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48Estrutura do poema

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https://www.biologiatotal.com.br/medio/cursos/extensivo-enem-e-vestibulares 1/12
Português Lista de Exercícios Extensivo ENEM e Vestibulares SEMANA 25
Ex. 14 Estrutura do Poema
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia os textos a seguir e responda à(s) questão(ões).
 
 
RETRATO
 
Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
– em que espelho �cou perdida
a minha face?
 
MEIRELES, Cecília. Obra Poética de Cecília Meireles. Rio de Janeiro:
José Aguilar, 1958.
 
 
ENVELHECER
Arnaldo Antunes/Ortinho/Marcelo Jeneci
 
 
A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer
A barba vai descendo e os cabelos vão caindo pra cabeça aparecer
Os �lhos vão crescendo e o tempo vai dizendo que agora é pra valer
Os outros vão morrendo e a gente aprendendo a esquecer
Não quero morrer pois quero ver como será que deve ser envelhecer
Eu quero é viver para ver qual é e dizer venha pra o que vai
acontecer
(...)
Pois ser eternamente adolescente nada é mais *démodé com os
ralos �os de cabelo sobre a
[testa que não para de crescer
Não sei por que essa gente vira a cara pro presente e esquece de
aprender
Que felizmente ou infelizmente sempre o tempo vai correr.
(...)
 
*démodé: fora de moda
 
www.arnaldoantunes.com.br/new/sec_discogra�a_sel.php?id=679
 
 
ESTATUTO DO IDOSO (fragmentos)
 
Art. 2 – O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à
pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta
Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as
oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e
mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social,
em condições de liberdade e dignidade.
Art. 4 – Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência,
discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos
seus direitos, por ação ou por omissão, será punido na forma da lei.
 
www.planalto.gov.br/ccvil_03/leis/2003/L10.741.htm
 
 
PARA SEMPRE JOVEM
 
Recentemente, vi na televisão a propaganda de um jipe que saltava
obstáculos como se fosse um cavalo de corrida. Já tinha visto esse
comercial, mas comecei a prestar atenção na letra da música, soando
forte e repetindo a estrofe de uma canção muito conhecida, “forever
Young... I wanna live forever and Young... (para sempre jovem...
quero viver para sempre e jovem). Será que, realmente, queremos
viver muito e, de preferência, para sempre jovens? (...)
O crescimento da população idosa nos países desenvolvidos é uma
bomba-relógio que já começa a implodir os sistemas previdenciários,
despreparados para amparar populações com uma média de vida
em torno de  anos. A velhice se tornou uma epidemia
incontrolável nos países desenvolvidos. Sustentar a população idosa
sobrecarrega os jovens, cada vez em menor número, pois, nesses
países, há também um declínio da natalidade. Será isso socialmente
justo?
Uma pessoa muito longeva consome uma quantidade total de
alimentos muito maior do que as outras, o que contribui para esgotar
mais rapidamente os recursos �nitos do planeta e agravar ainda
mais os desequilíbrios sociais. Para que uns poucos possam viver
muito, outros terão de passar fome. Será que, em um futuro breve,
teremos uma guerra de extermínio aos idosos, como na �cção do
escritor argentino Bioy Casares, O diário da guerra do porco? Seria
uma guerra justa? /.../
 
TEIXEIRA, João. Para sempre jovens. In: Revista Filoso�a: ciência &
vida. Ano VII, n. 92, março-2014, p. 54.
 
 
PROMESSA CONTRA SINAIS DA IDADE
 
O tempo passa, e com ele os sinais da idade vão se espalhando pelo
nosso organismo. Entre eles, os mais evidentes �cam estampados
em nossa pele, e rostos, na forma de rugas, �acidez e perda de
elasticidade. Um estudo publicado ontem no periódico cientí�co
Journal of Investigative Dermatology, no entanto, identi�cou um
mecanismo molecular em células da pele que pode estar por trás
deste processo, abrindo caminho para o desenvolvimento de novos
tratamentos para, se não impedir, pelo menos retardar o
https://www.biologiatotal.com.br/medio/cursos/extensivo-enem-e-vestibulares 2/12
envelhecimento delas e, talvez, as de outros tecidos e órgãos do
corpo.
Na pesquisa, cientistas da Universidade de Newcastle, no Reino
Unido, analisaram amostras de células da pele de vinte e sete
doadores com entre seis e  anos, tiradas de locais protegidos do
Sol, para determinar se havia alguma diferença no seu
comportamento com a idade. Eles veri�caram que, quanto mais
velha a pessoa, menor era a atividade de suas mitocôndrias, as
“usinas de energia” de nossas células. Essa queda, porém, era
esperada, já que há décadas a redução na capacidade de geração de
energia por essas organelas celulares e na sua e�ciência neste
trabalho com o tempo é uma das principais vertentes nas teorias
sobre envelhecimento. /.../
 
BAIMA, César. O Globo, 27 de fev. 2016, p. 24.
 
 
LEITE DERRAMADO
 
“Um homem muito velho está num leito de hospital. E des�a a quem
quiser ouvir suas memórias. Uma saga familiar caracterizada pela
decadência social e econômica, tendo como pano de fundo a história
do Brasil dos últimos dois séculos.”
 
Não sei por que você não me alivia a dor. Todo dia a senhora levanta
a persiana com bruteza e joga sol no meu rosto. Não sei que graça
pode achar dos meus esgares, é uma pontada cada vez que respiro.
Às vezes aspiro fundo e encho os pulmões de um ar insuportável,
para ter alguns segundos de conforto, expelindo a dor. Mas bem
antes da doença e da velhice, talvez minha vida já fosse um pouco
assim, uma dorzinha chata a me espetar o tempo todo, e de repente
uma lambada atroz. Quando perdi minha mulher, foi atroz. E
qualquer coisa que eu recorde agora, vai doer, a memória é uma
vasta ferida. Mas nem assim você me dá os remédios, você é meio
desumana. Acho que nem é da enfermagem, nunca vi essa cara sua
por aqui. Claro, você é a minha �lha que estava na contraluz, me dê
um beijo. Eu ia mesmo lhe telefonar para me fazer companhia, me ler
jornais, romances russos. Fica essa televisão ligada o dia inteiro, as
pessoas aqui não são sociáveis. Não estou me queixando de nada,
seria uma ingratidão com você e com o seu �lho. Mas se o garotão
está tão rico, não sei por que diabos não me interna em uma casa de
saúde tradicional, de religiosas. Eu próprio poderia arcar com viagem
e tratamento no estrangeiro, se o seu marido não me tivesse
arruinado.
 
BUARQUE, Chico. Leite derramado. São Paulo: Companhia das
Letras, 2009, p. 10-11.
 
 
14. (Epcar (Afa) 2017)  Leia os trechos abaixo e assinale a opção
correta.
 
I. “Claro, você é a minha �lha que estava na contraluz, me dê um
beijo.” (Leite derramado)
II. “O tempo passa, e com ele os sinais da idade vão se espalhando
pelo nosso organismo.” (Promessa contra sinais da idade)
III. “– em que espelho �cou perdida/a minha face?” (Retrato)
IV. “Não sei por que essa gente vira a cara pro presente e esquece de
aprender/Que felizmente ou infelizmente sempre o tempo vai correr.”
(Para sempre jovem)
V. “Todo dia a senhora levanta a persiana com bruteza e joga sol no
meu rosto.” (Leite derramado)
Ex. 15 Estrutura do Poema
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir.
 
