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FAECE – FACULDADE DE ENSINO E CULTURA DO CEARÁ CURSO DE DIREITO: APS – Atividades Práticas Supervisionadas TORTURA SOB O PRISMA BECCARIANO, DO LIVRO DOS DELITOS E DAS PENAS, FRENTE À LEGISLAÇÃO BRASILEIRA ATUAL NOME DOS AUTORES EM ORDEM ALFABÉTICA Alexsander Marcel Pereira Allan Vasconcelos Estevão Andrea Rossati Farias Chaves Anna Jamylli Oliveira Lopes Brena Kézia Torres da Silva Camila Cruz Sampaio José Edilberto dos Santos Silva Jose Victor Mesquita Paiva Maurício Júlio Gomes Chrisostimo Neurivany Mota Araújo Torres SALA 202-EQUIPE 16 FORTALEZA-CE 2021.2 FAECE – FACULDADE DE ENSINO E CULTURA DO CEARÁ CURSO DE DIREITO: APS – Atividades Práticas Supervisionadas TORTURA SOB O PRISMA BECCARIANO, DO LIVRO DOS DELITOS E DAS PENAS, FRENTE À LEGISLAÇÃO BRASILEIRA ATUAL Trabalho na forma de artigo científico, apresentado ao Curso de Direito da FAECE – Faculdade de Ensino e Cultura do Ceará, para obtenção de nota do 1º semestre. Prof. José Emmanuel Abrante Nogueira FORTALEZA-CE 2021 SUMÁRIO 1. Introdução.................................................................................................7 2. As ordenações Filipinas no período colonial.............................................8 3. A constituição e as ordenações Filipinas................................................10 4. A casa de correção ou senzala...............................................................11 5. Tortura, história, ditadura e Brasil...........................................................13 6. Constituição de 1988 e os Direitos Humanos.........................................17 7. Carta Magna de 1988 e os Direitos Humanos........................................19 8. Conclusão...............................................................................................21 9. Referencial teórico..................................................................................22 RESUMO Caracteriza-se o artigo que tem como objetivo de analisar como eram aplicadas as penas dentro dos regimes europeus, baseado nas Ordenações Eclesiásticas no século XVI no período em os conquistadores chegaram a América e assim começou o mercado da escravidão no período colonial, artigo passa a distinguir as leis aplicadas injustamente na figura do elemento negro, colocando-o em total submissão ao regime de servidão abrindo mão de toda sua cultura, as atrocidades como marcas de torturas, a máscara de Flandres, os açoites, à palmatória, o alicate arrancando unhas, e a fogueira, c o características marcantes baseados nas Leis Filipinas onde eram desiguais as penas aplicadas nos seres humanos, com o passar dos anos foram aprovadas as constituintes brasileiras abolindo o livro V da igreja europeia e assim surge a aprovação dos artigos por parlamentares e a independência em relação os países europeus, no livro do Cessare Beccaria descreve a passagem histórica do antigo Regime Absolutista para a Revolução Francesa onde as ideias iluministas passa a influenciar a sociedade parisiense e a prisão da Bastilha era o símbolo do absolutismo francês baseado nas penas severas onde o autor do livro dos Delitos e das Penas, demonstra toda a sensibilidade pelos atos cometidos pela dominação do homem, principalmente no Brasil onde a ditadura militar prendeu vários subversivos que eram contra o regime governamental muito semelhante ao governo de Luís XIV, com a aprovação do AI Ato Institucional os direitos do cidadão ficaram praticamente sem liberdade de expressão nas áreas culturais, no meio de comunicação, na educação onde a História Critica não existia, apenas o atrelamento do governo militar influenciando a luta dos vencidos nos moldes do governo, com a aprovação da lei da anistia a democracia começa a ter uma ampla participação popular em vários setores da sociedade brasileira nesse momento o Congresso Nacional aprovam as leis da anistia e assim no regime democrático começa a se preparar para a aprovação da constituinte de 1988 e a participação da Comissão dos Direitos Humanos, assim nesse breve artigo a Constituição Democrática foi fundamental para a consolidação do Estado Nacional de Direito em que as leis foram fundamentadas pela Comissão dos Direitos Humanas abolindo os fantasmas das leis antidemocráticas ou leis que feriram os direitos fundamentais dos seres humanos como torturas piedosas da igreja banalizada e de regimes europeus decadentes, mas a consolidação da influência das ideias iluministas despertou na sociedade que era hora de mudar e lutar pelos direitos sociais e políticos do cidadão. PALAVRAS – CHAVE: TORTURA-HISTÓRIA-BRASIL ABSTRACT It characterizes the article that aims to analyze how the penalties were applied within the European regimes, based on Philippine ordinances in the 16th century, in the period in which the conquerors arrived in America and thus began the slavery market in the colonial period, the article begins to distinguish the laws unfairly