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e-Book 4 Hamilton Moura CONTABILIDADE SOCIETÁRIA Sumário INTRODUÇÃO ������������������������������������������������� 3 CONTABILIZAÇÃO DE RESULTADOS NÃO REALIZADOS E PARTICIPAÇÃO DE ACIONISTAS MINORITÁRIOS ������������������������ 4 Resultados não realizados ��������������������������������������������������� 4 Participação de acionistas minoritários ����������������������������� 9 EFEITOS DA CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ������������������14 DEMONSTRAÇÕES SEPARADAS �����������������21 Demonstrações contábeis separadas ������������������������������� 21 DEMONSTRAÇÕES SEPARADAS VERSUS DEMONSTRAÇÕES INDIVIDUAIS �� 26 Demonstrações contábeis separadas ������������������������������� 26 Demonstrações contábeis individuais ������������������������������ 29 CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������������32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS & CONSULTADAS ��������������������������������������������33 3 INTRODUÇÃO As normas internacionais de contabilidade já estão sedimentadas tanto na formação dos contadores como na prática contábil� No entanto, ainda existem temas que deixam dúvidas em muito profissionais experientes� Neste módulo, vamos tratar de um desses temas: as demonstrações separadas, procurando resumir o que é abordado nas normas contábeis, e apresentar alguns exemplos para melhorar o entendimento� Ao final, esperamos que você consiga compreender a contabilização dos resultados não realizados, bem como a participação de acionistas minoritários� Você poderá apropriar-se do entendimento dos efei- tos da consolidação financeira para controladores e controladas, conhecer as demonstrações separa- das, e diferenciar das demonstrações individuais� É um bom desafio, não acha? Vamos juntos! 44 CONTABILIZAÇÃO DE RESULTADOS NÃO REALIZADOS E PARTICIPAÇÃO DE ACIONISTAS MINORITÁRIOS RESULTADOS NÃO REALIZADOS O resultado não realizado ocorre quando uma em- presa A vende um bem com lucro ou prejuízo para uma empresa B; esse bem permanece no ativo da empresa B, na data-base do ajuste de equivalência patrimonial, e ambas as empresas fazem parte de uma mesma entidade ou grupo de sociedades� O resultado (lucro ou prejuízo) será considerado realizado quando a empresa B vender o referido bem para terceiros ou baixá-lo por algum motivo para as contas de resultado (imprestável, obsoleto, depreciação etc�)� Sociedades coligadas O tratamento contábil para resultados não realiza- dos em operações com coligadas está previsto no pronunciamento técnico de interpretação ICPC 09� Pontos relevantes: 55 a) São eliminados os lucros não realizados na venda de ativos da investidora e suas controladas para a coligada, bem como os lucros não realizados na venda de ativos da coligada para a investidora e suas controladas� b) As transações com ativos que gerem prejuízos não são eliminadas� O professor Mário Jorge explica no vídeo Lucro não realizado na Consolidação de Balanços o que é o lucro não realizado e como é feito o tratamento desse item na consolidação das demonstrações contábeis� Clique no link e assista, são apenas 15 minutos: https:// www.youtube.com/watch?v=Isons8nbFnM. Exemplo A empresa Controladora tem 20% das ações do capital de Alfa e significativa influência em sua administração, sendo essa investida considerada coligada e esse investimento avaliado pelo método de equivalência patrimonial. Para tornar o exemplo mais transparente, não consideraremos os efeitos tributários� FIQUE ATENTO 66 Tabela 1: Exemplo� Controladora - Inicial Caixa 3�000 Capital social 3�600 Investimento em Alfa 2�000 Reserva de lucros 1�400 5�000 5�000 Alfa - Inicial Caixa 9�200 Capital social 8.100 Imóvel 800 Reserva de lucros 1�900 10�000 10�000 Fonte: Elaboração própria A empresa Alfa efetuou as seguintes transações: (a) prestou serviços à vista a terceiros no