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Trabalho de Física Aluno: Lucas Henrique de Souza Paiva Turma: Técnico Integrado – ADM 1 Professor: Aloisio do Carmo Eloi Nanotecnologia e Nanociência: a importância da notação científica para representar valores muito pequenos Define-se como nanociência o estudo das propriedades de objetos de dimensões físicas muito pequenas. Mais especificamente, dispositivos que possuam ao menos uma de suas dimensões menor ou aproximadamente a uma dezena de nanômetros. A origem dos termos tem o grego como base, onde nano significa “anão”. Esse prefixo é utilizado na ciência para fazer referência a uma parte em um bilhão, ou seja, 1 nanômetro (1 nm) corresponde a um bilionésimo de um metro (unidade padrão de medida adotada pelo Sistema Internacional de Unidades). Portanto, 1 nanômetro corresponde a 1x10−9 metro ou 0,000000001 metro. Já a nanotecnologia é definida como a área de aplicação tecnológica de objetos de escala nanoscópica. Percebe-se certa dificuldade em compreender esses avanços das nanociências, pois as medidas com as quais se trabalham são muito pequenas, possuindo dimensões milhares de vezes menores que os objetos microscópicos, a título de comparação. Embora o interesse humano pelo estudo de objetos nanométricos seja recente, bem como sua aplicação para o desenvolvimento de novas tecnologias, podemos afirmar que a nanotecnologia está presente no planeta há bilhões de anos, evidenciada no processo de formação dos átomos e na junção de pequenas moléculas que, ao se organizarem em estruturas mais complexas, deram origem à vida no planeta. Há mais de 2.500 anos, os filósofos gregos buscavam explicações para a composição de tudo o que existe no mundo, definindo princípios fundamentais responsáveis pela constituição da physis. Atribui-se à palestra “Há mais espaços lá embaixo”, ocorrida em 1959 no Instituto de Tecnologia da Califórnia, e aos estudos de Richard Feynman, físico teórico norte-americano, o surgimento do interesse explícito pela investigação e desenvolvimento tecnológico de dispositivos em escala nanométrica. O estudioso defendia a ideia de que não precisamos aceitar os materiais como são produzidos pela natureza como os únicos possíveis, pois a partir da manipulação direta dos átomos é possível construir novos materiais que não são encontrados de forma natural. Feynman sugeriu que um dia o homem conseguiria manipular objetos de dimensões atômicas e construir estruturas de dimensões nanométricas segundo seus interesses. Pode-se dizer que o físico acertou em sua previsão, porém, ela só começou a se realizar no início da década de 1980, quando físicos europeus desenvolveram os microscópios de varredura por sonda, dentre os quais atualmente estão incluídos os microscópios de tunelamento e o microscópio de força atômica. Esses microscópicos funcionam mapeando objetos de dimensões atômicas a partir da utilização de uma agulha extremamente afiada, que consegue examinar a estrutura da amostra analisada. Como resultado do deslocamento altamente preciso da agulha, torna-se possível analisar a distribuição dos átomos constituintes do material, bem como sua natureza. Com o avanço da tecnologia, principalmente nos últimos 20 anos, o uso de equipamentos desse tipo se difundiu, podendo ser encontrado em diversos centros de pesquisa no Brasil. Posteriormente, foram criados os microscópios eletrônicos de alta resolução, que auxiliam na visualização dos átomos e detalhes de objetos em escalas nanométricas, permitindo a elaboração de modelos representativos fieis dessas estruturas. Imagem 1 – Fotografia de Richard Feynman Fonte: https://www3.unicentro.br/petfisica/2016/05/15/richard-feynman/ Imagem 2 – Microscópio de tunelamento Imagem 3 – Microscópio de força atômica Fonte: https://agencia.fapesp.br/microscopio -de-tunelamento-entra-em- funcionamento-na-unicamp/27211/ Fonte: https://www.analiticaweb.com.br/p.php?tit=microscop io-de-forca-atomica&Bid=p59a072fde798e É possível obter materiais em escala nanométrica de duas maneiras, sendo elas: 1. O procedimento “de baixo para cima” ou “top-down”; 2. O procedimento “de cima para baixo” ou “bottom-up”. O primeiro processo consiste na construção do material a partir da junção de seus elementos básicos, ou seja, átomos e moléculas. Já o segundo método, consiste em eliminar o excesso de material existente em uma amostra maior, como ocorre nas técnicas de