applied in the figure of the black element, placing him in total submission to the regime of serfdom, giving up all his culture, atrocities as marks of torture, the mask of Flanders, the whips, the paddle, the pliers pulling nails, and the bon- fire, outstanding characteristics based on the Philippine Laws where the penalties applied to human beings were unequal, over the years the Brazilian constituents were approved abolishing the book V of the European church and thus the ap- proval of the articles by parliamentarians and independence in relation to Euro- pean countries, in Cessare Beccaria's book describes the historical passage from the Absolutist Ancien Regime to the French Revolution where Enlightenment ideas began to influence Parisian society and the prison of the Bastille, which was the symbol of French Absolutism based on severe penalties where the au- thor of the book of Crimes and Penalties, demonstrates all sensitivity for the acts committed by the domination of the man, especially in Brazil where the military dictatorship arrested several subversives who were against the government re- gime very similar to the government of Luis XIV, with the approval of the AI Insti- tutional Act, citizens' rights were practically without freedom of expression in the areas, in the media , in education where Critical History did not exist, only the harnessing of the military government influencing the struggle of the losers along the lines of the government, with the approval of the amnesty law, democracy begins to have broad popular participation in various sectors of Brazilian society, in this moment the National Congress approves the amnesty laws and so the democratic regime begins to prepare for For the approval of the 1988 constituent and the participation of the Human Rights Commission, in this brief article, the Democratic Constitution was fundamental for the consolidation of the National Rule of Law, in which the laws were founded by the Human Rights Commission, abolishing the ghosts of anti-democratic laws or laws that violated the fundamen- tal rights of human beings such as tortures of the banalized church laws and decadent European regimes, but the consolidation of the influence of Enlighten- ment ideas awakened in society that it was time to change and fight for the social and political rights of the citizen. KEYWORDS: TORTURE-HISTORY-BRAZIL 7 1 INTRODUÇÃO No artigo apresentado há uma classificação sobre os tipos de penas aplicadas nas passagens históricas desde o antigo regimeaté a sociedade brasileira atual, onde o leitor passa a observar as transformações políticas e sociais é interessante abordar como as leis se modificaram como o passar do tempo a evolução política nacional com a chegada dos Conquistadores na América e a substituição das leis com a evolução do Estado Nacional, de uma antiga colônia que se transformou em metrópole, aprovando uma constituinte e o reconhecimento da soberania nacional excluindo as leis da igreja que por outrora foram sendo aprovadas por deputados brasileiros e assim a consolidação das evoluções das constituintes. Com a evolução da Carta Magna no artigo define as transformações sociais no período conhecido como anos de chumbo, onde as pessoas perderam sua liberdade de expressão em regimes antidemocráticos da sociedade contempo- rânea e assim os atos estabelecidos pela ditadura tornou-se a sociedade em vários aspectos vulnerável pela violência de governos militares que significou a prisão de várias pessoas consideradas subversivas que era contra o governo é de se lembrar da prisão do antigo regime a Bastilha onde ocorreu as penas se- veras de pessoas que perderam sua liberdade de lutar pelos seus ideias de go- vernos absolutistas mas veio a inspiração e a luz das ideias iluministas as que afastou a ignorância de uma política de governos decadentes que utilizam a vi- olência para conseguir se manter no poder. Os métodos de pesquisa apresentados nesse artigo são leis das constituintes que fizeram parte das transformações da sociedade brasileira, dentro da trajetó- ria e da evolução da História do Direito do Brasil, nesse sentido passa-se a ob- servar as divisões significativas, onde as leis foram aprovadas por parlamentares mostra-se a evolução da política brasileira em aspectos sociais, culturais e polí- ticos que marcou uma sociedade, de lutar pela sua liberdade em vários aspectos, por meios abolicionismo até pela a anistia, onde ocorreu a aprovação da Cons- tituição de !988. 