surgem benefícios e que a mesma pode se tornar mais competitiva no mercado caso se adapte às novas realidades. 2 ANTECEDENTES HISTÓRICOS Para conhecer um pouco sobre os antecedentes históricos da gestão ambiental nas empresas e organizações, leia um trecho do artigo “A gestão ambiental no setor público: uma questão de relevância social e econômica”, de Barata; Kligerman; Minayo-Gomez (2007). [...] Nos primórdios, os setores produtivos limitavam-se, em alguns casos, a adotar as medidas necessárias para evitar a paralisação de suas atividades ou o recebimento de multas, por não atuar em conformidade com os procedimentos e padrões legais. Entretanto, a ocorrência de acidentes ambientais – como o incidente na Allied Quemical Corporation, em Hopewell, Virgínia (EUA), em 1975; a explosão química da Hoffman-La Roche, em Seveso (Itália), em 1976; o vazamento de gases tóxicos numa fábrica de pesticida da Union Carbide em Bhopal (Índia), em 1984; a explosão de reator nuclear em Chernobyl, na então União Soviética, em 1986; o vazamento de petróleo, em 1990, do navio petroleiro Exxon Valdez e o caso emblemático Love Canal, no estado de Nova York, um símbolo de contaminação do solo por resíduos sólidos enterrados - obrigou as empresas a arcarem com elevados gastos em 5 TÓPICO 1 | MODELOS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS E ORGANIZAÇÕES indenizações, recuperação dos ambientes danificados e ações para mitigação e/ou controle dos danos. Além disso, a imagem das empresas causadoras do dano foiafetada negativamente. Frente a esse quadro, empresas com maior potencial poluidor passaram a desenvolver e implementar instrumentos de gestão ambiental corporativa para a melhoria do fluxo de informação, interno e externo, além de propiciar a redução de risco de incidentes e acidentes. O setor químico foi o pioneiro na elaboração de diretrizes para a gestão ambiental corporativa. A Canadian Chemical Producers Association (CCPA) lançou, em 1984, um documento denominado Statement of Responsible Care and Guiding Principles, contendo princípios específicos para a gestão responsável do processo de produção em todo o ciclo de vida do produto, dando ênfase à proteção da saúde humana e do meio ambiente e à segurança industrial e do produto. O documento, além de detalhar as iniciativas que as empresas precisam tomar para atender aos princípios do Responsible Care, destaca a necessidade de comprometimento de todos os envolvidos na produção, na distribuição e no recebimento dos produtos das respectivas empresas, assim como da troca permanente de informações com a comunidade vizinha. A adoção desses princípios em vários outros países, como EUA, Inglaterra e Brasil, contribuiu para resgatar uma imagem mais positiva da indústria química perante a opinião pública. Este tipo de ação coordenada, envolvendo grande número de empresas de um segmento industrial, seria, sob a ótica da gestão ambiental, um importante exemplo de estratégia cooperativa que, devido ao seu caráter pioneiro e a sua abrangência, viriam a ser seguidos, nos EUA, por diversos outros setores, em especial, pela indústria do petróleo. Em face da crescente importância dada à proteção ambiental e com o objetivo de harmonizar globalmente os procedimentos de gestão ambiental empresarial, sem privilegiar determinados setores ou países, foram criados, em 1994, no âmbito da International Standard Organization (ISO), grupos de trabalho para o desenvolvimento de normas, contendo diretrizes aplicáveis aos diferentes setores produtivos e regiões que possibilitem uma gestão e um produto com "qualidade ambiental". [...] FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v12n1/15.pdf>. Acesso em: 12 fev. 2015. Observe que um dos fatores que contribuiu para a mudança de atitudes foi o aumento da ocorrência de incidentes/acidentes ambientais entre as décadas de 70 e 90, que afetaram a qualidade de vida de muitas sociedades. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AOS CONCEITOS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES 6 NOTA Conheça um pequeno histórico de incidentes/acidentes ambientais que chamaram a atenção do mundo para a importância da questão ambiental consultando o livro: MOURA, L. A. A. de. Qualidade e Gestão Ambiental. São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2008. p. 5-12. Além disto, uma série de eventos mundiais, como encontros e conferências, também se mostraram importantes para aumentar a consciência e o envolvimento das organizações. Observe a lista a seguir: • 1968 – Clube de Roma, onde cientistas e pesquisadores se reuniram para discutir as problemáticas ambientais da época. • 1972 – Conferência das nações Unidas sobre o Ambiente Humano, também chamada Conferência de Estocolmo, que ocorreu na Suécia. Este foi um evento importante que influenciou na criação de muitas estruturas públicas de regulação no Brasil e no mundo. • 1972 – “Clube de Roma” publica o estudo “Limites do Crescimento”, onde mostram que caso nenhuma atitude fosse tomada o nosso planeta Terra atingiria seu limite máximo em apenas 100 anos. • 1975 – Seminário Internacional de Educação Ambiental, em Belgrado. • 1977 – Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental, em Tbilisi – URSS. • 1987 – Publicação do Relatório “Nosso Futuro Comum” pela ONU, também conhecido Relatório Brundtland, por conter opiniões, decisões e acordos da Conferência ocorrida anos antes. É importante por apresentar o conceito de desenvolvimento sustentável. • 1992 – ECO-92, também chamada de RIO-92, que ocorreu no Brasil. Esta Conferência iniciou discussões importantes sobre reciclagem, racionalização de energia, combate ao desperdício, certificação ambiental e gestão ambiental. Um dos seus principais produtos foi a Agenda 21, um documento que dispõe sobre tópicos importantes na formulação de políticas públicas. Ela também gerou a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, dando origem ao Protocolo de Quioto (1997). • 1998 - O Protocolo de Quioto é aberto à assinatura em 16 de março, em Nova Iorque, direcionando os trabalhos para implementação e ratificação do Protocolo de Kyoto. • 2012 – RIO+20, após a RIO-92 esta nova Conferência ocorrida no Brasil buscou verificar os objetivos alcançados até o momento e firmar novos acordos e metas entre países. Como você pode ver, o Brasil foi sede de algumas Conferências importantes. Mas, além disso, sua participação em outros eventos foi decisiva no momento de firmar acordos e metas e o país sempre procurou acompanhar e incentivar os avanços relacionados ao desenvolvimento sustentável. 7 TÓPICO 1 | MODELOS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS E ORGANIZAÇÕES Além de participação em eventos, o Brasil também possui legislação sobre esta temática. Como exemplo, podemos citar duas leis brasileiras importantes que contribuíram para a gestão ambiental nas empresas. A primeira foi instituída em 1981, a Lei no 6.938, a Política Nacional do Meio Ambiente, que trouxe princípios de autonomia, unidade e visão de sociedade e, a partir desta data, o meio ambiente começou a ser visto como um patrimônio público, buscando a racionalização de recursos naturais e a proteção de ecossistemas. A segunda lei importante provocou uma mudança no ambiente legal. A Lei no 9.605, de 1998, dos Crimes Ambientais, tornou a pessoa jurídica passível de indiciamento criminal por danos ao meio ambiente. A ocorrência de incidentes/acidentes ambientais, de eventos mundiais que discutiram o tema ambiental, do aumento da rigidez da legislação mundial e nacional, aliados às muitas manifestações populares que ocorreram no mundo a partir da década de 70, foram os principais fatores históricos que contribuíram para o surgimento e aperfeiçoamento de Sistemas de Gestão Ambiental nas organizações. 