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Normas e práticas tributárias Giovana Carrer Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Jeane Passos de Souza – CRB 8a/6189) Carrer, Giovana Normas e práticas tributárias / Giovana Carrer. – São Paulo : Editora Senac São Paulo, 2020. (Série Universitária) Bibliografia. e-ISBN 978-65-5536-182-7 (ePub/2020) e-ISBN 978-65-5536-183-4 (PDF/2020) 1. Direito tributário 2. Direito comercial 3. Contabilidade tributária I.Título. II. Série. 20-1158t CDD-341.3 657.42 BISAC BUS001010 LAW086000 Índice para catálogo sistemático 1. Contabilidade tributária 657.42 2. Direito tributário 341.3 M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . NORMAS E PRÁTICAS TRIBUTÁRIAS Giovana Carrer M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Administração Regional do Senac no Estado de São Paulo Presidente do Conselho Regional Abram Szajman Diretor do Departamento Regional Luiz Francisco de A. Salgado Superintendente Universitário e de Desenvolvimento Luiz Carlos Dourado M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Editora Senac São Paulo Conselho Editorial Luiz Francisco de A. Salgado Luiz Carlos Dourado Darcio Sayad Maia Lucila Mara Sbrana Sciotti Jeane Passos de Souza Gerente/Publisher Jeane Passos de Souza (jpassos@sp.senac.br) Coordenação Editorial/Prospecção Luís Américo Tousi Botelho (luis.tbotelho@sp.senac.br) Márcia Cavalheiro Rodrigues de Almeida (mcavalhe@sp.senac.br) Administrativo João Almeida Santos (joao.santos@sp.senac.br) Comercial Marcos Telmo da Costa (mtcosta@sp.senac.br) Acompanhamento Pedagógico Juliana Santos da Silva Designer Educacional Rívia Lima Garcia Revisão Técnica Roberto Biava Junior Coordenação de Preparação e Revisão de Texto Luiza Elena Luchini Preparação de Texto Eloiza Mendes Lopes Revisão de Texto Eloiza Mendes Lopes Projeto Gráfico Alexandre Lemes da Silva Emília Corrêa Abreu Capa Antonio Carlos De Angelis Editoração Eletrônica Michel Iuiti Navarro Moreno Ilustrações Michel Iuiti Navarro Moreno Imagens iStock Photos E-pub Ricardo Diana Proibida a reprodução sem autorização expressa. Todos os direitos desta edição reservados à Editora Senac São Paulo Rua 24 de Maio, 208 – 3o andar Centro – CEP 01041-000 – São Paulo – SP Caixa Postal 1120 – CEP 01032-970 – São Paulo – SP Tel. (11) 2187-4450 – Fax (11) 2187-4486 E-mail: editora@sp.senac.br Home page: http://www.livrariasenac.com.br © Editora Senac São Paulo, 2020 Sumário M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 1 Sistema tributário nacional e princípios tributários, 9 1 Sistema tributário nacional, 10 2 Tributos e suas espécies, 12 3 Competência e capacidade tributária e limitações ao poder de tributar, 18 4 Princípios constitucionais tributários, 20 Considerações finais, 27 Referências, 28 Capítulo 2 A regra-matriz de incidência tributária e sua aplicação na estrutura jurídica do ISSQN, 29 1 A regra-matriz de incidência tributária, 30 2 O antecedente da regra-matriz de incidência tributária, 31 3 O consequente da regra-matriz de incidência tributária, 34 4 A estrutura jurídica da regra-matriz de incidência tributária do ISSQN, 38 Considerações finais, 44 Referências, 45 Capítulo 3 Tributação da atividade comercial pelo ICMS, 47 1 Sujeito ativo, sujeito passivo e fato gerador do ICMS, 48 2 Sistemática não cumulativa e créditos de ICMS, 56 3 Base de cálculo, alíquotas e contabilização do ICMS, 59 4 Regime de substituição tributária e diferencial de alíquota, 62 Considerações finais, 67 Referências, 68 Capítulo 4 Tributação das receitas das empresas pelas contribuições federais de PIS e Cofins, 69 1 Sujeito ativo, sujeito passivo e fato gerador de PIS e Cofins, 70 2 Cumulatividade e não cumulatividade em PIS e Cofins, 73 3 Créditos permitidos no regime do método não cumulativo, 80 4 Base de cálculo e alíquotas, 84 5 Contabilização de PIS e Cofins, 87 Considerações finais, 89 Referências, 89 Capítulo 5 Tributação federal incidente sobre a atividade industrial (IPI) e sobre o comércio exterior (II), 91 1 A função extrafiscal do imposto de importação e os princípios fiscais do IPI na Constituição Federal de 1988, 92 2 Sujeito ativo, sujeito passivo e fato gerador do IPI, 99 3 Base de cálculo, alíquotas e contabilização do IPI, 103 4 Sujeito ativo, sujeito passivo e fato gerador do imposto de importação, 105 5 Base de cálculo, alíquotas e contabilização do imposto de importação, 107 Considerações finais, 113 Referências, 114 6 Normas e práticas tributárias Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Capítulo 6 Folha de pagamento, contribuições trabalhistas e previdenciárias, 115 1 Encargos sociais da empresa, 116 2 O fundo de garantia do tempo de serviço, 123 3 Encargos sociais do funcionário, 125 4 Contabilização da folha de pagamento e encargos sociais, 126 5 Aspectos fiscais e contábeis para cálculo de 13o salário e férias, 130 6 Rescisões de contratos de trabalho – verbas devidas e contabilização, 133 Considerações finais, 137 Referências, 137 Capítulo 7 Tributação sobre os lucros empresariais (IRPJ e CSLL) e a sistemática do lucro presumido, 139 1 Fato gerador do imposto de renda e da CSLL e sistemáticas de tributação, 140 2 Sistemática do lucro presumido: base de cálculo, alíquotas e contabilização, 143 Considerações finais, 152 Referências, 153 Capítulo 8 IRPJ e CSLL: a sistemática do lucro real, 155 1 Sistemática do lucro real, 156 2 Adições e exclusões definitivas, 163 3 Adições e exclusões temporárias, 164 4 Base de cálculo, alíquotas e contabilização, 168 Considerações finais, 176 Referências, 176 Capítulo 9 Normas de contabilização dos tributos sobre o lucro e os efeitos contábeis das adições e exclusões temporárias e definitivas no lucro tributável, 177 1 Definições e conceitos do CPC-32 – tributos sobre o lucro, 178 2 Reconhecimentos de ativos e passivos fiscais correntes, 186 3 Reconhecimentos de ativos e passivos fiscais diferidos, 188 4 Ativo fiscal diferido sobre prejuízos fiscais, 193 Considerações finais, 194 Referências, 195 Capítulo 10 Analisando os impactos dos tributos nas demonstrações financeiras das empresas, 197 1 Impactos dos tributos sobre receitas, 198 2 Impactos dos tributos sobre os custos e as despesas, 203 3 Impactos dos tributos sobre o lucro, 210 4 Identificação do reflexo dos tributos nas demonstrações contábeis, 212 Considerações finais, 217 Referências, 217 7 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD,da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Sumário Capítulo 11 Aspectos tributários relacionados aos sistemas e métodos de custeio e ao controle dos estoques nas empresas comerciais e industriais, 219 1 Estoques, sistemas e métodos de custeio: conceito e finalidades, 220 2 Apuração do custo das mercadorias vendidas em empresas comerciais, 221 3 Apuração do custo dos produtos vendidos em empresas industriais, 222 4 Tratamento contábil e fiscal nos estoques dos tributos não cumulativos, 229 5 Métodos e critérios aceitos pelo fisco para a avaliação dos estoques e o arbitramento fiscal, 231 Considerações finais, 236 Referências, 237 Capítulo 12 Tributação das microempresas e empresas de pequeno porte: simples nacional, 239 1 Normas gerais do tratamento diferenciado e favorecido para as ME e EPP, 240 2 Tributos abrangidos pelo simples nacional, 241 3 Limites para o enquadramento, as vedações de utilização e hipóteses de exclusão do simples nacional, 243 4 Cálculo do simples nacional, 248 5 Recolhimento, 250 6 Livro-caixa e escrituração contábil, 252 7 Declaração anual simplificada, 253 Considerações finais, 254 Referências, 255 Capítulo 13 Benefícios e incentivos fiscais, 257 1 Conceito de benefícios e incentivos fiscais, 258 2 Incentivos fiscais do imposto de renda das pessoas jurídicas, 258 3 Incentivos fiscais na esfera estadual e a guerra fiscal no ICMS, 265 4 Contabilização dos benefícios e incentivos fiscais pela norma do CPC 07– subvenção e assistência governamentais, 271 Considerações finais, 273 Referências, 274 Capítulo 14 Efeitos