Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital Autores: Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 6 de Abril de 2020 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 1 Sumário HABEAS CORPUS ............................................................................................................................ 3 1 Conceito e natureza ............................................................................................................... 3 2 Classificação ........................................................................................................................... 3 3 Sujeitos do HC ....................................................................................................................... 5 4 Cabimento e processamento ................................................................................................. 6 RELAÇÕES JURISDICIONAIS COM AUTORIDADES ESTRANGEIRAS .......................................... 13 1 Considerações gerais ........................................................................................................... 13 2 Cartas Rogatórias ................................................................................................................. 13 3 Homologação de sentença estrangeira ............................................................................... 16 DISPOSIÇÕES GERAIS DO CPP .................................................................................................... 19 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES ......................................................................................... 24 SÚMULAS PERTINENTES ............................................................................................................... 28 1 Súmulas do STF .................................................................................................................... 28 JURISPRUDÊNCIA CORRELATA .................................................................................................... 29 EXERCÍCIOS COMENTADOS ........................................................................................................ 30 EXERCÍCIOS PARA PRATICAR ....................................................................................................... 45 GABARITO ..................................................................................................................................... 49 Olá, meu povo! Hoje vamos estudar aquele que é o principal meio externo de impugnação às decisões judiciais: o habeas corpus. Trata-se de um meio “externo” porque não faz parte da mesma relação jurídico- processual, como veremos. Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 2 Além disso, estudaremos as relações jurisdicionais com autoridade estrangeira e as disposições gerais do Código de Processo Penal. Nossa aula já está atualizada de acordo com a Lei 13.964/19 (chamado “pacote anticrime”). Bons estudos! Prof. Renan Araujo Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 3 HABEAS CORPUS 1 Conceito e natureza Habeas Corpus significa, em bom português, “Tome o corpo”, que significa, em linhas gerais, que a pessoa presa é apresentada ao Juiz para que analise se mantém ou não a prisão. Trata-se de um sucedâneo recursal externo. O quê? Isso mesmo, trata-se de um instrumento “similar” a um recurso, mas que com ele não se confunde. O HC, assim como os recursos, é um meio de impugnação a uma decisão judicial, mas NÃO É UM RECURSO. O HC é uma AÇÃO AUTÔNOMA DE IMPUGNAÇÃO, cuja finalidade é preservar a liberdade de qualquer pessoa, quando ameaçada (HC preventivo) ou conceder a liberdade a uma pessoa que está presa (HC repressivo). O HC possui fundamento na própria Constituição da República, estando previsto no art. 5°, LXVIII. Vejamos: LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; O HC está previsto no CPP, no Título referente aos recursos, MAS NÃO POSSUI NATUREZA RECURSAL. No CPP está previsto em seu art. 647: Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar. 2 Classificação O HC, como dito anteriormente, pode ser: Repressivo (ou liberatório) – Quando visa a devolver a liberdade a alguma pessoa que se encontra presa. Nesse caso, será expedido alvará de soltura. Nos termos do art. 660, §1° do CPP: Art. 660. Efetuadas as diligências, e interrogado o paciente, o juiz decidirá, fundamentadamente, dentro de 24 (vinte e quatro) horas. Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 4 § 1º Se a decisão for favorável ao paciente, será logo posto em liberdade, salvo se por outro motivo dever ser mantido na prisão. Preventivo – Aqui o HC é utilizado quando a pessoa se encontra ameaçada em sua liberdade de locomoção, ou seja, ainda não houve a violação à liberdade de locomoção. É necessário que esse risco de vir a ser privada de sua liberdade seja CONCRETO, não bastando mera suspeita ou mero temor de que isso possa vir a acontecer um dia. Sendo procedente o pedido de HC preventivo, o Juiz expedirá SALVO-CONDUTO, impedindo-se que a pessoa venha a ser privada de sua liberdade, EM RAZÃO DOS FATOS OBJETOS DO HC. Nos termos do §4° do art. 660 do CPP: Art. 660 (...) § 4º Se a ordem de habeas corpus for concedida para evitar ameaça de violência ou coação ilegal, dar-se-á ao paciente salvo-conduto assinado pelo juiz. A Doutrina vem admitindo, ainda, uma terceira modalidade de HC, cuja finalidade é obter o encerramento forçado de inquérito policial ou de ação penal, em casos excepcionais, como atipicidade da conduta, já ter havido extinção da punibilidade, etc. É o chamado “HC TRANCATIVO”. Nesse caso, é legítima a impetração de HC para que seja trancado o inquérito policial ou a ação penal, já que a tramitação do IP ou da ação penal configura evidente constrangimento ilegal ao indivíduo. Importante ressaltar que o STF só admite o manejo de HC para impugnar decisões judiciais no bojo do processo relativo a crime punido com PRIVAÇÃO DA LIBERDADE. Se a pena cominada é apenas a multa, não há possibilidade de, no futuro, vir a acontecer a privação ilegal da liberdade do acusado, de forma que o remédio correto, nesse caso, seria um MANDADO DE SEGURANÇA.1 1 O mesmo se aplica no caso de já estar extinta a punibilidade. Já estando extinta a pena privativa de liberdade, não cabe HC, nos termos da súmula 695 do STF: Súmula 695 Não é cabível Habeas Corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade. Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 5 3 Sujeitos do HC O HC possui três sujeitos: Impetrante – É aquele que ajuíza o HC. Qualquer pessoa pode impetrar um HC em seu favor ou em favor de outra pessoa. Inclusive o MP pode impetrar o HC em favor de alguém. NÃO SE EXIGE CAPACIDADE POSTULATÓRIA (Não é necessária a presença de advogado). A PESSOA JURÍDICA PODE IMPETRAR HC. Os inimputáveis e doentes mentais TAMBÉM PODEM IMPETRAR HC (Trata-se da maior legitimidade ativa do nosso ordenamento jurídico). Nostermos do art. 654 do CPP: Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Público. Inclusive o ANALFABETO poderá IMPETRAR HC. É o que podemos extrair do art. 654, §1°, c do CPP: § 1º A petição de habeas corpus conterá: a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação e o de quem exercer a violência, coação ou ameaça; b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ameaça de coação, as razões em que funda o seu temor; c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou não puder escrever, e a designação das respectivas residências. CUIDADO! O Juiz não pode impetrar HC, mas pode concedê-lo sem que haja pedido (de ofício). São coisas parecidas, mas são diferentes. Nos termos do §2° do art. 654 do CPP: § 2º Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal. Além do impetrante, temos ainda duas outras figuras: Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 6 Paciente – É aquela pessoa em favor da qual se impetra o HC (Impetrante e paciente podem ser, portanto, a mesma pessoa). CUIDADO! A pessoa jurídica, por não possuir liberdade de locomoção, não pode ser paciente do HC, podendo, no entanto, impetrá-lo em favor de terceira pessoa. Coator – É a autoridade (ou o particular) que privou a liberdade de locomoção da pessoa ou que está ameaçando privar a liberdade da pessoa. Parte da Doutrina entende que somente a autoridade pública pode ser coator. Mas a maioria da Doutrina entende que o particular também pode ser coator, quando, por exemplo, impede a liberação de um interno de uma clínica hospitalar. 