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Hecate_um_estudo_inicial pdf

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Ano Lectivo 2014/2015 
 
 
 
 
Hécate: um estudo inicial 
 
 
 
Trabalho realizado para as disciplinas de 
História da Grécia Antiga e História das Religiões Grega e Romana, 
regida pelo Profº Dr. Nuno Simões Rodrigues 
 
Entregue a: 23 de Janeiro de 2015 
 
Joana Vieira Varela 
Nº 46066 
Mestrado em História, especialidade de História Antiga 
2 
Joana Varela 
46066 
Dos muitos deuses gregos que se conhecem, Hécate é uma das deusas das quais menos se 
conhece. 
Filha de Astéria e Perses e descendente directa da geração dos Titãs, Hécate é mais 
caracterizada pelas suas funções do que pelas lendas em que aparece. Hesíodo, na Teogonia, dá uma 
grande importância a Hécate, mostrando os dons que Zeus lhe concede, ainda que ela seja filha 
única
1
. Durante a guerra contra os Gigantes, Hécate lutou ao lado de Zeus e dos deuses do Olimpo, 
recebendo também por isso grandes honras
23
. 
Deusa benévola, Hécate adquire as suas características mais negativas a partir do período 
clássico
4
, tornando-se uma deusa mais negra e constantemente ligada a fantasmas
5
. A deusa podia 
controlá-los para proteger quem a honorasse e lhe pedisse ajuda, mas podia também enviar 
daemones para atacar quem achasse que assim o merecia. 
Não tendo um mito próprio, esta deusa grega da magia, das encruzilhadas e da noite, estava 
ligada a Ártemis e Selene, deusas da lua. 
Num dos mitos em que aparece, é relatado o rapto de Perséfone. Esta deusa, que mais tarde se 
tornou rainha do Submundo, foi raptada pelo seu tio, Hades. Aquando do rapto, Perséfone teria 
gritado por ajuda e apenas Hélio, Hécate e a Deméter a teriam ouvido. Mãe de Perséfone, Deméter 
procurou durante nove dias e nove noites pela filha, tendo encontrado Hécate no décimo dia. 
Contudo, ela não a pode ajudar pois não teria reconhecido o raptor da jovem, apenas o deus Hélio, 
que tudo vê, pode dizer a Deméter o que tinha acontecido. Ao encontrar Perséfone, Hécate, que 
tinha acompanhado Deméter na procura da filha, vai acompanhar a jovem deusa ao submundo e 
garantir que o acordo feito entre a mãe desta e Hades se cumpra
6
. 
 
1 Confira Hesíodo, Teogonia trabalhos e dias, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2005, vv.411-452 
2 Vide Paul Hamlyn, ed., New Larousse Encyclopedia of Mythology, London, New York, Sydney, Toronto, 1968, 
p.165 
3 Para uma análise mais direccionada sobre Hécate na Teogonia, vide Deborah Boedeker, “Hecate: A 
Transfunctional Goddess in the Theogony?”. Transactions of the American Philological Association, vol.113, 
Baltimore, The Johns Hopkins University Press, 1983, pp. 79-93. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/284004 
4 Os arqueólogos do século XIX, através da estratigrafia, criaram uma divisão em três períodos: o arcaico (do século 
VIII a.C. a VI a.C.), o clássico (entre o século V a.C. e a 1ª metade do século IV a.C.) e o período helenístico (da 2º 
metade do século IV a.C. ao século I d.C.). Mais tarde foram definidos cinco períodos: o minóico, o micénico, o 
homérico (ou heróico), o arcaico, o clássico e o helenístico, por fim. 
5 Confira Tricia Magalhães Carnevale, Hekate, de deusa ctônica dos atenienses do período clássico à deusa da 
feitiçaria no imaginário social do Ocidente. Dissertação de mestrado em História, especialidade de História Política, 
apresentada à Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012,p.44. Exemplar policopiado. Disponível 
em: 
http://www.academia.edu/4932370/Hekate_de_deusa_ct%C3%B4nica_dos_atenienses_do_per%C3%ADodo_cl%C3%
A1ssico_%C3%A0_deusa_da_feiti%C3%A7aria_no_imagin%C3%A1rio_social_do_Ocidente 
6 Sobre este mito vide Marília P. Futre Pinheiro, Mitos e Lendas da Grécia Antiga, Lisboa, Clássica Editora, 2011, 
p. 269-273 
http://www.jstor.org/stable/284004
3 
Joana Varela 
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Aquando do rapto de Perséfone, Hécate encontrava-se na sua caverna, sendo que esta se torna 
a “personificação da morte no hino – com o rapto de Perséfone e sua descida às entranhas do mundo 
– e do útero, da parte maternal, quando a deusa se torna sua protectora, como uma segunda mãe”
7
. 
Hécate adquire assim algumas características maternais, ligadas à protecção dos jovens, sendo por 
vezes considerada a “ ‘ foster mother goddess’ of the youth”
8
. Esta caverna ou gruta simboliza 
também o estado intermediário de Hécate, ou seja, ela não se encontra à superfície nem no 
submundo, mas antes num ponto entre estes dois.
9
 
Ligada às fases de transições pelas quais as korae passavam, Hécate atendia aos casamentos e, 
como Ártemis, deveria abençoar o casamento e ajudar na passagem da donzela para mulher
10
, sendo 
este um dos factores de associação das duas deusas acima referidas: “Hecate’s connection to 
spectral beings can particularly be derived from her function in the premarital rites of transition for 
women: unmarried girls and childless women who died thus, according to Greek ideas, 
unsuccessfully, could become menacing ghosts who went about in the entourage of Hecate, 
probably because she was responsible for their lot.”
11
. 
Os Oráculos Caldeus identificam-na como ventre da vida, a partir da qual todo o Cosmos foi 
criado.
12
 
Uma das versões do mito de Ifigénia
13
 pode aqui ter um vínculo dado que, na versão em 
causa, quando Ifigénia iria ser morta em sacrifício a Ártemis, a deusa tê-la-ia salvo e 
transformando-a na deusa Hécate. 
Também a sua ligação aos cães a caracteriza como uma deusa ligada ao nascimento – estes só 
foram associados a demónios e às almas inquietas mais tardiamente. No início eram considerados 
animais com uma natureza amistosa e carinhosa, um animal que protegia e guardava os seus filhos: 
“Hecate’s connection with dogs and dogs sacrifices probably resulted, on one hand, from her role as 
 
