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19
CENTRO UNIVERSITARIO UNIFAVENI
Gláucia da Silva Vaz
EDUCAÇÃO ESPECIAL: Construindo o Processo de Inclusão desde a Educação Infantil 
Pires do Rio / Goiás 
2021
CENTRO UNIVERSITARIO UNIFAVENI
EDUCAÇÃO ESPECIAL: Construindo o Processo de Inclusão desde a Educação Infantil 
Artigo científico apresentado a UNIFAVENI como requisito parcial para obtenção do título de graduado em Pedagogia. 
Gláucia da Silva Vaz
Pires do Rio / Goiás
2020
EDUCAÇÃO ESPECIAL: Construindo o Processo de Inclusão desde a Educação Infantil 
 Gláucia da Silva Vaz
RESUMO
A escola da atualidade é um espaço cada vez mais democrático, preocupado com o bem-estar das crianças e com a busca de um melhor desenvolvimento e aprendizagem para as mesmas. Para que seja verdadeiramente democrática, a escola precisa preocupar-se com o processo de inclusão da criança com deficiência, e isto acaba gerando consequências sobre as ações, assim como sobre as políticas desenvolvidas dentro e fora da escola, as propostas pedagógicas, as relações interpessoais, a qualificação profissional, dentre outros aspectos. O interesse pelo tema de pesquisa surgiu da observação de que construir o processo de inclusão já na educação infantil pode auxiliar no fortalecimento dessa prática em outras instâncias e níveis de ensino. Objetiva-se, assim com esta pesquisa discutir a construção da educação especial na educação infantil e como esse processo pode contribuir para a construção de uma educação mais democrática. A realização da pesquisa foi possível a partir da construção de um referencial teórico com base em autores como Sassaki (1997), Mitler (2003), Santos e Almeida (2017) dentre outro autores que discutem essa temática. Como resultado da pesquisa pode-se citar que as escolas para serem verdadeiramente inclusivas, precisam pensar e se adaptar as necessidades dos alunos, inclusive, daqueles que possuem algum tipo de necessidade educacional especial, e quando esse processo começa já na educação infantil é mais fácil criar inclusão e também a desconstrução de estereótipos e quebra de preconceitos. 
Palavras-chave: Inclusão. Escola. Educação Especial. Deficiências. Preconceito. 
INTRODUÇÃO
A educação inclusiva é um assunto muito debatido na atualidade, e por isto chama a atenção de pesquisadores e educadores em todo o país, principalmente a partir do momento em que os alunos com deficiências ganharam a possibilidade de conviver e de estudar nas escolas regulares (inclusão), o que trouxe implicações sobre vários setores dessas instituições, já que a maioria das escolas não tinha características necessárias para receber esses alunos, o que as levou a ter que se adaptar as necessidades e as particularidades destes alunos, lutando contra o preconceito, adaptando as propostas pedagógicas, dentre outras questões. 
A escola inclusiva é um reflexo da busca por democratização não apenas do espaço escolar, mas, especialmente da sociedade, e é preciso discutir essa questão pois quando o aluno com deficiência ou algum tipo de transtorno chega a escola, tudo dentro da instituição precisa ser adaptado as suas necessidades e diversidades, para que assim lhe ofereça um ensino condizente com suas particularidades. 
Tal pesquisa mostra-se necessária e importante para que não somente os professores, mas as famílias e comunidade em geral tenham maior conhecimento do que é o processo de construção da educação inclusiva, as dificuldades nesse processo, suas implicações e principalmente da necessidade de dar maior suporte aos profissionais, para que eles possam atender as diversidades dos alunos e respeitar suas limitações ou particularidades. 
O objetivo da pesquisa é discutir a construção da educação inclusiva já na educação infantil buscando responder problemáticas como: o que é a educação inclusiva? Como se constrói uma escola inclusiva? Quais as dificuldades a escola enfrenta ao receber alunos com deficiência? Como é possível promover uma escola democrática e respeitosa para com as dificuldades e limitações encontradas pelos alunos? Como é possível construir a inclusão já na educação infantil? 
Como recurso metodológico foram utilizadas referências bibliográficas que se respaldaram em livros e artigos da internet que discutem a construção da educação inclusiva já na educação infantil. De acordo com Lakatos (1996, p.44) esse tipo de metodologia:
[...] permite compreender que, se de um lado à resolução de um problema pode ser obtida através dela, por outro, tanto a pesquisa de laboratório quanto à de campo (documentação direta) exigem, como premissa, o levantamento do estudo da questão que se propõe a analisar e solucionar. A pesquisa bibliográfica pode, portanto, ser considerada também como o primeiro passo de toda pesquisa científica. 
