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LEGISLAÇÃO-E-POLÍTICA-NACIONAL-DO-MEIO-AMBIENTE

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Prévia do material em texto

1 
 
LEGISLAÇÃO E POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empre-
sários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação 
e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade ofere-
cendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a partici-
pação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação 
contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos 
e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber atra-
vés do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
Sumário 
 
1-INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 4 
2- CONCEITO DE MEIO AMBIENTE ................................................................... 5 
2.1- Conceitos Doutrinários e Jurisprudenciais sobre Meio Ambiente ................ 5 
2.2- Conceito Legal de Meio Ambiente .................................................................... 6 
2.3- Aspectos Caracterizadores do Conceito de Meio Ambiente ............... 8 
3- CONCEITO DE DIREITO AMBIENTAL ....................................................... 14 
3.1- Objeto do Direito Ambiental ........................................................................... 17 
3.2- O Direito Ambiental como um Direito Difuso, Indivisível e Transindividual
 .................................................................................................................................... 20 
3.3- O Direito Ambiental como Direito Fundamental de Terceira Dimensão.... 22 
4- UMA ANÁLISE DA LEI GERAL DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL 
NO BRASIL .............................................................................................................. 26 
4.1- Licenciamento Ambiental por Adesão e Compromisso – LAC .................... 26 
4.2- Licenciamento Ambiental Único – LAU ......................................................... 27 
4.3- Licenciamento Ambiental Corretivo – LOC .................................................. 27 
4.4- Licenciamento Ambiental Coletivo.................................................................. 27 
4.5- Renovação automática e dispensa de licenciamento ambiental ................... 28 
5- BENEFÍCIOS DO TEXTO BASE APROVADO .............................................. 29 
6- PONTOS POSITIVOS DO PL DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL ....... 30 
7- REFERÊNCIAS ................................................................................................... 38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1-INTRODUÇÃO 
 
O objetivo deste conteúdo é discorrer sobre os principais temas introdutórios 
para melhor compreensão do Direito ambiental, conhecendo sua natureza, ca-
racterísticas essenciais e, principalmente, seu objeto de estudo. 
 
A partir daí discutiremos as principais fontes desse ramo do Direito, notadamente 
as fontes formais, destacando, no âmbito internacional, as conferências que con-
tribuíram para a formação de uma consciência socioambiental para se chegar a 
um desenvolvimento sustentável. 
 
Por fim, alerto para a importância de estudarmos as normas principiológicas que 
norteiam o Direito Ambiental que se encontra umbilicalmente vinculado aos prin-
cípios esculpidos nas diferentes normas protetivas do meio ambiente, principal-
mente na Constituição Federal de 1988, e uma análise da Lei Geral do Licenci-
amento Ambiental. 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2- CONCEITO DE MEIO AMBIENTE 
 
Iniciando os aspectos conceituais do Direito Ambiental é fundamental que se 
memorize, no mínimo, um conceito doutrinário e um conceito legal de meio am-
biente. Para isso, analisaremos os diversos conceitos em diferentes vertentes, 
considerando que as provas objetivas de concurso tangenciam, principalmente, 
seu aspecto legal. 
 
2.1- Conceitos Doutrinários e Jurisprudenciais sobre Meio Ambiente 
 
Para a ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – ONU , o meio ambiente é o 
conjunto de elementos físicos, químicos, biológicos e sociais que podem causar 
efeitos diretos ou indiretos sobre os seres vivos e as atividades humanas. 
 
Segundo Robert Erick Ricklefs, o meio ambiente é os arredores de um orga-
nismo, incluindo as plantas, os animais e os micróbios com os quais interage. 
Esse conceito tem a visão centrada no organismo. 
 
A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS definiu o meio ambi-
ente como a circunvizinhança em que uma organização opera, incluindo-se ar, 
água, solo, recursos naturais, flora, fauna, seres humanos e suas inter-relações. 
 
O constitucionalista José Afonso da Silva entende que o meio ambiente corres-
ponde a tudo que nos cerca podendo ser decomposto em três aspectos: artificial, 
cultural e natural. 
 
Na Jurisprudência, o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – STF define meio am-
biente em diferentes aspectos, notadamente o natural, o cultural, o artificial e o 
laboral. Essa concepção múltipla de meio ambiente já fora cobrada em diversas 
provas de concursos, notadamente em questões objetivas. 
 
 
 
 
6 
Vejamos o julgado esclarecedor emanado pela Corte Constitucional em 2005, 
na ADI 3540 MC, de relatoria do Ministro Celso de Mello em que se fixou a tese 
das múltiplas vertentes no conceito de meio ambiente: 
 
(...) - A incolumidade do meio ambiente não pode ser comprometida por 
interesses empresariais nem ficar dependente de motivações de índole 
meramente econômica, ainda mais se se tiver presente que a atividade 
econômica, considerada a disciplina constitucional que a rege, está su-
bordinada, dentre outros princípios gerais, àquele que privilegia a "de-
fesa do meio ambiente" (CF, art. 170, VI), que traduz conceito amplo e 
abrangente das noções de meio ambiente natural, de meio ambi-
ente cultural, de meio ambiente artificial (espaço urbano) e de meio 
ambiente laboral. Doutrina. Os instrumentos jurídicos de caráter legal e 
de natureza constitucional objetivam viabilizar a tutela efetiva do meio 
ambiente, para que não se alterem as propriedades e os atributos que 
lhe são inerentes, o que provocaria inaceitável comprometimento da sa-
úde, segurança, cultura, trabalho e bem-estar da população, além de 
causar graves danos ecológicos ao patrimônio ambiental, considerado 
este em seu aspecto físico ou natural. 
 
