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Universidade Federal do Paraná
Literatura Brasileira I – HL 231 – Turma D – Ensino Remoto
Professora: Renata Telles
POSTAGEM EM 26/11/2021
Data de entrega: 29/11/2021 – 23h59m
Segunda avaliação
Questão: Desenvolva uma análise comparativa de Lucíola e Iracema, a partir de UMA das
Opções abaixo:
a) Protagonistas femininas;
Nome: Kelly Giotti
O objetivo desta análise é realizar uma comparação entre Iracema e Luciola, moças, de certo modo frágeis, que representam a literatura brasileira, pois são obras do romantismo datadas no séc XIX. 
Iracema mostra a mulher “índia”, a “virgem dos lábios de mel” cuja virgindade se relaciona ao Segredo da Jurema. Esta mulher indígena tem a sua beleza enaltecida em comparação com a natureza” Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado” cap II do livro Iracema. Neste capítulo observamos que Iracema é comparada às coisas naturais, quando se fala em mel, relembramos o seu sabor que é muito “bom” e doce, no momento em que o autor a compara com a ave graúna não a esta apenas assemelhando como também dizendo que seu cabelo é mais lindo que as penas desse pássaro que canta lindamente. Ao observamos essa construção idealizada da imagem de Iracema é possível observar na obra o embalo de uma poesia, devido a forma que Alencar constrói a sua personagem, Iracema é a filha do Pajé, moça virgem que guarda um segredo muito importante, Iracema é vista como inocente e bela devido a sua castidade. Barbosa e Beletti (2007) observam que “Iracema é mais do que uma mulher. Não anda, flutua. Toda a natureza rende-lhe homenagem: da acácia silvestre aos pássaros, como o sabiá e a ará. A heroína é o próprio espírito harmonioso da floresta virgem.”
Encontramos então a primeira comparação entre as duas personagens enquanto que Iracema tinha um privilégio em sua tribo, Lúcia é expulsa de casa obrigada a ir contra aos padrões da época vivendo uma vida de prostituição, entretanto mantendo sua pureza mesmo se achando indigna de tal visão “Admirei-lhe do primeiro olhar um talhe esbelto e de suprema elegância. O vestido que o moldava era cinzento com orlas de veludo castanho e dava esquisito realce a um desses rostos suaves, puros e diáfanos, que parecem vão desfazer-se ao menor sopro, como os tênues vapores da alvorada. Ressumbrava na sua muda contemplação doce melancolia e não sei que laivos de tão ingênua castidade, que o meu olhar repousou calmo e sereno na mimosa aparição.” Durante o decorrer da história de lúcia observamos a sua mudança de comportamento e personalidade ,Alencar nos apresenta desse modo a capacidade de Lúcia de situar-se entre a sedução e a inocência; de mostrar-se ora como prostituta – maliciosa e sensual, denunciando erotismo e noutras vezes apresentar-se, adversamente, como donzela pura e casta. Na realidade, o que pretendeu com esse conceito foi apresentar ao leitor que, embora Lúcia vendesse o seu próprio corpo ela ainda preservava, dentro de si, um estado de inocência que ela própria, por forças das circunstâncias, fora obrigada a adormecer. Até este ponto observamos, que Lúcia e Iracema vivem diferentes realidades, entretanto cada uma recebeu a oportunidade de se apaixonar e ser admirada por um homem, entretanto enquanto que Iracema resolveu se entregar ao seu amado Lúcia não conseguia deixar que a sua inocência tomasse a frente de quem ela era. 
Outro ponto a questionar é o fato de que Iracema era a virgem, filha do pajé da sua tribo uma mulher linda e admirada por sua beleza entretanto intocável pois guardava o segredo da Jurema. A personagem de Luciola semelhantemente é vista como intocável, devido a sua vida de prostituição, enquanto as mulheres da época se guardavam para seus maridos, aprendiam a ser donas de casa e cuidavam com sua vestimenta, Lúcia vive de forma contrária. Pois foi “obrigada” a viver desse modo.
Iracema quando resolve fugir com Martim ela vai contra aos padrões da sua tribo resolvendo viver uma vida ao lado de seu amado, Porém quando faz isso Martim começa a se afastar da índia e ela se vê diante da dor, contudo coloca a sua tristeza em seu filho, “;Quando chegou junto ao grande morro das areias, viu que o rastro de Martim e Poti seguia ao longo da praia; e adivinhou que eles eram partidos para a guerra. Seu coração suspirou; mas seus olhos secos buscaram o semblante do filho. Volve o rosto para o Mocoribe: — Tu és o morro da alegria; mas para Iracema tu não tens senão tristeza.” cap 30. Iracema representa a indígena submissa á cultura europeia e seu nome é um anagrama para a ame rica. Lúcia a imagem verdadeira da mulher que no abismo da perdição conserva a pureza da alma. Lúcia a mulher que representa a liberdade, a quebra de paradigmas da época, pois mesmo como uma vida de luxuria sabia quem ela era, Quando engravidou de Paulo não aceitou achou indigna de conceber um bebe, e devido a esse pensamento encontrou o seu sofrimento. Lúcia morre, pois não quis retirar o feto ao sofrer um aborto e então vai ficando a cada dia mais doente até encontrar a morte. Essas mulheres tiveram o mesmo fim, cada uma representada uma história diferente entretanto passando por dificuldades semelhantes, “a dor”.
Em Iracema percebemos a colonização, o nascimento de uma mistura e do nacionalismo através do domínio dos europeus. Enquanto que em Luciola analisamos que a idealização da mulher, tão preconizada como característica de época na história da literatura do período denominado romantismo, apresenta a personagem feminina geralmente inacessível, intocável, diáfana e em sombras ou pensamentos. A mulher, entre os românticos, aparece convertida em anjo, em figura poderosa, inatingível, capaz de mudar a vida do próprio homem, estudado certamente modificara a vida dos seus pares assim como mudaram as próprias vidas, tendo sido implacável o desfecho para Lúcia e Iracema.
Referências 
https://jornal.usp.br/cultura/iracema-apresenta-a-origem-mitica-do-povo-brasileiro/
BARBOSA, Frederico BELETTI, Sylmara. Estudo de Iracema de José de Alencar. Disponível em: http://fredb.sites.uol.com.br/iracema.html. 
ZILBERMAN, Regina. Natureza e mulher: Uma Visão do Brasil no Romans Romantico Modern Language Studies, v. 19, n. 2 (Spring, 1989), p. 50-64. 
ALENCAR, José Martiniano de. Iracema. Rio de Janeiro: Dicopel, 1977. 
ALENCAR, José Martiniano de. Lucíola. Rio de Janeiro: Dicopel, 1977.

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