Sendo assim foi possível entrar em contato com aquilo que já foi escrito sobre essa temática, possibilitando ampliar e desenvolver novos conhecimentos sobre o que é a inclusão, qual sua importância na sociedade, de que forma ela pode ser construída na educação infantil e a importância de trabalhar a questão da tolerância, respeito e valorização da diferença nas crianças. 
Como Surgiu a Proposta da Educação Inclusiva 
A educação inclusiva atualmente proposta nas instituições de ensino nem sempre existiu no Brasil, ao contrário, o país passou por um amplo processo histórico até que as pessoas com necessidades educacionais especiais ganhassem o direito de frequentar a escola regular. Mazzotta (2005) cita a trajetória histórica da pessoa com deficiência e seu processo educacional afirmando que:
Foi principalmente na Europa que os primeiros movimentos pelo atendimento aos deficientes, refletindo mudanças na atitude dos grupos sociais, se concretizaram em medidas educacionais. Tais medidas educacionais foram se expandindo, tendo sido primeiramente levadas para os Estados Unidos e Canadá e posteriormente para os outros países, inclusive o Brasil (MAZZOTTA, 2005, p.17). 
Há de se considerar que nem sempre houve essa preocupação com a defesa da cidadania e do direito a educação das pessoas com deficiência e no início desse processo todas as atitudes eram muito isoladas. Com o passar do tempo, essa preocupação aumentou e ganhou lugar em outros setores da sociedade, dando origem a leis e projetos cujo objetivo é garantir uma sociedade mais democrática e que respeita o indivíduo com deficiência, suas particularidades e limitações. Segundo Marques (2000, p.25): 
Desde o período clássico da história da civilização ocidental ao século XXI, várias concepções de deficiência tentavam motivar o caminho da inclusão, o que às vezes acabava reforçando a exclusão devido ao apego a cultura, idéias aliadas a tradições que buscavam verdades inconstantes. 
Mesmo com a busca pelo processo de inclusão, indivíduos com deficiência continuam à margem de todos os seus direitos na sociedade, e isto é reflexo de uma sociedade que com o crescimento tecnológico passou a exigir pessoas com habilidades especiais em determinadas áreas do saber e do trabalho. As pessoas com deficiência encontram o desafio de tentar transpor ou excluir a reprodução da metodologia, da religião, da superstição e da cultura da homogeneidade presente na sociedade e que gera preconceito sobre si.
A história relata que indivíduos que nasciam com algum tipo de deficiência física ou mental, eram amaldiçoadas e significavam motivo de vergonha para a família e a sociedade. Muitas vezes eram lançadas em fogueiras, abandonadas em porões para ali permanecerem até a morte e chegaram a ser chamadas de “fluidos malignos”. Tal preconceito perpetuou-se por séculos, especialmente quando se fala que essas pessoas eram incapazes e defeituosas (VIEIRA, 2014).
Vieira (2014, p.04) afirma que durante os séculos XVII e XVIII haviam práticas sociais que deixavam clara a discriminação com os que possuem deficiências, criando exclusão e preconceito e assim “essa época foi caracterizada pela ignorância e rejeição do indivíduo deficiente: afamília, a escola e a sociedade em geral condenavam esse pública de forma extremamente preconceituosa, de modo a excluí-los do estado social”. A falta de informações contribuía decisivamente nesse processo. 
O preconceito levava o indivíduo com deficiência à exclusão, o que, muitas vezes acontecia em internatos como manicômios, prisões, orfanatos, entre outras instituições destinadas a pessoas “anormais”. Sobre isto Brasil (2001, p.25) afirma que “na antiguidade as pessoas com deficiência mental, física e sensorial eram apresentadas como aleijadas, mal constituídas, débeis, anormais ou deformadas”. Tal visão perdurou por séculos e fortaleceu o preconceito contra essas pessoas. 
De acordo com Brasil (2001, p.25) “conforme as crenças, valores culturais, concepção de homem e transformações sociais que ocorram em diferentes momentos históricos” a sociedade começou a direcionar um novo olhar sobre as pessoas com deficiência e contribuíram para isto, novas pesquisas e estudos sobre esses indivíduos e sua capacidade. 
Após o século XX, fortalecendo-se no século XXI várias mudanças atingem a sociedade e começa-se a falar no conceito de inclusão do indivíduo com deficiência. Passou-se a defender o direito de que os alunos com deficiência fossem incluídos em processos de educação regular, passando a conviver com aqueles que são ditos “normais”. 