3 MARKETING AMBIENTAL O Marketing Ambiental ou ‘Verde’, também conhecido como Ecomarketing, é uma ferramenta que foi criada com a visão de responsabilidade ecológica dentro das organizações e diante da sociedade. Com a utilização desta ferramenta, ocorre a criação, de forma estratégica, de novas oportunidades para a organização, com a promoção de inovações do produto e para o mercado consumidor. Com o aumento da consciência ambiental dos consumidores, os produtos passam a ser avaliados não apenas com base em desempenho ou preço, mas na responsabilidade social dos fabricantes. Podemos entender então, que as empresas precisam obter novas estratégias de marketing durante as mudanças de mercado, desenvolvendo produtos de qualidade que, consequentemente, satisfaçam as necessidades do consumidor. Mas, o principal aspecto é a responsabilidade social que a empresa precisa desenvolver dentro do mercado de atuação. Dessa maneira, as organizações contribuem para a sociedade e meio ambiente, criando uma imagem positiva dentro do contexto mercadológico. IMPORTANT E O Marketing Ambiental não se limita à promoção de produtos que tenham alguns atributos verdes (como produtos que não agridem a camada de ozônio ou com compostos recicláveis). Isso porque, para se posicionar como ambientalmente responsável, a empresa deve se organizar para ser responsável em todas as suas atividades e não apenas no desenvolvimento de produtos. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AOS CONCEITOS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES 8 Analisando outro conceito, o marketing ambiental consiste em “atividades de marketing destinadas a minimizar os efeitos negativos sobre o ambiente físico ou melhorar sua qualidade” (CHURCHILL e PETER, 2000, p. 44). Considerandoisto, novamente entendemos o potencial desta ferramenta para a construção da imagem da organização no mercado empresarial e também frente à sociedade. Uma empresa preocupada em reduzir seus impactos, demonstra o compromisso frente à população e constrói uma boa imagem. Além disso, o marketing também auxilia na instrução dos consumidores no sentido de adquirir um produto sustentável. Observe, a seguir, alguns (bons) motivos para que as empresas adotem um programa de marketing ambiental: 1. Funcionários e Acionistas sentem-se melhor por estarem associados a uma empresa ambientalmente responsável, e essa satisfação pode até mesmo resultar em aumento de produtividade da empresa. 2. Redução de Custos - Ocorre na medida em que a poluição representa materiais mal aproveitados devolvidos ao meio ambiente, ou seja, a maior parte da poluição resulta de processos ineficientes, que não aproveita completamente os materiais utilizados. Além disso, a simples auditoria ambiental pode identificar custos desnecessários que a empresa pode eliminar. 3. Facilidades na Obtenção de Recursos - Bancos e, principalmente, organizações de desenvolvimento (como o BNDES e o BID) oferecem linhas de crédito específicas para projetos ligados ao meio ambiente com melhores condições, tais como maior prazo de carência e menores taxas de juros. Além disso, a maior parte dos bancos analisa a performance ambiental das empresas no momento de conceder financiamentos. Dessa forma, empresas mais agressivas ao meio ambiente podem precisar pagar juros mais altos ou até mesmo ter seu pedido de financiamento negado. 4. Pressão Governamental - Os diversos Governos no mundo, através de legislação, vêm buscando punir através de multas e proibições, práticas das empresas que tenham impactos ambientais significativos. A legislação vem sendo cada vez mais rigorosa na busca pelo "Impacto Ambiental Zero". O Governo ainda pode atuar através de suas compras, ou seja, proibindo a aquisição, por parte de suas empresas e órgãos, de produtos que afetem significativamente o ambiente físico e estimulando o consumo de produtos "ecologicamente corretos". 5. Pressão das ONGs - As diversas ONGs pressionam empresas através de campanhas veiculadas na imprensa e lobby junto a legisladores. Empresa sob a mira de uma das principais ONGs será bombardeada na imprensa e provavelmente passará a ser percebida pela população como ambientalmente irresponsável, o que representa forte publicidade negativa. FONTE: Disponível em: <http://ambientes.ambientebrasil.com.br/gestao/artigos/marketing_ ambiental.html> Acesso em: 20 fev. 2015. 9 TÓPICO 1 | MODELOS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS E ORGANIZAÇÕES 4 EMPRESAS SUSTENTÁVEIS E CASOS DE SUCESSO A sustentabilidade empresarial é o conjunto de medidas tomadas pelas empresas em busca do lucro sem prejudicar o planeta, ou seja, as empresas passam a não se preocupar apenas com os ganhos, mas também com o respeito aos fatores ambientais e sociais envolvidos em todo o processo em que está inserida. Esse conceito tem ganhado tal importância que até mesmo o BM&F Bovespa (associação entre a Bolsa de Mercadorias & Futuros e a Bolsa de Valores do estado de São Paulo) tem buscado formas de incentivo às empresas para o emprego da sustentabilidade. Esse órgão criou o Índice de Sustentabilidade Empresarial, que é uma análise comparativa do comprometimento das empresas listadas na Bovespa em questões de sustentabilidade socioambiental. Esse índice é, para as empresas, uma forma de despertar o interesse de novos investidores, socialmente e ambientalmente preocupados. Atualmente, a sustentabilidade empresarial não é um dos temas principais dentro das organizações, porém vem ganhando espaço a partir do conhecimento que os consumidores estão adquirindo a respeito desse assunto e da sua importância. As empresas interessadas em empregar a sustentabilidade empresarial no seu contexto realizam práticas relacionadas à otimização do uso dos recursos ambientais em suas atividades e a diminuição do seu impacto no meio ambiente. Além disso, muitas organizações estão criando projetos ligados à inclusão social e respeito às diferenças. Ou seja, as empresas estão abandonando o modo individualista de trabalho para começar a pensar no coletivo, no interesse de todos, hoje e no futuro. FONTE: Disponível em: <http://www.atitudessustentaveis.com.br/atitudes-sustentaveis/empresas- sustentaveis-importancia-do-conceito-para-negocios/>. Acesso em: 27 fev. 2015. LEITURA COMPLEMENTAR 1 AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE NAS EMPRESAS E A DIFERENÇA QUE FAZEM Cada vez mais empresas estão conscientes da importância de ações de sustentabilidade para preservação do meio ambiente. Atualmente, é possível contar com benefícios fornecidos pelo Governo para instituições que realizem atividades sustentáveis, como redução de impostos ou financiamentos para projetos. Inicialmente, é preciso que todos os colaboradores participem da iniciativa verde proposta e que façam sua parte para que os resultados possam aparecer. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AOS CONCEITOS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES 10 Algumas dicas importantes de sustentabilidade nas empresas são realizar mudanças no ambiente corporativo e no hábito das pessoas. Instalar lixeiras para reciclagem e realizar campanhas internas para o seu uso é uma ótima forma de fazer o descarte correto do lixo. Ainda dispor vários lixeiros em locais estratégicos permite uma melhor higienização do ambiente. Utilize os recursos da empresa (como papéis e copos descartáveis) de forma inteligente, isso contribui para a limpeza do local, diminui a quantidade de resíduos sólidos e reduz custos para a empresa. Outra dica é utilizar lâmpadas fluorescentes no lugar das comuns, que duram dez vezes mais e ainda podem ser recicladas. Da mesma forma, trocar o papel comum pelo reciclado e utilizar lápis de madeira produzidos por companhias que realizam o replantio é sempre bem- vindo. Os empresários também podem conscientizar seus colaboradores quanto à carona solidária ou, caso morem perto do local de trabalho, substituir o uso do carro ou transporte público pela bicicleta ou caminhada. Além disso, incentivar o uso de menos papel ou criar blocos usando papéis usados é um diferencial. No verão, permitir o uso de roupas leves evita o uso da capacidade máxima do ar condicionado. Aproveite para desligar o aparelho uma hora antes do fim do expediente. Caso a estrutura do prédio possua vários andares, permita a instalação de janelas para melhorar a circulação de ar no ambiente de trabalho, pois dá uma impressão maior de espaço e de liberdade. Por fim, prefira tons claros nas paredes, pois refletem mais energia solar e impedem que o local fique quente ou abafado. FONTE: Disponível em: <http://www.atitudessustentaveis.com.br/artigos/acoes-sustentabilidade- empresas-diferenca-fazem/>. Acesso em: 23 fev. 2015. PEQUENAS EMPRESAS ADOTAM AÇÕES SUSTENTÁVEIS A maioria das empresas de pequeno porte adota algumas práticas sustentáveis em seu negócio. A conclusão é de uma pesquisa sobre o assunto divulgada este mês pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O objetivo do estudo foi avaliar o nível de percepção dos empreendedores sobre os temas da sustentabilidade. O questionário foi respondido por 3.912 empresários dos setores de comércio e serviços, indústria e construção civil e agronegócios. De acordo com os resultados, 70,2% dos pequenos negócios praticam a coleta seletiva do lixo, 81,7% controlam o consumo de energia, 72,4% controlam o consumo de papel e 65,6% destinam adequadamente resíduos tóxicos, como LEITURA COMPLEMENTAR 2 11 TÓPICO 1 | MODELOS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS E ORGANIZAÇÕES solventes, produtos de limpeza e cartuchos de tinta. Essas são medidas simples, com baixo custo, mas que têm impacto significativo em termos de sustentabilidade. "Esses atributos tendem a ser cada vez mais exigidos pelos consumidores queestão atentos a produtos, serviços e marcas provenientes de práticas sustentáveis", apontou. Para Carlos, as práticas sustentáveis são, portanto, fator de competitividade aos negócios. "As micro e pequenas empresas estão no rumo certo", diz o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos. POUSADA É EXEMPLO DE SUSTENTABILIDADE Inaugurada em 2003, a pousada Beco de Noronha, em Fernando de Noronha (PE), nasceu com a premissa de ser o mais sustentável possível, levando em conta a estrutura da ilha e aquilo que está ao alcance de uma pequena empresa. Hoje, a pousada capta água da chuva para a limpeza do local, utiliza a energia solar para o aquecimento dos chuveiros e oferece aos hóspedes lembranças feitas por artesãos locais, por exemplo. "São medidas que contribuem tanto para o meio ambiente quanto para o aspecto financeiro, pois há menos desperdício e economizamos na conta de luz e água", explica Silvana Rondelli, proprietária. "Não gastamos muito para trocar as lâmpadas por versões mais econômicas, nem para implantar um exaustor eólico na cozinha", completa. AÇÕES PENSADAS É fundamental que o empreendedor busque embasamento para suas ações, uma vez que a sustentabilidade não pode ser apenas discurso. Veja dicas de ações simples para ser sustentável no seu pequeno negócio. Água: verifique vazamentos; aproveite a água da chuva. Energia: utilize telhas transparentes; instale painéis solares; use lâmpadas fluorescentes; não deixe aparelhos eletrônicos em stand-by; mantenha geladeiras e freezers longe do calor, a 15 centímetros de paredes e armários; desligue o ar- condicionado 1 hora antes do fim do expediente. Arquitetura: prefira cores claras, pois elas reduzem calor; instale janelas de lados opostos para gerar ventilação cruzada. Lixo: separe metal, papel, plástico, vidro e orgânico; substitua plástico por pano ou material reciclável. Transporte: se possível, use coletivos ou carona solidária; mantenha veículos regulados. FONTE: Disponível em: <http://economia.terra.com.br/pequenas-empresas-adotam-acoes- sustentaveis-diz-pesquisa,b92850f7fd66b310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html>. Acesso em: 22 fev. 2015. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AOS CONCEITOS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES 12 Diversos são os casos de sucesso em organizações que se adequaram às normas ambientais e receberam um retorno positivo da sociedade. Leia a seguir, na leitura complementar 3, como está a situação das empresas brasileiras e conheça alguns exemplos de atuação em diferentes ramos de mercado. LEITURA COMPLEMENTAR 3 A SITUAÇÃO DAS EMPRESAS NO BRASIL No Brasil, observa-se que uma quantidade grande de empresas está, no momento, demonstrando preocupações e investindo em seu desempenho ambiental. Muitas dessas empresas são filiais de multinacionais e estão seguindo diretrizes vindas do exterior para que elas se adaptem a padrões corporativos, principalmente com interesse em preservar o nome da companhia e resguardá-la de problemas. Outras empresas estão procurando atingir melhor desempenho por uma necessidade expressa pelos seus clientes, essencialmente nos de produtos de exportação (caso de papel e celulose e de minérios). Outras, ainda, por trabalharem com alimentos, de forte penetração popular, onde o desgaste da marca representaria fortes perdas. Podemos, assim, separar as empresas em quatro categorias: a) As que nada fazem com relação ao meio ambiente, já que suas atividades geram poucos impactos. b) As que pouco atuam, apesar de gerarem impactos, limitando-se a tentar cumprir os padrões mínimos da legislação. c) As que procuram ter uma atuação mais significativa, possuindo uma área dedicada a tratar das questões ambientais da empresa e seguem, quase sempre, os padrões corporativos. d) As que estão procurando obter certificação, segundo normas ambientais, para seu Sistema de Gestão Ambiental (ISO 14.001). Cabe ressaltar, comparando entre as opções c e d, que algumas empresas que se enquadram na situação c possuem um excelente desempenho