8 2 AS ORDENAÇÕES FILIPINAS NO PERÍODO COLONIAL Durante o reinado de Felipe I, predominava o sistema político do fim da União Ibérica entre Portugal e Espanha, nesse período predominavam as Ordenações Filipinas que definia o Código Jurídico do livro V das Ordenações, onde as leis eram aplicadas de forma injusta nos territórios lusos. Com a aprovação da Constituição Imperial de 1824, as leis Filipinas do livro V, foram extintas e assim foi aprovado em Ato Adicional onde os parlamentares brasileiros aprovaram o Código Criminal de 1830, durante o processo político que mostra a soberania do Estado Nacional Brasileiro, rompendo com todas as estruturas políticas do Governo de Portugal com o reconhecimento internacional do governo dos Estados Unidos da América, estabeleceu mudanças no sistema prisional brasileiro baseado no sistema carcerário dos americanos, com o objetivo de estabelecer melhorias no sistema prisional brasileiro na qual a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro junto com o Superior Tribunal de Justiça ficaram responsáveis pela Casa de Correção do Rio de Janeiro, o primeiro modelo a ser arquitetada e planejada de acordo com o método “Auburniano”, onde as celas seriam limpas e seguras com presos separados de acordo com o delito cometido, mas isso não evitou as torturas do sistema escravista, colocando-o o cativo numa situação degenerativa da sociedade imperial, com a aprovação da Constituição Cidadã de 1988, modificou e sancionou as leis constituintes com a aprovação dos Direitos Humanos e do Cidadão, que constitui crime de tortura com pena de reclusão, com emprego de violência física e interrogatório injusto sobre o ser humano. No livro V das Ordenações Filipinas estava previsto que a mulher adultera, assim como o homem flagrado ao seu lado em adultério, poderiam ser licitamente mortos pelo marido traído, salvo nos casos em que o marido “peão e o adultero nobre, a pena de morte não era a mesma para todos porque o crime não atacava a honra do marido (FOCAULT, 2004, P. 48). Esse artigo assim a pena era desigual caso seja o Senhor de Engenho, cometendo esse tipo de crime de traição e fosse descoberto o traidor não seria penalizado pela posição social vigente, se o servo cometesse o crime de adultério seria condenado a morte pelo seu Senhor de Engenho de acordo com as leis Filipinas. 9 No “mundo” marcado pelo regime de escravidão, as leis Filipinas eram julgadas pessoas que não pertenciam aos grupos socias do governo português, no período colonial os bem-nascido pertenciam a aristocracia de Portugal. O tráfico negreiro e as consequências desse comércio de seres humanos, o negro ao deixar a África é marcado de ferro quente no corpo, em seguida é colocado nos navios negreiros de péssimas condições de higiene na travessia da África para o porto colonial de Salvador, ao chegar deixa-se de lado sua identidade cultural e é colocado à venda no pelourinho, o açoitamento no tronco é a marca do registro da violência do “Homem Colonial” nos povos afros, assim as fugas, torturas, envenenamentos e mortes fazem com que os povos africanos sejam submisso ao homem branco. Verifica-se que a pena era desigual no período colonial entre os colonos e os colonizados, principalmente os que ocupavam posições privilegiadas na política, o favorecimento do próprio estado português, e sua participação social na política, já os colonos eram limitados e ao mesmo tempo a maioria eram excluídos da sociedade através do voto censitário, as leis que não mantém o mesmo equilíbrio entre os nascidos na metrópole e na colônia, o Senhor de Engenho tinha obrigação de pagar impostos e gerar riquezas, já o político português eram isentos de impostos. Se ambos cometerem delitos contra a Colônia portuguesa, o primeiro seria condenado, e o segundo seria absolvido devido a questão de soberania. A pena de morte do livro V, estabelecia a morte pela forca, torturas e a marca de ferro quente, a pena não era idêntica para todos da colônia portuguesa, aqueles que eram contrários a política governamental, os que foram influenciados pelas ideias iluministas, principalmente os movimentos que ocorreu na região nordeste do Brasil, muitos inspiradores republicanos foram condenados pelo artigo V, das Ordenações Filipinas. Aquele que não tinha estado não é pessoa. De fato, há pessoas que, por serem desprovidos de qualidades juridicamente atendíveis, não tem qualquer status e, logo, carecem de personalidade. Tal é o caso dos escravos (HESPANHA, 2010, P. 59-60). Sem dúvida tal reflexão deixa claro que o afro brasileiro foi arrancado de sua terra, perdendo sua liberdade, suas terras, com o destino de ser explorado 10 e espancado, perdendo toda sua dignidade de se expressar, vivendo em condições sub-humanas e marcado pelo horror e traumas que ficaram nas Histórias dos povos africanos. Na justiça das Ordenações Filipinas, o cativo era condenado ao tratamento brutal ou à forca, na prática dos seus Senhores, o tronco e a perversidades da pena aplicada pelo feitor com o tratamento brutal, características da ignorância e extermínio dos povos fracos sem a justiça digna de seus direitos. 