montante de R$ 3�700 e incorreu em despesas também à vista no valor de R$ 1�300; e (b) vendeu à vista o imóvel para a Controladora por R$ 1�200� Tabela 2: Registro contábil em Alfa: Débito Crédito Pelo registro do recebimento do serviço prestado Caixa 3�700 Receita de prestação de serviços 3�700 Pelo registro do pagamento das despesas Despesa 1�300 Caixa 1�300 77 Débito Crédito Pelo registro da venda à vista do imóvel Caixa 1�200 Imóvel 800 Ganho na venda do imóvel 400 Fonte: Elaboração própria Tabela 3: Alfa – momento II Caixa 12.800 Capital social 8.100 Reservas de lucros 1�900 Lucro do período 2.800 12.800 12.800 Fonte: Elaboração própria Tabela 4: Resultado de Alfa – II Receita de Serviços 3�700 Despesas -1.300 Lucro de prestação de serviços 2�400 Ganho na venda de imóvel 400 Lucro do período 2.800 Fonte: Elaboração própria Tabela 5: Cálculo do ajuste de equivalência patrimonial – Contro- ladora II Valor inicial da equivalência patrimonial (R$ 2.800 x 20%) 560 Resultado não realizado (R$ 400 x 20%) -80 Valor final da equivalência patrimonial 480 Fonte: Elaboração própria 88 Tabela 6: Registro contábil na Controladora: Débito Crédito Pelo registro da compra à vista do imóvel Imóvel 1�200 Caixa 1�200 Pelo ajuste do investimento pelo MEP Investimento em Alfa 480 Receita de equivalência patrimonial 480 Fonte: Elaboração própria� Tabela 7: Controladora – momento II Caixa 1.800 Capital social 3�600 Investimento em Alfa 2.480 Reservas de lucros 1�400 Imóvel 1�200 Lucro do período 480 5.480 5.480 Fonte: Elaboração própria Observações: y Na operação de venda da coligada para a in- vestidora, o lucro não realizado é eliminado quando do cálculo da equivalência patrimonial. y Observe que o resultado de equivalência pa- trimonial corresponde apenas ao percentual de participação aplicado sobre o resultado de Alfa sem o lucro na venda do imóvel (R$ 2�400 × 20% = R$ 480). 99 y Reconciliação entre o patrimônio líquido da coligada e o investimento pelos registros da con- tabilidade da investidora: R$ 12.800 (patrimônio líquido de Alfa) × 20% = R$ 2.560 – 80 (resultado não realizado) = R$ 2.480 (valor do investimento). PARTICIPAÇÃO DE ACIONISTAS MINORITÁRIOS Existe uma participação minoritária sempre que uma empresa controladora possui o controle de uma subsidiária, mas não possui 100%� Os demais acionistas da subsidiária constituem a participa- ção minoritária� Esses (os acionistas minoritários) têm direitos sobre os lucros e ativos líquidos da subsidiária� O balanço patrimonial consolidado inclui todos os ativos e passivos de uma subsidiária, não apenas um valor igual à porcentagem de propriedade da controladora� Da mesma forma, a demonstração do resultado da consolidada inclui todas as recei- tas e despesas de uma subsidiária, não apenas um valor igual à porcentagem de propriedade da controladora� O controle permite gerenciar todos os ativos líqui- dos de uma subsidiária, justificando a inclusão de cem por cento dos ativos, passivos, receitas 1010 e despesas da subsidiária nas demonstrações financeiras consolidadas. A empresa, entretanto, não tem direito a 100% dos ativos líquidos ou ganhos� A consolidação das demonstrações financeiras deve, portanto, reconhecer a reivindicação dos acionistas minori- tários� Ilustramos, a seguir, os procedimentos para preparar uma planilha de consolidação quando houver uma participação minoritária� O vídeo O TAG ALONG não vai te proteger��� explica o que é tag along e como funciona, bem como sua importância, para proteção ao investidor minoritário, dando alguns exemplos dessa proteção� Clique no link e assista, são apenas 8 minutos de vídeo que podem acrescentar mais um conhecimento a você. https://www.youtube.com/watch?v=ushew_esDDU� Reconhecimento da participação minoritária na data da aquisição A Empresa Controladora adquiriu 100% das ações em circulação da Empresa Alfa por R$ 650�000, em 1º de janeiro, Ano 