ambiental, sem que tenham necessidade de passar à situação d. Apresentamos a seguir, alguns exemplos da atuação de algumas empresas: BAHIA SUL CELULOSE Trata-se de uma empresa localizada no sul do Estado da Bahia, em Mucuri, e que produz principalmente para exportação. Cabe lembrar que no ramo de celulose, o peso da questão ambiental é alto como decisão de compra, ficando em 4º lugar, atrás de qualidade, serviços e preços. A Bahia Sul foi a primeira empresa brasileira a receber o certificado da BS 7750 (norma inglesa precursora da ISO 14001) pelo seu Sistema de Gestão Ambiental, em fevereiro de 1995, pelo Bureau 13 TÓPICO 1 | MODELOS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS E ORGANIZAÇÕES Veritas Quality International (iniciaram o processo em maio/94 com um curso de auditoria ambiental) e em 1996 foi certificada pela ISO 14001 pela certificadora BVQI. FABER-CASTELL Conhecida empresa produtora de material para escrever, desenhar e pintar (lápis), possui uma fábrica em São Carlos (SP) e 10.000 hectares de Pinus, plantados em Prata (MG). Essa empresa, por tradição, já apresentava um bom desempenho ambiental antes de se interessar pela certificação ISO 14001, não tendo tido necessidade, portanto, de realizar grandes modificações em seus processos industriais. Ela produz lápis com madeira certificada, seguindo rígidos padrões ambientais desde o plantio até a colheita, procurando obter boas parcerias com fornecedores. Para implantar um Sistema de Gestão Ambiental, foi realizado um intenso trabalho de verificação da legislação aplicável, e a identificação dos aspectos e impactos relacionados às suas atividades. A empresa realizou treinamentos e qualificação de seu pessoal, com um grupo interno que atuou posteriormente como multiplicadores e disseminadores dos conhecimentos. A grande preocupação da empresa tem sido de não acumular passivos ambientais, fazendo a destinação imediata dos resíduos gerados ou reciclando-os. É citado o apoio às comunidades vizinhas à empresa, em trabalhos de educação ambiental. A certificação pela norma ISO 14001 ocorreu em fevereiro de 2003. COMPANHIA SIDERÚRGICA DE TUBARÃO A CST, que é a maior produtora mundial de placas de aço tem apresentado uma postura pró-ativa para melhoria do seu desempenho ambiental, com bons resultados. Ela produzia, em 1998, 3 milhões de toneladas de placas de aço anuais e possuía uma Assessoria de Meio Ambiente subordinada à Diretoria Industrial, contando com 5 áreas (Controle Atmosférico, 2 pessoas; Controle Hídrico, 2: Controle de Resíduos e Áreas Verdes, 2; Desenvolvimento da Gestão Ambiental, 2; Sistema de Informações Ambientais, 1; Relação com a Comunidade, 2 pessoas). Os resultados alcançados foram significativos, segundo a empresa, com a redução em 90% da emissão de particulados, melhorando o ar da Grande Vitória, reciclagem de resíduos siderúrgicos gerados (90% de reutilização, com economia de US$ 8 milhões anuais), reaproveitamento de gases para geração elétrica (suprimento de 90% do consumo da empresa), reaproveitamento quase total da água (captada do rio Santa Maria), tratamento de efluentes etc. A empresa gerava, na ocasião, 570 kg de resíduos para cada tonelada de aço produzido, enquanto a média das siderúrgicas nacionais era de 700 kg. Resíduos são utilizados em substituição à brita, para uso em ferrovias. A CST adota, em sua Política Ambiental, os princípios da Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável. COMPANHIA VALE DO RIO DOCE O setor de mineração é altamente visado pelos ambientalistas e, quando se leva em conta que a principal mina da Vale do Rio Doce encontra-se em uma região UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AOS CONCEITOS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES 14 de florestas tropicais da Amazônia, pode-se imaginar as pressões internacionais que surgem. A mina de Carajás é a única no mundo cujo minério apresenta um teor de ferro da ordem de 68%, sendo praticamente todo exportado. Sabe-se que outroscompetidores internacionais motivaram campanhas visando boicotes às compras, porém a Vale investiu fortemente na estruturação de um setor ambiental e hoje, Carajás é considerado um modelo de referência em cuidados ambientais. A SUTEC (Superintendência de Tecnologia) e a mina de Carajás foram certificadas pelo BVQI na ISO 14001. USIMINAS – USINAS SIDERÚRGICAS DE MINAS GERAIS S.A. A Usiminas, em sua Usina Intendente Câmara, em Ipatinga, MG, tem ao longo do tempo procurado realizar investimentos em melhorias ambientais, sobretudo para redução de poeiras na atmosfera (que é a maior preocupação da comunidade) e de efluentes hídricos. Com o advento das normas de gestão ambiental, já sendo certificada pela ISO 9001, em 1995 ela iniciou o processo de obtenção de certificado pela ISO 14001 através do DNV, o que ocorreu no final de 1996 (trata-se da segunda usina siderúrgica no mundo a obter essa certificação). Além de eventos relacionados à conscientização ambiental como as “Semanas de Meio Ambiente” e o projeto de Conscientização Ambiental “Xerimbabo”, a empresa lançou um Programa de Matas Ciliares, juntamente com o Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais, para recuperação das matas junto aos rios Doce e Piracicaba. CETREL Empresa responsável pelo sistema de proteção e monitoramento das indústrias do Polo Petroquímico de Camaçari, Bahia. Investiu cerca de US$ 6,2 milhões na compra de um incinerador (da americana Anderson 2000), com o qual pretendeu reduzir a zero cerca de 30.000 toneladas de resíduos sólidos perigosos (catalisadores de resíduos organoclorados, óxido de ferro, lama orgânica, borra de caldeira, solo contaminado etc.). O equipamento tem a capacidade para incinerar 4,5 mil toneladas por ano. A CETREL já obteve a certificação ISO 14001. JOHNSON & JOHNSON Sediada em São José dos Campos, investiu mais de 6 milhões de dólares no programa “Pollution Prevention Goals”, estabelecido pela matriz. O Sistema de Gestão Ambiental da empresa foi inicialmente estruturado em duas áreas: uma relativa à regulamentação ambiental para processos, produtos e serviços, e outra dirigida à responsabilidade ambiental com a comunidade. Seus programas apresentaram inicialmente objetivos definidos em 10 áreas: reciclagem, embalagens (programa que proporcionou o melhor retorno para a empresa), desenvolvimento de produtos ambientalmente neutros, ciclo de vida de produtos e embalagens, CFC, resíduos industriais, papéis de escritório, emissões, energia e água. Para cada processo foi designado um coordenador e formado um 15 TÓPICO 1 | MODELOS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS E ORGANIZAÇÕES grupo de trabalho para propor e implementar as soluções. No ano 2000, a empresa obteve certificação pela ISO 14001, após um trabalho de preparação que durou 18 meses. A empresa deu especial atenção à conscientização e treinamento de seus funcionários, sobre a importância do desenvolvimento sustentável. O BOTICÁRIO Seguindo, de certa forma, a tendência internacional das empresas de cosméticos e perfumes, além de investir no desenvolvimento de produtos naturais, esta empresa tem motivado programas relacionados ao meio ambiente, tendo criado a Fundação “O Boticário de Proteção