MINHA ESCOLA
 
A escola que eu frequentava era cheia de grades como as prisões.
E o meu Mestre, carrancudo como um dicionário;
Complicado como as Matemáticas;
Inacessível como Os Lusíadas de Camões!
 
À sua porta eu estava sempre hesitante...
De um lado a vida... — A minha adorável vida de criança:
Pinhões... Papagaios... Carreiras ao sol...
Voos de trapézio à sombra da mangueira!
Saltos da ingazeira pra dentro do rio...
Jogos de castanhas...
— O meu engenho de barro de fazer mel!
 
Do outro lado, aquela tortura:
— "As armas e os barões assinalados!"
— Quantas orações?
— Qual é o maior rio da China?
— A 2 + 2 A B= quanto?
— Que é curvilíneo, convexo?
— Menino, venha dar sua lição de retórica!
— "Eu começo, atenienses, invocando a proteção dos deuses do
Olimpo para os destinos da Grécia!"
— Muito bem! Isto é do grande Demóstenes!
— Agora, a de francês:
— "Quand le christianisme avait apparu sur la terre..."
— Basta
— Hoje temos sabatina...
— O argumento é a bolo!
— Qual é a distância da Terra ao Sol?
— ?!!
— Não sabe? Passe a mão à palmatória!
— Bem, amanhã quero isso de cor ...
 
Felizmente, à boca da noite,
eu tinha uma velha que me contava histórias...
Lindas histórias do reino da Mãe-d'Água...
E me ensinava a tomar a bênção à lua nova.
 
FERREIRA, Ascenso. Como polpa de ingá maduro: poesia reunida de
Ascenso Ferreira / Valéria Torres da Costa e Silva (Organizadora) –
a) A linguagem coloquial está presente no fragmento I.    
 
b) Não há desvio da norma-padrão no item IV.    
 
c) Os trechos II e III exempli�cam construções linguísticas
denotativas.    
 
d) A organização da estrutura textual, no item V, não está de acordo
com a norma padrão da língua.
https://www.biologiatotal.com.br/medio/cursos/extensivo-enem-e-vestibulares 3/12
Recife: CEPE, 2015.
 
 
 
(G1 - ifpe 2017)  Acerca do título “MINHA ESCOLA” só podemos
inferir que
Ex. 8 Estrutura do Poema
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
TEXTO I
 
Becos de Goiás
 
Beco da minha terra...
Amo tua paisagem triste, ausente e suja.
Teu ar sombrio. Tua velha umidade andrajosa.
Teu lodo negro, esverdeado, escorregadio.
E a réstia de sol que ao meio-dia desce, fugidia,
e semeia polmes dourados no teu lixo pobre,
calçando de ouro a sandália velha,
jogada no teu monturo.
 
Amo a prantina silenciosa do teu �o de água,
descendo de quintais escusos
sem pressa,
e se sumindo depressa na brecha de um velho cano.
Amo a avenca delicada que renasce
na frincha de teus muros empenados,
e a plantinha desvalida, de caule mole
que se defende, viceja e �oresce
no agasalho de tua sombra úmida e calada.
 
Amo esses burros-de-lenha
que passam pelos becos antigos. Burrinhos dos morros,
secos, lanzudos, malzelados, cansados, pisados.
Arrochados na sua carga, sabidos, procurando a sombra,
no range-range das cangalhas.
 
E aquele menino, lenheiro ele, salvo seja.
Sem infância, sem idade.
Franzino, maltrapilho,
pequeno para ser homem,
forte para ser criança.
Ser indefeso, inde�nido, que só se vê na minha cidade.
 
Amo e canto com ternura
todo o errado da minha terra.
Becos da minha terra,
discriminados e humildes,
lembrando passadas eras...
 
Beco do Cisco.
Beco do Cotovelo.
Beco do Antônio Gomes.
Beco das Taquaras.
Beco do Seminário.
Bequinho da Escola.
Beco do Ouro Fino.
Beco da Cachoeira Grande.
Beco da Calabrote.
Beco do Mingu.
Beco da Vila Rica...
 
Conto a estória dos becos,
dos becos da minha terra,
suspeitos... mal afamados
onde família de conceito não passava.
“Lugar de gentinha” - diziam, virando a cara.
De gente do pote d’água.
De gente de pé no chão.
Becos de mulher perdida.
Becos de mulheres da vida.
Renegadas, con�nadas
na sombra triste do beco.
Quarto de porta e janela.
Prostituta anemiada,
solitária, hética, engalicada,
tossindo, escarrando sangue
na umidade suja do beco.
 
Becos mal assombrados.
Becos de assombração...
Altas horas, mortas horas...
Capitão-mor - alma penada,
terror dos soldados, castigado nas armas.
Capitão-mor, alma penada,
num cavalo ferrado,
chispando fogo,
descendo e subindo o beco,
comandando o quadrado - feixe de varas...
Arrastando espada, tinindo esporas...
 
Mulher-dama. Mulheres da vida,
perdidas,
começavam em boas casas, depois,
baixavam pra o beco.
Queriam alegria. Faziam bailaricos.
- Baile Si�lítico - era ele assim chamado.
O delegado-chefe de Polícia - brabeza -
a) o texto tem a intenção única de trazer um relato pessoal e
subjetivo, sem quaisquer intenções críticas ou re�exões sobre a
escola formal.   
 
b) o pai do menino seria dono da escola em que ele estudou, tendo
sido esse o fator que o faz não gostar da estrutura pedagógica
implantada pelo pai.    
 
c) a ideia de posse está ligada diretamente às boas lembranças da
infância, tanto na escola formal quanto no dia a dia da vida de
criança.   
 
d) corrobora a ideia central do texto de identi�cação do eu lírico com
a escola formal em que estudou na infância, tendo em vista que a
sente como sua.   
 
e) apresenta uma certa ambiguidade: a MINHA ESCOLA seria a
escola formal em que o eu lírico estudou ou a “escola da vida”,
elogiada nas estrofes 2 e 4.   
https://www.biologiatotal.com.br/medio/cursos/extensivo-enem-e-vestibulares 4/12
dava em cima...
Mandava sem dó, na peia.
No dia seguinte, coitadas,
cabeça raspada a navalha,
obrigadas a capinar o Largo do Chafariz,
na frente da Cadeia.
 
Becos da minha terra...
Becos de assombração.
Românticos, pecaminosos...
Têm poesia e têm drama.
O drama da mulher da vida, antiga,
humilhada, malsinada.
Meretriz venérea,
desprezada, mesentérica, exangue.
Cabeça raspada a navalha,
castigada a palmatória,
capinando o largo,
chorando. Golfando sangue.
 
(ÚLTIMO ATO)
 
Um irmão vicentino comparece.
Traz uma entrada grátis do São Pedro de Alcântara.
Uma passagem de terceira no grande coletivo de São Vicente.
Uma estação permanente de repouso - no aprazível São Miguel.
 
Cai o pano.
 
CORALINA, Cora. Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais. 21ª
ed. - São Paulo: Global Editora, 2006.
 