7 Vide Leandro Mendonça Barbosa, Representações do ctonismo na cultura grega (séculos VIII-V a.C.), Dissertação 
de doutoramento em História, especialidade de História Antiga, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de 
Lisboa, Lisboa, 2014, p.501. Exemplar policopiado. Disponível em: http://hdl.handle.net/10451/11696 
8 Confira Pierre Grimal, “Hecate”, The dictionary of classical mythology, USA, UK, Australia, Blackwell 
Publishing, 1996, p.181 
9 Vide Sarah Iles Johnston, Hekate Soteira: A Study of Hekate’s Roles in the Chaldean Oracles and Related 
Literature, Atlanta, Georgia, Scholars Press, 1990, p.28 
10 Sobre estes ritos de passagem, atente-se no trabalho de idem, “Hecate and the dying maiden”. Restless dead: 
encounters between the Dead in Ancient Greece, .Berkeley, Los Angeles, London, University of California Press, 1999, 
pp.203-249 
11
 Vide Hubert Cancik; Helmuth Schneider, ed., Brill’s Encyclopedia of the Ancient World New Pauly, Antiquity 
Vol. 6 HAT-JUS, Brill Leiden, Boston, 2005, p.38 
12 Confira Sarah Iles Johnston, Restless dead […], p.211 
13 Esta versão do mito está presente é contada por vários autores, como por exemplo Estesícoro. Atente-se em 
Jennifer Larson, Ancient greek cults: a guide, New York, London, Routledge, 2007, p.166 
http://hdl.handle.net/10451/11696
4 
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a birth goddess, on the other hand, at the end of the classical era, the dog was connected with 
Hecate’s appearances as a mistress of ghosts, accompanied on her nightly wanderings by a pack of 
howling dogs that were seen as the souls of the dead, or were coming as announced by the howling 
dogs.”
14
. 
Hécate tinha um papel importante como deusa ligada ao nascimento pois não só 
supervisionava a transição de uma alma quando esta saía do corpo, mas também quando entrava 
neste.
15
 
Desde a época clássica que Hécate está conectada com fantasmas e daemones
16
, entidades que 
tinham uma “ability to harm or frighten men if they so wished and a nebulous existence between 
man god, life and death”. Como estas criaturas costumavamlocalizar-se nas encruzilhadas, Hécate é 
por excelência a deusa que os gere e guia, quando possível. Todos os que não fazem a passagem 
ficam no Limbo e vagueiam pelo mundo com a deusa. 
Além da conotação com as encruzilhadas, estes espíritos estavam também associados à lua 
pois, segundo a visão de Plutarco que Sarah Johnston desenvolve, a lua seria a sua casa, quer isto 
dizer, a lua tinha uma natureza dividida (tanto terrena como celestial) e também os daemones a 
tinham, e eram também eles que permitiam a ligação entre os domínios da terra e do céu.
 17
 Assim, 
como Hécate possuía estas mesmas características, é facilmente compreensível o porquê da união 
de todas estas características numa só figura de uma deusa. 
Contudo, e tal como os outros deuses gregos, Hécate dava e tirava, isto é, todos os deuses têm 
uma vertente positiva e uma vertente negativa: “Like all divinities, Hecate can take away what she 
gives. Perhaps women who try to avert Hecate in some other fragments from Sophron are also 
concerned with protecting a parturient woman and her infant.”.
18
 
 
14 Confira Hubert Cancik; Helmuth Schneider, ed., op.cit., pp.38-39 
15 Para um maior desenvolvimento no tema de Hécate como deusa ligada ao nascimento, vide Sarah Iles Johnston, 
Hekate Soteira […], p.23 n.8, apud Fritz Graf, Nordionische Kulte, Rome, [s.n.], 1995, p.257; Theodor Kraus, Hekate: 
studien zu wesen und Bild der Göttin in Kleinasien und Griechenland, Heidelberg, Winter, 1960, p.86; Erwin Rohde, 
Psyche: The cult of Souls and Belief in Immortality among the Greeks. Translation by W.B. Hillis. London, English Ed., 
1925, p.322 
16
 Ainda que existam diferenças entre as almas desencarnadas e as entidades chamadas daemones, para este estudo 
serão considerados como espíritos com características muito semelhantes. Para uma confrontação de vários autores 
antigos e a sua caracterização destes seres, vide Sarah Iles Johnston, Hekate Soteira […], pp.36-37 
17 Recupere-se o entendimento de Idem, ibidem, pp.34-35 
18 Vide Sarah Iles Johnston, Restless dead […], p.212 
5 
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Terá sido devido às suas características mais maternais que esta deusa vinda, provavelmente 
da Cária (Ásia Menor), chegou ao panteão dos deuses gregos: “on a votive relief from imperial 
Phrygia, which shows two young boys, a mother prays to Hecate for help with her children”
19
. 
Num dos seus templos, em Lagina, é visível um fresco que mostra como Hécate teria ajudado 
a proteger o deus Zeus em bebé, ao apresentar uma pedra disfarçada deste deus a Cronos, enquanto 
outra figura feminina levaria o bebé para longe.
20
 
Ainda que esta seja a única evidência do envolvimento de Hécate neste nascimento, podemos 
talvez ligar esta versão do mito à importância que Zeus, na Teogonia de Hesíodo, mostra à deusa 
que o protegeu. 
As crianças eram elementos da família aos quais era dada uma maior atenção devido às taxas 
de mortalidade, tendo-se encontrado vestígios de hekataia
21
 à porta de casas, que serviriam para 
invocar a protecção de Hécate
22
. Sarah Johnston propõe que se estas estátuas tinham como função 
proteger os elementos mais jovens das famílias, então poderiam estar em qualquer sítio da oikos. Se 
estão à porta, segunda a autora e sua avaliação de Aristófanes, “their location at the entrances to the 
houses, as Aristophanes describes, was directly related to their kourotrophic
23
 potency
24
”. 
Deusa ligada às encruzilhadas e às entradas, como já foi referido, está também ligada aos 
lugares de transição e aos ritos de transição. Os dois últimos acabam por estar interligados como um 
só através da deusa que com eles se identifica: podemos observar uma correlação entre a passagem 
da mulher virgem a mãe, que precisaria da ajuda de Hécate para se proteger contra fantasmas 
vingativos (por exemplo de mulheres que tivessem morrido antes do seu tempo), com a sua ligação 
às almas inquietas e aos outros fantasmas que entrariam em contacto com a deusa nos pontos 
liminares. Estas almas inquietas poderiam causar loucura ou terrores nocturnos, daí talvez a ligação 
da deusa aos cultos mistéricos pois uma das coisas que seria prometida era exactamente a cura da 
loucura.
25
 
 
 
