Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Graduação em medicina veterinária Semiologia veterinária Profº Felipe Eduardo da Silva Sobral Definição Semeion → sintomas / sinais; Logos → ciência, estudo. Primeiro contato com os pacientes e com a prática médica Divisão semiologia Semiotécnica → arte de examinar o paciente / técnica utilizada para identificar os sintomas (exame físico); Clínica propedêutica → reúne os dados e analisa / avaliação dos sinais; Semiogênese → estudo dos mecanismos do aparecimento dos sintomas / origem dos sinais e sintomas. Sintoma X Sinal Sintoma → informações obtidas do paciente, da sua percepção; → fenômeno anormal revelado pelo paciente; → indício de doença. Tipos de sintomas • Sintomas locais – circunscritos ou localizados (claudicação por artrite séptica); • Sintomas gerais ou sistêmicos – comprometimento de um órgão levando ao comprometimento de outros órgãos (endotoxemia, neoplasia mamária com metástase); Tipos de sintomas • Sintomas principais – dispneia devido a afecções pulmonares; • Sintomas patognomônicos – únicos / específicos para determinada enfermidade. Sintoma X Sinal Sinal → informações obtidas pelo clínico a partir do exame; → em animais só existem sinais; → raciocínio feito após observação dos sintomas. Semiologia Sintomas e sinais apresentados pelos pacientes; Métodos investigativos; DIAGNÓSTICO. Semiologia Síndrome → conjunto de sinais/sintomas observáveis em vários processos patológicos diferentes e sem causa específica (cólica, febre). Semiologia Diagnóstico→ diagnosis = conhecer, discenir. Nosológico ou clínico – em função da classificação das doenças (pneumonia, tétano); Terapêutico – a partir de respostas terapêuticas (animal magro, pelos eriçados, mucosas pálidas: vermífugo); Etiológico – causa/agente conhecido; Histopatológico – aval./estudo das lesões nos tecidos; Semiologia Diagnóstico→ diagnosis = conhecer, discenir. Anatomopatológico – biópsias, exame post- mortem; Radiológico / ultrassonográfico – uso de raios X / ultrassom; Laboratorial; Provável ou presuntivo. Causas de erro no diagnóstico Anamnese incompleta – informações / histórico do animal fornecido pelo proprietário; Exame físico superficial; Avaliação precipitada dos achados; Conhecimento insuficiente; Precipitação em tratar o paciente. Semiologia - Diagnóstico DIAGNÓSTICO Anamnese (50%) Exame físico (35%) Complementares (15%) Resenha Identificação do animal: • Nome; • Espécie; • Idade; • Raça; • Sexo; • Endereço. Anamnese Obtenção da história – informações relativas ao problema patológico; Proprietário / tutor – história incompleta ou justifica a sua negligência; Uma história completa adequada depende de um conhecimento abrangente das diversas doenças. Anamnese • Queixa principal; • Informações sobre a queixa principal (o que, quando, como); • Informações sobre doenças anteriores; • Informações sobre terapias anteriores; • Informações sobre outros órgãos; • Histórico do manejo e ambiente; • Histórico familiar. História imediata PERÍODO DE TEMPO em que o animal está doente; PERGUNTAS: apetite, preferência por alimento ou água, defecação, micção, respiração, sudorese, atividade física, produção de leite, crescimento, marcha, postura, voz, odores, etc. Quando parecerem relevantes. História pregressa INFORMAÇÕES relativas à natureza e duração de qualquer doença anterior; ANIMAIS NOVOS na propriedade; VACINAÇÃO, vermifugação, quimioprofilaxia, controle de mastite (CMT – California Mastitis Test); PRODUÇÃO, aspectos reprodutivos, intervalo entre nascimento, porcentagem de mortalidade de filhotes, animais de corte (ganho de peso); História geral e ambiente COMO É o ambiente e as condições em que o animal vive? NUTRIÇÃO, controle reprodutivo, abrigo, manejo, pastos, etc. História geral e ambiente Tipos de instalações A