Buscar

GESTÃO-AMBIENTAL-2-GESTÃO DE PRODUÇÃO E GESTÃO DO MEIO AMBIENTE

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 91 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 91 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 91 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
GESTÃO AMBIENTAL 
1 
 
 
Sumário 
FACUMINAS ............................................. Erro! Indicador não definido. 
1.1- METODOLOGIA ...................................................................... 4 
3. PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL: RETROSPECTIVA DOS FATOS 
MARCANTES ............................................................................................... 10 
4. COMO A QUESTÃO AMBIENTAL INFLUENCIOU AS 
ORGANIZAÇÕES ......................................................................................... 19 
6. COMO IMPLANTAR UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL 
NAS ORGANIZAÇÕES................................................................................. 29 
8. NORMAS AMBIENTAIS INTERNACIONAIS ............................. 37 
8.2- ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS
 38 
8.4- SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL .................................. 42 
10. O SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E SEUS BENEFÍCIOS 54 
12. ELEMENTOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL .......... 61 
14. POLÍTICA AMBIENTAL ............................................................. 64 
14.2- IDENTIFICAÇÃO DE ASPECTOS E IMPACTOS .................. 66 
16. OBJETIVOS, METAS E PROGRAMAS .................................... 69 
17.1- RECURSOS, FUNÇÕES, RESPONSABILIDADES E 
AUTORIDADES ............................................................................................ 72 
19. ANÁLISE PELA ADMINISTRAÇÃO .......................................... 86 
21. REFERÊNCIAS ......................................................................... 90 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
O termo Gestão, segundo o dicionário Aurélio Buarque de Hollanda, quer 
dizer, “ato de gerir; gerência, administração”. Sistema de Gestão, sob o ponto 
de vista empresarial, significa um modelo operacional que uma determinada 
organização adota para geri-la, não importando neste caso o seu porte ou 
seguimento. 
Toda e qualquer empresa deve possuir um sistema de gestão, pois, do 
contrário, teria a sua própria existência comprometida. Acontece que alguns 
modelos foram desenvolvidos e adotados por várias empresas com o intuito de 
haver uma padronização de metodologia seguindo diretrizes traçadas por 
normas. 
Daí os modelos normativos hoje existentes e muito difundidos e que, para 
empresas que se apresentam de alguma forma pouco estruturadas são 
excelentes para a sua correção de rotina e rumo, elevando-a a patamares de 
alto grau de excelência. 
Mas é muito importante salientar que, para o devido sucesso do modelo, 
é necessário o correto empenho e o comprometimento de seus dirigentes e que 
o modelo adotado seja de fato usado como ferramenta de gestão e não apenas 
um mero artifício de demonstração. É evidente que é do interesse da empresa 
organizar-se quanto à gestão de diferentes disciplinas, como gestão da 
qualidade, gestão do meio ambiente, gestão da responsabilidade social, gestão 
da segurança e da saúde ocupacional, etc. 
O foco desse material, será a Gestão do Meio Ambiente, mas, muitas 
serão as vezes em que buscaremos a integração conceitual com o 
gerenciamento de outras disciplinas. É importante para o administrador estar 
bastante consciente da necessidade da implementação de um sistema de gestão 
uma vez que é comum o questionamento sobre o que se ganha em ter mos de 
4 
 
 
valor agregado com o investimento de recursos na implantação e 
desenvolvimento de um sistema de gestão. 
Ora, empresas produtoras de bens e serviços desenvolvem seus 
negócios por meio d e processos e atividades que apresentam variabilidade 
natural e estão expostos a falhas potenciais relacionadas aos recursos 
disponibilizados e aos métodos de trabalho empregados. 
É fácil concluir que, quanto maior for o impacto advindo de uma dessas 
falhas nos resultados dos negócios, de maior significância essa falha se tornará. 
Dentre esses impactos, deve-se concluir não apenas os prejuízos financeiros e 
hum anos imediatos, mas também as conseqüências de médios e longos prazos 
que podem advir da perda de imagem no mercado, requerendo gestão específica 
sobre as atividades envolvidas, visando a prevenir a ocorrência de eventos 
indesejados. 
Como, no entanto, assegurar-se de que os modos potenciais de falha 
estão devidamente identificados e anali sados e que as atividades relacionadas 
com el es estão sobre controle sem que existam padrões capazes de prover a 
previsibilidade requerida? A organização desses padrões em sistemas de 
gestão que assegurem a previsibilidade desejada é sempre vantajosa para 
qualquer negócio. Sua ausência pode acarretar o aparecimento de efeitos 
indesejáveis que trazem fortes impactos adversos aos resultados do negócio. 
 
1.1- METODOLOGIA 
 
Para a construção deste material, foi utilizada a metodologia utilizada de 
pesquisa bibliográfica e descritiva, com o intuito de proporcionar um 
levantamento de maior conteúdo teórico a respeito dos assuntos abordados. 
Segundo Gil, a pesquisa bibliográfica consiste em um levantamento de informações e 
conhecimentos acerca de um tema a partir de diferentes materiais bibliográficos já publicados, 
colocando em diálogo diferentes autores e dados. 
Entende-se por pesquisa bibliográfica, a revisão da literatura sobre as 
principais teorias que norteiam o trabalho científico. Essa revisão é o que 
5 
 
 
chamamos de levantamento bibliográfico ou revisão bibliográfica, a qual pode 
ser realizada em livros, periódicos, artigo de jornais, sites da Internet entre outras 
fontes. Outro método utilizado foi à metodologia de ensino Waldorf, esta 
metodologia é uma abordagem desenvolvida pelo filósofo Rudolf Steiner. 
Ele acreditava que a educação deve permitir o desenvolvimento 
harmônico do aluno, estimulando nele a clareza do raciocínio, equilíbrio 
emocional e a proatividade. O ensino deve contemplar aspectos físicos, 
emocionais e intelectuais do estudante. 
A pesquisa é descritiva, de campo e histórica, apoiada em técnicas de 
análise documental sobre a legislação e os planos de ensino obtidos, 
bibliográfica (MALHOTRA, 2006; COOPER; SCHINDLER, 2003; VERGARA, 
2003; LUNA, 2002), e de análise de conteúdo (BARDIN, 2004). O planejamento 
e a revisão da literatura ocorreram durante o segundo semestre de 2007; a coleta 
dos dados, a análise e a apresentação dos resultados ocorreu durante 2008. 
Ainda para a construção deste, foi utilizado a etnometodologia, pela 
fenomenologia e pelo legado de Wittgenstein, além de alguns elementos 
marxistas e outros pensamentos mais contemporâneos, como os desenvolvidos 
por Pierre Bourdieu e Anthony Giddens. 
Segundo Nicolini, Gherardi e Yanow (2003) a noção de prática, na sua 
essência filosófica, está baseada em quatro grandes áreas do saber - natradição 
marxista, na fenomenologia, no interacionismo simbólico e no legado de 
Wittgenstein, das quais podem ser citados fenômenos como: conhecimento, 
significado, atividade humana, poder, linguagem, organizações, transformações 
históricas e tecnológicas, que assumem lugar e são componentes do campo das 
práticas para aqueles que delas compartilham. 
Com tudo, o intuito deste modelo é possibilitar os estudos e contribuir para 
a aprendizagem de forma eficaz, clara e objetiva. 
 
 
6 
 
 
2. O MOVIMENTO AMBIENTALISTA COMO RESULTADO DE 
UM PROCESSO DE CONSTRUÇÃO HISTÓRICA E SUA 
IMPORTÂNCIA 
 
Segundo Andrade, Tachizawa e Carvalho (2004), a conferência sobre 
biosfera realizada em Paris, em 1968, marcou o início de uma consciência 
ecológica mundial, assim como a primeira Conferência das Nações Unidas sobre 
Meio Ambiente, realizada em Estocolmo, em junho de 1972, onde se popularizou 
a frase da então primeira-ministra da Índia, Gandhi, "A pobreza é a maior das 
poluições". Foi nesse contexto que os países do hemisfério sul afirmaram que a 
solução para a poluição não era conter o desenvolvimento, e sim orientar o 
desenvolvimento para preservar o meio ambiente e os recursos não renováveis. 
Na década de 1970, os governantes foram os árbitros primários 
da performance ambiental das empresas. Os administradores viam a relação 
entre meio ambiente e empresa como uma restrição regulatória. No período de 
1970 a 1985, viu-se o começo da integração entre os governantes e ativistas 
sociais dos países mais industrializados, embora fraca, e entre preocupações 
ambientais e estratégias de negócios, o que alguns autores denominaram 
"adaptação resistente". 
Segundo Sanchez e Thompson (1997), em âmbito internacional, houve 
um acordo entre os países membros da Organização para a Cooperação e 
Desenvolvimento Econômico (OCDE), firmado em 1972, no qual concordavam 
com basear as políticas ambientais em um "Princípio do Poluidor Pagador". Seu 
mecanismo incorreu na interferência nas decisões do consumidor, mediante 
elevação do preço dos produtos ambientalmente mais nocivos. Esse aumento 
enviou um sinal de mercado ao consumidor, para que ele procurasse um 
substituto "mais limpo". 
Para Andrade, Tachizawa e Carvalho (2004), a principal conseqüência da 
participação brasileira na Conferênciade Estocolmo foi a institucionalização de 
autoridade em nível federal, orientada paraa preservação ambiental no país, 
criando-se a Secretaria Especial de Meio Ambiente (Sema), em 30 de outubro 
de 1973. 
7 
 