3 A CONSTITUIÇÃO E AS ORDENAÇÕES FILIPINA No dia 23 de março de 1824, D. Pedro I outorgou a Constituição Imperial e assim estabeleceu os quatro poderes constitucionais e o surgimento do Estado Nacional, as leis da Constituição substituiu o livro V das Ordenações Filipinas, e assim as leis seriam aprovadas pelos parlamentares brasileiros banindo todos os atos políticos vindos do governo de Portugal. O sistema escravista permaneceu como atividade principal do comércio brasileiro, algumas leis foram promulgadas, mas permanece os acoites e o torturas no trabalho escravo, vejamos a lei; Desde já ficam abolidos os açoites, a tortura, a marca de ferro quente todas as mais penas cruéis (BRASIL,CONSTITUIÇÃO (1824), ART, 170, P. 19). Nas fazendas os senhores não obedeciam às leis da constituinte em relação a pena aplicada nos escravos, em resumo as torturas e os açoites que eram permitidas cinquenta chibatadas, ultrapassava chegando a duzentos açoites na Constituição Imperial proíbe a tortura, o ferro quente e a Máscara de Flandres, o primeiro era mutilado, o segundo era marcado em brasas na pele com o a sigla do Senhor e o terceiro era punição no rosto como disciplina e autoridade. Nas senzalas o negro vivia numa condição de sub-humanos homens, mulheres e crianças mal alimentados, muitos dormiam acorrentados aos instrumentos de torturas, dos pés à cabeça, total degeneração do ser humano e a crueldade, e ineficácia das leis constituintes que não eram iguais, principalmente nos domínios dos “senhores de engenho”, latifundiários onde a 11 pena dos açoites eram temidos ao som das chicotadas, o que diz a constituinte de 1824. A lei será igual para todos, que proteja, que castiguem, o recompensará em proporção dos merecimentos, de cada um (BRASIL, CONSTITUIÇÃO (1824), ART, 179, PARÁGRAFO, 8). No entanto sabemos que no artigo 179, predominava o trabalho escravo, no entendimento da pena aplicada era em desacordo com essa lei, as penalidades aplicadas pelos senhores sobre os cativos, muitas vezes feria a moral e os costumes dos escravos pelo trabalho excessivo de produção. 4 CASA DE CORREÇÃO OU SENZALA A Casa de Correção da capital Federal foi criada pelo decreto n. 678, de 06 de julho de 1850, com a denominação de Casa de Correção da Corte (BRASIL, DECRETO N. 8.386 DE JANEIRO DE 1882, ARTS, 1-2). Na corte, destacava-se as prisões nas dependências eclesiásticas, baseado no livro V nas Ordenações Filipinas, e a disciplina dos detentos tornou- se posteriormente uma cadeia denominado “Aljube”, após o novo decreto n. 1774 de 02 de julho de 1856, foi criado a Casa de Correção do Rio de Janeiro, segundo a Constituição Imperial de 1824 no seu artigo. Com isso adotava-se o modelo prisional adequado para aqueles que cometiam delitos e escravos que eram julgados pela justiça no entendimento da Casa de Retenção, que ficavam homens, negros e adolescentes “infratores”. O sistema de disciplina prisional substituía o “Albuje”, “pela disciplina americana”, onde o preso trabalhava nas oficinas, tecelagem em silêncio, com o objetivo de não se comunicar com o outro detento, ‘conforme as circunstancias e a natureza de seus crimes’ (BRASIL, CONSTITUIÇÃO (1824), ART. 179, PARÁGRAFO 21). Nas antigas prisões eclesiásticas as condições sanitárias do prédio eram precárias e ainda havia a super lotação de presos vivendo de forma humilhante sem qualquer trabalho disciplinar para ser ‘devolvido’ para a sociedade, a prisão de civis atraiam muitas doenças para os apenados, fora as fugas das instituições penais, assim a prisão abrigava trezentos prisioneiros num edifício, cuja a capacidade se restringia a vinte indivíduos conforme a avaliação do governo, a prisão do ‘Albuje’ era vergonhoso e humilhante para o ser humano se reintegrar à sociedade. 12 Com a promulgação do Código Criminal de 1830, substituiu o livro V da Ordenações Filipinas, com isso o Código entrou em vigor em conformidades das sentenças (ART. 46). No Ato Adicional de 1834, especificava como seria o trabalho interno das prisões seria planejado pelas Assembleia Provinciais (ART. 10) a Secretária de Justiça ficava subordinada a aplicação e correção do trabalho no sistema de retenção do Rio de Janeiro. A planta da Casa de Correção do Rio de Janeiro reproduziu um modelo de prisão publicado em 1826 (MORAES, 1923, P. 12). O modelo é baseado num projeto arquitetônico no estilo ‘panóptico’, uma construção circular que no meio do perímetro tinha uma torre de observação em seguida ficavam ligados quatro corredores, com celas entre esquerda e direita, onde o guarda passa pelo corredor e observa o que está acontecendo dentro das celas, as grades era de espessura grossa, onde a mão do detento não passa, a iluminação nos corredores e dentro das selas para que os guardas observem todo o movimento durante o dia e a noite. O raio que se refere seria os corredores com duzentas celas e em seguida as oficinas de trabalho, a Casa de Correção seria composta de quatro raios, cada um destinado ao isolamento noturno. Nessas dimensões cada apenado seria distribuído pelos raios ‘corredores’, aqueles que cometeram crimes leves eram separados dos outros presos que cometeram crimes mais violentos, uma forma de manter a dignidade do preso respondendo cada um por seu