19 Idem, Ibidem, p.213 
20 Vide Sarah Iles Johnston, Restless dead[…], p.213 
21 Hekataia são estátuas ou santuários em honra de Hécate, que eram erigidas principalmente em encruzilhadas 
(lugar onde se poderia encontrar a deusa) ou à porta das casas gregas. Para um maior desenvolvimento sobre este tema, 
vide Idem, ibidem, pp.60-61 
22 Vide Idem, ibidem, p.214 
23 “Kourotrophos, the goddess concerned with the nurture of children”, Idem, ibidem, p.52 
24 Idem, ibidem, p.214 
25 Confira Hubert Cancik; Helmuth Schneider, ed.,op.cit.,p.39 
6 
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Ainda que maioritariamente considerada uma deusa virgem (talvez pela sua ligação a 
Ártemis), Hécate é tida como mãe de Circe, Medeia e ainda Absirto
26
, por Diodoro Sículo
27
 (ou 
Diodoro da Sicília) na sua obra Bibliotheca (4.45.2-3), como visível em seguida: 
“Indeed, they say that Helios had two sons, Aeëtes and Perses. 
Of these, Aeëtes was king of Colchis, and the other of the Tauric land, 
and both excelled in cruelty. 
Perses had a daughter, Hecate, who was superior to her father 
in daring and lawlessness. […] 
After this, she [i.e. Hecate] married Aeëtes and bore two daughters, 
Circe and Medea, and also a son, Aegialeus.”
28
 
Enquanto que Diodoro faz destas três mulheres mãe e filhas, Hesíodo, na Teogonia, apresenta 
uma genealogia diferente, na qual identifica Circe como filha de Perseida e do deus Hélio, irmã de 
Eetes, e tia de Medeia, filha de Eetes e Idia. Hécate, como já foi referido, é filha de Astéria e 
Perses
29
. O facto de nesta última obra Hécate ser vista como uma deusa virgem pode também ser 
alusivo ao facto de os gregos considerarem que uma mulher sob o efeito do amor e da influência de 
Afrodite seria uma mulher que não controlava os seus desejos e podia voltar-se para a magia e ser 
influenciada por estes deuses. 
É fácil perceber o porquê da ligação destas três mulheres: as três feiticeiras, são o arquétipo 
que representa as mulheres que dominam a magia e os venenos, sendo a elas que se recorre ao 
querer fazer algum feitiço. 
 
26 Aegialeus é uma alternativa do nome Absirto (Absyrtus ou Apsyrtus). Este era, segundo alguns autores, meio-
irmão da feiticeira Medeia, e, numa das versões do mito dos Argonautas, teria sido morto por ela. Nesta versão, Medeia 
e Absirto são filhos de Eetes e este, ao ver os pedaços do filho mutilado, recolheu-os, dando assim tempo a Jasão para 
levar o velo de ouro e a Medeia para a Grécia. Noutra versão do mito, Absirto tinha sido enviado pelo seu pai Eetes para 
procurar e trazer para casa Medeia e ela tê-lo-ia morto num templo de Ártemis. 
27 Segundo a Encyclopedia Britannica, “Diodorus Siculus, (flourished 1st century B.C., Agyrium,, Sicily),Greek 
historian, the author of a universal history, Bibliothēkē (“Library”; known in Latin as Bibliotheca historica), that ranged 
from the age of mythology to 60 B:C.. Para mais informações sobre este autor, vide 
http://www.britannica.com/EBchecked/topic/164108/Diodorus-Siculus; 
28
 Confira Evelien Bracke, Of metis and magic: The Conceptual Transformations of Circe and Medea in Ancient 
Greek Poetry, Dissertação de doutoramento em Ancient Classics, apresentada à National University of Ireland, 
Maynooth, 2009, pp.42-43. Exemplar policopiado. Disponível em: 
http://eprints.maynoothuniversity.ie/2255/1/e_bracke_thesis.pdf 
29 Vide Hesíodo, Teogonia trabalhos e dias, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2005, vv.956-962 
http://www.britannica.com/EBchecked/topic/164108/Diodorus-Siculus
http://eprints.maynoothuniversity.ie/2255/1/e_bracke_thesis.pdf7 
Joana Varela 
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Por exemplo, Teócrito escreve, no Idílio 2, a história da jovem Simeta, apaixonada por Délfis, 
que já não a visita há doze dias. Ela decide então fazer um feitiço que o atraia, chamando a deusa 
Hécate e pedindo para que a magia que está fazer seja tão ou mais forte que as grandes feiticeiras 
como Circe, Medeia e Perimede: “Eu te saúdo, Hécate [que infundes] o terror [e o pânico em quem 
te olha]. Assiste-me [neste transe] até ao fim e torna as minhas bruxarias mais eficazes que as de 
Circe, ou de Medeia ou da loira Perimede”. 
Mas não só a estas feiticeiras estão presentes nas preces de Simeta, também Selene é 
invocada: “Tu, porém, Selene resplandece em [toda a tua] claridade… Sem dúvida, é a ti, Selene, 
que, em voz baixa, vou dirigir os meus feitiços, ó deusa, e a Hécate, divindade ctónica (…)”
30
. Gow 
na sua análise da obra de Teócrito refere que “the second vocative probably indicates that Selene is 
summoned not merely to light Simaetha but to obey her spells (…)”. 
Já os “male lovers address their prayers to the sun, female to the moon, but the moon may 
also be invoked as the celestial aspect of Hecate (…)
31
. 
 São especialmente as jovens mulheres que recorrem a Hécate pois esta é uma deusa que está 
presente nos três grandes momentos da vida da mulher: desde o seu nascimento ao seu casamento e 
à sua morte onde, com o deus Hermes
32
, acompanha a alma no seu caminho até ao submundo, 
levando consigo duas tochas que iluminam o caminho. 
Variadamente representada com estas tochas, Hécate é chamada “bringer of light
33
, com o 
epíteto “Phosphoros”
34
, trazendo não só “light in the form of burning torches but also the light of 
knowledge or insight”
35
. 
Nas páginas seguintes são apresentadas algumas imagens que mostram tanto uma visão 
contemporânea de Hécate, como a forma como a deusa era representada na época clássica e greco-
romana: 
 