tributários da distribuição aos acionistas dos juros sobre o capital próprio, 277 1 Custo de oportunidade do capital próprio e a figura dos juros sobre o capital próprio, 278 2 Cálculo dos juros sobre o capital próprio e limites para a dedutibilidade, 279 3 Contabilização em empresa que distribui juros sobre o capital próprio, 289 4 Juros sobre capital próprio como instrumento de planejamento tributário, 291 Considerações finais, 291 Referências, 292 8 Normas e práticas tributárias Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Capítulo 15 Investimentos em participações societárias: aspectos societários e tributários, 293 1 Participações acionárias, tipos e formas de avaliação de investimentos, 294 2 Conceito societário de coligação e controle, 298 3 Aspectos societários e tributários dos métodos do custo de aquisição para avaliação dos investimentos, 300 4 Aspectos societários e tributários dos métodos da equivalência patrimonial para avaliação dos investimentos, 301 5 O novo tratamento contábil- -societário de ágio e deságio, 302 6 Reorganizações societárias (incorporação, fusão e cisão) como forma de planejamento tributário, 303 Considerações finais, 306 Referências, 306 Capítulo 16 Retenções na fonte, 309 1 Conceito e finalidade das retenções na fonte, 310 2 Retenção de contribuições ao INSS e sua forma de contabilização, 311 3 Retenção na fonte de PIS, Cofins e CSLL em pagamentos de empresas prestadores de serviço e sua forma de contabilização, 317 4 Retenção na fonte de IR sobre serviços profissionais e sua forma de contabilização, 320 Considerações finais, 324 Referências, 324 Sobre a autora, 327 9 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 1 Sistema tributário nacional e princípios tributários O sistema tributário nacional é composto por diversos instrumentos jurídicos: a Constituição Federal, o Código Tributário Nacional e demais leis específicas. A Constituição Federal define os princípios sobre os quais devem ser instituídos os tributos brasileiros, as limitações ao po- der das pessoas políticas de instituir tributos, bem como estabelece as bases de incidência e os respectivos entes públicos detentores de poder para instituí-las. O Código Tributário Nacional define o funcionamento do sistema tributário nacional, define os elementos básicos do tribu- to, classifica as espécies tributárias e determina as normas gerais para aplicação do direito tributário no Brasil. Assim, o primeiro capítulo da presente obra apresenta uma visão geral do sistema tributário nacional, 10 Normas e práticas tributárias Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . trata das espécies tributárias de impostos, taxas, contribuições de me- lhoria, empréstimos compulsórios e pedágios, competência e capacida- de tributárias e dos princípios constitucionais do direito tributário. 1 Sistema tributário nacional Sistema tributário nacional é o conjunto de regras de natureza tri- butária inserido no sistema jurídico total. Ele é composto por princí- pios e regras estabelecidos na Constituição Federal (BRASIL, 1988), por normas previstas no Código Tributário Nacional (BRASIL, 1966) e em legislações infraconstitucionais de abrangência federal, estadual e municipal. A Constituição Federal (BRASIL, 1988) define quais pessoas políticas – União, estados, Distrito Federal e municípios – podem instituir tribu- tos; estabelece bases de incidência de tributos, ou seja, tributação sobre a renda, sobre o consumo, sobre a propriedade; estabelece limitações ao poder de tributação atribuído às pessoas políticas e determina as regras para repartição das receitas tributárias. Por outro lado, o Código Tributário Nacional (BRASIL, 1966) estabe- lece, em relação a cada espécie de tributo: • Quais eventos geram a obrigação de pagar tributos – o fato gerador. • O valor sobre o qual são pagos os tributos – a base de cálculo. • Os percentuais a serem aplicados sobre a base de cálculo que resultam no valor a ser pago a título de tributos – as alíquotas. • Quem deve fazer o pagamento dos tributos – o sujeito passivo. Além disso, o Código Tributário Nacional (BRASIL, 1966) estabelece: 11Sistema tributário nacional e princípios tributários M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. • Regras para utilização da legislação tributária, como que tipo de norma jurídica – lei, decreto, convênio – pode alterar alíquotas de tributação. • Como a legislação tributária deve ser interpretada. Um exemplo disso ocorre quando a lei que institui determinado tributo não apresenta norma expressa sobre uma operação realizada pelo contribuinte e assim ele deve utilizar na ordem indicada: a analo- gia, os princípios gerais do direito tributário, os princípios gerais do direito público e a equidade. • Definição de obrigação tributária, crédito tributário, sujeito ativo e sujeito passivo, responsabilidade tributária. • A competência e os poderes das autoridades administrativas para realizarem fiscalização dos tributos. Finalmente, o Código Tributário Nacional (BRASIL, 1966) apresenta a definição de tributo. No referido instrumento jurídico: Art. 3o Tributo é toda prestação pecuniáriacompulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade adminis- trativa plenamente vinculada. (BRASIL, 1966) Com o objetivo de facilitar a compreensão sobre as características do tributo, apresenta-se o quadro 1, no qual se procura explicar o signi- ficado de cada uma delas. Quadro 1 – Características do tributo PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA COMPULSÓRIA Prestação em moeda, ou seja, não pode ser quitada com mercadorias ou serviços prestados E Compulsória, ou seja, independe da vontade do sujeito ativo e do sujeito passivo, devendo ser aplicada a regra prevista na legislação (cont.) 12 Normas e práticas tributárias Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . NÃO CONSTITUI SANÇÃO POR ATO ILÍCITO Não é cobrada como penalidade pela ocorrência de ato ilícito. Sua cobrança não se confunde com a cobrança de multas e penalidades de direito administrativo, como multas de trânsito ou multas de ambiente INSTITUÍDA EM LEI Deve ser criada mediante a publicação de uma lei, ou seja, não pode ser instituída por uma norma jurídica inferior a uma lei, como uma instrução normativa COBRADA MEDIANTE ATIVIDADE ADMINISTRATIVA PLENAMENTE VINCULADA O agente público (aquele revestido da competência para o lançamento tributário, como o auditor da Receita Federal) deve aplicar a lei, não lhe cabendo possibilidade de avaliação sobre a conveniência ou a oportunidade de cobrar o tributo devido pelo contribuinte Os tributos, segundo o Código Tributário Nacional (BRASIL, 1966), são classificados em impostos, taxas e contribuições de melhoria. O próximo tópico apresenta a referida classificação com suas respecti- vas definições. 2 Tributos e suas espécies 2.1 Impostos Os impostos podem ser instituídos pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios, e sua definição é estabelecida no Código Tributário Nacional: Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específi- ca, relativa ao contribuinte. (BRASIL, 1966) Há obrigação de pagar o imposto por consequência da ocorrência de uma situação gerada pelo contribuinte, ou seja, o pagamento do imposto não se origina de atividade executada pelo poder público ao contribuinte. Assim, “o legislador deve escolher determinadas situações materiais (por exemplo, aquisição de renda) evidenciadoras de capa- cidade contributiva, tipificando-as como fatos geradores da obrigação 13Sistema tributário nacional e princípios tributários M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. tributária” (AMARO, 2013, p. 52). As situações, realizadas pelo contri- buinte, que podem gerar a obrigação de pagar o imposto, estão auto- rizadas na Constituição Federal (BRASIL, 1988) e definidas em leis es- pecíficas, como as leis que instituem o imposto sobre a circulação de mercadorias (ICMS), o imposto de importação (II), o imposto de renda da pessoa jurídica (IRPJ), entre outros. 