 
No Brasil, o agravamento da questão ambiental começou a ser percebido 
em áreas industrializadas, decorrente do fenómeno de concentração de 
atividades urbanas e industriais. Tal iniciativa da área federal foi precedida pela 
criação da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), sendo 
logo em seguida instituído o Conselho Estadual de Proteção Ambiental 
(Cepram), na Bahia, em 03 de outubro de 1973. 
Segundo Donaire (1996), no Brasil, em 1980, foi aprovada a Lei Federal 
n.6.803 e, em 1981, a Lei n.6.638 e o Decreto Executivo n.88.351, que criaram 
diversos agentes de controle ambiental, atuando em nível federal, estadual e 
municipal, que produziram como resultado o surgimento, na legislação 
pertinente, de regulamentos e discriminações que cerceavam as alternativas de 
atuação e localização das empresas, interferindo não só no ambiente de 
negócios em que as empresas atuavam, mas também na própria organização 
interna de suas atividades produtivas. 
Após a segunda metade da décadade 1980, surgiu uma espécie de 
"ambientalismo de livre mercado", que trocou a ênfase das regulações dos 
insumos e das atividades paraos resultados. Os novos instrumentos de política 
ambiental mudaram as possibilidades de utilização das ações ambientais como 
instrumentos de marketinge estratégia competitiva pelas empresas. 
O relatório Nosso Futuro Comum, de Brundtland (1987 apudViola & cols., 
1998), contém muitos números e depoimentos, que indicam que a crise 
ambiental, a de desenvolvimento e a energética interligam-se, formando uma só 
crise que afeta todo o planeta. O caminho proposto foi promover o 
desenvolvimento sustentável, definido como o desenvolvimento que atende às 
necessidades do presente, sem comprometer a capacidade de as gerações 
futuras atenderem também às suas. 
Desde a década de 1970 até meados da década de 1990, pode-se 
demarcar uma fronteira clara da atuação empresarial relativa ao meio ambiente. 
Da típica postura reativa, própria dos anos 1970, em que se considerava a 
relação entre proteção ambiental e desenvolvimento absolutamente antagônica, 
uma parte do setor empresarial assumiu postura pró-ativa e inseriu-se na 
8 
 
 
comunidade ambientalista, em meados da década de 1980, ganhando destaque 
no início da década de 1990. 
Até fins dos anos 1980, com a tendência crescente demonstrada por 
certos segmentos do mercado de utilizar seu poder de compra para assegurar a 
melhoria ambiental - algumas atitudes exemplificam isso, como a opção por 
produtos menos prejudiciais -, os produtores passaram a incorporar cada vez 
mais rótulos ambientais em suas estratégias de comercialização (sobre a 
biodegradabilidade ou seu processo de produção, como conteúdo reciclado ou 
ausência de gases que afetam a camada de ozónio). Na década de 1990, muitas 
organizações começaram a integrar o meio ambiente em suas estratégias de 
negócios, havendo o surgimento do enviropreneurial market,que pode ser 
definido como as atividades de marketingbenéficas empresarial e 
ambientalmeme, que atendem tamo à economia da organização quanto aos 
objetivos de performancesocial. 
Desde o começo da década de 1990, portanto, o ambientalismo, dentro 
do mundo dos negócios, tem-se tornado mais complexo do que a simples 
conformidade com as leis ou a responsabilidade social. Proteção ambiental e 
competitividade económica têm-se entrelaçado. O que anteriormente foi dirigido 
por pressões que estavam fora do mundo dos negócios é agora direcionado por 
interesses que existem dentro dos ambientes econômico, político, social e 
mercadológico das empresas. 
A educação ambiental tem papel fundamental na gestão ambiental, pois 
visa à formação da consciência critica atuando nos diversos setores da 
sociedade. O setor da sociedade decisivo para educação ambiental atuar com 
foco na gestão ambiental é o político e o econômico, tendo em vista que são os 
principais poderes atuais. 
Para Souza (2002), novas situações do ambiente institucional passaram 
a ser consideradas estratégias ambientais das empresas, tais como: investidores 
e acionistas, que estariam interessados em correlações positivas entre 
as performanceseconômica e ambiental; bancos, que estariam 
associando performancesambientais ruins a risco financeiro mais elevado; e 
associações comerciais, educacionais e religiosas, que passaram a 
9 
 
 
institucionalizar determinadas demandas ambientais. Pode-se observar, por 
exemplo, a instituição de disciplinas ambientais em diversos cursos 
universitários e a profissionalização da gestáo ambiental. 
O setor empresarial atualmente tem membros considerados "amigos do 
verde", que desenvolvem ações de responsabilidade ambiental, cuja adesão ao 
pacto ecológico ocorre de forma voluntária, apomada por muitos como fruto do 
aumento da consciência ambiemal, conforme Souza (1999), Tankersley e Sttat 
(1994), Varadajan (1992), Donaire (1994) e Layrargues (2000). 
A Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável, elaborada pela 
Câmara de Comércio Internacional e lançada no dia 10 de abril de 1991, 
representou grande avanço no gerenciamento ambiental na indústria desde os 
primórdios da industrialização. Resultado da Conferência das Nações Unidas 
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992, celebrada no Rio de Janeiro, 
a Agenda 21 foi, com efeito, a mais extensa e detalhada "cartilha" consensualque a Comunidade Internacional logrou acordar para fazer face ao dilema da 
relação entre a espécie humana e a natureza. 
Objetivando unificar os entendimentos, em julho de 2001, o CB-38, 
Comitê Brasileiro de Gestão da ABNT (Associação Brasileira de Normas 
Técnicas) emitiu um documento, no qual estabelece que "comprometimento do 
atendimento à legislação implica que a empresa deve estar atendendo todos os 
requisitos legais aplicáveis". Assim, considerados o requisito normativo e sua 
interpretação unificante, fica definido para as empresas um patamar mínimo de 
desempenho ambiental, com caráter de cumprimento compulsório e 
correspondente ao atendimento dos requisitos da totalidade da legislação 
aplicável e vigente. 
Em termos de significado, a questão ambiental passou a não ser tratada, 
mesmo nos meios empresariais, apenas como uma"agenda negativa". Com o 
passar dos anos, sobretudo a partir da década de 1980, o surgimento de novos 
conceitos (como desenvolvimento sustentável e o ecodesenvolvimento, no 
campo das teorias de desenvolvimento, e produção mais limpa e gerenciamento 
ambiental da qualidade total (TQEM), no campo empresarial) acentuou os 
10 
 
 
vínculos positivos entre preservação ambiental, crescimento econõmico e 
atividade empresarial. 
Compondo uma das forças exógenas, os empresários brasileiros criaram 
a Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável. O objetivo da 
fundação é desenvolver projetos e pesquisas para a preservação do meio 
ambiente e a conscientização do empresariado, a fim de incluir a questão do 
meio ambiente no gerenciamento de suas empresas, conforme Andrade, 
Tachizawa e Carvalho (2004). 
As práticas ambientais corporativas, com isso, têm-se tornado menos uma 
questão ambiental apenas, e mais uma questão de estratégia 
competitiva, marketing,finanças, relações humanas, eficiência operacional e 
desenvolvimento de produtos. 
 
3. PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL: RETROSPECTIVA DOS 
FATOS MARCANTES 
 
A utilização descontrolada dos recursos naturais renováveis e não 
renováveis acrescidas da explosão demográfica, despertou ao longo dos anos, 
uma consciência da necessidade de preservação do meio ambiente. 
Nas décadas de 40 e 50 foram marcadas pelo desafio dos aliados na 
reconstrução após a II Guerra Mundial motivando o estabelecimento de um 
sistema econômico internacional e a fundação das primeiras associações de 
proteção ambiental. Em 1952 Londres foi envolvida pelo smog – poluição 
atmosférica de origem industrial que causou a morte de milhares de pessoas 
marcando os primeiros efeitos significativos da poluição industrial, estimulando 
debates sobre a qualidade do ar e a aprovação da lei do ar puro em 1956. 
A década de 60 evidencia a preocupação da comunidade internacional 
com os limites do desenvolvimento do planeta, quando começaram as 
discussões sobre os riscos da degradação do meio ambiente pelo homem. Nos 
Estados Unidos, com a criação da Agencia de Proteção ambiental (EPA) e 
11 
 
 
aprovação das Leis: Clean Air Act, Clean Water Act, Toxic Substance Control 
Act. 
Em 1962, com a publicação do livro Silent Spring (Primavera Silenciosa) 
da jornalista norte-americana Rachel Carson, desencadeou o processo de 
discussão acerca dos efeitos das ações humanas no ambiente, a perda da 
qualidade de vida derivada do uso indiscriminado de produtos químicos e seus 
efeitos sobre a vida e os recursos naturais, resultando em pressão para que os 
políticos agissem e em uma profunda mudança na atitude do povo americano 
com relação à necessidade de normas ambientais federais. 
No Brasil em 1965 foi promulgada a lei federal 4771/65 que instituiu o 
código florestal brasileiro e em 1967 a Lei 5197/67 sobre a proteção da fauna. 
Em 1968 foi criado o clube de Roma, por especialistas de diversas áreas e 
nacionalidades, para discutir a crescente crise do ambiente humano e buscar 
soluções para os problemas ambientais. A década de 70 foi marcada por um 
lado pelo clima de reação e isolamento desencadeado pela Crise do petróleo e 
do modelo energético vigente, que despertou a procura de novas fontes de 
energia e de uma utilização mais racional. 
De outro lado, as discussões levaram a ONU a promover uma Conferência 
sobre o Meio Ambiente Humano (Primeira Conferência da ONU sobre as 
relações entre o homem e o Meio Ambiente) em 1972. Marco para o surgimento 
de políticas de gerenciamento ambiental. Discutiram-se questões como a defesa 
e melhoria do meio ambiente para as gerações presentes e futuros princípios 
sobre nossa responsabilidade, os cuidados e manutenção do planeta. 
Esta conferência gerou a Declaração sobre o Ambiente Humano e 
estabeleceu o Plano de Ação Mundial com o objetivo de inspirar e orientar a 
humanidade para a preservação e melhoria do ambiente humano. 
Preocupações: Crescimento populacional, aumento dos níveis de poluição e o 
esgotamento dos recursos naturais. 
Nesta ocasião, representantes do governo brasileiro defenderam o 
desenvolvimento econômico a qualquer preço. Neste mesmo ano foi criado um 
mecanismo institucional para tratar das questões ambientais no âmbito das 
Nações Unidas - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), 
12 
 