30 Vide Nuno Simões Rodrigues. Traduções portuguesas de Teócrito, Lisboa, Universitária Editora, 2000, p.57 
31 Confira A.S.F. Gow, ed. Theocritus, New York, Cambridge University Press, vol.1, 1973, p.38 
32 Enquanto deus que acompanha os mortos na sua passagem, o Hermes é caracterizado pelo termo “psicopompo”. 
As figuras psicopompas são entidades cuja função é guiar outro ser, neste caso ajudar a alma a atravessar para o 
submundo. Na literatura grega existem várias figuras que se enquadram neste panorama: Caronte, o próprio deus Hades, 
o cão Cerebero, Hermes e Hécate. Sobre este assunto vide: Sarah Iles Johnston, Restless dead[…], p.15, pp.73-74 
33 Vide Kathleen Granville Damiani, Sophia: exile and return, Dissertação de doutoramento em Interdisciplinary 
Humanities, com especialização em Philosophy, apresentada à Graduate School of the Union Institute, Ohio, 1997, 
p.73. Disponível em: 
http://api.ning.com/files/v85E*VTkKRgSgZMwJSkPbq3T82WZWiQPdXuLx7o3cCxjuJbX7xRujYukt9qBFABQ9Gm
bFGhm-SLN4h4AUOj46Dro7UMjyI72/SophiaExileandReturn.pdf 
34 Sarah Iles Johnston, op.cit., p.206 
35 Confira Shelly M. Nixon, Hekate: Bringer of Light, California, California Institute of Integral Studies, [s.d.], p.8. 
Disponível em: http://coastline.files.wordpress.com/2013/12/hekate.pdf 
http://api.ning.com/files/v85E*VTkKRgSgZMwJSkPbq3T82WZWiQPdXuLx7o3cCxjuJbX7xRujYukt9qBFABQ9GmbFGhm-SLN4h4AUOj46Dro7UMjyI72/SophiaExileandReturn.pdf
http://api.ning.com/files/v85E*VTkKRgSgZMwJSkPbq3T82WZWiQPdXuLx7o3cCxjuJbX7xRujYukt9qBFABQ9GmbFGhm-SLN4h4AUOj46Dro7UMjyI72/SophiaExileandReturn.pdf
http://coastline.files.wordpress.com/2013/12/hekate.pdf
8 
Joana Varela 
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Figura 4 - “The Night-Hag Visiting Lapland Witches, by 
Henry Fuseli (Swiss, Zürich 1741–1825 London). It 
illustrates a passage from "Paradise Lost," II (622–666) 
in which the hellhounds surrounding Sin are compared 
to those who "follow the night-hag when, called, / In 
secret, riding through the air she comes, Lured with the 
smell of infant blood, to dance / With Lapland witches, 
while the laboring moon Eclipses at their charms." 
"Night-hag" is an epithet of the Greek goddess Hecate, 
who presided over witchcraft and magical rites.” 
Imagem e legenda retiradas de: 
http://www.metmuseum.org/collection/the-collection-
online/search/436423 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1 - “Ribbed black-glaze jug (oinochoe). Greek, about 350-
300 BC, Made in Athens, Greece; from Capua in Campania, Italy. 
Here the female figure with her whirling drapery, snaking ringlets 
and ecstatic gaze dances up to the flaming altar with a lighted 
torch flaring in each hand. The vigour and movement of her pose 
and drapery contrast with the stiff, three-headed cult statue on the 
column to the right of the altar. The goddess or priestess is 
modelled in added clay, and was originally fully gilded. Against 
the black surface of the vase she stands out as though magically 
illuminated in the darkness of the night.” Imagem e legenda 
retiradas de: 
http://www.britishmuseum.org/explore/highlights/highlight_object
s/gr/r/ribbed_black-glaze_jug.aspx 
Figura 2 – “Hecate”. Imagem retirada de: 
Encyclopædia Britannica Online, 
http://www.britannica.com/EBchecked/m
edia/142408/The-triple-formed-Hecate-
wood-engraving 
Figura 3 - "Hecate and her dogs. 2011", de 
Barahona Possollo. Imagem e legenda retiradas de: 
https://dl.dropboxusercontent.com/u/2176344/KP20
13/gallery/201109.jpg 
http://www.metmuseum.org/collection/the-collection-online/search/436423
http://www.metmuseum.org/collection/the-collection-online/search/436423
http://www.britishmuseum.org/explore/highlights/highlight_objects/gr/r/ribbed_black-glaze_jug.aspx
http://www.britishmuseum.org/explore/highlights/highlight_objects/gr/r/ribbed_black-glaze_jug.aspx
http://www.britannica.com/EBchecked/media/142408/The-triple-formed-Hecate-wood-engraving
http://www.britannica.com/EBchecked/media/142408/The-triple-formed-Hecate-wood-engraving
http://www.britannica.com/EBchecked/media/142408/The-triple-formed-Hecate-wood-engraving
9 
Joana Varela 
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Na figura 3 observamos um quadro de um pintor contemporâneo que representa Hécate com a 
sua tocha e os seus cães, que anunciavam a sua presença, aqui representados sob a forma de 
homens. É possível também associar esta imagem dos cães com forma humana às almas que 
caminhavam com Hécate no limbo, as almas que não faziam a passagem e ficavam ao serviço de 
Hécate, como se verá mais à frente neste estudo inicial. 
Figura 5 - "Adaptation of a Greek statue of about 
425 B.C. attributed to Alkamenes. Imperial, 1st–
2nd century A.D.”. Imagem e legenda retiradas 
de: http://www.metmuseum.org/collection/the-
collection-online/search/255108 
Figura 6 - "Marble statuette of triple-bodied Hekate 
and the three Graces. Late Hellenistic, 1st–2nd 
century A.D.”. Imagem e legenda retiradas de: 
http://www.metmuseum.org/collection/the-
collection-online/search/255881 
Figura 7 – “Registre supérieur : Triple HECATE (= trois figures 
drapées, coiffées d'un polos, debout de face) entre un buste de MEN 
sur un socle, son croissant de lune dépassant de ses épaules, et un 
buste de DEMETER, sur un socle, la tête surmontée d'épis de blé. 
Au-dessus, au centre, buste de ZEUS (cheveux longs, barbe, 
himation) surmonté d'un buste d'HELIOS (couronne radiée, 
vêtement retenu par une agrafe sur la poitrine). A dr. du buste de 
Zeus, une étoile et un croissant de lune; à sa g., une étoile et une 
inscription. Registre inférieur: bustes des DEFUNTS. Entre les 
deux registres et sous le registre inférieur : inscriptions” Imagem e 
legenda retiradas de: http://www.limc-france.fr/objet/6179 
http://www.limc-france.fr/objet/6179
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As figuras 5 e 6 representam uma visão tríplice da deusa Hécate: a menina, a mulher jovem e 
a mulher madura, mais velha e sábia. Por vezes, esta tríada é identificada com Perséfone, Ártemis e 
Hécate, ouainda Selene, Ártemis e Hécate
36
, sendo estas três deusas identificadas com lua, cada 
uma com uma fase diferente: Selene a lua crescente, Ártemis a lua cheia e Hécate, a lua nova e 
escura, fazendo já a conexão às características mais negras e negativas da deusa: “When the moon 
is dark, there is Hecate. She brings light, but not the light of welcome. From the dark side of the 
moon, she brought somas, progenitor of sometimes –indeed often- unwelcome truth”
37
. 
Também Marija Gimbutas refere esta situação, mas com uma visão mais negra: “Artemis and 
Hekate are one, a lunar goddess of the live cycle, the other at the end; one young, pure and 
beautiful, connected with young life, and the other gruesome, connected with death”
38
. 
Hécate estaria também ligada à lua devido ao seu papel de intermediária, pois a própria lua 
estaria no éter, no espaço entre os céus e a terra, e era essencial para a mediação. A lua era atribuída 
a Hécate por ser “the portion of the universe that most suited her”.
39
 