à Natureza”. Esta fundação, entre outras atividades mantém a reserva particular de Proteção à Natureza (RPPN) de Salto Morato, no Paraná, que demanda R$ 4 milhões por ano. COLGATE PALMOLIVE Atua em um programa denominado 7R: Reduzir a quantidade de matérias-primas e embalagens, resíduos industriais e de escritório, energia utilizada para fabricar, estocar e transportar os produtos. Reutilizar materiais de transporte, embalagens do produto original, estimular aos clientes o refil. Reciclar matérias-primas, embalagens, aumentar o uso de material reciclado em embalagens. Reformular produtos, utilizando materiais compatíveis com os objetivos e metas ambientais. Reprojetar plantas e processos, evitando-se a geração de resíduos e proporcionando economia de energia. Recompensar funcionários, com incentivos aos que propõem e implementam melhorias de processos. Renovar o compromisso com melhorias contínuas do meio ambiente obtidas em processos e produtos. OUTRAS EMPRESAS Muitas empresas têm lançado produtos com melhores características de desempenho ambiental. Por exemplo, a EMBRACO lançou no mercado compressores que não usam CFC, fabricantes de tintas desenvolveram tintas à base de água, evitando o uso de solventes, a DU PONT lançou o SUVA, gás que substitui o CFC em sistemas de refrigeração e que não contém cloro, a RHODIA criou uma série de produtos específicos para absorção de petróleo no mar. A ARAFÉRTIL, em Araxá, MG, criou uma Gerência de Meio Ambiente, específica para cuidar do assunto. Essa empresa realiza mineração e beneficiamento de rochas fosfáticas para fabricar fertilizantes fosfatados (25% do fosfato utilizado pelo setor agrícola). UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AOS CONCEITOS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES 16 A MAGNESITA, que é a maior produtora nacional de tijolos refratários realizou intenso treinamento de mão de obra, programas de manutenção preventiva e de substituição de matérias-primas, conseguindo baixar de 40 para 10 toneladas diárias a produção diária de rejeitos, o que repercutiu em aumento dos lucros. A NESTLÉ criou uma área específica para meio ambiente em sua fábrica de Araras, identificou e trata os seus principais resíduos líquidos (sanitários, orgânicos e águas de limpeza) e gasosos (resultantes da queima de madeira e óleo), estando desenvolvendo novas tecnologias, visando à redução dos odores das fábricas de chocolate e café. O UNIBANCO lançou o programa UNIBANCO ECOLOGIA, que auxilia as comunidades em programas específicos como o de plantio de mudas de árvores nativas, recuperação de matas ciliares e ecologia urbana (coleta seletiva de lixo etc.). FONTE: MOURA, L. A. A. de. Qualidade e gestão ambiental. São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2008. LEITURA COMPLEMENTAR 4 SUSTENTABILIDADE SÓ DÁ CERTO COM APOIO DO ALTO ESCALÃO Germano Lüders / EXAME Em 2009, a VCP, fabricante de papel e celulose do grupo Votorantim, comprou a também brasileira Aracruz, e o negócio deu origem à Fibria. A partir daquele momento, a nova empresa se transformava na maior de seu setor no mundo. Nascia ao mesmo tempo um desafio proporcional a seu tamanho: lidar com uma herança maldita. A origem estava na Aracruz, conhecida no Brasil e no exterior pela qualidade de suas florestas de eucalipto e excelência operacional de suas fábricas, mas também pelos inúmeros conflitos de posse de terra travados há décadas com populações indígenas e sem-terra próximas a suas operações no Espírito Santo e na Bahia. A questão manchava a reputação da companhia e gerava uma série de perdas para o negócio. Suas áreas eram alvo constante de incêndios e invasões. Só em 2010, cerca de 320.000 metros cúbicos de madeira foram roubados — prejuízo de 13 milhões de reais para a Fibria. Hoje, o cenário é outro. A fabricante de celulose nutre um relacionamento um tanto quanto amistoso com seus vizinhos. Prova disso é que, devido ao imbróglio social na qual estava metida, a Aracruz nunca pleiteou que suas florestas fossem certificadas de acordo com os princípios do Conselho de Manejo Florestal, instituição internacional que criou 17 TÓPICO 1 | MODELOS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS E ORGANIZAÇÕES o padrão de exploração sustentável. Atualmente, todas as áreas de eucalipto da Fibria têm o selo verde, atributo quase indispensável para exportar para países ricos. A guinada da Fibria não se deu da noite para o dia. Ao contrário. Ela só aconteceu porque, ao longo dos últimos seis anos, o conselho de administração da companhia, liderado pelo mineiro José Penido, definiu como uma de suas prioridades mudar de maneira radical seu modelo de relacionamento com as comunidades e ajudá-las a prosperar. Na cidade de Prado, por exemplo, na costa sul da Bahia, uma fazenda da Aracruzocupada por integrantes do MST foi alvo de inúmeras ações de despejo e reocupação durante os anos 2000. A Fibria conseguiu fazer um acordo com o grupo e cedeu parte da área para que um assentamento fosse erguido e mais de 1 800 famílias pudessem viver da cultura de mandioca e do comércio de farinha, frango e pimenta. “O conselho da empresa entendeu que sustentabilidade é algo decisivo para o sucesso do negócio, colocou isso na pauta e não tirou mais”, afirma o economista Sergio Besserman Vianna. Um respeitado estudioso do tema das mudanças climáticas, Besserman faz parte, desde 2010, de um comitê criado pelo conselho. Coordenado por Penido, o grupo é formado por outros sete especialistas independentes que têm a missão de avaliar e criticar a estratégia de sustentabilidade da Fibria. Estão também no time, que se reúne durante dois dias com o conselho quatro vezes por ano, o especialista em biodiversidade Claudio Pádua e o líder indígena Ailton Krenak. Em outubro, a Fibria foi eleita a Empresa Sustentável do Ano pelo Guia EXAME de Sustentabilidade. POUCO ENGAJAMENTO Trata-se de um caso emblemático de uma empresa cujo tema da sustentabilidade é considerado relevante pelo conselho de administração — sua mais alta hierarquia —, e isso se mostrou um fator crucial para que ela conseguisse se livrar de um passivo e fosse hoje vista como referência para o setor. Exemplos como o da Fibria, porém, ainda não são a regra no mundo. Uma pesquisa realizada recentemente pela consultoria Boston Consulting Group, em parceria com o MIT Sloan Management Review, periódico da escola de negócios Sloan, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, e a ONU, com 2 587 executivos em 113 países — incluindo o Brasil — revelou que, para 86% do universo consultado, o engajamento do conselho é fundamental para que o tema da sustentabilidade seja realmente incorporado à estratégia de negócios de uma companhia. Por outro lado, apenas 42% dos executivos declararam acreditar que os conselhos dão a atenção merecida ao tema. “Infelizmente, a verdade é que falta UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AOS CONCEITOS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES 18 comprometimento dos conselheiros com o assunto”, diz Martin Reeves, diretor da consultoria BCG em Nova York. Nesse cenário, há uma boa notícia em relação ao Brasil no que diz respeito a pelo menos um aspecto. Dados do Guia