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Agente sociambiental 1

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Orientar os atores sociais 
sobre prevenção, promoção e 
desenvolvimento socioambiental
UNIDADE CURRICULAR 1
CURSO 
Agente de Desenvolvimento Socioambiental
UNIDADE CURRICULAR 1
Orientar os atores sociais 
sobre prevenção, promoção e 
desenvolvimento socioambiental
CURSO DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL - Eixo Ambiente e Saúde
Agente de Desenvolvimento Socioambiental
CRÉDITOS
UNIDADE CURRICULAR 1
© Senac | Todos os Direitos Reservados
Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – Senac/SC
Departamento Regional em Santa Catarina
FECOMÉRCIO
Presidente 
Bruno Breithaupt
Diretor Regional
Rudney Raulino
Diretoria de Educação Profissional
Ivan Luiz Ecco
Diretoria do Centro de Educação Profissional – Senac EAD
Anderson Redinha Malgueiro
Conteudista
Adriana Mafra Margot da Rosa
Coordenação Técnica
Setor de Educação a Distância
Coordenação Editorial e Desenvolvimento
Equipe do Setor de Produção – Senac EAD
SUMÁRIO
UNIDADE CURRICULAR 1
APRESENTAÇÃO DA UNIDADE CURRICULAR 1 .......................................................... 06
1 INTRODUÇÃO AO MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ............ 07
CONTEXTUALIZANDO ....................................................................................... 07
1.1 CRONOLOGIA DA QUESTÃO AMBIENTAL ................................................ 08
1.2 CONCEITOS DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .. 15
1.2.1 Conceito de Meio Ambiente ............................................................ 15
1.2.2 Conceito de Desenvolvimento Sustentável ................................ 18
1.3 CARACTERIZAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS POSITIVOS 
E NEGATIVOS .............................................................................................  24
1.4 DIREITOS HUMANOS E OS INDICADORES SOCIAIS E AMBIENTAIS ... 36
2 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E OS CAMINHOS PARA A SUSTENTABILIDADE ............ 48
CONTEXTUALIZANDO ...................................................................................... 48
2.1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL: PRINCÍPIOS DE PRÁTICAS ............................ 48
2.1.1 Proposta pedagógica da Educação Ambiental conservadora ...  59
2.1.2 Educação Ambiental dialógica, crítica e transformadora ........ 60
2.2 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL ........................................................................... 62
2.2.1 Formação de Educadores Ambientais ......................................... 68
2.2.1.1 Inserção da Educação Ambiental na escola ......................... 69
2.2.1.2 Inserção da Educação Ambiental na empresa ..................... 70
2.2.1.3 Inserção da Educação Ambiental na comunidade ............... 71
2.3 TÉCNICAS DE SENSIBILIZAÇÃO E MOBILIZAÇÃO SOCIAL .................. 72
2.3.1 Funções do Agente de Desenvolvimento Socioambiental 
Mobilizador ........................................................................................ 73
2.3.1.1 A COMUNICAÇÃO NA MOBILIZAÇÃO SOCIAL .................................. 74
3 SAÚDE E PREVENÇÃO ............................................................................................. 85
CONTEXTUALIZANDO ....................................................................................... 85
3.1 CONCEITO DE SANEAMENTO BÁSICO ..................................................... 85
3.2 PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS.......................... 91
3.3 RESÍDUOS SÓLIDOS E POLÍTICAS PÚBLICAS ....................................... 94
3.4 POLUIÇÃO DO AR, SOLO E ÁGUA ............................................................. 98
3.4.1 Poluição do ar .................................................................................... 98
3.4.2 Poluição da água ...........................................................................  100
3.4.3 Poluição do solo ............................................................................  103
CONSIDERAÇÕES .................................................................................................... 107
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 108
APRESENTAÇÃO DA 
UNIDADE CURRICULAR 1
Orientar os atores sociais 
sobre prevenção, promoção e 
desenvolvimento socioambiental
Seja bem-vindo(a) ao estudo da Unidade Curricular Orientar os atores sociais sobre prevenção, 
promoção e desenvolvimento socioambiental.
O desenvolvimento socioambiental busca uma nova concepção de progresso e crescimento do 
desenvolvimento humano. Suas atividades estão baseadas em três pilares: o ambiental, o eco-
nômico e o social. Esses pilares são necessários ao enfrentamento de uma sociedade cada vez 
mais desequilibrada, exploratória e excludente, dos recursos tanto naturais quanto humanos e 
sociais, os quais permitem a promoção de um debate relevante sobre a gravidade desses pro-
blemas e suas possíveis prevenções e soluções.
Procura identificar, compreender e solucionar os problemas ambientais baseado no resgate da 
relação ser humano-natureza. Para isso, considera o ambiente na sua totalidade de forma a har-
monizar o progresso humano de acordo com os limites que os recursos naturais determinam. 
Ou seja, busca o tão almejado equilíbrio ambiental. 
No estudo desta Unidade Curricular você mobilizará e articulará conhecimentos, habilidades, 
atitudes e valores para identificar os problemas socioambientais da comunidade de forma cole-
tiva e integrada, mediando ações entre os cidadãos e os diversos segmentos da sociedade, na 
busca por mudanças nas realidades locais.
Ao demonstrar a articulação e mobilização desses elementos, você terá indicado que desenvol-
veu a competência de orientar os atores sociais sobre prevenção, promoção e desenvolvimento 
socioambiental.
Bons estudos.
06
 
UNIDADE CURRICULAR 1: ORIENtAR OS AtORES SOCIAIS SOBRE PREvENçãO, PROMOçãO E DESENvOLvIMENtO SOCIOAMBIENtAL
07
1 INTRODUÇÃO AO MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
CONTEXTUALIZANDO
Quando ouvimos falar ou nos deparamos com a palavra ambiente, logo nos 
remetemos ao espaço onde estamos, o lugar onde vivemos e desenvolvemos 
nossas atividades cotidianas. Pensamos, também, nas áreas que nos cercam, nos 
fatores vivos e não vivos presentes no ambiente e nas suas interações. Ampliando 
nossas reflexões, podemos considerar o ambiente como um sistema vivo e 
integrado. Fazendo estas relações perceberemos que o meio ambiente se refere 
a tudo isso! 
Questionamento
Mas o que você tem percebido quando para por alguns 
momentos e observa o ambiente ao seu redor? Você enxerga um 
cenário que traz orgulho, felicidade ou desconforto, incômodo e 
merece um pouco mais de atenção, cuidado e melhorias?
Pense agora em como está o seu bairro, sua cidade e seu país em relação aos 
aspectos ambientais.
Considere que para termos bem-estar, qualidade de vida e exercermos nossa 
cidadania precisamos de um ambiente ecologicamente equilibrado, no qual todos 
os fatores existentes estejam em consonância com o desenvolvimento. 
Dessa forma, um ambiente que nos forneça condições para exercermos nossas 
atividades sociais, como trabalhar, estudar, ter acesso a saúde e segurança, 
desenvolver atividades de lazer, espiritualidade, sem violência, bem como cumprir 
os deveres e exigir direitos. 
Para iniciarmos as reflexões e os estudos desta Unidade Curricular, conheça um 
pouco da relação construída entre o ser humano e o ambiente ao longo dos anos, 
na cronologia da questão ambiental, a fim de entender um pouco mais sobre a 
problemática ambiental atual. 
06
 
UNIDADE CURRICULAR 1: ORIENtAR Os AtOREs sOCIAIs sObRE pREvENçãO, pROmOçãO E DEsENvOLvImENtO sOCIOAmbIENtAL
08
1.1 CRONOLOGIA DA QUEStãO AMBIENtAL
Desde o aparecimento do ser humano na Terra, o meio ambiente 
tem se alterado. 
Agora faremos uma viagem no tempo, a fim de entender um pouco 
sobre os atuais impactos ambientais a partir da identificação da 
forma como a natureza tem sido concebida ao longo da história 
da relação da humana neste espaçoque sofre suas interferências. 
Vamos lá!
O ancestral mais conhecido do ser humano data de aproximadamente 4 milhões 
de anos atrás e recebeu o nome de Lucy.
Saiba mais
Lucy é um fóssil de uma fêmea encontrada na Etiópia, no 
continente africano, no ano de 1974. Era bípede, caminhava ereta, 
com aproximadamente 1,3 metros. Seu crânio tinha um volume 
de 450 cm3, pouco mais de um terço do volume craniano de um 
ser humano moderno. Estava bem adaptada em subir em galhos 
para fugir de predadores ou buscar comida. O nome Lucy foi dado 
pelo paleontólogo Donald Johanson, que descobriu o fóssil, em 
homenagem à música dos Beatles Lucy in the Sky with Diamonds.
O ser humano moderno pertence à 
espécie Homo sapiens e teria surgido há 
cerca de 140 mil anos, na África. Suas 
conquistas partem do continente africano 
em direção à Europa, Oriente Médio e Ásia, 
expandindo-se para o resto do mundo e 
criando diversas formas de interação.
Desde essa época, a evolução do ser humano permitiu que ele se estabelecesse 
nos diversos espaços geográficos alterando de forma significativa os elementos 
da natureza e sua paisagem, adaptando-se aos diferentes ambientes e utilizando 
os recursos naturais para sua sobrevivência e serventia. Coube a ele aperfeiçoar 
as técnicas de caça, obter alimentos, ampliar as formas de organização social e 
familiar, costumes, crenças e produzir manifestações artísticas e culturais.
Para compreendermos melhor esse movimento do mundo em que vivemos, 
organizamos os períodos da história humana e a sua relação com o ambiente 
em Pré-História e História. Esta relação nos permitirá entender que os problemas 
socioambientais são resultados de um longo processo de degradação. 