4 Cabimento e processamento Como disse a vocês, o HC é cabível para fazer cessar coação à liberdade da pessoa, ou para impedir que a ameaça de coação da liberdade se concretize. Mas em que situações se considera ilegal a privação da liberdade? O art. 648 do CPP dispõe: Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal: I - quando não houver justa causa; II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei; HABEAS CORPUS Impetrante Quem impetra o HC Qualquer pessoa pode impetrar (inclusive pessoa jurídica) Paciente Quem está sofrendo a ameaça ou coação em sua liberdade de locomoção Somente PESSOA FÍSICA. Pessoa jurídica não pode ser paciente em HC. Coator Aquele que pratica a ameaça ou coação à liberdade de locomoção do paciente Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 7 III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo; IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação; V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza; VI - quando o processo for manifestamente nulo; VII - quando extinta a punibilidade. Estando presentes quaisquer destas situações, a privação da liberdade, ou a ameaça dessa privação SERÁ ILEGAL. A competência para a apreciação do pedido de HC é, em regra, do Juiz de primeira instância, mas cessará a partir do momento em que a coação passar a ser praticada por autoridade hierarquicamente superior a ele. Nos termos do art. 650, §1° do CPP: § 1º A competência do juiz cessará sempre que a violência ou coação provier de autoridade judiciária de igual ou superior jurisdição. Existem casos nos quais a competência é originária de um Tribunal. Esses casos de competência originária estão previstos na própria Constituição. Vejamos as principais regras2 de competência dos Tribunais previstas na Constituição Federal: TRIBUNAL COMPETENTE HIPÓTESE CONSTITUCIONALMENTE PREVISTA EMBASAMENTO CONSTITUCIONAL STF Quando forem pacientes o Presidente da República, o Vice-Presidente, os Membros do Congresso Nacional, os Ministros do Estado, o Procurador-Geral da República, os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, os membros dos Tribunais Art. 102, I, “d” 2 A título de complementação, o STF possui entendimento no sentido de que “em matéria de competência para o habeas corpus, o sistema da Constituição Federal - com a única exceção daqueles em que o coator seja Ministro de Estado (CF, arts. 105, I, c, e 102, I, e) -, é o de conferi-la originariamente ao Tribunal a que caiba julgar os crimes da autoridade que a impetração situe como coator ou paciente (CF, arts. 102, I, d; 105, I, c)." (STF - RMS 27872). Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 8 Superiores, do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente. Quando forem coatores Tribunais Superiores. Art. 102, I, “i” Quando forem coatores ou pacientes autoridades ou funcionários cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal. Art. 102, I, “i” Quando se tratar de crime sujeito à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, em uma única instância. Art. 102, I, “i” STJ Quando forem coatores ou pacientes os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, os Desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas do s Municípios e os do Ministério Público da União que oficiarem perante os Tribunais. Art. 105, I, “c” Quando for coator tribunal sujeito à jurisdição do Superior Tribunal de Justiça, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral. Art. 105, I, “c” TRF Quando a autoridade coatora for Juiz Federal3. Art. 108, I, “d” Juízes Federais Quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição. Art. 109, I, VII Justiça do Trabalho Quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição. Art. 114, I, IV Impetrado o HC, cumpridas as poucas formalidades previstas no §1° do art. 654, o Juiz poderá determinar que o paciente seja colocado em sua presença (art. 656 do CPP), caso esteja preso. 3 Entende-se que o TRF é competente, também, para julgar os HCs impetrados quando a autoridade coatora for membro do MPU. Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 9 No caso de o Juiz determinar a apresentação do preso, aquele que está mantendo o paciente preso não poderá negar a apresentação deste ao Juiz, salvo em alguns casos específicos. Vejamos: Art. 657. Se o paciente estiver preso, nenhum motivo escusará a sua apresentação, salvo: I - grave enfermidade do paciente; Il - não estar ele sob a guarda da pessoa a quem se atribui a detenção; III - se o comparecimento não tiver sido determinado pelo juiz ou pelo tribunal. O Juiz, entretanto, no caso do inciso I (doença), poderá se dirigir até o local onde o paciente se encontra. Caso o Juiz verifique que a ameaça ou coação já cessou quando do recebimento do HC, declarará este prejudicado (art. 659 do CPP). EXEMPLO: José é preso preventivamente e impetra HC, questionando no Tribunal de Justiça a prisão. Quando oTJ se prepara para analisar o pedido de HC, verifica que o Juízo de primeira instância já havia revogado a prisão. Neste caso, o HC perdeu o objeto, pois já cessou a coação à liberdade de locomoção apontada. Após efetuadas todas as diligências e ouvido o paciente, o Juiz decidirá, em 24h, se concede ou não a ordem de HC (art. 660 do CPP). No que tange à decisão, é importante destacar que esta será tomada por maioria de votos. Caso haja empate, se o presidente não tiver votado ainda, proferirá voto de desempate, caso contrário, prevalecerá a decisão mais favorável ao paciente. EXEMPLO: José impetra HC perante o TJ local, alegando ilegalidade em sua prisão cautelar. No julgamento pelo plenário, há empate por 06 votos a 06, mas o presidente já votou. Neste caso, prevalece a solução mais favorável ao paciente dentre aquelas que empataram. Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 10 Caso se trate de HC repressivo, e sendo concedida a ordem, como disse antes, será expedido alvará de soltura4 (§1° do art. 660). Caso se trate de HC preventivo, será expedido SALVO- CONDUTO (§4° do art. 660 do CPP). Em qualquer dos dois casos (Já ter havido a prisão ou estar na iminência de ocorrer), sendo concedida a ordem de HC, será imediatamente enviada cópia à autoridade coatora, nos termos do §5° do art. 660 do CPP. CUIDADO! Embora não haja previsão expressa na lei nesse sentido, a Doutrina e a Jurisprudência entendem ser plenamente cabível a concessão de liminar em HC. É importante destacar que a concessão do habeas corpus não impedirá o curso normal do processo nem porá termo ao processo (não encerrará), desde que este não esteja em conflito com os fundamentos da decisão. Vejamos: Art. 651 A concessão do habeas corpus não obstará, nem porá termo ao processo, desde que este não esteja em conflito com os fundamentos daquela. Art. 652. Se o habeas corpus for concedido em virtude de nulidade do processo, este será renovado. Assim, se alguém impetra HC impugnando alguma decisão judicial proferida no bojo do processo, isso em nada atrapalha o andamento normal do processo, nem eventual decisão favorável no HC gera extinção do processo. Todavia, caso o HC tenha por objeto o reconhecimento da nulidade do processo, em sendo concedido o pedido (procedência do HC) o processo deverá ser renovado (refeito). Mas, é cabível recurso contra a decisão no habeas corpus? Sim. Em sendo proferida a decisão pelo Juízo singular (não por Tribunal ou órgão fracionário de Tribunal), cabe recurso em sentido estrito (art. 581, X do CPP). Importante destacar, ainda, que nos termos do art. 574, I, do CPP, quando se tratar de sentença concessiva de habeas corpus, caberá o chamado “recurso de ofício”, ou seja, a chamada “remessa necessária”, de forma que a decisão está sujeita a reexame pelo Tribunal ao qual está vinculado o Juiz. 4 Podemos ter um alvará de soltura “clausulado”, que é a hipótese em que o Juiz expede o alvará determinando a colocação do preso em liberdade, a menos que haja outro motivo pelo qual deva continuar preso. Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 11 No caso de decisão em habeas corpus proferida por Tribunal, caberá Recurso Ordinário Constitucional, para o STF ou para o STJ, a depender do caso. Vejamos os arts. 102 e 105 da CF/88: Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: (...) II - julgar, em recurso ordinário: a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; [...] Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: (...) II - julgar, em recurso ordinário: a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória; b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão; Como se vê, podemos resumir da seguinte forma: • ROC5 para o STF – Quando a decisão em habeas corpus for denegatória e proferida em ÚNICA instância pelos Tribunais Superiores (ex.: STM). • ROC para o STJ – Quando a decisão em habeas corpus for denegatória e proferida em ÚNICA (o HC se iniciou no Tribunal) ou ÚLTIMA (o HC não se iniciou no Tribunal) instância pelos TJs e TRFs. No caso de decisão concessiva de HC por Tribunal, a parte que se sentir prejudicada deverá manejar, se for o caso, o Recurso Especial (para o STJ) ou o Recurso Extraordinário (para o STF). 