 
TEXTO II
 
O elefante
 
Fabrico um elefante
de meus poucos recursos.
Um tanto de madeira
tirado a velhos móveis
talvez lhe dê apoio.
E o encho de algodão,
de paina, de doçura.
A cola vai �xar
suas orelhas pensas.
A tromba se enovela,
é a parte mais feliz
de sua arquitetura.
 
Mas há também as presas,
dessa matéria pura
que não sei �gurar.
Tão alva essa riqueza
a espojar-se nos circos
sem perda ou corrupção.
E há por �m os olhos,
onde se deposita
a parte do elefante
mais �uida e permanente,
alheia a toda fraude.
 
Eis o meu pobre elefante
pronto para sair
à procura de amigos
num mundo enfastiado
que já não crê em bichos
e duvida das coisas.
Ei-lo, massa imponente
e frágil, que se abana
e move lentamente
a pele costurada
onde há �ores de pano
e nuvens, alusões
a um mundo mais poético
onde o amor reagrupa
as formas naturais.
 
Vai o meu elefante
pela rua povoada,
mas não o querem ver
nem mesmo para rir
da cauda que ameaça
deixá-lo ir sozinho.
 
É todo graça, embora
as pernas não ajudem
e seu ventre balofo
se arrisque a desabar
ao mais leve empurrão.
Mostra com elegância
sua mínima vida,
e não há cidade
alma que se disponha
a recolher em si
desse corpo sensível
a fugitiva imagem,
o passo desastrado
mas faminto e tocante.
Mas faminto de seres
e situações patéticas,
de encontros ao luar
no mais profundo oceano,
sob a raiz das árvores
ou no seio das conchas,
de luzes que não cegam
e brilham através
dos troncos mais espessos.
Esse passo que vai
sem esmagar as plantas
no campo de batalha,
à procura de sítios,
segredos, episódios
não contados em livro,
de que apenas o vento,
as folhas, a formiga
reconhecem o talhe,
mas que os homens ignoram,
https://www.biologiatotal.com.br/medio/cursos/extensivo-enem-e-vestibulares 5/12
pois só ousam mostrar-se
sob a paz das cortinas
à pálpebra cerrada.
 
E já tarde da noite
volta meu elefante,
mas volta fatigado,
as patas vacilantes
se desmancham no pó.
Ele não encontrou
o de que carecia,
o de que carecemos,
eu e meu elefante,
em que amo disfarçar-me.
Exausto de pesquisa,
caiu-lhe o vasto engenho
como simples papel.
A cola se dissolve
e todo o seu conteúdo
de perdão, de carícia,
de pluma, de algodão,
jorra sobre o tapete,
qual mito desmontado.
Amanhã recomeço.
 
ANDRADE, Carlos Drummond de. O ElefanteO. 9ª ed. - São Paulo:
Editora Record, 1983.
 
 
(Ime 2019)  Quanto à estrutura, os textos 1 e 2
Ex. 2 Estrutura do Poema
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Trecho da peça teatral A raposa e as uvas, escrita por Guilherme de
Figueiredo. A cena ocorre na cidade de Samos (Grécia antiga), na
casa de Xantós, um �lósofo grego, que recebe o convidado
Agnostos, um capitão ateniense. O jantar é servido por Esopo e
Melita, escravos de Xantós.(Entra Esopo, com um prato que coloca sobre a mesa. Está coberto
com um pano. Xantós e Agnostos se dirigem para a mesa, o primeiro
faz ao segundo um sinal para sentarem-se.)
 
XANTÓS (Descobrindo o prato) – Ah, língua! (Começa a comer com
as mãos, e faz um sinal para que Melita sirva Agnostos. 1Este
também começa a comer vorazmente, dando grunhidos de
satisfação.) Fizeste bem em trazer língua, Esopo. 2É realmente uma
das melhores coisas do mundo. (Sinal para que sirvam o vinho.
Esopo serve, Xantós bebe.) Vês, estrangeiro, de qualquer modo é
bom possuir riquezas. Não gostas de saborear 3esta língua e 4este
vinho?
 
AGNOSTOS (A boca entupida, comendo) – Hum.
 
XANTÓS – Outro prato, Esopo. (Esopo sai à esquerda e volta
imediatamente com outro prato coberto. 5Serve, Xantós de boca
cheia.) Que é isto? Ah, língua de fumeiro! É bom língua de fumeiro,
hein, amigo?
 
AGNOSTOS – Hum. (Xantós serve-se de vinho) /.../ XANTÓS (A
Esopo) Serve outro prato. (Serve) Que trazes aí?
 
ESOPO – Língua.
 
XANTÓS – 6Mais língua? Não te disse que trouxesse o 7que há de
melhor para meu hóspede? Por que só trazes língua? Queres expor-
me ao ridículo?
 
ESOPO – Que há de melhor do que a língua? A língua é o que nos
une todos, quando falamos. Sem a língua nada poderíamos dizer. A
língua é a chave das ciências, o órgão da verdade e da razão. Graças
à língua dizemos o nosso amor. Com a língua 8se ensina, 9se
persuade, 10se instrui, 11se reza, 12se explica, 13se canta, 14se
descreve, 15se elogia, 16se mostra, 17se a�rma. É com a língua que
dizemos sim. É a língua que ordena os exércitos à vitória, é a língua
que desdobra os versos de Homero. A língua cria o mundo de
Ésquilo, a palavra de Demóstenes. Toda a Grécia, Xantós, das
colunas do Partenon às estátuas de Pidias, dos deuses do Olimpo à
glória sobre Tróia, da ode do poeta ao ensinamento do �lósofo, toda
a Grécia foi feita com a língua, a língua de belos gregos claros
falando para a eternidade.
 
XANTÓS (Levantando-se, entusiasmado, já meio ébrio) – Bravo,
Esopo. Realmente, tu nos trouxeste o que há de melhor. (Toma outro
saco da cintura e atira-o ao escravo) Vai agora ao mercado, e traze-
nos o que houver de pior, pois quero ver a sua sabedoria! (Esopo
retira-se à frente com o saco, Xantós fala a Agnostos.) Então, não é
útil e bom possuir um escravo assim?
 
AGNOSTOS (A boca cheia) – Hum. /.../ (Entra Esopo com prato
coberto)
 
XANTÓS – 18Agora que já sabemos o que há de melhor na terra,
vejamos o que há de 19pior na opinião deste horrendo escravo!
Língua, 20ainda? Mais língua? 21Não disseste que língua era o que
havia de melhor? Queres ser espancado?
 
ESOPO – A língua, senhor, é o que há de pior no mundo. É a fonte
de todas as intrigas, o início de todos os processos, a mãe de todas
as discussões. É a língua que usam os maus poetas que nos fatigam
na praça, é a língua que usam os �lósofos que não sabem pensar. É
a língua que mente, que esconde, que tergiversa, que blasfema, que
insulta, que se acovarda, que se mendiga, que impreca, que 22bajula,
que 23destrói, que 24calunia, que vende, que seduz, é com a língua
que dizemos morre e canalha e corja. É com a língua que dizemos
a) são haicais pois transmitem imensa sabedoria em relação ao
tamanho dos textos apresentados.   
 
b) são acrósticos que cantam determinado lugar ou coisa.   
c) são baladas que fazem referência a um tempo perdido.    
  
d) são poemas modernos que apresentam versos brancos ou livres e
estrofes polimétricas.   
 
e) são sonetos e apresentam conteúdos ligados à sabedoria
acumulada pelos poetas ao longo do tempo.
https://www.biologiatotal.com.br/medio/cursos/extensivo-enem-e-vestibulares 6/12
não. Com a língua Aquiles mostrou sua cólera, com a língua a Grécia
vai tumultuar os pobres cérebros humanos para toda a eternidade!
Aí está, Xantós, porque a língua é a pior de todas as coisas!
 