Na verdade, essa visão quadripartite de meio ambiente ventilada pela Suprema 
Corte já era conhecida na doutrina de Celso Antonio Pacheco Fiorillo, que sem-
pre defendeu a tese de que o meio ambiente é formado por quatro significativos 
aspectos, quais sejam, o natural, o cultural, o artificial e o laboral. 
 
2.2- Conceito Legal de Meio Ambiente 
 
O conceito legal compreende as definições de meio ambiente nos instrumentos 
que compõem o arcabouço jurídico normativo em matéria ambiental no Brasil. 
Os principais diplomas normativos são: a Lei 6.938/81 que instituiu a Política 
Nacional do Meio Ambiente- PNMA e a RESOLUÇÃO CONAMA n. 306/12 que 
estabeleceu os requisitos mínimos e o termo de referência para realização de 
auditorias ambientais. 
 
 
 
7 
 
Lei 6.938/81 – Política Nacional do Meio Ambiente 
Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: 
I - meio ambiente, o conjuntode condições, leis, influências e interações 
de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida 
em todas as suas formas; 
 
Observe que esse conceito legal foi estabelecido em 1981, antes da edição da 
Constituição Federal de 1988, e que, segunda a doutrina majoritária, não 
abrange todos os aspectos do meio ambiente, dando ênfase somente ao natural, 
apresentando um conceito limitador do instituo em uma interpretação literal do 
dispositivo. 
 
Tentando corrigir parte dessa deficiência conceitual, a RESOLUÇÃO CONAMA 
n. 306/12 definiu meio ambiente como um conjunto de condições, leis, influência 
e interações de ordem física, química, biológica, social, cultural e urbanística, 
que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas, incorporando o po-
sicionamento do STF sobre o tema. Vejamos: 
 
RESOLUÇÃO CONAMA n. 306/2012 
Art. 2º Para os fins do disposto nesta Resolução, são adotadas as defi-
nições constantes do Anexo I. 
(...) 
(...) 
XII -Meio ambiente: conjunto de condições, leis, influência e interações 
de ordem física, química, biológica, social, cultural e urbanística, que 
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. 
 
Nesse conceito, nota-se uma concepção mais ampla e integrativa de meio am-
biente criando uma verdadeira simbiose entre os aspectos bióticos, abióticos, 
culturais, urbanos e sociais. 
 
 
 
 
8 
Para fins de prova objetiva, é fundamental o conhecimento dos conceitos apre-
sentados nos dois normativos, considerando a incidência periódica nos concur-
sos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.3- Aspectos Caracterizadores do Conceito de Meio Ambiente 
 
Essa concepção de meio ambiente em diferentes aspectos não objetiva frag-
mentar o referido instituto jurídico, mas sim desenvolver um sistema de proteção 
para facilitar a identificação da atividade degradante e do bem diretamente afe-
tado, tendo em vista que o meio ambiente é uno e que sua tutela deve ser efetiva. 
Para além disso, essa classificação busca encontrar a sinergia existente entre 
as dimensões natural e humana do bem ambiental. 
 
O Meio Ambiente Natural é constituído pelo aspecto físico do meio ambiente, 
compreendendo o solo, subsolo, recursos hídri-
cos, atmosfera, elementos da biosfera, fauna e 
flora. Esses elementos que integram o ambi-
ente natural são tutelados pelo art. 225, da 
CF/88 e por outras normas infraconstitucionais 
(Lei 12.641/2012 – Código Florestal) que serão 
objeto de estudo em aulas específicas deste 
curso preparatório. 
 
 
 
9 
 
Vejamos alguns aspectos importantes dos normativos: 
 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equi-
librado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade 
de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de 
defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. 
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Pú-
blico: 
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o 
manejo ecológico das espécies e ecossistemas; 
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do 
País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de 
material genético; 
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e 
seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a altera-
ção e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer 
utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem 
sua proteção; 
(...) 
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que 
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de es-
pécies ou submetam os animais a crueldade. 
(...) 
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, 
o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, 
e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que asse-
gurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos 
recursos naturais. 
 
Lei 12.651/2012 – Código Florestal Brasileiro 
 
Art. 1º-A. Esta Lei estabelece normas gerais sobre a proteção da vege-
tação, áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal; 
 
 
 
10 
a exploração florestal, o suprimento de matéria-prima florestal, o controle 
da origem dos produtos florestais e o controle e prevenção dos incêndios 
florestais, e prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance 
de seus objetivos. 
 
O Meio Ambiente Artificial é constituído pelo espaço urbano construído, formado 
por um conjunto de edificações 
e de equipamentos públicos. É 
uma dimensão do ambiente hu-
mano. Tem como elementos: 
prédios, pontes, ruas, ou qual-
quer projeto arquitetônico, não 
importando o juízo de valor so-
bre o bem. Esse ambiente ur-
bano caracteriza diretamente a 
intervenção humana no meio natural. Os elementos que formam o ambiente ar-
tificial (urbano) são tutelados no art. 225, 182 e 183, ambos da CF/88, bem como, 
no campo infraconstitucional, pela Lei 10.257/01 (Estatuto da Cidade). 
 