1� SAIBA MAIS https://www.youtube.com/watch?v=ushew_esDDU 1111 No momento da aquisição, o valor contábil do pa- trimônio líquido da Empresa Controladoraera de R$ 650�000, compreendendo os seguintes saldos de contas: Empresa Alfa, 1 de janeiro, Ano 1 Ação ordinária ���������������������������������������������� R$ 500�000 Lucros acumulados �������������������������������������� R$ 150�000 Patrimônio líquido total ������������������������������� R$ 650�000 Suponha agora que a Empresa Controladora adquiriu apenas 80% das ações ordinárias em circulação da Empresa Alfa e pagou R$ 520�000� O quadro abaixo mostra as reivindicações da Empresa Controladora e a participação dos acionistas minoritários da Empresa Alfa na data de aquisição� Alocação do patrimônio líquido da Empresa Alfa para a Empresa Controladora e os acionistas mi- noritários na data de aquisição� Tabela 8: Exemplo Total Empresa Controladora (80%) Acionistas Minoritários (20%) (1) (2) (3) Ação ordinária R$500�000 R$400�000 R$100�000 Lucros acumula- dos R$150�000 R$120�000 R$30�000 1212 Total Empresa Controladora (80%) Acionistas Minoritários (20%) Patri- mônio líquido total R$650�000 R$ 520�000,00 R$ 130�000,00 Fonte: Elaboração própria Para eliminar o investimento na conta da Empresa Alfa, que aparece nos livros de Empresa Controla- dora, é feito o seguinte: Tabela 9: Exemplo� Ações ordinárias (Alfa) R$ 400�000 Lucros retidos (Alfa) R$ 120�000 Investimento em Alfa (empresa Controladora) R$ 520�000 Fonte: Elaboração própria O cálculo para reconhecer a reivindicação de interesse minoritário sobre os ativos líquidos da Empresa Alfa é a seguinte: Tabela 10: Ações ordinárias (Alfa) R$100�000 Lucros retidos (Alfa) R$30�000 Participação minoritária nos ativos líquidos de Alfa (balanço consolidado) R$130�000 Fonte: Elaboração própria A conta Interesses Minoritários nos ativos líquidos de Alfa não aparece nos livros de nenhuma das empresas� 1313 Em vez disso, a entrada da planilha acima cria essa conta� O balanço patrimonial consolidado inclui todos os ativos e passivos da Controladora (exceto a conta do Investimento em Alfa, eliminada na primeira entrada acima) e da Empresa Alfa� A reivindicação de 20% dos acionistas minoritários contra os ativos líquidos de Alfa de R$ 130�000 normalmente aparece entre passivos e patrimônio líquido, no balanço patrimonial consolidado� 14 EFEITOS DA CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS As demonstrações financeiras consolidadas são a principal fonte de informação usada por várias partes interessadas para tomar decisões sobre grupos econômicos. As demonstrações financeiras consolidadas são mais úteis para os acionistas do que as demonstrações financeiras não consolidadas. Na base da preparação das demonstrações finan- ceiras consolidadas estão as normas contábeis que estabelecem a definição de “controle”, que constitui a base para a identificação de entidades controladas e, portanto, agregadas ao grupo, cujas informações financeiras constituem as demons- trações financeiras consolidadas. A aplicação correta da definição de controle é fundamental, uma vez que as informações finan- ceiras apresentadas nessas demonstrações são fortemente influenciadas pela decisão de incluir ou excluir entidades� Portanto, garantir o reco- nhecimento adequado de entidades controladas nas demonstrações financeiras consolidadas é essencial, especialmente porque essas são as únicas demonstrações que devem ser divulgadas 15 publicamente e são amplamente usadas para fins de tomada de decisão por várias das partes interessadas externas – por exemplo, fundos de aposentadoria, ao tomar decisões de investimento� Enquanto a Lei 6�404/76 foi vista como uma me- lhoria dos requisitos anteriores aplicados, também foi criticada por aplicar uma definição de controle que, sem dúvida, fornecia às empresas a discrição para incluir oportunamente (excluir) entidades