FORMA ou arquitetura de um estábulo, baia, curral, canil etc pode indicar a possibilidade de certos tipos de lesões, infecções ou intoxicações. VERIFICAR a ventilação da instalação. Higiene Inspecionar as acomodações do animal; A área mais reveladora é aquela destinada aos animais em época de parir;. Infecções entéricas (limpeza e desinfecção deficientes de maternidade; Observar o tipo, a qualidade e a quantidade de cama oferecida; Avaliar a eficácia dos métodos rotineiros de limpeza e desinfecção. Sucesso na anamnese - Criar boa relação veterinário/proprietário; - Dispôr de tempo para ouvir proprietário; - Bom senso; - Não se deixar levar pelo “diagnóstico” do proprietário; - Não demonstrar sentimentos desfavoráveis; Sucesso na anamnese - Possuir conhecimentos básicos sobre as doenças para aquela espécie; - Escrever com termos técnicos substituindo palavras de baixo calão ou ditas por pessoas leigas. Técnicas de exame físico EXAME CLÍNICO: visão, tato, audição e olfato; DIVISÃO: inspeção e exame físico. Inspeção Inspeção preliminar – observar antes de manusear ou conter o animal; Exame geral – superfície externa do corpo e orifícios naturais sem instrumentos; Exames de imagens – endoscópios, ultrassonográficos, raios X, etc. Exame físico Palpação Detectar a presença de dor e aumento da sensibilidade; Variação de tamanho, forma, consistência e temperatura; Exame físico Palpação • Definições quanto ao toque: 1. Elástica – região gordurosa, edematosa (teste de Godet “+” / confirmatório para edema); 2. Macicez – musculatura; 3. Firme – vísceras (fígado, rim); Exame físico Palpação • Definições quanto ao toque: 4. Dura – tecido ósseo; 5. Flutuante – abcesso, vesículas; 6. Enfizematosa – sob palpação constata-se presença de bolhas com ar. Exame físico Percussão Uso de pequenas batidas para avaliar condições dos tecidos adjacentes e mais profundos; Empregado no exame do tórax e da cavidade abdominal; Não utilizável em suínos, animais obesos, animais lanosos – dificuldade na realização da técnica e objetos. Métodos de percussão Grandes animais – usar plexímetro e martelo para percussão (plexor), valor limitado; Pequenos animais – usar ambas as mãos; Métodos de percussão 1. Pressionar o plexímetro com firmeza; 2. O cabo do martelo não deve ser seguro com firmeza exagerada. O movimento origina-se do punho; 3. Abranger toda a área a ser examinada de maneira sistemática; 4. Bater no plexímetro quando este estiver parado e firme no lugar; 5. As batidas não devem ser mais do que o necessário. Fatores que auxiliam na interpretação Percussão 1. Espessura da parede corporal; 2. Quantidade de ar ou gás presente no espaço subjacente; 3. Percussão sobre uma costela X percussão num espaço intercostal. Qualidade dos sons Percussão 1. Ressonante / Claro – emitido por órgãos que contém ar; 2. Timpânico – órgão oco contendo gás sobre pressão; 3. Mate / Maciço – emitido por órgão sólido (fígado, coração). Exame físico Ausculta Ouvir sons produzidos por um órgão para avaliar sua condição; Empregado no exame de pulmões, traquéia, coração e partes dos sistema digestivo; Métodos de ausculta 1. Método indireto – PREFERÍVEL, usa-se estetoscópio biauricular; 2. Método direto – coloca-se o ouvido em contato direto com a superfície corporal (ESCULTA), presença de desvantagens. Qualidade dos sons Ausculta 1. Aéreos – quando ocorrem pela movimentação de massas gasosas (movimentos inspiratórios); 2. Hidroaéreos – causados pela movimentação de massas gasosas em um meio líquido (borborigmo intestinal); 3. Líquidos – movimentação de massas líquidas em uma estrutura (sopro anêmico); 4. Sólidos – atrito entre duas superfícies sólidas rugosas / ruído de esfregar duas folhas de papel (roce pericárdico nas pericardites). Exame físico Olfação Avaliação física baseada no olfato do