Constituição Federal 
 
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder 
Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por ob-
jetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e 
garantir o bem-estar de seus habitantes. 
(...) 
Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e 
cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem 
oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-
á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou 
rural. 
(...) 
 
Estatuto da Cidade - Lei 10.257/01 
 
 
 
11 
 
Art. 1º Na execução da política urbana, de que tratam os arts. 182 e 183 
da Constituição Federal, será aplicado o previsto nesta Lei. 
Parágrafo único. Para todos os efeitos, esta Lei, denominada Estatuto 
da Cidade, estabelece normas de ordem pública e interesse social que 
regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segu-
rança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental. 
 
O Meio Ambiente Cultural é uma dimensão do ambiente humano constituindo-
se de um patrimônio artístico, arqueológico, paisa-
gístico e histórico que tem um valor especial, isto é, 
são bens que tem como característica essencial a 
elevada carga valorativa atribuída por uma determi-
nada sociedade. Seus elementos podem ser de na-
tureza material ou imaterial. Encontra proteção 
constitucional no art. 23, III, da CF/88, bem como no 
art. 216, V, da CF/88 e, no âmbito infraconstitucio-
nal, no art. 1°, III, da Lei 7.347/85 (Lei de Ação Civil 
Pública). 
 
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios: 
(...) 
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, 
artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os 
sítios arqueológicos; 
(...) 
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza 
material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portado-
res de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos 
formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: 
(...) 
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, 
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. 
 
 
 
12 
 
Lei de Ação Civil Pública - Lei 7.347/85 
 
Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação po-
pular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais 
causados: (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011). 
l - ao meio-ambiente; 
ll - ao consumidor; 
III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e pai-
sagístico; 
(...) 
 
O Meio Ambiente do Trabalho também é uma dimensão do ambiente humano e 
temcomo elemento central o local em que o obreiro desenvolve suas atividades 
relacionadas com as condições ambientais favoráveis de trabalho. Busca-se as-
segurar ao trabalhador condições de 
higiene e segurança no desempenho 
de seu mister. Assim, qualquer tema 
relacionado às condições de segu-
rança e qualidade do ambiente de tra-
balho, está inserido no conceito de 
meio ambiente laboral. Tem previsão 
no art. 7º, XXII, da CF/88, que trata dos direitos fundamentais dos trabalhadores 
urbanos e rurais, bem como no art. 200, VIII, da CF/88, que regulamenta as 
competências do Sistema Único de Saúde. Vejamos os normativos: 
 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros 
que visem à melhoria de sua condição social: 
(...) 
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de 
saúde, higiene e segurança; 
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribui-
ções, nos termos da lei: 
(...) 
 
 
 
13 
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do 
trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Um cidadão não poderá manejar uma ação civil pública. Não há legitimação ativa 
para tanto. Somente algumas entidades poderão fazê-lo. Assim, em tese, a 
questão anterior está maculada quanto ao enunciado ao afirmar que um cidadão 
manejou a referida ação (poderá até protocolar na Justiça, mas, certamente, terá 
a petição inicial indeferida por falta de legitimidade). Os legitimados para a pro-
positura da ação principal e cautelar estão previstos no art. 5°, da Lei de ação 
civil pública. Segue a título informativo: 
 
Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: 
I - o Ministério Público; 
II - a Defensoria Pública; 
III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; 
 
 
 
14 
IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia 
mista; 
V - a associação que, concomitantemente: 
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; 
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio 
público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, 
à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos 
ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. (Re-
dação dada pela Lei nº 13.004, de 2014). 
 
Pois bem, definido o conceito de meio ambiente, levando-se em conta sua con-
cepção quadripartite, vamos ao estudo das principais características da ciência 
Direito Ambiental e, como tal, da análise jurídica pormenorizada de seu objeto, 
qual seja, a proteção do meio ambiente. 
 
3- CONCEITO DE DIREITO AMBIENTAL 
 
Inicialmente, considerando a im-
portância de alguns conceitos 
doutrinários para provas de con-
curso, notadamente de cunho 
subjetivo, é importante que o 
candidato tenha uma visão geral 
de alguns conceitos de Direito 
Ambiental previstos na doutrina 
mais balizada. Além disso, é im-
portante a leitura detida dos 
enunciados, pois ajuda o concur-
seiro a se familiarizar com a lin-
guagem própria desse ramo do Direito Público. Assim, vejamos alguns posicio-
namentos doutrinários. 
 
Para Frederico Amado , o Direito Ambiental é ramo do direito público composto 
por princípios e regras que regulamentam as condutas humanas que afetem, 
 
 
 
15 
potencial ou efetivamente, direta ou indiretamente, o meio ambiente, quer o na-
tural, o cultural ou o artificial. 
 
Ao seu turno, Paulo Machado , descreve o Direito Ambiental como um direito 
sistematizador que faz a articulação da legislação, da doutrina, e da jurisprudên-
cia concernentes aos elementos que integram o meio ambiente. 
 
Já na Concepção de Édis Milaré , o Direito Ambiental (o autor prefere o termo 
Direito do Ambiente) é um complexo de princípios e normas coercitivas regula-
doras das atividades humanas que, direta ou indiretamente, possam afetar a sa-
nidade do ambiente em sua dimensão global, visando a sua sustentabilidade 
para as presentes e futuras gerações. 
 
