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TCC Iuri Final

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Iuri Augusto Limaco 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tolerância de Kappaphycus alvarezii frente a 
variações de salinidade, luz e temperatura em laboratório. 
 
 
 
 
Este Trabalho de Conclusão de Curso 
foi submetido à Coordenação do Curso 
de Ciências Biológicas da 
Universidade Federal de Santa 
Catarina para a obtenção do Grau de 
Licenciado em Ciências Biológicas. 
Orientador: Prof. Dr. José Bonomi 
Barufi 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Florianópolis 
2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Limaco, Iuri Augusto 
Tolerância de Kappaphycus alvarezii frente a variações de 
salinidade, luz e temperatura em laboratório. / Iuri 
Augusto Limaco; orientador, José Bonomi Barufi, 2018. 
39 p. 
Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) - 
Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências 
Biológicas, Graduação em Ciências Biológicas, Florianópolis, 
2018. 
Inclui referências. 
1. Ciências Biológicas. 2. Ficologia. 3. Macroalgas. 4. 
Kappaphycus. 5. Estresse Termohalino. I. Barufi, José 
Bonomi. II. Universidade Federal de Santa Catarina. 
Graduação em Ciências Biológicas. III. Título. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Iuri Augusto Limaco 
 
 
 
 
TOLERÂNCIA DE KAPPAPHYCUS ALVAREZII FRENTE A 
VARIAÇÕES DE SALINIDADE, LUZ E TEMPERATURA EM 
LABORATÓRIO. 
 
 
 
 
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para 
obtenção do Título de Licenciado em Ciências Biológicas e aprovado 
em sua forma final pela Coordenadoria do Curso de Ciências Biológicas 
 
Florianópolis, 20 de junho de 2018. 
 
________________________ 
Prof. Carlos Roberto Zanetti, Dr. 
Coordenador do Curso 
 
Banca Examinadora: 
 
 
 
________________________ 
Prof. José Bonomi Barufi, Dr. 
Orientador 
Universidade Federal de Santa Catarina 
 
 
 
 
____________ 
Prof. Leonardo Rubi Rörig, Dr. 
Universidade Federal de Santa Catarina 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho à minha família, 
minha namorada e a todos que me 
ajudaram, direta e indiretamente. 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Esse é um trabalho que demorou um longo tempo para 
ser concluído. Talvez seja assim com os Trabalhos de 
Conclusão de Curso de inúmeros estudantes ao redor do 
mundo, e talvez assim como com tantos acadêmicos, a 
conclusão desse trabalho se deve à ajuda de muitas pessoas em 
torno de mim. 
Gostaria de agradecer à minha família pela ajuda e 
compreensão, à minha irmã por ter me aberto esse caminho e 
aos amigos com quem já compartilhei preocupações, 
frustrações e alegrias decorrentes desse esforço. Agradeço 
muito ao pessoal do LAFIC, em especial à Geniane e à 
Danielly que estiveram ali comigo e que em momentos em que 
eu me encontrava esgotado mentalmente, me ajudaram a seguir 
em frente. Agradeço ao Eduardo por todas as dicas e incentivos 
dentro do Laboratório, e à todos os colegas pela gentileza com 
que me receberam e por toda ajuda que me deram. Agradeço 
muitíssimo, também, à professora Leila Hayashi e aos 
mestrandos e acadêmicos do LCM, por me ensinarem tanto 
sobre o Kappaphycus e por seguirem investindo esforço e 
estudo nesse campo. 
Sou grato à minha lindinha por estar junto comigo 
através de tantas tardes e noites, estudando enquanto eu 
escrevia estas linhas e me incentivando com carinho. E por 
último, mas importante, ao professor José, que me convidou a 
passar por esta porta, me apresentou o meu chá preferido e 
através do exemplo e da compreensão, me mostrou tanto do 
que é ser pesquisador e do que é insistir e ter foco em um 
objetivo. Obrigado por ter mantido aberta esta porta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tolerância de Kappaphycus alvarezii frente a variações de 
salinidade, luz e temperatura em laboratório 
 
Resumo 
A macroalga Kappaphycus alvarezii tem sido cultivada como 
fonte de carregenana, constituindo, junto com Euchema spp, o grupo de 
macroalgas mais cultivado mundialmente e movendo um mercado 
bilionário. Esta macroalga, entretanto, está adaptada principalmente às 
temperaturas quentes e o clima frio é detrimental ao seu 
desenvolvimento, possivelmente inviabilizando o cultvo. No Brasil, a 
introdução ocorreu em 1995 no estado de São Paulo. Após anos de 
experimentos, foram estabelecidas estações de cultivo experimentais em 
diversas localidades da costa brasileira, e realizados estudos econômicos 
acerca da possibilidade de cultivo da alga. Na costa catarinense, 
entretanto, a temperatura torna-se uma dificuldade para o cultivo anual, 
diferentemente por exemplo da região nordeste do País. Este trabalho 
avaliou o estresse causado pela interação entre temperatura, salinidade e 
PAR, para o crescimento e saúde da alga, por um período de estresse de 
dois dias, e dois dias de recuperação em laboratório. Os resultados 
apontam que a alga resiste aos estresses pelo período analisado, embora 
a ampliação do alcance destes resultados deva ser analisada com muita 
cautela, ao levar suas conclusões a campo. 
Palavras-chave: K. alvarezii, maricultura, choque termohalino, 
PAR, in vitro, salinidade, temperatura, Santa Catarina. 
 
 
 
 
Kappaphycus alvarezii tolerance to salinity, light and 
temperature in laboratory 
 