Um dos destaques na luta pela inclusão foi a realização em 1999 da Conferência de Jomtien, na Tailândia, que deu origem a Declaração Mundial sobre Educação para Todos, trazendo a proposta da inclusão como uma necessidade de milhões de pessoas em todo o mundo. De acordo com essa declaração:
Mais de 100 milhões de crianças, das quais pelo menos 60 milhões são meninas, não têm acesso ao ensino primário: mais de 960 milhões de adultos – dois terços dos quais mulheres – são analfabetos e o analfabetismo funcional é um problema significativo em todos os países industrializados ou em desenvolvimento. (Declaração Mundial sobre Educação para Todos, 1998, p.02).
Tal conferência contou com a participação de governos, agências internacionais, organismos não-governamentais, associações profissionais e personalidades de destaque no âmbito educacional de todo o mundo, assinando uma Declaração Mundial e um Marco de Ação comprometendo-se a assegurar uma educação básica de qualidade a crianças, jovens e adultos. Financiados pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura); Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância); PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento); e Banco Mundial, buscou-se maiores discussões e ações pela educação inclusiva. 
Segundo a Declaração Mundial de Educação para Todos, em seu artigo XXVI, “toda pessoa tem o direito a instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar é obrigatória”. A partir daí, definiu-se que o Estado era obrigado a oferecer educação e educação com qualidade a todos, buscando pleno desenvolvimento a todos os alunos, independente de suas características físicas, sociais, culturais, religiosas, etc. 
Outro marco histórico para a inclusão foi a realização na Espanha em 1994 da Conferência Mundial de Salamanca, buscando garantir que todas as crianças, independente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, culturais, entre outras, tivessem lugar nas escolas. Pessoas de todo o mundo se uniram para refletir sobre a temática da inclusão, os preconceitos e as consequências da falta de inserção dessas pessoas de forma mais efetiva na sociedade. De acordo com a Introdução deste documento:
Reafirmando o direito à educação de todos os indivíduos, tal como está inscrito na Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948, e renovando a garantia dada pela comunidade mundial na Conferência Mundial sobre a Educação para Todos de 1990 de assegurar esse direito, independentemente das diferenças individuais. (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994 p.01).
A partir desse momento reconheceu-se a necessidade de criação de melhores condições e possibilidades para que todos sejam crianças ou jovens pudessem ter acesso a um sistema comum de educação e que esta educação respeitasse suas necessidades e particularidades e ainda fosse de qualidade. Assim, o Plano de Ação de Salamanca (1994), afirma que:
A educação integrada e reabilitação apoiada pela comunidade representam dois métodos complementares de ministrar o ensino às pessoas com necessidades educativas especiais. Ambas se baseiam no princípio de integração e da participação e representam modelos bem comprovados e muito eficazes em termos de custos para fomentar a igualdade de acesso das pessoas com necessidades educativas especiais que faz parte de uma estratégia nacional cujo objetivo é conseguir a educação para todos. Os países são convidados a considerar as ações mencionadas, na hora de organizar e elaborar a política de seus sistemas de educação. (p.29).
Este documento trouxe inúmeras contribuições principalmente no que se refere à inclusão de pessoas com deficiência. As discussões em torno da inclusão, porém, ampliaram-se para diversos outros grupos como as crianças que vivem nas ruas, as vítimas de guerras, doenças e nômades, as que fazem parte de grupos sociais excluídos e marginalizados. Garantiu-se assim um maior compromisso dos governos em investir e trabalhar com a educação inclusiva.
Segundo a Constituição Federal Brasileira de 1988 todo o cidadão brasileiro tem direito a cidadania, a dignidade humana e de acordo com o art.5º todos são iguais perante a lei, com direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, e em seu artigo 6º que todos tem direitos sociais como a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados. Garante-se, portanto que todos têm direito a educação, independente de suas dificuldades, credos, raças, poder aquisitivo, entre outras questões. (CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, 1988).
Outra referência ao processo de inclusão irá aparecer em 1996 na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº. 9394/96, onde o artigo 59, estabelece os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência a adaptação de currículos, recursos educativos, professores especializados, acesso aos mesmos benefícios presentes em programas sociais destinados à educação dentre outras questões. 