06
 
UNIDADE CURRICULAR 1: ORIENtAR Os AtOREs sOCIAIs sObRE pREvENçãO, pROmOçãO E DEsENvOLvImENtO sOCIOAmbIENtAL
09
Pré-História
A Pré-História é o período que compreende o surgimento do ser humano até o 
aparecimento da escrita, por volta de 4000 a.C. Foi marcado pela ausência de 
documentação escrita. Suas pesquisas eram baseadas em vestígios de fósseis, 
pinturas rupestres, utensílios de uso diário, armas, instrumentos, restos de 
fogueira, encontrados soterrados ou em cavernas. Divide-se em três períodos: 
Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada, Neolítico ou Idade da Pedra Polida e Idade 
dos Metais.
 X Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada 
(do surgimento da humanidade até 8000 a.C.)
Período marcado pela busca da sub-
sistência, ou seja, o ser humano pro-
curava no ambiente o necessário para 
sustentar a vida por meio da caça, 
da pesca, coleta de frutos, bagas, 
sementes, ervas, raízes e ovos, e da 
confecção e utilização de instrumen-
tos rudimentares de pedra lascada, 
ossos e dentes de animais. Era nômade, vivia em grupos e abrigava-se 
em cavernas protegendo-se do frio, chuva e animais. A linguagem era 
pouco desenvolvida e a arte rupestre surge como uma forma de comuni-
cação. Nesse período o grande acontecimento foi o domínio do fogo, que 
representou um importante passo para a sua sobrevivência. Ele servia 
como arma de defesa, fonte de calor, para cozinhar os alimentos, para 
fabricação de instrumentos e para a valorização da vida em grupos. Por 
isso, o fogo foi a primeira força natural que o ser humano controlou. Os 
bens de produção eram de uso e propriedade coletiva. Havia o entendi-
mento de que ser humano e natureza eram um todo, sem a separação um 
do outro. Nessa época, as condições climáticas começam a modificar-se.
 X Neolítico ou Idade da Pedra Polida 
(de 8000 a.C. até 5000 a.C.) 
Nesse período as temperaturas eram 
mais amenas. O ser humano passou 
a ter mais conhecimento, a ser mais 
sedentário em decorrência do desen-
volvimento da agricultura, sua princi-
pal fonte de subsistência além da do-
mesticação dos animais, aumentando 
a produção de alimentos, surgindo as-
sim a necessidade de armazenamento. Desenvolveu as técnicas de fia-
ção e tecelagem com lã e linho, substituindo as roupas feitas com peles 
de animais. A relação com o ambiente se tornou mais independente. 
06
 
UNIDADE CURRICULAR 1: ORIENtAR Os AtOREs sOCIAIs sObRE pREvENçãO, pROmOçãO E DEsENvOLvImENtO sOCIOAmbIENtAL
10
Esse fato permitiu o desenvolvimento das primeiras comunidades à mar-
gem dos rios e lagos com a organização do trabalho e divisão de tarefas. 
Além de armazenar a produção para a sua sobrevivência, iniciou, nesse 
período, a economia de troca, gerada pelos excedentes. Desenvolveu os 
rituais e práticas culturais e artesanais como a arte da cerâmica. Nesse 
período, o ser humano passou a dominar a técnica de polir a pedra para 
a fabricação de instrumentos. As pedras eram polidas sendo esfregadas 
no chão ou na areia até tornarem-se lisas e com os formatos desejados. 
 X Idade dos Metais 
(de 5000 a.C. até o surgimento da escrita, por volta de 3500 a.C.)
Esse período foi o momento em que 
o ser humano, aperfeiçoando técni-
cas de metalurgia, conseguiu elabo-
rar instrumentos de trabalho e armas. 
Inicialmente utilizava o cobre encon-
trado na natureza e, em seguida, me-
tais mais resistentes, como o ferro. A 
criação das ferramentas permitiu uma 
intervenção cada vez maior no planeta, com instrumentos mais eficazes 
para o cultivo agrícola, derrubada de florestas e a prática da caça. Com a 
agricultura, a criação de animais, o desenvolvimento da cerâmica, da te-
celagem e o uso de metais surgiram os trabalhadores especialistas, como 
o tecelão e o ferreiro. O desenvolvimento dessas atividades levou ao sur-
gimento das primeiras povoações, com a formação de pequenas vilas e 
cidades e como resultado dessas conquistas os humanos passaram a 
produzir mais do que necessitavam para seu próprio consumo. Dessa for-
ma, começaram as disputas, os primeiros conflitos, para ver quem ficava 
com o excedente, bem como com as melhores pastagens e as áreas fér-
teis. Assim as relações ser humano e ambiente mudaram de perspectiva 
de “uma coisa só” para uma relação de domínio.
O que sabemos da Pré-História se deve aos fósseis e objetos encontra-
dos nas escavações paleontológicas. Não houve grandes modificações 
na natureza, dada a abundância de recursos naturais em relação ao pe-
queno número de habitantes existente aquela época. Esse período se en-
cerra com o aparecimento da escrita. 
História
É o período compreendido entre o aparecimento da escrita, por volta de 4000 a.C., 
até os dias atuais. Divide-se em quatro períodos: Idade Antiga ou Antiguidade, 
Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea.
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UNIDADE CURRICULAR 1: ORIENtAR Os AtOREs sOCIAIs sObRE pREvENçãO, pROmOçãO E DEsENvOLvImENtO sOCIOAmbIENtAL
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 X Idade Antiga ou Antiguidade 
(do aparecimento da escrita, por volta de 4000 anos a.C., até a queda do 
Império Romano do Ocidente, em 476 d.C.)
Nesse período as crenças eram base-
adas em mitos que explicavam todos 
os fenômenos naturais. Acreditava-se 
que a natureza era uma criação divina 
e boa parte dos povos dessa época 
adotava diversos elementos da natu-
reza como deuses ou representantes 
de alguma divindade, concepção teo-
lógica. O ser humano não poderia agredir a natureza, logo tiraria dela ape-
nas o seu sustento, caso contrário seria julgado e punido. Os primeiros 
pensadores denominados filósofos da natureza buscaram uma explica-
ção racional, não de adoração ou contemplação, para a origem de todas 
as coisas a partir da natureza, uma vez que a consideravam genitora de 
todo o universo. 
 Compartilhavam a visão de que tudo integra a natureza: o ser humano, 
a sociedade por ele construída, o mundo exterior e até os deuses. 
Consideravam a existência de quatro substâncias originais que seriam 
as raízes de todas as coisas: o fogo, o ar, a água e a terra. Consideravam 
o universo como um sistema vivo no qual o “superior” está presente na 
matéria que se diferencia nas infinitas coisas. Ainda assim, o ser humano 
passa a modificara natureza e adequá-la a sua necessidade. 
 X Idade Média 
(de 476 d.C. até a tomada de Constantinopla, pelos turcos otomanos, em 
1453 d.C.)
Nesse período há um distanciamento 
do ser humano da natureza. Sai de 
cena a visão integradora e entra a 
visão de domínio, de subjugação. 
Para mediar as relações entre ser 
humano e o divino surgem as religiões, 
que determinam como serão estas 
relações estabelecendo regras que 
devem ser cumpridas. 
Saiba mais
Tales de Mileto (625-558 a.C.) foi o primeiro estudioso sistemático da 
natureza, atribuindo à água uma importância fundamental para a vida. O Deus 
das águas para os gregos se chama Poseidon e para os romanos, Netuno. 
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UNIDADE CURRICULAR 1: ORIENtAR Os AtOREs sOCIAIs sObRE pREvENçãO, pROmOçãO E DEsENvOLvImENtO sOCIOAmbIENtAL
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Fundamentalmente significa uma recolocação do ser humano no centro 
do universo (antropocentrismo). Na realidade, se nós não somos parte da 
natureza, interferir nela não trará 
consequências. Também nesta 
concepção, exceto o ser humano, 
todos os demais seres não são 
importantes. Nessa época há a 
formação do feudalismo, marcada 
pela desigualdade social, pobreza, 
doenças e fome.
 X Idade Moderna 
(de 1453 até o ano de 1789, data da Revolução Francesa)
Nesse período ocorreram modifica-
ções profundas no modo de o ser 
humano se relacionar com a natu-
reza. As linhas de pensamento da 
época estimulavam o individualis-
mo, uma visão antropocêntrica do 
mundo e utilitarista da natureza, 
acentuando as diferenças entre 
meio natural e o meio humano, colocando-os em situação de oposição. A 
natureza passa a ser vista não mais como uma natureza orgânica e viva ou 
voltada para a salvação e manutenção da vida do ser humano, mas como 
algo mecânico, passível de ser controlado, utilizado e explorado. Dela não 
é mais extraído somente o necessário para a sobrevivência, mas o máximo 
possível, para que seja obtido o maior lucro. Esse comportamento tam-
bém se deve muito às contribuições dos pensadores Francis Bacon, Des-
cartes e Leibniz, que acreditavam no poder do conhecimento para contro-
lar a natureza e eram “entusiastas 
da tecnologia” aplicada na melhoria 
da vida e da condição humana. O 
ser humano começa a ignorar a ca-
pacidade de resiliência da nature-
za, pois a concebe como um objeto do qual ele pode e deve se aproveitar. 
Essas ideias, somadas ao desenvolvimento de formas de produção mais sofisti-
cadas, resultaram na exploração cada vez mais intensa dos recursos naturais.  A 
partir da segunda metade do século XVIII, com a Revolução Industrial, inicia-se um 
processo ininterrupto de produção coletiva em massa, geração de lucro e acúmulo 
de capital. Podemos considerar esse ponto o marco da crise ambiental. 