EXAME de Sustentabilidade revelaram que o número de comitês dedicados a municiar os conselhos das empresas com informações sobre sustentabilidade vem crescendo. No ano passado, das 228 companhias pesquisadas, 33% declararam ter comitês de sustentabilidade se reportando diretamente ao conselho. Em 2009, eram apenas 18%. Nem todos são compostos de especialistas externos. No caso da Masisa, fabricante de painéis de madeira, que faturou cerca de 500 milhões de reais em 2013, o comitê de sustentabilidade é formado por um grupo de 11 pessoas da própria empresa, entre diretores e gerentes de área, que trabalham sob o comando da presidente Marise Barroso. Um grupo de 12 especialistas consultados por EXAME concorda que nada disso, porém, adianta sem o apoio do presidente e de um executivo dedicado exclusivamente ao tema. “É a persistência diária e o poder de persuasão da máxima liderança da companhia que, no final das contas, mudam a cultura de uma empresa”, afirma Helio Mattar, presidente do Instituto Akatu, ONG dedicada a promover o consumo sustentável, e um dos precursores do movimento de responsabilidade corporativa no Brasil. “Cabe só a ele inspirar, ao mesmo tempo, o conselho e os funcionários da empresa para o tema.” Na fabricante de material para construção Duratex, que faturou 3,8 bilhões de reais em 2013, essa missão foi dada ao paranaense Antonio Joaquim de Oliveira, nomeado presidente há dois anos, egresso da diretoria de sua unidade de painéis de madeira. Quatro anos antes de o executivo assumir esse posto, o conselho de administração da Duratex deu início a um processo de conversão à causa da sustentabilidade semelhante ao da Fibria, mas por um motivo diferente: a empresa, que pertence ao grupo Itaúsa, fundiu suas operações com as da fabricante de painéis de madeira Satipel, que tinha o capital aberto e estava listada no Novo Mercado da Bovespa, segmento que agrega as empresas dispostas a adotar as práticas mais elevadas de governança corporativa. “Já vínhamos nos preocupando com a questão há alguns anos, mas a partir daquele momento uma cobrança maior por parte dos acionistas nos levou a elaborar uma estratégia de sustentabilidade mais sólida”, diz Oliveira. Para isso, o conselho também criou um comitê, formado por conselheiros independentes, acionistas e especialistas em sustentabilidade, que o ajudou a analisar a operação da nova Duratex e a elencar todos os processos que deveriam ser revistos na esfera social e ambiental. 19 TÓPICO 1 | MODELOS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS E ORGANIZAÇÕES Quando assumiu, em 2013, Oliveira ganhou a incumbência de melhorar não só indicadores financeiros como também uma série de números relativos à geração de resíduos, ao consumo de água e de energia e ao relacionamento com comunidades vizinhas às fábricas da empresa. As metas deverão ser batidas até 2016. Para isso, a partir daquele ano todos os executivos da companhia passaram a ter cerca de 20% de sua remuneração atrelada a essas metas, e uma gerência de sustentabilidade foi criada. À frente da equipe de 46 profissionais está o executivo João Redondo, ex-gerente industrial da Itautec. “Estou comprometido em fazer com que a sustentabilidade seja algo entranhado em nossa cultura. Confesso que ainda não chegamos lá e o caminho é cheio de obstáculos”, afirma Oliveira. Não há falsa modéstia nas palavras do executivo. Especialistas são categóricos em afirmar que a tarefa não é mesmo fácil. “Até existem alguns presidentes convictos de que o tema deve ser prioridade, mas eles realmente não são muitos”, diz Mário Monzoni, diretor do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, responsável pela metodologia do Guia EXAME de Sustentabilidade. Esses poucos acabam se transformando em ícones e ganham certo status de celebridade. Hoje, a grande estrela nessa seara no mundo é o holandês Paul Polman, à frente da multinacional de bens de consumo Unilever desde 2009. Ele usa e abusa da visibilidade do cargo para expor seu desconforto com os dilemas sociais e ambientais do mundo e para alardear as metas ambiciosas da Unilever: até 2020, dobrar a empresa de tamanho e reduzir pela metade seu impacto ambiental. Ainda é cedo, porém, para saber se a Unilever chegará lá. Ninguém duvida, quando Polman fala em público, de que o executivo tem atualmente o apoio do conselho de administração e dos mais de 170.000 funcionários da Unilever espalhados pelo mundo para perseguir a meta. E isso, já está provado, é decisivo para o sucesso. FONTE: Disponível em: <http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1084/noticias/com-a- bencao-do-conselho>. Acesso em: 27 fev. 2015. 20 Neste tópico vimos que: • Nos primórdios, os setores produtivos limitavam-se, em alguns casos, a adotar as medidas necessárias para evitar a paralisação de suas atividades ou o recebimento de multas, por não atuar em conformidade com os procedimentos e padrões legais. • A ocorrência de incidentes/acidentes ambientais entre as décadas de 70 e 90 obrigou as empresas a arcarem com elevados gastos em indenizações, recuperação dos ambientes danificados e ações para mitigação e/ou controle dos danos, o que afetou negativamente a imagem destas empresas poluidoras. • Empresas com maior potencial poluidor passaram a desenvolver e implementar instrumentos de gestão ambiental corporativa para a melhoria do fluxo de informação, interno e externo, além de propiciar a redução de risco de incidentes e acidentes, sendo o setor químico o pioneiro. • Uma série de eventos mundiais também se mostraram importantespara aumentar a consciência e o envolvimento das organizações, como por exemplo, a ECO-92, que ocorreu no Brasil. • A ocorrência de incidentes/acidentes ambientais, de eventos mundiais que discutiram o tema ambiental, do aumento da rigidez da legislação mundial e nacional, aliados às muitas manifestações populares que ocorreram no mundo a partir da década de 70, foram os principais fatores históricos que contribuíram para o surgimento e aperfeiçoamento de Sistemas de Gestão Ambiental nas organizações. • O Marketing Ambiental é uma ferramenta capaz de projetar e sustentar a imagem da empresa, difundindo-a com uma nova visão de mercado, destacando sua diferenciação ecologicamente correta junto à sociedade, fornecedores, funcionários e ao mercado. • Há muitos exemplos brasileiros de organizações que demonstram preocupações em relação ao seu desempenho ambiental, desde empresas mineradoras a empresas de cosméticos e alimentos. RESUMO DO TÓPICO 1 21 1 Ouvimos muito sobre sustentabilidade atualmente. Esse termo entrou definitivamente em nosso cotidiano e seu alcance é um dos principais objetivos de muitos setores da sociedade. Discorra sobre seu real significado. 2 Observamos, no decorrer dos estudos, que ocorreram muitos incidentes/ acidentes ambientais entre a década de 70 e 90. Explique de que forma estes eventos contribuíram para o aumento da conscientização das organizações frente à questão ambiental. 3 O Marketing Ambiental trata-se de uma ferramenta capaz de projetar e sustentar a imagem da empresa, difundindo-a com uma nova visão de mercado, destacando sua diferenciação ecologicamente correta junto à sociedade, fornecedores, funcionários e ao mercado. Cite alguns benefícios para empresas que investem em Marketing ambiental. 