2.2 Taxas As taxas podem ser instituídas pela União, pelos estados, pelos mu- nicípios e pelo Distrito Federal. O Código Tributário Nacional estabelece o fato gerador das taxas: Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atri- buições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público es- pecífico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua dispo- sição. (BRASIL, 1966) As taxas são uma espécie de tributo dependente de uma atividade estatal específica, ou seja, nesse caso, é necessária a prestação de serviços públicos pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal ou pelos municípios. A situação que gera a obrigação de pagar taxas é o exercício regular do poder de polícia ou a utilização de serviço prestado ao contribuinte. O poder de polícia é a denominação atribuída ao poder que o Estado tem de estabelecer regras que promovam a ordem social, uma vez que “há certos direitos cujo exercício deve ser conciliado com o interesse público, cabendo ao Estado policiar a atuação do indivíduo” (AMARO, 2013, p. 55). Um exemplo de exercício do poder de polícia é a legisla- ção ambiental na qual o Estado define regras de conduta de empresas em relação ao meio ambiente. Em decorrência do poder de polícia do Estado sobre questões ambientais, para que a empresa tenha liberação 14 Normas e práticas tributárias Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . de funcionamento, pode ficar sujeita ao pagamento de taxa de licença ambiental. Além disso, a taxa pode ser exigida quando os serviços pú- blicos são efetivamente usufruídos pelo contribuinte e por sua vontade contratados ou, ainda, quando a utilização do serviço é imposta pelo Estado, colocando-o à disposição do contribuinte, como no caso da taxa de coleta de lixo. 2.3 Contribuições de melhoria As contribuições de melhoria, decorrentes de obra pública, podem ser instituídas pela União, pelos estados, pelos municípios e pelo Distrito Federal e estão previstas no Código Tributário Nacional: Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Esta- dos, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acrés- cimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. (BRASIL, 1966) A situação que gera obrigação de pagar a contribuição de melhoria é a valorização imobiliária ocorrida em função da execução de uma obra pública. É cobrada para custear os gastos públicos incorridos na execu- ção de obra pública que gerem valorização do imóvel do contribuinte. O valor total da contribuição não pode ultrapassar o montante gasto com a obra e cada contribuinte paga a contribuição de acordo com o acrés- cimo patrimonial ocorrido em seu imóvel. 2.4 Outras espécies tributárias Embora não estejam classificadas no Código Tributário Nacional (BRASIL, 1966), existem outras espécies tributárias previstas na Constituição Federal (BRASIL, 1988). Segundo Amaro (2013), essas 15Sistema tributário nacional e princípios tributários M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. outras espécies tributárias são as contribuições, os empréstimos com- pulsórios e o pedágio. Os subtópicos seguintes tratam de cada uma dessas espécies tributárias. 2.4.1 Contribuições As contribuições são espécies de tributos destinados a custear gastos incorridos com atividades que não são inerentes à função do Estado. Estão previstas na Constituição Federal e podem ser instituídas apenas pela União: Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção nodomínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6o, relativa- mente às contribuições a que alude o dispositivo. (BRASIL, 1988) São consideradas contribuições: as sociais, as de intervenção no domínio econômico e as de interesse das categorias profissionais ou econômicas. Os próximos subtópicos tratam de cada uma delas. 2.4.1.1 Contribuições sociais Segundo Amaro (2013), as contribuições sociais estão previstas, na Constituição Federal (BRASIL, 1988), no título que trata da ordem so- cial que abrange a seguridade social (saúde, previdência e assistência social), a educação, a cultura, o desporto, entre outros. Ainda, segundo Amaro (2013), as contribuições sociais “são caracterizadas pela sua destinação, ou seja, são ingressos necessariamente destinados a finan- ciar a atuação da União no setor da ordem social” (AMARO, 2013, p. 75). A seguridade social, objeto de regulamentação minuciosa, como afir- ma Amaro (2013), é financiada por toda a sociedade e custeada pelas 16 Normas e práticas tributárias Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . contribuições previstas no artigo 195 da Constituição Federal (BRASIL, 1988), calculadas sobre: • As remunerações pagas pelos empregadores às pessoas físicas que lhe prestem serviços. Exemplos: contribuição previdenciária patronal. • A receita ou o faturamento. Exemplos: PIS e Cofins. • O lucro das empresas. Exemplos: CSL. • A receita de concursos de prognósticos. • Os bens e os serviços importados do exterior. Exemplos: PIS e Cofins. 2.4.1.2 Contribuições de intervenção no domínio público As contribuições de intervenção no domínio econômico têm cará- ter extrafiscal, ou seja, tem a finalidade de estimular ou desestimular determinada atividade econômica. Incidem sobre a importação e a comercialização de gasolina, diesel e respectivas correntes, querose- ne de aviação e derivativos, óleos combustíveis, gás liquefeito de petró- leo (GLP), inclusive o derivado de gás natural e de nafta e o álcool etílico combustível. Os recursos arrecadados a título da referida contribuição devem ser aplicados em: • Programas ambientais para reduzir os efeitos da poluição causa- da pelo uso de combustíveis. • Subsídios à compra de combustíveis. • Infraestrutura de transportes. 17Sistema tributário nacional e princípios tributários M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. 2.4.1.3 Contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas As contribuições de interesse das categorias profissionais ou eco- nômicas são tributos destinados ao financiamento de atividades das instituições fiscalizadoras e representativas de categorias econômicas ou profissionais, que exercem funções reconhecidas como de interesse público. Segundo Amaro (2013), o fato gerador dessas contribuições é o exercício, pelo contribuinte, de determinada atividade profissional ou econômica, como as contribuições pagas aos órgãos de classe – con- selhos regionais de contabilidade (CRC) ou ordem dos advogados do Brasil (OAB). 2.4.2 Empréstimos compulsórios Os empréstimos compulsórios podem ser instituídos apenas pela União e se tratam de tributo com vinculação da receita a um determi- nado gasto. Os empréstimos compulsórios podem ser criados para custear despesas extraordinárias com, por exemplo, guerras externas ou calamidade pública. Também podem ser aplicados em investimento público relevante em caráter urgente de interesse nacional. Os emprés- timos compulsórios, segundo Amaro (2013), representam um ingres- so de recursos temporários que devem ser devolvidos ao contribuinte, em período futuro, devidamente corrigidos, para não se caracterizarem como confisco. 2.4.3 Pedágio Segundo Amaro (2013), o pedágio é reconhecido por sua nature- za tributária, uma vez que está previsto no capítulo da Constituição que trata dos tributos. Trata-se de uma atuação específica do Estado, sendo assim, não se confunde com imposto. Também não se confun- de com contribuição de melhoria, já que não é cobrado por melhoria 18 Normas e práticas tributárias Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . realizada em obra pública que resulte em valorização do bem. Tanto que o Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Recurso Especial 194.862-RS, acolheu a tese de que o pedágio é um tributo na modalidade de taxa de serviço. Tem como fato gerador a utilização de vias conservadas pelo poder público, sendo cobrado apenas daquele contribuinte que, efetiva- mente, utilizou a via pública. 