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Avanços na Clínica Vocacional Laura P. Da Encarnação A clínica vocacional surgiu à partir de influências da psicanálise, mas avançou com a terapia cognitiva-comportamental, devido ao fato de ser uma técnica com resultados baseados em evidências. Os interesses que levam o sujeito à definir sua profissão são influenciados por diversas variáveis internas e externas, como contexto socioeconômico, expectativas sociais, dinâmica familiar, competências cognitivas, estabelecimento da identidade integrada, percepção da autoeficácia e autoconceito, traços de personalidade etc. A maturidade neuronal do lobo frontal se dá por volta dos 16 anos, coincidindo com o ápice da adolescência e o início do pensamento voltado ao futuro, sendo esta maturação intimamente ligada aos processos de resolução de problemas e tomada de decisão. O orientador deve avaliar o motivo que leva o sujeito à indecisão para que possa delinear suas estratégias de atendimento e definir encaminhamentos que julgar necessário, trata-se de um diagnóstico de orientabilidade. É necessário estar confortável e reconhecer as anormalidades comportamentais de um adolescente, compreender os motivos que o levam a buscar sua ajuda, pois limitar a intervenção ao pedido do cliente pode torná-la redutora e ineficaz. Tomada de Decisão As emoções atuam no processo de tomada de decisão pois as sensações emocionais antecipam a análise racional das escolhas. As sensações estão baseadas nas experiências subjetivas do indivíduo que o levam a tomar conclusões precipitadas, atuando como um alerta automático e inconsciente, orientando o processo de decisão. O Iowa Gambling Task (IGT) foi desenvolvido para avaliar os processos implicados na tomada de decisão baseada em memórias emocionais. Este teste relaciona memória operacional, controle de impulsos, capacidade de estimar probabilidades e a aprendizagem inversa. É possível classificar o Testes utilizados em orientação profissional •Escala de maturidade para a Escolha Profissional (EMEP) •Avaliação dos Interesses Profissionais (AIP) •Escala de Autoeficácia Para Escolha Profissional (EAE-EP) •Questionário de Busca Autodirigida (SDS) comportamento do indivíduo em adaptativo ou prejudicado à partir de suas tomadas de decisões no teste. Funções Executivas As funções executivas também devem ser avaliadas durante o processo de orientação profissional, pois estão atreladas à capacidade de criar, planejar, atingir e concluir objetivos. O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade e a Escolha Profissional O IGT foi aplicado em adolescentes portadores de TDAH e estes realizaram seleções menos vantajosas, tal fato acontece devido à impulsividade. Sujeitos comórbidos com transtorno de ansiedade generalizada (TAG) foram mais cautelosos em suas escolhas. São encontradas algumas dificuldades na aplicação de testes e escalas em orientandas com TDAH, estes perdem o foco rápido e/ou fazem a tarefa de maneira impulsiva e pouco ponderada. Estes possuem dificuldade em selecionar as informações fundamentais ao invés das pouco relevantes, necessitando de acompanhamento e mais incentivos para finalizar as tarefas. Deve-se trabalhar suas crenças de autoeficácia, expectativas de resultados, capacidade de organização e colocar as metas em prática. A finalidade do processo é promover estratégias funcionais que assegurem a tomada de decisões melhores a médio e longo prazo, com foco em seu desenvolvimento global para que consiga se adaptar às demandas futuras. • Planejamento; • Organização; • Manejo do Tempo; • Memória Operacional; • Metacognição. Funções executivas relacionadas à criação de metas: • Resposta Inibitória; • Autorregulação do Afeto; • Iniciação do Afeto; • Flexibilidade; • Persistência. Funções executivas relacionadas à atingir e concluir as metas: O Transtorno Obsessivo Compulsivo e a Escolha Profissional Indivíduos que possuem TOC se apresentam maduros para a escolha profissional, mas muito indecisos, devido à grande probabilidade de se haver comorbidade com transtorno de ansiedade, ao ver que suas metas não estão sendo alcançadas, pode entrar em um quadro depressivo. O comprometimento da tomada de decisão é pior do que os achados em outros transtornos psiquiátricos, sendo assim, um mau desempenho no IGT é um grande indicador de TOC. Quando o sujeito apresenta sintomas que interferem na tomada de decisões, é necessário investigar a questão separadamente do processo de orientação, pois suas escolhas serão feitas sempre com “o pé atrás”. A Fobia Social e a Escolha Profissional A fobia social possui maior incidência nos jovens, devido ao desenvolvimento da competência para julgar o próprio desempenho social e prever as avaliações de terceiros sobre seus comportamentos. Quem tem fobia social pode buscar ajuda para descobrir carreiras que não o coloquem em situações de exposição social. O papel do orientador é apoiá-lo em sua escolha e ajudá-lo a minimizar a fobia social à partir da TCC. O Transtorno de Ansiedade Generalizada e a Escolha Profissional Indivíduos com TAG apresentam dificuldade em gerenciar as incertezas que surgem sobre sua própria vida, tudo é arriscado e pode dar errado, gerando catástrofes. Estes estados elevados de ansiedade podem danificar sinais somáticos responsáveis pela discriminação de escolhas boas e ruins. Adolescentes ansiosos avaliam situações ambíguas como ameaçadoras e preferem evitá-las. Temem muito mais o mercado de trabalho do que a carreira em si, buscam carreiras que prometam estabilidade, como cargos públicos e concursados. Encaminhar para o tratamento da ansiedade. O Transtorno de Ansiedade de Separação e a Escolha Profissional A dificuldade na escolha profissional surge devido a um estabelecimento falho da identidade pessoal e, em consequência, da profissional. Sujeito com transtorno de ansiedade de separação apresentam baixo comportamento exploratório, dificuldade em perseguir metas que envolvam “sair da bolha”, pouco autoconhecimento e dificuldade em identificar interesse que sejam seus e não dos outros. Na aplicação do AIP, não há nitidez em seus interesses, e no EMEP, os fatores autoconhecimento, conhecimento da realidade e independência são inferiores à média. Encaminhar para a TCC para o desenvolvimento da autonomia.
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