5 Recurso Ordinário Constitucional Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 12 Vamos ver algumas questões relevantes acerca do HC: A Doutrina e a Jurisprudência NÃO admitem mais a utilização do HC como substituto recursal, ou seja, sua utilização ao invés da utilização do recurso cabível6. A Jurisprudência não tem admitido a impetração de HC contra ato de indeferimento de liminar em HC, salvo em casos de flagrante ilegalidade ou teratologia da decisão que indefere a liminar.7 O Assistente de acusação não pode intervir no HC. O HC não comporta dilação probatória, ou seja, o impetrante deve provar, DE PLANO, a ilegalidade da coação. É incabível o HC para impugnar decisão que defere a intervenção do assistente de acusação na ação penal.8 A prisão administrativa (aquela que não foi determinada pelo Judiciário), à exceção do flagrante delito, foi abolida do nosso ordenamento jurídico. Caso seja praticada, poderá ser impetrado HC em face dessa ilegalidade. É possível a impetração de HC para evitar que o paciente seja algemado, ou para que cesse o ato, quando esta medida seja ilegal (não esteja dentre as exceções previstas na súmula vinculante n° 11 do STF). É incabível a utilização do HC para atacar ato de punição disciplinar militar (prisão do militar), salvo se a prisão foi determinada de maneira ilegal (por autoridade incompetente, etc.), mas não o mérito da medida. O STJ entende ser cabível a impetração de HC para discutir aplicação de prisão domiciliar, Não é cabível o manejo de HC para discutir a aplicação de pena acessória de perda de cargo público (pois não há violação ou ameaça à liberdade de locomoção). O HC é cabível tanto para reexame do regime inicial de cumprimento de pena quanto para reexame de dosimetria da pena (apenas se não for necessária uma análise aprofundada do 6 Ver, por todos: (HC 258.954/RJ, Rel. Ministra MARILZA MAYNARD (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/SE), SEXTA TURMA, julgado em 27/05/2014, DJe 10/11/2014) 7 “(...) 1. Nos termos do Enunciado n. 691 da Súmula do Supremo Tribunal Federal, não é cabível habeas corpus contra indeferimento de pedido de liminar em outro writ, salvo em casos de flagrante ilegalidade ou teratologia da decisão singular, sob pena de indevida supressão de instância. No caso, observa-se flagrante ilegalidade a permitir a superação do referido óbice sumular. (...) (HC 436.993/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 12/06/2018, DJe 20/06/2018) 8 Ver, por todos: (RHC 31.667/ES, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 28/05/2013, DJe 11/06/2013) Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 13 conjunto probatório e caso se trate de flagrante ilegalidade), pois em ambos os casos há interferência na liberdade de locomoção do indivíduo.9 O HC é cabível tanto para revogar a prisão preventiva quanto para revogação de fiança arbitrada, pois neste último caso também há interferência direta na liberdade de locomoção do agente. RELAÇÕES JURISDICIONAIS COM AUTORIDADES ESTRANGEIRAS 1 Considerações gerais Este tema pode ser dividido, basicamente, em dois grandes tópicos: Cartas Rogatórias e homologação de sentença estrangeira, que são as duas hipóteses de relações jurisdicionais com autoridades estrangeiras previstas no CPP. 2 Cartas Rogatórias Aqui temos que analisar duas situações distintas: a carta rogatória expedida pela autoridade brasileira à autoridade estrangeira e vice-versa. Quem expede a carta rogatória é chamado de Juízo Rogante e quem recebe a carta rogatória é chamado de Juízo Rogado. Quando a carta rogatória é remetida pela autoridade brasileira, ela deve ser remetida ao Ministro da Justiça, que pedirá seu cumprimento à autoridade estrangeira, pela via diplomática. Vejamos: Art. 783. As cartas rogatórias serão, pelo respectivo juiz, remetidas ao Ministro da Justiça, a fim de ser pedido o seu cumprimento, por via diplomática, às autoridades estrangeiras competentes. 9 “(...) II - Inicialmente, cumpre asseverar que a via do writ somente se mostra adequada para a análise da dosimetria da pena se não for necessária uma análise aprofundada do conjunto probatório e caso se trate de flagrante ilegalidade. Vale dizer, o entendimento deste Tribunal firmou-se no sentido de que a "dosimetria da pena insere-se dentro de um juízo de discricionariedade do julgador, atrelado às particularidades fáticas do caso concreto e subjetivas do agente, somente passível de revisão por esta Corte no caso de inobservância dos parâmetros legais ou de flagrante desproporcionalidade" (HC n. 400.119/RJ, Quinta Turma, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, DJe de 1º/8/2017). (...) (HC 441.178/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 19/06/2018, DJe 28/06/2018) Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 14 Segundo o art. 222-A do CPP, se a carta rogatória (tendo o Brasil como Juízo Rogante) tiver como finalidade a inquirição de testemunha, esta só será deferida se for imprescindível, devendo a parte que a requerer, arcar com os custos do envio. Vejamos: Art. 222-A. As cartas rogatórias só serão expedidas se demonstrada previamente a sua imprescindibilidade, arcando a parte requerente com os custos de envio. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009) Deve ser lembrado, ainda, que a expedição de carta rogatória não suspende o processo, de forma que a instrução criminal seguirá normalmente, podendo, inclusive, a testemunha a ser ouvida mediante rogatória, ser ouvida após as demais testemunhas, mesmo sendo testemunha da acusação (o que em regra é vedado, pois as testemunhas da defesa devem ser ouvidas após as da acusação). Vejamos: Art. 222-A. (...) Parágrafo único. Aplica-se às cartas rogatórias o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 222 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009) (...) Art. 222. A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo razoável, intimadas as partes. § 1o A expedição da precatória não suspenderá a instrução criminal. No entanto, a principal regulamentação do CPP se refere à concessão de exequatur às cartas rogatórias recebidas pelo Brasil. Segundo o art. 105, I, i da CRFB/88, a competência para a concessão de exequatur às cartas rogatórias, bem como a homologação de sentenças estrangeiras passou a ser competência do STJ, e não mais do STF: Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: (...) Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 15 i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias;(Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Vejam, assim, que as normas previstas no CPP, referentes à competência do STF para estas atividades, NÃO FORAM RECEPCIONADAS PELA CONSTITUIÇÃO DE 1988. Após a concessão do exequatur pelo STJ, a carta rogatória deverá ser cumprida pelo JUIZ FEDERAL com competência territorial sobre o local em que as diligências devam ser cumpridas. Isso mesmo, o art. 784, §1º, que fala em “Juiz Criminal”, também não foi recepcionado. Vejamos: Art. 784. (...) § 1o As rogatórias, acompanhadas de tradução em língua nacional, feita por tradutor oficial ou juramentado, serão, após exequatur do presidente do Supremo Tribunal Federal, cumpridas pelo juiz criminal do lugar onde as diligências tenham de efetuar-se, observadas as formalidades prescritas neste Código. Esse dispositivo não foi recepcionado, pois a Constituição determina que a competência para executar a carta rogatória (após a concessão do exequatur pelo STJ) é da Justiça Federal. Vejamos o art. 109, X da CRFB/88: Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: (...) X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; Uma vez cumprida a carta rogatória pelo Juiz Federal competente, ela será devolvida ao STJ, que a remeterá ao Ministério das Relações Exteriores para que a encaminhe à autoridade estrangeira. Apesar desta regulamentação acerca do cumprimento das rogatórias, estas não serão cumpridas, nem serão homologadas as sentenças estrangeiras, QUANDO CONTRÁRIAS À ORDEM PÚBLICA OU AOS BONS COSTUMES. Vejamos: Art. 781. As sentenças estrangeiras não serão homologadas, nem as cartas rogatórias cumpridas, se contrárias à ordem pública e aos bons costumes. Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 16 3 Homologação de sentença estrangeira Em regra, as sentenças proferidas pelo Judiciário de um Estado soberano só possuem eficácia dentro do território do referido Estado. No entanto, nada impede que um Estado requeira à outro que homologue determinada sentença e dê a ela cumprimento. A sentença estrangeira pode ser homologada para produção de efeitos no Brasil quando tenha por finalidade a sujeição do condenado à reparação do dano e outras restituições, aplicação de medidas de segurança e a outros efeitos civis. Vejamos o art. 9º do CP: Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas conseqüências, pode ser homologada no Brasil para: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - sujeitá-lo a medida de segurança.