Feudalismo é um sistema econômico, polí-
tico e social fundamentado na propriedade 
sobre a terra. E ter terra significava a possi-
bilidade de possuir riquezas. Nesse sistema 
os proprietários rurais eram denominados 
senhores feudais, enquanto os trabalhadores 
camponeses eram denominados servos.
Resiliência é a capacidade de um sistema 
de absorver distúrbios, choques e, conse-
quentemente, manter suas funções e estru-
turas básicas. Ou seja, consegue voltar ao 
seu estado normal, seu estado de origem. 
06
 
UNIDADE CURRICULAR 1: ORIENtAR Os AtOREs sOCIAIs sObRE pREvENçãO, pROmOçãO E DEsENvOLvImENtO sOCIOAmbIENtAL
13
 X Idade Contemporânea 
(de 1789, época da Revolução Francesa, até os dias atuais)
A visão de que a natureza é abun-
dante, infinita, cada vez mais tra-
tada como algo a ser dominado e 
possuído, é preponderante. Com a 
Revolução Industrial o sistema de 
produção marcadamente agrário 
e artesanal passa a ser outro, de 
cunho industrial, dominado pela fá-
brica e pela maquinaria, substituindo o trabalho de milhares de homens e 
mulheres, provocando grandes e rápidas mudanças de ordem econômi-
ca, ecológica, política e social. A sociedade de consumo é caracterizada 
pelo uso de uma quantidade de bens e serviços muito maior do que a 
necessária, levando os recursos naturais à exaustão. 
Com o crescimento das pressões humanas sobre o meio ambiente e a interferên-
cia direta na qualidade de vida das pessoas, entendendo que os recursos naturais 
não eram infinitos, surgem, na década de 60 e 70, os movimentos sociais da con-
tracultura, movimentos de resistência ao modelo de sociedade vigente na época, 
entre eles o ambientalista, motivado inicialmente pela crescente contaminação da 
água e do ar nos países industrializados. Esses movimentos trouxeram à tona 
reflexões acerca das relações entre o ser humano e o ambiente, resultando na 
preocupação com o futuro do planeta. 
Estamos no século XXI e ainda não resgatamos nosso vínculo com o ambiente. Ou 
seja, não entendemos que somos parte integrante de uma rede complexa de rela-
ções, em que cada parte afetada interfere nas demais, de forma positiva ou nega-
tiva. Há atualmente a necessidade de buscarmos um equilíbrio, uma nova ética, 
uma nova postura na forma de agir e pensar as questões ambientais. Essa nova 
postura deve estar alicerçada em valores e condutas que exprimam nossa respon-
sabilidade, consciência e preocupação com as diversas formas de vida, dentre 
elas a vida humana. 
A forma como enxergamos o ambiente, a sua 
representação individual e coletiva, influencia 
em nossas ações cotidianas de interpretar e 
pensar a realidade gerando diferentes modos de 
conduta frente aos problemas socioambientais. 
Se questionarmos sobre o entendimento do 
que é “meio ambiente”, obteremos diferentes 
respostas que simbolizam diferentes representações. Essas representações pas-
sam por palavras-chave e seus significados. Vejamos algumas delas:
06
 
UNIDADE CURRICULAR 1: ORIENtAR Os AtOREs sOCIAIs sObRE pREvENçãO, pROmOçãO E DEsENvOLvImENtO sOCIOAmbIENtAL
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 X Natureza: ambiente como sinônimo de natureza, que se deve contem-
plar, apreciar e respeitar. Compreendido como um espaço composto por 
elementos naturais e conceitos ecológicos (habitat, nicho, ecossistema) 
que englobam os aspectos físico-químicos, a fauna, a flora, onde o ser 
humano dissociado da natureza é um mero observador. 
 X Recurso: ambiente como sinônimo de recursos naturais inesgotáveis e 
fonte de riqueza, que devem ser geridos e explorados para a sobrevivên-
cia do ser humano. 
 X Problema: ambiente como sinônimo de problemas que devem ser solucio-
nados. A presença do ser humano tem efeito negativo no ambiente e a vida 
está ameaçada por conta das queimadas, destruição e extinção de espécies. 
 X Sistema: ambiente associado aos ecossistemas existentes e suas rela-
ções ecológicas, que devemos compreender para as tomadas de deci-
são. Sem ter essa noção o ser humano percebe o sistema fragmentado, 
negligenciando uma visão global. 
 X Meio de vida: ambiente representado pela própria casa (do grego oikos) 
e seu entorno, local de convivência, 
habitável, onde se desenvolvem as 
atividades cotidianas. Seres huma-
nos são habitantes do ambiente, 
sem o sentido de pertencimento.
 X Biosfera: ambiente representado pelo Planeta Terra, visão espacial e 
global, cidadania planetária. Sem ter essa noção do ambiente os seres 
humanos não reconhecem a sua relação com o planeta. 
 X Projeto de vida: ambiente representado pela ideia de interdependência da 
sociedade com a natureza, demonstrando a ética humana nas questões 
ambientais, desenvolvendo reflexão e a ação através do espírito crítico e 
valorando o exercício da democracia e do trabalho coletivo. 
É importante que você, como Agente de Desenvolvimento Socioambiental, 
reconheça que as modificações, bem como a degradação do ambiente, não 
se estabeleceram em pouco tempo, mas que vêm se constituindo desde o 
surgimento do ser humano no planeta. Dessa forma, devemos considerar que os 
impactos vêm ocorrendo com maior ou menor intensidade ao longo do tempo. 
Também éimportante reconhecer que as representações de meio ambiente, ou 
seja, o entendimento dos indivíduos sobre “o que é o meio ambiente” aponta para 
a forma como estes enxergam o mundo e interagem com ele. A partir dessas 
considerações, o Agente de Desenvolvimento Socioambiental consegue identificar 
os problemas socioambientais da sua comunidade e pensar em diferentes 
abordagens e estratégias pedagógicas de conservação e proteção. 
Pertencimento é sinônimo de pertencer, 
de tocar, de fazer parte. Sentimento por 
um espaço territorial e de inserção do su-
jeito integrado a um todo maior. 
06
 
UNIDADE CURRICULAR 1: ORIENtAR Os AtOREs sOCIAIs sObRE pREvENçãO, pROmOçãO E DEsENvOLvImENtO sOCIOAmbIENtAL
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1.2 CONCEItOS DE MEIO AMBIENtE E DESENvOLvIMENtO SUStENtÁvEL 
O Agente de Desenvolvimento Socioambiental deve considerar o conceito de Meio 
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável na sua atuação profissional.
1.2.1 Conceito de Meio Ambiente
Qual a sua definição para Meio Ambiente?
Como vimos, meio ambiente também é sinônimo de meio, ambiente ou natureza. 
Segundo o Dicionário Aurélio on-line (2014): 
Ambiente é o conjunto das condições biológicas, físicas e químicas nas quais os 
seres vivos se desenvolvem; conjunto das circunstâncias culturais, econômicas, 
morais e sociais em que vive um indivíduo; espaço físico delimitado (ambiente fe-
chado) que envolve ou está à volta de alguma coisa ou pessoa e que é relativo ao 
meio físico ou social circundante. 
Conhecemos outros conceitos de ambiente, a exemplo do ambiente de trabalho, 
do ambiente familiar, do ambiente virtual, do ambiente legal, do ambiente cultural, 
do ambiente social, do ambiente geográfico, enfim, cada área do conhecimento 
utiliza uma definição para ambiente. 
Em nosso estudo utilizaremos a definição de meio ambiente disposta na Lei nº 
6.938, de 31 de agosto de 1981, da Política Nacional de Meio Ambiente, que define:
Meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e 
interações de ordem física, química e biológica, que permite, 
abriga e rege a vida em todas as suas formas.
Ampliando a discussão sobre meio ambiente e considerando todos os aspectos já 
elencados e o ambiente em toda a sua grandeza, importância e proporção, temos 
a Dimensão Ambiental. 
Portanto, dimensão ambiental é o conjunto dos aspectos econômico, espiritual, 
político, tecnológico, técnico, ético, físico, químico, social, biológico e histórico-
cultural, conforme representa a Figura 1.
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Figura 1 – Representação da Dimensão Ambiental 
econômico
histórico-cultural
biológico
espiritual
político
físico ético
químico
social
técnico
tecnológico
AMBIENTE
Fonte: Elaborada pela autora.
Qualquer trabalho, ação, análise referente ao ambiente precisa considerar a sua 
dimensão sistêmica, a sua totalidade, isto é, todos os seus aspectos econômi-
cos, sociais, políticos, científicos, culturais, tecnológicos, éticos. Não é possível 
reduzi-lo, de forma linear, aos aspectos ecológico e natural, desconsiderando as 
mazelas sociais provocadas pelo modelo de desenvolvimento predatório, consu-
mista, desigual, nos quais estamos inseridos, e que degrada o ambiente e a perda 
da qualidade de vida.
Portanto, o desafio da sustentabilidade é manter em equilíbrio a relação entre o 
desenvolvimento humano (individual e social), o crescimento econômico e a pre-
servação do meio ambiente. Nesse sentido, a Constituição Federal de 1988 traz 
em seu Art. 225 que:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de 
vida impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de 
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Mas afinal o que é Sustentabilidade? 
Sustentabilidade é a capacidade de sustentar, dar suporte, de manter. É um 
conceito sistêmico, que correlaciona e integra os aspectos econômicos, sociais, 
culturais e ambientais da sociedade humana. É tornar viável o desenvolvimento 
socioeconômico dentro da capacidade de carga dos ecossistemas. É a inter-
relação entre justiça social, qualidade de vida, equilíbrio ambiental e a necessidade 
de desenvolvimento com capacidade de suporte. 