Abstract 
 
The macroalgae Kappaphycus alvarezii has been cultivated as a 
carregeenan source, and alongside Euchema spp., it is part of the most 
cultivated macroalgae worldwide, moving a billionaire market. This 
macroalga however is adapted to mainly warm temperatures and cold 
climate is detrimental to it’s development, possibly making the 
cultivation unviable. In Brazil, it’s introduction ocurred during 1995 at 
São Paulo state. After years of experiments, experimental facilities for 
cultivation were stabilished through the brazilian coast, and there were 
economic studies about the feasibility of algae farming. At Santa 
Catarina’s coast, however, the temperature is a difficulty to a year-round 
farming, unlike the northeast region. This work has evaluated the stress 
caused by the interaction between temperature, salinity and PAR to the 
algae’s growth and health, for a period of two days, followed by two 
days of recovery. The results point to a resistance in the studied period, 
although much caution is needed to analyse the results when taking the 
conclusions to the field. 
Keywords: K. alvarezii, mariculture, thermohaline shock, PAR, 
in vitro, salinity, temperature, Santa Catarina. 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 – Gráficos de temperatura média elaborados com os dados 
obtidos através do CIRAM para o ano de 2016, para a região litorânea 
de Florianópolis. 
Figura 2 – Estrutura experimental montada na sala de mergulho, com as 
bandejas e cânulas de aeração. 
Figura 3 – Estrutura montada para análise da absortância de cada talo. 
Figura 4 – Foto de espécimes com colorações diferentes, depois dos 
tratamentos. 
Figura 5 – Taxa de crescimento diária (DGR) em função da interação 
entre PAR e Temperatura. 
Figura 6 – Taxa de crescimento diária (DGR) em função da salinidade e 
temperatura, mostrando valores diferentes entre os tratamentos com 
diferentes salinidades. 
Figura 7 – Taxas de transporte de elétrons (ETR) de Kappaphycus 
alvarezii em função da salinidade, com agrupamento e média de todos 
os tratamentos com salinidade de 18 e salinidade de 35. 
Figura 8 – Gráfico do ETR em função do PAR, com todos os 
tratamentos agrupados em relação a essa variável categórica. 
Figura 9 – Gráfico de ficocianina (mg/g⁻¹) em função da salinidade, com 
os tratamentos agrupados de acordo com essa variável. 
Figura 10 – Gráfico de PPB (mg O2/L) para os tratamentos com 
diferentes temperaturas. 
Figura 11 – Produção Primária Bruta em função da PAR, com maiorquantidade de oxigênio para as amostras sujeitas aos maiores valores de 
PAR. 
Figura 12 – Gráfico de Fv/Fm, com o efeito da interação entre as três 
variáveis categóricas. 
Figura 13 – Gráfico de Fv/Fm (rendimento quântico máximo) ao longo 
do período experimental. 
Figura 14 – Peso seco da carragenana, em miligramas/gramas de peso 
seco, em função da interação entre Temperatura e PAR. 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1: Valores médios de temperatura e salinidade para os anos de 
1994 e 1995 em profundidades de 2 metros até 40 metros, coletados no 
litoral de Itajaí e imediações. 
Tabela 2 – Condições experimentais aplicadas no cultivo de 
Kappaphycus alvarezii considerando os três tipos de variáveis 
categóricas, Temperatura, Salinidade e Radiação (PAR). 
Tabela 3 – Resultados da Anova com os campos em negrito indicando 
interações significativas com um intervalo de confiança de 95% 
(alfa<0.05). 
Tabela 4 - Resultados do teste de Correlação de Pearson entre as 
variáveis dependentes avaliadas em K. alvarezii submetida a condições 
de variação de temperatura, luz e salinidade. 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ANOVA – Análise de Variância 
CIRAM – Centro de Informações de Recursos Ambientais e de 
Hidrometeorologia de Santa Catarina 
DGR – Taxa de Crescimento Diária 
EPAGRI – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de 
Santa Catarina 
ETR – Taxa de Transferência de Elétrons 
FAO – Ogranização das Nações Unidas para Alimentação e Agrultura 
LAFIC – Laboratório de Ficologia 
LCM – Laboratório de Camarões Marinhos 
PAM – Fluorímetro de Amplitude Modulada 
PAR –Radiação Fotossinteticamente Ativa 
PC – Ficocianina 
PPB – Produção Primária Bruta 
UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 - INTRODUÇÃO..................................................................24 
1.1 - Kappaphycus alvarezii – taxonomia e estado da arte em Santa 
Catarina........................................................... ........................26 
1.2 - Aplicações industriais e comerciais........................................26 
1.3 - Revisão climatológica e geográfica da ilha de Santa 
Catarina.....................................................................................27 
1.4 - Objetivos. .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29 
2 - MATERIAL E MÉTODOS.............................................30 
2.1 - Condições experimentais.............................................30 
2.1.1 - MATERIAL BIOLÓGICO ....................................30 
2.1.2 - ESTRUTURA EXPERIMENTAL..........................................30 
2.1.3 - DESENHO EXPERIMENTAL..............................................33 
2.2 - Análises fisiológicas e bioquímicas.......................................35 
2.2.1 - ANÁLISE DE CRESCIMENTO.............................................35 
2.2.2 - ANÁLISES DE FOTOSSÍNTESE......................................35 
2.2.3 - ANÁLISES PIGMENTARES..................................................35 
2.2.4 - EXTRAÇÃO DE CARRAGENANAS...............................35 
2.3 - Análises estatísticas................ ......................................36 
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................36 
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................49 
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................50 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
A aquicultura cresceu nas últimas décadas como uma alternativa sustentável ao extrativismo marítimo 
Durante e depois da Segunda Grande Guerra, os países Aliados necessitavam de produtos da algicultura, prática 
dominada há milênios pelo Japão e China, o que deu um impulso maior para a pesquisa e desenvolvimentos 
ficológicos. Apesar do crescimento econômico e técnico de países do Ocidente, a Ásia mantém a hegemonia 
econômica da aquicultura, produzindo a maior parte da massa úmida de algas marinhas por ano. Os dados mais 
recentes da FAO apontam a produção de cerca de 27,307 milhões de toneladas de algas marinhas, num valor 
estimado de 6,4 bilhões de dólares. A maior quantidade de massa úmida produzida pertence às espécies 
Kappaphycus alvarezii (Doty) Doty ex P.C.Silvae Euchema spp., totalizando dez milhões de toneladas, 
produzidas com o objetivo de extrair carragenana (FAO 2016). 
Embora o cultivo pioneiro ocorra nas Filipinas e na Ásia tropical e pacífico Oeste (Trono, 1992), a alga 
vermelha K. alvarezii tem sido objeto de diferentes estudos acerca da viabilidade comercial no mundo todo 
(Bindu, 2010; Hayashi, 2008; Santos, 2014; Goes, 2009). A alga tem sido introduzida mundialmente e obtido 
sucesso comercial em diferentes localidades; na Tanzânia, por exemplo, a receita proveniente da produção da alga 
corresponde a 99% do lucro do país com aquicultura (Bindu, 2010). Para a introdução, entretanto, são necessárias 
análises locais com vários enfoques. No Brasil, tem-se estudado extensivamente o potencial invasor (Araújo, 
2013; Castelar, 2015), a viabilidade comercial e o potencial lucrativo (Santos, 2014), a resistência a diferentes 
salinidades (Reis et al., 2011; Hayashi et al., 2010), a variação temporal da taxa de crescimento com base nos 
fatores abióticos (Góes, 2009), e o uso como remediador em cultivo integrado com piscicultura (Hayashi, 2008). 
O estudo desta espécie pode representar uma forma de suprir a demanda comercial brasileira por 
ficocolóides como a carregana, beneficiar as comunidades costeiras e potencialmente diminuir o impacto 
biológico de outras espécies, se cultivada de maneira multitrófica (Hayashi, 2008). Apesar do dano que espécimes 
de Kappaphycus tem causado no Havaí através do crescimento vegetativo sobre recifes de coral (Conklin, 2005) e 
em algumas outras localidades onde foram introduzidos, como na Venezuela (Barrios, 2005), a alga não apresenta 
estruturas reprodutivas viáveis para o clima da costa catarinense, de acordo com a bibliografia estudada para sua 
adaptação no estado de Santa Catarina, além de chegar a parâmetros de crescimento comercialmente adequados 
(Nunes, 2010). Ademais, K. alvarezii também pode ser utilizada como um remediador ambiental por meio do 
cultivo multitrófico integrado com mexilhões e ostras, com potencial gerador de receita e capacidades de 
aproveitamento como monocultura, em ambientes em que não é possível cultivar os moluscos (Santos, 2014). 
Além dos estudos econômicos e análises de risco, outros trabalhos avaliam respostas de estresse 
fisiológico de K. alvarezii frente a diferentes variáveis bióticas e abióticas, de forma isolada ou concomitante. 
Hayashi et al. (2011) avaliaram o desempenho da alga frente a diferentes salinidades, e as mudanças celulares 
decorrentes do estresse salino. Barros et al. (2006) estudaram os efeitos combinados e isolados de luminosidade, 
temperatura e dosagens de agentes químicos que interferem no sistema de transferência de elétron dos tilacóides, 
por um período de 72 horas. O trabalho evidenciou o branqueamento das algas causado pela combinação entre alta 
luminosidade e baixa temperatura (12°C), e através da análise do pool de plastoquinonas, o estresse causado por 
irradiâncias acima de 500 𝜇mol fótons m-2 s-1, tanto em associação com as baixas temperaturas quanto 
isoladamente. Diferentes autores estudaram combinações de temperatura, salinidade e irradiâncias para avaliar as 
taxas de crescimento e sobrevivência de microalgas in vitro na tentativa de investigar as tolerâncias desses 
microorganismos às próprias condições abióticas em locais onde eles causam impacto econômico. É o caso do 
estudo de Kim et al. (2004) e Matsubara et al. (2007), avaliando parâmetros de crescimento e viabilidade das 
microalgas Cochlodinium.polykrikoides e Akashiwo sanguinea, causadoras de blooms algais nas algas do leste 
asiático e de danos econômicos. 
Entretanto, ainda faltam dados apropriados quanto à variação das respostas fisiológicas de K. alvarezii 
frente às particularidades climáticas da costa catarinense, os quais afetam diretamente a viabilidade do cultivo da 
alga marinha. Por exemplo, a oscilação de temperatura associada com a ocorrência de chuvas pode resultar em 
impactos significativos na manutenção de um cultivo (Goes et al., 2009). A temperatura pode variar de forma 
local através de ondas de calor/frio, e a presença de chuvas causa o incremento no aporte de água doce do oceano, 
principalmente nas camadas superficiais, resultando em diminuição da salinidade da água. Assim, as algas 
precisam apresentar tolerância a essas oscilações para que um cultivo tenha sucesso. A radiação também pode 
variar de acordo com as condições climáticas, inclusive ao longo do ciclo diário. No que diz respeito à radiação 
fotossinteticamente ativa (PAR), ela é fundamental para a fotossíntese e fotomorfogênese, enquanto que a 
radiação UV possui papel de modulação (positiva ou negativa) de respostas. 
 