Passa-se a tratar a escola como um elemento de inclusão da criança na sociedade, lutando contra os preconceitos e todas as formas de segregação e exclusão. Até então, o atendimento aos que possuem deficiências só era feito em salas separadas para o ensino especial, mas com a inclusão buscou-se unir esses dois grupos em uma única sala de aula, promovendo interação e socialização entre todos os alunos. Segundo Mantoan (2003, p.13):
A intenção é fazer valer, verdadeiramente o direito a Educação, prescrito em nossa Constituição de 1988. para tanto, a meta da inclusão escolar é transformar as escolas, de modo que se tornem espaços de formação e de ensino de qualidade para todos os alunos e não apenas para os que têm uma deficiência. A inclusão implica mudança de paradigma de conceitos, e posições, que fogem as regras tradicionais do jogo educacional, ainda fortemente calcados na linearidade do pensamento, na primada do racional e da instrução, na transmissão dos conteúdos curriculares, na seriação dos níveis de ensino. 
O processo de inclusão, porém vai muito além da inserção da criança com necessidade especial, visa a mudança de postura da escola, mas também exige da comunidade que ela assuma sua diversidade e lute pelo processo de inclusão de todos. 
Há de se considerar que educação especial existe há séculos no Brasil, mas de forma diferente do que é, atualmente realizada, isto porque existiam instituições que eram destinadas, exclusivamente a atender os que possuem deficiências, criando um ensino paralelo e impedindo que essas crianças tivessem contato comoutros alunos. Foi apenas a partir da proposta da inclusão que foi possível inserir os alunos com deficiências na escola regular. Sobre o conceito de inclusão, Sassaki (1997, p.41) considera:
Um processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir em seus sistemas sociais gerais pessoas com necessidades especiais e, simultaneamente, estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade. [...] Incluir é trocar, entender, respeitar, valorizar, lutar contra exclusão, transpor barreiras que a sociedade criou para as pessoas. É oferecer o desenvolvimento da autonomia, por meio da colaboração de pensamentos e formulação de juízo de valor, de modo a poder decidir, por si mesmo, como agir nas diferentes circunstâncias da vida.
Foi necessário que as escolas se modificassem para poder atender as necessidades e particularidades dos alunos público-alvo da inclusão, dando origem a uma educação especial, que leva em consideração as limitações do educando, mas também trabalha com suas potencialidades, permitindo sua socialização e interação com os colegas, e ainda a promoção de sua autonomia. 
A Educação Inclusiva como Necessidade Social 
Mitler (2003, p.25) define a educação inclusiva como um campo da educação que “envolve um processo de reforma e de reestruturação das escolas como um todo, com o objetivo de assegurar que todos os alunos possam ter acesso a todas as gamas de oportunidades educacionais e sociais oferecidas pela escola”. Tal processo além de diversificado é construído de forma contínua, buscando trabalho coletivo, cooperação, solidariedade, respeito as diferenças, valorização das diversidades, atuação pedagógica reflexiva e diferentes formas de avaliação. 
Segundo Noronha (2014) a educação especial desenvolvida através da educação inclusiva é aquela que “ocupa-se do atendimento e da educação de pessoas com deficiência e transtornos globais de desenvolvimento em instituições especializadas”, mas também considera que essa educação “especial” já tem sido oferecida nas instituições regulares que tem recebido o apoio de educadores físicos, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiológos e terapeutas ocupacionais de forma que consigam se adaptar as necessidades apresentadas por esses alunos. 
Noronha et al (2014) faz um quadro comparativo entre educação especial da educação inclusiva, demonstrando a diferença e as semelhanças entre elas. De acordo com o autor:
	EDUCAÇÃO ESPECIAL
	EDUCAÇÃO INCLUSIVA 
	●prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular. 
●garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino regular.
●fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem.
●assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis de ensino.
●adequação arquitetônica de prédios escolares para acessibilidade;
●formação continuada de professores para o atendimento educacional especializado.
●implantação de salas de recursos multifuncionais (ambientes dotados de equipamentos, mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos para a oferta do atendimento educacional especializado).
	●acesso para estudantes com deficiência à educação inclusiva em suas comunidades locais.
●ressignificação da educação escolar, garantindo o sucesso para a aprendizagem de todos.
●buscar adaptações curriculares que atendam às necessidades e expectativas do aluno.
●provisão de recursos de todas as instâncias governamentais e de iniciativa privada.
●o rompimento de barreiras arquitetônicas e principalmente atitudinais.
●formação continuada para o professor, com previsão e provisão de recursos necessários a sua capacitação.
●garantia de um projeto pedagógico que possibilite resgatar a cidadania e o direito do aluno, possibilitando a construção de seu projeto de vida.