litografia, na qual é realizada uma série de etapas de corrosão química com extrema precisão para a formação do objeto nanométrico. Imagem 4 – Ilustração representativa dos processos de construção de nanomateriais, onde top-down é o procedimento “de baixo para cima” e bottom-up é o procedimento “de cima para baixo” Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Figura-41-Abordagens-de-nanofabricacao-top- down-e-bottom-up-Reproduzido-de-12_fig10_327894109 A nanociência está presente em diversos objetos do nosso cotidiano, como nos chips e processadores de eletrônicos, em medicamentos que ingerimos, band-aids, bolas de tênis, tintura de automóveis, filtro solar, preservativos, secadores de cabelo, bebedouros, dentre muitos outros. Uma área que apresenta significativos desenvolvimentos na nanociência é a nanomedicina, que elabora protótipos idênticos aos sistemas fisiológicos, sendo utilizados em aplicações diversas e livres de danos ao paciente, como na reversão de infecções sanguíneas e na formação de células, tecidos e órgãos artificiais, que têm potencial para aumentar a eficiência do sequenciamento genético e, dessa forma, facilitar a detecção de enfermidades clínicas e possibilitar tratamentos precoces. Imagem 5 – Chip com nanotubos de carbono Imagem 6 – Anti-inflamatório nanomolecular Fonte: https://revistapesquisa.fapesp.br/um-chip- com-nanotubos-de-carbono/ Fonte: https://medicinasa.com.br/ems-bexai/ Imagem 7 – Band-aid. Possui elementos da nanociência em sua composição Imagem 8 – Tintura de automóvel. Possui elementos da nanociência em sua composição Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/search/ba ndaid Fonte: https://www.tecmundo.com.br/nanotecnologia/2 3661-9-objetos-cotidianos-que-usam- nanotecnologia.htm No entanto, apesar dos inúmeros benefícios oriundos desse avanço tecnológico, a sociedade científica tem suas preocupações sobre os efeitos futuros desse processo desenvolvimentista em escala nanométrica, tendo visto que os conhecimentos obtidos na área podem ser apropriados por alguns grupos em prejuízo de outros. Ainda não se sabe ao certo os rumos que a nanotecnologia pode tomar, podendo fugir do controle de seus criadores ou até mesmo na elaboração de novas armas. Dessa forma, para que o potencial das nanociências sejam explorados para o bem da humanidade, se faz necessária a melhor informação do público leigo e o adequado controle social das atividades científicas, a fim de evitar possíveis catástrofes e/ou eventos negativos para o mundo. Como forma de contornar os problemas de trabalhar com números muito pequenos e facilitar os cálculos e representações, utiliza-se a representação por notação científica na nanociência, na nanotecnologia, na física, na química, na biologia, na matemática, na economia, na engenharia e em diversas outras áreas que manipulam números extremamente pequenos ou demasiadamente grandes, como a física quântica e a astronomia, respectivamente. A notação científica é uma convenção para representar números a partir da multiplicação de números maiores ou iguais a 1 e menores que 10 por potências de base 10, transmitindo os algarismos significativos e a ordem de grandeza de uma medida. Os registros apontam que o físico, matemático e inventor grego Arquimedes foi o primeiro a tentar representar números muito extensos. Conhecido como o “pai da notação científica”, descreveu na sua obra “O contadorde Areia”, no século III a.C., seu método representativo para estimar quantos grãos de areia seriam necessários para preencher o universo. Imagem 9 – Matemático grego Arquimedes Fonte: http://arquimedesgrego.blogspot.com/2011/11/arquimedes-de-siracusa_16.html A notação científica é escrita na forma N = a*10n, onde ‘N’ representa o resultado obtido em notação científica, ‘a’ é um número maior ou igual a 1 e menor que 10, e ‘n’ representa o expoente da potência de base 10 ou sua ordem de grandeza, sendo negativo para expressar números compreendidos entre 0 e 1. É importante destacar que a ordem de grandeza nesse tipo de representação precisa ser um número inteiro. Além da simplicidade para representar números muito pequenos ou muito grandes, a notação científica facilita os cálculos entre números de ordens de grandeza diferentes, sendo um recurso fundamental na apresentação da quantidade de algarismos significativos, resultando em maior fidelidade à representação numérica. Número por extenso Número em notação científica Qtd. de algarismos após ou antes da vírgula 700.000 7,0x105 5 3.