4 Faça uma pesquisa e verifique se na sua região existem empresas que se utilizam do Marketing ambiental. Discuta com a turma de que forma a preocupação ecológica destas organizações é apresentada para a sociedade. 5 Faça uma pesquisa na internet sobre práticas sustentáveis de empresas instaladas na sua região e compartilhe o resultado com os demais acadêmicos no próximo encontro presencial. AUTOATIVIDADE 22 23 TÓPICO 2 CARACTERÍSTICAS DE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Agora que você já conheceu um breve histórico sobre a gestão ambiental nas empresas e organizações, cabe a nós apresentar-lhe as principais características de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) de acordo com a norma ABNT NBR ISO 14001. Uma das maiores motivações para uma empresa implantar a ISO 14001 é o resultado do mercado internacional corrente e a necessidade de manter a competição. É uma estratégia das empresas para proporcionar o reconhecimento de seus produtos e maior aceitação no mercado. Por isso, é tão importante compreender os objetivos e princípios de um SGA. 2 A GESTÃO AMBIENTAL E AS NORMAS DA SÉRIE ISO 14001 Na década de 90, após a ECO 92 no Rio de Janeiro, foram iniciadas uma série de discussões relativas à proteção do meio ambiente, como reciclagem, economia de energia, combate desperdício, consumo consciente e gestão ambiental nas empresas. Dentre os resultados dessa conferência, está a Agenda 21, um documento muito importante que auxilia os governos na elaboração de políticas públicas. Mas, além disso, também houve o início da elaboração das normas da série ISO 14000 pela ISO (International Organization for Standardization), uma federação internacional de organizações de normatização técnica. IMPORTANT E A ISO (cujo significado em português é Organização Internacional de Padronização) é uma entidade não governamental, com sede em Genebra, na Suíça. Foi criada em 1947 com o objetivo principal de aprovar normas internacionais em todos os campos técnicos, como normas técnicas, classificações de países, normas de procedimentos e processos etc. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AOS CONCEITOS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES 24 A importância de normas técnicas é bastante conhecida, principalmente na área de engenharia. Seria impossível realizar um projeto, ou uma construção, sem o apoio de normas técnicas. Um engenheiro, por exemplo, é capaz de reconhecer as propriedades daquilo que comprará apenas pela definição da norma técnica. As normas padronizam peças, materiais, e também procedimentos gerenciais. A maioria dos países tem seu próprio organismo gerador de normas técnicas, havendo uma tendência de que as empresas de um mesmo país adotem as próprias normas, embora exista a liberdade de adotar quaisquer normas, dependendo do interesse dos seus clientes. No Brasil, o único organismo normalizador é a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que é uma entidade sem fins lucrativos, mantida por um grupo grande de empresas associadas e pelos recursos obtidos com a venda das normas produzidas. A ABNT representa a ISO no Brasil. Além do estabelecimento de uma forma de ação comum para o gerenciamento ambiental, as normas ISO 14000 são uma resposta às exigências legais e do mercado, para que se tenha uma padronização dos parâmetros a serem considerados no momento da implantação de um SGA. Dessa forma, haverá maior confiança por parte dos envolvidos, de que o processo realizado por uma empresa conduzirá ao maior cumprimento da lei, além de conformidade a outras exigências e a níveis mais elevados de desempenho ambiental. A ISO 14001 faz parte de um conjunto de normas que fazem parte da série 14000. Ela é a primeira das normas, que fixa as especificações para a certificação e avaliação de um sistema de gestão ambiental de uma organização. Essa norma foi fortemente inspirada na norma inglesa British Standard 7750 (BS 7750 – Especificação para Sistemas de Gerenciamento Ambiental), lançada em caráter experimental em 1992, sendo avaliada por dois anos e teve sua edição definitiva publicada em 1994, de acordo com o histórico a seguir: • criação da EMAS (Eco Management and Audit Scheme), que é a regulação ambiental da Comunidade Europeia, e que colaborou para determinar as condições da elaboração da BS 7750; • a BSI iniciou estudos a respeito da norma, em conjunto com o Environmental and Pollution Standards Policy Comittee; • em junho de 1991 foi emitido um rascunho (draft) para comentário público; • em março de 1992, foi feita a publicação oficial; • corrigidas as imperfeições, a norma foi reemitida, em 2 de janeiro de 1994; • ao ser emitida a ISO 14001, a BS 7750 foi cancelada. Em agosto de 1996, ocorreu uma reunião no Rio de Janeiro, que contou com a participação de aproximadamente 80 países. Neste momento foram aprovadas as cinco primeiras normas da série ISO 14000, que são as normas 14001, 14004, 14010, TÓPICO 2 | CARACTERÍSTICAS DE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL 25 14011 (parte 1) e 14012. No dia 31 de dezembro de 2004 foi emitida a 2ª edição da norma ISO 14001, após a revisão da versão anterior. Observe, no quadro a seguir, as normas que compõem a série ISO 14000. QUADRO 1 – NORMAS QUE COMPÕEM A SÉRIE ISO 14000 Número ISO Título 14000 Sistemas de Gestão Ambiental – Diretrizes gerais. 14001 Sistemas de Gestão Ambiental – Especificação e diretrizes para uso (ABNT NBR ISO 14001, emitida em outubro de 1996 e revisada em 31.12.2004). 14004 Sistemas de Gestão Ambiental – Diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio. (ABNT NBR ISO 14004, emitida em outubro de 1996 e revisada em 31.10.2005). 14010 Diretrizes para auditoria ambiental – Princípios gerais (NBR ISO emitida em Nov./96). Cancelada. 14011 Diretrizes para a auditoria ambiental – Procedimentos de auditoria – Auditoria de sistemas de gestão ambiental (NBR ISO 14001, emitida em Nov./96). Norma emitida, porém substituída pela ISO 19.011, que unifica os procedimentos de auditoria da ISO 9000 e ISO 14001. 14012 Diretrizes para auditoria ambiental – Critérios de qualificação para auditorias ambientais (NBR ISO 14012, emitida em Nov./96). 14014 Diretrizes para auditoria ambiental– Diretrizes para a realização de avaliações iniciais. 14015 Diretrizes para auditoria ambiental – Guia para avaliação de locais e instalações (emitida em 2001). 14020 Rotulagem Ambiental – Princípios básicos (emitida em 2000). 14021 Rotulagem Ambiental – Definições para aplicação específica e autodeclarações (rótulos tipo II). Emitida em 1999. 14022 Rotulagem Ambiental – Simbologia para os rótulos. 14023 Rotulagem Ambiental – Metodologias para testes e verificações. 14024 Rotulagem Ambiental – Procedimentos e critérios para certificação. Rótulos tipo I. Emitida em 1999. ISO/TR 14025 Rotulagem Ambiental e Declarações – Tipo III. Emitida em 2000. 14031 Avaliação de desempenho ambiental. Emitida em 1999. 14032 Avaliação de desempenho ambiental de sistemas operacionais. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AOS CONCEITOS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES 26 14040 Análise do ciclo de vida – Princípios gerais. Emitida em 1997. 