3 Competência e capacidade tributária e limitações ao poder de tributar No primeiro tópico desta obra, foi mencionado que a União, os esta- dos, o Distrito Federal e os municípios ficam autorizados a instituir tri- butos. Em sentido amplo, trata-se da competência que significa a facul- dade juridicamente atribuída a um agente do poder público para tomar decisões (SILVA, 2011). No âmbito tributário, denomina-se competência tributária, ou seja, refere-se ao poder atribuído à pessoa jurídica de direi- to público que lhe confere a possibilidade de criar o tributo. Nesse sentido, a Constituição Federal (BRASIL, 1988) confere tal po- der às referidas pessoas jurídicas de direito público nos artigos 153 a 156, determinando que a União pode instituir impostos sobre (BRASIL, 1988): • A importação de produtos estrangeiros. • A exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados. • A renda e os proventos de qualquer natureza. • Os produtos industrializados. • As operações de crédito, câmbio e seguro ou relativas a títulos ou a valores mobiliários. • A propriedade territorial rural. • Grandes fortunas. 19Sistema tributário nacional e princípios tributários M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Os estados e o Distrito Federal podem instituir impostos sobre: • A transmissão causa mortis e a doação de quaisquer bens ou direitos. • As operações relativas à circulação de mercadorias e prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação. • A propriedade de veículos automotores. Finalmente, os municípios podem instituir impostos sobre: • A propriedade predial e territorial urbana. • A transmissão “intervivos”, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis. • Os serviços de qualquer natureza que não estejam sujeitos à in- cidência do ICMS. Diferentemente da competência tributária, a capacidade tributária se refere à administração dos tributos, ou seja, consiste na atividade de administrar e arrecadar os tributos. No Código Tributário Nacional, a competência tributária está prevista no artigo 119: Art. 119. Sujeito ativo da obrigaçãoé a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o seu cumprimento. (BRASIL, 1966) Assim, é possível concluir que a competência tributária se trata do direito que as pessoas jurídicas de direito público têm de exigir o cum- primento do pagamento do tributo. É importante ressaltar que a com- petência tributária não se restringe ao direito de exigir o tributo, mas, também, ao dever de fazê-lo, ou seja, é uma atividade da qual a pessoa política não pode se eximir. 20 Normas e práticas tributárias Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Em decorrência da atribuição de capacidade e competência tribu- tárias, as pessoas jurídicas de direito público se revestem do poder de criar e cobrar os tributos instituídos. Nesse sentido, para evitar arbitra- riedades na criação e na cobrança de tributos, a Constituição Federal (BRASIL, 1988) estabelece limites ao poder de tributar que garantem a segurança jurídica do contribuinte. Essas regras são emanadas de prin- cípios constitucionais relativos à matéria tributária. De maneira genérica, princípios se referem à base de sustentação de um sistema jurídico, ou seja, é a ideia central sobre a qual todas as normas devem ser instituídas. No âmbito do ordenamento jurídico tri- butário, significa que os tributos não podem ser instituídos por meio de normas que desrespeitem os princípios constitucionais tributários. Assim, o próximo tópico apresenta os princípios constitucionais relati- vos aos tributos. 4 Princípios constitucionais tributários Os princípios constitucionais da tributação visam à proteção do con- tribuinte ao limitar o poder de tributar das pessoas políticas – União, estados, Distrito Federal e municípios. A limitação do poder de tributar confere segurança jurídica ao contribuinte, que poderia ficar suscetível a arbitrariedades impostas pelo legislador. 4.1 Legalidade, tipicidade ou reserva legal O princípio da legalidade está previsto no artigo 150, inciso I da Constituição Federal: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contri- buinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I. exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; (BRASIL, 1988) 21Sistema tributário nacional e princípios tributários M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. O princípio da legalidade está fundamentado no princípio constitu- cional previsto no artigo 5o, inciso II da Constituição Federal (BRASIL, 1988), que determina: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. No âmbito tributário, o princípio se justifica pela regulação das condutas, evitando-se a arbitrariedade na aplicação dos tributos, uma vez que a lei deve definir o fato gerador e a relação obrigacional, caracterizando, assim, a tipicidade da situação que gera a obrigação de pagar o tributo. 4.2 Isonomia tributária O princípio da isonomia tributária está previsto no artigo 150, inciso II da Constituição Federal: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contri- buinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: II. instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; (BRASIL, 1988) Tendo como fundamento o caput do artigo 5o da Constituição Federal, que determina: Art. 5o Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer na- tureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (BRASIL, 1988) O princípio da isonomia preconiza que sejam tratados igualitaria- mente os contribuintes em situações iguais e de modo diferente, de acordo com suas diferenças. 22 Normas e práticas tributárias Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 4.3 Irretroatividade O princípio da irretroatividade está previsto no artigo 150, inciso III, “a” da Constituição Federal: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contri- buinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: III. cobrar tributos: a. em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; (BRASIL, 1988) Trata-se de regra absoluta, não se admitindo qualquer exceção, o princípio que garante que o tributo não seja cobrado em relação a fatos geradores ocorridos antes da vigência da lei que o instituiu. Assim, o tributo somente pode ser cobrado em relação a fatos geradores futuros. 4.4 Anterioridade e noventena O princípio da anterioridade está previsto no artigo 150, inciso III, “b” da Constituição Federal: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contri- buinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: III. cobrar tributos: b. no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; c. antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (BRASIL, 1988) 23Sistema tributário nacional e princípios tributários M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. O princípio da anterioridade significa que é vedada a cobrança de tributos no mesmo exercício financeiro em que houver sido publicada a lei que os instituiu ou os aumentou. E o princípio da noventena significa que o tributo não pode ser exigido durante o prazo de noventa dias a partir da data de publicação da referida lei que o instituiu ou o aumentou. É importante mencionar que há exceções à regra de aplicação da anterioridade, ou seja, há tributos sujeitos apenas à noventena que po- dem ser exigidos no mesmo exercício financeiro de criação da lei que instituiu o tributo e dentro do prazo de noventa dias a partir da publi- cação da referida lei. A exceção se aplica a tributos extrafiscais, como os empréstimos compulsórios, o imposto de importação e o imposto de exportação. IMPORTANTE Tributos extrafiscais são aqueles que induzem o comportamento dos contribuintes, sendo utilizados para incentivar ou desestimular condu- tas que atendam a outros interesses que não sejam apenas tributários. Tributos parafiscais são aqueles cujos recursos são destinados “ao cus- teio de atividades que, em princípio, não integram as funções próprias do Estado” (REZENDE; PEREIRA; MACEDO, 2010, p. 49). Tributos fiscais são aqueles cujo “objetivo principal é arrecadação de recursos para o Estado” (REZENDE; PEREIRA; MACEDO, 2010, p. 49). 