Maria Luiza Granziera vislumbra o Direito Ambiental como um conjunto de regras 
jurídicas de direito público que norteiam as atividades humanas, ora impondo 
limites, ora induzindo comportamentos por meio de instrumentos econômicos, 
com o objetivo de garantir que essas atividades não causem dano ao meio am-
biente, impondo-se a responsabilização e as consequentes sanções aos trans-
gressores dessas normas. 
 
Em face dos conceitos doutrinários acima apresentados, pode-se conceituar de 
forma sintética o Direito Ambiental como um ramo do Direito Público que regula-
menta por meio de normas (princípios ou regras) a atividade humana com o ob-
jetivo de manter a higidez do meio ambiente para as presentes e futuras gera-
ções. 
 
A natureza pública do Direito Ambiental é perfeitamente perceptível na interpre-
tação da norma do caput do art. 225 c/c o § 1°, da CF/88, que consideram o meio 
ambiente um bem de uso comum do povo, impondo obrigação de proteção e 
promoção por parte do Estado, tendo em vista tratar-se de um bem de interesse 
de toda a coletividade (titularidade difusa). 
 
Eis o normativo constitucional: 
 
 
 
 
16 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equili-
brado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de 
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-
lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Pú-
blico: 
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o 
manejo ecológico das espécies e ecossistemas; 
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do 
País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de 
material genético; 
 
Como todo ramo do Direito, o Direito Ambiental disciplina o comportamento das 
atividades humanas em sociedade, por meio de normas jurídicas de caráter co-
gente em que se busca sempre a pacificação social. As normas de natureza 
ambiental são direcionadas à proteção e à promoção do meio ambiente. Tutelar 
o meio ambiente é proteger diretamente a existência da espécie humana. 
 
Nesse cenário, é inegável que o Direito Ambiental tem um caráter transdiscipli-
nar, mantendo relação transversal com outros ramos do Direito ou com outras 
ciências, influenciando diretamente suas normas, impondo a necessidade de 
manutenção da higidez do meio ambiente. Um exemplo clássico é a transversa-
lidade com o Direito Administrativo em que no processo licitatório se exige 
(norma cogente) que as especificações para a aquisição de bens, contratação 
de serviços e obras por parte dos órgãos e entidades da administração pública 
federal direta, autárquica e fundacional atenda a critérios de sustentabilidade 
ambiental, considerando processos de extração, fabricação, utilização e des-
carte dos produtos e matérias primas. 
 
Busca-se com isso a promoção do desenvolvimento sustentável, um dos mais 
caros princípios que regem as normas ambientais, conforme previsão do art. 3°, 
caput, da Lei 8.666/93: 
 
 
 
 
17 
Art. 3º: A licitação destina-se a garantir a observância do princípio cons-
titucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a ad-
ministração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e 
será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios 
básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, 
da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instru-
mento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correla-
tos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.1- Objeto do Direito Ambiental 
 
O Direito Ambiental tem por objeto o meio ambiente ecologicamente equilibrado 
nos termos do art. 225, caput, da Constituição Federal. As normas ambientaisbuscam uma relação harmônica entre os meios biótipos e abiótipos até o esta-
belecimento de um equilíbrio, seja através do controle da poluição ou da prote-
ção de espécies ameaçadas de extinção; seja também pela tutela de espaços 
territoriais que apresentam relevantes características cênicas para manutenção 
da vida nos ecossistemas. 
 
 
 
 
18 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equili-
brado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de 
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-
lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 
Nesse sentido, o bem jurídico tutelado pelo Direito Ambiental é o bem 
ambiental entendido este como o meio ambiente equilibrado (macro-
bem). O conhecimento de suas características, notadamente quanto ao 
seu regime jurídico, nos ajudará a entender toda a tutela protetiva desse 
bem. 
 
Para melhor conhecimento dos interesses envolvidos quanto ao bem ambiental, 
devemos compreender inicialmente suas diferentes dimensões, quais sejam, de 
macrobem e microbem ambiental. 
 
O macrobem ambiental é o patrimônio ambiental em seu conceito mais amplia-
tivo envolvendo todas as complexas interações entre os meios físicos e biótipos 
na busca da mantença do equilíbrio ambiental. O macrobem ambiental é um bem 
de natureza difusa, incorpóreo e imaterial de titularidade da coletividade (de uso 
comum do povo). Não há possibilidade de individualização do objeto (intangível). 
Essa dimensão de bem ambiental é perfeitamente perceptível pela leitura do ca-
put do art. 225 da CF/88, que prevê que todos tem direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia 
qualidade de vida. 
 
O microbem ambiental é a individualização dos elementos que compõem o meio 
ambiente. Esses componentes são concebidos isoladamente e não em uma vi-
são interacional. Temos como exemplos o ar, a fauna, a flora, o rio, o solo ou 
mesmo o patrimônio cultural de determinada comunidade. Cumpre lembrar que 
esses microbens têm tratamento legislativo próprio para proteção individualizada 
de cada um (dentro de uma visão protetiva sistemática). 
 
Não podemos esquecer que o uso dessas dimensões serve apenas como critério 
de classificação para melhor compreender o objeto de estudo, não se podendo 
olvidar que os bens ambientais formam um único bem imaterial e sistêmico. 
 