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A sustentabilidade ambiental está baseada no tripé dos aspectos econômicos, 
dos aspectos sociais e dos aspectos ambientais (Figura 2).
Figura 2 – tripé da Sustentabilidade 
AM
BI
EN
TA
L ECONÔM
ICO
SOCIAL
Fonte: Elaborada pela autora.
Vamos conhecer mais sobre estes aspectos:
 X Aspecto econômico ou sustentabilidade econômica: é o capital artifi-
cial. Não inclui só o lucro e a economia formal, mas também as atividades 
informais, que proveem serviços para os indivíduos e grupos e aumentam 
a renda monetária e o padrão de vida.
 X Aspecto social ou sustentabilidade social: é o capital humano. Vislumbra 
a garantia de maior equidade em relação à distribuição de renda, buscando 
dessa forma uma melhoria substancial dos direitos e condições da popula-
ção, tais como empregabilidade, qualidade de vida e igualdade no acesso 
aos recursos e serviços sociais. Estimula a comunidade a buscar educa-
ção, cultura, lazer e justiça social. 
 X Aspecto ambiental ou sustentabilidade ambiental: é o capital natural. De-
senvolve soluções economicamente viáveis, com o objetivo de reduzir o con-
sumo de recursos, deter a poluição e conservar o habitat natural; ao manter 
ecossistemas vivos, com diversidade. Limitação no uso de recursos esgotá-
veis ou ambientalmente prejudiciais, de forma que exista uma substituição de 
tais recursos por outros que são renováveis e inofensivos ao meio ambiente. 
A sustentabilidade assenta sobre os seguintes princípios: prevenção, precaução, po-
luidor-pagador, cooperação, integridade eco-
lógica, melhoria contínua, proteção ambiental, 
equidade e inclusão, empoderamento e de-
mocracia, herança cultural, integração política, 
subsidiariedade, responsabilização, envolvi-
mento da comunidade e transparência. 
Subsidiariedade significa dar subsídios, dar 
autonomia, dar auxílio. No caso da susten-
tabilidade, o cidadão participa ativamente 
frente aos contextos políticos e sociais. 
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As atitudes podem ser classificadas como sustentáveis e não sustentáveis. No que 
diz respeito a atitudes sustentáveis, podemos considerar que estas são caracteriza-
das como sustentáveis quando as pessoas optam por diminuir o consumo de pro-
dutos optando por materiais recicláveis, usar canecas ao invés de copos plásticos, 
dispensar o saco plástico e usar sacolas retornáveis, fazer um brechó com roupas 
ou móveis usados, gerar emprego e renda, consumir alimentos orgânicos, economi-
zar energia e aproveitar a luz solar, não demorar no banho, consumir racionalmente 
a água, reaproveitar a água da chuva, trocar o carro pelo ônibus ou bicicleta, andar 
a pé, plantar árvores, reutilizar as folhas de papel, destinar seus resíduos sólidos em 
locais corretos, respeitar as pessoas e seus costumes, praticar o voluntariado e a 
não violência, cumprir seus deveres e exigir seus direitos, entre outros.
Já as atitudes não sustentáveis podem ser caracterizadas quando as pessoas 
optam por desperdiçar água, eletricidade, usar sacolas e copos plásticos, jogar 
lixo nas ruas e em lugares impróprios, não respeitar as pessoas e suas opiniões, 
consumir produtos sem precisar, não realizar a coleta seletiva, prender animais 
silvestres, burlar as leis, utilizar alguma expressão de violência, utilizar pilhas des-
cartáveis, entre outras. 
Você adota atitudes sustentáveis?
Adotar atitudes sustentáveis é pensar em você e no próximo. Assim como nas 
pessoasdo seu convívio e nas gerações que estão por vir. Quando você utiliza 
os recursos naturais com responsabilidade, reconhece os limites impostos pe-
los ecossistemas. Dessa forma, as ações sustentáveis podem ser mantidas para 
sempre, e é importante serem avaliadas constantemente, pois garantem a médio e 
longo prazo um planeta em boas condições para o desenvolvimento das diversas 
formas de vida. 
1.2.2 Conceito de Desenvolvimento Sustentável
O conceito de sustentabilidade está relaciona-
do ao Desenvolvimento Sustentável.
A sustentabilidade, a partir desses conceitos, 
começa a ser identificada como a junção dos 
aspectos sociais, ambientais e econômicos do 
desenvolvimento sustentável.
Mas a qual modelo de desenvolvimento estamos nos referindo? 
Quando falamos em desenvolvimento, nos remetemos a crescimento, expansão, 
progresso. Mas alcançar esse modelo implica abrir mão de alguns comportamentos. 
Analise, no Quadro 1, os aspectos que caracterizam o Modelo de Desenvolvimen-
to Insustentável Atual e o Modelo de Desenvolvimento Ideal Sustentável.
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Quadro 1 – Aspectos dos Modelos de Desenvolvimento Atual Insustentável e do Modelo de Desenvolvimento Ideal 
Sustentável
Modelo de Desenvolvimento 
Insustentável Atual
Modelo de Desenvolvimento Ideal Sustentável
Ser humano se encontra fora 
do ambiente (dicotomia). 
Ser humano é parte integrante do ambiente. 
O conceito de ambiente é reduzido 
aos aspectos naturais e ecológicos. 
O conceito de ambiente é sistêmico, considera todos 
os aspectos: naturais, ecológicos, sociais, culturais, 
éticos, políticos, tecnológicos, dentre outros.
Consumismo. Consumo consciente. 
Exclusão social. Equidade social. 
Desconsidera os costumes tradicionais. Considera as populações tradicionais e os movimentos sociais. 
valores e princípios em desuso. valores e princípios fortalecidos. 
Decisões individuais. Decisões coletivas, empoderamento.
violência. Promoção da paz. 
Autocracia. Democracia.
Padrão de sociedade. Reconhece a diversidade. 
Energia elétrica. Energia solar e eólica. 
Pensamento reducionista. Pensamento sistêmico. 
Fonte: Elaborado pela autora.
O desenvolvimento de sociedade que temos hoje em dia não é exatamente o que es-
peramos. Podemos até nos questionar se é um desenvolvimento ou um retrocesso.
O Relatório Brundtland, documento também conhecido como O Nosso Futuro Co-
mum, de 1987, é um marco no reconhecimento do conceito de desenvolvimento 
sustentável. Esse relatório faz a seguinte afirmação sobre o assunto:
O desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de 
suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a 
capacidade de atender às necessidades das futuras gerações.
Em outras palavras, desenvolvimento sustentável é aquele que melhora a qualidade 
da vida do ser humano na Terra ao mesmo tempo em que respeita a capacidade de 
produção dos ecossistemas nos quais vivemos, de modo que as gerações futuras 
possam dispor dos mesmos recursos dos quais dispomos.
Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de planejamento em 
suas atividades e do reconhecimento de que os recursos naturais são finitos. O 
conceito de desenvolvimento sustentável é um “termo em disputa” pelos mais 
diversos setores da sociedade, convergem para uma redefinição da relação socie-
dade humana e natureza, contrariando o atual modelo civilizatório, que promove 
desajustes ambientais e desigualdades sociais. 
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Segundo o Relatório de Brundtland, uma série de medidas deveria ser tomada pe-
los países para promover o desenvolvimento sustentável. Tais medidas são:
 X Limitação do crescimento populacional.
 X Garantia de recursos básicos (água, alimentos, energia) em longo prazo.
 X Preservação da biodiversidade e dos ecossistemas.
 X Diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias 
que admitem o uso de fontes energéticas renováveis.
 X Aumento da produção industrial nos países não industrializados com 
base em tecnologias ecologicamente adaptadas.
 X Controle da urbanização desordenada e integração entre campo e cidades 
menores.
 X Atendimento das necessidades básicas (saúde, escola, moradia).
O atual modelo de desenvolvimento gerou gigantescos desequilíbrios ambientais. 
Diante disso precisamos considerar que os impactos gerados estão cada vez mais 
complexos, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos. 
Pensar em desenvolvimento sustentável como um conceito que surge para en-
frentar a crise ecológica é levar em conta todas essas dimensões que permeiam o 
ambiente (abordagem global – política, geográfica, física, química, social, cultural, 
ética, ecológica, etc.), bem como redefinir a relação ser humano e natureza, alte-
rando o atual modelo civilizatório. 
A partir dessas considerações podemos nos questionar se o modelo de desenvol-
vimento sustentável é uma utopia ou uma realidade.
O desenvolvimento sustentável é possível, mas devemos considerar que defen-
dê-lo impõe grandes desafios. Esses desafios passam por conseguirmos mudar 
nossa forma de pensar, mudar nossas percepções de mundo e percebermos o 
desenvolvimento de maneira integrada, pois, ao minimizarmos ou erradicarmos os 
impactos negativos no ambiente, será possível alcançarmos a sustentabilidade. 
Para corroborar nossa argumentação a respeito do desenvolvimento sustentável, 
leia o trecho da carta que o cacique Seattle teria enviado ao presidente norte-ame-
ricano “O Grande Chefe Branco” Franklin Pierce, em 1854, em resposta à oferta de 
compra de uma grande área de território indígena pele-vermelha, prometendo uma 
reserva para que nela pudessem viver. 
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A terra não pertence ao homem: é o homem que pertence à terra, 
disso temos certeza. Todas as coisas estão interligadas, como o 
sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si. Tudo o 
que acontece à Terra, acontece aos filhos da Terra. O homem não 
teceu a teia da vida, ele é meramente um fio dela. O que quer que 
ele faça à teia, ele faz a si mesmo (CACIQUE SEATTLE, 1854).