crime. Os condenados à prisão com o trabalho na Casa de Correção do Rio de Janeiro, foram divididos em dois grupos, o primeiro os menores de catorzes anos, que cometeram crimes leves, o segundo os adultos que cometeram furtos e trabalham separadamente entre oito a vinte horas por dia nas oficinas. Nas oficinas os grupos eram divididos em horários diferentes da primeira classe e da segunda classe, no máximo ficavam condicionado vinte pessoas de cada grupo, mantendo a disciplina do silêncio, dá oração em seguida tinha o horário das refeições, ‘o princípio adotado pelo modelo prisional dos americanos), no trabalho o chefe supervisionava as oficinas e a disciplina de seus alunos, o castigo dentro das Casa de Correção era a solitária e o jejum, o chicote era proibido. 13 5 TORTURA, HISTÓRIA, DITADURA E BRASIL A História é feita de rupturas e continuidade, como bem afirma Dulce Pandolfi (sobrevivente da ditadura militar brasileira) em entrevista à revista exame (2019) ¹. E assim, o homem ao longo da História possuem uma relação peculiar com a tortura. Foucault (1975) em seu livro Vigiar e Punir, afirma que a busca da verdade por meio de interrogatório sob tortura é de fato um meio de fazer aparecer indício, sendo o mais grave de todos – a confissão da culpa². Foucault afirma que “entre o juiz que ordena a tortura e o suspeito que é torturado, há ainda uma espécie de justa”. ² E assim, final do século XVIII, a tortura é denunciada como um resquício das barbáries da época, uma marca de selvageria, criticada veementemente do Beccaria sendo inspiração ao princípio da proporcionalidade das penas para o direito criminal moderno em seu livro em que influenciado pelas ideias iluministas³ defende em sua teoria sobre tortura que “Um homem não pode ser chamado culpado antes da sentença do juiz, e a sociedade só lhe pode retirar a proteção pública após ter decidido que ele violou os pactos por meio dos quais ela lhe foi outorgada. (...) exigir que um homem seja ao mesmo tempo acusador e acusado, que a dor se torne o cadinho da verdade, como se o critério dessa verdade residisse nos músculos ou nas fibras de um infeliz. Este é o meio seguro de absolver os robustos criminosos e de condenar os fracos inocentes. (...) O inocente, portanto, só tem a perder e o culpado só a ganhar. ” ³ Nesse sentido, com o final da Revolução Francesa, o fim da 1ª Grande Guerra Mundial, a tortura aparentemente havia cessado na Europa, abre-se espaço para um “modelo progressista-humanitário” conforme Edward Peters4. Porém as políticas Totalitárias implementadas fizeram eclodir “Guerras Revolucionárias”, em busca de liberdade contra a repressão estabelecida e assim, de modo ‘underground’ a tortura é usada como meio de “obtenção de informações do inimigo”, levando grandes potencias à 2ª Guerra Mundial, sendo a Alemanha palco principal de atrocidades,5 RESPONSAVEIS pela execução de 1,5 milhões de pessoas, dentre os quais 1 milhão eram de judias.5 Mesmo com o fim da Segunda Guerra Mundial, com saldo político- económico-social extremamente negativo, 2 (duas) bombas nucleares em Hiroshima e Nagasaki e milhares de pessoas exterminadas em campos de 14 concentração em Auschwitz na Polônia, a tortura passou a ser injustificável6.E em 1948, a ONU (Organização Mundial das Nações Unidas) em busca do combate a violência internacional e procura na paz mundial, numa tentativa de garantir dignidade à vida e aos direitos humanos, elaborou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, ressaltando ao Ser Humano o direito à integridade física, condenando o castigo corporal ou pena cruel e degradante7. Uma sucessão de fatos, resoluções e medidas foram desenvolvidas para proteger o direito das minorias e, em especial, garantir a igualdade de direitos, sem distinção de orientação política, sexual ou religiosa, além de propor a extinção da tortura8. Infelizmente, mesmo com a existência de tratados internacionais os países insistem em violar as regras mundiais de Direitos Humanos, o que aconteceu nos anos seguintes mostra que as atrocidades das guerras não foram suficientes para coibir a prática da tortura. No Brasil, entre os anos de 1964 a 1985, houve o período de Ditadura Militar principalmente quando foi aprovado o ‘AI-5 Ato Institucional’, onde a tortura psicológica e física e mortes eram consideradas comum para obtenção de confissões.9 Quando o então presidente João Goulart, anunciou as Reformas de Base (reforma agrária, estendeu voto aos analfabetos e aos comunistas o direito de participar da vida política), e objetivando a redução da concentração da renda, este obteve apoio popular fortíssimo nas ruas, entretanto, alguns setores da sociedade ligados ao pensamento conservador criticaram o governo, considerando-as um risco de entrada do comunismo no Brasil10. E nessa atmosfera frenética, entra e cena os golpistas (forças armadas), que perceberam uma importante inclinação de setores das classes médias (grandes