4.5 Vedação ao confisco O princípio da vedação ao confisco está previsto no artigo 150, inciso IV da Constituição Federal: Art. 150. Semprejuízo de outras garantias asseguradas ao contri- buinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: IV. utilizar tributo com efeito de confisco; (BRASIL, 1988) 24 Normas e práticas tributárias Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Caracteriza-se como confisco toda cobrança de tributos que resulte na anulação da riqueza do contribuinte, contrariando, assim, o princípio da capacidade contributiva a ser tratado nos próximos subtópicos. 4.6 Vedação à limitação de tráfego Com fundamento no artigo 5o, inciso XV da Constituição Federal, que estabelece: Art. 150 – XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; (BRASIL, 1988) O princípio da vedação à limitação de tráfego impede que as pessoas deixem de exercer, total ou parcialmente, o direito de locomoção em fun- ção de tributos cobrados por pessoa jurídica de direito público como de- termina o artigo 150, inciso V da Constituição Federal: V. estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público; (BRASIL, 1988) 4.7 Capacidade contributiva O princípio da capacidade contributiva está previsto no artigo 145, parágrafo 1o da Constituição Federal: § 1o Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e se- rão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos in- dividuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. (BRASIL, 1988) 25Sistema tributário nacional e princípios tributários M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. O princípio da capacidade contributiva está relacionado com a ideia de justiça distributiva, ou seja, que cada contribuinte pague o tributo de acordo com sua riqueza. 4.8 Imunidade tributária O princípio da imunidade tributária está previsto no artigo 150, inciso VI da Constituição Federal: VI. instituir impostos sobre: a. patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b. templos de qualquer culto; c. patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d. livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. e. fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. (BRASIL, 1988) O princípio da imunidade tributária significa que o legislador fica im- pedido de exercer a função de criar impostos em relação às hipóteses previstas nesse dispositivo constitucional, uma vez que esse inciso re- presenta uma vedação ao poder de tributar. 26 Normas e práticas tributárias Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 4.9 Seletividade O princípio da seletividade significa que os produtos mais supérfluos devem ser tributados de forma mais onerosa e os produtos neces- sários à sociedade devem ser tributados de forma menos onerosa. O referido princípio é aplicado ao imposto sobre produtos industria- lizados (IPI), cuja previsão legal está determinada no artigo 153 da Constituição Federal: Art. 153 – § 3o O imposto previsto no inciso IV: I – será seletivo, em função da essencialidade do produto; (BRASIL, 1988) E ao imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS), cuja determinação está prevista no artigo 155 da Constituição Federal: Art. 155 – III – poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços; (BRASIL, 1988) 4.10 Não cumulatividade O princípio da não cumulatividade significa que do tributo devido pode ser deduzido o valor do tributo pago em operações anteriores. Assim como o princípio da seletividade, o princípio da não cumulativi- dade é aplicado ao imposto sobre produtos industrializados (IPI) e ao imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS). Para o IPI, o dispositivo constitucional que determina a não cumula- tividade é o parágrafo 3o do artigo 153: II. será não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores; (BRASIL, 1988) E, para o ICMS, o dispositivo constitucional que prevê tal sistemática é o parágrafo 2o do artigo 155: 27Sistema tributário nacional e princípios tributários M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. I. será não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal; (BRASIL, 1988) Considerações finais O sistema tributário nacional é composto por diversos instrumen- tos jurídicos, entre eles a Constituição Federal, o Código Tributário Nacional e as demais leis específicas. Este capítulo apresentou a defi- nição de tributos, enfatizando suas características principais: compul- soriedade, exigência estritamente relacionada a uma lei que os tenha instituído e cobrança vinculada à lei, não sendo passível de avaliação do agente público. Ainda, foi apresentada a classificação dos tributos segundo o Código Tributário Nacional, que prevê três espécies: os impostos, as contribui- ções de melhoria e as taxas. Tendo os impostos como a espécie tributá- ria que não requer uma contraprestação específica por parte do Estado; as contribuições de melhoria são a espécie tributária que exige paga- mento pela melhoria decorrente da obra pública realizada pelo Estado e as taxas são cobradas em decorrência da utilização de serviço pelo contribuinte ou pela disponibilização de serviço público. Além dessas espécies, há as contribuições que são cobradas para financiar ativida- des não necessariamente atribuíveis ao Estado; os empréstimos com- pulsórios são exigíveis em casos de despesas extraordinárias como guerras externas ou investimento público relevante de interesse público e os pedágios cujo fato gerador é a utilização, pelo contribuinte, de via conservada pelo poder público. Outro aspecto abordado no capítulo é a conceituação de competên- cia e capacidade tributárias. A competência refere-se ao poder atribu- ído à pessoa jurídica de direito público que lhe confere a possibilidade 28 Normas e práticas tributárias Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc iad a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . de criar o tributo. A capacidade tributária se refere à administração dos tributos, ou seja, consiste na atividade de administrar e arrecadar os tributos. Finalmente, em decorrência dos poderes conferidos ao ente tribu- tante no sentido de criar tributos, o contribuinte pode ficar suscetível a arbitrariedades. Então, o legislador estabeleceu os princípios constitu- cionais tributários sobre os quais devem ser instituídos os tributos no Brasil e, assim, garantir a segurança jurídica necessária ao contribuinte. Referências AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Casa Civil, 1988. BRASIL. Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 1966. BRASIL. Supremo Tribunal de Justiça. Recurso Especial no 194.862. Relator: Ministro Carlos Velloso, Brasília, DF, 4 maio 1999. REZENDE, Amaury José.; PEREIRA, Carlos Alberto; ALENCAR, Roberta Carvalho. Contabilidade Tributária: entendendo a lógica dos tributos e seus reflexos so- bre os resultados das empresas. São Paulo: Atlas, 2010. SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 34. ed. São Paulo: Malheiros, 2011. 29 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 2 A regra-matriz de incidência tributária e sua aplicação na estrutura jurídica do ISSQN O tributo passa a ser devido quando o contribuinte concretiza a si- tuação prevista na legislação. Para verificar se a situação prevista na legislação foi atendida, é necessária uma análise de requisitos. A regra- -matriz de incidência tributária foi criada com o objetivo de facilitar a compreensão da ocorrência da tributação. Assim, o presente capítulo tem a finalidade de apresentar o conceito de referida regra-matriz de incidência tributária e, em seguida, aplicá-la à tributação do imposto so- bre serviços de qualquer natureza, o ISSQN. 