 
 
19 
 
Ratificando essa tese, o Superior Tribunal de Justiça – STJ entende que os con-
ceitos de macrobem e microbem servem para definir a competência interna das 
suas Seções para a análise da questão afeta aos efeitos reparatórios e minimi-
zadores de danos decorrentes de ações antrópicas servindo para minimizar e 
dissipar as eventuais dúvidas acerca da natureza pública ou privada do bem 
ambiental, pois as reparações ao dano macrobem terão sempre uma preponde-
rância de direito público enquanto aquelas afetas ao dano microbem ambiental 
serão eminentemente de direito privado. 
 
Vejamos parte da ementa do julgado de relatoria do Ministro Marco Buzzi: 
 
(...) 
2. A competência interna das Seções desta Corte Superior para a aná-
lise da questão afeta aos efeitos reparatórios e minimizadores de danos 
decorrentes do acidente/dano ambiental é aferida pela análise da natu-
reza da relação jurídica litigiosa e dos conceitos de macrobem e micro-
bem, pois as reparações de dano ao macrobem terão sempre uma pre-
ponderância de direito público enquanto aquelas atinentes ao dano mi-
crobem ambiental serão eminentemente de direito privado. 
2.1 A atribuição da Segunda Seção fica limitada às demandas nas quais 
o pleito reparatório esteja vinculado ao microbem ambiental, ou seja, à 
salvaguarda dos direitos individualmente considerados (de natureza 
eminentemente privada), sem a responsabilização do Estado ou nos 
quais a restauração do meio ambiente de forma global não seja o ponto 
principal da pretensão. 
2.2 De sua vez, nas hipóteses em que se visualizar a pretensão de res-
tauração/recomposição do meio ambiente em geral (macrobem), nele 
incluindo todos ou a maior parte dos bens em si, onde não só a repara-
ção individual ou em menor proporção seja o foco, a natureza publicista 
da demanda fará preponderar a competência da Primeira Seção desta 
Corte Superior para o trato da questão, nos termos da previsão cons-
tante do art. 9º, § 1º, inciso XIV do RISTJ, haja vista que a análise da 
 
 
 
20 
matéria controvertida perpassa o enfrentamento do direito público em 
geral (direito difuso). 
(...) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.2- O Direito Ambiental como um Direito Difuso, Indivisível e Tran-
sindividual 
 
O bem ambiental (macrobem) tem caráter eminentemente difuso caracterizado 
pela titularidade indeterminável é integra o patrimônio de toda a coletividade. É 
considerado difuso porque se caracteriza como bem de uso comum do povo in-
cidindo interesse de toda a sociedade (art. 225, caput, da CF/88), fato que auto-
riza a incidência de um regime jurídico de direito público na sua tutela. 
 
A referida norma constitucional prevê que o direito ao meio ambiente é de todos, 
sem distinção de qualquer natureza, sem qualquer nota excludente de seus be-
neficiários. Assim, o direito ao meio ambiente equilibrado é a um só tempo direito 
individual e marcadamente de toda a coletividade, fato que evidencia sua tran-
sindividualidade. 
 
Outra marca característica que caracteriza sua natureza difusa é a imprescriti-
bilidade do dano ambiental, pois o bem ambiental está fora da disponibilidade 
do particular, respondendo este objetivamente pela reparação dos danos causa-
dos ao meio ambiente. 
 
 
 
21 
 
É mister diferenciarmos os direitos difusos dos direitos coletivos. Há definição 
legal desses interesses. O Código de Defesa do Consumidor-CDC define o di-
reito/interesse difuso como sendo os transindividuais, de natureza indivisível, de 
que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato. 
Ao seu turno, o interesse/direito coletivo é também de natureza transindividual e 
indivisível, mas que tem como titular um grupo ou uma categoria de pessoas 
ligadas por uma relação jurídica básica. 
 
Código de Defesa do Consumidor – Lei 8.078/90 
 
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das víti-
mas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. 
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: 
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste 
código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titula-
res pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; 
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste 
código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular 
grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte 
contrária por uma relação jurídica base; 
(...) 
 
A diferença central entre os direitos difusos e coletivos é a possibilidade de se 
determinar a titularidade desses interesses. De fato, no direito coletivo o grupo 
beneficiário é facilmente identificável. Por outro lado, no interesse difuso os be-
neficiários são indeterminados ou indetermináveis. Ex. quando há um dano am-
biental na floresta amazônica (incêndio) é impossível identificar o titular do direito 
lesionado em fase da multiplicidade de titulares, considerando que existe um 
liame entre eles e o fato ocorrido (dano ao meio ambiente). 
 
 
 
 
22 
3.3- O Direito Ambiental como Direito Fundamental de Terceira Di-
mensão 
 
O direito ao meio ambiente equilibrado, embora não previsto no rol do art. 5°, da 
CF/88, é considerando um direito fundamental. Isso porque, conforme doutrina 
majoritária, admite-se a existência de direitos fundamentais não previstos no Tí-
tulo II (Dos Direitos e Garantias Fundamentais),da Constituição Federal de 
1988. O grau de fundamentalidade não se caracteriza pelo simples fato de um 
enquadramento topológico normativo, mas sim pela importância desse direito na 
efetivação da dignidade da pessoa humana. 
 
Nesse momento entendemos importante apresentar um breve comentário sobre 
à tradicional classificação dos direitos fundamentais em dimensões (gerações) 
com o consequente enquadramento do direito ao meio ambiente. 
 