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) De qualquer forma, à semelhança do que ocorre com as cartas rogatórias, as sentenças estrangeiras somente serão homologadas caso não ofendam a ordem pública e os bons costumes. Vejamos: Art. 781. As sentenças estrangeiras não serão homologadas, nem as cartas rogatórias cumpridas, se contrárias à ordem pública e aos bons costumes. A homologação de sentença estrangeira, contudo, só poderá ocorrer se presentes alguns requisitos, previstosno art. 788 do CPP: Art. 788. A sentença penal estrangeira será homologada, quando a aplicação da lei brasileira produzir na espécie as mesmas conseqüências e concorrem os seguintes requisitos: I - estar revestida das formalidades externas necessárias, segundo a legislação do país de origem; II - haver sido proferida por juiz competente, mediante citação regular, segundo a mesma legislação; III - ter passado em julgado; IV - estar devidamente autenticada por cônsul brasileiro; Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 17 V - estar acompanhada de tradução, feita por tradutor público. Interessante notar que somente será homologada a sentença que JÁ TENHA TRANSITADO EM JULGADO. O STJ já decidiu que a sentença estrangeira contra pessoa residente no Brasil só será homologada se a citação fora realizada regularmente mediante CARTA ROGATÓRIA. Vejamos: SENTENÇA ESTRANGEIRA. HOMOLOGAÇÃO. DIVÓRCIO. CITAÇÃO INVÁLIDA. 1. Para homologação de sentença estrangeira de divórcio proferida em processo que tramitou contra pessoa residente no Brasil, indispensável que a citação tenha sido regular, assim considerada a que fora efetivada mediante carta rogatória. 2. Homologação indeferida. (SEC 4.611/FR, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, CORTE ESPECIAL) A legitimidade para requerer a homologação de sentença estrangeira varia de acordo com a finalidade: • Finalidade de reparação do dano – Legitimidade da vítima ou seu representante legal; • Finalidade de aplicação de medida de segurança – Legitimidade do Procurador-Geral da República, caso o Estado que proferiu a sentença tenha firmado tratado de extradição com o Brasil. Caso não tenha firmado este tratado, será necessária requisição do Ministro da Justiça. Vejamos o que dispõem os arts. 789 do CPP e 9º, § único do CP: Art. 789. O procurador-geral da República, sempre que tiver conhecimento da existência de sentença penal estrangeira, emanada de Estado que tenha com o Brasil tratado de extradição e que haja imposto medida de segurança pessoal ou pena acessória que deva ser cumprida no Brasil, pedirá ao Ministro da Justiça providências para obtenção de elementos que o habilitem a requerer a homologação da sentença. § 1o A homologação de sentença emanada de autoridade judiciária de Estado, que não tiver tratado de extradição com o Brasil, dependerá de requisição do Ministro da Justiça. __________ Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 18 Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas conseqüências, pode ser homologada no Brasil para: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (...) Parágrafo único - A homologação depende: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Embora a parte final do art. 789 fale em “pena acessória”, esta parte perdeu sentido, pois essa espécie de pena não existe mais no Brasil. Recebido o pedido de homologação no STJ (de acordo com o art. 105, I, i da CRFB/88), será distribuído a um relator, que mandará citar a parte interessada (aquela contra quem se pretende aplicar os efeitos da sentença a ser homologada) para que apresente CONTESTAÇÃO NO PRAZO DE 15 DIAS. Isso mesmo, essa previsão está na Resolução nº 09/2005 do STJ, tendo perdido a eficácia o art. 789, §2º do CPP, que trata do prazo para defesa. Após esse prazo, havendo contestação, o pedido de homologação será julgado pela CORTE ESPECIAL DO STJ. Caso não haja contestação, será julgado pelo PRESIDENTE DO STJ. Sendo homologada a sentença, será expedida carta de sentença ao TRF da região correspondente, que a remeterá ao Juiz Federal competente para proceder à execução da sentença, nos termos do art. 789, §§ 6º e 7º do CPP: Art. 789. (...) (...) § 6o Homologada a sentença, a respectiva carta será remetida ao presidente do Tribunal de Apelação do Distrito Federal, do Estado, ou do Território. § 7o Recebida a carta de sentença, o presidente do Tribunal de Apelação a remeterá ao juiz do lugar de residência do condenado, para a aplicação da medida de segurança ou da pena acessória, observadas as disposições do Título II, Capítulo III, e Título V do Livro IV deste Código. Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS ==169de0== 19 CUIDADO! Embora o artigo fale em “Tribunal de Apelação”, este termo é antigo (da redação original do CPP). Atualmente vocês devem entender que, neste contexto, significa TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL. DISPOSIÇÕES GERAIS DO CPP Este Livro do CPP é um livro que contém diversos artigos que, na verdade, não constituem um regramento autônomo, próprio, mas que se aplicam a diversos tópicos do CPP, em geral. EXEMPLO: Os arts. 798 a 801 tratam do regramento dos prazos, o que já foi abordado na aula sobre prazos processuais. De toda sorte, estes artigos sempre são abordados no decorrer do curso, nunca sendo abordados isoladamente, conforme sua posição topográfica no CPP. Não há propriamente uma Doutrina, teses, correntes, etc., a respeito dos dispositivos deste livro, que são bastante simples. Vejamos o art. 793 do CPP: Art. 793. Nas audiências e nas sessões, os advogados, as partes, os escrivães e os espectadores poderão estar sentados. Todos, porém, se levantarão quando se dirigirem aos juízes ou quando estes se levantarem para qualquer ato do processo. Não há posição doutrinária, jurisprudencial, nem nada sobre isso. É algo completamente desnecessário de estar no CPP (deveria estar em Portarias, Resoluções dos Tribunais, etc.). Desta forma, e considerando a pouca probabilidade de cair alguma coisa destas na prova, recomendo apenas a leitura en passant destes artigos, de forma a não perder tempo de estudo com isso. CUIDADO: A única parte importante deste “seleto” grupo de artigos é a parte referente aos atos e prazos processuais, cujas linhas estão definidas na nossa aula sobre ATOS E PRAZOS PROCESSUAIS. Assim, com relação estes pontos, que são importantes, remeto a vocês à nossa aula sobre ATOS E PRAZOS PROCESSUAIS, na qual abordamos esse assunto. Seguem os artigos: Art. 791. Em todos os juízos e tribunais do crime, além das audiências e sessões ordinárias, haverá as extraordinárias, de acordo com as necessidades do rápido andamento dos feitos. Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 20 Art. 792. As audiências, sessões e os atos processuais serão, em regra, públicos e se realizarão nas sedes dos juízos e tribunais, com assistência dos escrivães, do secretário, do oficial de justiça que servir de porteiro, em dia e hora certos, ou previamente designados. § 1o Se da publicidade da audiência, da sessão ou do ato processual, puder resultar escândalo, inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem, o juiz, ou o tribunal, câmara, ou turma, poderá, de ofício ou a requerimento da parte ou do Ministério Público, determinar que o ato seja realizado a portas fechadas, limitando o número de pessoas que possam estar presentes. §2o As audiências, as sessões e os atos processuais, em caso de necessidade, poderão realizar-se na residência do juiz, ou em outra casa por ele especialmente designada. Art. 793. Nas audiências e nas sessões, os advogados, as partes, os escrivães e os espectadores poderão estar sentados. Todos, porém, se levantarão quando se dirigirem aos juízes ou quando estes se levantarem para qualquer ato do processo. Parágrafo único. Nos atos da instrução criminal, perante os juízes singulares, os advogados poderão requerer sentados. Art. 794. A polícia das audiências e das sessões compete aos respectivos juízes ou ao presidente do tribunal, câmara, ou turma, que poderão determinar o que for conveniente à manutenção da ordem. Para tal fim, requisitarão força pública, que ficará exclusivamente à sua disposição. Art. 795. Os espectadores das audiências ou das sessões não poderão manifestar- se. Parágrafo único. O juiz ou o presidente fará retirar da sala os desobedientes, que, em caso de resistência, serão presos e autuados. Art. 796. Os atos de instrução ou julgamento prosseguirão com a assistência do defensor, se o réu se portar inconvenientemente. Art. 797. Excetuadas as sessões de julgamento, que não serão marcadas para domingo ou dia feriado, os demais atos do processo poderão ser praticados em período de férias, em domingos e dias feriados. Todavia, os julgamentos iniciados em dia útil não se interromperão pela superveniência de feriado ou domingo. Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado. Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 21 § 1o Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento. § 2o A terminação dos prazos será certificada nos autos pelo escrivão; será, porém, considerado findo o prazo, ainda que omitida aquela formalidade, se feita a prova do dia em que começou a correr. § 3o O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á prorrogado até o dia útil imediato. § 4o Não correrão os prazos, se houver impedimento do juiz, força maior, ou obstáculo judicial oposto pela parte contrária. § 5o Salvo os casos expressos, os prazos correrão: a) da intimação; b) da audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se a ela estiver presente a parte; c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da sentença ou despacho. Art. 799. O escrivão, sob pena de multa de cinqüenta a quinhentos mil-réis e, na reincidência, suspensão até 30 (trinta) dias, executará dentro do prazo de dois dias os atos determinados em lei ou ordenados pelo juiz. Art. 800. Os juízes singulares darão seus despachos e decisões dentro dos prazos seguintes, quando outros não estiverem estabelecidos: I - de dez dias, se a decisão for definitiva, ou interlocutória mista; II - de cinco dias, se for interlocutória simples; III - de um dia, se se tratar de despacho de expediente. § 1o Os prazos para o juiz contar-se-ão do termo de conclusão. § 2o Os prazos do Ministério Público contar-se-ão do termo de vista, salvo para a interposição do recurso (art. 798, § 5o). § 3o Em qualquer instância, declarando motivo justo, poderá o juiz exceder por igual tempo os prazos a ele fixados neste Código. Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 22 § 4o O escrivão que não enviar os autos ao juiz ou ao órgão do Ministério Público no dia em que assinar termo de conclusão ou de vista estará sujeito à sanção estabelecida no art. 799. Art. 801. Findos os respectivos prazos, os juízes e os órgãos do Ministério Público, responsáveis pelo retardamento, perderão tantos dias de vencimentos quantos forem os excedidos. Na contagem do tempo de serviço, para o efeito de promoção e aposentadoria, a perda será do dobro dos dias excedidos. Art. 802. O desconto referido no artigo antecedente far-se-á à vista da certidão do escrivão do processo ou do secretário do tribunal, que deverão, de ofício, ou a requerimento de qualquer interessado, remetê-la às repartições encarregadas do pagamento e da contagem do tempo de serviço, sob pena de incorrerem, de pleno direito, na multa de quinhentos mil-réis, imposta por autoridade fiscal. Art. 803. Salvo nos casos expressos em lei, é proibida a retirada de autos do cartório, ainda que em confiança, sob pena de responsabilidade do escrivão. Art. 804. A sentença ou o acórdão, que julgar a ação, qualquer incidente ou recurso, condenará nas custas o vencido. Art. 805. As custas serão contadas e cobradas de acordo com os regulamentos expedidos pela União e pelos Estados. Art. 806. Salvo o caso do art. 32, nas ações intentadas mediante queixa, nenhum ato ou diligência se realizará, sem que seja depositada em cartório a importância das custas. § 1o Igualmente, nenhum ato requerido no interesse da defesa será realizado, sem o prévio pagamento das custas, salvo se o acusado for pobre. § 2o A falta do pagamento das custas, nos prazos fixados em lei, ou marcados pelo juiz, importará renúncia à diligência requerida ou deserção do recurso interposto. § 3o A falta de qualquer prova ou diligência que deixe de realizar-se em virtude do não-pagamento de custas não implicará a nulidade do processo, se a prova de pobreza do acusado só posteriormente foi feita. Art. 807. O disposto no artigo anterior não obstará à faculdade atribuída ao juiz de determinar de ofício inquirição de testemunhas ou outras diligências. Art. 808. Na falta ou impedimento do escrivão e seu substituto, servirá pessoa idônea, nomeada pela autoridade, perante quem prestará compromisso, lavrando o respectivo termo. Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 23 Art. 809. A estatística judiciária criminal, a cargo do Instituto de Identificação e Estatística ou repartições congêneres, terá por base o boletim individual, que é parte integrante dos processos e versará sobre: I - os crimes e as contravenções praticados durante o trimestre, com especificação da natureza de cada um, meios utilizados e circunstâncias de tempo e lugar; II - as armas proibidas que tenham sido apreendidas; III - o número de delinqüentes, mencionadas as infrações que praticaram, sua nacionalidade, sexo, idade, filiação, estado civil, prole, residência, meios de vida e condições econômicas, grau de instrução, religião, e condições de saúde física e psíquica; IV - o número dos casos de co-delinqüência; V - a reincidência e os antecedentes judiciários; VI - as sentenças condenatórias ou absolutórias, bem como as de pronúncia ou de impronúncia; VII - a natureza das penas impostas; VIII - a natureza das medidas de segurança aplicadas; IX - a suspensão condicional da execução da pena, quando concedida; X - as concessões ou denegações de habeas corpus. § 1o Os dados acima enumerados constituem o mínimo exigível, podendo ser acrescidos de outros elementos úteis ao serviço da estatística criminal. § 2o Esses dados serão lançados semestralmente em mapa e remetidos ao Serviço de Estatística Demográfica Moral e Política do Ministério da Justiça. (Redação dada pela Lei nº 9.061, de 14.6.1995) § 3o O boletim individual a que se refere este artigo é dividido em três partes destacáveis, conforme modelo anexo a este Código, e será adotado nos Estados, no Distrito Federal e nos Territórios. A primeira parte ficará arquivada no cartório policial; a segunda será remetida ao Instituto de Identificaçãoe Estatística, ou repartição congênere; e a terceira acompanhará o processo, e, depois de passar em julgado a sentença definitiva, lançados os dados finais, será enviada ao referido Instituto ou repartição congênere. Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 24 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES CÓDIGO DE PROCESSO PENAL Arts. 647 a 667 do CPP – Regulamentam o Habeas Corpus no CPP: CAPÍTULO X DO HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar. Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal: I - quando não houver justa causa; II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei; III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo; IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação; V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza; VI - quando o processo for manifestamente nulo; VII - quando extinta a punibilidade. Art. 649. O juiz ou o tribunal, dentro dos limites da sua jurisdição, fará passar imediatamente a ordem impetrada, nos casos em que tenha cabimento, seja qual for a autoridade coatora. Art. 650. Competirá conhecer, originariamente, do pedido de habeas corpus: I - ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previstos no Art. 101, I, g, da Constituição; II - aos Tribunais de Apelação, sempre que os atos de violência ou coação forem atribuídos aos governadores ou interventores dos Estados ou Territórios e ao prefeito do Distrito Federal, ou a seus secretários, ou aos chefes de Polícia. Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 25 § 1º A competência do juiz cessará sempre que a violência ou coação provier de autoridade judiciária de igual ou superior jurisdição. § 2º Não cabe o habeas corpus contra a prisão administrativa, atual ou iminente, dos responsáveis por dinheiro ou valor pertencente à Fazenda Pública, alcançados ou omissos em fazer o seu recolhimento nos prazos legais, salvo se o pedido for acompanhado de prova de quitação ou de depósito do alcance verificado, ou se a prisão exceder o prazo legal. Art. 651. A concessão do habeas corpus não obstará, nem porá termo ao processo, desde que este não esteja em conflito com os fundamentos daquela. Art. 652. Se o habeas corpus for concedido em virtude de nulidade do processo, este será renovado. Art. 653. Ordenada a soltura do paciente em virtude de habeas corpus, será condenada nas custas a autoridade que, por má-fé ou evidente abuso de poder, tiver determinado a coação. Parágrafo único. Neste caso, será remetida ao Ministério Público cópia das peças necessárias para ser promovida a responsabilidade da autoridade. Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Público. § 1º A petição de habeas corpus conterá: a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação e o de quem exercer a violência, coação ou ameaça; b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ameaça de coação, as razões em que funda o seu temor; c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou não puder escrever, e a designação das respectivas residências. § 2º Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal. Art. 655. O carcereiro ou o diretor da prisão, o escrivão, o oficial de justiça ou a autoridade judiciária ou policial que embaraçar ou procrastinar a expedição de ordem de habeas corpus, as informações sobre a causa da prisão, a condução e apresentação do paciente, ou a sua soltura, será multado na quantia de duzentos Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 26 mil-réis a um conto de réis, sem prejuízo das penas em que incorrer. As multas serão impostas pelo juiz do tribunal que julgar o habeas corpus, salvo quando se tratar de autoridade judiciária, caso em que caberá ao Supremo Tribunal Federal ou ao Tribunal de Apelação impor as multas. Art. 656. Recebida a petição de habeas corpus, o juiz, se julgar necessário, e estiver preso o paciente, mandará que este Ihe seja imediatamente apresentado em dia e hora que designar. Parágrafo único. Em caso de desobediência, será expedido mandado de prisão contra o detentor, que será processado na forma da lei, e o juiz providenciará para que o paciente seja tirado da prisão e apresentado em juízo. Art. 657. Se o paciente estiver preso, nenhum motivo escusará a sua apresentação, salvo: I - grave enfermidade do paciente; Il - não estar ele sob a guarda da pessoa a quem se atribui a detenção; III - se o comparecimento não tiver sido determinado pelo juiz ou pelo tribunal. Parágrafo único. O juiz poderá ir ao local em que o paciente se encontrar, se este não puder ser apresentado por motivo de doença. Art. 658. O detentor declarará à ordem de quem o paciente estiver preso. Art. 659. Se o juiz ou o tribunal verificar que já cessou a violência ou coação ilegal, julgará prejudicado o pedido. Art. 660. Efetuadas as diligências, e interrogado o paciente, o juiz decidirá, fundamentadamente, dentro de 24 (vinte e quatro) horas. § 1º Se a decisão for favorável ao paciente, será logo posto em liberdade, salvo se por outro motivo dever ser mantido na prisão. § 2º Se os documentos que instruírem a petição evidenciarem a ilegalidade da coação, o juiz ou o tribunal ordenará que cesse imediatamente o constrangimento. § 3º Se a ilegalidade decorrer do fato de não ter sido o paciente admitido a prestar fiança, o juiz arbitrará o valor desta, que poderá ser prestada perante ele, remetendo, neste caso, à autoridade os respectivos autos, para serem anexados aos do inquérito policial ou aos do processo judicial. Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 27 § 4º Se a ordem de habeas corpus for concedida para evitar ameaça de violência ou coação ilegal, dar-se-á ao paciente salvo-conduto assinado pelo juiz. § 5º Será incontinenti enviada cópia da decisão à autoridade que tiver ordenado a prisão ou tiver o paciente à sua disposição, a fim de juntar-se aos autos do processo. § 6º Quando o paciente estiver preso em lugar que não seja o da sede do juízo ou do tribunal que conceder a ordem, o alvará de soltura será expedido pelo telégrafo, se houver, observadas as formalidades estabelecidas no art. 289, parágrafo único, in fine, ou por via postal. Art. 661. Em caso de competência originária do Tribunal de Apelação, a petição de habeas corpus será apresentada ao secretário, que a enviará imediatamente ao presidente do tribunal, ou da câmara criminal, ou da turma, que estiver reunida, ou primeiro tiver de reunir-se. Art. 662. Se a petição contiver os requisitos do art. 654, § 1º, o presidente, se necessário, requisitará da autoridade indicada como coatora informações por escrito. Faltando, porém, qualquer daqueles requisitos, o presidente mandará preenchê-lo, logo que Ihe for apresentada a petição. Art. 663. As diligências do artigo anterior não serão ordenadas, se o presidente entenderque o habeas corpus deva ser indeferido in limine. Nesse caso, levará a petição ao tribunal, câmara ou turma, para que delibere a respeito. Art. 664. Recebidas as informações, ou dispensadas, o habeas corpus será julgado na primeira sessão, podendo, entretanto, adiar-se o julgamento para a sessão seguinte. Parágrafo único. A decisão será tomada por maioria de votos. Havendo empate, se o presidente não tiver tomado parte na votação, proferirá voto de desempate; no caso contrário, prevalecerá a decisão mais favorável ao paciente. Art. 665. O secretário do tribunal lavrará a ordem que, assinada pelo presidente do tribunal, câmara ou turma, será dirigida, por ofício ou telegrama, ao detentor, ao carcereiro ou autoridade que exercer ou ameaçar exercer o constrangimento. Parágrafo único. A ordem transmitida por telegrama obedecerá ao disposto no art. 289, parágrafo único, in fine. Art. 666. Os regimentos dos Tribunais de Apelação estabelecerão as normas complementares para o processo e julgamento do pedido de habeas corpus de sua competência originária. Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 28 Art. 667. No processo e julgamento do habeas corpus de competência originária do Supremo Tribunal Federal, bem como nos de recurso das decisões de última ou única instância, denegatórias de habeas corpus, observar-se-á, no que Ihes for aplicável, o disposto nos artigos anteriores, devendo o regimento interno do tribunal estabelecer as regras complementares. SÚMULAS PERTINENTES 1 Súmulas do STF Súmula 695 do STF – O STF sumulou entendimento no sentido de que, já estando extinta a pena privativa de liberdade, não cabe HC, nos termos da súmula 695 do STF: Súmula 695 Não é cabível Habeas Corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade. Súmula 693 do STF – O STF sumulou entendimento no sentido de que não cabe HC para impugnar decisão condenatória à pena de multa ou referente à processo no qual não há possibilidade de aplicação da pena privativa de liberdade: Súmula 693 do STF "Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória à pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada." Súmula 691 do STF – O STF sumulou entendimento no sentido de que não cabe HC para impugnar decisão do relator que, anteriormente, em sede de HC, indeferiu o pedido de medida liminar: Súmula 691 do STF Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão do relator que, em habeas corpus requerido a Tribunal Superior, indefere a liminar. Todavia, o próprio STF vem relativizando o teor da súmula, admitindo, excepcionalmente, o manejo do HC nestes casos, quando a decisão impugnada for teratológica, flagrantemente ilegal, abusiva ou manifestamente contrária ao entendimento jurisprudencial do STF. Nestes casos, para Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 29 evitar a manutenção da situação de constrangimento ilegal, poderia o STF conceder de ofício a ordem de HC. Súmula 690 do STF – SÚMULA SUPERADA. O STF havia sumulado entendimento no sentido de que competia a ele, STF, o julgamento de habeas corpus contra decisão de turma recursal de juizados especiais criminais. Contudo, a Doutrina entende que esta súmula perdeu sua razão de existir, pois o entendimento Jurisprudencial do STF se modificou, cabendo ao Tribunal de Justiça, ou TRF, o julgamento do HC em nesses casos: Súmula 690 do STF “Compete originariamente ao Supremo Tribunal Federal o julgamento de habeas corpus contra decisão de turma recursal de juizados especiais criminais” Súmula 606 do STF – O STF sumulou entendimento no sentido de que não é cabível o manejo de HC originário para o Tribunal Pleno de decisão de Turma, ou do Plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso: Súmula 606 do STF Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de Turma, ou do Plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso. JURISPRUDÊNCIA CORRELATA STJ - AgRg no HC 545.110/MG – O STJ, seguindo o entendimento do STF, passou a entender que não cabe utilização do HC como substitutivo recursal, sob pena de violação ao sistema recursal pátrio: (...) A Terceira Seção desta Corte, seguindo entendimento firmado pela Primeira Turma do col. Pretório Excelso, firmou orientação no sentido de não admitir a impetração de habeas corpus em substituição ao recurso adequado, situação que implica o não-conhecimento da impetração, ressalvados casos excepcionais em que, configurada flagrante ilegalidade apta a gerar constrangimento ilegal, seja possível a concessão da ordem de ofício. (...) (AgRg no HC 545.110/MG, Rel. Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE), QUINTA TURMA, julgado em 17/12/2019, DJe 19/12/2019) Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 30 STJ - RHC 58.622/SC – O STJ firmou entendimento no sentido de que só é possível falar em nulidade pela ausência de intimação da defesa para o julgamento do HC quando houve requerimento de intimação para a sustentação oral: 1. "O Superior Tribunal de Justiça tem jurisprudência pacífica no sentido de que, para a configuração da nulidade de ausência de intimação da defesa para o julgamento de habeas corpus, cujo reconhecimento a impetração ora sustenta, é necessário que a defesa, de fato, requeira a sua intimação para a sustentação oral" (HC 289.477/GO, Rel. Ministro Rogério Schietti Cruz, DJe de 06/06/2014). 2. A ausência de manifestação da Corte de origem quanto à alegada participação do assistente de acusação impede a sua apreciação diretamente por esta Corte, sob pena de indevida supressão de instância. (...) 4. Recurso ordinário parcialmente conhecido e, nesta parte, desprovido. (RHC 58.622/SC, Rel. Ministro LÁZARO GUIMARÃES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF 5ª REGIÃO), QUINTA TURMA, julgado em 10/03/2016, DJe 16/03/2016) STJ - RHC 31.062/DF – O STJ firmou entendimento no sentido de que, embora cabível, o trancamento de inquérito policial (que pode ser requerido mediante HC) é medida excepcional, só sendo admitido quando restar comprovada, de plano (sem necessidade de dilação probatória), a ausência de justa causa, a atipicidade do fato ou a extinção da punibilidade: Nos termos do entendimento consolidado desta Corte, o trancamento da ação penal ou inquérito policial/procedimento investigativo por meio do habeas corpus é medida excepcional. Por isso, só é cabível quando houver inequívoca comprovação da atipicidade da conduta, da incidência de causa de extinção da punibilidade ou da ausência de indícios de autoria ou de prova sobre a materialidade do delito. (...) (AgRg no RHC 118.075/SC, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 17/12/2019, DJe 19/12/2019) EXERCÍCIOS COMENTADOS 01. (CESPE – 2017 – DPE-AC – DEFENSOR PÚBLICO) É cabível habeas corpus a) contra decisão que condene, unicamente, a pena pecuniária. b) contra decisão que tenha indeferido liminar em outro habeas corpus. Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 31 c) caso se busque o reconhecimento da decadência. d) quando já extinta a pena privativa de liberdade. e) contra decisão ofensiva à legislação federal nos fundamentos dacondenação criminal com pena privativa de liberdade. COMENTÁRIOS a) ERRADA: Item errado, pois neste caso não há qualquer ameaça, nem mesmo potencial, à liberdade de locomoção. Este é o entendimento sumulado do STF (súmula 693 do STF). b) ERRADA: Item errado, pois os Tribunais Superiores entendem que não cabe habeas corpus para impugnar decisão que indefere pedido liminar, salvo em casos de flagrante ilegalidade ou teratologia da decisão impugnada, sob pena de indevida supressão de instância. A questão está incompleta, mas ainda assim está errada. c) CORRETA: Item correto, pois se já houve a decadência, já se extinguiu a punibilidade, de maneira que é perfeitamente cabível o manejo do HC, seja para trancar o IP ou para trancar a ação penal, na forma do art. 648, VII do CPP, pois neste caso haverá constrangimento ilegal ao acusado ou indiciado, materializado pela ameaça potencial à sua liberdade de locomoção. d) ERRADA: Item errado, pois se já está extinta a pena privativa de liberdade, não há mais qualquer risco à liberdade de locomoção do indivíduo (súmula 695 do STF). e) ERRADA: Item errado, pois neste caso seria cabível o manejo do RECURSO ESPECIAL, e os Tribunais Superiores vêm entendendo que não é cabível o manejo do HC como substituto recursal, quando há recurso cabível para a hipótese. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C. 02. (CESPE – 2016 – PC-PE – AGENTE DE POLÍCIA – ADAPTADA) Qualquer pessoa tem legitimidade para impetrar habeas corpus, mas só o advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil tem capacidade postulatória para fazê-lo perante os tribunais superiores. COMENTÁRIOS Item errado, pois qualquer pessoa tem legitimidade para impetrar habeas corpus, ainda que perante os tribunais superiores, não sendo necessário estar patrocinado por advogado devidamente inscrito nos quadros da OAB, nos termos do art. 654 do CPP. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 32 03. (CESPE – 2016 – PC-PE – AGENTE DE POLÍCIA – ADAPTADA) No caso de suspeito preso em flagrante delito, o Ministério Público, como titular da ação penal, está impedido de impetrar habeas corpus, pois é sua a obrigação de iniciar o processo persecutório. COMENTÁRIOS Item errado, pois o MP também pode impetrar habeas corpus, nos termos do art. 654 do CPP: Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Público. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 04. (CESPE – 2016 – TRE-PI – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIO – ADAPTADA) Na qualidade de titulares de seus cargos, o delegado de polícia, o promotor de justiça e o juiz de direito podem impetrar habeas corpus em favor de terceiros. COMENTÁRIOS Item errado, pois apesar de qualquer pessoa poder impetrar HC, na forma do art. 654 do CPP, o delegado de polícia e o Juiz não poderão fazê-lo NA QUALIDADE DE TITULARES DE SEUS CARGOS. Ou seja, eles podem impetrar HC como particulares, como qualquer pessoa pode fazer, mas não podem impetrar HC no exercício de suas funções. O Juiz até pode conceder “de ofício”, a ordem de HC, mas isso não se confunde com “impetrar o HC”. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 05. (CESPE – 2016 – TRE-PI – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIO – ADAPTADA) Conforme a lei e a jurisprudência, não se admite liminar em habeas corpus, ainda que presentes o fumus boni iuris e o periculum in mora. COMENTÁRIOS Item errado, pois embora não haja previsão legal, a jurisprudência admite, pacificamente, a concessão de liminar em habeas corpus. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 06. (CESPE – 2016 – TRE-PI – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIO – ADAPTADA) Qualquer pessoa, quer se trate de brasileiro, quer de estrangeiro não residente no país, pode impetrar habeas corpus, devendo o writ ser redigido em português. COMENTÁRIOS Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 33 Item correto, pois o HC é um remédio constitucional cuja legitimidade para impetração é universal, concedida a qualquer pessoa. A utilização do idioma nacional é imposição que se faz a toda e qualquer manifestação processual, inclusive às peças iniciais, como é o habeas corpus. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA. 07. (CESPE – 2015 – DPE-PE – DEFENSOR PÚBLICO) Com relação a habeas corpus e nulidades, julgue o item a seguir. Os tribunais superiores não mais têm admitido o manejo do habeas corpus originário como meio de impugnação substitutivo da interposição de recurso ordinário constitucional. COMENTÁRIOS Item correto, pois o STF e o STJ passaram a não mais admitir o manejo do HC como substituto ao recurso ordinário constitucional (Ver, por todos, HC 258.954/RJ – STJ). Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA. 08. (CESPE – 2014 – TJ-SE – TITULAR NOTARIAL – ADAPTADA) É possível a utilização de habeas corpus para questionar a condenação do acusado ao pagamento de multa, mesmo que não tenha sido imposta pena privativa de liberdade. COMENTÁRIOS Item errado, pois não cabe utilização do HC para questionar pena exclusivamente de multa, pois não há violação ou ameaça de violação à liberdade de locomoção. Entendimento já sumulado pelo STF: SÚMULA 693: "Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada." Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 09. (CESPE – 2014 – TJ-SE – TITULAR NOTARIAL – ADAPTADA) Em caso de empate na votação acerca da concessão da ordem de habeas corpus pelo órgão julgador, após a colheita de todos os votos dos seus integrantes presentes, prevalecerá o ato impugnado, mesmo que desfavorável ao paciente. COMENTÁRIOS Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 34 Item errado, pois em caso de empate na votação acerca da concessão da ordem de habeas corpus, após o voto de todos os membros, se o presidente não tiver votado, proferirá voto de desempate. Caso já tenha votado, prevalecerá a decisão mais favorável ao paciente, nos termos do art. 664, § único do CPP: Art. 664. (...) Parágrafo único. A decisão será tomada por maioria de votos. Havendo empate, se o presidente não tiver tomado parte na votação, proferirá voto de desempate; no caso contrário, prevalecerá a decisão mais favorável ao paciente. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 10. (CESPE - 2010 - DETRAN-ES - ADVOGADO) Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade. COMENTÁRIOS O HC não é o remédio adequado para casos em que não há possibilidade de restrição da liberdade do indivíduo. Assim, não havendo possibilidade de prisão, e já tendo o processo transitado em julgado, a ação mais indicada seria a ação revisória. Portanto, A AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA. 11. (CESPE - 2011 - PC-ES - ESCRIVÃO DE POLÍCIA - ESPECÍFICOS) A ação penal constitucional não condenatória de habeas corpus tem por finalidade evitar ou interromper violência à liberdade de locomoção por ato ilegal ou com abuso de poder perpetrado por agente público ou particular. COMENTÁRIOS O HC é uma ação autônoma de impugnação, não possuindo natureza condenatória, cuja finalidade é assegurar a liberdade de locomoção da pessoa, que esteja privada de sua liberdade ou sob ameaça de sê-lo. Está previsto no art. 5°, LXVIII da Constituição e no art. 647 do CPP. Nos termos do CPP: Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminênciade sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar. Portanto, A AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA. 12. (CESPE - 2004 - POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO DE POLÍCIA - REGIONAL) É incabível habeas corpus em relação a decisão condenatória a pena exclusivamente de multa. Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 35 COMENTÁRIOS O HC não é o remédio adequado para casos em que não há possibilidade de restrição da liberdade do indivíduo. Nos termos da súmula n° 693 do STF: Súmula 693 NÃO CABE "HABEAS CORPUS" CONTRA DECISÃO CONDENATÓRIA A PENA DE MULTA, OU RELATIVO A PROCESSO EM CURSO POR INFRAÇÃO PENAL A QUE A PENA PECUNIÁRIA SEJA A ÚNICA COMINADA. Assim, A AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA. 13. (CESPE - 2004 - POLÍCIA FEDERAL - AGENTE FEDERAL DA POLÍCIA FEDERAL - NACIONAL) Se o habeas corpus for concedido em virtude de nulidade do processo, este será renovado. COMENTÁRIOS Quando o HC é concedido em razão de nulidade do processo, o art. 652 do CPP determina que este (o processo) seja renovado: Art. 652. Se o habeas corpus for concedido em virtude de nulidade do processo, este será renovado. Portanto, A AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA. 14. (CESPE - 2004 - POLÍCIA FEDERAL - AGENTE FEDERAL DA POLÍCIA FEDERAL - NACIONAL) Considera-se coação ilegal, passível de habeas corpus, a manutenção do acusado em cárcere quando houver cessado o motivo que autorizou a coação. COMENTÁRIOS As situações consideradas como coação ilegal, para fins de concessão de HC, estão previstas no art. 648 do CPP. Vejamos: Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal: I - quando não houver justa causa; II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei; III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo; Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 36 IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação; V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza; VI - quando o processo for manifestamente nulo; VII - quando extinta a punibilidade. Assim, perceba que a manutenção de pessoa presa mesmo após a cessação do motivo que determinou a prisão é causa que permite a impetração de HC, nos termos do art. 648, IV do CPP. Logo, A AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA. 15. (CESPE - 2008 - TJ-DF - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) No caso de habeas corpus repressivo, se o juiz verificar, antes do julgamento do pedido de liminar, que a coação ilegal já cessou, não poderá julgar prejudicado o pedido, devendo enfrentar o mérito, tendo em vista que a coação ilegal representa violação a direito humano fundamental e pode vir a se repetir. COMENTÁRIOS Caso o Juiz verifique que a ameaça ou coação já cessou quando do recebimento do HC, declarará este prejudicado, NÃO JULGANDO O MÉRITO DO HC. Nos termos do art. 659 do CPP: Art. 659. Se o juiz ou o tribunal verificar que já cessou a violência ou coação ilegal, julgará prejudicado o pedido. Assim, A AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 16. (CESPE - 2003 – DPE/AM – DEFENSOR) Após envolvimento em infração penal de menor potencial ofensivo, Tício foi encaminhado ao juizado especial criminal, onde o promotor de justiça requereu a abertura de inquérito policial em face da complexidade do caso, o que impediu a formulação imediata da denúncia. Posteriormente, foi oferecida, perante o juízo criminal da comarca, denúncia, que tramitou pelo rito sumário, findando pela absolvição. O assistente de acusação recorreu, e o recurso foi distribuído à turma recursal, que lhe deu provimento e condenou Tício a dois meses de detenção, pena substituída por prestação pecuniária à vítima. Com base nessa situação hipotética, julgue o item que se segue. Se for impetrado habeas corpus contra a decisão condenatória, a competência para conhecer da ordem será do STJ. COMENTÁRIOS Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 37 O item está errado, pois o STJ firmou entendimento de que compete ao Tribunal de Justiça julgar habeas corpus contra decisão da Turma Recursal a ele vinculada. Vejamos: RECURSO ORINÁRIO EM HABEAS CORPUS. WRIT NÃO CONHECIDO PELO TRIBUNAL A QUO. REMÉDIO CONSTITUCIONAL AJUIZADO EM FACE DE DECISÃO ORIUNDA DE TURMA RECURSAL. CANCELAMENTO DO ENUNCIADO N.º 690 DA SÚMULA DO STF. COMPETÊNCIA DA CORTE ESTADUAL PARA APRECIAR O MANDAMUS. 1. Diante do cancelamento do enunciado n.º 690 da Súmula do Supremo Tribunal Federal, compete ao Tribunal de Justiça do Estado apreciar e julgar ato acoimado de ilegal oriundo de Turma Recursal. 2. Recurso provido para determinar que o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo aprecie o mérito da impetração registrada sob o nº 0302936- 42.2011.8.26.0000. (RHC 33.018/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 09/10/2012, DJe 05/11/2012) Portanto, A AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 17. (CESPE - 2003 – DPE/AM – DEFENSOR) Após envolvimento em infração penal de menor potencial ofensivo, Tício foi encaminhado ao juizado especial criminal, onde o promotor de justiça requereu a abertura de inquérito policial em face da complexidade do caso, o que impediu a formulação imediata da denúncia. Posteriormente, foi oferecida, perante o juízo criminal da comarca, denúncia, que tramitou pelo rito sumário, findando pela absolvição. O assistente de acusação recorreu, e o recurso foi distribuído à turma recursal, que lhe deu provimento e condenou Tício a dois meses de detenção, pena substituída por prestação pecuniária à vítima. Com base nessa situação hipotética, julgue o item que se segue. Não deve ser conhecida ordem de habeas corpus que venha a ser impetrada já que, com a substituição da pena privativa de liberdade por prestação pecuniária, cessou o dano potencial à liberdade de locomoção. COMENTÁRIOS Embora a jurisprudência do STJ seja pacífica no sentido de que não cabe HC quando não for cominada pena privativa de liberdade ao delito, bem como quando a pena privativa de liberdade não mais puder ser aplicada ao caso, no presente caso não ocorre esta situação, uma vez que a pena de prestação pecuniária é pena restritiva de direitos, aplicada em substituição à pena privativa de liberdade, e caso não cumprida ensejará a reversão à pena privativa de liberdade. Renan Araujo, Paulo Guimarães Aula 15 Direito Processual Penal p/ TJ-RJ (Analista - Sem Especialidade) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1482208 08757222703 - CARLOS ANTONIO DE ARAUJO BARAUNA PASSOS 38 Desta forma, ainda há risco de dano à liberdade de locomoção do indivíduo, motivo pelo qual ainda é possível o manejo do HC. Vejamos: HABEAS CORPUS. PENA RESTRITIVA DE DIREITOS. DESCUMPRIMENTO. CONVERSÃO EM PRIVATIVA DE LIBERDADE. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE AMEAÇA AO DIREITO DE LOCOMOÇÃO DO PACIENTE. IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA. ANÁLISE DE MATÉRIA NÃO DEBATIDA NA ORIGEM. OCORRÊNCIA DE SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. PRECEDENTES. NÃO CONHECIMENTO. 1. É possível a conversão da prestação pecuniária em pena privativa de liberdade, nos termos do art. 44, § 4º, do Código Penal. Precedentes do STJ. 2. Incabível o habeas corpus se não houver risco à liberdade de locomoção do paciente. (...) (HC 133.942/MG, Rel. Ministro ADILSON VIEIRA MACABU (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RJ), QUINTA TURMA, julgado em 28/02/2012, DJe 20/03/2012) Portanto, A AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 18. (CESPE - 2012 – PC/CE – INSPETOR) Julgue o item que se segue, em relação ao habeas corpus e aos entendimentos do STF a
Compartilhar