30 Normas e práticas tributárias Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 1 A regra-matriz de incidência tributária Incidência tributária significa ocorrência de tributação e resulta da concretização de fato abstratamente previsto na lei como suficiente para surgir a obrigação tributária. Um exemplo de fato abstrato previs- to em lei são as operações de circulação de mercadorias que geram a obrigação de pagamento do imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS). Nessa situação, se o sujeito passivo concretiza o fato, ou seja, se realiza uma operação de circulação de mercadoria, ocorre tri- butação do ICMS e, assim, o contribuinte ou o responsável tributário fica obrigado ao recolhimento do tributo em favor do sujeito ativo. Assim, é possível notar que, como afirma Schoueri (2018), a concretização da hipótese prevista em lei gera a criação de relação jurídica entre sujeito ativo e passivo. Schoueri (2018) afirma que o jurista Paulo de Barros Carvalho formu- lou a regra-matriz de incidência tributária com a finalidade de compreen- der a relação jurídica que se estabelece entre sujeito ativo e sujeito pas- sivo. A figura 1 demonstra a regra-matriz de incidência tributária. Figura 1 – Regra-matriz de incidência tributária Antecendente Critérios Material Espacial Temporal Regra-matriz de incidência tributária Consequente Critérios Pessoal Quantitativo A referida regra-matriz parte da premissa de que anteriomente à ocorrência da incidência tributária é necessário “identificar critérios que, uma vez presentes, darão por satisfeita (concretizada) a hipótese, identificando-se um fato jurídico tributário” (SCHOUERI, 2018, p. 510). 31 A regra-matriz de incidência tributária e sua aplicação na estrutura jurídica do ISSQN M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Os critérios analisados na fase antecedente ao estabelecimento da re- lação jurídica são: o material, o espacial e o temporal. Depois de ter sido configurada a hipótese tributária, é necessário estabelecer o aspecto pessoal: sujeito ativo e sujeito passivo e o aspecto quantitativo da referi- da relação jurídica: o montante a ser recolhido que é definido pela base de cálculo e a alíquota a ser aplicada. 2 O antecedente da regra-matriz de incidência tributária O antecedente da regra matriz de incidência tributária é composto pelos critérios material, espacial e temporal, como foi mencionado no tópico anterior. Os próximos subtópicos cumprem o objetivo de apre- sentar cada um deles de forma detalhada. 2.1 Critério material O critério material, segundo Schoueri (2018), é a situação legalmente apta para gerar a obrigação tributária, ou seja, é a situação definida pela lei como necessária para exigência do tributo. Schoueri (2018, p. 510) cita a classificação do jurista Sainz de Bujanda, que pretende abranger as principais formas de critérios materiais. São elas: • Um acontecimento material ou um fenômeno de consistência econômica, descritos pelas normas tributárias e transformados, consequentemente, em figuras jurídicas dotadas de um trata- mento determinado pelo ordenamento positivo. • Um ato ou negócio jurídico, tipificado pelo direito privado ou por outro setor do ordenamento positivado e transformado em “fato” imponível por obra da lei tributária. • O estado, a situação ou a qualidade de uma pessoa. 32 Normas e práticas tributárias Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . • A atividade de uma pessoa não compreendida dentro do marco de uma atividade especificamente jurídica. • A mera titularidade de certo tipo de direito sobre bens ou coisas, sem que a ela se adicione ato jurídico algum do titular. Ainda segundo Schoueri (2018), a relevância de aspecto material fica destacada em função de que é por meio dele que se identifica um tribu- to e se estabelecem as competências tributárias. Por exemplo: o auferi- mento de disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou proventos de qualquer natureza é aspecto material que identifica a tributação do imposto de renda (IR) e estabelece que a tributação é de competência da União e a transferência de bens imóveis e de direitos é o aspecto ma- terial que identifica a tributação do imposto sobre transferência de bens imóveis (ITBI), cuja competência tributária é atribuída ao município. 2.2 Critério espacial Segundo Schoueri (2018), a análise do elemento espacial da situa- ção tributária se relaciona à existência de limites ao exercício da com- petência tributária,já que a lei pode definir, expressamente, o âmbito territorial da aplicação de determinado tributo ou, ainda, pode não o definir, sendo aplicável à totalidade do espaço territorial. Por exemplo: a legislação do ICMS do estado de São Paulo está adstrita aos fatos geradores ocorridos no âmbito do território paulista; já a legislação do imposto sobre produtos industrializados (IPI) é aplicada no âmbito do território nacional. 2.3 Critério temporal Segundo Schoueri (2018. p. 537), “a referência a uma situação tribu- tável exige que se determine um momento a partir do qual se considera constituída a obrigação”. Assim, se configura o critério temporal que a 33 A regra-matriz de incidência tributária e sua aplicação na estrutura jurídica do ISSQN M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. lei, também, precisa definir. Ainda segundo o autor, torna-se relevante estabelecer critério temporal, uma vez que, por exemplo, o imposto so- bre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU) é tributo devido ao direito que perdura durante determinado tempo. Assim, é preciso esta- belecer em que tempo o IPTU é exigível do sujeito passivo. Em geral, a maioria dos municípios considera como aspecto temporal no IPTU o fato de o contribuinte ser proprietário do imóvel no dia 1o de janeiro. Já no ICMS, o imposto incide na data da saída da mercadoria do estabele- cimento comercial. Todos esses critérios, material, espacial e temporal, conferem sustentação ao fato gerador que é definido no artigo 114 do Código Tributário Nacional: Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação de- finida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. (BRASIL, 1966) Ou seja, a ocorrência dos aspectos mencionados faz com que se concretize a ocorrência do fato gerador e, em decorrência disso, o tribu- to deve ser pago. O fato gerador não se limita apenas à obrigação principal de pagar o tributo, mas também à obrigação tributária acessória que está definida no artigo 115 do Código Tributário Nacional: Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a absten- ção de ato que não configure obrigação principal. (BRASIL, 1966) Segundo Amaro (2016, p. 286), obrigações acessórias “abrangem os demais deveres estabelecidos nas leis tributárias, que não tenham conteúdo pecuniário”. As obrigações acessórias estão relacionadas à administração e à fiscalização dos tributos e são representadas por 34 Normas e práticas tributárias Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . informativos prestados pelo contribuinte ao ente tributante que visam à validação do cálculo do tributo pago. 3 O consequente da regra-matriz de incidência tributária O consequente da regra-matriz de incidência tributária é composto pelos critérios pessoal e quantitativo. O critério pessoal está relaciona- do aos sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária e o critério quan- titativo está relacionado à composição da base de cálculo e à alíquota utilizada para calcular o tributo devido. 