Segundo John Roberts, a partir de 430 a.C. tornaram-se mais frequentes as imagens de Hécate 
como as das figuras 5 e 6, onde a deusa aparece representada com três corpos que significariam as 
encruzilhadas onde muitas vezes se encontrava e onde eram maioritariamente feitos os sacrifícios 
em sua honra
40
. Pierre Grimal, entre outros autores, apoia também esta hipótese da deusa Hécate em 
três figuras
41
. 
Pausânias atribui a Alcâmenes a criação destas imagens triformes: “It was Alcamenes, in my 
opinion, who first made three images of Hecate attached to one another, a figure called by the 
Athenians Epipurgidia (on the tower)”
42
. 
Leandro Barbosa expõe claramente o papel de Hécate: “é a deusa trifuncional, seja por seus 
atributos lunares, mas também pelas suas próprias funções de deusa. Hécate é a soberana: a que 
rege pelos reis e juízes de tribunais; é também uma divindade da força física, pois está junto aos 
 
36 Vide Hubert Cancik; Helmuth Schneider, ed., op.cit.,p.39 
37 Confira David Leeming, Jake Page, Goddess: myths of the female, New York, Oxford University Press, 1994, 
p.152 
38 Atente-se no estudo de Marija Gimbutas, The language of the goddess: unearthing the hidden symbols of western 
civilization, San Francisco, Harper & Raw Publishers, 1989 
39 Vide Sarah Iles Johnston, Hekate Soteira […], p.33 passim 
40 Vide John Roberts, ed., The Oxford Dictionary of the Classical World, Oxford, Oxford University Press, 2005, 
p.326 
41 Atente-se em Walter Burkert, Religião grega na época clássica e arcaica, Lisboa, Fundação Calouste 
Gulbenkian, 1993, pp.335-336 
42 Confira T.E Page, ed., Pausanias: description of Greece, translation by W.H.S. Jones, I volume, Cambridge, 
Massachusetts, Harvard University Press, 1959. Book II – Corinth, XXIX – XXX . 3 
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guerreiros, atletas e cavaleiros; ainda é a deusa fertilizadora – e este é um caráter indo-europeu, que 
possivelmente remete a uma deidade antiga e poderosa – que provém os alimentos, ligada aos 
pescadores e aos criadores de animais, nutrindo os jovens”
43
. 
Hécate é representada, como é visível nas figuras 5, 6 e 7 com um tocado alto e coroas radiais 
e, durante a época romana, começa a ser mais representada com serpentes e facas, como visível na 
figura 1, elementos estes mais ligados à prática da magia. 
Na figura 7, temos também a presença da deusa Hécate tríplice, mas desta vez as três formas 
da deusa encontram-se lado a lado na estela funerária. Zeus marca também presença, com Hermes 
para acompanhar, com Hécate, as almas dos defuntos, que se encontram representados na zona 
inferior da estela, até ao mundo inferior. É visível uma lua que pode ser vista como a lua crescente 
ou minguante, contudo autores apresentam a possibilidade de esta representar a lua crescente 
identificada com Selene
44
. 
Claudina Romero Mayorga descreve este tipo de estela: “En estos relieves suele aparecer el 
retrato del fallecido y en otro registro, la figura de Hécate en su triple forma, pero no como si de un 
hecateum se tratara, sino como tres figuras sucessivas representadas una al lado de la otra, sin la 
menor existencia de espacio. En estos casos, las figuras aparecen vestidas con una larga túnica y sus 
cabezas se hallan tocadas con un polos. Flanqueando sus cuerpos, hallamos divinidades secundarias 
que representan la Luna y el Sol.
45
” Como podemos observar, esta descrição está de acordo com a 
estela da figura 7. 
O papel de Hécate como guia ou divindade que servia como intermediário desenvolveu-se 
cada vez mais a partir da sua associação à “cosmic soul”
 46
, que acabava por ter funções 
semelhantes. A “cosmic soul” era então um intermediário entre os dois mundos: vários autores 
utilizam esta visão de Platão como elemento presente na sua literatura, tornando-a uma figura 
criativa e de aspecto transmissivo, ligada a uma reminiscência do feminino. 
 
43 Vide Leandro Mendonça Barbosa, op.cit., p.498 
44 Atente-se no estudo de Claudina Romero Mayorga, Aproximación a la Iconografía de Hécate: Magia, 
Superstición y Muerte en la Sociedad Romana, [s.l.], [s.d.], pp.3-4. Disponível em: 
http://www.academia.edu/3664471/Aproximaci%C3%B3n_a_la_Iconograf%C3%ADa_de_H%C3%A9cate_Magia_Su
perstici%C3%B3n_y_Muerte_en_la_Sociedad_Romana 
45 Idem, Ibidem, p.6 
46 Sarah Iles Johsnston resume bastante coerentemente uma definição do que se pode caracterizar como esta “cosmic 
soul”: “the Soul sits at the center of, yet encloses, the Cosmos, thereby representing the threshold between the Sensible 
World (to which the term “Cosmos” regularly refers in philosophical literature) and the Intelligible World. It is 
composed of and contains unifies opposing principles that are essential to the functioning of the Cosmos. (…) Finally, it 
is a constituent and thus partial source of the human soul, which also includes mortal instruments.”. Sarah Iles Johnston, 
Hekate Soteira:[…], p.15. Para um maior desenvolvimento sobre este estudo, vide Idem, Ibidem, pp.14-20 e pp.49-70 
http://www.academia.edu/3664471/Aproximaci%C3%B3n_a_la_Iconograf%C3%ADa_de_H%C3%A9cate_Magia_Superstici%C3%B3n_y_Muerte_en_la_Sociedad_Romana
http://www.academia.edu/3664471/Aproximaci%C3%B3n_a_la_Iconograf%C3%ADa_de_H%C3%A9cate_Magia_Superstici%C3%B3n_y_Muerte_en_la_Sociedad_Romana
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Fortemente cultuada em Lagina, Hécate estava ligada à “procissão da chave” que se realizava 
anualmente nesta cidade. Sarah Johnston propõe que este ritual inclui, no fim, uma abertura de 
portões que estaria relacionada com a habilidade desta deusa poder fechar os portões e proteger a 
cidade ou abri-los para que esta recebesse influências benéficas
47
. 
A posse da chave era algo visto como símbolo de algum poder, sendo comummente associado 
à senhora da casa
48
. Pode também significar a chave para outros domínios, como por exemplo, 
“Aeacus held the keys to Hades”
49
. Na vertente de Hécate, esta deusa teria as chaves que abriam as 
portas do Hades, para onde guiaria as almas. 
Durante a procissão em Lagina, a sacerdotisa de Hécate levaria consigo uma chave, ainda que 
alguns autores refiram que seria apenas uma chave do templo, a maior concorda que esta seria uma 
metáfora para a chave da deusa e, como tal, expressava a sua natureza.
50
 