(FIGUEIREDO, Guilherme. A raposa e as uvas – peça em 3 atos.
Cópia digitalizada pelo GETEB – Grupo de Estudos e Pesquisa em
Teatro Brasileiro/UFSJ. Disponível para �ns didáticos em
www.teatroparatodosufsj.com.br/ download/guilherme-�gueiredo-
araposa-e-as-uvas-2/ Acesso em 13/03/2019.)
 
 
(Epcar (Afa) 2020)  Sobre o texto, é INCORRETO a�rmar que
Ex. 4 Estrutura do Poema
(G1 - cftmg 2019)  Bopp estranhou que as mulheres tivessem todas
o mesmo nome. Jean-Pierre sorriu e lhe disse que originalmente não
tinham. A única verdadeira Clodiá era a branquinha, a mais velha
das quatro, que viera para a Amazônia com Jean-Pierre havia mais
de vinte anos. As índias, que eram as mais novas, ele conhecera na
�oresta e se apropriara delas já fazia algum tempo. A oriental, ele
trouxe da China, quando visitara o país no ano anterior. Não se
lembrava mais como se chamavam as índias e a chinesa: os nomes
eram muito complicados. Disse que passara a chamá-las Clodiá para
não correr o risco de trocar os nomes. [...]. Assim era mais simples e
prático e evitava aborrecimentos desnecessários. Essa variedade de
nomes não leva a nada, serve apenas para deixar os homens
confusos, disse ainda, acrescentando que o homem de hoje já tem
preocupações su�cientes para ocupar sua mente.
 
STIGGER, Veronica. Opisanie Świata. São Paulo: SESI-SP, 2018. p.
124-125.
 
 
O trecho põe em evidência, de modo irônico,
Ex. 5 Estrutura do Poema
(G1 - cftmg 2019)  ATO ÚNICO
 
Sala e ao mesmo tempo consultório do Dr. Nelson. Porta ao fundo.
Duas janelas à esquerda e duas portas à direita. Estantes de livros,
consolos, etc. À direita, perto da porta do 1° plano, mesa carregada
de livros, papéis, pena, tímpano, uma caixa de charutos, etc. Perto da
mesa, quase ao centro, uma poltrona.
 
CENA I
 
(Ao levantar o pano, José está refestelado na poltrona com um
espanador na mão, a saborear um charuto.)
 
José – Digam lá o que disserem: não há vida melhor que a de criado
de um advogado rico e sem causas. Passo os dias numa beatitude
invejável, sem ter absolutamente o que fazer, comendo e bebendo
do melhor, e fumando magní�cos charutos! O amo nunca está em
casa, e eu faço de conta que tudo isto é nosso. Permita Deus que tão
cedo não acabem os seus amores com a tal viúva das Laranjeiras.
Enquanto aquilo durar, durará também a minha beatitude. E por que
não há de durar? A viúva é bonita a valer, e não deve custar grandes
sacrifícios por ser senhora abonada. (Sinal de dinheiro.)
 
AZEVEDO, A. O oráculo. Disponível em:
<https://200.19.146.42/handle/123456789/803>. Acesso em: 05
out. 2018. (Fragmento).
 
 
Considere as seguintes a�rmações sobre o fragmento:
 
I. A estruturação do texto é característica de gêneros dramáticos.
II. As informações entre parênteses têm por �nalidade orientar
movimentos e gestos do ator.
III. A precariedade do cenário descrito contradiz a riqueza ostentada
pela personagem.
 
Está correto o que se a�rma em
Ex. 11 Estrutura do Poema
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Quanto eu tiver setenta anos
 
quando eu tiver setenta anos
então vai acabar esta minha adolescência
 
vou largar da vida louca
e terminar minha livre docência
 
vou fazer o que meu pai quer
começar a vida com passo perfeito
 
vou fazer o que minha mãe deseja
aproveitar as oportunidades
de virar um pilar da sociedade
a) há elementos estruturais utilizados pelo autor no intuito de
apresentar informações pertinentes à atuação dos personagens.    
 
b) existe a articulação de um discurso metalinguístico que rati�ca a
postura enaltecedora e in�exível do autor em torno da palavra.    
 
c) se estabelece um con�ito comunicativo entre os personagens
Esopo e Xantós, o que expressa, de maneira simbólica, a
versatilidade da língua.   
 
d) se articula um jogo semântico ao longo do texto, responsável por
trazer ao diálogo um grau de imprevisibilidade, que confere
criatividade à peça.    
a) valores sociais relacionados à objeti�cação da �gura feminina.    
 
b) a incapacidade da personagem em memorizar diferentes nomes.
   
  
c) a falta de comunicação entre mulheres de diferentes países.    
 
d) questionamentos da estrutura familiar brasileira.  
a) I e II.   
 
b) I e III.c) II e III.   
 
d) I, II e III.
https://www.biologiatotal.com.br/medio/cursos/extensivo-enem-e-vestibulares 7/12
e terminar meu curso de direito
 
então ver tudo em sã consciência
quando acabar esta adolescência
 
Paulo Leminski
 
 
(Mackenzie 2018)  A respeito do poema acima, de autoria do escritor
contemporâneo Paulo Leminski, assinale a alternativa correta
Ex. 9 Estrutura do Poema
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Ayoluwa, a alegria do nosso povo
 