 
com sede em Nairóbi, Kenya. E Dennis Meadows e os pesquisadores do “Clube 
de Roma” publicaram o relatório “The Limits of Growth” (Os limites do 
crescimento), denunciando que o crescente consumo mundial ocasionaria um 
possível colapso. 
O estudo concluía que, mantidos os níveis de industrialização, poluição, 
produção de alimentos e exploração dos recursos naturais, o limite de 
desenvolvimento do planeta seria atingido, no máximo, em 100 anos, 
provocando uma repentina diminuição da população mundial e da capacidade 
industrial. Em 1973, o canadense Maurice Strong lançou o conceito de 
“ecodesenvolvimento”, referia-se principalmente às regiões subdesenvolvidas, 
envolvendo uma crítica à sociedade industrial, sendo a precursora do conceito 
de desenvolvimento sustentável. 
Os caminhos do eco-desenvolvimento seriam seis: satisfação das 
necessidades básicas; solidariedade com as gerações futuras; participação da 
população envolvida; preservação dos recursos naturais e do meio ambiente; 
elaboração de um sistema social que garanta emprego, segurança social e 
respeito a outras culturas; programas de educação. 
Neste mesmo ano no Brasil foi criada a Secretaria Especial do Meio 
Ambiente - SEMA, sendo o primeiro organismo brasileiro de ação nacional, 
orientado para a gestão integrada do meio ambiente. Proposta em 1973 a 
Ecologia Profunda por Arne Naess e no Brasil se desencadeava o movimento 
ecológico brasileiro com a criação da AGAPAN (Associação Gaúcha de Proteção 
ao Ambiente Natural). 
Em 1978 a iniciativa alemã do selo ecológico “Anjo Azul” (mais 
informações http://blauer-engel.de) utilizado desde então como símbolo para 
produtos ou serviços com impacto ambiental reduzido ou positivo. Estes 
produtos devem manter as características de funcionalidade e segurança com 
os similares e considerando todos os aspectos ambientais inclusive a 
preservação de recursos naturais com vantagens ambientais. 
No Brasil, os fatos marcantes na evolução das regulamentações foram: a 
aprovação da Lei 6.938 da Política Nacional de Meio Ambiente Brasileira, em 
31/08/81; Em 1986 o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) aprova 
13 
 
 
a Resolução n°001/86 que estabelece as responsabilidades, os critérios básicos 
e as diretrizes gerais para o uso e implementação da avaliação de impacto 
ambiental (AIA) como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio 
Ambiente. E a Constituição Federal Brasileira foi promulgada em 5 de outubro 
de 1988, contendo pela primeira vez um capítulo sobre o meio ambiente e vários 
outros artigos afins. Os acidentes ambientais ocorridos nas décadas de 70 e 80 
desencadearam um dramático crescimento da conscientização ambiental,que 
direcionaram na década de 90 para os verdadeiros impactos ambientais 
causados pelos pequenos e acumulativos poluentes lançados muitas vezes 
dentro dos padrões das regulamentações ambientais. 
Os principais acidentes foram: 1976 - Solveso na Itália caracterizado pelo 
vazamento acidental de dioxina; em 1979 o vazamento nuclear na Usina de 
Three Mile Island - Estados Unidos; em 1984 ocorreu o acidente em Bhopal – 
Índia, vazamento de 40 toneladas de isocianato de metila (de 2500 a 5000 
mortes e mais de 200 feridos); vazamento nuclear na usina de Chernobyl – 
Rússia; no Brasil em 1987, contaminação com Césio 137 em Goiânia (4 pessoas 
mortas e 249 contaminadas). 
Antes dos anos 80, a proteção ambiental era vista como uma questão 
marginal, custosa e muito indesejável, a ser evitada; seus opositores 
argumentavam que ela diminuía a vantagem competitiva da empresa, evidencia 
uma postura reativa das empresas com relação aos danos ambientais e suas 
sanções legais. 
Esta postura nos anos 80 passou de defensiva e reativa para ativa e 
criativa, visualizando os custos com a proteção ambiental como um investimento 
para o futuro, a empresas assumem responsabilidades pela proteção ambiental 
como lema, passando a administrar com consciência ecológica. 
As motivações das empresas para proteger o meio ambiente são 
demonstradas na figura a seguir. 
14 
 
 
 
Nesta década ainda, na Alemanha o conceito de administração foi 
gradativamente ampliado incluindo dimensão ecológica, introduzindo práticas, 
programas de reciclagem e economia de energia. Como os critérios da Produção 
Limpa (Clean Production), proposta pela organização ambientalista internacional 
Greenpeace, na campanha para mudança mais profunda do comportamento 
industrial. Já em 1982, na Conferência de Nairóbi - Quênia, uma nova e 
importante preocupação entrava em cena: os problemas ambientais globais, que 
davam indícios de que o nível das atividades humanas (a economia global) já 
estava excedendo, em algumas áreas, a capacidade de assimilação da biosfera, 
isto é, que alguns resíduos das atividades humanas ultrapassavam a capacidade 
de regeneração natural, sendo acumulados no ar, nas águas e nos solos. 
Portanto a preocupação com o esgotamento das fontes de recursos 
naturais se somava a preocupação com os limites de absorção dos resíduos das 
atividades humanas, muito mais difícil e mais complicada de se controlar. No 
final de 1983, a Assembléia Geral das Nações Unidas criou, a pedido do 
PNUMA, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 
presidida pela Sra. Gro H. Brundtland. O Relatório Brundtland, com o título 
“Nosso Futuro Comum”, foi apresentado à Organização das Nações Unidas 
(ONU) em 1987, avaliando a interação dos conceitos de meio ambiente e 
desenvolvimento, fornecendo subsídios para que fossem tomadas ações 
15 
 
 
efetivas para controlar os efeitos da contaminação ambiental, buscando o 
desenvolvimento sustentável. 
Os principais problemas identificados foram desmatamento, a pobreza, 
mudanças climáticas , extinção de espécies, o endividamento, e a destruição da 
camada de ozônio. Em 1984 resultante do acidente em Bhopal na Índia, a 
Canadien Chemical Producer Association – CCPA criou o programa de Atuação 
Responsável para as industrias químicas. A Atuação Responsável vem sendo 
implantada em diversos países, tornando-se um instrumento de gerenciamento 
ambiental e de prevenção de acidentes. Estabeleceu-se em 1988 a Comissão 
sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente da América Latina e Caribe, que em 
1991 publicou a “Nossa Própria Agenda”. A agência da ONU dedicada ao meio 
ambiente - PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, a 
partir de 1989, criou o programa de Produção Mais Limpa (Cleaner Production). 
Nos Estados Unidos, em 1990 a CERES – Coalition for Envirommentaly 
Responsible Economics (Coalizão para a economia ambientalmente 
responsável) estabeleceu os princípios básicos de responsabilidade ecológica 
(Callenbach, 1993. p.45). 
Em 1991 foi publicada a "Carta Empresarial para o Desenvolvimento 
Sustentável", pela Câmara Internacional do Comércio - ICC. E lançamento do 
documento "Mudando o Rumo: Uma Perspectiva Empresarial Global sobre 
Desenvolvimento e Meio Ambiente" pelo BCDS (Business Council on 
Sustainable Development). Incremento da filosofia preservacionista no mundo, 
contabilizando adesões e iniciativas das mais diversas origens. Neste ano ainda, 
a ISO (International Organization for Stardadization) constitui o Grupo 
Estratégico Consultivo sobre o meio ambiente (SAGE). Em 03 de junho de 1992 
começava no Rio de Janeiro a maior conferência (30 mil pessoas) planetária 
sobre o meio ambiente e desenvolvimento econômico já realizado pela 
humanidade: a Rio-92. 
Pela primeira vez, estadistas e representantes de organizações não-
governamentais, a voz da sociedade civil, reuniam-se para discutir o futuro do 
planeta. Documentos resultantes desta conferência: Carta da Terra, declaração 
sobre florestas, convenção sobre diversidade biológica, Quadro sobre mudanças 
climáticas, Agenda 21. Slogan: Pensar em termos globais, agir em termos locais. 
16 
 