particulares. Em particular, o controle; a definição, segundo o CPC 35 (R2), exige que a controladora tenha o “poder de governar” sobre e de receber “benefícios” da subsidiária, sugerindo que a proprie- dade do acionista majoritário e retornos positivos são condições necessárias, respectivamente� O CPC 36 (R3) aplica uma definição de controle baseada em princípios que exige que as empresas consolidem outras entidades para as quais recebem “retornos variáveis”, incorporando retornos positivos e negativos, e eles têm o “poder” de afetar seus retornos. Como tal, a definição de controle limita a capacidade das empresas de omitir prejuízos e incapacidade de “governar” entidades controladas nos relatórios financeiros consolidados. No entanto, levantaram-se preocupações de que o uso contínuo de uma definição de controle baseada em princípios sob o CPC 36 (R3) fornece complexi- 16 dade desnecessária e permite mais subjetividade na aplicação para investimentos de propriedade não majoritária, ou uma dependência de limites baseados em propriedade tradicional usados sob o CPC 35 (R2)� Por que tantas contas? Diferentes conjuntos de contas são usados para diferentes propósitos� As contas individuais mos- tram a posição e o desempenho de cada empresa individualmente, mas não do grupo como um todo� As contas consolidadas combinam todas as informações das subsidiárias sob o controle da controladora� As contas do grupo relatam a rea- lidade comercial subjacente do controle efetivo da controladora� Isso torna os grupos facilmente comparáveis, mesmo que suas estruturas legais e de propriedade sejam bastante diferentes� Porém, é importante ressaltar que o grupo contábil não é uma entidade legal por si só� Três conceitos muito importantes na contabilida- de de grupo são goodwill, transações internas e participação de não controladores� Goodwill – qualquer excesso de: O valor pago para adquirir um negócio, sobre: O valor dos ativos líquidos adquiridos� 17 É qualquer excesso do valor pago por uma aquisição sobre o valor dos ativos líquidos adquiridos� Ele reflete o valor de todo o negócio adquirido, sendo maior do que a soma de suas partes� Por exemplo, se ativos líquidos com um valor de R$ 100 milhões foram adquiridos por um preço de compra de R$ 120 milhões, então o goodwill seria: R$ 120 milhões – R$ 100 milhões = R$ 20 milhões. O goodwill é apresentado separadamente na de- monstração da posição financeira do grupo. Vejamos um exemplo: Holding é uma empresa controladora de uma Subsidiária� A Holding comprou a Subsidiária há alguns anos por R$ 1 milhão, que também era o valor dos ativos líquidos da Subsidiária, na época� Não houve diferença entre o valor pago e o valor dos ativos líquidos adquiridos. Isso significa que o goodwill nas contas do Grupo Holding é zero� Tabela 11: Resumo do Balanço Patrimonial Consolidado (em R$ milhões) Holding Subsidiária Ajustes Grupo Ativos Investi- mentos em subsidiária 1 - -1 - outros ativos 4 200 204 18 Holding Subsidiária Ajustes Grupo 5 200 204 Passivo 3 120 123 Patrimônio Líquido 2 80 -1 81 5 200 204 Fonte: Elaboração própria Os ativos e passivos individuais da Holding e Subsi- diária hoje são definidos acima, juntamente com os números consolidados do grupo� A demonstração consolidada do grupo mostra que o grupo Holding controla uma quantidade muito maior de ativos (R$ 204 milhões) do que as contas individuais da Holding podem sugerir (apenas R$ 4 milhões)� O grupo também está mais endividado do que divulgam as contas individuais da Holding� Seu passivo total é de R$ 123 milhões, não apenas os R$ 3 milhões divulgados nas contas individuais da Holding� Transações internas Normalmente, as transações internas não são informações relevantes para os usuários externos de contas de grupo� Os itens internos são aqueles entre membros do mesmo grupo, por exemplo, quaisquer vendas e compras entre Holding e Subsidiária� 