Quando a menina Ayoluwa, a alegria do nosso povo, nasceu, foi em
boa hora para todos. Há muito que em nossa vida tudo pitimbava.
Os nossos dias passavam como um café 1sambango, ralo, frio e sem
gosto. Cada dia era sem quê nem porquê. E nós ali amolecidos, sem
sustância alguma para aprumar nosso corpo. Repito: tudo era uma
pitimba só. Escassez de tudo. Até a natureza minguava e nos
confundia. Ora aparecia um sol 2desensolarado e que mais se
assemelhava a uma bola murcha, lá na nascente. Um frio interior nos
possuía então, e nós mal enfrentávamos o dia sob a nula ação da
estrela 3desfeita. Ora gotejava uma chuva de 4pinguitos tão ralos e
escassos que mal molhava as pontas de nossos dedos. E então deu
de faltar tudo: mãos para o trabalho, alimentos, água, matéria para
os nossos pensamentos e sonhos, palavras para as nossas bocas,
cantos para as nossas vozes, movimento, dança, desejos para os
nossos corpos.
Os mais velhos, acumulados de tanto sofrimento, olhavam para trás
e do passado nada reconheciam no presente. Suas lutas, seu fazer e
saber, tudo parecia ter se perdido no tempo. O que �zeram, então?
Deram de clamar pela morte. E a todo instante eles partiam. E, com
a tristeza da falta de lugar em um mundo em que eles não se
6reconheciam e nem reconheciam mais, muitos se foram. Dentre
eles, me lembro de vô Moyo, o que trazia boa saúde, de tio Masud, o
afortunado, o velho Abede, o homem abençoado, e outros e outros.
Todos estavam 7enfraquecidos e esquecidos da força que traziam no
signi�cado de seus próprios nomes. As velhas mulheres também.
Elas, que sempre inventavam formas de inventar e vencer a dor, não
acreditavam mais na e�cácia delas próprias. Como os homens,
deslembravam a potência que se achava resguardada partir de suas
denominações. E pediam veementemente à vida que esquecesse
delas e que as deixasse partir. Foi com esse estado de ânimo que
muitas delas empreenderam a derradeira viagem: vovó Amina, a
pací�ca, tia Sele, a mulher forte como um elefante, mãe Asantewaa,
a mulher de guerra, a guerreira, e ainda Malika, a rainha. Com a ida
de nossos mais velhos �camos mais desamparados ainda. E o que
dizer para os nossos jovens, a não ser as nossas tristezas?
E até eles, os moços, começaram a se encafuar dentro deles
mesmos, a se tornarem infelizes. Puseram-se a matar uns aos
outros, e a tentarem contra a própria vida, bebendo líquidos
malé�cos ou aspirando um tipo de areia �ninha que em poucos dias
acumulava e endurecia dentro de seus pulmões. Ou então se
deixavam morrer aos poucos, cada dia um pouquinho, descrentes
que pudesse existir outra vida senão aquela, para viverem. As mães,
dias e noites, choravam no centro do povoado. A visão dos corpos
jovens dilacerados era a paisagem maior e corriqueira diante de
nossos olhos.
O milagre da vida deixou de acontecer também, nenhuma criança
nascia e, sem a chegada dos pequenos, tudo piorou. As velhas
parteiras do povoado, cansadas de esperar por novos nascimentos,
sem função, haviam desistido igualmente de viver. Tinham percebido
na escassez dos partos, que suas mãos não tinham mais a serventia
de aparar a vida. Nenhuma família mais festejava a esperança que
renascia no surgimento da prole. As crianças foram esquecidas,
�cando longe do coração dos grandes. E os pequenos, os que já
existiam, como Mandisa, a doce, Kizzl, a que veio para �car, Zola, a
produtiva, Nyame, o criador, Lutalo, o guerreiro, Bwerani, o bem-
vindo, e os bem novinhos, alguns sem palavras ainda na boca, só
faziam chorar. Pranto em vão, já que os pais, entregues às suas
próprias tristezas, desprezavam as de seus rebentos. O nosso
povoado infértil morria à míngua e mais e mais a nossa vida passou
a desesperançar ...
À noite, quando reuníamos em volta de uma fogueira mais de cinzas
do que de fogo, a combustão maior vinha de nossos lamentos. E em
uma dessas noites de macambúzia fala, de um estado tal de banzo,
como se a dor nunca mais fosse se apartar de nós, uma mulher, a
mais jovem da desfalcada roda, trouxe uma boa fala. Bamidele, a
esperança, anunciou que ia ter um �lho.
A partir daquele momento, não houve quem não fosse fecundado
pela esperança, dom que Bamidele trazia no sentido de seu nome.
Toda a comunidade, mulheres, homens, os poucos velhos que ainda
persistiam vivos, alguns mais jovens que escolheram não morrer, os
pequenininhos que ainda não tinham sido contaminados totalmente
pela tristeza, todos se engravidaram da criança nossa, do ser que ia
chegar. E antes, muito antes de sabermos, a vida dele já estava
escrita na linha circular de nosso tempo. Lá estava mais uma nossa
descendência sendo lançada à vida pelas mãos de nossos
ancestrais.
Ficamos plenos de esperança, mas não cegos diante de todas as
nossas di�culdades. Sabíamos que tínhamos várias questões a
enfrentar. A maior era a nossa di�culdade interior de acreditar
novamente no valor da vida... Mas sempre inventamos a nossa
sobrevivência. Entre nós, ainda estava a experiente Omolara, a que
havia nascido no tempo certo. Parteira que repetia com sucesso a
história de seu próprio nascimento, Omolara havia se recusado a se
deixar morrer.
E no momento exato em que a vida milagrou no ventre de Bamidele,
Omolara, aquela que tinha o dom de fazer vir as pessoas ao mundo,
a conhecedora de todo ritual de nascimento, acolheu a criança de
Bamidele. Uma menina que buscava caminho em meio à correnteza
das águas íntimas de sua mãe. E todas nós sentimos, no instante em
a) O poema faz uma exortação moral para que os seus leitores
tomem o rumo correto na vida.   
 
b) O poema possui a típica estrutura formal de um soneto
camoniano.   
 
c) O título do poema evidencia o seu tom nostálgico.   
 
d) O verso “vou fazer o que meu pai quer” não possui nenhum
sentido de ironia.   
 
e) O eu lírico enxerga com ironia as concepções de “maturidade” e
“virar um pilar da sociedade”.   
https://www.biologiatotal.com.br/medio/cursos/extensivo-enem-e-vestibulares 8/12
que Ayoluwa nascia, todas nós sentimos algo se contorcer em
nossos ventres, os homens também. Ninguém se assustou.
Sabíamos que estávamos parindo em nós mesmo uma nova vida. E
foi bonito o primeiro choro daquela que veio para trazer alegria para
o nosso povo. O seu inicial grito, comprovando que nascia viva,
acordou todos nós. E partir daí tudo mudou. 8Tomamos novamente a
vida com as nossas mãos.
Ayoluwa, alegria de nosso povo, continua entre nós, ela veio não
com a promessa da salvação, mas também não veio para morrer na
cruz. Não digo que esse mundo desconsertado já se consertou. Mas
Ayoluwa, alegria do nosso povo, e sua mãe, Bamidele, a esperança,
continuam fermentado o pão nosso de cada dia. E quando a dor vem
encostar-se a nós, enquanto um olho chora, o outro espia o tempo
procurando a solução.
 
 
 
(G1 - ifce 2019)  Conto é um gênero textual que utiliza a estrutura
da narrativa e possui características próprias que o diferenciam de
outros gêneros. Sendo assim, pode-se dizer que Ayoluwa, a alegria
do nosso povo é um conto porque é um(a) 
Ex. 1 Estrutura do Poema
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o texto extraído da primeira parte, intitulada “A terra”, da obra
Os sertões, de Euclides da Cunha. A obra resultou da cobertura
jornalística da Guerra de Canudos, realizada por Euclides da Cunha
para o jornal O Estado de S.Paulo de agosto a outubro de 1897, e foi
publicada apenas em 1902.
 