empresários, latifundiários) para sustentar a derrubada do presidente por quaisquer meios11. E na sequência com a instauração do AI-5, o novo regime no Brasil restringiu as liberdades civis e suprimiu a oposição e a consequência imediata foram cassações de mandatos de opositores, demissões de servidores militares e civis, e inúmeras prisões, torturas e “desaparecimentos” de pessoas que se opunham ao regime11, ver tabela 1 anexo, lista de torturados e desaparecidos, conforme registro da Comissão Nacional da Verdade. https://www.politize.com.br/equidade/blogpost/tratados-internacionais-de-direitos-humanos/ https://www.politize.com.br/equidade/blogpost/o-que-sao-direitos-humanos/ https://memoriasdaditadura.org.br/memorias/biografias-da-resistencia/joao-goulart/ 15 Na prática, o que se regia nesse período é qualquer cidadão poderia ser preso e não poderia ser solto por via de habeas corpus, posto que estava suspenso este remédio constitucional11. O despotismo criticado na obra de Beccaria que em análise da dor, afirma que “teste da verdade, como se a verdade residisse nos músculos e fibras de um desgraçado sob tortura”, volta a se realizar sobre o corpo, revivendo os abusos e o espetáculo do suplício. Um dos marcos desse sistema repressivo foi a morte do estudante Edson Luís, assassinado por policiais durante uma manifestação estudantil, onde foi almejado à queima roupa. Seu corpo foi carregado até a Assembleia Legislativa para ser velado, sendo a missa assistida por milhares de pessoas comovidas. O que deflagrou uma série de manifestações populares por todo o Brasil.17 Em outras palavras, Hélio Pellegrino, sobrevivente à tortura da ditadura militar, em entrevista à Folha de São Paulo (1982) discorre “Na tortura, o corpo volta-se contra nós, exigindo que falemos. Da mais íntima espessura de nossa própria carne, se levanta uma voz que nos nega, na medida em que pretende arrancar de nós um discurso do qual temos horror, já que é a negação de nossa liberdade. ”12 O projeto Brasil Nunca Mais, reúne depoimentos dos horrores da repressão militar, que tem como objetivo “eliminar do seio da humanidade o flagelo das torturas, de qualquer tipo, por qualquer delito, sob qualquer razão”.13 Dentre estes, destacam-se: 1 O estudante Angelo Pezzuti da Silva, 23 anos, serviu como cobaia para aulas de torturas em interrogatórios na PE (Polícia do Exército), em Minas Gerais; 2 A estudante Dulce Chaves Pandolfi, 24 anos, também serviu como cobaia no quartel da rua Barão de Mesquita no RJ, submetida a espancamento despida com choques elétricos e pau-de-arara; 3 Gildásio Westin Cosenza, 28 anos, radio técnico, RJ, foi torturado com tensão através de circuito elétrico de voltagem de 500 ou 1000 volts, por afogamento e a chamada “cadeira do dragão” (tipo de cadeira para choques); 4 Maria de Fátima Martins Pereira, 23 anos, estudante de medicina, RJ, foi violentada em cárcere, com a introdução de um objeto de madeira em seu órgão genital. 16 Apesar do destaque dos casos de tortura terem se fixado mais em estudantes, a oposição ao regime não acontecia somente por meio dessa classe de estudantes, mas também por intermédio da luta armada, onde vários grupos da sociedade ingressaram. Um dos grandes nomes da luta armada que se engajaram contra a ditadura foi Carlos Marighela, que reivindicou a autoria de um atentado contra o Consulado dos Estados Unidos em São Paulo.14 Nesse período, a tortura passou a ser um instrumento frequente em interrogatórios, com início em OBAN (Operação Bandeirantes), em meados de 1969 e se espalhou pelo país com a criação do sistema DOI-CODI (sistema de segurança interna do país). “Segundo relato de Maurício Vieira de Paiva, um dos torturados, o tenente ordenava serenamente a passagem dos slides com os desenhos de cada tortura. “Apontava com uma vareta para os detalhes projetado, explicando a técnica.15 Segundo documentos oficiais, houve 6.016 denúncias, feitas por 1.843 pessoas, entre 1964 e 1977, conforme o livro Brasil Nunca Mais. Nomes conhecidos como da ex-presidente do Brasil Dilma Rousseff, a jornalista Miriam Leitão, a militante Amelinha (Amélia Telles), a atriz Bete Mendes, estão registrados na história como vítimas que sobreviveram aos horrores desse período.16 Entretanto, os torturadores eram recompensados por seu desempenho. O maior dos reconhecimentos era a Medalha do Pacificador. Um dos mais renomados foi Carlos Alberto Brilhante Ustra, condecorado com honras pelo cumprimento do seu dever, considerado “herói nacional”.17 Além deste, em 1978, o jornal Em Tempo expôs em sua edição 17 o nome de 233 torturadores da ditadura militar, véspera do julgamento movido pela família do jornalista Vladimir Herzong (privado de liberdade, torturado e morto nas dependências do governo).18 Caso este, que foi levado à Corte Internacional dos Direitos Humanos e considerado crime contra a humanidade e que não é aceitável a impunidade a torturadores e assassinos a serviço do Estado. Em 1992 o Brasil