Perceba que no século XIX os indígenas que viviam naquela região dos EUA já ci-
tavam a interligação que os organismos vivos têm com o ambiente em que vivem.
Atualmente essa visão é conhecida como a Base da Teoria Geral dos Sistemas. A te-
oria dos Sistemas defende que sistema é um conjunto de elementos interdependen-
tes que interagem com objetivos comuns formando um todo, no qual cada um dos 
elementos componentes comporta-se, por sua vez, como um sistema maior do que 
o resultado que as unidades poderiam ter se funcionassem independentemente.
Nesse sentido, um sistema é algo que mantém a sua existência e funciona como um 
todo através da interação/conexão de suas partes (muitas vezes diferentes), man-
tendo um contínuo intercâmbio de matéria/energia/informação com o ambiente. 
Com base nessa teoria, que é interdisciplinar e que pode ser 
aplicada de forma geral a todo tipo de sistema, podemos 
melhorar a compreensão sobre os sistemas.
Os sistemas podem ser classificados, em relação ao grau 
de interação que possuem, em:
 X Aberto: interage com seu ambiente através da 
doação e do recebimento de informações. Ex: floresta. 
 X Fechado: não há interação com o ambiente externo. Não doa nem recebe 
informações externas. Ex: funcionamento de um relógio. 
 X Isolado:  é um sistema que não troca nem matéria e nem energia com o am-
biente, sendo delimitado por uma fronteira (isolante). Ex: garrafa térmica. 
Em relação à composição dos sistemas, podemos identificar que um sistema é 
formado por:
 X Entrada: é o que entra no sistema, por exemplo: materiais, capital, infor-mação, dentre outros.
 X Processo: é a forma pela qual os elementos do sistema interagem, trans-
formando a entrada em saída.
 X Saída: é o que sai do sistema devendo estar de acordo com objetivo.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mat%C3%A9ria
http://pt.wikipedia.org/wiki/Energia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ambiente
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ambiente
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 X Controle e avaliação: mede o desempenho do sistema.
 X Realimentação: é quando a saída gera uma informação que deve ser 
incorporada ao sistema.
O corpo humano pode ser considerado um exemplo de sistema. Para ser estrutura-
do e existir, ele precisa da integração das partes (células, tecidos, órgãos e sistemas) 
que juntas, integradas e interdependentes na troca de energia e informação com o 
ambiente, formam o organismo humano. A Figura 3 representa esta organização.
Figura 3 – Corpo humano enquanto um sistema
ESTRUTURAÇÃO DOS ORGANISMOS
Organismo
Sistemas
Órgãos
Células
Tecidos
Fonte: Elaborada pela autora. 
Esse corpo humano se constitui como um indi-
víduo, imerso em uma sociedade, que interage 
com os diversos grupos sociais. A ideia é que 
o sistema esteja em homeostase, ou seja, as 
partes que compõem o sistema estejam equilibradas, em constante “ajustamento”.
Uma empresa é outro exemplo que podemos considerar como um sistema. Para 
vender um produto, ela necessita de uma boa gestão para o comando das ope-
rações, de uma boa divulgação no mercado para que os empregados executem 
a venda com excelência e os clientes possam consumir o produto. Desse modo, 
cada um de seus componentes está interligado, desempenhando funções para 
o todo, o conjunto. Se uma das partes não executa bem, o todo sai prejudicado. 
Ainda buscando exemplificar sistemas, podemos considerar um ecossistema ma-
rinho. Ele é um conjunto formado pelas interações entre os fatores bióticos (seres 
vivos – plâncton, ave, sapo, peixes) e os abióticos (a água, o solo, luz solar). Estes 
componentes interagem através das transferências de energia dos organismos 
Homeostase é a condição de relativa es-
tabilidade da qual o organismo necessita 
para realizar suas funções adequada-
mente e manter o equilíbrio do corpo. 
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vivos entre si e entre estes e os demais elementos de seu ambiente. Caso um dos 
componentes seja alterado, por exemplo, se a qualidade da água não estiver ade-
quada, o equilíbrio do ecossistema será comprometido. 
O físico e ambientalista austríaco Fritjof Capra defende que as sociedades urbanas, 
assim como os ecossistemas – ambos sistemas vivos que contêm os mesmos 
princípios de organização –, podem alcançar a sustentabilidade. Nesse sentido, 
Capra defende que:
O que é sustentável numa sociedade não é o crescimento 
econômico, ou a fatia de mercado, ou qualquer uma des-
sas coisas, e sim a rede da vida, da qual a nossa sobre-
vivência depende. Todos os seres vivos são membros de 
comunidades ecológicas ligadas umas às outras numa rede 
de interdependência.
Essa visão sistêmica, apresentada por Capra, descreve as atitudes voltadas para 
os processos naturais e sociais como sistemas vivos. É o arcabouço conceitual 
para o elo entre comunidades ecológicas e comunidades humanas. Segundo Ca-
pra (2003), uma das mais importantes considerações da compreensão sistêmica 
da vida é a do reconhecimento de que redes constituem o padrão básico de orga-
nização de todo e qualquer sistema vivo. Nesse sentido, Capra (1999) afirma que:
Reconectar-se com a teia da vida significa construir, nutrir 
e educar comunidades sustentáveis, nas quais podemos 
satisfazer nossas aspirações e nossas necessidades sem 
diminuir as chances das gerações futuras. Para realizar esta 
tarefa precisamos compreender estudos de ecossistemas, 
compreender os princípios básicos da ecologia, ser 
ecologicamente alfabetizados ou ecoalfabetizados.
Os princípios básicos da ecologia passaram a ser aplicados como diretrizes para 
construir comunidades humanas sustentáveis. Estes princípios são:
 X Interdependência – interligação dos seres vivos numa ampla e complexa 
rede de relações: a teia da vida e as múltiplas relações entre seus membros.
 X Reciclagem – os nutrientes são continuamente reciclados. É a realimen-
tação do sistema, que como ecossistema produz resíduos, mas o que é 
resíduo para uma espécie é alimento para outra, de modo que o ecos-
sistema como um todo permanece livre de resíduos, ou seja, padrões 
sustentáveis de produção e de consumo precisam ser cíclicos, imitando 
os processos cíclicos da natureza.
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 X Parceria – é fundamental nas comunidades sustentáveis a construção de 
associações, de ligações, tendo em vista a cooperação como um requi-
sito de qualidade de vida. Intercâmbios cíclicos de energia e de recursos 
são sustentados por uma cooperação generalizada em que cada membro 
da comunidade desempenha um papel importante. 
 X Flexibilidade – é encontrar os valores ideais do sistema, característica es-
sencial, pois sua falta resulta em tensão. Há a tensão temporária, que é um 
aspecto essencial da vida, mas há a tensão prolongada, que é nociva e des-
trutiva para o sistema. Isso é uma consequência dos múltiplos laços de reali-
mentação, que tendem a levar o sistema de volta ao equilíbrio sempre que há 
um desvio com relação à norma, devido a condições ambientais mutáveis. 
Se tentarmos maximizar qualquer variável isolada em vez de otimizá-la, isso 
levará, invariavelmente, à destruição do sistema como um todo.
 X Diversidade – um ecossistema diversificado também será flexível, pois 
contém muitas espécies com funções ecológicas sobrepostas que po-
dem, parcialmente, substituir umas às outras. Quando uma determinada 
espécie é destruída por uma perturbação séria, de modo que um elo da 
rede seja quebrado, uma comunidade diversificada será capaz de sobre-
viver e de se reorganizar, pois outros elos da rede podem, pelo menos 
parcialmente, preencher a função da espécie destruída. 
Por fim, podemos afirmar que a sobrevivência e a qualidade de vida da humani-
dade têm estreita conexão com a nossa alfabetização ecológica, com a nossa 
compreensão sobre os princípios ecológicos e com sua adequação às nossas 
comunidades humanas, tendo em vista a sustentabilidade.
Conforme domínio técnico-científico e visão crítica da realidade, o Agente de De-
senvolvimento Socioambiental poderá auxiliar a comunidade nesse entendimento, 
propondo reflexões acerca da abordagem sistêmica cujos problemas socioam-
bientais só poderão ser minimizados e resolvidos se consideramos a dimensão 
ambiental (aspectos sociais, biológicos, culturais, políticos, dentre outros). 
Mas, afinal, todos os impactos sofridos pelo ambiente trazem algum desequilíbrio, 
comprometendo sua sustentabilidade?
1.3 CARACtERIZAçãO DE IMPACtOS AMBIENtAIS POSItIvOS E NEGAtIvOS
A contínua e crescente pressão exercida pelo ser humano em 
suas ações ou atividades sob os recursos naturais tem gera-
do impactos em menor ou maior grau, de forma local, regio-
nal, ou global, de forma positiva ou negativa.
A palavra impacto nos remete à ideia de colisão, de choque, 
de conflito. No Artigo 1º da Resolução nº 001/86 do Conselho 
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Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), impacto ambiental é considerado como 
qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio am-
biente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das ativida-
des humanas que, direta ou indiretamente, afetam:
I) a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
II)as atividades sociais e econômicas;
III) a biota; 
IV) as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V) a qualidade dos recursos ambientais.
Para melhor compreendermos como são classificados os impactos ambientais, 
analise o Quadro 2.
Quadro 2 – Critérios para classificação dos impactos ambientais
CRITÉRIOS DESCRIÇÃO
REvERSIBILIDADE
Irreversíveis ou reversíveis, permitem identificar que 
impactos poderão ser integralmente evitados ou poderão 
apenas ser mitigados (aliviados) ou compensados.