14041 Análise do ciclo de vida – Inventário. Emitida em 1998. 14042 Análise do ciclo de vida – Análise dos impactos. Emitida em 2000. 14043 Análise do ciclo de vida – Usos e aplicações. Emitida em 2000. 14050 Gestão Ambiental - Termos e definições – Vocabulário. Emitida em 2002. Revisada em 31.05.2004. ISO/TR 14062 Gestão Ambiental. Integrando aspectos ambientais no design e desenvolvimento de produtos. Emitida em 2002. ISO 14065 Organismos de verificação e acreditação para gases do efeito estufa. A maioria destas normas já foi emitida, mas algumas delas estão em outros estágios de prontificação, aguardando revisões para então ocorrer a emissão. Sobre as normas, ainda é interessante comentar que existem alguns pontos comuns entre as normas de gestão da qualidade (ISO 9000) e de gestão ambiental (ISO 14001), como a exigência de uma política escrita, necessidade de envolvimento da alta direção e dos funcionários envolvidos, preparação de um sistema de documentação e diversos compromissos que a empresa precisa firmar. Atualmente é possível trabalhar com estas normas de forma conjunta, utilizando os Sistemas de Gestão Integrados. FONTE: Moura (2008, p. 71) A norma da série que possibilita a certificação do Sistema de Gestão Ambiental de uma empresa é a 14001 (a única certificável da série), que trata de assuntos específicos ligados ao meio ambiente, como por exemplo, a identificação dos aspectos e impactos ambientais; a criação de objetivos e metas e a exigência em firmar um compromisso em cumprir as legislações aplicáveis. Entenda que não estarão previstos na norma os padrões ambientais que devem ser alcançados, mas sim a exigência do cumprimento da legislação aplicável, que por sua vez contém os padrões que deverão ser seguidos. ESTUDOS FU TUROS No Topico 3 você conhecerá a estrutura dos Sistemas de Gestão Integrado (SGI) e quais normas podem ser integradas. TÓPICO 2 | CARACTERÍSTICAS DE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL 27 3 ASPECTOS ESTRATÉGICOS E OPERACIONAIS DA ISO 14001 Para muitas empresas proativas, a gestão ambiental se tornou uma questão estratégica, principalmente em virtude dos diversos contextos socioeconômico- ambientais que as mesmas enfrentam. Por isso, aperfeiçoar seus sistemas de gestão ambiental vai de encontro com as necessidades das próprias organizações. O papel estratégico da ISO 14001 resulta da própria forma com que ela foi estruturada. Isso acaba evidenciando-se através da norma ISO 14004, a qual estabelece os princípios de um sistema de gestão ambiental (NBR ISO 14004, 2006): 1. Comprometimento e política – comprometimento da alta administração, realização de avaliação ambiental inicial e o estabelecimento de uma política ambiental. 2. Planejamento – formulação de um plano para o cumprimento da política ambiental, através da identificação de aspectos ambientais e avaliação dos impactos ambientais correlatos, caracterização dos requisitos legais envolvidos, definição de critérios internos de desempenho, estabelecimento de objetivos e metas ambientais de um Programa de Gestão Ambiental (PGA). 3. Implantação – criação e capacitação de mecanismos de apoio à política, objetivos e metas ambientais. Isso ocorrerá através da capacitação e aporte de recursos humanos, físicos e financeiros, harmonização do sistema de gestão ambiental, estabelecimento de responsabilidade técnica e pessoal, conscientização ambiental e motivação, desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes. Além disso, ações que apoiem comunicação e relato, documentação do sistema de gestão ambiental, controle operacional, preparação e atendimento de emergências. 4. Medição e avaliação – trata-se da medição e monitoramento do desempenho ambiental, possibilitando ações corretivas e preventivas, além de registros do sistema de gestão ambiental e gestão da informação. 5. Análise crítica e melhoria – envolve a modificação do sistema com o fim de alcançar a melhora contínua de seu desempenho, através de sua análise crítica. A norma ISO 14001 orienta o gerenciamento das atividades e dos aspectos ambientais decorrentes de processos, produtos e serviços das organizações. Suas características mais importantes são a proatividade e a abrangência. Ser proativo implica ter foco na ação em lugar da reação a comandos e políticas de controle do passado. Já a característica da abrangência reflete no envolvimento de todos os membros da organização na proteção ambiental, levando em conta clientes, funcionários, fornecedores, companhias de seguros, ONGs, acionistas e sociedade. Em relação à metodologia utilizada, a norma segue o PDCA (Plan -Do-Check- Act, em português Planejar-Executar-Verificar-Agir). O PDCA pode ser descrito da seguinte forma: • Planejar: estabelecer os objetivos e processos necessários para atingir os resultados em concordância com a política ambiental da organização. • Executar: implementar os processos. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AOS CONCEITOS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES 28 • Verificar: monitorar e medir os processos em conformidade com a política ambiental, objetivos, metas, requisitos legais e outros, e relatar os resultados. • Agir: agir para continuamente melhorar o desempenho do sistema de gestão ambiental. FIGURA 1 – CICLO PDCA FONTE: Disponível em: <http://blog.qualidadesimples.com.br/wp-content/uploads/2012/10/PDCA1. png>. Acesso em: 24 fev. 2015. A aplicação deste modelo é relativamente simples, e traz ganhos para qualquer empresa que quiser se utilizar dele. Devemos entender que o PDCA representa um ciclo, e por isso, deve continuamente “rodar”, no sentido da sucessão contínua de todas as fases. A omissão de uma das fases, sendo ela qual for, pode causar uma série de prejuízos e falhas no processo como um todo. Por isso, ao utilizar o ciclo PDCA, é importante tomar alguns cuidados como: não fazer sem planejar, não parar o ciclo após completar a primeira volta, fazer e não checar, definir as metas e definir os métodos para atingi-las, bem como, ao definir metas, tomar o cuidado de preparar o pessoal para executá-las. 4 MOTIVAÇÕES PARA A ADOÇÃO DA NORMA ISO 14001 Ao obter a certificação pela ISO 14001, não significa que a empresa conquistou o melhor desempenho possível em relação à questão ambiental, mas sim de que ela está comprometida a obter melhorias constantes em busca TÓPICO 2 | CARACTERÍSTICAS DE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL 29 da qualidade ambiental. Esta questão estratégica é um importante instrumento para garantir a confiança dos clientes, investidores e fornecedores. Isto também aumenta a competitividade da empresa no mercado nacional e internacional. Segundo Seiffert (2008), existe um conjunto principal de fatores motivadores que levam as empresas a adotar a ISO 14001: 1. Melhora da reputação e imagem da organização – um motivo baseado no relacionamento entre o desempenho ambiental e o desempenho econômico.O reforço da reputação permite às empresas de pequeno e médio porte obter concessões para sua participação de mercado, bem como maior capacidade de
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