Os direitos fundamentais passaram por diversas transformações e são frutos da 
evolução do corpo social de um país, sofrendo profundas mutações em relação 
ao conteúdo e à titularidade, tendo como origem desse processo transformacio-
nal o reconhecimento deles nas primeiras constituições positivas que surgiram 
com o advento do Estado Moderno. 
 
Segundo Marmelstein Lima, Karel Vasak criou uma teoria em que demonstrou a 
evolução dos direitos humanos com base no lema da revolução francesa liber-
dade, igualdade e fraternidade, introduzindo a ideia de gerações de direitos, isto 
é, direito vistos como ideais existentes em uma determinada época consagrando 
os dogmas preponderantes no corpo social analisado. 
 
Embora haja em âmbito doutrinário uma discussão quanto às expressões “gera-
ções” ou “dimensões”, o termo “gerações” é estabelecido apenas com o propó-
sito de situar os diferentes momentos em que esses grupos de direitos surgem 
como reinvindicações acolhidas pela ordem jurídica, não significando que tenha 
sido suplantado por aqueles surgidos em momento posterior. 
 
 
 
 
23 
Os direitos fundamentais de primeira dimensão são frutos do pensamento libe-
ral-burgês do século XVIII, com forte influência individualista, abarcando os di-
reitos civis e políticos, tendo como ponto fulcral a liberdade e como âmbito de 
incidência os direitos referidos nas Revoluções Americana e Francesa, sendo os 
primeiros a serem positivados. 
 
Esses direitos foram frutos de uma proteção contra o decadente Estado Absolu-
tista do século XVII, na busca de fortalecer os direitos dos indivíduos frente ao 
Estado. É nessa concepção que nasce o Estado Moderno garantidor dos direitos 
civis e políticos, não intervindo na vida pessoal de cada um. Destacam-se assim, 
nessa geração, os direitos à vida, à liberdade, à propriedade, bem como o direito 
à igualdade, entendida unicamente quanto ao seu aspecto formal (perante a lei). 
 
A segunda geração (dimensão) de direitos compreende os direitos econômi-
cos, sociais e culturais, baseados na igualdade em seu aspecto material. Assim, 
o princípio da igualdade ganha em substancialidade passando a ser entendido 
como direito prestacional e pelo reconhecimento de liberdades socias, como o 
direito à sindicalização. 
 
Segundo Ingo Sarlet, a nota distintiva dessa geração de direitos, contrapondo a 
inércia do Estado quanto aos direitos de primeira geração, é sua dimensão po-
sitiva, tendo em vista que não procura evitar o intervencionismo estatal na esfera 
de liberdade individual, atribuindo ao Estado um comportamento ativo na reali-
zação da justiça social. Esses direitos estão atrelados ao conceito de justiça so-
cial por se ligarem a reinvindicações de equidade social, notadamente das clas-
ses menos favorecidas. 
 
A terceira geração de direitos fundamentais refere-se aos direitos de solidarie-
dade e fraternidade, em especial o direito ao desenvolvimento, à paz, à autode-
terminação dos povos e à utilização do patrimônio histórico e cultural, tendo es-
ses direitos como características distintivas a titularidade coletiva ou difusa, haja 
vista se destinarem a proteção de grupos humanos. 
 
 
 
 
24 
O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é considerado, nessa 
tríade de gerações de Vasak, direito fundamental de terceira geração (dimen-
são), tendo em vista sua titularidade difusa, indefinida e indeterminável, de na-
tureza nitidamente transindividual que exige esforços do Estado para sua efeti-
vação e defesa. Neste sentido, trata-se de um direito de proteção, buscando-se 
a defesa do meio ambiente por intermédio de normas proibitivas e ao mesmo 
tempo prestacionais, exigindo comportamento ativo do Estado e da sociedade 
na sua preservação e defesa (caráter bifronte). 
 
Nessa quadratura, não restam dúvidas quanto à natureza difusa do bem jurídico 
ambiental considerado tratar-se de um bem de uso comum do povo atraindo o 
interesse de toda a coletividade. Isso justifica o fato de todos os indivíduos serem 
diretamente interessados na tutela do meio ambiente, tendo em vista que esse 
direito está umbilicalmente ligado ao direito à vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vale destacar que se o direito ao meio ambiente é um direito fundamental e sobre 
ele incidem todas as características típicas dos direitos fundamentais, 
quais sejam, a universalidade, complementaridade, inviolabilidade, veda-
ção ao retrocesso, irrenunciabilidade, indivisibilidade, inalienabilidade, 
historicidade, imprescritibilidade, dentre outras. 
 
 
 
25 
 
Embora seja objeto de estudo do Direito Constitucional, entendo oportuno para 
seu concurso fazermos uma visão panorâmica dos referidos institutos jurídicos, 
por meio de um esquema, de forma a facilitar seu entendimento sobre a comple-
xidade desse direito fundamental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Feitas essas considerações, passemos a análise da Lei Geral do Licenciamento 
Ambiental. 
 
 
 
 
 
 
 
26 
4- UMA ANÁLISE DA LEI GERAL DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL 
NO BRASIL 
 
Aprovada na Câmara dos Deputados em 13/05/2021 e enviada para a aprecia-
ção no Senado Federal em 11/06/2021, o Projeto de Lei 3729/2004 (agora tra-
mitando sob o n° 2159 de 2021), de autoria do Deputado Luciano Zica e outros 
é um assunto controverso e carregado de críticas por especialistas no assunto. 
 