ratificou a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, com isso, o Brasil ficou passível a ser processado e julgado por esse tribunal. O caso Herzong foi a segunda decisão do órgão que condena o país pela falta de investigação dos crimes cometidos durante o período de ditadura militar. Em 2011, a Corte ordenou o país a processar os acusados pelos https://brasilescola.uol.com.br/historia/carlos-marighella.htm 17 assassinatos cometidos no combate à Guerrilha do Araguaia, quando desapareceram 62 pessoas.19 Até a presente data, existem 11 casos do Brasil na corte, sendo 10 já sentenciados. Ainda em 1997, o Brasil adotou a Lei Contra Tortura (Lei 9.455/97), e se assemelha à filosofia pregada por Beccaria, na “redemocratização” do Brasil. “Art. 1º Constitui crime de tortura: I - Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental. Lamentavelmente, apesar de formalmente extinta, a tortura sobrevive extraoficialmente. Ainda hoje, Beccaria influência nas legislações vigentes, no entanto, a tortura é presente em vários países. No Brasil, mesmo com a lei outrora citadoe ser um direito de primeira geração, clausula pétrea nos termos do artigo 60 §4º, IV, da constituição federal22, há poucos os casos de tortura oficialmente registrados. Uma vez que quem é torturado sente-se quase sempre intimidado para denunciar os culpados, principalmente pelo de medo de represálias. Isso, associado a ineficácia da efetividade Lei da Tortura.21 E em última análise, fica uma inflexão, a pergunta da mãe, de um pai, de um irmão, de um filho, de um conjugue: “Onde está Gastone? ”, “Onde está Aluísio? ”, “Quem matou Marielle? ” 6 CONSTITUIÇÃO DE 1988 E OS DIREITOS HUMANOS Quando se fala em ditadura e tortura logo se remete a uma finitude daquela época. De quando a vida e o país e a liberdade voltaram ao normal. Como em todas ditaduras houveram exilados, presos e pessoas escondidas, aqui o Brasil não foi diferente, e Figueiredo dizia sempre em suas aparições “Lu- gar de Brasileiro é no Brasil” assim fazendo um sonho ser mais palpável e mais próximo a ser vivido. E em sua gestão foi criada a lei da Anistia. Que restabele- ceu os direitos políticos a quem se opôs a ditadura no país. A anistia vem de um termo advindo do grego (amnistia) que significa es- quecimento. Juridicamente a “lei” é o perdão concedido pelo poder legislativo a crimes que são considerados de natureza política. E como deixassem de existir todos atos praticados durante o regime militar. Foi aprovado em três semanas o 18 projeto que deu origem a lei da anistia que foi feito pelo general Figueiredo, mas houve modificações na proposta, mas nada que a descaracterizasse. No governo de Figueiredo se deu o fim do período ditatorial e no final dos anos 70 mais precisamente em 28 (vinte e oito) de agosto de 1979 foi promul- gada a lei n° 6.683, a chamada Lei da anistia, em uma sessão de 8 horas no Congresso Nacional, com falas altas, e em um momento exaltado e tumultuado entre os políticos que foi aprovada a lei que concedeu a “lei” a todos que lutaram contra o Regime Militar, mas também aqueles que cometeram crimes pelo re- gime. Do período de 2 (dois) de setembro de 1961 a 15(quinze) de agosto de 1979. “Cesare Beccaria pensava diferente, pois dizia; que o legislador sábio estabeleça divisões principais nas distribuições de penas proporcionadas aos delitos e que, sobretudo, não aplique os menores castigos aos maiores crimes.”. E é nesse ponto que se encontra o grande problema da lei da anistia, os militares que praticaram em nome do estado desde a tortura, estupro e execução dos adversários da ditadura militar, garantiu a impunidade, foram anistiados. Em ou- tras palavras era o estado brasileiro contra o povo brasileiro. E o estado também libertos. Imediatamente a lei beneficiou 100 presos Políticos, 150 banidos e pouco a pouco os políticos, os exilados, os que lutavam contra a ditadura voltaram ao país. Mas nem todos foram perdoados, como por exemplo os terroristas conde- nados, a lei considerara que o eles fizeram foram crimes não só contra o governo militar, mas sim contra a humanidade. Mesmo que os condenados apenas te- nham tido somente uma testemunha, e segundo Beccaria diz que “Uma única prova perfeita é suficiente para autorizar a condenação”, e é justamente o que acontecia dentro do regime militar, bastava apenas uma testemunha que o acu- sado era condenado. Já os que estavam em tramite seria dado o perdão. O Brasil possuía em média 7000 exilados, 800 presos políticos, fora uma quantidade sig- nificativa e não certa de desaparecidos e de executados que hoje soma a quantia de 434 (quatrocentos e trinta e quatro) pessoas mortas. Mesmo sendo excluído do benefício aqueles já condenados por crime de terrorismo, mas incluiu as esposas de desaparecidos, presos políticos. 19 Com a criação da lei da anistia também foi criada uma reforma partidária que possibilitava a criação de novos partidos, e assim “podendo aumentar a opo- sição”. A lei da anistia foi feita de acordo com os militares e agentes violadores dos direitos humanos não fossem prejudicados. 