19 Por esse motivo, um princípio fundamental de con- solidação é remover itens internos dos números do grupo� Isso evita que contas de grupo mostrem níveis enganosamente altos de atividadesou ativos� Remover informações irrelevantes Vamos construir a demonstração do resultado para o Grupo Holding� As vendas totais da Hol- ding foram de R$ 90 milhões e as vendas totais da Subsidiária foram de R$ 50 milhões� A primeira etapa da consolidação desses resultados consiste simplesmente em somá-los. Isso é feito nas duas primeiras colunas da tabela a seguir� Mas R$ 40 milhões das vendas totais da Subsidiária foram vendas internas do grupo para a Holding� Precisamos excluir as vendas e compras internas dos números do grupo� Isso também é feito na coluna de ajustes a seguir� As vendas totais do grupo para clientes externos são de apenas R$ 100 milhões, em vez do total das vendas individuais de cada empresa do grupo (R$ 90 milhões + R$ 50 milhões = R$ 140 milhões). Nossos ajustes de consolidação para remover transferências internas (de R$ 40 milhões) garan- tem que as vendas consolidadas do grupo não sejam exageradas� 20 Tabela 12: Demonstração do Resultado Consolidado (em R$ milhões) Holding Subsidiária Ajustes Grupo Vendas Externas 90 10 100 Vendas Internas 40 -40 Total das vendas 90 50 -40 100 Compras Internas -40 40 Custos externos -38 -32 -70 Lucro antes dos impostos 12 18 30 Fonte: Elaboração própria� 2121 DEMONSTRAÇÕES SEPARADAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SEPARADAS Demonstrações contábeis separadas são aquelas que avaliam as participações societárias em coli- gadas, em controladas ou em empreendimentos controlados em conjunto pelo valor justo, ou até pelo custo, e não pela equivalência patrimonial e sem a utilização da técnica da consolidação� Demonstrações contábeis separadas são apresen- tadas por um investidor em coligada, controlada ou em entidades controladas em conjunto (joint ventures), nas quais a contabilização dos investi- mentos é baseada no valor justo da participação direta no capital, ou ao seu custo, em vez de nos resultados divulgados com base nos ativos líquidos contábeis das investidas ou sua consolidação� Não se confundem com as demonstrações individuais, nas quais esses investimentos têm outra base de mensuração� As demonstrações separadas são apresentadas adicionalmente às demonstrações consolidadas ou adicionalmente às demonstrações contábeis de investidor que não possui investimentos em 2222 controlada, mas possui investimentos em coligada ou em empreendimento controlado em conjunto, em que os investimentos em coligada ou em em- preendimento controlado em conjunto – conforme requerido pelo Pronunciamento Técnico CPC 18 – devem ser contabilizados com base no método da equivalência patrimonial, exceto nas circunstâncias previstas nos itens 8 e 8A. As demonstrações contábeis em que a entidade não possui investimentos em controlada, em coligada ou em empreendimento controlado em conjunto não são consideradas demonstrações separadas� De acordo com o CPC 35, a elaboração de demons- trações separadas é uma opção da entidade� Não obstante, a entidade é requerida pela lei societária a apresentar demonstrações contábeis individuais� Quem pode divulgar demonstrações contábeis separadas? y A entidade que está dispensada, de acordo com CPC 36– Demonstrações Consolidadas, de consolidar suas demonstrações contábeis, ou que está dispensada, de acordo com CPC 18, de aplicar o método da equivalência patrimonial, se permitido legalmente� y A entidade de investimento que seja obrigada, durante todo o período atual e todos os períodos comparativos apresentados, a aplicar a exceção à 2323 consolidação para todas as suas controladas de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 36, se for permitido legalmente� Neste vídeo, a professora Vânia Borgerth explica as demonstrações intermediárias, objeto da