O texto, como foi aprovado, traz uma gama de mudanças no contexto de licen-
ciamento ambiental no Brasil. Logo em seu Art. 3º incisos XXVI ao XXXIII o PL 
estabelece, além das etapas já conhecidas de Licença Prévia, de Instalação e 
Operação, as modalidades de Licenciamento Ambiental por Adesão e Compro-
misso- LAC, a Licença Ambiental Única – LAU e a Licença Ambiental Corretiva 
– LOC. 
 
A LAC se assemelha as Licenças Ambientais Simplificadas já existentes em di-
versos estados da federação, com a diferença de não haver análise prévia do 
órgão ambiental, funcionando como um processo de Licenciamento Ambien-
tal autodeclaratório mediante apresentação de um Relatório De Caracterização 
do Empreendimento, protocolado pelo empreendedor, desde que respaldado 
por profissional técnico habilitado. 
 
Já a LAU, outra novidade que consta no texto base aprovado na Câmara dos 
Deputados, remete a Licença Ambiental Concomitante, também já utilizada em 
alguns entes federativos, inclusive no Estado de Minas Gerais. 
 
Por último, mas não menos importante, a LOC visa atuar como ferramenta de 
regularização de empreendimentos cujo funcionamento se deu prévio a emissão 
de licença, o que gerou discussões acerca da criação ou não de um incentivo 
para que o empreendimento inicie suas operações de forma irregular, buscando 
posteriormente sua regularização. 
 
4.1- Licenciamento Ambiental por Adesão e Compromisso – LAC 
 
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=257161
https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/148785
 
 
 
27 
A LAC se assemelha as Licenças Ambientais Simplificadas já existentes em di-
versos estados da federação, com a diferença de não haver análise prévia do 
órgão ambiental, funcionando como um processo de Licenciamento Ambien-
tal autodeclaratório mediante apresentação de um Relatório De Caracterização 
do Empreendimento, protocolado pelo empreendedor, desde que respaldado 
por profissional técnico habilitado. 
 
4.2- Licenciamento Ambiental Único – LAU 
 
Jáa LAU, outra novidade que consta no texto base aprovado na Câmara dos 
Deputados, remete a Licença Ambiental Concomitante, também já utilizada em 
alguns entes federativos, inclusive no Estado de Minas Gerais. 
 
4.3- Licenciamento Ambiental Corretivo – LOC 
 
Por último, mas não menos importante, a LOC visa atuar como ferramenta de 
regularização de empreendimentos cujo funcionamento se deu prévio a emissão 
de licença, o que gerou discussões acerca da criação ou não de um incentivo 
para que o empreendimento inicie suas operações de forma irregular, buscando 
posteriormente sua regularização. 
 
Teme-se que tal medida venha a favorecer empreendimentos que começam 
suas atividades de maneira irregular frente àqueles que procuram a emissão das 
Licenças Ambientais antes do início das operações, uma vez que o não cumpri-
mento da legislação ambiental não mais será visto como um problema (2), es-
pecialmente devido a anistia trazida em seu Artigo 22 parágrafo 5, que literal-
mente extingue a punibilidade disposta no Artigo 60 da Lei 9605 de 1998 quando 
a LOC for solicitada de maneira espontânea. 
 
 
 
 
4.4- Licenciamento Ambiental Coletivo 
 
 
 
 
28 
Outra novidade é a modalidade de licenciamento ambiental e cumprimento de 
condicionantes de forma compartilhada entre empreendimentos que exerçam 
atividades similares e que compartilhem da mesma área de influência, prevendo, 
inclusive, dispensa de Licença Prévia para novos empreendimentos similares ao 
já licenciados que venham a se instalar nessa área. 
 
Especialistas apontam que tal medida pode ser problemática, uma vez que não 
se analisa especificidades e o aspecto temporal para identificação dos possíveis 
impactos e mensuração da degradação ambiental. 
 
Assim como para o Licenciamento Ambiental, a Lei visa trazer diretrizes gerais 
para as suas condicionantes, nas quais devem ser priorizadas a prevenção, mi-
tigação e por fim, a compensação de impactos ambientais, desde que possuam 
nexo causal com a tipologia e magnitude da atividade exercida e não funcionem 
como instrumentos de compensação e mitigação de impactos causados por ter-
ceiros ou de compensação por deficiências ou danos decorrentes da omissão 
do poder público (Art. 13, incisos I, II e III do Caput, e Incisos I e II do parágrafo 
2). 
 
4.5- Renovação automática e dispensa de licenciamento ambiental 
 
Além das tipologias, outro ponto passível de discussão trazido pelo texto base, 
foi a renovação automática de Licença Ambiental, sem a necessidade de avali-
ação prévia do órgão licenciador, caso atestado pelo empreendedor: I) não te-
rem sido alteradas características e porte da atividade; II) não ter havido mu-
dança na legislação ambiental referente ao seu ramo de atuação e; III) que te-
nham sido cumpridas as condicionantes ambientais de sua licença, conforme 
consta na redação em seu art. 7 parágrafo 4 incisos I ao III. 
 