 
Em 1993, lançamento da norma BS 7750 – British Standarts Institution (BSI), 
com versão final em 1994. Baseada nos 16 princípios da Carta Empresarial da 
Câmara de Comércio Internacional – ICC. Em 29 de junho de 1993 a 
oficialização do Regulamento (EWG) 1836/93 na Europa sobre a participação 
voluntária das empresas do setor industrial no sistema comunitário para a gestão 
ambiental, e a verificação ambiental organizacional (auditoria), denominado de 
“EMAS – Eco Management and Audit Scheme”. Bem como criação de um comitê 
técnico ISO/TC207, para a elaboração das normas ISO 14000, no Brasil foi 
criado o Grupo de Apoio à Normalização Ambiental (GANA) ligado a Associação 
Brasileira de Normas Técnica – ABNT. Criação do Ministério do Meio Ambiente 
dos Recursos hídrico e da Amazônia Legal, em 1994. Em 13 de abril de 1995 a 
validação EMAS foi oficializada para todos os estados da Comunidade Européia 
(CE), validação com caráter jurídico. 
Em outubro de 1996 entrou a validação da ISO 14001, ou seja, é aprovada 
e publicada como norma internacional. As Empresas podem ser certificadas pela 
ISO 14001 atestando que possuem um Sistema de Gestão Ambiental 
estruturado e implementado. Países ou mesmo empresas isoladas podem exigir 
de seus fornecedores a certificação ISO 14001 como garantia de produção com 
a preocupação ambiental. Em 1997, a realização da Conferência sobre Mudança 
no clima, em Kyoto no Japão, também conhecida como “Rio + 5”. Fórum 
ambiental, iniciativa da sociedade civil para avaliar o que foi feito no planeta para 
preservar os recursos naturais desde o Rio 92. O documento oficial chamado 
como Protocolo de Kyoto, estabelecendo uma meta média de cerca de 6% de 
redução de gases de efeito estufa nos países industrializados no período de 
2008 a 2012. Em paralelo foram discutidos no Brasil, os rumos da política 
ecológica nacional, Agenda 21 brasileira. 
Em 1998 foi aprovada no Brasil a Lei n°9605/98 – Crimes Ambientais: 
coresponsabilidade dos envolvidos, responsabilidade da pessoa jurídica, 
sanções e responsabilidades dos funcionários públicos. Na Holanda (Haia) em 
2000, realizou-se a VI convenção - Quatro Nações Unidas sobre Mudança Global 
do Clima, resultando o desenvolvimento do Mecanismo de Desenvolvimento 
Limpo (MDL), o qual representa um acordo entre países participantes visando a 
redução na emissão de poluentes atmosféricos. 
17 
 
 
Em 2001 é aprovado o Regulamento 761/01 que estabelece as sugestões 
modificadas do Regulamento (CE) do Parlamento Europeu e do Conselho sobre 
a participação voluntária de organizações num sistema comunitário para o 
sistema de gestão ambiental e auditoria (EMAS) – chamado de EMAS II. O dia 
16 de fevereiro de 2005 marcou o iníciode um esforço mundial para redução do 
aquecimento global, com a entrada em vigor do Protocolo de Kyoto. Ratificado 
por 141 países (incluindo o Brasil), o Protocolo determina que países 
industrializados reduzam em 5,2% as emissões de gases-estufa entre 2008 e 
2012, tendo como base o nível de emissões registradas em 1990; estabelecerá 
o Comércio Internacional de Carbono, permitindo que países industrializados 
adquiram ou vendam cotas de emissão. 
Concluído em 11 de dezembro de 1997 em Kyoto, no Japão, o documento 
impõe a redução das emissões de seis gases causadores de efeito estufa, 
responsáveis pelo aquecimento do planeta: CO2 (dióxido de carbono ou gás 
carbônico), CH4 (metano), monóxido de nitrogênio (N20) e três gases flúor (HFC, 
PFC e SF6). Nesta data, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL entrará 
em ação, encorajando investimentos em países menos desenvolvidos que 
promovam o desenvolvimento sustentável e o Fundo de Adaptação do Protocolo 
começará a auxiliar os países em desenvolvimento a se adaptarem às restrições 
do Protocolo. 
 
3.1- EVOLUÇÃO DA PROTEÇÃO AMBIENTAL - 
ESTÁGIOS DE RELACIONAMENTO 
 
A capacidade que os seres humanos tem de interferir na natureza, para 
dela retirar o seu sustento e sobrevivência, permitiu a exploração e consumo de 
recursos por muito tempo sem que se pensasse em sua conservação, somente 
há poucas décadas, em decorrência de catástrofes ambientais, índices 
alarmantes de poluição e da constatação de que os limites da natureza estavam 
sendo superados é que se iniciou um movimento em favor da utilização racional 
destes recursos. Isto se deve aos estágios de relacionamentos, pelos quais o ser 
humano vem passando em decorrência de sua evolução através dos tempos. 
18 
 
 
1º estágio - Caracterizado pela preocupação com as forças da natureza 
e desejo de segurança relacionado ao medo e ao respeito. Gerou a cooperação 
mútua e a organização social. Ex.: povos primitivos e indígenas atuais. O 
trabalho para o sustento do grupo gera mais segurança. Pouca interferência nos 
ecossistemas da época. O homem retirava da natureza o estritamente 
necessário para a sua sobrevivência. 
2º estágio – Definido como crescimento autoconfiante – ocorre a 
adaptação do meio às necessidades do homem. Alguns fenômenos podem ser 
previstos e até compreendidos. Domesticação de algumas espécies de animais 
selvagens. Aparecimento de atividades agrícolas garantindo alimento para 
todos. Início do crescimento populacional. 
3º estágio - Agressão e conquista – desenvolvimento, urbanização, 
industrialização e mineração intensiva (extrativismo), progresso a qualquer 
custo. A especialização é incorporada ao processo de desenvolvimento. A 
preocupação básica ainda é a adaptação do meio às necessidades humanas, 
desenvolvimento de tecnologias para a conquista de espaços. 
4º estágio – Responsabilidade social, ética ambiental e consciência 
coletiva – ajustamento do homem e suas necessidades às características do 
meio. 
 
 
19 
 
 
4. COMO A QUESTÃO AMBIENTAL INFLUENCIOU AS 
ORGANIZAÇÕES 
 
Souza (2002) estudou a evolução das questões ambientais empresariais, 
por meio de pesquisa com sete empresas do setor petrolífero canadense. Tendo 
como meta central do trabalho identificar os fatores associados com a resposta 
das organizações às questões ambientais e os mecanismos pelos quais esses 
fatores operam, os autores subdividiram a evolução das estratégias ambientais 
em quatro fuses: gestação, politização, legislação e litigação. 
Na fase de gestação (1980-85), tanto a intensidade regulatória quanto a 
preocupação pública com a preservação ambiental eram de baixo nível. 
Contudo, grupos ambientalistas mobilizaram-se nesse período para aumentar a 
consciência social sobre os danos ambientais causados pelas indústrias de 
petróleo. 
Na fase de politização (1986-87), o meio ambiente tornou-se 
incrementalmente importante nos debates de políticas públicas e as agências 
governamentais incumbiram-se de revisar as regulamentações e recomendaram 
que elas fossem racionalizadas e intensificadas. As empresas tinham pouco 
interesse nas questões ambientais e, em sua maioria, apenas limitavam-se a 
atender a legislação. 
Durante a fase legislativa (1988-92), intensificou-se dramaticamente a 
preocupação pública com o meio ambiente, devido a vários "eventos críticos" 
que ocorreram no período, como alguns acidentes ambientais bastante 
publicados, a descoberta do buraco na camada de ozõnio, os recordes de 
temperatura alcançados na América do Norte e Europa e interpretados como 
sinal de aquecimento global. Grandes acordos e conferências internacionais, 
como o Protocolo de Montreal e o Relatório Brundtland, também contribuíram 
para o acirramento da pressão da opinião pública e das regulamentações sobre 
as organizações. 
Por fim, na fase de litigação (1993 em diante), o nível de preocupação 
pública com as questões ambientais permaneceu alto e, em 1993, 
20 
 
 
regulamentaçôes federais e provinciais foram consolidadas e os administradores 
passaram a ser considerados responsáveis criminalmente pelos acidentes e 
danos ambientais causados por suas companhias. Esse foi o grande "evento 
crítico" dessa fuse. Essas regulamentações causaram pânico, pois 
representavam perda pessoal aos gestores das empresas, obrigando-as a 
incorporar definitivamente as preocupações ambientais em suas decisões e 
açôes. 
Hoffman (1999; 2000) pesquisou a indústria química e petrolífera entre 
1960 e 1993, para entender como essas indústrias têm-se movido de uma 
postura de veemente resistência ao ambientalismo para uma postura pró-ativa, 
e por que essa transformação tem ocorrido. 
Estudando a evolução dos atores e das instituições associadas a cada 
indústria, o autor identificou quatro distintos períodos do ambientalismo 
corporativo: 
1) Ambientalismo industrial (1960-70), que focava a resolução interna 
de problemas corno adjunto paraa área de operações; 
2) Ambientalismo regulatório (1970-82), cujo foco era a conformidade 
com as regulamentações, dada a imposição externa de novas leis 
ambientais cada vez mais rigorosas e o declínio da influência da 
indústria no campo organizacional; 
3) Ambientalismo como responsabilidade social (1982-88), cujo foco 
era a redução de poluição e minimização de resíduos dirigidos 
externamente por pressões de movimentos ambientalistas e iniciativas 
voluntárias; e 
4) Ambientalismo estratégico (1988-93), que focava a integração de 
estratégias ambientais pró-ativas, a partir da administração superior, 
devido a interesses económicos que passam a se desenvolver 
associados às questões ambientais das empresas, conforme Souza 
(2001). 
Segundo esses estudos, eventos externos dirigiram a transição de urna 
fase para outra, corno a publicação do livro Silent Spring,de Carlson (1962), a 
descoberta do buraco na camada de ozónio e a imposição de novas 
21 
 
 
regulamentações mais rigorosas. Por outro lado, de urna fàse para outra, houve 
expansão no campo organizacional. 
Além dessas tipificações que classificam as estratégias quanto à forma 
como elas respondem às pressões e demandas ambientais, existem também 
algumas que tratam da forma que elas assumem e da trajetória que seguem. 
Apesar de haver algumas variações, em geral, os autores identificam dois tipos 
de trajetórias nas estratégias ambientais: as direcionadas a processos e as 
direcionadas a produtos. 
Souza (2001) comenta que Gilley realizou estudo em 2000, a partir de 71 
comunicações de iniciativas ambientais publicadas no Wall Street Journal entre 
1983 a 1996, no qual as classificou corno iniciativas ambientais dirigidas a 
processos e dirigidas a produtos. 
As iniciativas ambientais dirigidas a processos visam a minimizar os 
impactos ambientais dos processos da organização, e podem ocorrer de vários 
modos, seja usando inputsreciclados ou de baixo impactoambiental, 
redesenhando seu processo de produção e sistema de distribuição ou reduzindo 
resíduos. 
Já as iniciativas ambientais dirigidas a produtos podem ocorrer de dois 
modos: pela criação de novos tipos de bens e serviços ambientalmente 
saudáveis ou por meio da redução do impacto ambiental dos bens e produtos 
existentes. 
No Brasil, a gestão ambiental ainda não foi assumida de forma adequada, 
seu panorama atual caracteriza-se pela falta de articulação entre as diferentes 
instituições envolvidas, pela ausência de coordenação e acompanhamento e 
pela crónica carência de recursos financeiros e humanos para o gerenciamento 
das questões relativas ao meio ambiente. 
Em pesquisa do início da década de 1990, com 48 organizações 
industriais brasileiras de grande porte, Neder (1992) constatou que as ações 
ambientais das empresas concentravam-se na modernização dos sistemas de 
controle da poluição, e eram fruto essencialmente das exigências crescentes das 
regulamentações ambientais. Além disso, as ações de gestão ambiental eram 
22 
 