NBC TG 21 (R4) e as demonstrações separadas, tratadas na NBC 35 (R2)� É uma palestra que pode enriquecer ainda mais seus conhecimentos sobre o tema� Clique no link e aproveite! https://www.youtube.com/watch?v=kBR-pqVeGIc� Como deve contabilizar seus investimentos? Quando a entidade elaborar demonstrações separa- das, ela deve contabilizar os seus investimentos em controladas, em coligadas e em empreendimentos controlados em conjunto com base em uma das seguintes alternativas, obedecida a legislação em vigor: a) ao custo histórico; b) em consonância com o Pronunciamento Téc- nico CPC 38; ou FIQUE ATENTO https://www.youtube.com/watch?v=kBR-pqVeGIc 2424 c) utilizando o método da equivalência patrimonial, conforme descrito no Pronunciamento Técnico CPC 18. A entidade deve aplicar as mesmas práticas con- tábeis para cada categoria de investimentos� Investimentos contabilizados ao custo ou pelo mé- todo da equivalência patrimonial devem observar o Pronunciamento Técnico CPC 31, quando forem classificados como mantidos para venda ou para distribuição (ou incluídos em grupo de ativos a ser alienado que seja classificado como mantido para venda ou para distribuição)� A mensuração de investimentos contabilizados, de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 38, não deve ser modificada nessas circunstâncias. Se a entidade eleger – de acordo com o CPC 18 – mensurar seus investimentos em controladas, em coligadas e em empreendimentos controlados em conjunto ao valor justo por meio do resultado, de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 38, ela deve contabilizá-los nos mesmos moldes em suas demonstrações separadas� Se a controladora for obrigada – de acordo com o item 31 do Pronunciamento Técnico CPC 36 – a mensurar seu investimento em controlada ao valor justo por meio do resultado, de acordo com 2525 o Pronunciamento Técnico CPC 38, ela também deve contabilizar seu investimento em controlada, da mesma forma em suas demonstrações contá- beis individuais e separadas (esta última, se for apresentada, de forma voluntária)� E quanto aos dividendos? Dividendos de controladas, coligadas ou empre- endimentos controlados em conjunto devem ser reconhecidos nas demonstrações separadas da entidade, quando o direito ao seu recebimento pela entidade for estabelecido� O dividendo deve ser reconhecido no resultado do período, a menos que a entidade opte por usar o método da equiva- lência patrimonial, caso em que o dividendo deve ser reconhecido como redução do valor contábil do investimento� 26 DEMONSTRAÇÕES SEPARADAS VERSUS DEMONSTRAÇÕES INDIVIDUAIS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SEPARADAS Demonstrações contábeis separadas são as de- monstrações contábeis apresentadas por uma controladora, um investidor em uma coligada, ou um empreendedor em uma joint venture (entidade controlada em conjunto), em que os investimentos são contabilizados com base na participação direta no patrimônio líquido, ao invés de ser contabili- zados com base nos resultados contabilizados e patrimônio líquido das empresas investidas� Dá-se o nome de demonstrações contábeis separadas às demonstrações que avaliam as participações societárias em coligadas, em controladas ou em empreendimentos controlados em conjunto pelo valor justo, ou até pelo custo, e não pela equiva- lência patrimonial e sem a utilização da técnica da consolidação. A equivalência patrimonial, portanto, é uma técnica incompatível com a demonstração separada e nela não pode ser utilizada� 27 O CPC 35 especifica as circunstâncias em que a entidade deve elaborar e apresentar as demons- trações contábeis separadas; como devem ser contabilizados os investimentos em controladas, controladas em conjunto () e coligadas; e como a entidade deve divulgar a informação para permitir que os usuários das demonstrações contábeis avaliem a natureza da relação entre a entidade e suas