●capacitar à escola para atender a todos os alunos.
● garantia de apoios e serviços. 
Noronha et al (2014) demonstra que a educação especial tem como objetivo dar condições de que o aluno com deficiência possa frequentar a escola regular, garantindo a adequação pedagógica e física da escola as suas necessidades, já a educação inclusiva torna-se ainda mais ampla pois busca melhorar a formação dos professores, capacitar a escola para atender esses alunos, enfim, são modelos educacionais muito próximos e até mesmo dependentes um do outro. 
A Declaração de Salamanca (1994, p. 8-9) propõe que a inclusão das crianças especiais é uma necessidade a partir da existência do preconceito para com esses alunos e considera dessa forma que “[...] as crianças e jovens com deficiência devem ter acesso às escolas regulares, que a elas devem se adequar [...] elas constituem os meios mais capazes para combater as atitudes discriminatórias, construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a educação para todos”, portanto, a partir do momento em que as crianças tidas como “normais” passam a conviver com aqueles que possuem deficiências, passam a respeitá-las e a compreender suas dificuldades e limitações possibilitando que assim o preconceito deixe de existir, tanto dentro como fora da escola.
Cornelsen (2004, apud NORONHA et al, 2014, p.08) considera que “a exclusão na escola e na sociedade acontece não somente com as crianças especiais, mas com todas as crianças que se diferenciam do grupo” e portanto, a escola precisa criar condições de que mais do que frequentar esse espaço, seja possível que a criança tenha acesso a atividades e a práticas pedagógicas que proporcionem seu desenvolvimento e elevem as possibilidades de que a mesma possa inserir-se efetivamente dentro da sociedade da qual faz parte. 
O trabalho conjunto entre pais e profissionais da escola é fundamental para que a inclusão tenha acontecido, mas para isto, é preciso respeitar as limitações e possibilidades de cada aluno, permitir que sejam independentes e livres, mas sempre recebendo atenção, acompanhamento e muito carinho. Assim, inclusão busca-se pensar como afirma Dorneles (2004) que comenta:
Vivemos em um lugar heterogêneo e essa heterogeneidade faz parte da riqueza humana, faz parte da essência da natureza humana. Vivemos em uma sociedade complexa. Por complexa entendemos uma sociedade formada por várias facetas culturais, sociais, familiares, educacionais, políticas que se interpenetram e se inter-relacionam de diferentes formas (p.113).
Ou seja, a inclusão pensa e age sobre uma sociedade que é diversificada e que, portanto, necessita de uma educação mais abrangente, pois ela é um direito de todos e precisa ser pensada, planejada e estruturada para todos, sem exceção.
As Diretrizes para a Educação Especial 
O Ministério da Educação e Desperto (MEC) criou as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial, esta que age, diretamente também, sobre o processo de inclusão. Segundo tal documento:
A educação é o principal alicerce da vida social. Ela transmite e amplia a cultura, estende a cidadania, constrói saberes para o trabalho. Mais do que isso, ela é capaz de ampliar as margens da liberdade humana, à medida que a relação pedagógica adote, como compromisso o horizonte ético-político, a solidariedade e a emancipação (BRASIL, 2001, p.03) 
Desenvolvendo a inclusão a escola e a educação conseguem desenvolver seu papel social de transformação, construindo um mundo melhor para todos, levando em consideração as diversidades humanas, promovendo o respeito pelas mesmas, utilizando-as como fator de crescimento dentro desse processo educativo. Sendo assim, a busca por uma sociedade mais democrática parte do pressuposto de que a escola também precisa seguir esse modelo, promovendo o valor as diferenças e a cultura de paz. 
De acordo com Brasil (2001) a partir do momento em que as escolas aderem o conceito de necessidades educacionais especiais e a proposta da educação especial e inclusiva mudanças significativas tiveram que ser implantadas nas escolas, isto porque era preciso pensar as origens dos problemas que acometiam os alunos, ajustar os padrões da escola para atendê-los e assim coletivamentecolocar os projetos em prática, para que todos os alunos dentro de suas necessidades e diversidades pudessem ser atendidos.