 
tornadas, na maioria das empresas, corno atividades meio e tinham pouco efeito 
em termos de inovações organizacionais, tecnológicas ou de produto. 
Em relação à pesquisa desenvolvida pelo SEBRAE/CNI/BNDES (2001), 
no segundo semestre de 1998, já se apontava um quadro em transformação no 
Brasil. O estudo, realizado com 1451 empresas de todo o País, de todos os 
setores e tamanhos, buscou avaliar a gestão ambiental na indústria brasileira. 
Segundo os resultados, as exigências das regulamentações ainda figuram entre 
as principais razões da adoção de práticas ambientais pelas empresas. 
Destaca-se, ainda, a busca de redução de custos e a melhoria da imagem 
da empresa corno fatores também importantes na motivação para as práticas 
ambientais. A mesma pesquisa revelou que metade das empresas consultadas 
realizou investimentos ambientais nos últimos anos, variando de cerca de 90% 
nas grandes a 35% nas microempresas. Ainda, revelou que as razões para a 
adoção de práticas de gestão ambiental não foram apenas em função da 
legislação, mas, principalmente, por questões ligadas à gestão ambiental: 
aumentar a qualidade dos produtos, aumentar a competitividade das 
exportações, atender ao consumidor com preocupações ambientais, atender à 
reivindicação da comunidade, atender à pressão de organização 
nãogovernamental ambientalista, estar em conformidade com a política social da 
empresa e melhorar a imagem perante a sociedade. 
Deve-se considerar que a importância das regulamentações no 
direcionamento das ações ambientais das empresas deve-se principalmente ao 
fato de que, sobretudo durante as décadas de 1980 e 1990, houve intenso 
processo de criação e implantação de novas leis ambientais, que cresceram 
numericamente, em abrangência, especificidade e rigor. No Brasil, por exemplo, 
até o final da década de 1970, o número de dispositivos legais ambientais 
federais (incluindo leis, decretos e decretos leis) não passava de duas dezenas. 
Na década de 1980, foram adicionados 64 novos dispositivos legais e, na década 
de 1990 (até 1996), outros 159, conforme Souza (2002). 
Pesquisa recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Ibope 
revela que 68% dos consumidores brasileiros estariam dispostos a pagar mais 
por um produto que não agredisse o meio ambiente. Dados obtidos no dia-a-dia 
23 
 
 
evidenciam que: a tendência de preservação ambiental e ecológica por parte das 
organizações deve continuar de forma permanente e definitiva, em que os 
resultados econômicos passem a depender cada vez mais de decisões 
empresariais que levem em conta que não há conflito entre lucratividade e a 
questão ambiental; o movimento ambientalista cresce em escala mundial; 
clientes e comunidades em geral passam a valorizar cada vez mais a proteção 
do meio ambiente; a demanda e, portanto, o faturamento das empresas passou 
a sofrer cada vez mais pressões e a depender diretamente do comportamento 
de consumidores, que enfatizam suas preferências por produtos e organizações 
ecologicamente corretos. 
Uma vez apresentado o cenário mundial frente ao movimento 
ambientalista, o próximo item trata das formas que as organizações utilizam para 
reagir a essa nova variável. 
 
5. FORMAS DE REAÇÕES DAS ORGANIZAÇÕES FRENTE À 
QUESTÃO AMBIENTAL 
 
Souza (2001) salienta que as pressões ambientais que atuam sobre as 
empresas provêm de quatro fontes: das regulamentações ambientais, que se 
desenvolveram em número, especificidade, abrangência e rigor; da sociedade 
civil organizada, principalmente por meio dos movimentos ambientalistas, que 
têm multiplicado o número de integrantes e têm-se especializado e 
profissionalizado, tornando suas açóes cada vez mais eficazes; dos mercados 
de produtos, que têm apresentado crescente tendência dos consumidores a 
preferir produtos com atributos ambientais e a valorizar empresas 
ambientalmente responsáveis, o que é também reforçado por um aumento na 
concorrência interna e externa, derivado da abertura comercial e das fontes de 
recursos, financeiros ou naturais, como água, energia, minérios, combustíveis 
fósseis etc. 
Dentre os motivos que levam organizações a incorporar a variável 
ambiental em sua gestão, geralmente estão: necessidade de obedecer às leis; 
24 
 
 
empresas devem tornar-se mais eficazes, reduzindo custos com reciclagem, 
diminuir o consumo de matérias-primas e energia e evitar desperdícios; devem 
ser mais competitivas e abrir novos mercados; não devem correr o risco de 
comprometer sua imagem junto à opinião pública, associando-a a poluição e 
degradação ambiental, e ainda considerar a responsabilidade social e ética das 
empresas com a sociedade no presente e no futuro. 
Desse modo, a adoção de sistemas de gestão ambiental por parte das 
organizações pode-se configurar como uma resposta às pressões externas, 
visando a sua continuidade no mercado. Vários são os mecanismos adotados 
pelas organizações - para que a sustentabilidade ambiental seja compatibilizada 
com a competitividade imposta pelo modo de produção económico - oriundos de 
pesquisas, transformações internas quanto ao gerenciamento dos recursos 
humanos, materiais, financeiros e, por fim, da questão da gestão ambiental. 
Entende-se por gestão ambiental um processo contínuo e adaptativo, por 
meio do qual uma organização define (e redefine) seus objeúvos e metas 
relativas à proteção do ambiente e à saúde e segurança de seus empregados, 
clientes e comunidade, assim como seleciona as estratégias e meios para atingir 
tais objetivos em determinado período de tempo, por meio da constante 
interação com o meio ambiente externo. Para efeito metodológico, propõe-se 
que esse conceito seja ampliado, com a incorporação das atividades de controle 
estratégico das variáveis internas e externas, com a utilização, inclusive, de 
indicadores de gestão, de qualidade e de desempenho. Incluiria, ainda, as 
decisões de ajuste e realinhamento das ações internas da organização em face 
das mudanças ambientais ocorridas (Andrade, Tachizawa & Carvalho, 2004: 
113). 
A organização deve reconhecer a gestão do ambiente como uma das 
prioridades, como fator determinante do desenvolvimento sustentável e ainda 
estabelecer políticas, programas e procedimentos para conduzir as atividades 
de modo ambientalmente seguro. 
É importante salientar que as organizações percebem e respondem de 
forma diferente às pressões ambientais. Assim, pretende-se apresentar alguns 
estudos empíricos que resultaram em tipificações das estratégias ambientais, 
25 
 
 
suas razões e implicações. Em geral, as tipificações centram-se na forma como 
as organizações respondem às pressões ambientais e quanto ao foco das ações. 
Em estudo na indústria química americana e alentã, que visava a tipificar 
as estratégias ambientais empresariais, Brockhoff e Chakrabarti (1999) 
comentama identificação de quatro tipos de organizações quanto a suas 
respostas estratégicas às pressões ambientais: defensoras 
de portfolio,escapistas, organizações inativas ou indiferentes e as ativistas. 
 
 
 
Os autores ressaltam que as diferentes estratégias ambientais se 
constituem em resposta diferenciada a pressões ambientais semelhantes, uma 
vez que não foi encontrada nenhuma diferença significativa nos grupos de 
estratégias entre os dois países pesquisados. 
Souza (2001) comenta que Miles e Covin (2000) estabelecem outra 
tipologia para as estratégias ambientais. Segundo eles, existem basicamente 
dois modelos ou filosofias de comportamento organizacional: o modelo da 
conformidade e o modelo estratégico de gestão ambiental. 
 