            Percorrendo certa vez, nos �ns de setembro [de 1897], as
cercanias de Canudos, fugindo à monotonia de um canhoneio1
frouxo de tiros espaçados e soturnos, encontramos, no descer de
uma encosta, an�teatro irregular, onde ascolinas se dispunham
circulando um vale único. Pequenos arbustos, icozeiros2 virentes
viçando em tufos intermeados de palmatórias3 de �ores rutilantes,
davam ao lugar a aparência exata de algum velho jardim em
abandono. Ao lado uma árvore única, uma quixabeira alta,
sobranceando a vegetação franzina.
            O sol poente desatava, longa, a sua sombra pelo chão e
protegido por ela – braços largamente abertos, face volvida para os
céus – um soldado descansava.
            Descansava... havia três meses.
            Morrera no assalto de 18 de julho [de 1897]. A coronha da
Mannlicher4 estrondada, o cinturão e o boné jogados a uma banda, e
a farda em tiras, diziam que sucumbira em luta corpo a corpo com
adversário possante. Caíra, certo, derreando-se à violenta pancada
que lhe sulcara a fronte, manchada de uma escara preta. E ao
enterrarem-se, dias depois, os mortos, não fora percebido. Não
compartira, por isto, a vala comum de menos de um côvado de fundo
em que eram jogados, formando pela última vez juntos, os
companheiros abatidos na batalha. O destino que o removera do lar
desprotegido �zera-lhe a�nal uma concessão: livrara-o da
promiscuidade lúgubre de um fosso repugnante; e deixara-o ali há
três meses – braços largamente abertos, rosto voltado para os céus,
para os sóis ardentes, para os luares claros, para as estrelas
fulgurantes...
            E estava intacto. Murchara apenas. Mumi�cara conservando
os traços �sionômicos, de modo a incutir a ilusão exata de um
lutador cansado, retemperando-se em tranquilo sono, à sombra
daquela árvore benfazeja. Nem um verme – o mais vulgar dos
trágicos analistas da matéria – lhe maculara os tecidos. Volvia ao
turbilhão da vida sem decomposição repugnante, numa exaustão
imperceptível. Era um aparelho revelando de modo absoluto, mas
sugestivo, a secura extrema dos ares.
 
(Os sertões, 2016.)
 
 
1 canhoneio: descarga de canhões.
2 icozeiro: arbusto de folhas coriáceas, �ores de tom verde-pálido e
frutos bacáceos.
3 palmatória: planta da família das cactáceas, de �ores amarelo-
esverdeadas, com a parte inferior vermelha, ou róseas, e bagas
vermelhas.
4 Mannlicher: ri�e projetado por Ferdinand Ritter von Mannlicher.
 
 
(Unesp 2021)  Além da primeira parte intitulada “A terra”, outras
duas partes, intituladas “O homem” e “A luta”, compõem Os sertões.
Veri�ca-se assim, na própria estrutura da obra, uma nítida in�uência
do
Ex. 10 Estrutura do Poema
(Fac. Albert Einstein - Medicin 2018)  A MÁQUINA DO MUNDO
 
E como eu palmilhasse vagamente
uma estrada de Minas, pedregosa,
a) narrativa breve, cujo objetivo é tecer comentários sobre
acontecimentos cotidianos, apresentando a visão pessoal do autor
sobre determinado fato do dia a dia.    
  
b) obra que se assemelha ao romance por seu dinamismo,
considerando a presença de vários personagens que atuam em
variados núcleos narrativos.    
 
c) texto de curta extensão, se comparado a outros gêneros como a
novela ou o romance, e possui apenas um clímax.    
 
d) coletânea dividida em episódios contínuos e sem interrupções,
cujo objetivo é construir uma história que simbolize a luta de um
povo.    
 
e) narrativa longa, apresentando personagens variados que se
envolvem tanto no con�ito principal quanto em histórias paralelas a
ele.
a) Determinismo.   
 
b) Idealismo.   
 
c) Iluminismo.   
 
d) Socialismo.   
 
e) Liberalismo.   
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e no fecho da tarde um sino rouco
 
se misturasse ao som de meus sapatos
que era pausado e seco; e aves pairassem
no céu de chumbo, e suas formas pretas
 
lentamente se fossem diluindo
na escuridão maior, vinda dos montes
e de meu próprio ser desenganado,
 
a máquina do mundo se entreabriu
para quem de a romper já se esquivava
e só de o ter pensado se carpia.
(...)
 
 
O trecho apresentado integra um poema maior da obra Claro
Enigma, de Carlos Drummond de Andrade. Considerando o poema
como um todo, NÃO É CORRETO a�rmar que
Ex. 12 Estrutura do Poema
. (G1 - ifsp 2017)  Leia o soneto abaixo, de Luís de Camões.
 
Soneto
Luís de Camões
 
Tanto de meu estado me acho incerto,
Que em vivo ardor tremendo estou de frio;
Sem causa, juntamente choro e rio,
O Mundo todo abarco e nada aperto.
 
É tudo quanto sinto um desconcerto:
Da alma um fogo me sai, da vista um rio;
Agora espero, agora descon�o;
Agora desvario, agora acerto.
 
Estando em terra, chego ao Céu voando;
Num’hora acho mil anos, e é de jeito
Que em mil anos não posso achar um’hora.
 
Se me pergunta alguém porque assim ando,
Respondo que não sei, porém suspeito
Que só porque vos vi, minha Senhora.
 
CAMÕES, Luís de. Luís de Camões – Lírica. 5. ed. São Paulo:
Cultrix,1976. p.117.
 
 
Analise as assertivas.
 
I. No verso: “Que só porque vos vi, minha Senhora”, pode-se
depreender que há um diálogo com as cantigas de amigo.
II. No verso: “Estando em terra, chego ao Céu voando”, pode-se
depreender que há uma ideia de exagero com o objetivo de
expressar intensidade, ou seja, uma �gura de linguagem conhecida
como hipérbole.
III. Pode-se a�rmar que há uma �gura de linguagem conhecida como
metonímia nos seguintes versos: “Agora espero, agora descon�o;/
Agora desvario, agora acerto”.
IV. Quanto ao soneto apresentado, pode-se a�rmar que a escolha do
léxico e a estrutura formal remetem à atitude clássica. Pode-se
a�rmar, ainda, que a inquietação do eu lírico manifesta-se por meio
das antíteses, por exemplo: “ardor x frio”; “terra x Céu”, entre outros.
 
É correto o que se a�rma em
Ex. 13 Estrutura do Poema
(G1 - ifsp 2017)  Leia abaixo um dos sonetos de Gregório de Matos.
 
Moraliza o poeta nos ocidentes do Sol a inconstância dos bens do
mundo
Gregório de Matos
 
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
 
Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se trans�gura?
Como o gosto da pena assim se �a?
 
Mas no Sol, e na Luz, falte a �rmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
 
Começa o mundo en�m pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A �rmeza somente na inconstância.
 
DIMAS, Antônio. Gregório de Matos – Literatura comentada. 2. ed.
São Paulo: Nova Cultural, 1988. p.157.
 
a) caracteriza-se por um tom sombrio, insere-se nos poemas escuros
da obra e apresenta o material temático desenvolvido no poema.   
  
 
b) revela o lirismo �losó�co e existencial do poeta sob a
con�guração de uma máquina que se mostra a um desiludido
viajante.   
 
c) personi�ca um caminhante que aceita o convite que lhe é feito, e
decifra a máquina do mundo, compreendendo, assim, o sentido
íntimo da vida e de tudo.   
 
d) mantém uma relação dialogal com mesmo tema de obra de
Camões e com a estrutura poético-narrativa da obra de Dante
Alighieri.
a) I e II, apenas.   
 
b) III e IV, apenas.   
 
c) II e IV, apenas.   
 
d) I, III e IV, apenas.   
 
e) II e III, apenas.  
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Analise as assertivas.
 