 
 
1.1 - Kappaphycus alvarezii – taxonomia e estado da arte em Santa Catarina 
A macroalga K. alvarezii é nativa da região do sudeste asiático e cultivada extensivamente junto com 
Eucheuma spp., com o objetivo de obter carragenanas presentes em suas paredes celulares. A avaliação do 
potencial financeiro bem como seu estudo taxonômico pode ser traçado a partir de Doty (1973), quando ainda era 
classificada como uma espécie do gênero Eucheuma. A espécie pertence à família Soliariaceae, Ordem 
 
 
 
 
Gigartinales. É de habitat variável, encontrada abaixo da linha de maré, sobre recifes de coral, substratos arenosos 
com corais ou rochosos. A morfologia é variável, o talo pode ser grande e bem ramificado ou ramificado de forma 
densa e coberto com vários ramos pequenos e espinhosos. As paredes celulares são espessas, e a medula é 
composta por células grandes e arredondadas (Trono, 1992). 
K. alvarezii foi introduzida no Brasil no ano de 1995, na costa do estado de São Paulo, passando por um 
extenso período de experimentos em laboratório e cultivos experimentais (Paula et. al 1999). Desses cultivos, 
algumas variedades vêm sendo aproveitadas e mantidas, dentre as quais aquela designada como ―Édison de 
Paula‖, uma cepa de coloração marrom. Apesar de algumas dificuldades referentes à autorização para o cultivo, 
há estações de cultivo nos estados da Paraíba e do Rio de Janeiro e uma estação experimental em Santa Catarina, 
apoiada e mantida pelo Laboratório de Camarões Marinhos (LCM) do Departamento de Aquicultura da 
Universidade Federal de Santa Catarina. 
 
1.2 - Aplicações industriais e comerciais 
A aplicação mais difundida para a alga é a extração da carragenana, um polissacarídeo sulfatado 
produzido por espécies de Rhodophyta. Esse polissacarídeo consiste principalmente em galactanas sulfatadas, 
unidas em unidades poliméricas de dissacarídeos que se repetem. A massa molecular desse composto varia entre 
100 a 1000 kDa, e pode conter outros resíduos de carboidratos como xilose e glicose. Esse polissacarídeo pode, 
também, ser classificado diversas formas de acordo com a solubilidade em cloreto de potássio. Dentre as quais, as 
formas iota, kappa e lambda são algumas das que possuem importância comercial (Necas, 2013). 
Dentre as aplicações comerciais e industriais possíveis para a kappa carragenana (majoritária em K. 
alvarezii), está o uso difundido na indústria alimentar (70 a 80% da produção mundial total é destinada a esse 
fim), além de um imenso potencial na indústria farmacêutica, com propriedades antitumorais, imunomodulatórias 
e possivelmente antivirais (Campo, 2009). Os cultivos de Eucheuma spp. e Kappaphycus spp. tem satisfeito as 
demandas de carragenanas mundialmente por quatro décadas, por meio da sua introdução em diferentes 
comunidades costeiras e avanço na pesquisa e técnicas de cultivo, fornecendo também uma alternativa sustentável 
ao extrativismo costeiro (Bindu et. al., 2010). 
 
1.3 - Revisão climatológica e geográfica da Ilha de Santa Catarina 
A partir dos dados obtidos junto à EPAGRI/CIRAM para o período de 2016 para a região litorânea de 
Florianópolis é possível inferir, incialmente, que houve uma quantidade muito maior de chuva no verão do que no 
inverno, mas que os valores de temperatura e radiação diminuíram consideravelmente no período do inverno, com 
variação no período (Figura 1). A radiação em si chega a baixar pela metade nesses meses, o que serviu como 
base para os parâmetros diferenciais de radiação utilizados nos experimentos deste trabalho. A média das 
temperaturas médias do ar no período que corresponde ao inverno de 2016 foi de 16,32°C. A média das somas 
diárias da precipitação total da hora foi de 4,1mm (EPAGRI, CIRAM, 2016) 
 Carvalho et al. (1998) caracterizaram o perfil termohalino do Litoral Centro Norte Catarinense, no qual 
encontram-se as regiões de interesse para o presente trabalho. A temperatura da água do mar apresentou variação 
durante o período de inverno, entre valores médios de 17,81°C a 19,22°C. Os valores mínimos de salinidade 
detectados nessa estação indicam 26,20 para a profundidade de dois metros, superiores ao valor mínimo de 
salinidade do verão para a mesma profundidade, o que se explica pela maior precipitação típica do período 
(Tabela 1). As medições foram feitas desde profundidades de 2 metros até 40 metros, com os valores mínimos de 
salinidade encontrados na profundidade de 2 metros, devido à maior densidade da água salgada, tendendo a se 
acumular no fundo e à estratificação causada pela chuva (Katsaros, 1969). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1 – Gráficos de temperatura média elaborado com os dados obtidos através do CIRAM para o ano de 2016, 
para a região litorânea de Florianópolis. É possível avaliar uma queda brusca da temperatura logo pelo mês de 
abril, ocasionado pelas incursões de massas polares típicas do outono, associadas a períodos de céu nublado e 
 
 
 
 
encoberto, mas com pouca chuva e pouca umidade atmosférica. Essas condições se repetem no inverno, nos 
municípios litorâneos (Monteiro, 2001). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela 1: Valores médios de temperatura e salinidade para os anos de 1994 e 1995 em profundidades de 2 metros 
até 40 metros, coletados no litoral de Itajaí e imediações (Carvalho et al., 1998). 
 