26 
 
 
 
 
Sharma (2000) analisou as estratégias de resposta ambiental de sete 
organizações canadenses do setor de petróleo, durante 15 anos, e classificou-
as em reativas e pró-ativas. 
Estratégias reativas seriam aquelas de empresas que simplesmente 
abdicaram de decidir acerca de como a organização deveria manusear as 
questões ambientais em favor de forças institucionais coercivas. Ações 
ambientais não eram tomadas até que fossem impostas externamente, e 
visavam apenas a manter a conformidade com as regulamentações ambientais 
e com práticas industriais aceitas. 
Estratégias pró-ativas seriam aquelas em que as organizações usavam 
as estratégias ambientais para criar vantagem competitiva. As estratégias 
ambientais dessas organizações visaram não apenas a administrar a imagem, 
identidade e reputação organizacional, mas também a obter vantagens por agir 
na formação de padrões e regulamentações industriais em um domínio 
incrementalmente importante. 
Uma tipificação desenvolvida por Winn (2000 apudSouza, 2002) 
representou detalhamento maior de algumas abordagens, como as 
apresentadas anteriormente. Mais importante dessa tipologia é que ela 
diferencia as estratégias entre deliberadas e emergentes, e também estratégias 
deliberadas realizadas e não realizadas. Mediante uma pesquisa do 
tipo survey,com 135 empresas alemãs do setor de embalagens, a autora 
27 
 
 
classificou o que ela chamou de greening corporativo, em quatro tipos: reativo 
deliberado, não realizado, ativo emergente e pró-ativo deliberado. 
No greeningreativo deliberado, a administração superior mostra fraco 
compromisso com o ambiente, o qual em geral não é visto como 
responsabilidade da companhia. 
No greeningpró-ativo deliberado, observa-se tanto compromisso da 
administração quanto a implementação de ações ambientais na organização. 
No greening não realizado, as questões ambientais são consideradas em 
todas as decisões funcionais e como sendo objeto de comprometimento por 
parte da administração superior, porém, não se pode visualizar essa 
responsabilidade em suas ações. 
No greeningativo emergente, as organizações são pró-ativas em relação 
às questões ambientais. Elas administram o greening de seus supridores e de 
seus produtos, têm a prevenção como parte das capacidades organizacionais, 
geram inovações ambientais em produtos, monitoram sua 
própria performanceambiental e engajam-se em planejamento e monitoramento 
de atividades externas, para antecipar futuras regulamentações e questões 
ambientais emergentes. 
Donaire (1996) delimitou sua análise ao processo de implantação de 
atividade/função ligada à variável ecológica da empresa, origem, 
desenvolvimento e posicionamento dessa atividade/função na estrutura 
organizacional e influência da variável ecológica na organização. Sua 
observação permitiu verificar que, embora a importância e o respeito da 
atividade/função ecológica variasse de empresa para empresa, principalmente 
em função do apoio a ela propiciado pela alta administração, de maneira geral, 
existia certa sistemática em seu processo de implantação, que poderia ser 
descrita em três fases distintas: percepção, compromisso e ação efetiva. 
 
28 
 
 
 
 
É importante comentar que todos esses modelos que abordam as formas 
de reação das organizações frente à questão ambiental apenas constituem 
modelos teóricos desenvolvidos a partir de pesquisas realizadas, devendo ser 
utilizados como indicadores em um processo diagnóstico preliminar à 
implantação de programas de gestão ambiental. 
Após a apresentação das diversas formas de reação das organizações 
frente à questão ambiental, faz-se necessário discorrer sobre as formas de 
implantação das ações ou dos sistemas de gestão ambiental nas organizações. 
É fundamental comentar que a implantação de qualquer novo programa ou de 
quaisquer ações gera impactos internos nas organizações, que devem 
desenvolver mecanismos para se reestruturarem, sob pena de verem 
comprometido seu potencial competitivo junto a outras organizações. Em parte, 
isso se deve ao processo de mudança cultural que é exigido em menor ou maior 
grau, dependendo das especificidades do projeto a ser implantado. 
29 
 
 
 
6. COMO IMPLANTAR UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL 
NAS ORGANIZAÇÕES 
 
Para Novaes (1991), as portas do mercado e do lucro abrem-se cada vez 
mais para as empresas que não poluem, poluem menos ou deixam de poluir, e 
não paraas empresas que desprezam as questões ambientais, visando a 
maximizar lucros e socializar o prejuízo. 
De acordo com Andrade, Tachizawa e Carvalho (2004), o processo de 
mudança organizacional começa com o surgimento de forças que criam a 
necessidade de mudança em alguma parte ou algumas partes da organização e 
são denominadas exógenas e endógenas. Nesse caso, a gestão ambiental é 
uma força exógena à organização, que vem provocando a necessidade de 
mudança por parte das organizações industriais brasileiras, visando à 
sobrevivência em um mercado cada vez mais competitivo. As forças endógenas 
provêm do ambiente, como novas tecnologias, mudanças em valores da 
sociedade e novas oportunidades ou limitações do ambiente. Essas forças 
externas criam a necessidade de ml!dança organizacional interna. As tentativas 
de mudança interna podemser conscientemente planejadas, para que o 
ajustamento às novas condições externas se processe com a mínima 
perturbação do equilíbrio estrutural e comportamental existente dentro da 
organização. 
A administração ambiental está associada à idéia de resolver os 
problemas ambientais da empresa. Ela carece de uma dimensão ética 
institucional. O gerenciamento ecológico, ao contrário, é motivado por uma ética 
ecológica e por preocupação com o bemestar das futuras gerações. Seu ponto 
de partida é uma mudança de valores na cultura empresarial. 
Dentre as razões para implantar princípios da gestão ambiental, 
salientam-se: sem gestão ambiental, a empresa perderá oportunidades no 
mercado em rápido crescimento e aumentará o risco de sua responsabilização 
por danos ambientais, colocando em risco seu futuro; diretores executivos verão 
30 
 
 
aumentada sua responsabilidade em face de danos ambientais, pondo em risco 
seu emprego e sua carreira; há possibilidade de redução de custos; poderá 
melhorar sua imagem; poderá se legitimar no mercado; poderá incrementar as 
dimensões éticas, morais etc. 
Das várias possibilidades para implantar ações de gestão ambiental nas 
organizações, o termo mais utilizado e mais assertivo é Sistema de Gestão 
Ambiental. Sua definição, pela ABNT (1996:37) é: 
SGA é a parte do Sistema de Gestão Global que inclui a estrutura 
organizacional, o planejamento de atividades, responsabilidades, práticas, 
procedimentos, processos e recursos para o desenvolvimento, implantação, 
alcance, revisão e manutenção da política ambiental. 
O SGA representa a estratégia empresarial paraa identificação, por meio 
de planos e programas de caráter preventivo, das possíveis melhorias a ser 
realizadas, com o intuito de conciliar definitivamente a lucratividade empresarial 
com a proteção ambiental, versando tanto nos produtoscomo nos processos 
industriais. 
O sucesso do SGAdepende de alguns fatores fundamentais, que são: o 
comprometimento da alta direção; o fato de ele estar integrado ao planejamento 
global da empresa; o envolvimento de todos setores e pessoas responsáveis por 
sua implantação; de ele considerar os recursos humanos, fisicos e financeiros 
necessários; de ser dinâmico e sofrer revisão periódica. 
A adoção de um SGA representa uma mudança cultural, que geralmente 
provoca conflitos. Se não houver firme e clara disposição da alta administração 
de apoiar as mudanças, as resistências à implantação podem se tornar 
insuperáveis. 
As empresas comprometidas com a conquista da melhoria contínua de 
seu desempenho ambiental, proporcionada pelo SGA, buscam continuamente 
soluções para três questões fundamentais: onde se encontra, aonde quer chegar 
e como chegar lá. 
Onde se encontrarelaciona-se à avaliação inicial, que compara o 
desempenho ambiental da empresa com padrões, normas, códigos e princípios 
31 
 
 
externos estabelecidos nas legislações federal, estadual e municipal. Pode 
incluir questões relacionadas a quais são os pontos fortes referentes à questão 
ambiental da empresa e de seus diferentes departamentos funcionais, quais são 
os pontos fracos relativos à questão ambiental, quais são as oportunidades 
relacionadas à questão ambiental e quais são as ameaças pertinentes à questão 
ambiental. 
As normas legais são referências obrigatórias para as empresas que 
pretendem implantar um sistema de gestão ambiental. 
Aonde quer chegarrelaciona-se à política ambiental que é uma declaração 
da empresa em que expõe suas intenções e seus principios em relação ao 
desempenho ambiental, que provê uma estrutura para ação e definição de 
objetivos e metas ambientais e ainda que deve se adequar a seu porte, à 
natureza de suas atividades, às tendências ambientais do mercado e a sua 
região de entorno. 
Como chegar lárefere-se ao planejamento e à implantação. Nele, os 
objetivos e as metas ambientais da empresa são estabelecidos, considerando-
se as atividades, os produtos e serviços que podem interagir com o meio 
ambiente e os respectivos impactos ambientais. 
Donaire (1999) sugere uma avaliação do posicionamento da empresa em 
relação à questão ambiental, possibilitando avaliar seu perfil, e inclui nove 
variáveis a ser observadas: 1) ramo de atividade da empresas; 2) produtos, 
examinando se são renováveis ou não, se é possível reciclagem, se há 
aproveitamento de resíduos, se há poluidores, a quantidade de energia; 3) 
processo, um processo deve estar próximo a: poluição zero, nenhuma produção 
de resíduos, nenhum risco para os trabalhadores, baixo consumo de energia e 
eficiente uso dos recursos; 4) conscientização ambiental; 5) padrões ambientais; 
6) comprometimento gerencial; 7) capacitação do pessoal; 8) capacidade da 
área de pesquisa e desenvolvimento; e 9) capital disponível para investir no 
projeto especifico. 
Para a implantação do SGA, são necessárias algumas decisões 
anteriores: escolha de um responsável; formação de um comitê de coordenação 
e implantação; sensibilização e treinamento dos envolvidos; treinamento 
32 
 
 
especifico para os membros que compõem o comitê de coordenação e 
implantação. 
A implantação do SGA ocorre em cinco etapas sucessivas e contínuas: 
criação e divulgação da política ambiental da organização; realização de um 
planejamento para sua implantação; implementação e operação; 
monitoramento, ações corretivas e revisões gerenciais. O SGA distingue-se das 
ações descontínuas, pontuais, não integradas de controle da poluição da 
empresa, ou seja, para se considerar que há um SGA implantado, deve haver 
ações contínuas, planejadas, controladas e avaliadas por equipe que recebeu 
formação especifica para a função. 
Outros autores, como Elkington e Burke (1989 apudDonaire, 1999) 
complementam os passos para tal implantação, afirmando que há dez passos 
necessários para que uma organização desenvolva a excelência ambiental. São 
eles: desenvolver e publicar uma política ambiental; estabelecer metas e 
continuar a avaliar os ganhos; definir claramente as responsabilidades 
ambientais de cada uma das áreas e do pessoal; divulgar interna e externamente 
a política, os objetivos e metas e as responsabilidades; obter recursos 
adequados; educar e treinar seu pessoal e informar sobre as características de 
seu produto em relação aos impactos causados no meio ambiente, aos 
consumidores e à comunidade; acompanhar a situação ambiental da empresa e 
fazer auditorias e relatórios; acompanhar a evolução da discussão sobre a 
questão ambiental; contribuir para os programas ambientais da comunidade e 
investir em pesquisa e desenvolvimento aplicados à área ambiental, e ajudar a 
conciliar os diferentes interesses existentes entre todos os envolvidos. 
Como todo projeto implantado em organizações prevê o surgimento de 
barreiras para sua implantação, destacam-se as mais freqüentes: 
1) Barreiras organizacionais: ênfase na sobrevivência, poder de 
decisão, alta rotatividade da equipe técnica, falta de envolvimento dos 
empregados; 
2) Barreiras sistêmicas: falta ou ausência de informação, sistema de 
gestão inadequado e falta de capacitação dos empregados. 
33 
 