DURAçãO 
Permanentes e temporários, aqueles cujos efeitos manifestam-se 
indefinidamente ou durante um período de tempo determinado.
NAtUREZA
Efeitos benéficos/positivos ou adversos/negativos 
sobre o componente socioambiental. 
FORMA
Impacto direto ou impacto indireto, decorrente de um ou 
mais impactos gerados diretamente ou indiretamente.
tEMPORALIDADE
Imediatamente, a curto prazo e após um período 
de tempo em relação à sua causa. 
ABRANGÊNCIA
Localmente (área de Influência Direta) ou áreas geográficas 
mais abrangentes (áreas de Influência Indireta).
IMPORtÂNCIA
Grande, média ou pequena. Refere-se ao grau de interferência 
do impacto ambiental sobre diferentes fatores ambientais.
MAGNItUDE
Grande, média ou pequena. Refere-se ao grau de 
incidência de um impacto sobre o fator ambiental. 
EFEItO
Cumulativo (soma de outros impactos) ou sinérgico 
(presença simultânea de um ou mais fatores). 
SIGNIFICÂNCIA Pouco significativo, medianamente significativo e grandemente significativo. 
Fonte: Adaptado de Portal Observatório do pré-sal (2015).
Os impactos ambientais são classificados de acordo com sua natureza em positivos 
e negativos.
Os impactos positivos são ações ou atividades que não causam danos, além de 
muitas delas poderem recuperar o ambiente. Podemos considerar nesta categoria 
as ações de recuperação de mata ciliar, valorização cultural, visita monitorada em 
cavernas, proteção de áreas, dentre outras.
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Deste modo, os impactos causados ao ambiente de forma positiva poderão servir 
de instrumentos para que o Agente de Desenvolvimento Socioambiental desenvolva 
sua atitude empreendedora junto à comunidade, ao propor ações sustentáveis de 
reconhecimento dos espaços – o pertencimento ao nosso ambiente – bem como, 
no caso das visitas monitoradas, ajudar na geração de renda para a comunidade. 
Os impactos negativos são ações ou atividades que causam danos ao ambiente. 
Podemos considerar nesta categoria as ações de desflorestamento, poluição do 
ar, água e solo, seca, desemprego, dentre outras.
Vale lembrar que os impactos ambientais são difíceis 
de serem mensurados com exatidão, por entendermos 
que o ambiente é um sistema imprevisível e complexo, 
no qual os elementos naturais e sociais se relacionam 
e interagem de forma dinâmica e contínua. 
Porém há a possibilidade de fazermos previsões, estimativas que busquem con-
tribuir com a defesa do ambiente, através do Estudo de Impacto Ambiental (EIA). 
O EIA é o conjunto de estudos realizados por especialistas de diversas áreas, com 
dados técnicos detalhados, sobre determinada obra ou projeto. Para o EIA são 
desenvolvidas as seguintes atividades técnicas:
I) Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto.
II) Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas. 
III) Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos. 
IV) Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento (os im-
pactos positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem 
considerados).
Os relatórios que constituem o EIA são elaborados por uma equipe multidisci-
plinar, composta por engenheiros, biólogos, geólogos, sociólogos, entre outros. 
Nesse contexto, o Agente de Desenvolvimento Ambiental será capaz de, junto aos 
demais profissionais: 
 X Apresentar o empreendimento para a comunidade de forma sistêmica.
 X Participar do diagnóstico socioeconômico e ambiental da área afetada. 
 X Mediar conflitos e equalizar interesses provenientes da comunidade e do 
empreendimento. 
O EIA, como instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente, auxilia no contro-
le prévio das alterações produzidas no entorno, visando, senão coibir o impacto, 
pelo menos, a minimizá-lo, com a utilização de medidas alternativas, mitigadoras 
ou, em última hipótese, compensatórias do impacto ambiental. Esse estudo pode 
tanto aprovar quanto rejeitar um determinado projeto. 
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Diante dos conceitos de impactos e das constatações elencadas podemos nos 
perguntar: 
De quem são as responsabilidades pelas decisões rumo à sustentabilidade? De alguns ou 
de todos? 
A responsabilidade é de todos nós cidadãos que 
impactamos o meio ambiente, de forma positiva ou 
negativa, em maior ou menor quantidade, mas que 
buscamos uma sociedade mais sadia, justa e igualitária 
para todos e todas. 
Considerando a responsabilidade que cabe a todos 
nós, podemos organizá-la em responsabilidade socio-
ambiental, responsabilidade socioambiental individual, responsabilidade socioam-
biental empresarial e responsabilidade socioambiental compartilhada. Vamos ao 
estudo sobre cada uma.
a) Responsabilidade socioambiental
O contexto social e econômico atualmente tem demonstrado a necessidade de 
inserção da variável socioambiental como preocupação primordial nas deci-
sões governamentais entre países, regiões e empresas. O conceito de respon-
sabilidade social passou a fazer parte do conceito de desenvolvimento susten-
tável. O desenvolvimento sustentável tem sido a principal justificativa para que 
as instâncias públicas e privadas promovam o bem-estar social e permitam a 
continuidade e manutenção dos recursos naturais para as próximas gerações. 
O atual cenário mundial de impactos negativos sobre o ambiente requer ações 
e compromissos imediatos dos diferentes setores da sociedade, tanto em ní-
veis individuais, organizacionais, quanto governamentais. 
b) Responsabilidade socioambiental individual 
A responsabilidade socioambiental individual é o compromisso que cada um de 
nós tem individualmente com a preservação ambiental. É como enxergamos o 
ambiente. Trata-se de agir baseado em valores e princípios comuns, pensando 
no bem coletivo. É ir muito além de separar o lixo para reciclagem, economizar 
luz, plantar árvores ou fechar a torneira enquanto se escova os dentes. Trata-se 
de refletir sobre o nosso comportamento, nossas atitudes e as relações que 
temos com a natureza e com as pessoas que nos cercam. 
c) Responsabilidade socioambiental empresarial
A responsabilidade socioambiental empresarial é a forma como uma empresa 
gerencia suas relações pautada pela relação ética e transparente da empresa 
com todos os públicos com os quais se relaciona – funcionários, fornecedores, 
clientes, consumidores, comunidade, governo, sociedade e meio ambiente. A 
empresa socialmente responsável orienta suas atividades (processos, produtos 
e resultados) não apenas visando ao lucro, mas também considerando os im-
pactos sociais, econômicos e ambientais.
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A sociedade não aceita mais que empresas forneçam apenas produto, qua-
lidade, preço e cumprimento da legislação, ela passou a valorizar cada vez 
mais as empresas que ajudam a minimizar os problemas sociais e ambientais 
da atualidade. Uma empresa com responsabilidade socioambiental mostra o 
impacto das suas atividades ao seu público e esse impacto deve sempre resul-
tar na preservação e melhoria da qualidade de vida da sociedade na qual está 
inserida. É uma empresa caracterizada por atitudes e atividades baseadas em 
valores éticos e morais e que se sustenta no tripé social, ambientale financeiro, 
como apresenta a Figura 4.
Figura 4 – tripé da sustentabilidade empresarial
ambiental financeiro
social
Cuidado do planeta
� proteção ambiental
� recursos renováveis
� ecoeficiência
� gestão de resíduos
� gestão de riscos
Dignidade humana
� direitos humanos
� direitos dos trabalhadores
� envolvimento com comunidade
� transparência
� postura ética
Prosperidade
� resultado econômico
� direitos dos acionistas
� competitividade
� relação entre clientes e 
fornecedores
SE
SE = Sustentabilidade Empresarial
Fonte: Barreto e Muller (2013). 
Para Demajorovic (2003), uma empresa que almeja chegar à sustentabilidade 
deve atender algumas necessidades: 
 X Aumentar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento.
 X Difundir habilidades e conhecimentos entre seus integrantes.
 X Desenvolver sistemas de informação no campo socioambiental. 
 X Criar programas de incentivos aos empregados.
Para Melo Neto (1999), as responsabilidades de uma organização estão direta-
mente ligadas às seguintes ações: 
 X Economizar o consumo de recursos naturais.
 X Utilizar capitais financeiros e tecnológicos.
 X Utilizar a capacidade de trabalho das pessoas. 
 X Destinar corretamente o apoio que a empresa recebe do Estado.
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Uma empresa só terá sucesso socioambiental se for capaz de respeitar e ouvir 
os interesses das diferentes partes (sócios, funcionários, fornecedores, consumi-
dores, comunidade e governo), monitorar e avaliar seu desempenho, buscando 
ajustes e melhorias, e conseguir incorporá-los a sua realidade local. 
Para aproximar-se do ideal de sustentabilidade é importante as empresas utilizarem 
a metodologia do Ciclo PDCA, apresentada na Figura 5. O conceito de PDCA vem 
do inglês: P (plan – planejar) D (do – fazer) C (check – acompanhar) A (act – corrigir), 
ferramenta de gestão (coordenação), inicialmente utilizada na área de administração. 
Figura 5 – Modelo PDCA 
Plan (Planejar)
Do (Fazer)
Identificação do Problema
Análise do Fenômeno
Análise do Processo
Plano de Ação
ExecuçãoVerificação
Ação
Padronização
Action (Corrigir)
Check (Acompanhar)
Fonte: Elaborada pela autora.
O ciclo PDCA sugere que qualquer atividade de gestão ou planejamento estratégi-
co executada na empresa seja conduzida seguindo quatro fases, a fim de implan-
tar melhorias em processos ou produtos, ou até mesmo a implantação de novas 
ideias.  O PDCA é uma ferramenta que existe para facilitar a organização do pen-
samento na busca por melhoria contínua ou na análise e solução de problemas 
(por etapas). O ciclo PDCA pode ser utilizado, inclusive no nosso cotidiano, como 
sistema ou método de trabalho, a fim de promover uma melhoria contínua. 