É importante frisar que os “key-holders establish and retain the liminal points and boundaries 
that structure space—their keys ‘close doors’.”
51
 Hécate podia permitir a passagem das almas ou 
podia “fechar-lhes as portas” e obrigá-las a ficar com ela no limbo, às suas ordens. 
Este ritual poderia ainda estar ligado à visão grega mais tardia de Hécate como guardiã de 
passagens e entradas, onde muitas vezes se encontravam as hekataia, como já foi mencionado. 
Poder-se-á assumir que a sua ligação às entradas estivesse ligada àsua função como deusa da 
cidade na Cária
52
, sendo que esta vertente atravessou a Grécia apenas na sua função protectora de 
entradas, não tanto como deusa protectora da cidade, possivelmente devido ao facto de esta vertente 
já estar ocupada por outras deusas como Atena e Hera, entre outros.
53
 
Os mitos antigos que a ligam à Cária trazem consigo uma visão desta deusa ligada à Deusa-
Mãe “Earth (γαĩα) for Hecate seems to mean the human world, befitting her role among kings, 
warriors, horse-men, and herdsmen. On sea (θάλασσα), she is goddess of fisher-men.”, como 
Hesíodo a classifica na Teogonia. 
 
47 Vide Sarah Iles Johnston, Restless dead […], p.206 
48 Vide Sarah Iles Johnston, Hekate Soteira […], p.40 
49 Idem, ibidem, p.41 n.25 
50
 Idem, ibidem, p.42 
51 Idem, ibidem, p.47 
52 Confira Marija Gimbutas, The Gods and Goddesses of Old Europe: 7000 to 3500 BC. Myths, legends and cult 
images, Berkeley, Los Angeles, University of California Press, 1974, p. 197 
53 Vide Sarah Iles Johnston, Restless dead […], p.207 
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Patricia Marquardt vai contra esta visão da ligação antiga de Hécate à deusa Mãe e à Terra-
Mãe, dizendo que a deusa grega teria adquirido estas características através do seu sincretismo com 
Ártemis e não com os mitos da deusa Mãe, mais primitivos, e ligados a natureza
54
. 
Já Panagiotis Dellis identifica a Terra, o Submundo e a Lua com Ártemis, Hécate e Selene, 
respectivamente, unindo a Hécate tríplice mais tardia a esta visão, sendo que esta deusa é o elo que 
une o submundo, a terra e o céu
55
. 
Hécate pode-se ligar também ao deus Apolo pois um dos epítetos deste deus é Hékatos e 
Hécate seria o seu feminino, assim como Ártemis
56
. 
O próprio Apolo deveria estar ligado às entradas e na sua vertente de Apolo Agyieus está 
ligado aos caminhos e estradas
57
. Também no templo de Mileto de Apollo Delphinius Hécate está 
representada, como protectora de entradas. 
58
 
Enódia era também um epíteto concedido a Hécate, sendo que inicialmente esta seria uma 
deusa distinta que acabou por sofrer um processo de sincretismo com Hécate. “Enódia” expressa 
particularmente a sua ligação às encruzilhadas, dado que o próprio nome significa “na estrada”
59
, 
mas especialmente a ligação de três estradas
60
. 
Esta deusa com origem na Tessália estava também ligada a nascimentos e à protecção de 
entradas, o que reforça a conexão à deusa Hécate.
61
 Terá sido também através da ligação de Hécate 
a Enódia que a deusa grega terá adquirido as suas características mágicas e ligadas à feitiçaria.
62
 
O seu papel como deusa ligada à magia está intimamente ligado com o seu papel de senhora 
de daemones, pois estes eram as suas ferramentas, sendo que muitos dos actos mágicos dependiam 
deles. Contudo, há que ter em mente que, mesmo sendo eles que agiam, só o faziam em nome de 
Hécate e com o controlo desta.
63
 Foi a ligação a estas entidades que maioritariamente associou a 
 
54 Confira Patricia A. Marquardt, “A portrait of Hecate”. The American Journal of Philology, Vol. 102, Nº 3, USA; 
The Johns Hopkins University Press, Autumn, 1981, p.258. Disponível em http://www.jstor.org/stable/294128 
55 Vide Panagiotis Dellis, Artémis Hécate sélène: Dans les mythes et les rites, Université Paul Valéry, Montpellier, 
1999, p.33. Disponível em: 
http://www.academia.edu/4882080/Art%C3%A9mis_H%C3%A9cate_S%C3%A9l%C3%A8n%C3%A9_dans_les_Myt
hes_et_les_Rites 
56 Vide Leandro Mendonça Barbosa, op.cit., p.493 
57 Confira Sarah Iles Johnston, Hekate Soteira […], p.21 
58 Retome Patricia A. Marquardt, op.cit., p. 251 
59
 Atente-se no estudo de Tricia Magalhães Carnevale, op.cit., pp.34-35 
60 Vide Sarah Iles Johnston, op.cit., pp.23-24 
61 Vide Hubert Cancik; Helmuth Schneider, ed., op.cit., p.39 
62 Confira Patricia A. Marquardt, op.cit., p.252 
63 Sobre este assunto, vide o que afirma Sarah Iles Johnston, op.cit., pp.144-145 
http://www.jstor.org/stable/294128
http://www.academia.edu/4882080/Art%C3%A9mis_H%C3%A9cate_S%C3%A9l%C3%A8n%C3%A9_dans_les_Mythes_et_les_Rites
http://www.academia.edu/4882080/Art%C3%A9mis_H%C3%A9cate_S%C3%A9l%C3%A8n%C3%A9_dans_les_Mythes_et_les_Rites
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deusa à bruxaria: eram elas que permitiam à deusa ajudar os teurgistas a acederem ao reino 
celestial. 
É possível também associar a Hécate aos deuses egípcios, seja a Ísis devido à sua forte ligação 
à magia, a Heket dado o seu papel no auxílio de nascimentos, a Anúbis pela sua ligação ao 
submundo ou ainda à deusa Maet (ou Maat) que tinha, como Hécate nos Oráculos Caldeus, uma 
vertente teúrgica e cosmológica. 
No caso de Ísis, esta grande deusa está intimamente ligada à magia pelo principal mito que a 
inclui, no qual a deusa salva o marido e irmão Osíris
64
. É através da magia que Ísis consegue 
conceber, dando à luz Hórus e adquirindo assim características maternais e uma associação directa 
com crianças e jovens.
65
 