 
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
Te
m
p
er
at
u
ra
 (
°C
) 
Z(m) MIN MAX MÉDIA σ MIN MAX MEDIA σ
-2 28.36 34.33 33.13 1.02 21.96 25.49 23.8 0.9
-10 33.59 35.23 34..36 0.44 18.24 24.04 22.25 1.22
-20 34.06 36.02 35.35 0.67 17.12 22.59 19.47 1.43
-30 34.9 36.08 35.66 0.4 16.22 18.76 17.63 0.82
-40 35.44 36 35.57 0.18 15.88 16.56 16.22 0.21
-2 24.74 35.55 31.84 2.65 23.39 26.82 25.09 0.85
-10 32.96 35.52 34.42 0.64 24.04 25.1 24.59 0.29
-20 34.58 35.51 35.18 0.25 24.29 24.85 24.51 0.15
-30 35.19 35.62 35.38 0.11 24.32 25.02 24.58 0.19
-40 33.94 25.94 35.32 0.94 18.83 21.99 20.29 1.43
-2 33.23 35.28 34.24 0.58 21.12 22.79 21.99 0.48
-10 33.26 35.29 34.39 0.58 21.13 22.74 21.97 0.46
-20 33.31 35.44 34.42 0.66 21.14 22.93 22 0.54
-30 33.34 35.02 34.37 0.67 21.17 22.49 21.98 0.54
-40 33.56 34.68 34.02 0.46 21.3 22.48 21.77 0.51
-2 26.2 32.27 29.84 1.45 17.39 19.04 18.07 0.31
-10 30.65 32.48 31.55 0.45 17.62 18.13 17.81 0.13
-20 31.66 34.03 32.34 0.48 17.63 19.17 17.96 0.29
-30 31.8 34.9 33.39 0.99 17.66 19.98 18.61 0.79
-40 33.84 34.94 34.36 0.44 18.74 19.63 19.11 0.41
TEMPERATURA (°C)
Primavera 94
Verão 95
Outono 95
Inverno 95
SALINIDADE (PSU-78)
 
 
 
 
 
1.4 Objetivos 
Este trabalho teve o intuito de avaliar a tolerância da macroalga K. alvarezii frente a choques 
termohalinos e de radiação em laboratório, por um período de dois dias. Foram realizados diferentestratamentos 
para verificar o efeito da interação entre os diferentes estressores, bem como a capacidade de recuperação da alga. 
 
 
 
 
 
2. MATERIAL E MÉTODOS 
2.1 – Condições experimentais 
2.1.1 - MATERIAL BIOLÓGICO 
A cepa de K. alvarezii para o presente estudo foi isolada e vem sendo mantida na Seção de Macroalgas 
Laboratório de Camarões Marinhos (LCM) da UFSC, sob supervisão da professora Dra. Leila Hayashi. Alguns 
fragmentos de talos dessa cepa foram transferidos para cultivo no Laboratório de Ficologia da UFSC, no 
Departamento de Botânica. Seguindo o protocolo de condições de cultivo ideais de Paula et al. (2001), o material 
foi mantido na densidade de 7 gramas por litro, na temperatura de 25±2ºC, salinidade de 35 e PAR de 200±10 
𝜇mol fótons m-2 s-1. A nutrição foi realizada com solução de von Stosch (Edwards, 1970) modificada por Plastino 
(1985) na concentração de 100%, uma vez por semana. Assim que foi cultivada a biomassa necessária, deu-se 
início ao experimento, com período de uma semana de aclimatação. Ao final do período experimental, foram 
observados e tomados os devidos cuidados com o descarte das algas, mantendo os talos em álcool até o completo 
branqueamento antes de descartar e evitando que qualquer pedaço de alga entrasse viável na rede de esgotos. 
 
2.1.2 - ESTRUTURA EXPERIMENTAL 
O experimento foi feito com frascos de 250 mL, aerados constantemente com bombas compressoras de ar 
ACO-001 Boyu elétrico, com o uso de cânulas e mangueiras. Foram usados fragmentos de talos pesando 
aproximadamente 1g em cada frasco. As algas então passaram por um período de aclimatação de uma semana nas 
condições de 25°C, salinidade de 35 e PAR de cerca de 500 𝜇mol fótons m-2 s-1, na estrutura montada conforme 
apresentado na Figura 2. Cada conjunto de frascos foi mantido em uma estrutura básica, consistindo em bandeja, 
bomba aeradora dentro da bandeja, haste aquecedora de aquário ROBESBON 25w, datalogger de temperatura Pb-
free RoHS compliant Maxim Integrated e os frascos contendo as algas. 
Para os dados de temperatura, salinidade e radiação no trabalho, foi usado um trabalho de caracterização 
das águas catarinenses (Carvalho et al., 1998) e os dados do CIRAM de Santa Catarina para o ano de 2016, como 
referência, de forma a encontrar valores de controle e variantes. A montagem das bandejas experimentais foi na 
Sala de Mergulho do LAFIC. Através da iluminação e da implementação de papel alumínio na parte interna das 
bandejas, por trás das lâmpadas e nas paredes, foi possível chegar a valores de até 500 𝜇mol fótons m-2 s-1. Para 
chegar a valores referentes a 50% dessa quantidade de PAR, as bandejas experimentais submetidas à essa 
condição foram cobertas com sombrite. Todos tratamentos tiveram a quantidade de PAR medida com o uso de 
quantômetro associado ao equipamento Diving PAM (Walz, Effeltrich, Alemanha). 
Para reduzir a salinidade, uma quantidade de água salgada foi diluída com água destilada até se alcançar o 
valor desejado. Com a finalidade de reduzir a temperatura, o ar condicionado da sala foi ajustado para 17°C. Nas 
bandejas cujas temperaturas deveriam ser mantidas a 25°C, foram inseridos termostatos de aquário. Os frascos 
foram mergulhados em água doce, a qual era aquecida pelo aparelho e mantinha-se circulando pela bandeja e 
esquentando os frascos uniformemente com o uso de bombas de água submersas BSBminiC220V. A temperatura 
dos cultivos foi monitorada tanto com o uso de termômetros quanto de dataloggers. 
 
 
 
 
 
 
Figura 2 – Estrutura experimental montada na sala de mergulho, com as bandejas e cânulas de aeração. O sistema 
contou com o uso de três bombas de aeração distribuídas entre os 32 frascos, não mostradas na imagem, ligadas às 
mangueiras que, por sua vez, levavam o ar para os reguladores de pressão de forma a distribuir a aeração de forma 
igualitária a todos os frascos. As mangueiras foram mantidas suspensas presas por fios amarrados ao teto, de 
forma a mantê-las sempre retas e não cortar o fluxo de ar. Nas bandejas, é possível observar as bombas aeradoras 
imersas em água, para circular o líquido no qual os frascos estão imersos e uniformizar a temperatura à qual todos 
foram submetidos. 
 
Diariamente, desde a aclimatação, foram feitas medidas de fotossíntese a partir da fluorescência da 
clorofila a, a partir de pulsos de amplitude modulados providos por fluorímetros do tipo PAM das algas, com o 
uso do equipamento Water PAM (Walz, Alemanha). A primeira medida foi realizada no período escuro de 12h do 
ciclo diário de iluminação, que contou com fotoperíodo de 12h, quando foi feita a segunda medida. 
Para cada medição, foi retirado um pedaço aleatório de alga de cada frasco e colocado em uma placa de 
Petri com água salgada (ou água com a metade da salinidade, quando se tratava de um frasco testado para este 
parâmetro). A fibra óptica do fluorímetro foi colocada encostada à alga e o pulso de saturação disparado. Além 
desse mesmo procedimento, foi também medida a transmitância do talo, no caso da medida feita no período claro 
do fotoperíodo. Para realizar essa tarefa, a alga era colocada sobre um anteparo escuro sob uma lâmpada forte. O 
pedaço do talo ficava posicionado bem acima do quantômetro do aparelho Diving PAM (Waltz, Alemanha), de 
acordo com a Figura 3. Também foi medida a salinidade de cada frasco, utilizando um Refratômetro Analógico 
Brix RHB32. Com o frasco ainda aberto, foi realizada a nutrição diária de cada frasco com a aplicação de 1mL de 
solução von Stosch 100% modificada com o uso de uma pipeta automática. 
 