O Agente de Desenvolvimento Socioambiental, 
ao propor a utilização de um programa ou proje-
to socioambiental na sua comunidade, pode uti-
lizar o Ciclo PDCA para a organização, controle e 
análise das atividades. Nesse sentido, o Agente 
de Desenvolvimento Socioambiental pode utilizar 
o ciclo PDCA para, de forma otimizada e mais 
confiável, mensurar em quatro etapas a eficiên-
cia das atividades de determinado projeto ou ação, oportunizando ajustes e melho-
rias, mantendo o que funciona e aumentando a qualidade. É importante considerar 
que após as ações corretivas, o ciclo PDCA se repete.
http://www.vitrinepublicitaria.net/opiniao.asp?menucodigo=100
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Para entendermos melhor o ciclo PDCA, vejamos sua aplicação no Gerenciamento 
de Resíduos Sólidos de uma comunidade. 
P (Planejamento): 
 X Levantamento de dados: resíduos produzidos, armazenamento, coleta, 
destino, tipos e proporções de impactos causados.
 X Objetivos: diminuição de resíduos, impactos ambientais e destinação 
adequada.
 X Metas: projeto socioambiental. 
D (Execução):
 X Identificar as responsabilidades (individuais, empresariais, compartilhadas). 
 X Promover palestras e oficinas educativas na escola e na comunidade. 
 X Implantar a coleta seletiva.
 X Mobilizar associação de catadores. 
 X Promover a compostagem.
 X Mobilizar o poder público a fim de construir áreas verdes no lugar do despejo. 
C (Acompanhamento): 
 X Acompanhamento constante do processo por um profissional habilitado, 
que pode ser o Agente de Desenvolvimento Socioambiental. 
A (Avaliar e Corrigir): 
 X Como está funcionando o ciclo. 
 X Avanços e pontos de atenção. 
Após o desenvolvimento dessas quatro etapas inicia-se um novo ciclo, mantendo o 
que está funcionando e ajustando até chegar ao ideal para a comunidade. O Ciclo 
PDCA poderá ter o acompanhamento do Agente Socioambiental em todas as eta-
pas. Esse acompanhamento permitirá sua colaboração no projeto.
Outra ferramenta importante, baseada no ciclo de melhoria contínua, é o Sistema 
de Gestão Ambiental (SGA). Este é definido como um conjunto de procedimentos 
para gerir ou administrar uma organização, de forma a obter o melhor relaciona-
mento com o meio ambiente.
O SGA tem sido considerado uma das melhores formas de gerenciamento am-
biental, segundo as normas internacionais do Sistema de Organização Interna-
cional para Padronização (ISO). Conhecida mundialmente, a ISO é uma entidade 
de padronização e normatização de serviços e produtos que utiliza determinadas 
normas para que a qualidade do produto seja sempre melhorada. Foi criada em 
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Genebra, na Suíça, em 1947, com a finalidade de equilibrar a proteção ambiental 
e a prevenção de poluição com as necessidades sociais e econômicas. No Brasil 
o órgão regulamentador da ISO é a Associação Brasileira de Normas Técnicas 
(ABNT). A norma é aplicável a todos os tipos e portes de organizações (pequenas, 
médias e grandes) e de todos os setores (governo, ONGs e empresas privadas). 
Suas normas mais conhecidas são a ISO 9001, para gestão da qualidade, e a ISO 
14000, para gestão do meio ambiente. Os modelos de certificados são apresenta-
dos nas Figuras 6 e 7.
Figura 6 – Modelo de certificação ISO 9001
Fonte: INDULABSRl (2015).
Figura 7 – Modelo de certificação ISO 14001 
Fonte: GRUPORENOvA (2015).
a) Responsabilidade socioambiental compartilhada 
Ao considerarmos que o meio ambiente é um direito de todos, a responsabi-
lidade social compartilhada é aquela em que todas as pessoas, cada agente 
do processo, divide responsabilidades e ações. Ou melhor, o problema é de 
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todos, a resolução deve ser dialogada, como se fosse um acordo. Podemos 
considerar como exemplo de responsabilidade socioambiental compartilhada 
o problema do lixo. Quem são os responsáveis pela fabricação, importação, 
distribuição, comercialização, consumo dos produtos, bem como recebimento, 
transporte e reciclagem dos resíduos?
Para minimizar o impacto da produção do lixo, podemos considerar a Logística 
Reversa. Esta, cujo modelo apresentaremos na Figura 8, caracteriza-se por um 
conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a 
restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial para reaproveitamento, 
em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação, ou seja, o 
retorno dos produtos após o uso pelo consumidor.
Figura 8 – Modelo logística reversa 
Reciclagem
Consumidores
Processamento
Matéria-prima
Produção 
Produto
Convertedores
MATÉRIA-PRIMA
OUTROS
MATERIAIS
Distribuição
RE
ÚS
O
 FLUXO DE NEGÓCIOS
VarejoCOMPOSTAGEM
INCINERAÇÃO
ATERRO
LIXÃO
Fonte: Adaptada de Quartim (2010).
A responsabilidade compartilhada é a base da política nacional de resíduos sólidos, 
já que traz as obrigações de todos os envolvidosna logística reversa dos produtos 
em fim de vida.
Além de nossas ações individuais, em que cada segmento da sociedade cumpre 
com suas responsabilidades, tem-se os documentos legais que amparam as leis, 
normas, resoluções na esfera federal, estadual, municipal.
Você já parou para pensar como as leis auxiliam na organização social? 
São equivalentes às “regras do jogo” e existem para garantir que a democracia e 
os direitos de todos sejam respeitados. Regulamentam a convivência, ajudam na 
mediação de conflitos. Ao obedecer às leis, definimos direitos e deveres na con-
duta do cidadão, garantindo uma convivência harmoniosa, contribuindo para um 
mundo mais justo para todos e todas.
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Saiba mais
O primeiro conjunto de leis foi o Código de Hamurabi, criado 
na Mesopotâmia, por volta do século XVIII a.C., baseado no 
“olho por olho, dente por dente”.
No que se refere à legislação, merece destaque a Política Nacional do Meio Am-
biente (PNMA). Com a edição da Lei nº 6.938/81 o país passou a ter formalmente 
uma Política Nacional do Meio Ambiente, um marco legal para todas as políticas 
públicas de meio ambiente a serem desenvolvidas pelos entes federativos. É nos-
sa referência mais importante na proteção ambiental. 
Ela confere efetividade ao artigo 225 da Constituição Federal (1988) já citado, que 
introduz um capítulo específico sobre meio ambiente. 
A Lei nº 6.938/81 dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente e institui o Sis-
tema Nacional do Meio Ambiente, que tem o objetivo de estabelecer um conjunto 
articulado e descentralizado de ações para a gestão ambiental no país, integrando e 
harmonizando regras e práticas específicas que se complementam nos três níveis de 
governo. Constituído pelos órgãos e instituições ambientais da União, dos Estados, 
dos Municípios, do Distrito Federal e pelas Fundações instituídas pelo Poder Público.
Vamos conhecer os artigos 2º e 9º da Lei nº 6.938/81:
 X Art. 2º – A Política Nacional de Meio Ambiente tem por objetivo a preser-
vação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, 
visando a assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeco-
nômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade 
da vida humana, atendidos os seguintes princípios:
I) ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, 
considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser ne-
cessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;
II) racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
III) planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
IV) proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;
V) controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;
VI) incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso 
racional e a proteção dos recursos ambientais;
VII) acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
VIII) recuperação de áreas degradadas;
http://www.suapesquisa.com/mesopotamia
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IX) proteção de áreas ameaçadas de degradação;
X) EA em todos os níveis do ensino, inclusive a educação da comunidade, ob-
jetivando capacitá-la para a participação ativa na defesa do meio ambiente.
Saiba mais
No ano de 2015 a Política Nacional do Meio Ambiente completa 
34 anos. A legislação ambiental brasileira é uma das mais 
completas do mundo. 
 
 X Art. 9º – São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: 
I) o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; 
II) o zoneamento ambiental; 
III) a avaliação de impactos ambientais; 
IV) o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente 
poluidoras; 
V) os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou 
absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental; 
VI) a criação de reservas e estações ecológicas, áreas de proteção ambien-
tal e as de relevante interesse ecológico, pelo Poder Público Federal, 
Estadual e Municipal; 
VII) o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;
VIII) o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumento de Defesa 
Ambiental;
IX) as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento 
das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação 
ambiental;
X) a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divul-
gado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos 
Naturais Renováveis – IBAMA;
XI) a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, 
obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes;
XII) o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/
ou utilizadoras dos recursos ambientais.
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O conhecimento por parte da população acerca do conteúdo das legislações, e o 
que estas têm a ver com a melhoria da qualidade de vida da comunidade, são o 
primeiro passo para um maior controle social sobre a aplicação das leis.
Nesse sentido, é importante conhecermos a legislação vigente, os direitos e deveres 
do cidadão e o nível de aplicação das leis das esferas federal, estadual e municipal. 
Embora saibamos da importância de conhecer as leis que regem e balizam nossos 
direitos e deveres na sociedade, também sabemos que este não é um conhecimen-
to fácil. Muito se ouve falar que as leis são de difícil entendimento e que somente 
os advogados as entendem. Diante dessa constatação podemos nos questionar 
sobre como traduzir as leis para nossas ações na comunidade, no nosso dia a dia.