Meta E. Williams afirma que “Isis was queen of the Gods, the Great Lady, and also Mistress 
of Words of Power, Goddess of Spells and Weaver of Spells, and Hecate is nothing more than a title 
of Isis personified”
66
. 
Contudo, eu não concordo com a opinião desta autora pois, com bases nos estudos de outros 
autores já referidos ao longo deste trabalho, Hécate é uma divindade que, a surgir a partir de outra 
seria da deusa Enódia, pois a maior dúvida que se coloca relativamente a estas duas deusas, Enódia 
e Hécate, é qual seria a primeira a ter as características que hoje conhecemos, ou seja, foi a partir de 
um sincretismo com a deusa Enódia que Hécate se tornou uma deusa ligada aos nascimentos e à 
feitiçaria ou será que Enódia é que adquiriu os atributos de deusa ligada a crianças e ao parto? Por 
enquanto os historiadores dividem-se com opiniões variadas
67
. 
Já Heket era uma deusa representada comummente com forma de rã, símbolo de vida e 
ressurreição
68
. Associada a nascimentos, esta era uma das deusas que auxiliava nos partos e cuidava 
tanto da criança como da parturiente. Ao lado do deus Khnum, é vista como deusa protectora, a 
deusa que devolve a vida ao deus Osíris
69:
 “the lifegiving powers of Heket enabled her to be 
 
64 Este mito está relatado na obra De Iside et Osiride, de Plutarco. 
65 Vide Cláudia Monte Farias, “Ísis”, Dicionário do Antigo Egipto. Direcção de Luís Manuel de Araújo. 1ªedição, 
Lisboa, Editorial Caminho, 2001, pp.452-453 
66 Confira Meta E. Williams, “Hecate in Egypt”. Folklore, Vol. 53, Nº 2 (Jun., 1942), UK, Taylor & Francis Ldt, 
p.112. Disponível em http://www.jstor.org/stable/1257561 
67
 Para uma maior discussão sobre este tema vide, por exemplo, William Berg, “Hecate: Greek or “Anatolian?” ”. 
Numen, Vol. 21, Fasc. 2, UK, Brill, 1974, pp. 128-140. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/3269561 
68 Vide Meta E. Williams, op.cit., p.112 
69 Vide Luís Manuel de Araújo, “Heket”, Dicionário do Antigo Egipto. Direcção de […]. 1ªedição, Lisboa, Editorial 
Caminho, 2001, p.411 
http://www.jstor.org/stable/1257561
http://www.jstor.org/stable/3269561
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adopted as a benign deity fit to accompany Osiris”.
70
 Não sendo uma deusa ligada a feiticeiras ou à 
magia, é pouco ou nada conhecida fora do Egipto, tendo uma posição muito menor no panteão de 
deuses egípcios em comparação com Ísis.
71
 
Deus com nome semelhante à deusa em estudo, Heka merece também ser aqui mencionado 
pois ele “embodies the concept of magical power and energy”
72
. 
No Livro dos Mortos, é relatado que os falecidos teriam o poder de Heka para se protegerem e 
neutralizarem perigos que poderiam existir no submundo.
73 
Observamos claramente uma ligação à 
visão mais tardia de Hécate como senhora dos fantasmas e daemones. 
No entanto, apesar das características comuns entre estesdeuses, Hécate é maioritariamente 
associada ao deus Anúbis. Deus ligado aos mortos, Anúbis é representado por um cão negro 
selvagem (ou por um chacal), sendo que se pode desde já fazer a possível ligação aos cães de 
Hécate que anunciavam a chegada da deusa. Era este deus que realizava o embalsamento e protegia 
a múmia e o seu túmulo. Já na época greco-romana Anúbis tornou-se uma “divindade cósmica, 
reinando sobre a terra e o mar”, tal como Hécate que tem poderes sobre a terra, o mar e os céus 
como divindade celestial.
74
 
Por fim, nesta conotação com os deuses egípcios podemos ainda relacionar Hécate como a 
“cosmic soul” dos Oráculos Caldeus com a deusa Maet. Esta deusa representa o conceito que lhe dá 
o nome, sendo um símbolo da filosofia egípcia a nível sociológico, ideológico e cosmológico.
75
 
Hécate como “cosmic soul” tinha três grandes funções: “transmitter of the Ideas and thereby 
structurer of the physical world; dividing bond between the Intelligible and Sensible Worlds; source 
of individuals souls and enlivener of the physical world of man”
76
, tal como a Maet era a “ordem 
cósmica e social”
77
. 
 