investidas e os motivos pelos quais estão apresentando essas demonstrações separadas� A apresentação das demonstrações separadas não exime a entidade da obrigação de apresentação de suas demonstrações individuais e consolidadas, ou da aplicação da equivalência patrimonial, quando determinado pelas normas emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidadeou pela legislação. Segundo o Conselho Federal de Contabilidade, a faculdade de apresentação de demonstrações con- tábeis separadas foi introduzida em alinhamento à previsão existente nas normas internacionais de contabilidade, não existindo obrigatoriedade de sua apresentação� Conceitualmente, as demonstrações contábeis separadas só deveriam ser apresentadas nas cir- cunstâncias em que os investimentos societários mensurados pela equivalência patrimonial, ou apresentados na forma de demonstrações con- 28 solidadas, não representem de forma completa a razão e a destinação desses investimentos� Mas são raros os casos em que essa situação justifique sua apresentação� De acordo com as normas internacionais, existem três situações que levariam à divulgação das de- monstrações separadas: a) Por opção da entidade; b) Por exigência legal local; c) Por ter sido dispensada da aplicação do método de equivalência patrimonial ou da consolidação. Pelo que sabemos, a legislação brasileira não exige a apresentação e a divulgação de demonstrações separadas, nem dispensa a aplicação de equiva- lência patrimonial ou consolidação. Em determinadas circunstâncias – muito especí- ficas –, pode o investidor entender ser relevante informar os investidores, credores e público em geral de outra forma que não pela equivalência patrimonial ou pela consolidação das demonstra- ções contábeis� O investidor pode entender de utilidade reportar seus investimentos avaliados aos respectivos va- lores justos e reportar como resultado a mutação desses valores justos� Ou pode concluir que esses 29 investimentos seriam mais bem apresentados se avaliados ao custo� Os resultados nas demonstrações separadas são reconhecidos e mensurados conforme a avaliação dos investimentos; se avaliados ao custo, só haverá receitas quando do recebimento dos dividendos ou outra forma de distribuição de resultados e es- tão sujeitos ao teste periódico de impairment� Se avaliados pelo valor justo, o resultado é apurado pela variação do valor justo, e os dividendos ou outras formas de distribuição de resultado são reconhecidos como redução do investimento� A entidade deve divulgar que as demonstrações apresentadas são demonstrações contábeis se- paradas e divulgar os motivos pelos quais elas foram preparadas, quando não exigido por lei ou regularmente; a lista dos investimentos relevan- tes em coligadas, controladas e controladas em conjunto; o método utilizado para contabilizar tais investimentos; e a razão da escolha desse método� DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS INDIVIDUAIS As demonstrações contábeis individuais são a representação estruturada da posição patrimonial e financeira e do desempenho da entidade. O ob- jetivo das demonstrações contábeis individuais é o de proporcionar informação acerca da posição 30 patrimonial e financeira, do desempenho e dos fluxos de caixa da entidade que seja útil a um grande número de usuários em suas avaliações e tomada de decisões econômicas� Esses demonstrativos também objetivam apre- sentar os resultados da atuação da administra- ção na gestão da entidade e sua capacitação na prestação de contas quanto aos recursos que lhe foram confiados. Essas informações – juntamente com outras informações constantes das notas explicativas – ajudam os usuários das demonstrações contábeis na previsão dos futuros fluxos de caixa da entidade e, em particular, a época e o grau de certeza de sua geração� O CPC 26 ainda traz um outro conceito intitulado “Demonstrações Contábeis de Propósito