3.1 Critério pessoal O sujeito ativo é a pessoa jurídica de direito público titular da com- petência para exigir o cumprimento da obrigação tributária. Na prática, é representada pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios e está definido no artigo 119 do Código Tributário Nacional (BRASIL, 1966). Segundo Amaro (2016), sujeito passivo “é o devedor da obrigação tributária, ou seja, é a pessoa que tem o dever de prestar, ao credor ou sujeito ativo, o objeto da obrigação” (AMARO, 2016. p. 327). O sujei- to passivo pode ser contribuinte ou responsável tributário, de acordo com a definição expressa. O contribuinte é aquele que tem relação direta e pessoal com a situação que torna exigível a obrigação tribu- tária, ficando sujeito a cumpri-la. Para facilitar o entendimento do sig- nificado de contribuinte, imagine que uma indústria realize uma venda de produtos para um comércio varejista. Nesse caso, a indústria está realizando um evento que se enquadra em uma hipótese de incidência de tributos: o ICMS. Em decorrência de ter realizado esse evento, ela fica obrigada a pagar o referido imposto, revestindo-se da qualidade 35 A regra-matriz de incidência tributária e sua aplicação na estrutura jurídica do ISSQN M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. de contribuinte. Na prática, então, aquele sujeito passivo que realizou a operação também deve pagar o imposto, uma vez que tem relação direta e pessoal com a situação que torna o tributo exigível. A figura 2 demonstra o exemplo apresentado. Figura 2 – Conceito de contribuinte Realizou a operação? Então, é o contribuinte Indústria Varejo Venda de produtos Por outro lado, o responsável tributário é aquele que, mesmo não tendo relação com a obrigação de pagar o tributo, deverá fazê-lo em decorrência de imposição da legislação. Para facilitar a compreensão, imagine uma situação em que o legislador impõe a outro sujeito passi- vo, que não o contribuinte, a obrigação de pagar o tributo. Isso ocorre nas operações sujeitas ao regime de substituição tributária do ICMS, situação na qual o sujeito que realiza a circulação das mercadorias não é aquele que recolhe o imposto, já que outro sujeito, denominado res- ponsável tributário, o faz. O convênio ICMS 142 (BRASIL, 2018), que dis- põe sobre as operações sujeitas ao regime de substituição tributária do ICMS, define que, em operações interestaduais, o remetente das mer- cadorias é responsável pelo pagamento do imposto devido nas fases seguintes, conforme transcrito a seguir: Cláusula oitava. O contribuinte remetente que promover operações interestaduais com bens e mercadorias especificadas em convê- nio ou protocolo que disponha sobre o regime de substituição tribu- tária poderá ser o responsável, na condição de sujeito passivo por substituição, pela retenção e recolhimento do ICMS relativo às ope- rações subsequentes devido à unidade federada de destino, mes- mo que o imposto tenha sido retido anteriormente. (BRASIL, 2018) 36 Normas e práticas tributárias Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Para explicar essa situação, a figura 3 apresenta o conceito de res- ponsável tributário. Figura 3 – Conceito de responsável tributário Venda Venda Venda Indústria Atacadista Varejista Consumidor Paga o tributo devido pelo atacadista e pelo varejista na condição de responsável tributário Atacadista realizou a operação Varejista realizou a operação Não paga o tributo mesmo tendo realizado a operação 3.2 Critério quantitativo Segundo Amaro (2016), o critério quantitativo é composto pela base de cálculo e pelas alíquotas. 3.2.1 Base de cálculo Segundo Pêgas (2017, p. 35), a base de cálculo “é o valor sobre o qual será aplicadaa alíquota para apuração do valor do tributo a pagar, devendo ser definida através de lei complementar”. Um exemplo de composição do valor tributável é a base de cálculo da contribuição para financiamento da seguridade social (Cofins), que está prevista na Lei no 10.833: Artigo 1o – § 2o A base de cálculo da Cofins é o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, conforme definido no caput e no § 1o. (BRASIL, 2003) 37 A regra-matriz de incidência tributária e sua aplicação na estrutura jurídica do ISSQN M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Nesse sentido, a legislação também esclarece o significado do total das receitas auferidas no caput do artigo 1o da mesma lei: Art. 1o A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins, com a incidência não cumulativa, incide sobre o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, independentemen- te de sua denominação ou classificação contábil (BRASIL, 2003). Outro exemplo que pode ser citado é a composição da base de cál- culo do ICMS que está prevista na Lei Complementar no 87 (BRASIL, 1996). A base de cálculo é o valor da operação nas operações relativas: • À saída de mercadoria de estabelecimento de contribuinte. • Ao fornecimento de alimentação, bebidas e outras mercadorias por qualquer estabelecimento. • À transmissão de propriedade de mercadoria, quando a mercado- ria não tiver transitado pelo estabelecimento transmitente. Ainda no âmbito do ICMS, a base de cálculo é o preço do serviço na prestação de serviço de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação ou, ainda, em se tratando de operação de importação, a base de cálculo é o valor da mercadoria ou bem constante dos docu- mentos de importação, acrescido de imposto de importação, imposto sobre produtos industrializados, imposto sobre operações de câmbio e quaisquer outros impostos, taxas, contribuições e despesas aduaneiras (BRASIL, 1996). 3.2.2 Alíquotas Segundo Pêgas (2017, p. 35), alíquota é o percentual definido em lei que, aplicado sobre a base de cálculo, determina o valor do tributo que deve ser pago. Ainda segundo Pêgas (2017), as alíquotas podem ser percentuais ou valores fixos. Um exemplo de alíquota percentual é a alíquota da contribuição para o financiamento da seguridade social 38 Normas e práticas tributárias Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . (Cofins) de 7,6%. E um exemplo de valor fixo é a contribuição de inter- venção no domínio público (Cide), que é cobrada sobre a quantidade vendida de gasolina em metros cúbicos (m3). 4 A estrutura jurídica da regra-matriz de incidência tributária do ISSQN O imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISSQN), de com- petência dos municípios e do Distrito Federal, está autorizado no in- ciso III do artigo 156 da Constituição Federal (BRASIL, 1988) e na Lei Complementar no 116 (BRASIL, 2003). 4.1 Contribuinte O contribuinte do ISSQN é o prestador de serviços, conforme dispõe a Lei Complementar no 116 (BRASIL, 2003) em seu artigo 5. No caso do ISSQN, o legislador fica autorizado a atribuir a obrigação de pagar o imposto à terceira pessoa vinculada à ocorrência do fato gerador, con- forme define o artigo 6o da Lei Complementar no 116: Art. 6o Os municípios e o Distrito Federal, mediante lei, poderão atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tribu- tário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atri- buindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação, inclusive no que se refere à multa e aos acréscimos legais. (BRASIL, 2003) Ou seja, o ISSQN é um tributo sobre o qual a legislação autoriza a criação da substituição do contribuinte por terceira pessoa vinculada ao fato gerador nos moldes do artigo 121 do Código Tributário Nacional (BRASIL, 1966). 39 A regra-matriz de incidência tributária e sua aplicação na estrutura jurídica do ISSQN M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. 4.2 Fato gerador O fato gerador do ISSQN é a prestação de serviços relacionados no Anexo Único da Lei Complementar no 116 (BRASIL, 2003). A lista de ser- viços sujeitos à incidência do ISSQN é composta por 40 grupos de ser- viços que se subdividem em várias espécies de tarefas executadas pelo prestador e que se caracterizam como fato gerador do ISSQN. A lista dos grupos está transcrita a seguir (BRASIL, 2003): 1. Serviços de informática e congêneres. 2. Serviços de pesquisas e desenvolvimento de qualquer natureza. 3. Serviços prestados mediante locação, cessão de direito de uso e congêneres. 4. Serviços de saúde, assistência médica e congêneres. 5. Serviços de medicina e assistência veterinária e congêneres. 6. Serviços de cuidados pessoais, estética, atividades físicas e congêneres. 7. Serviços relativos a engenharia, arquitetura, geologia, urbanismo, construção civil, manutenção, limpeza, meio ambiente, sanea- mento e congêneres. 8. Serviços de educação, ensino, orientação pedagógica e educacio- nal, instrução, treinamento e avaliação pessoal de qualquer grau ou natureza. 9. Serviços relativos a hospedagem, turismo, viagens e congêneres. 