Para a melhor compreensão da temática o documento da lei de Diretrizes Nacionais para a Educação Especial apresenta vários tipos de leis cujo objetivo eram promover o atendimento ao aluno com deficiência e nesse sentido, a Educação Especial é vista como “modalidade da educação escolar, organiza-se de modo a considerar uma aproximação sucessiva dos pressupostos e da prática pedagógica social da educação inclusiva” (BRASIL, 2001, p.09-10), de forma que os dispositivos legais e político-filosóficos estabelecidos na Constituição Federal de 1988 pudessem ser colocados em prática. Esses dispositivos indicam o atendimento educacional especializado aos que tem deficiência, preferencialmente nas escolas regulares de ensino, de forma que toda pessoa possa ter acesso a pesquisa e criação artística de acordo com suas particularidades e a capacidade de cada um. 
A promoção deste modelo de educação ocorreu a partir do designado no artigo 227 da Constituição Federal de 1988 que previa a criação de programas de prevenção e atendimento especializado aos alunos com tipos diferenciados de deficiência, a integração social destes no meio da sociedade, a qualificação profissional para atendê-los e a partir de todo esse trabalho, facilitar o acesso desses alunos a serviços e bem coletivos, de forma que o contato com outras pessoas, assim como a construção e propagação das informações fizessem com que fossem eliminados preconceitos e os obstáculos arquitetônicos que sempre existiram não somente na escola, mas em toda a sociedade brasileira.
 Outro documento importante no estabelecimento da Educação Especial é o da Lei nº. 10.172/2001 que aprovou o Plano Nacional de Educação, documento este que trouxe vinte e sete objetivos e metas para a educação destinada a pessoas com deficiências. Essas metas segundo Brasil (2001, p.11) postulam de forma resumida:
desenvolvimento de programas educacionais em todos os municípios – inclusive em parceria com as áreas de saúde e assistência social – visando à ampliação da oferta de atendimento desde a educação infantil até a qualificação profissional dos alunos; das ações preventivas nas áreas visual e auditiva até a generalização do atendimento aos alunos na educação infantil e no ensino fundamental; do atendimento extraordinário em classes e escolas especiais ao atendimento preferencial na rede regular de ensino; e da educação continuada dos professores que estão em exercício à formação em instituições de ensino superior. 
Nota-se que há a preocupação de que toda a sociedade se envolva no projeto da educação especial e inclusiva, isto porque o preconceito e a segregação são uma realidade contra a qual todos juntos precisam lutar e para isto, as parcerias, a oferta de vagas nas escolas regulares de ensino, a qualificação profissional em busca de um melhor atendimento aos alunos, assim como o compromisso social para com o atendimento aos que possuem deficiências deve ser cada vez mais fortalecidos. 
Já a lei nº. 853/89 cujo conteúdo pregava o apoio as pessoas com deficiência, de forma que a elas pudesse ser oferecida a integração social, e que pudessem como qualquer outra pessoa exercer seus direitos e deveres, sociais e individuais. Um ano após a promulgação desta lei, entrou em vigor também a lei nº. 8.069/90 que trás disposições sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, que entre suas várias determinações postula que as crianças e adolescentes que possuem algum tipo de deficiência tem o direito a um atendimento especializado, não podendo, portanto, ser algo de negligência, discriminação, violência, crueldade e opressão e todos que infringirem esta lei, sendo omissos para com ela, poderão ser punidos (BRASIL, 2001). 
Em 1996 a lei nº. 9394/96 ou Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em seu artigo 4º parágrafo III prega o “atendimento educacional especializado aos que possuem deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino” (BRASIL, 2001, p.10) e mais uma vez fortalece-se a necessidade de que não haja segregação desse grupo de alunos, pois os mesmos precisam socializar-se e interagir com as outras crianças, de forma que o preconceito tenha fim e que as crianças com deficiência especiais possam sentir-se parte do meio social, e valorizadas dentro do mesmo. 
A LDB 9394/96 conceitua a educação especial em seu artigo 58 da seguinte forma “entende-se por educação especial, para os efeitos desta lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com necessidades especiais” (BRASIL, 1996, p.24) e para a promoção desta prega a necessidade de serviços de apoio especializados na escola regular, de forma que cada particularidade e necessidade apresentada por esses alunos possa ser atendida. Além disto, prega que o atendimento educacional será realizado em classes, escolas ou de forma especializada, somente quando não for possível seu atendimento e integração em salas comuns de ensino regular, dando ao Estado o dever constitucional de atender essa parcela da população brasileira. 