 
 
Figura 3 – Estrutura montada para análise da absorbância de cada talo. Uma lâmpada fluorescente montada com 
um funil revestido de papel alumínio para fornecer e focar a luz. Embaixo, um anteparo para colocar a alga. Um 
ponto do anteparo é furado e, através do furo, colocado o sensor do quantômetro fixado ao fundo da bandeja por 
fita adesiva, de forma a medir a luz passando sem a interferência da alga e depois, medir a luz passando através da 
alga, de forma a comparar os valores e atingir a absorbância de cada amostra. 
 
 
 
 
 
No fim de cada dia, com o uso do quantômetro também se verificou a quantidade de fótons à qual 
estavam submetidos os tratamentos, nas localizações de cada bandeja, de forma a garantir que a quantidade de luz 
mantivesse valores constantes durante o experimento. 
 
 
2.1.3 – DESENHO EXPERIMENTAL 
 
O número de frascos usados foi de 32, consistindo de oito tratamentos com quatro réplicas em cada um. 
Cada tratamento tinha sua própria bandeja, e a cada vez que foi necessário realizar alguma medição ou trabalho 
com os frascos, eles tiveram a localização dentro da bandeja ―embaralhada‖, e o mesmo ocorreu com a 
localização de cada bandeja individual dentro da prateleira, a fim de homogeneizar as variações de temperatura e 
umidade na sala. 
O arranjo das bandejas consistiu de oito condições experimentais, conforme a Tabela 2 a seguir. 
 
Tabela 2 – Condições experimentais aplicadas no cultivo de K. alvarezii considerando os três tipos de variáveis 
categóricas, Temperatura, Salinidade e Radiação (PAR). Duas variações de cada variável foram aplicadas 
(salinidade de 35 e 18, temperatura de 25°C e 17°C, PAR de 500𝜇mol fótons m-2 s-1 e de 200 𝜇mol fótons m-2 s-1), 
totalizando oito combinações possíveis, categorizadas em ―tratamentos‖ de 1 a 7 e em um tratamento controle. 
Para cada tratamento, foram usadas quatro réplicas, constituindo um total de 32 frascos com amostras 
experimentais. 
Tratamentos Temperatura Salinidade PAR 
Controle 25 35 500 
T1 17 35 500 
T2 17 18 200 
T3 25 18 500 
T4 17 35 200 
T5 25 35 200 
T6 17 18 500 
T7 25 18 200 
 
O experimento ocorreu efetivamente durante sete dias. Na semana anterior ao experimento, os frascos 
haviam todos sido submetidos às condições de controle e mantidos na sala de cultivo com a estrutura montada 
para o trabalho, deforma a aclimatá-los. No dia inicial do experimento, os talos foram removidos dos frascos e 
repesados para que todos tivessem o peso uniforme de 1 grama. 
No dia 3, os espécimes foram transferidos da condição controle às condições experimentais observadas na 
tabela 1 (sendo que uma das condições implicava em manter-se no tratamento controle) e tiveram os parâmetros 
de rendimento quântico efetivo e absortância medidos duas vezes. No dia seguinte, à tarde, manteve-se o 
tratamento e a quantidade de medições. Na fase clara do dia 5, as condições experimentais foram mantidas e 
monitoradas, sendo depois desse período, todas as amostras nos tratamentos foram devolvidas ao estado inicial 
(condições de controle). As algas passaram o dia 6 e 7 nas condições de controle para permitir algum tempo de 
recuperação de um eventual estresse que pudessem ter apresentado durante o período de submissão aos 
tratamentos. 
Na tarde e noite do dia 7 o experimento foi encerrado, com a retirada das algas. As amostras foram 
pesadas para medir a taxa de crescimento diária conforme Yong et al (2013). As amostras foram levadas para uma 
estrutura montada com lâmpadas fluorescentes, uma câmara escura e um oxímetro YSI 5000 Waiser Scientific de 
forma a medir as taxas de respiração e fotossíntese e medir a produção primária bruta (PPB). Foram separados 
pedaços de amostra para mensurar as quantidades de pigmentos fotossintetizantes e carragenanas. O detalhamento 
dos métodos analíticos está apresentado a seguir. 
 
2.2 - Análises fisiológicas e bioquímicas 
2.2.1 – ANÁLISE DE CRESCIMENTO 
A taxa de crescimento diária foi analisada utilizando a fórmula recomendada por Yong et al.(2013): 
 (
 
 
)
 
-1] X 100% . O cálculo da biomassa foi realizado num período de sete dias, com pesagem da biomassa 
fresca inicial antes do experimento e pesagem final após o término. 
 
2.2.2 – ANÁLISES DE FOTOSSÍNTESE 
 
 
 
 
A fotossíntese da alga foi acompanhada com a análise das respostas de fluorescência da clorofila a 
associada ao fotossistema II, utilizando fluorímetros de pulso de amplitude modulada (WaterPAM, com luz 
vermelha). Com o experimento em andamento, foram mensuradas as taxas de rendimento quântico máximo 
(Fv/Fm) e Efetivo (YII), a PAR ou FFF (Fluxo de Fótons Fotossintetizantes), e a absortância das amostras. Dessa 
forma, foi possível mensurar a Taxa de Transferência de Elétrons (ETR), através do da fórmula 
ETR=Absortânca*Yield*PAR*0,15, sendo o 0,15 a proporção de fótons absorvido pelo fotossistema II no caso 
das Rodófitas. 
 
2.2.3 – ANÁLISES PIGMENTARES 
 Usando o espectrofotômetro, foi feita a análise pigmentar de acordo com os protocolos de Beer e Eshel 
(1985) e de Ritchie (2006) para quantificar as ficobiliproteínas. A extração dos pigmentos foi feita utilizando uma 
solução de tampão fosfato 0,1 M pH 6,8. As amostras foram maceradas no nitrogênio líquido, submetidas à 
solução pelo período de 1h e centrifugadas por 10 minutos em 5000g em uma centrífuga Sigma G-15. Depois 
foram lidas no espectrofotômetro Biospectro sp 220. 
 
2.2.4 – EXTRAÇÃO DE CARRAGENANAS 
Para a extração, amostras de 0,160g de cada frasco foram submetidas a tratamento de extração em água e 
álcool, e o rendimento, calculado através da relação entre o peso inicial e o final das amostras. A metodologia 
usada foi a de Rodrigues et al. (2011), consistindo de secagem das algas em estufa a 60°C, seguido por maceração 
com nitrogênio líquido em almofariz e pistilo. O peso das amostras foi padronizado em 0,160g e foram colocadas 
em tubos falcon de 50ml contendo 6ml de água destilada. Os frascos foram então autoclavados por 1h a 121°C e 
antes de esfriarem, centrifugados por 10 minutos a 4000 rpm. Após a centrifugação, o sobrenadante foi retirado e 
transferido para outro tubo falcon de 50ml, com a adição de 18ml de álcool comercial 92,8°. As amostras foram 
guardadas em uma geladeira a 4°C por uma noite, e centrifugadas outra vez a 10 minutos e 4000 rpm. O 
sobrenadante foi retirado e descartado. Os pellets, consistindo da carragenana depositada no fundo, foram 
colocados em placas de petri sobre papel vegetal e secos na estufa a 60°C por 48 horas, seguindo-se por uma 
pesagem. Os resultados da extração foram expressos em porcentagem na análise estatística. 
 