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000 3,0x1033 33 0,0008 8,0x10-4 4 0,0000000000000000000000000000000000000000000000002 2,0x10-49 49 Experiência Cálculo da espessura de um traço de grafite Uma experiência interessante é calcular a espessura de um traço de grafite de uma lapiseira por meio da medida de sua resistência elétrica. O grafite é uma superposição de lâminas de apenas um átomo de espessura. Em cada lâmina, os átomos formam anéis hexagonais tomando o aspecto de uma colmeia. Cada átomo de carbono está ligado a outros três. Os carbonos do diamante, entretanto, estão ligados a quatro átomos, formando, assim, outra estrutura parecida com uma pirâmide. Ao conferir esses cálculos foi encontrado o valor de 17,34 nm para a espessura do traço de grafite! Bem próximo do valor obtido pelo autor de um dos textos de referência (Schulz, 2007) para esse experimento. Como a separação dos planos de átomos de carbono no grafite é de 0,34 nm, palavras escritas têm a espessura de apenas 51 camadas atômicas! Isso é nanociência a um custo muito baixo. Traços a lapiseira podem ser interessantes além de ser um exemplo de uma espessura na escala da nanociência. Material necessário: Uma lapiseira 0,5mm (diâmetro); Minas de grafite 0,5 mm x 6 cm (diâmetro x largura); Multímetro; Folha de papel; Régua pequena. Procedimento: 1. Fazer uma medida da resistência de uma ou mais minas de grafite (pode- se fazer uma média). Calcular a resistividade elétrica (ρ) da mina de grafite através da fórmula: R = ρ x L/A (1) Onde R é a resistência medida, L o comprimento da mina (6 cm), A é a área da secção transversal (π*r2), onde r = 0,25 mm, já que o diâmetro da mina é 0,5mm. 2. Fazer um traço forte (repassando o traço três a quatro vezes) em uma folha de papel com 6 cm de comprimento como a mina de grafite. 3. Realizar a medida de resistência no traço. Através da resistividade elétrica (ρ) do grafite calculada, juntamente com valor da resistência do traço, obtém-se a altura (h) do traço. Lembrando que o traço remete ao formato de um paralelepípedo com largura de aproximadamente 0,5 mm, o mesmo diâmetro da mina. 4. Repetir o experimento alterando a intensidade do traço, assim como os tipos de minas de grafite (0,7 mm, 0,9 mm e 1,0 mm). Comparar também o valor da resistividade experimental e o teórico (transversal e longitudinal às camadas de grafite). Imagem 10 – Representação do traço de grafite Montagem que representa as dimensões do traço de grafite. Fonte: a mesma do experimento, indicada abaixo. Fonte: CARVALHO, Alexandre Barbosa Melo de. Introdução a Nanociência e Nanotecnologia para o Ensino Médio. Orientador: Prof. Ricardo Cunha Michel. 2008. 63 p. Trabalho de conclusão de curso (Licenciatura em Química) - Universidade Federal do Rio de Janeiro - Centro de Tecnologia - Instituto de Química, Rio de Janeiro, 2008. Adaptado de Newcombe, 2006 / Schulz, 2007. Referências 9 objetos cotidianos que usam nanotecnologia. [S. l.], 17 maio 2012. Disponível em: https://www.tecmundo.com.br/nanotecnologia/23661-9-objetos-cotidianos-que-usam- nanotecnologia.htm. Acesso em: 29 jul. 2021. CARVALHO, Alexandre Barbosa Melo de. Introdução a Nanociência e Nanotecnologia para o Ensino Médio. Orientador: Prof. Ricardo Cunha Michel. 2008. 63 p. Trabalho de conclusão de curso (Licenciatura em Química) - Universidade Federal do Rio de Janeiro - Centro de Tecnologia - Instituto de Química, Rio de Janeiro, 2008. Acesso em: 29 jul. 2021. Já ouviu falar em nanotecnologia na medicina? Veja suas aplicações! [S. l.], 26 set. 2019. Disponível em: https://blog.radcare.com.br/ja-ouviu-falar-em-nanotecnologia-na-medicina-veja- suas-aplicacoes/. Acesso em: 29 jul. 2021. MARTINS, Maria do Carmo. Notação científica: uma forma eficaz de representar e operar com pequenos e grandes números. Correio dos Açores, p. 16-16, 2015. Acesso em: 29 jul. 2021. MELO, Celso Pinto de; PIMENTA, Marcos. Nanociências e nanotecnologia. Parcerias estratégicas, v. 9, n. 18, p. 09-22, 2010. Acesso em: 29 jul. 2021. NANÔMETRO. [S. l.], 31 maio 2020. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Nan%C3%B3metro. Acesso em: 29 jul. 2021. NOTAÇÃO científica. [S. l.], 12 dez. 2020. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Nota%C3%A7%C3%A3o_cient%C3%ADfica. Acesso em: 29 jul. 2021.
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