Ainda de acordo com a LDB/1996, os sistemas de ensino devem assegurar a seus educandos que possuem deficiências mais do que o simples acesso a escola regular, mas condições efetivas de que os mesmos tivessem atividades adaptadas para suas características, acesso a professores qualificados para suas necessidades, possibilidades de desenvolvimento e formação que lhes garantisse acesso ao mercado de trabalho e se isto não fosse possível de maneira regular que pudesse haver uma mediação do Estado, possibilitando assim que esse indivíduo ganhe autonomia, sinta-se valorizado e tratado como um cidadão, com direito a escola, trabalho, dentre outros fatores fundamentais a busca pela dignidade humana dentro de uma sociedade e assim a LDB assevera: 
I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; II – terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III – professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artísticas, intelectual ou psicomotora; V – acesso igualitário aos benefícios dos programas suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular (BRASIL, 1996, p.24) 
Em 1999 foi promulgado o Decreto nº. 3298/99 que regulamentou a lei nº. 7.853/89 tratando questões referentes a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. No mesmo ano a portaria do MEC nº. 679/99 tratou sobre os requisitos de acessibilidade a pessoas com deficiência, de forma que os cursos oferecidos a esses grupos pudessem ser autorizados e reconhecidos. (BRASIL, 2001). 
No ano de 2000 a lei 10.098 estabeleceu normas e critérios para que a acessibilidade pudesse ser promovida e atender de forma mais efetiva as pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida e assim, são diversos documentos que tem buscado trabalhar essa questão, de forma que haja conscientização da sociedade de que os que possuem deficiências, são cidadãos como quaisquer outros e por isso, precisam que para si haja um processo de ensino compatível com suas necessidades, auxiliando-os em seu desenvolvimento e inserção dentro da sociedade. 
Através da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/1996), assim como do Decreto nº.3.298 de 20 de dezembro de 1999, a educação especial é um processo que possui uma proposta pedagógica que assegura serviços educacionais especializados, de forma que quando o aluno não puder ser atendido pelos serviços educacionais comuns, tenha a sua disposição meios capazes de auxiliá-lo em seu desenvolvimento e aprendizagem. E portanto, a educação especial:
insere-se nos diferentes níveis da educação escolar: Educação Básica – abrangendo educação infantil, educação fundamental e ensino médio – e Educação Superior, bem como na interação com as demais modalidades da educação escolar, como a educação de jovens e adultos, a educação profissional e a educação indígena (BRASIL, 2001, p.28)
Tudo isto indica que não espera-se apenas a presença física dos alunos nas escolas regulares, mas a necessidade de que os mesmos possam reverter os paradigmas existentes, que muitas vezes colocaram esses alunos como pessoas incapazes de aprender e conviver com outras pessoas, promovendo o respeito pelas diferenças e garantindo uma sociedade muito mais democrática para todos. 
É importante que professores, alunos, família, e os demais profissionais da instituição trabalhem de forma coletiva para a elaboração do PPP. das escolas, isto porque é uma forma de juntos refletirem sobre o problema das dificuldades de aprendizagem e das deficiências, possibilitando que assim haja um trabalho mais afetivo e de qualidade destinado a esse grupo. Além disso, a criação deste documento é uma forma de, posteriormente, ser avaliado os resultados obtidos com os alunos com essas deficiências, possibilitando que mudanças sejam estabelecidas caso as mesmas mostrem-se necessárias, sempre objetivando um melhor desenvolvimento deste grupo de alunos. 
 Em muitos casos haverá falta de recursos suficientes para que as escolas possam atender a esses alunos, principalmente no que se refere a compreensão de suas deficiências e neste caso, a instituição poderá contar com o apoio de equipes multiprofissionais, que poderá reunir profissionais de diversas áreas e instituições. É o gestor que deve buscar formar essa equipe de acordo com as deficiências dos alunos e pelos profissionais de sua instituição, buscando parcerias com outras instituições e convênios com a Secretaria de Educação e outros órgãos, sejam eles governamentais ou não (BRASIL, 2001). 
É a avaliação inicialmente feita com os alunos e com os profissionais da escola que possibilita saber se a instituição tem condições ou não de responder as suas necessidades e dá possibilidades do uso dos apoios pedagógicos especializados, assim como de outros profissionais que se fizerem necessários. E nesse sentido Brasil (2001) aponta o caso de alunos que apesar de todas as tentativas, não conseguem adaptar-se ao espaço da escola regular e por isso precisam de salas especiais:
Para aqueles alunos que apresentem dificuldades acentuadas de aprendizagem ou dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos, demandem ajuda e apoio intenso e contínuo e cujas necessidades especiais não puderem ser atendidas em classes comuns, os sistemas de ensino poderão, organizar extraordinariamente, classes especiais, nas quais será realizado o atendimento em caráter transitório. 