2.3- ANÁLISES ESTATÍSTICAS 
As análises utilizadas foram o teste de validação de Cochran, para estudar as validações preliminares de 
normalidade e homogeneidade de variâncias. Foi também utilizada a análise de variância (ANOVA) para avaliar o 
efeito dos três fatores (luz, temperatura e salinidade) isoladamente ou em interação, e o teste de correlação de 
Pearson. Os testes foram realizados com o programa STATISTICA 7. 
 
 
3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Os tratamentos com baixa temperatura e salinidade apresentaram, visivelmente, mudanças de coloração e 
de textura (Figura 4). Os talos apresentaram uma coloração verde clara quando comparada à do tratamento 
controle, e maior flexibilidade e inconsistência ao toque. Nenhum espécime morreu, teve perda completa de 
pigmentos ou apresentou perda de peso, já que todas as taxas de crescimento foram positivas, mas a mudança de 
pigmentação e textura remete ao experimento de Hayashi (2011), indicando desorganização de membrana dos 
cloroplastos e outras organelas, decorrente da turgidez do estresse osmótico. 
 
 
Figura 4 – Os dois frascos à esquerda representam o tratamento controle, e os dois à direita, o tratamento 6 (17S 
PAR 500 18°C). As amostras desse tratamento apresentaram coloração mais clara do que os demais, e textura 
mais emborrachada. Nenhuma amostra apresentou ice-ice. 
 
 
 
 
 
 
A variante verde de K. alvarezii foi estudada em condições de laboratório similares por Araújo et al. 
(2014). No estudo, diferentes amostras da alga foram coletadas em estações de seca e de chuva. Os espécimes 
então foram submetidos, em laboratório, a variações de temperatura e salinidade, de forma a testar sua resistência 
e plasticidade. No estudo citado, a variante verde apresentou taxas de crescimento superiores àquelas das demais 
variantes quando submetida às mesmas condições, em todos os casos, o que indica maior plasticidade fisiológica 
desta frente às mudanças citadas. Esses resultados são mais significativos, entretanto, ao analisar as interações da 
variante verde frente às condições experimentais, e correlacionáveis com os resultados obtidos com o presente 
trabalho. Entretanto, o trabalho de Araújo et al. (2014) não avaliou a capacidade de recuperação da espécie após a 
exposição aos tratamentos causadores de estresse fisiológico. 
As taxas de crescimento diárias dos tratamentos mudaram de acordo com as interações cruzadas entre 
salinidade e temperatura e entre PAR e temperatura, separadamente (Tabela 3). O crescimento da espécie se 
apresentou mais elevado com os tratamentos de PAR 500 e temperatura de 25°C (Figura 6). No caso da interação 
entre salinidade e temperatura, o crescimento foi maior nas amostras que estiveram expostas salinidade de 18 
(Figura 7). Ao analisar o efeito da salinidade isolado e em conjunto com os outros fatores, as algas submetidas às 
menores salinidades tiveram resultados superiores de taxa de crescimento do que aquelas com maior salinidade, o 
que é difícil de explicar frente à literatura existente (Hayashi, 2011; Reis, 2010). As algas do experimento, 
entretanto, respondem de maneira condizente com a literatura quanto à resposta fisiológica frente à alteração de 
temperatura, descrita como um fator limitante para o crescimento (Bulboa et al, 2005; Trono, 1992). 
 
Tabela 3 – Resultados da Anova com os campos em negrito indicando interações significativas com um intervalo 
de confiança de 95% (alfa<0.05). DGR: Taxa de Crescimento diária. ETR: Taxa de transferência de elétrons. Os 
dados utilizados foram para o último dia do período de recuperação do experimento. A Temperatura e a 
Salinidade, isoladamente,foram as variáveis com maior influência sobre a Taxa de Crescimento. A DGR também 
sofreu influência conjunta da interação cruzada entre salinidade*temperatura e PAR*temperatura. Os níveis de 
Ficocianina foram influenciados pela salinidade. A quantidade de carragenana foi influenciada majoritariamente 
pela interação entre PAR*temperatura. O ETR, pela salinidade e PAR, isoladamente. O Rendimento Quântico 
Máximo (Fv/Fm) foi influenciado por todas as variáveis, ao que indica a tabela. 
 
 
 
 
 
 
 
. 
1 Sal PAR Temp Sal*PAR Sal*Temp PAR*Temp Sal*Temp*PAR Erro Total
Grau de Liberdade 1 1 1 1 1 1 1 24 31
SS 51.871 1.780 24.123 0.668 3.530 11.260 2.584 18.010 113.824
MS 51.871 1.780 24.123 0.668 3.530 11.260 2.584 0.750
F 69.124 2.372 32.146 0.890 4.704 15.005 3.443
p 0.000000 0.136611 0.000008 0.354984 0.040222 0.000725 0.075837
SS 0.001936 0.000061 0.000002 0.000289 0.000042 0.000000 0.000010 0.002374 0.004715
MS 0.001936 0.000061 0.000002 0.000289 0.000042 0.000000 0.000010 0.000099
F 19.5722 0.6189 0.0187 2.9246 0.4288 0.0037 0.1056
p 0.000180 0.439151 0.892396 0.100140 0.518828 0.951737 0.747999
SS 0.00098 0.00014 0.00154 0.00323 0.00206 0.00205 0.00520 0.00736 0.02255
MS 0.00098 0.00014 0.00154 0.00323 0.00206 0.00205 0.00520 0.00031
F 3.18 0.47 5.03 10.53 6.72 6.68 16.97
p 0.087078 0.498877 0.034489 0.003445 0.015998 0.016242 0.000389
SS 23.9217 4.6100 1.8016 0.0073 0.3720 0.5364 0.2515 10.5842 42.0847
MS 23.9217 4.6100 1.8016 0.0073 0.3720 0.5364 0.2515 0.4410
F 54.2433 10.4532 4.0852 0.0166 0.8435 1.2163 0.5702
p 0.000000 0.003544 0.054549 0.898479 0.367526 0.281025 0.457537
SS 0.01502 0.40500 0.50669 0.61236 0.04302 0.56180 0.12169 1.38367 3.64924
MS 0.01502 0.40500 0.50669 0.61236 0.04302 0.56180 0.12169 0.05765
F 0.2606 7.0248 8.7886 10.6214 0.7462 9.7445 2.1107
p 0.614396 0.014006 0.006750 0.003328 0.396224 0.004640 0.159221
SS 0.001678 0.002481 0.004530 0.001336 0.001021 0.012433 0.000534 0.026418 0.050431
MS 0.001678 0.002481 0.004530 0.001336 0.001021 0.012433 0.000534 0.001101
F 1.525 2.254 4.116 1.214 0.928 11.295 0.485
p 0.228852 0.146340 0.053721 0.281557 0.345113 0.002596 0.492705
Carragenana
PPB
ETR
Fv/Fm
Ficocianina
DGR
 
 
 
 
 
Figura 5 – Taxa de crescimento diária (DGR) em função da interação entre PAR e Temperatura. No 
gráfico, nota-se que os tratamentos com maior temperatura apresentaram taxas de crescimento superiores a 
7% ao dia. O tratamento que apresenta maior taxa de crescimento diária é o PAR500 25°C 
 
 
 
 
Figura 6 – Taxa de crescimento diária (DGR) em função da salinidade e temperatura, mostrando valores 
diferentes entre os tratamentos com diferentes salinidades. Valores maiores para S18 25°C, seguido 
estatisticamente por S18 17°C e S35 25°C. A menor taxa de crescimento foi devido à S35 17°C, o que indica o 
papel da menor temperatura como o responsável pela menor taxa de crescimento. 
 