7 CARTA MAGNA DE 1988 E OS DIREITOS HUMANOS. Becarria já dizia “só com boas leis podem impedir tais abusos” e uma nova constituição foi uma luz no final do túnel para o fim de uma época ferida pelo medo, tortura e pelo o governo autoritário. Foram necessários 19 meses para ser promulgada, e contou com 559 congressistas para formulá-la. Chamada de constituição cidadã foi promulgada pela Assembleia Nacional constituinte em 1986 depois do regime militar. Restabeleceu o voto secreto e direto, também restabeleceu fim da censura nos âmbitos musical, político e ideológico. Ela foi a sétima constituição do Brasil. Foi um marco importante na vida do brasileiro, assegura que todos são iguais perante a lei, garantindo inviolabilidade do direito à vida, à liberdade de comunicação, à igualdade, à segurança e à propriedade, intimidade, vida pri- vada, à honra, direitos tais que na fase da ditadura não eram asseguradas. A constituição de 1988 foi uma das maiores constituições já escritas e, uma das mais avançadas do mundo, contando com 245 artigos. Ela consolidou a transação do regime militar para um regime democrático. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natu- reza, garantindo-se brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade à igualdade, à segurança, e à propriedade, nos termos seguintes (CONSTITUIÇÃO, 1988, Art. 5). A constituição criou uma lei que criminaliza a tortura, garante os direitos humanos para todos, entretanto hoje em pleno 2021 acontecem torturas, princi- palmente a pessoas negras, e moradoras de comunidades, invadindo casas me- tralhando jovens inocentes em seus lares. Como o caso de João Pedro Mattos Pinto, jovem morto durante uma operação policial em São Gonçalo no Rio De Janeiro. Ou seja, a tortura, acabou, mas para outros não, existem direitos huma- nos após a criação da constituição de 1988, mas para a maioria negra e subur- 20 bana, não. No filme Tropa de elite, é retratado várias cenas de torturas em ban- didos afins de obter informações de confissão de crime, onde está a localização de alguma droga, localização de algum chefe de quadrilha, Beccaria considera uma barbaria o uso de tortura para confessar um crime (mesmo o torturado sendo culpado). No século XXVII, se a pessoa fosse mais robusta e conseguisse suportar a dor seria considerada inocente, mesmo sendo culpado. E da forma contraria também, se a pessoa não resistisse a dor, seria con- siderado culpado, pois a tortura fazia o torturado admitir algo que não fez. (BEC- CARIA pagina 23) Beccaria também acredita que “abusos tão ridículos não de- veriam ser tolerados no século XVIII”. Quanto mais hoje, 400 anos após e pos- suindo uma constituição como a nossa, que criminaliza a toda. “Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento de- sumano ou degradante; ” (CONSTITUIÇÂO, 1988, Art. XLVII). A partir desse artigo fica claramente criminalizado e expressamente proi- bido cometer tortura, não apenas a tortura, mas qualquer tratamento desumano e degradante. E quando foi criada em 1948 foi assinada a declaração universal dos direitos humanos, e já tinha 3 anos que a segunda guerra mundial havia acabado e o documento foi feito para, prevenir que todo terror ocasionado e co- metidos durante a guerra, em especial no holocausto, fossem realizadas mais uma vez. 21 8 CONCLUSÃO Percebemos que a atual legislação brasileira não traz expressamente o que o Brasil entende por tortura, apenas tipifica condutas como modalidade de tortura. E que a prática da tortura passou a ser veementemente arrebatada pela comunidade jurídica brasileira, assim como em praticamente todo o resto do mundo. O que era utilizado para achar um culpado no processo, através de um sistema inquisitivo em meados do século XVIII segundoCesare Beccaria, hoje é visto como um crime repugnante. Que é fato típico, antijurídico e culpável. Assim como equiparado aos crimes hediondos, e imprescritível. Em suma, a legislação avançou positivamente no embate a tortura, seja ela física, psicológica e etc., no entanto fica o questionamento “se realmente avançou o necessário para abolir essa prática horrenda e criminosa, será que não necessitaria de uma legislação com penas mais rígidas e mais prolongadas, a respeito da legislação brasileira haveria ou não a necessidade de ser revista a lei para melhorar e ampliar a mesma? ”. 22 9 REFERENCIAL TEÓRICO ¹ ZACHARIAS, Manif Elias. Dicionário de medicina legal, verbete meio insidiou ou cruel, p. 299. ² José Augusto Lindgren Alves, A Arquitetura Internacional dos Direitos Humanos, pág. 150. ³ BECCARIA, Cesare Bonesana. Dos delitos e das penas. Trad. Paulo M. Oliveira. 3. Reimpr. São Paulo: EDIPRO, 2019, pág. 42. 4 BRASIL. LEI nº 9.455, de 07 de abril de 2007. Define os crimes de tortura e dá outras providências. 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