clínico; Exame das transpirações cutâneas, do ar expirado e das excreções; Mãos em “concha”; Aproximação razoável da área do animal a ser examinada.Exame físico Punção exploratória É a pesquisa de órgãos ou cavidades internas; Uso de trocarte, agulha (PAAF – punção aspirativa com agulha fina), cânula e similares; Retirado material para ser examinado >>> aspectos físicos, químicos, citológicos e bacteriológicos; Mais aplicado para hematomas, abscessos e derrames cavitários. Exame físico Biópsia Coleta de pequenos fragmentos teciduais de órgãos para realização de exame histopatológico; Diferenciar entre as causas de organomegalia nos mais diversos órgãos; Diferenciar entre inflamação/hiperplasia/neoplasia; Diferenciar neoplasias malignas de benignas com propósitos de diagnóstico e de planejamento terapêutico; Auxiliar na confirmação do diagnóstico de uma dermatopatia. Exame físico Exames laboratoriais Inúmeros testes laboratoriais; Hematológicos; Bacteriológicos; Parasitários; Inoculações virais; Determinações enzimáticas; Reações imunobiológicas / imunohistoquímicas. Exame físico Inoculações diagnósticas Quando em suspeita de determinada enfermidade, inocula-se o material proveniente do animal doente em animais de laboratório; Necessita de técnicas especiais para cada um dos processos suspeitos (botulismo, raiva, entre outros). Exame físico Reações alérgicas Exames que provocam respostas sensíveis nos animais; Realização de inoculação em seus tecidos de algum antígeno sob a forma de uma proteína derivada de microorganismos específicos que estejam ou tenham infectado o animal. Métodos de contenção Contenção física I. Cavalos – cachimbo no lábio ou orelha, cobrir os olhos do animal, manter um membro fletido (mão de amigo); II. Bovinos – segurar o chifre e o septo nasal, formiga; III. Suíno – laço de arame ou corda na mandíbula superior ou focinho; IV. Pequenos animais – conter sobre uma mesa em estação, decúbito lateral ou dorsoventral / ventrodorsal. Usar focinheiras em cães/gatos; V. Grandes animais indóceis – tronco de contenção. Métodos de contenção Métodos de contenção Métodos de contenção Métodos de contenção Métodos de contenção Contenção química I. Sedativos; II. Opióides; III. Anestésicos. Plano geral de exame clínico Exame clínico X exame físico 1. Exame clínico – reúne todas as informações necessárias para o estabelecimento do diagnóstico; 2. Exame físico – é uma parte do exame clínico do animal, resumindo-se à coleta dos sintomas e dos sinais por métodos físicos de exame (inspeção, palpação, percussão, auscultação e olfação). Plano geral de exame clínico 1. Identificação do(s) animal(is) (RESENHA); 2. Investigação da história do animal (ANAMNESE); 3. Exame físico (GERAL) – avaliação do estado geral do animal (atitude, comportamento, estado nutricional, estado de hidratação, coloração de mucosas, exame de linfonodos, etc), parâmetros vitais (FC, FR, T, MRum. e/ou cecais); 4. Exame físico (ESPECIAL) – exame físico direcionado ao(s) sistema(s) envolvido(s); 5. Solicitação (EXAMES COMPLEMENTARES) e interpretação dos exames subsidiários, quando necessário; 6. DIAGNÓSTICO; 7. PROGNÓSTICO; 8. TRATAMENTO – resolução do problema. Exame clínico geral Sinais característicos Sinais que estabelecem a identidade para a futura referência; Inicia-se com os dados de identificação; Observar características de pelagem (tipos), cascos/unhas, manchas, brincos (forma das orelhas), tatuagens etc; Pode ser usado desenho ou fotografia; Verificar a massa corporal (pesagem) do animal – quando possível. Exame clínico geral Condição física Avaliada à simples inspeção; Classificada como normal, obesa, magra ou emaciada (relacionada a doenças, extremamente magro); Diferenciar magreza de emaciação; Causas da perda de condição corporal: • Redução no fornecimento ou