A taxa de transferência de elétrons (ETRs)de K. alvarezii foi influenciada pela salinidade e pela 
irradiância isoladamente (Tabela 3). As ETRs foram maiores em algas cultivadas a 35 do que em 18, e também 
maiores quando as algas receberam menos luz (Figuras 7 e 8).Guan et al (2013) discorrem acerca da 
adaptabilidadade maior da alga a condições de luz relativamente fracas, apresentando uma taxa de transferência de 
elétrons maior quando submetida à luminosidade de 100𝜇mol fótons m-2 s-1, quando em comparação a algas 
submetidas à PAR de 200𝜇mol fótons m-2 s-1. Entretanto, no trabalho citado, os autores discorrem acerca da 
plasticidade da alga a condições de luz baixa e elevada. No presente estudo a PAR reduzida a valores de cerca de 
50% nas condições experimentais (correspondentes a valores de 150-200𝜇mol fótons m-2 s-1) podem ter 
estimulado a ocorrência de uma ETR maior, ou evidenciado que a adaptabilidade da alga a valores elevados de 
PAR é plástica o bastante para permitir uma rápida volta à funcionalidade quando devolvidas aos padrões ótimos 
de radiação. 
 
c
 
a
 
b
 
ab 
0
2
4
6
8
10
12
P
A
R
5
0
0
 
2
5
°C
 
P
A
R
5
0
0
 
1
7
°C
 
P
A
R
2
0
0
 
2
5
°C
 
P
A
R
2
0
0
 
1
7
°C
 
D
G
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 (
%
.d
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-1
) 
a 
b 
c 
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0
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S
 
2
5
°C
 
3
5
S
 
1
7
°C
 
1
8
S
 
2
5
°C
 
1
8
S
 
1
7
°C
 
D
G
R
 (
%
.d
ia
-1
) 
 
 
 
 
 
Figura 7 – Taxas de transporte de elétrons (ETR) de K.alvarezii em função da salinidade, com agrupamento e 
média de todos os tratamentos com salinidade de 18 e salinidade de 35. Pode-se atribuir valores de taxa de 
transferência de elétrons inferiores a 3 para os tratamentos com salinidade 18, e superiores a 4 para os tratamentos 
com 35 de salinidade, o que constitui também, de acordo com a análise estatística, uma diferença significativa. 
 
 
 
Figura 8 – Gráfico do ETR em função do PAR, com todos os tratamentos agrupados em relação a essa variável 
categórica. Os tratamentos com PAR de 500𝜇mol fótons m-2 s-1 apresentaram taxas de transferência de elétrons 
significativamente inferiores aos tratamentos com menor PAR. 
 
 
Os valores de ficocianinas, de modo geral, apresentaram valores menores quando as algas foram 
submetidas à salinidade reduzida, como conseqüência da influência significativa do fator salinidade para 
quantidade de ficobiliproteínas na espécie (Tabela 3). Macler (1988) estudou a quantidade de ficobiliproteínas 
para a alga Gelidium coulteri exposta a baixas salinidades, e constatou uma redução de pigmentos 
fotossintetizantes em resposta a essa exposição, com perda maior durante o período inicial da exposição e 
tendência para estabilização ao longo do tempo. No trabalho de Araújo et al. (2014), as algas coletadas nos meses 
chuvosos apresentavam menor conteúdo de ficobiliproteínas do que as algas coletadas nos meses secos, 
reforçando a diminuição de pigmentos ocorrida com menor salinidade. Isso é explicável devido à necessidade de 
absorção de nitrogênio para a formação da ficocianina, assim como qualquer ficobiliproteína (Beale, 1993) e pode 
ser teorizado com a interferência do estresse osmótico na absorção de nitrogênio pelo organismo. 
 
 
 
a 
b 
0
1
2
3
4
5
6
S 1 8 S 3 5 
ET
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 (
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n
s.
m
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-1
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2
3
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5
6
P A R 5 0 0 P A R 2 0 0 
ET
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m
m
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l e
lé
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o
n
s.
m
-2
.s
-
1
) 
 
 
 
 
 
Figura 9 – Gráfico de ficocianina (mg/g⁻¹) em função da salinidade, com os tratamentos agrupados de acordo com 
essa variável. À esquerda, os tratamentos com maior salinidade, apresentando valores superiores a 0,03 mg mL
-1
. À 
direita, os tratamentos com salinidade de 17, apresentando menores valores, o que indica uma correlação positiva 
entre ficocianina e salinidade. 
 
A produção primária bruta foi influenciada, separadamente, pela temperatura e pelo PAR, apresentando 
valores menores de oxigênio para temperatura de 17°C e para a PAR 200. 
 
 
 
 
Figura 10 – Gráfico de PPB (mg O2/L) para os tratamentos com diferentes temperaturas. À esquerda, todos os 
tratamentos com temperatura de 20°C, apresentando PPB de 1mg de O2 por litro. À direita, tratamentos com 
menor temperatura, apresentando valores perto de 0,8, o que indica uma correlação positiva entre temperatura e 
Produção Primária Bruta, para os valores analisados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
a 
b 
0
0,005
0,01
0,015
0,02
0,025
0,03
0,035
0,04
0,045
0,05
S 3 5 S 1 8 
Fi
co
ci
an
in
a 
(m
g/
gM
S-
1 )
 
b 
a 
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
25°C 17°C
P
ro
d
u
çã
o
 P
ri
m
ár
ia
 B
ru
ta
 
 
 
 
 
 
Figura 11 – Produção Primária Bruta em função da PAR, com maior quantidade de oxigênio para as amostras 
sujeitas aos maiores valores de PAR. À esquerda, os tratamentos estão agrupados entre aqueles com PAR de 500, 
e à direita, agrupados entre PAR 200. O gráfico indica uma correlação positiva entre PAR e PPB, para os valores 
analisados neste trabalho.A variação do rendimento quântico máximo (Fv/Fm) pôde ser atribuída a cada variável categórica agindo 
em interação com as demais (Tabela 3). Na tripla interação entre as variáveis categóricas, o menor valor de Fv/Fm 
observado foi encontrado no tratamento de 17°C18SPAR500, com uma média de 0.54. O maior valor observado, 
entre 25°C18SPAR500, na média de 0.60. Aparentemente, o que separa o PAR100% de elevar a fluorescência ou 
reduzi-la é a Temperatura. No geral, nenhum resultado obtido das amostras com 17°C18S foi estatisticamente 
semelhante ao maior resultado. Entretanto, no grupo de amostras submetidas à alta temperatura, os resultados de 
25°C35SPAR500 e 25°C18SPAR200 foram estatisticamente semelhantes aos menores resultados; no primeiro 
caso, todas as condições de temperatura e salinidade estão de acordo com as faixas preferenciais citadas para a 
alga pela literatura, mas o PAR500 atuaria como um estressor. No segundo caso, a conjunção entre Salinidade e 
PAR aparenta causar maior estresse para a alga. 
Lapointe et al. (1984) fizeram um trabalho avaliando a influência da interação entre PAR e temperatura 
para o crescimento e fotossíntese de Gracilaria tikvahiae. Esses autores observaram a tendência de uma variável 
―compensar‖ a falha de outra, com influência maior da temperatura para o crescimento. Entretanto, a temperatura 
modifica a luminosidade para as taxas de respiração dependentes da temperatura, afetando a fotossíntese e 
consequentemente a curva de crescimento porque funciona como um ―gatilho‖ sazonal, até certo ponto. Nas 
variações de 20°C até 30°C, no trabalho deste autor, a luz torna-se o fator mais importante. 
 