O Agente de Desenvolvimento Socioambiental, como profissional capacitado, 
pode mobilizar os atores sociais da comunidade e promover atividades para a 
discussão, reflexão e conhecimentos das leis e, caso necessário, buscar auxílio 
para que sejam cumpridas. 
Vejamos algumas dicas importantes para o Agente de Desenvolvimento Socioam-
biental abordar leis com a comunidade.
• Agrupar pessoas que tenham interesse em conhecer um pouco mais 
sobre as leis. 
• Escolher a lei de interesse do grupo. Por exemplo: a lei escolhida é a 
Política Nacional do Meio Ambiente.
• Contextualizar a lei utilizando algum recurso: música, poema, texto, 
recorte, fotografia, dentre outros. 
• Pesquisar o ano, esfera (federal, estadual ou municipal) e em que 
contexto histórico essa lei foi promulgada. 
• Identificar o artigo, parágrafo, inciso, alínea da lei.
• Ler em partes, pausadamente e em linguagem adequada (de modo 
que todos possam participar), assinalando as partes que necessitam 
o maior destaque. Por exemplo: a implementação de um programa 
de EA na comunidade está no inciso X da referida lei. Isto é, procurar 
relacionar a lei à prática cotidiana da comunidade.
• Exemplificar com outras leis, como o Código de Defesa do 
Consumidor, Lei Maria da Penha, dentre outras.
• Possibilitar momentos de reflexões com questões do tipo: alguém do 
grupo já teve algum direito desrespeitado? Como agiu? Quando as leis 
não são cumpridas, o que fazer? As leis que existem são para todos 
e todas sem distinção de qualquer natureza? Há alguma atitude que 
você possa tomar para garantir o direito que está sendo discutido?
É importante considerarmos que o meio ambiente ecologicamente equilibrado foi 
consagrado constitucionalmente como direito fundamental à vida sadia de todos 
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os indivíduos habitantes do planeta. Nesse sentido, é importante conhecer as leis e 
exigir que sejam cumpridas. Tal pratica se constitui um ato político e de cidadania.
1.4 DIREItOS HUMANOS E OS INDICADORESSOCIAIS E AMBIENtAIS 
Os direitos humanos são direitos inerentes a todos 
os seres humanos, independentemente de raça, cor, 
sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qual-
quer outra condição.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) 
é um documento-marco na história dos direitos huma-
nos. Elaborada por representantes de diferentes ori-
gens jurídicas e culturais de todas as regiões do mundo, a DUDH foi proclamada pela 
Assembleia Geral das Nações Unidas em Paris, em 10 de dezembro de 1948, como 
uma norma comum a ser alcançada por todos os povos e nações. Ela estabelece, 
pela primeira vez, a proteção universal dos direitos humanos.
A DUDH é um ideal comum a ser alcançado por todos os povos e todas as nações, 
a fim de que todos os indivíduos e todos os órgãos da sociedade, tendo-a constan-
temente no espírito, se esforcem, pelo ensino e pela educação, 
por promover o respeito desses direitos e liberdades e assegu-
rar, por medidas progressivas de ordem nacional e internacional, 
o seu reconhecimento e a sua aplicação universais e efetivos, 
tanto entre as populações dos próprios Estados-membros como 
entre os povos dos territórios colocados sob sua jurisdição. 
Esses ideais são a base de toda e qualquer sociedade que pretenda ser justa e igualitária. 
Podemos elencar como mais importantes os seguintes direitos fundamentais: 
 X Direitos civis – são o direito à igualdade perante a lei, o direito a um julga-
mento justo, o direito de ir e vir, o direito à liberdade de opinião, entre outros.
 X Direitos políticos – são o direito à liberdade de reunião, o direito de asso-
ciação, o direito de votar e de ser votado, o direito de pertencer a um par-
tido político, o direito de participar de um movimento social, entre outros.
 X Direitos sociais – são o direito à previdência social, o direito ao atendi-
mento de saúde e tantos outros direitos neste segmento.
 X Direitos culturais – são o direito à educação, o direito de participar da 
vida cultural, o direito ao progresso científico e tecnológico, entre outros.
 X Direitos econômicos – são o direito à moradia, o direito ao trabalho, o 
direito à terra, o direito às leis trabalhistas e outros.
 X Direitos ambientais – são os direitos de proteção, preservação e recupe-
ração do meio ambiente, utilizando recursos naturais sustentáveis.
http://www.dudh.org.br/wp-content/uploads/2014/12/dudh.pdf
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Desde sua adoção, em 1948, a DUDH foi traduzida em mais de 360 
idiomas – o documento mais traduzido do mundo – e inspirou as 
constituições de muitos Estados e democracias recentes. 
Uma série de tratados internacionais de direitos humanos e outros instrumentos ado-
tados desde 1945 expandiram o corpo do direito internacional dos direitos humanos. 
Esses direitos são o requisito para que as pessoas possam construir sua vida em liber-
dade, igualdade e solidariedade. Os três princípios – segurança, identidade e partici-
pação – podem ser considerados como categorias básicas para os Direitos Humanos.
Na reportagem sobre a seca em Cabo Verde são identificados esses três princípios. 
Cabo Verde receberá ajuda da ONU para enfrentar seca que 
já afetou 30 mil pessoas
A Organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO) 
anunciou, nesta quarta-feira (18), que fornecerá sementes, ração 
para animais e equipamentos de irrigação para recuperar os meios 
de subsistência de milhares de pessoas em Cabo Verde. O acordo, 
de 500 mil dólares, assinado entre o diretor da FAO, José Graziano 
da Silva, e o primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Pereira 
Neves, prevê o fortalecimento da resiliência do país insular africano.
Em 2014, a pluviosidade em Cabo Verde foi 65% menor que no 
ano anterior, fazendo com que 30 mil cabo-verdianos passassem 
a depender de assistência, após perderem grande parte 
do cultivo de grãos em oito das dez ilhas do arquipélago.
“Esse acordo é de extrema importância porque não apenas nos 
ajudará a enfrentar a atual seca, mas também ajudará a criar 
condições para construir uma agricultura sustentável em Cabo 
Verde”, afirmou o primeiro-ministro.
Fonte: Nações Unidas (2015). 
Os direitos humanos não devem igualar, mas – ao contrário – devem assegurar a 
individualidade de cada um e do grupo social ao qual pertence. O direito à edu-
cação ou à alimentação é considerado um pré-requisito para a percepção dos 
direitos políticos. Por conseguinte, não se pode separar dos direitos humanos.
Durante o século XX, os direitos humanos evoluíram como um enquadramento 
moral, político e jurídico, e como linha de orientação para desenvolver um mundo 
sem medo e sem privações. No século XXI, é mais imperativo do que nunca tornar 
os direitos humanos conhecidos e compreendidos e fazê-los prevalecer. 
http://www.ohchr.org/EN/UDHR/Pages/SearchByLang.aspx
http://www.ohchr.org/EN/UDHR/Pages/SearchByLang.aspx
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A educação em direitos humanos promove, assim, 
um enfoque holístico embasado no gozo desses 
direitos, que abrange, por um lado, os “direitos 
humanos pela educação” – isto é, conseguir que todos 
os componentes e processos de aprendizagem, 
incluindo os planos de estudo, o material didático, 
os métodos pedagógicos e a capacitação, conduzam ao aprendizado dos direitos 
humanos – e, por outro lado, a “realização dos direitos humanos na educação” – que 
consiste em fazer valer o respeito aos direitos humanos de todos os membros da 
comunidade escolar (Plano de Ação – UNESCO, 2012). 
Os direitos humanos também poderão ser um instrumento a ser utilizado pelas 
pessoas para a transformação social em nível nacional, regional ou universal. 
As organizações da sociedade civil ajudam a amplificar a voz dos não privilegiados 
econômica e politicamente. Em campanhas sobre assuntos específicos relaciona-
dos com o comércio justo, a violência contra as mulheres, homossexuais, indíge-
nas, afrodescendentes, os direitos humanos e as violações ambientais, referindo 
só alguns, a sociedade civil internacional tem chamado a atenção do mundo para 
as ameaças à segurança humana. 
As Organizações Não Governamentais (ONGs) podem fortalecer e mobilizar várias 
organizações da sociedade civil nos seus países, através de uma educação base-
ada em direitos humanos, para desenvolver a participação cívica nos processos 
econômicos e políticos e para assegurar que os compromissos institucionais res-
pondam às necessidades das pessoas. 
Promover os direitos humanos no âmbito internacional é um dos 
objetivos-base na criação da Organização das Nações Unidas 
(ONU). Ela foi fundada oficialmente em 24 de outubro de 1945, em 
São Francisco, Califórnia, ao final da Segunda Guerra Mundial e 
representou importante mecanismo de cooperação internacional, 
a fim de construir a paz no pós-guerra e prevenir guerras futuras. 
Curiosidade
A Segunda Guerra Mundial, iniciada em setembro de 1939, foi 
a maior catástrofe provocada pelo ser humano em toda a sua 
história. Envolveu setenta e duas nações e foi travada em todos 
os continentes, de forma direta ou indireta. O número de mortos 
superou os cinquenta milhões e deixou aproximadamente vinte e 
oito milhões de mutilados. A Segunda Guerra Mundial aconteceu 
em virtude da ideia de Hitler de expandir os domínios territoriais 
da Alemanha e ampliar, dessa forma, a obtenção de poder e 
recursos materiais (principalmente matérias-primas) pelo mundo. 
Nessa época todos os direitos humanos foram violados. 
Holístico significa associado ao 
todo. É uma forma de pensar glo-
balmente, isto é, considerando as 
partes e o todo, o todo e as partes, 
considerar todos os elementos 
que compõem um sistema. 
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