70 Confira George Hart, “Heket”, The Routledge Dictionary of Egyptian Gods and Goddesses. 2nd edition, New 
York, Routledge, 2005, p.67. Disponível em http://obinfonet.ro/docs/relig/egipt/egyptgods.pdf 
71 Vide Meta E. Williams, op.cit., p.112 
72 Vide George Hart, op.cit., p.66 
73 Vide Idem, ibidem, pp.66-67 
74 Confira Malgorzata Kot Acúrcio, “Anúbis”, Dicionário do Antigo Egipto. Direcção de Luís Manuel de Araújo. 
1ªedição, Lisboa, Editorial Caminho, 2001, pp.80-81 
75 Atente-se no estudo de Luís Manuel de Araújo, “Maet”, Dicionário do Antigo Egipto. Direcção de […]. 1ªedição, 
Lisboa, Editorial Caminho, 2001, pp.524-536 
76 Vide Sarah Iles Johnston, Hekate Soteira […], p.49 
77 Retome-se o que diz Luís Manuel de Araújo, op.cit., pp.528-530 
http://obinfonet.ro/docs/relig/egipt/egyptgods.pdf
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Voltando à perspectiva grega, desde o século IV a.C. que Hécate Ctónica, isto é, do 
submundo, e Hermes Ctónico (psicopompo) estão representados em tabuletas de maldições, que 
teriam como função amarrar e neutralizar oponente do criador da tabuinha
78
. 
Vejamos como exemplo: “Hermes of the Underworld and Hekate of the Underworld. Let 
Pherenikos be bound before Hermes of the Underworld and Hekate of the Underworld. I bind 
Pherenikos’s (girl) Galênê to Hermes of the Underworld and to Hekate of the Underworld I bind 
(her). And just as this lead is worthless and cold, so let that man and his property be worthless and 
cold, and those who are with him who have spoken and counseled concerning me.”
79
 
Para apaziguar e conseguir o auxílio desta deusa tardiamente identificada com a magia, 
poções, ervas e não só, eram feitas variadas oferendas e utilizados vários symbola na realização de 
feitiços. 
Uma das oferendas mais comuns era as sobras de alimentos que eram deixados nas 
encruzilhadas em sua honra. Shelly Nixon coloca a possibilidade destas oferendas estarem ligadas a 
um antigo culto de fertilidade e a um ciclo de morte e renascimento
80
. 
Podemos fazer uma ligação entre este ciclo e o facto de Hécate poder conceder peixe em 
abundância ou poder fazer o gado definhar, ou seja, ela tinha uma vertente ctónica e rural
81
. 
Estas oferendas eram maioritariamente feitas durante as noites de lua cheia., sendo que além 
das sobras de alimentos, eram oferecidos bolos decorados com tochas miniaturas acesas, salmonete 
e cachorros, especialmente os pretos
82
. Já outros autores dizem que estas oferendas seriam feitas 
durante a lua nova, isto é, na passagem do mês antigo para o novo
83
. 
Era nestes momentos de passagem que a deusa se tornava presente, pois era nos “interstices 
between safely defined territories (home, sanctuary, city) and times (new and old month) that 
dangerous spirits were emboldened to attack the unwary”
84
. O seu poder derivava então do seu 
controlo sobre estes espíritos. 
 
 
78 Vide Jennifer Larson, ibidem, p.167 
79 A este propósito tenha-se em conta John G. Gager, Curse tablets and Binding Spells from the Ancient World, New 
York, Oxford University Press, 1992, pp.126-127 
80
 Atente em Shelly M. Nixon, op.cit., p.12 
81 Vide Leandro Mendonça Barbosa, op.cit., p.492 
82 Vide John Roberts, ed., op.cit., p.326 
83 Confira Sarah Iles Johnston, Hekate Soteira […], p.26 
84 Vide Jennifer Larson, op.cit., p.166 
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Concluindo, este trabalho tinha como objectivo mostrar um estudo inicial sobre a deusa grega 
Hécate, para ser mais aprofundado num projecto de maior envergadura. 
Com um papel importante na Teogonia de Hesíodo, percebemos que Hécate é inicialmente, 
uma deusa benéfica com características maternais, ligada a Perséfone e Deméter, com domínio 
sobre a terra, o mar e os céus, devido às honras que Zeus lhe concedeu, talvez devido ao seu auxílio 
durante a guerra contra os gigantes ou talvez ainda devido à sua presença no desenrolar do 
nascimento deste deus e à protecção que lhe concedeu. 
Protectora dos jovens e das mulheres enquanto deusa ligada ao nascimento e aos ritos de 
transição, foi sincretizada com Ártemis em algumas circunstâncias, e protegia as mulheres de 
fantasmas vingativos. 
Ao ser associada com as almas perdidas e sendo vista como guia destas, Hécate tornou-se 
também “mistress of the moon”, senhora da lua, ser intermediário que podia atravessar reinos. 
Acompanhada por uma matilha de cães, os uivos destes anunciavam a presença da deusa, 
principalmente em encruzilhadas. 
Representada como deusa tríplice, Hécate, devido às suas características lunares, foi 
frequentemente associada com Ártemis e Selene, e com estas deusas, a cada fase da lua, 
respectivamente a lua nova, a lua cheia e a lua crescente. 
A partir do período clássico foi identificada com feitiçaria, associação que se manteve até aos 
nossos dias, principalmente devido ao seu uso em várias peças, como por exemplo Medeia, de 
Eurípides ou o Idílio 2 de Teócrito. 
A sua ligação à feitiçaria deriva possivelmente da sua origem na Cária e do seu provável 
sincretismo com a deusa Enódia, também ela deusa ligada à magia, feitiços, poções, entre outros. 
Um dos seus maiores templos situava-se em Lagina, onde um ritual ligado a chaves se 
realizava, reintroduzindo a temática de Hécate como guardiã de entradas e passagens, como a 
senhora que poderia abrir as portas do Hades. 
Acompanhada por tochas, Hécate guiava as almas e, aquelas que não atravessassem, 
tornavam-se parte do seu séquito, almas que mais tarde seriam utilizadas para responder e agir no 
seu nome. Honrava-se esta deusa com oferendas como comida e sacrifícios de animais, 
principalmente cães pretos. 
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A sua ligação a cultos do feminino deriva das suas características como deusa virgem e 
mulher protectora de mulheres. 
Com uma possível correlação com os deuses egípcios, e não só, observámos que os panteões 
têm em comum figuras com características muito semelhantes, vertente esta que terá um maior 
desenvolvimento num futuro trabalho, onde será tratado com maior expressão as origens de Hécate 
e como esta se tornou uma deusa do panteão grego. 
Finalmente, este trabalho deixa em suspenso perguntas sobre Hécate, como donde será 
verdadeiramente esta deusa, terá sido idealizada a partir de outras deusas ou terá sido ela a transferir 
características, perguntas estas que espero poder vir a obter algumas respostas através do estudo de 
mais textos e passagens referentes a Hécate. 
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FONTES E BIBLIOGRAFIA: 
 I. FONTES: 
 1. Fontes Impressas: 
HESÍODO 
Teogonia trabalhos e dias, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2005 
PAGE, T.E, ed., 
Pausanias: description of Greece, translation by W.H.S. Jones, I volume,Cambridge, 
Massachusetts, Harvard University Press, 1959. Book II – Corinth, XXIX – XXX 
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Traduções portuguesas de Teócrito, Lisboa, Universitária Editora, 2000, pp.55-65 
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2. Bibliografia específica: 
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