10. Serviços de intermediação e congêneres. 11. Serviços de guarda, estacionamento, armazenamento, vigilância e congêneres. 40 Normas e práticas tributárias Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 12. Serviços de diversão, lazer, entretenimento e congêneres. 13. Serviços relativos a fonografia, fotografia, cinematografia e reprografia. 14. Serviços relativos a bens de terceiros. 15. Serviços relacionados ao setor bancário ou financeiro, inclusive aqueles prestados por instituições financeiras autorizadas a fun- cionar pela União ou por quem for de direito. 16. Serviços de transporte de natureza municipal. 17. Serviços de apoio técnico, administrativo, jurídico, contábil, co- mercial e congêneres. 18. Serviços de regulação de sinistros vinculados a contratos de seguros; inspeção e avaliação de riscos para cobertura de con- tratos de seguros; prevenção e gerência de riscos seguráveis e congêneres. 19. Serviços de distribuição e venda de bilhetes e demais produtos de loteria, bingos, cartões, pules ou cupons de apostas, sorteios, prêmios, inclusive os decorrentes de títulos de capitalização e congêneres. 20. Serviços portuários, aeroportuários, ferroportuários, de terminais rodoviários, ferroviários e metroviários. 21. Serviços de registros públicos, cartorários e notariais. 22. Serviços de exploração de rodovia. 23. Serviços de programação e comunicação visual, desenho indus- trial e congêneres. 24. Serviços de chaveiros, confecção de carimbos, placas, sinaliza- ção visual, banners, adesivos e congêneres. 41 Aregra-matriz de incidência tributária e sua aplicação na estrutura jurídica do ISSQN M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. 25. Serviços funerários. 26. Serviços de coleta, remessa ou entrega de correspondências, documentos, objetos, bens ou valores, inclusive pelos correios e suas agências franqueadas; courrier e congêneres. 27. Serviços de assistência social. 28. Serviços de avaliação de bens e serviços de qualquer natureza. 29. Serviços de biblioteconomia. 30. Serviços de biologia, biotecnologia e química. 31. Serviços técnicos em edificações, eletrônica, eletrotécnica, mecâ- nica, telecomunicações e congêneres. 32. Serviços de desenhos técnicos. 33. Serviços de desembaraço aduaneiro, comissários, despachantes e congêneres. 34. Serviços de investigações particulares, detetives e congêneres. 35. Serviços de reportagem, assessoria de imprensa, jornalismo e re- lações públicas. 36. Serviços de meteorologia. 37. Serviços de artistas, atletas, modelos e manequins. 38. Serviços de museologia. 39. Serviços de ourivesaria e lapidação. 40. Serviços relativos a obras de arte sob encomenda. 42 Normas e práticas tributárias Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . PARA SABER MAIS Sugere-se a leitura dos subitens que compõem a lista de serviços su- jeitos à incidência do ISSQN. Um exemplo da subdivisão é o serviço de informática e congêneres: • 1.01 – Análise e desenvolvimento de sistemas. • 1.02 – Programação. • 1.03 – Processamento, armazenamento ou hospedagem de dados, textos, imagens, vídeos, páginas eletrônicas, aplicativos e sistemas de informação, entre outros formatos, e congêneres. • 1.04 – Elaboração de programas de computadores, inclusive de jogos eletrônicos, independentemente da arquitetura construtiva da máquina em que o programa será executado, incluindo tablets, smartphones e congêneres. • 1.05 – Licenciamento ou cessão de direito de uso de programas de computação. • 1.06 – Assessoria e consultoria em informática. • 1.07 – Suporte técnico em informática, inclusive instalação, confi- guração e manutenção de programas de computação e bancos de dados. • 1.08 – Planejamento, confecção, manutenção e atualização de páginas eletrônicas. • 1.09 – Disponibilização, sem cessão definitiva, de conteúdos de áu- dio, vídeo, imagem e texto por meio da internet, respeitada a imunida- de de livros, jornais e periódicos (exceto a distribuição de conteúdos pelas prestadoras de Serviço de Acesso Condicionado, de que trata a Lei no 12.485, de 12 de setembro de 2011, sujeita ao ICMS (BRASIL, 2003). 43 A regra-matriz de incidência tributária e sua aplicação na estrutura jurídica do ISSQN M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. 4.3 Base de cálculo Em regra geral, a base de cálculo do ISSQN é o preço cobrado pelo serviço prestado. O setor da construção civil é uma exceção à regra, uma vez que não são incluídos, nos casos de serviços de execução, por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil, hidráulica ou elétrica e de outras obras semelhantes ou de repa- ração, conservação e reforma de edifícios, estradas, pontes, portos e congêneres, os valores relativos aos materiais utilizados na prestação de serviços (BRASIL, 2003). 4.4 Alíquotas A Lei Complementar no 116 (BRASIL, 2003) não define alíquotas para cada tipo de serviço, mas define alíquota mínima de 2% e máxima de 5%, cabendo a cada município estabelecer sua tributação atendendo ao referido intervalo de percentuais definido na lei. 4.5 Local do recolhimento do imposto Uma vez que se trata de tributo municipal, é relevante mencionar que o artigo 3o da Lei Complementar no 116 (BRASIL, 2003) determina que, em regra geral, o tributo é recolhido para o município onde está localizado o estabelecimento do prestador de serviços. Entretanto, quando o serviço prestado estiver relacionado nos incisos I a XXV do referido artigo 3o, o tributo deve ser recolhido para o município onde o serviço foi prestado. São exemplos, entre outros serviços mencionados nesse dispositivo, de recolhimento no local onde o serviço foi prestado (BRASIL, 2003): • Instalação dos andaimes, palcos, coberturas e outras estruturas. • Execução da obra de obras de construção civil, hidráulica ou elé- trica e de outras obras semelhantes. 44 Normas e práticas tributárias Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . • Acompanhamento e fiscalização da execução de obras de enge- nharia, arquitetura e urbanismo. • Execução da varrição, da coleta, da remoção, da incineração, do tratamento, da reciclagem, da separação e da destinação final de lixo, rejeitos e outros resíduos quaisquer. Considerações finais Este capítulo apresentou a regra-matriz de incidência tributária que foi aplicada à tributação do ISSQN. Ela é composta de uma análise de aspecto antecedente e de aspecto consequente. O aspecto anteceden- te abrange a verificação dos critérios material, espacial e temporal, ou seja, se forem atendidas às características desses critérios, há incidên- cia tributária e, assim, o tributo é devido pelo sujeito passivo. O aspecto consequente abrange os critérios pessoal e quantitativo. O critério pes- soal se refere à atribuição do sujeito passivo obrigado ao cumprimento da obrigação tributária. O critério quantitativo se refere à composição da base de cálculo sobre a qual o tributo é calculado e à alíquota a ser utilizada na situação caracterizada como tributável. Aplicando-se a regra-matriz de incidência tributária ao ISSQN, é possível concluir que o tributo é exigido sobre a prestação de serviços listados no Anexo Único da Lei Complementar no 116 (BRASIL, 2003), sendo contribuinte, em regra geral, o prestador do serviço, a base de cálculo é o preço do serviço prestado aplicando-se alíquotas de 2% a 5% e o tributo deve ser pago, em regra geral, para o município do pres- tador do serviço. 45 A regra-matriz de incidência tributária e sua aplicação na estrutura jurídica do ISSQN M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Referências AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. CARVALHO, Paulo Barros. Curso de direito tributário. 30. ed. São Paulo: Saraiva, 2019. BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Casa Civil, 1988. BRASIL. Convênio no 142, de 14 de dezembro de 2018. Dispõe sobre os regimes de substituição tributária e de antecipação de recolhimento do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações
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