 
 
 
b 
a 
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
PAR 500 PAR 200
P
ro
d
u
çã
o
 P
ri
m
ár
ia
 B
ru
ta
 
bc abc 
d bcd cd 
a ab abc 
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
35S
PAR500
17°C
18S
PAR200
17°C
18S
PAR500
25°C
35S
PAR200
17°C
35S
PAR200
25°C
18S
PAR500
17°C
18S
PAR200
25°C
35S
PAR500
25°C
Fv
/F
m
 
 
 
 
 
Figura 12 – Gráfico de Fv/Fm, com o efeito da interação entre as três variáveis categóricas. O menor valor 
observado foi o de 17S PAR200 18°C, e o maior valor, para as algas cultivadas em 17S PAR 500 25°C, com 
todos os demais valores apresentando pouca diferença significativa uns dos outros. 
 
 
 
Figura 13 – Gráfico de Fv/Fm (rendimento quântico máximo) ao longo do período experimental. Cada 
tratamento encontra-se representado por cores e marcadores diferentes. O dia 0 marca o dia inicial do 
experimento. A mudança das condições de PAR, temperatura e salinidade ocorreu efetivamente na tarde do dia 
3 e foi revertida na tarde do dia 5. O tratamento que apresentou maior diminuição nos dados de Fv/Fm foi o 
17S PAR50018°C, com valores de rendimento que chegaram a 0,4. Entretanto, depois da interrupção das 
condições estressantes, todas as amostras apresentaram valores superiores a 0,5. 
 
Os resultados de rendimento das carragenanas demonstraram influência significativa da interação entre 
PAR e temperatura (Tabela 3). As algas com melhor rendimento foram aquelas submetidas à 25°CPAR100%. 
Aquelas sujeitas 25°CPAR50% tiveram rendimento menor do que as algas em temperatura reduzida. Não foi 
possível encontrar bibliografia relacionando o rendimento de carragenanas à intensidade da PAR, mas os 
resultados parecem indicar que quantidades superiores de fótons ajudam na produção de mais carragenanas, 
quando a alga estiver em um meio com temperaturas de 25°C, indicando uma associação entre essa faixa de 
temperatura e valores de irradiância próximos a 400𝜇mol fótons m-2 s-1 com uma produção elevada de 
carragenanas. 
 
 
 
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0 1 2 3 4 5 6
Fv
/F
m
 
Dias 
35S PAR500 17°C
18S PAR200 17°C
18S PAR500 25°C
35S PAR200 17°C
35S PAR200 25°C
18S PAR500 17°C
18S PAR200 25°C
35S PAR500 25°C
ab ab 
b 
a 
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
PAR500
25°C
PAR500
17°C
PAR200
25°C
PAR200
17°C
C
ar
ra
ge
e
n
an
as
 m
g/
g 
D
W
 
 
 
 
 
Figura 14 – Peso seco da carragenana, em miligramas/gramas de peso seco, em função da interação entre 
Temperatura e PAR. O tratamento que rendeu menos carragenana por peso seco foi o PAR200 25°C, com menos 
de 400 mg/g. Os demais tratamentos apresentaram quantidades superiores a 400 mg/g. 
 
 
Os diferentes parâmetros fisiológicos avaliados em K. alvarezii apresentaram resultados intrigantes. Por 
exemplo, entre a taxa de crescimento diária (DGR) e Ficocianina (PC), foi medido uma correlação negativa, e 
entre a DGR e a taxa de transferência de elétrons (ETR), positiva. Os tratamentos com maior DGR tendiam então 
a apresentarem menor quantidade de Ficocianina e maior ETR. Entre ETR e PC, também foi verificada uma 
correlação negativa, o que é curioso ao se considerar o papel das ficobiliproteínas para os fotossistemas. O Fv/Fm, 
por outro lado, não apresentou correlação significativa com nenhuma outra variável da tabela. 
 
 
Tabela 4 – Resultados do teste de Correlação de Pearson entre as variáveis dependentes avaliadas em K. alvarezii 
submetida a condições de variação de temperatura, luz e salinidade. 
 
 
 
 
Um fator impactante para o aumento da taxa de crescimento da variante verde de K. alvarezii é a baixa 
salinidade (18) em conjunção com a temperatura de 25°C. A temperatura de 17°C, nesse caso, está ligada a 
resultados mais baixos, em conjunção com quaisquer estados das outras variáveis categóricas. No caso do ETR, 
da mesma forma, a principal influência foi da salinidade, com maiores resultados de ETR para as menores 
salinidades e menor PAR, independente da temperatura. Isso parece sugerir uma maior suscetibilidade da alga à 
salinidade do que à temperatura, num período de menos de 72 horas, quanto ao crescimento, e um efeito 
compensatório de K. alvarezii frente à salinidade baixa em conjunto de outras variáveis em estado ótimo. 
 Ao mesmo tempo, na análise estatística, o rendimento de carragenanas mostra-se maior na dupla 
interação entre baixa temperatura e PAR, para o período do experimento. Sabendo-se através da bibliografia 
estudada que a alga não suporta um período maior do que 72 horas submetida à salinidade inferior ao valor 
estudado (Hayashi, 2011), um período de estresse de salinidade maior do que esse período seria letal aos 
espécimes. Também pelo trabalho de Santos, 2014, ligando a diminuição crescente da taxa de crescimento da alga 
à queda de temperatura e correlacionando isso aos resultados, um período maior do que o de dois dias poderia 
provar-se letal ao experimento. 
Entretanto, o trabalho presente mostra uma resistência compensatória da alga frente algumas dessas 
variações, não apresentando nenhum exemplar morto ou contaminado por ice-ice, quando submetido à 
temperatura de 17°C, salinidades baixas e PAR de 500 𝜇mol fótons m-2 s-1. Uma das taxas de crescimento diárias 
mais elevadas, também, foi para os espécimes submetidos à menor salinidade associada à menor temperatura. Para 
compreender melhor a resistência da alga às variações climáticas seria necessário realizar diferentes experimentos, 
com repetição e variação de cada uma dessas condições ao longo do ritmo circadiano da alga e simulando as 
condições em campo, o que poderia provar-se inviável, ou analisar a resposta de exemplares in situ, expostos às 
intempéries. Ao menos é possível constatar a sobrevivência pontual por um período de dois a três dias sujeitos a 
essas mudanças termohalinas em laboratório. 
 
4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
 
 
A introdução de K. alvarezii no cenário maricultor brasileiro deveu-se em muito à necessidade de 
independência da indústria de ficocolóides brasileira. Entretanto, isso é um resultado difícil de alcançar devido à 
insuficiência de informações para a tomada de decisão e, consequentemente, baixo cultivo da alga em comparação 
a outras culturas tradicionais da maricultura, como mexilhão e ostras.No Brasil, o parque aquático com melhor 
desenvolvimento para a aquicultura é atualmente o de Santa Catarina, responsável pela maior parte da 
ostreicultura no País, mas com mudanças climáticas que dificultam grandemente a algicultura da K. alvarezi. O 
estudo atual teve o objetivo de ampliar o conhecimento das resistências de K. alvarezii em relação a condições 
laboratoriais inspiradas no clima catarinense e auxiliar acadêmicos e maricultores na tomada de decisões para o 
cultivo e cuidados com esta cultura. 
Os resultados mostram um acréscimo do teor de carragenana associado à queda de temperatura para o 
período estudado. Também é aparente que a taxa de crescimento não diminui tanto se o espécime é submetido à 
redução de temperatura junto com a de salinidade. Os resultados também mostraram uma redução no rendimento 
quântico máximo em alguns tratamentos, mas prontamente recuperados em 2 dias quando devolvidos às 
condições controle, sem os fatores de estresse. Essas descobertas, embora interessantes, precisariam ainda ser 
testadas in situ antes de serem adequados à realidade maricultora catarinense. 
 
 
 
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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