 
3) Barreiras comportamentais: falta de cultura organizacional propícia, 
resistência a mudanças, falta de lideranças, ausência de supervisão 
efetiva, insegurança no trabalho; 
4) Barreiras técnicas: falta de infra-estrutura, treinamento limitado ou 
não disponível, acesso limitado às informações técnicas, defasagem 
tecnológica; 
5) Barreiras económicas: disponibilidade e custo de financiamento, 
exclusão de custos ambientais da tomada de decisão e das análises 
de custo/beneficio; 
6) Barreiras governamentais e outras: algumas políticas industriais não 
estimulam ações que considerem a questão ambiental como prioritária, 
ausência de política de preço real para os recursos naturais, falta de 
incentivos para minimizar os impactos ambientais, falta de suporte 
institucional, falta de espaço físico para implantação dos projetas. 
O psicólogo organizacional, atuando em uma organização onde se tenha 
a intenção ou o projeto de implantação de um programa ou sistema de gestão 
ambiental, tem várias possibilidades de atuação, desde a fase de sensibilização 
até a fase de preparação dos gestores e mudança cultural para facilitar o 
processo de aceitação das mudanças. O próximo item do artigo discute esses 
aspectos. 
 O sistema de gestão ambiental deve ser modificado em todos os 
momentos em que houver a constatação de que aquele modelo de produção 
está prejudicando o meio ambiente. 
7. A CONTRIBUIÇÃO DO PSICÓLOGO NA IMPLANTAÇÃO: 
SENSIBILIZAÇÃO, DESENVOLVIMENTO DE GESTORES, 
FORMAÇÃO DE PESSOAL E FACILITADOR DE MUDANÇA 
CULTURAL 
 
Sabe-se que vários projetos muito bem planejados, ao ser implantados 
em organizações, não geram os resultados esperados. Várias pesquisas, como 
as de Macêdo (2000; 2004), Macêdo e Oliveira (2004), Macêdo e Santos (2005), 
34 
 
 
apontam na direção de falhas no processo de sensibilização das pessoas na 
organização e também nos processos de escolha e formação adequada para os 
gestores que os gerenciariam. O envolvimento da diretoria e a ampla divulgação 
e ênfase nos processos de comunicação também constituiriam peças 
fundamentais para definir o sucesso ou fracasso dos projetos. 
Cabe ao profissional de psicologia atuar de forma a sensibilizar os 
trabalhadores envolvidos, providenciar o desenvolvimento dos profissionais que 
serão os gestores do programa e ainda desenvolver mecanismos para facilitar 
as mudanças culturais que facilitarão o processo de implantação do projeto e 
minimizarão as resistências a ele, promovendo a divulgação do projeto e 
disseminando a comunicação entre toda a estrutura organizacional 
Dentro da perspectiva de uma gestão integrada,Andrade, Tachizawa e 
Carvalho (2004) citam políticas, programas e procedimentos como elementos 
essenciais de gestão, salientando alguns em que o psicólogo pode atuar: 
1) Processo de aperfeiçoamento:objetiva aperfeiçoar continuamente as 
políticas, os programas e o desempenho ambiental das empresas, 
levando em conta o desenvolvimento técnico, o conhecimento 
científico, os requisitos dos consumidores e as expectativas da 
comunidade, tendo como ponto de partida a regulamentação em vigor, 
e aplicar os mesmos critérios ambientais no plano internacional. 
2) Contribuição para o esforço comum:procura estabelecer 
procedimentos para o desenvolvimento de políticas públicas, de 
programas empresariais, governamentais e intergovernamentais, 
assim COlno de iniciativas educacionais que valorizem a consciência e 
a proteção ambiental. 
3) Abertura ao diálogo:procura definir a forma de promover a abertura 
ao diálogo com o pessoal da empresa e com o público, em antecipação 
e em resposta às respectivas preocupações quanto ao risco e aos 
impactos potenciais das atividades, de produto de rejeitos (resíduos) e 
serviços, incluindo-se aqueles de significado relevante ou global. 
4) Comunicação para o cumprimento de regulamentos e 
informações:procura definir procedimentos para aferir o desempenho 
das ações sobre o ambiente, proceder regularmente a auditorias 
35 
 
 
ambientais e avaliar o cumprimento das exigências internas da 
elnpresa, dos requisitos legais e desses princípios bem como 
periodicamente fornecer as informações pertinentes ao conselho de 
administração, aos acionistas, ao pessoal, às autoridades e ao público. 
5) Formação de pessoal: tem por finalidade formar, treinar e motivar 
recursos humanos a desempenhar atividades de maneira responsável 
diante do ambiente. 
De acordo com Andrade, Tachizawa e Carvalho (2004), para implantação 
deum modelo de gestão ambiental, deve haver preparação antecipada dos 
recursos humanos no contexto intraorganizacional. Da mesma forma, 
externamente, recursos humanos devem ser formados, em nível técnico, de 
nível médio e em nível superior. 
Tanto interna como externamente, a formação e atualização profissional 
deve levar em conta o caráter multidisciplinar da gestão ambiental. Dessa forma, 
as variáveis ambientais (variáveis econõmicas, tecnológicas, legais, sociais, 
demográficas e fisicas), como elementos não controláveis diretamente pelas 
organizações, devem ser consideradas: no treinamento e na educação 
contínuos dentro das organizações; na formação de recursos humanos em nível 
técnico de gestão ambiental; e na formação de recursos humanos nos cursos de 
Administração. 
O gestor a ser formado para enfrentar os novos tempos deverá ter 
capacidade abrangente de análise, interpretação e correlação, ou seja, ser um 
gestor com consciência ecológica e ambiental por excelência, com visão 
sistêmica para ler correta e adequadamente os cenários sociais, as turbulências 
políticas, econõmicas, o ambiente de competição, as formas de mercado, as 
tendências culturais dos grupos, os nichos negociais e as possibilidades de 
integração das economias contemporâneas. 
Quanto ao treinamento e à educação continuada dos recursos humanos, 
uma organização, independentemente do setor econômico a que pertença, deve 
adotar como política de recursos humanos a permanente educação ambiental 
de seus funcionários, desde o pessoal da alta administração até a base da 
36 
 
 
pirâmide organizacional, constituída pelos empregados do chão da organização, 
conforme Andrade, Tachizawa e Carvalho (2004). 
Muller (1996 apudAndrade, Tachizawa & Carvalho, 2004), propõe 
objetivos da educação ambiental que diferem dos da educação formal. Para 
marcar essa diferença, algumas vezes, tem-se preferido usar a expressão 
"orientação ambiental". A educação formal visa a um currículo escolar que 
confere graus e títulos aos estudantes. Os programas de educação ambiental 
extracurriculares e livres, em contraposição aos formais, são desenvolvidos 
especificamente para atender a um público determinado, no caso das 
organizações, a seus funcionários. 
6) Desenvolver ações estratégicas para superar as 
dificuldades: algumas medidas podem ser tomadas, tanto em caráter 
preventivo quanto em caráter de ajustes, no intuito de superar as 
dificuldades e garantir o sucesso da implantação. Dentre elas, 
destacam-se: 
 medidas organizacionais: descentralização do poder de decisão, 
envolvimento dos empregados via treinamento, programa de incentivo 
para empregados integrados ao SGA, análise custo benefício nos 
processos de produção; 
 medidas sistêmicas: identificação das melhorias nos processos, 
desenvolvimento da auto-estima da mão-de-obra, planejamento e 
controle da produção; 
 medidas comportamentais: gerenciamento da mudança da cultura 
organizacional, identificação e treinamento das lideranças, super visão 
mais efetiva, programas de incentivo para empregados integrados no 
SGA; 
 medidas técnicas: desenvolvimento de uma infra-estrutura 
facilitadora, análise dos custos econômicos e ambientais, planos de 
investimento. 
Assim, percebe-se que as possibilidades de atuação do psicólogo nas 
organizações, no que se refere à gestão ambiental, podem englobar frentes de 
trabalho diversas, salientando-se a importância de auxiliar na promoção de 
37 
 
 
sensibilização e conscientização de todos para a importância da questão 
ambiental, não apenas nas organizações, mas também na sociedade. 
 
8. NORMAS AMBIENTAIS INTERNACIONAIS 
 
8.1- ISO – INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR 
STANDARDIZATION 
É uma federação mundial de entidades nacionais de normalização, não 
governamental que congrega mais de 140 países, representando praticamente 
95% da produção industrial do mundo. Fundada em 23 de Fevereiro de 1947, 
com sede em Genebra, na Suíça, com o objetivo principal de criar normas 
internacionais que representem e traduzam o consenso dos diferentes países do 
mundo para homogeneização de procedimentos, medidas, materiais, uso, etc. 
 