Geral” e explica como sendo aquelas cujo propósito reside no atendimento das necessidades informacionais de usuários externos que não se encontram em condições de requerer relatórios especificamente planejados para atender às suas necessidades peculiares� Conceitualmente, as demonstrações individuais só deveriam ser divulgadas publicamente para o caso de entidades que não tivessem investimentos em controladas� No caso de existir esses investi- 31 mentos, as entidades deveriam divulgar somente as demonstrações consolidadas, conforme esta- belecido pelas normas internacionais� No entanto, a legislação societária brasileira e alguns órgãos reguladores exigem a divulgação pública das demonstrações contábeis individuais de entidades que têm investimentos em controla- das, mesmo com a divulgação das demonstrações consolidadas� A legislação societária brasileira requer que as demonstrações individuais sejam a base de diversos cálculos com efeitos societários� Ainda de acordo com a legislação brasileira, as demonstrações individuais das entidades que têm investimentos em controladas devem ser divulgadas em conjunto com as demonstrações consolidadas� Essa obrigação não implica divulgar em colunas lado a lado, podendo ser uma demonstração con- tábil a seguir da outra� 3232 CONSIDERAÇÕES FINAIS Na primeira seção deste módulo, estudamos os resultados não realizados na consolidação das de- monstrações contábeis e também da participação de acionistas minoritários� Em seguida, abordamos os efeitos da consolidação das demonstrações contábeis, afinal por que e para quem é importante a consolidação financeira? Verificamos a vantagem, para o investidor, de ter uma visão financeira integrada de um grupo. Então, estudamos as demonstrações contábeis separadas, algo que não é exigido pela nossa le- gislação brasileira, mas que pode haver a exigência de um investidor para dar maior transparência a certas operações� Na última seção, tratamos das diferenças entre as demonstrações separadas e as demonstrações individuais� Vimos a não obrigatoriedade de uma e a obrigatoriedade da outra e, também, vários aspectos à luz dos pronunciamentos técnicos específicos. Referências Bibliográficas & Consultadas ALMEIDA, M� C� Contabilidade avançada� 3� ed� São Paulo: Atlas, 2013� [Minha Biblioteca] ALMEIDA, M� C� Contabilidade avançada: textos, exemplos e exercícios resolvidos� 3� ed� São Paulo: Atlas, 2013� [Minha Biblioteca] ALMEIDA, M� C� Manual prático de interpretação contábil da Lei Societária� 2� ed� São Paulo: Atlas, 2012� [Minha Biblioteca] CARDOSO, R. L.; SZUSTER, F. R.; SZUSTER, N. Contabilidade geral: introdução à contabilidade societária� 4� ed� São Paulo: Atlas, 2013� [Minha Biblioteca] COMITÊ DE PRONUNCIAMENTO CONTÁBEIS. CPC 18, 26, 31, 35 (R2), 36 (R3)� Disponíveis em: http://static�cpc�aatb�com�br/ Documentos/27_CPC_01_R1_rev%2012.pdf. Acesso em: 08 mar. 2021. MARTINS, E� et al� Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades: de acordo com as normas internacionais e do CPC� São Paulo: Atlas, 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018. [Minha Biblioteca] NEVES, S� Contabilidade avançada� 17� ed� São Paulo: Saraiva, 2011� [Minha Biblioteca] PADOVEZE, C� L� Contabilidade geral facilitada� Rio de Janeiro: Método, 2017� [Minha Biblioteca] VICECONTI, P� Contabilidade básica� 16� ed� São Paulo: Atlas, 2013� [Minha Biblioteca] Introdução Contabilização de resultados não realizados e participação de acionistas minoritários Resultados não realizados Participação de acionistas minoritários Efeitos da consolidação das demonstrações contábeis Demonstrações separadas Demonstrações contábeis separadas Demonstrações separadas versus demonstrações individuais Demonstrações contábeis separadas Demonstrações contábeis individuais Considerações finais Referências Bibliográficas & Consultadas
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