ingestão de alimentos; • Erros dietéticos; • Dificuldade de apreensão; • Desestímulo devido a dor; • Doenças agudas; Obesidade – acarreta distúrbios sistêmicos, causas: • Superalimentação; • Castração (redução de hormônios catabólicos e aumento de anabólicos); • Distúrbios endócrinos; Alterações na conformação abominal: ascite, PIF, raquitismo. Exame clínico geral Atitudes gerais Reações normais: • Elevação da cabeça e orelhas; • Voltar o corpo e dirigir a atenção para o local do estímulo; • Sinais de ataque ou fuga; Anormalidades: • Apatia – estados febris e toxêmicos; • Coma – animal inconsciente, não responde à estímulos; • Excitação (branda ou fúria); • Manias – escoiceamento, pressão para frente, marcha em círculos; • Furioso – atitudes incontroláveis (ANIMAIS PERIGOSOS!!). Exame clínico geral Postura Alterações associadas à doenças: • Curvatura da coluna vertebral; • Posição elevada ou oblíqua da cabeça; • Rotação da cabeça; • Posição anormal dos membros, etc; Dor abdominal: • Arqueamento do dorso; • Equino em posição de “cão sentado”, rolando o corpo, escoceia o abdome; Dor no tórax ou dificuldade respiratória: • Abdução dos cotovelos. Exame clínico geral Marcha Movimentos dos membros podem ser avaliados em relação à velocidade, amplitude, força e direção; Movimentos anormais: • Claudicação; • Marcha rígida; • Passos curtos; • Cambaleante (ataxia); • Flexão excessiva; • Abdução de um ou mais membros; Afetam a locomoção: doenças do SN e musculares, laminite; Observar o tipo de ambiente. Exame clínico geral Tremores e convulsões Tremor – contração persistente e repetitiva da musculatura esquelética (local ou generalizado); Convulsões – violentas contrações musculares de curtos períodos ou contínuas; • Clônicas – espasmos musculares repetidos intercalados com períodos de relaxamento; • Tônicas – espasmo muscular contínuo (tétano, envenenamento por estricnina); A causa primária pode ser localizada no córtex cerebral ou fora do sistema nervoso; Convulsões periféricas – hipóxia, hipoglicemia, certas intoxicações ou desequilíbrio eletrolítico. Exame clínico geral Apetite, defecação e micção anormais Redução do apetite (inapetência – redução / anorexia – ausência de apetite): em função de causa idiopáticas (desconhecidas), alterações na preensão, mastigação ou deglutição; Frequência de defecação e características das fezes: • Tenesmo – defecação difícil acompanhado de gemidos; Observar as características da urina: • Obstruções urinárias – movimentos de esforço e retesamento. Ordem / Plano dos métodos semiológicos 1. Resenha; 2. Anamnese; 3. Exame físico; 4. Diagnóstico; 5. Prognóstico; 6. Tratamento. Resenha 1. Nome; 2. Espécie; 3. Idade; 4. Sexo; 5. Raça; 6. Endereço. Anamnese 1. O que? 2. Quando? 3. Quanto? 4. Como? 5. Onde? 6. Com quem? Exame físico 1. Inspeção; 2. Palpação; 3. Percussão; 4. Auscultação. Diagnóstico 1. Exames laboratoriais; 2. Exames de imagens; 3. Intervenções cirúrgicas. Prognóstico Bom; Favorável; Reservado / Silencioso / Duvidoso; Desfavorável; Ruim / Péssimo. Tratamento Medicamentoso; Cirúrgico; Terapias diversas (acupuntura, fisioterapia, massoterapia, hemoterapia, etc). Aporte básico necessário o Conhecimentos (básicos, históricos e adquiridos); o Raciocínio - investigação; o Sentidos – visão, audição, tato e olfação; o Bom senso; o Organização; o Paciência. Semiologia veterinária A arte da realização do diagnóstico “No diagnóstico, o clínico alcança a afirmação de seus conhecimentos; no prognóstico, prevendo corretamente a evolução da doença, o clínico terá a contraprova do seu acerto e, no sucesso da terapia recomendada, a confirmação da sua competência”. Prof. Dr. Eduardo H. Birgel Médico veterinário / USP Graduação em medicina veterinária Semiologia veterinária Profº Felipe Eduardo da Silva Sobral
Compartilhar