Ou seja, esses alunos permanecerão nessas salas especiais até o momento em que conseguirem desenvolver-se juntamente com os outros alunos, promovendo assim sua socialização e interação com os mesmos. É preciso apontar também que os alunos que possuem deficiências, muitas vezes requerem atenção individualizada em diversas atividades, da mesma forma precisam de adaptações curriculares para que possam desenvolver-se de acordo com suas características. 
Brasil (2001) ainda trata da necessidade de que o apoio oferecido aos que possuem deficiências seja algo muito mais completo do que sua escolarização e lembra que:
Da mesma forma, há que se estabelecer um relacionamento profissional com serviços especializados disponíveis na comunidade, tais como aqueles oferecidos pelas escolas especiais, centros ou núcleos educacionais especializados, instituições públicas e privadas de atuação na área da educação especial. Importante, também é a integração dos serviços educacionais com os das áreas de Saúde, Trabalho e Assistência Social, garantindo a totalidade do processo formativo e o atendimento adequado ao desenvolvimento integral do cidadão (BRASIL, 2001, p.36)
E dessa maneira, aos poucos será possível que essas pessoas sejam plenamente inseridas no meio social, consigam escolarizar-se, desenvolver-se e ganhar autonomia, sendo tratados como cidadãos, tendo seus direitos respeitados e fazendo-se presente participativamente na sociedade da qual fazem parte. 
Exalta-se ainda a importância da formação dos professores que irão atender a esses alunos, acreditando que esta vive um problema de mão-dupla, pois ocorre a falta de preparação dos professores do ensino regular e a falta de metodologias mais abrangentes dos professores especializados, que tentam apenas amenizar os problemas causados pelas deficiências, e não tratam os alunos de forma a considerá-lo capazes como qualquer outro. Segundo Bueno (1999):
Na medida em que, por um lado, os professores do ensino regular não possuem preparo mínimo para trabalharem com crianças que apresentem deficiências evidentes e, por outro, grande parte dos professores do ensino especial tem muito pouco a contribuir com o trabalho pedagógico desenvolvido no ensino regular, na medida em que têm calcado e construído sua competência nas dificuldades específicas do alunado que atende, porque o que tem caracterizado a atuação de professores de surdos, de cegos, de deficientes mentais, com raras e honrosas exceções, é a centralização quase que absoluta de suas atividades na minimização dos efeitos específicos das mais variadas deficiências. (p.06).
Dessa forma observa-se as lacunas em todo o processo educacional que recebe a pessoa os que possuem deficiências, e isto ocorre porque alguns professores possuem metodologias e conhecimentos pedagógicos variados, mas não sabem lidar com esse grupo, pois não tiveram formação ou orientação para tal, enquanto outros professores têm conhecimentos específicos para lidar com cada tipo de deficiências, mas falta-lhes conhecimentos pedagógicos básicos, o que torna o ensino dessas pessoas incompleto, ou seja, muitos sabem quais são as necessidades que um aluno necessita, mas não conhece metodologias e ações pedagógicas para executar tais ações. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As instituições de ensino têm buscado, cada vez mais ser democráticas, recebendo todo tipo de público e adaptando-se as suas necessidades. Ao receber alunos com deficiência e tipos diferenciados de transtornos, a escola regular teve que passar por profundas mudanças, tanto em relação à infraestrutura física, material como humana, de forma a garantir a todos os alunos com deficiência o acesso a escolaridade, mas não apenas a isto, mas também a uma educação de real qualidade, respeitando suas limitações e necessidades, qualificando os profissionais e fazendo com que eles tenham boa vontade de promover a inclusão e de propostas pedagógicas condizentes com as necessidades destes alunos. 
A inserção dos alunos com necessidades educacionais especiais na escola regular possibilitou que estes alunos tivessem maior convivência com aqueles que não possuem os mesmos problemas e limitações que eles, auxiliando em uma melhor socialização, na desconstrução de estigmas e preconceitos que sempre acompanharam esse público. Uma relação saudável entre os alunos pode auxiliar a criança com deficiência a se sentir melhor, aguçar sua autoestima, além de ser mais valorizada no grupo. 
O acesso à escola regular pelos alunos com deficiência faz com que a educação realmente se torne um direito de todos. Mas para ser inclusiva a escola precisa ter espaços adaptados, profissionais capacitados e a boa vontade de construir a inclusão, o que acontece de forma diária e contínua. A inclusão precisa ser pensada não apenas comouma proposta, mas como uma realidade a ser construída em todos os níveis de ensino, inclusive na educação infantil. 
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