I. Pode-se depreender que o soneto apresentado pertence à
temática lírica-�losó�ca. No soneto, a�oram o pessimismo e a
angústia que cerca o mundo.
II. De acordo com os versos do soneto apresentado, a beleza e a
alegria são transitórias e passageiras.
III. As incertezas, a fugacidade do nosso espaço-tempo e os demais
desconcertos e dúvidas acerca do mundo são considerados no
soneto apresentado. Pode-se perceber que, no soneto, Gregório de
Matos deixa evidente suas dúvidas e questionamentos acerca do
mundo.
IV. Pode-se depreender que o uso de frases interrogativas faz o
leitor re�etir quanto à incerteza e à dúvida do homem barroco e a
ordem inversa das frases traduz como se estrutura o raciocínio do
homem barroco, remetendo à falta de clareza diante do mundo que
o cerca.
 
É correto o que se a�rma em
Ex. 3 Estrutura do Poema
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia a crônica abaixo, de Luis Fernando Veríssimo, e respondaà(s)
questão(ões) a seguir.
 
Ser um tímido notório é uma contradição. O tímido tem horror a ser
notado, quanto mais a ser notório. Se �cou notório por ser tímido,
então tem que se explicar. A�nal, que retumbante timidez é essa,
que atrai tanta atenção? Se �cou notório apesar de ser tímido, talvez
estivesse se enganando junto com os outros e sua timidez seja
apenas um estratagema para ser notado. Tão secreto que nem ele
sabe. É como no paradoxo psicanalítico: só alguém que se acha
muito superior procura o analista para tratar um complexo de
inferioridade, porque só ele acha que se sentir inferior é doença.
 
Todo mundo é tímido, os que parecem mais tímidos são apenas os
mais salientes. Defendo a tese de que ninguém é mais tímido do que
o extrovertido. O extrovertido faz questão de chamar atenção para
sua extroversão, assim ninguém descobre sua timidez. Já no
notoriamente tímido a timidez que usa para disfarçar sua
extroversão tem o tamanho de um carro alegórico. Daqueles que
sempre quebram na concentração.
 
Segundo minha tese, dentro de cada Elke Maravilha existe um
tímido tentando se esconder e dentro de cada tímido existe um
exibido gritando “Não me olhem! Não me olhem!”, só para chamar a
atenção.
 
O tímido nunca tem a menor dúvida de que, quando entra numa
sala, todas as atenções se voltam para ele e para sua timidez
espetacular. Se cochicham, é sobre ele. Se riem, é dele.
Mentalmente, o tímido nunca entra num lugar. Explode no lugar,
mesmo que chegue com a maciez estudada de uma noviça. Para o
tímido, não apenas todo mundo mas o próprio destino não pensa em
outra coisa a não ser nele e no que pode fazer para embaraçá-lo.
 
O tímido vive acossado pela catástrofe possível. Vai tropeçar e cair e
levar junto a an�triã. Vai ser acusado do que não fez, vai descobrir
que estava com a braguilha aberta o tempo todo. E tem certeza de
que cedo ou tarde vai acontecer o que o tímido mais teme, o que tira
o seu sono e apavora os seus dias: alguém vai lhe passar a palavra.
 
O tímido tenta se convencer de que só tem problemas com
multidões, mas isto não é vantagem. Para o tímido, duas pessoas
são uma multidão. Quando não consegue escapar e se vê diante de
uma plateia, o tímido não pensa nos membros da plateia como
indivíduos. Multiplica-os por quatro, pois cada indivíduo tem dois
olhos e dois ouvidos. Quatro vias, portanto, para receber suas gafes.
Não adianta pedir para a plateia fechar os olhos, ou tapar um olho e
um ouvido para cortar o desconforto do tímido pela metade. Nada
adianta.
 
O tímido, em suma, é uma pessoa convencida de que é o centro do
Universo, e que seu vexame ainda será lembrado quando as estrelas
virarem pó.
 
VERISSIMO, Luis Fernando. Da Timidez. In: Comédias para se ler na
escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 111-112.
 
 
3. (Uel 2020)  Sobre a crônica “Da timidez” e suas relações com
outros textos incluídos nas Comédias para se ler na escola ou com
crônicas de outros autores, considere as a�rmativas a seguir .
 
I. O traço cômico, exempli�cado pela passagem em que o tímido
tropeça, cai e leva junto a an�triã, prevalece sobre o lirismo, mais
presente nas crônicas de outros autores.
II. O componente narrativo aparece em outras crônicas de Comédias
para se ler na escola de forma mais explícita do que em “Da timidez”.
III. A crônica se constrói em torno de comentários de suposições e de
experiências das vidas de pessoas tímidas; essa opção pelo
comentário aparece também em Comédias para se ler na escola e é
comum nas crônicas de outros autores.
IV. A fala proferida por personagem no texto – “ ‘Não me olhem! Não
me olhem!”’ – comprova a força do diálogo como estrutura dessa
crônica e de outras em Comédias para se ler na escola.
 
Assinale a alternativa correta.
a) I e II, apenas.   
 
b) III e IV, apenas.   
 
c) I e III, apenas.   
 
d) II e IV, apenas.   
 
e) I, II, III e IV.   
a) Somente as a�rmativas I e II são corretas.   
 
b) Somente as a�rmativas I e IV são corretas.   
 
c) Somente as a�rmativas III e IV são corretas.   
 
d) Somente as a�rmativas I, II e III são corretas.   
 
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Ex. 6 Estrutura do Poema
(G1 - ifpe 2019)  DE GRAMÁTICA E DE LINGUAGEM
 
E havia uma gramática que dizia assim:
"Substantivo (concreto) é tudo quanto indica
Pessoa, animal ou cousa: João, sabiá, caneta".
Eu gosto das cousas. As cousas sim!...
As pessoas atrapalham. Estão em toda parte. Multiplicam-se em
excesso.
 
As cousas são quietas. Bastam-se. Não se metem com ninguém.
Uma pedra. Um armário. Um ovo. (Ovo, nem sempre,
Ovo pode estar choco: é inquietante...)
As cousas vivem metidas com as suas cousas.
E não exigem nada.
Apenas que não as tirem do lugar onde estão.
E João pode neste mesmo instante vir bater à nossa porta.
Para quê? Não importa: João vem!
E há de estar triste ou alegre, reticente ou falastrão,
Amigo ou adverso... João só será de�nitivo
Quando esticar a canela. Morre, João...
Mas o bom mesmo, são os adjetivos,
Os puros adjetivos isentos de qualquer objeto.
Verde. Macio. Áspero. Rente. Escuro. Luminoso.
Sonoro. Lento. Eu sonho
Com uma linguagem composta unicamente de adjetivos
Como decerto é a linguagem das plantas e dos animais.
Ainda mais:
Eu sonho com um poema
Cujas palavras sumarentas escorram
Como a polpa de um fruto maduro em tua boca,
Um poema que te mate de amor
Antes mesmo que tu saibas o misterioso sentido:
Basta provares o seu gosto...
 
QUINTANA, Mário. De gramática e de linguagem. Disponível em:
<http://www.pensador.com/frase/MTEOMjVOMw/. Acesso em: 24
maio 2019.
 