Como uma instituição normalizadora internacional, ela elabora e avalia 
normas através de vários comitês técnicos, compostos por especialistas dos 
38 
 
 
diversos países membros. Em relação às propostas de normas ambientais, o 
Comitê Técnico especialmente designado para o assunto foi o de número 207 
(TC-207), intitulado Gestão Ambiental que passou a elaborar normas de 
orientação gerencial para as organizações em relação ao meio ambiente. O TC-
207 conta com a participação de cerca de 56 países. Este comitê está inter-
relacionado com o comitê responsável pelas normas Internacional de qualidade 
(TC-176). 
8.2- ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS 
TÉCNICAS 
 
O Brasil participa da ISO através da Associação Brasileira de Normas 
Técnicas (ABNT). A ABNT é uma sociedade privada, sem fins lucrativos, fundada 
em 1940 e reconhecida pelo governo brasileiro como o Fórum Nacional de 
Normalização – ÚNICO – através da Resolução n.º 07 do CONMETRO, de 
24.08.1992. É o órgão responsável pela normalização técnica no país, 
fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro, cujo 
objetivo principal é promover a elaboração de normas em diversos domínios de 
atividades. Além disso, a ABNT pode efetuar a certificação de produtos e 
sistemas. 
 
É membro fundador da ISO (International Organization for 
Standardization) em 1947, da COPANT (Comissão Panamericana de Normas 
39 
 
 
Técnicas) e da AMN (Associação Mercosul de Normalização), e, portanto, 
considerada como membro "P", ou seja, com direito a voto no fórum internacional 
de normalização. È a única e exclusiva representante no Brasil das seguintes 
entidades internacionais: 
ISO – International Organization for Standardization 
IEC – International Electrotechnical Comission 
E das entidades de normalização regional: 
COPANT – Comissão Pan-americanade Normas Técnicas 
AMN – Associação Mercosul de Normalização 
O Comitê técnico da ABNT – CB 38 – Gestão ambiental, acompanha e 
participa das proposições formuladas pelos vários subgrupos que compõe o TC 
207. O CB 38 tem por objetivo evitar que a nova série de normas ISO venha a 
ser tendenciosa prestigiando práticas aplicáveis ao primeiro mundo, o qual é o 
real consumidor de 80% da matériaprima e das energias globais. 
 
8.3- SÉRIE ISO 14000 
 
A Série ISO 14000 é resultado de um processo evolutivo iniciado em 1978 
com a iniciativa alemã do selo ecológico “Anjo Azul“, em 1992 utilizando a 
experiência com a norma britânica BS 7750, com versão definitiva publicada em 
fevereiro de 1994. 
40 
 
 
 
A série ISO 14000, assim como AA 1000 e SA 8000, faz parte de um 
grupo de normas internacionais que fornece ferramentas e estabelece um 
padrão de Sistemas de Gestão Ambiental. Através dela, a empresa poderá 
sistematizar a sua gestão através de uma política ambiental que vise à melhoria 
contínua em relação ao meio ambiente. De forma simplificada, a Série ISO 14000 
está representada na figura abaixo: 
 
41 
 
 
A Série ISO 14000 tem orientação similar a Série ISO 9000, as siglas 
caracterizam os estágios em que as normas estão, pois, esta série ainda está 
em desenvolvimento e sujeita a alterações. 
As siglas são: AWI - Item aprovado; CD - Rascunho do comitê ,DAM - 
Rascunho da emenda, DIS - Rascunho do Padrão Internacional(ISO), FDIS - 
Rascunho Final do Padrão Internacional, NWIP - Trabalho novo em progresso; 
PWI - Item preliminar, WD - Rascunho de Trabalho. 
As normas que compõe esta série são: 
 
 
42 
 
 
 
A elaboração da série ISO 14000 está evoluindo rapidamente. Esta 
velocidade deve-se, em grande parte, ao compromisso da organização (ISO) de 
acompanhar o ritmo da unificação européia, cujos países já dispõem de 
regulamentos ambientais e necessitam agora de uniformização. Logo, a ISO 
14000 deverá ter um impacto maior que a ISO 9000, que, com a globalização da 
economia mundial e a formação de blocos regionais, que já dispõem de 
regulamentos ambientais que facilitarão na integração, contribui para o 
crescimento do comércio internacional. 
A ISO 14000 ajudará no monitoramento das atividades em relação ao 
meio ambiente e a medir a utilização de recursos, além de auxiliar a planejar e 
controlar mecanismos de melhoria. É também a preparação de critérios para a 
avaliação da qualidade e eficácia das relações entre empresas e o meio 
ambiente. Ou seja, com a publicação da série ISO 14000 espera-se a 
harmonização dos procedimentos, aplicáveis internacionalmente, que 
efetivamente expressem os requisitos fundamentais das boas práticas de 
gerenciamento ambiental. 
 
8.4- SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL 
 
43 
 
 
 
O que é o processo de gestar ambientalmente? Já sabemos que gestão 
é gerir, gerenciar, administrar, organizar, planejar, pensar o processo e ver este 
processo de maneira eficiente, do ponto de vista das técnicas, das pessoas e do 
ambiente do qual vamos retirar os recursos de natureza que pretendemos 
transformar em produto à venda no mercado, ou seja, como fazemos gestão 
ambiental. Nos anos de 1980, pretendeu-se no Brasil organizar os processos 
ambientais e estes, então, passaram a fazer parte das discussões acadêmicas. 
As questões ambientais são transformadas em arcabouço legal por meio 
da instituição da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), proposta em 1981, 
que estrutura o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), que abriga o 
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), pelos Órgãos de 
licenciamento ambiental e pelos Órgãos de observação, de cuidado e de vistoria 
ambiental em todas as esferas de poder do Estado. Sabemos porque esta 
instituição legal era necessária. É ingenuidade conceber que esse aparato legal 
foi proposto com o objetivo de preservar a natureza (Bem que gostaríamos!). 
Na maioria das vezes, percebemos que é o mercado que impõe a 
gerência do ambiente e dos recursos da natureza necessários ao cumprimento 
dos processos de produção. Dos anos de 1990 em diante, disseminou-se a ideia 
de que os empreendimentos estariam fazendo seu tema de casa se cumprissem 
as exigências impostas pela legislação ambiental. Este conjunto de exigências, 
44 
 
 
retrabalhadas nos processos, vão compor os chamados Sistemas de Gestão 
Ambiental (SGA). 
Há uma articulação imediata entre geração de impactos ambientais e 
sistemas de gestão ambientais: Quais são os impactos que um empreendimento 
de determinada característica produz? Quais são os resíduos, ou os rejeitos, 
gerados pelo produto que um empreendimento se propõe a produzir? Esses 
impactos são afeitos à natureza? São afeitos à sociedade? Em qual magnitude? 
A atividade de pensar o impacto ambiental nasce do arcabouço dos 
fundamentos da gestão ambiental, principalmente nos anos de 1980, com o 
advento da PNMA, quando iniciou a formatação do que seriam os sistemas de 
gestão ambiental. 
Naquela época, era preciso que se pensasse uma matriz energética que 
tivesse continuidade e provesse a manutenção da natureza. O pensamento-guia 
deveria ser de preservação! Por exemplo: Escolhemos uma matriz energética 
renovável ou escolhemos usar uma fonte fóssil para efetivar o empreendimento 
que queremos propor? Esta decisão deveria estar gestada no processo. 
A proposta de gestar, isto é, de administrar um empreendimento por meio 
de um sistema de gestão ambiental, tem como pré-requisito o pressuposto de 
que o empreendedor vai ponderar pelas possibilidades disponíveis (e possíveis) 
de retorno, do ponto de vista de meio ambiente (chamado assim, desta vez, para 
ressaltar também o entorno) e de mercado, uma vez que todo empreendedor 
quer permanecer no mercado. 
Quer seja ele o proprietário de uma grande indústria metalúrgica num dos 
complexos industriais do município de São Paulo, quer seja ele o proprietário de 
uma pequena agroindústria que produz rapadura na área rural de um pequeno 
município do interior do Rio Grande do Sul. Ao pensarmos a destinação final 
adequada dos resíduos sólidos ou líquidos, ou qualquer outra medida de gestão 
do processo, estamos organizando um sistema de gestão ambiental (Figura 1) 
independentemente do tamanho do empreendimento em questão. Grosso modo, 
parece que o pequeno produtor rural acaba sendo penalizado nesse processo, 
ou que o sistema de gestão ambiental seja uma proposta para grandes 
45 
 
 
empreendimentos, para enormes empresas, inclusive internacionais ou 
transnacionais. 
Mas isso não é verdade, se pensarmos com base no princípio da gestão 
e do planejamento do processo. Planejar um sistema de gestão ambiental é 
organizar o processo independentemente do tamanho que o empreendimento 
tenha. Uma agroindústria que produz embutidos de suínos para vender salame 
na feira do produtor do município em que ela está instalada pode planejar o 
processo inteiro: pode planejar os procedimentos técnicos da produção e a 
gestão das pessoas que irão administrar essa produção. 
 
O foco do Curso de Bacharelado em Desenvolvimento Rural é o rural. 
Então, como podemos pensar um sistema de gestão ambiental que gerencie os 
processos, que planeje os processos lembrando de toda esta cadeia, de todo 
46 
 
 
esse detalhamento, independente de almejarmos ter um produto certificado, um 
produto com selo verde, um empreendimento com uma norma estabelecida pela 
International Organization for Standardization – ISO1 , considerando que o 
empreendimento conta com os serviços de dois funcionários, ou, do trabalho 
solidário de um esposo e de uma esposa, exercido no galpão de uma 
propriedade rural onde transformam o leite que tiram de suas vacas em doce de 
leite? Não tem diferença. 
O planejamento para melhorar o processo, para prevenir ou minimizar os 
impactos e para melhor usar os recursos da natureza consiste em efetivar

Continue navegando