 
Mário Quintana teve seu primeiro livro publicado em 1940,
enquadrando-se – não somente pelo período histórico, mas também
por desejos e características comuns a outros poetas – na Segunda
Geração do Modernismo brasileiro. Apesar do enquadramento em
determinado movimento literário, os poetas possuem características
singulares, as quais fazem parte do seu estilo.
 
No poema reproduzido acima, encontramos a seguinte característica
de Mário Quintana: 
Ex. 7 Estrutura do Poema
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
– Mas que ossos tão 1miudinhos! São de criança?
– Ele disse que eram de adulto. De um anão.
– De um anão? É mesmo, a gente vê que já estão formados... Mas
que maravilha, 2é raro à beça esqueleto de anão. E tão limpo, olha aí
– admirou-se ela. Trouxe na ponta dos dedos 3um pequeno crânio
de uma 3brancura de cal. – Tão perfeito, todos os 4dentinhos!
– Eu ia jogar tudo no lixo, mas se você se interessa pode �car com
ele. O banheiro é aqui do lado, 5só vocês é que vão usar, tenho o
meu lá embaixo. Banho quente, extra. 6Telefone, também. 7Café das
sete às nove, deixo a mesa posta na cozinha coma garrafa térmica,
fechem bem a garrafa – recomendou coçando a cabeça. A peruca se
deslocou ligeiramente. 8Soltou uma baforada �nal: – 9Não deixem a
porta aberta senão meu gato foge.
Ficamos nos olhando e rindo enquanto ouvíamos o barulho de seus
chinelos de salto na escada. E a tosse encatarrada.
Esvaziei a mala, dependurei a blusa 10amarrotada num cabide que
en�ei num vão da veneziana, prendi na parede, com durex, uma
gravura de Grassmann e 11sentei meu urso de pelúcia em cima do
travesseiro. Fiquei vendo minha prima subir na cadeira,
12desatarraxar 13a lâmpada 14fraquíssima que pendia de um �o
solitário no meio do teto e no lugar atarraxar uma lâmpada de
duzentas velas que tirou da sacola. 15O quarto �cou mais alegre. Em
compensação, agora a gente podia ver que a roupa de cama não era
tão alva assim, alva era a pequena tíbia que ela tirou de dentro do
16caixotinho. Examinou-a. Tirou uma vértebra 17e olhou pelo buraco
tão reduzido como o aro de um anel. Guardou-as com a delicadeza
com que se amontoam os ovos numa caixa.
– Um anão. 18Raríssimo, entende? E acho que não falta nenhum
ossinho, vou trazer as ligaduras, quero ver se no �m de semana
começo a montar ele.
 
TELLES, Lygia Fagundes. Melhores contos | Lygia Fagundes Telles,
seleção de Eduardo Portella. – [13 ed.] – São Paulo: Global, 2015,
p.123.
 
 
(Udesc 2019)Analise as proposições em relação ao conto “As
formigas”, de Lygia Faguntes Telles e ao trecho apresentado acima.
 
I. No conto, o tempo é marcado pelas madrugadas preocupantes e
pela presença das formigas. A narrativa ocorre no breve espaço
temporal de três noites (curta permanência das universitárias na
casa sinistra). Assim a estrutura alegórica noturna contribui,
também, para propiciar à narrativa um clima mais sombrio,
visguento, acentuando a atmosfera sobrenatural.
II. Na oração “só vocês é que vão usar” (ref. 5) a palavra destacada é
invariável, pode ser substituída por somente, sem que ocorra a
alteração de sentido, no texto.
e) Somente as a�rmativas II, III e IV são corretas.   
a) utilização de linguagem coloquial e re�exão sobre assuntos
simples e cotidianos.    
 
b) jogo de palavras e rebuscamento linguístico, privilegiando
inversões sintáticas.    
c) apego à gramática normativa, prezando pela re�exão sobre
aspectos estruturais da linguagem.    
 
d) preferência por assuntos do dia a dia da população materializados
em seus poemas por meio de rigor técnico e ritmo impecável.    
 
e) apego a formas �xas, redondilhas e rimas ricas, destacando a
temática da sátira para tratar de assuntos sérios, como as regras
gramaticais de uma língua.    
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GABARITO
III. No texto há predominância do discurso indireto, pois há um
narrador onisciente de todos os sentimentos, pensamentos, falas e
reações das personagens.
IV. A linguagem, no conto, está carregada de simbologia existente
na imaginação, em especial da estudante de Direito, e assim, a
autora utiliza-se de climas ambíguos, �guras retóricas, sentenças
premonitórias e outros recursos estilísticos para acentuar o clima do
fantástico.
V. As palavras “miudinhos” (ref. 1), “dentinhos” (ref. 4) e “caixotinho”
(ref. 16) apresentam o mesmo su�xo –inho, que indica o grau
diminutivo das palavras. Nos dois primeiros vocábulos o su�xo é
usado com o sentido de mostrar a diminuição, enquanto no terceiro
ele é usado com o sentido pejorativo, desprezo.
 
Assinale a alternativa correta.
Ex. 14 Estrutura do Poema
Ex. 15 Estrutura do Poema
Ex. 8 Estrutura do Poema
Ex. 2 Estrutura do Poema
Ex. 4 Estrutura do Poema
Ex. 5 Estrutura do Poema
Ex. 11 Estrutura do Poema
Ex. 9 Estrutura do Poema
Ex. 1 Estrutura do Poema
Ex. 10 Estrutura do Poema
Ex. 12 Estrutura do Poema
Ex. 13 Estrutura do Poema
Ex. 3 Estrutura do Poema
Ex. 6 Estrutura do Poema
Ex. 7 Estrutura do Poema
a) Somente as a�rmativas II, III e IV são verdadeiras.
b) Somente as a�rmativas I, III e V são verdadeiras.
c) Somente as a�rmativas II, IV e V são verdadeiras.
   
 
d) Somente as a�rmativas I, II e IV são verdadeiras.
 
e) Todas as a�rmativas são verdadeiras.
a) A linguagem coloquial está presente no fragmento I.    
 
e) apresenta uma certa ambiguidade: a MINHA ESCOLA seria
a escola formal em que o eu lírico estudou ou a “escola da
vida”, elogiada nas estrofes 2 e 4.   
d) são poemas modernos que apresentam versos brancos ou
livres e estrofes polimétricas.   
 
b) existe a articulação de um discurso metalinguístico que
rati�ca a postura enaltecedora e in�exível do autor em torno
da palavra.    
 
a) valores sociais relacionados à objeti�cação da �gura
feminina.    
 
a) I e II.   
 
e) O eu lírico enxerga com ironia as concepções de
“maturidade” e “virar um pilar da sociedade”.   
c) texto de curta extensão, se comparado a outros gêneros
como a novela ou o romance, e possui apenas um clímax.    
 
a) Determinismo.   
 
c) personi�ca um caminhante que aceita o convite que lhe é
feito, e decifra a máquina do mundo, compreendendo, assim, o
sentido íntimo da vida e de tudo.   
 
c) II e IV, apenas.   
 
e) I, II, III e IV.   
d) Somente as a�rmativas I, II e III são corretas.   
 
a) utilização de linguagem coloquial e re�exão sobre assuntos
simples e cotidianos.    
 
d) Somente as a�rmativas I, II e IV são verdadeiras.

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