O texto também extingui a necessidade da Licença de Operação para empreen-
dimento lineares, como linhas de transmissão e cabos de fibra ótica, ferro-
vias e rodovias, minériodutos, gasodutos e oleodutos, além de dispensar mani-
festação prévia do órgão licenciador no caso de alterações na operação que não 
incrementem o impacto ambiental de modo a alterar seu enquadramento. 
 
 
 
29 
 
Outro pontos fortemente criticado por especialistas é a dispensa da necessidade 
de Licenciamento Ambiental de diversas atividades e empreendimentos, com 
destaque para o artigo 9, onde prevê a dispensa ou simplificação de licencia-
mento para atividades do agro negócio no país. 
 
De acordo com o texto, basta os imóveis rurais estarem em regularidade com a 
Lei 12.601 de 2021, considerando-se a regularidade do registro no Cadastro Am-
biental Rural – CAR, ou em regularização, desde que tenha registro no CAR 
pendente de homologação ou tenha aderido ao Programa de Regularização Am-
biental – PRA ou, ainda, tenha firmado Termo de Compromisso próprio para a 
regularização de déficit de vegetação em Reserva Legal ou em Área de Preser-
vação Permanente, quando não for o caso de adesão ao PRA, para poderem 
iniciar suas atividades. 
 
5- BENEFÍCIOS DO TEXTO BASE APROVADO 
 
Controversa em grande parte do texto, a PL traz alguns benefícios que parecem 
ser unânimes entre os especialistas, como o avanço na transparência dos pro-
cessos de licenciamento ambiental com a obrigatoriedade de disponibilização 
de RIMA em linguagem de fácil entendimento em meio digital, a criação do Sis-
tema Nacional de Informações Sobre o Meio Ambiente -SINIMA, o incen-
tivo através da priorização da análise, dilação de prazos e outras condições es-
tabelecidas pela autoridade licenciadora à empreendimentos que adotarem tec-
nologias ou programas voluntários de gestão ambiental que, comprovada-
mente, permitam alcançar resultados mais rigorosos do que os padrões estabe-
lecidos pela legislação ambiental. 
 
A mobilização dos Congressistas para a discussão de um tema de tamanha im-
portância e o estabelecimento de uma regra geral para o Licenciamento Ambi-
ental no país é um grande avanço e de suma importância para a padronização 
dos procedimentos, atração de investimentos, dar segurança jurídica aos em-
preendedores e garantir a proteção do meio ambiente. 
 
 
 
 
30 
Contudo, deve-se ter muito cuidado com a ânsia pela desburocratização e com 
a pressão de determinados setores da economia exercem sobre os legisladores, 
de forma a não criarem uma Lei Geral permissiva e superficial quanto à análise 
técnica dos verdadeiros impactos ambientais causados pelos empreendimentos 
em um país tão grande e diverso em biodiversidade como o Brasil. 
 
6- PONTOS POSITIVOS DO PL DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL 
 
Instituído pela Lei Federal nº 6.938/1981, conhecida como a Política Nacional do 
Meio Ambiente, o licenciamento ambiental se fortaleceu no Brasil como um im-
portante instrumento de gestão ambiental e controle de poluição. 
 
Ao avaliar todos os possíveis impactos que a instalação e operação de um em-
preendimento ou atividade potencialmente poluidora podem gerar, esse impor-
tante instrumento de política pública se tornou a salvaguarda da garantia de um 
meio ambiente ecologicamente equilibrado nos dias atuais. 
 
Contudo, como todo instrumento de comando e controle, a sua implementa-
ção no dia a dia ainda é palco de inúmeros questionamentos, e ainda deixa muito 
a desejar, em especial a fim de garantir a segurança jurídica, tão necessária em 
tempos difíceis como os que vivemos. 
 
A inexistência de lei em âmbito federal, e uma quantidade infinita de normas 
esparsas e promulgadas por todos os entes da federação, acaba tornando o que 
era para ser um processo administrativo técnico e preciso um verdadeiro "balaio 
de gato". 
 
Pois bem. A fim de tentar acabar com o licenciamento como "instrumento de 
entrave" ao desenvolvimento sustentável, em maio deste ano, a Câmara dos 
Deputados aprovou o Projeto de Lei nº 3729/2004, conhecido como Lei Geral de 
Licenciamento Ambiental. E, na sequência, os autos foram encaminhados ao 
Senado Federal sob nº 2159/2021, relatoria da Senadora Katia Abreu. 
 
 
 
 
31 
Diz-se "a fim de" porque basta uma análise detalhada do seu inteiro teor para 
perceber que a sua redação trará, e muito (!), polêmicas e debates de toda or-
dem. Apesar de o PL tentar acabar com o famoso "custo Brasil", que todo em-
preendedor tem de enfrentar quando pensa em investir em nosso território, a 
minuta, infelizmente, ainda padece de melhorias. 
 
No entanto, com o intuito de contribuir na construção de uma proposta legislativa 
que ajude no adequado controle de poluição, seguem dez pontos positivos que, 
a nosso ver, devem ser mantidos pelo Senado Federal. São eles: 
 
1) Renovação automática das licenças ambientais; 
2) Melhor definição dos estudos ambientais exigíveis; 
3) Estabelecimento de prazos para os órgãos ambientaisse manifestarem no 
curso do processo de licenciamento, sejam as autoridades envolvidas, seja o 
próprio órgão licenciador; 
4) Novas modalidades de licenciamento ambiental; 
5) Possibilidade das licenças ambientais já contemplarem as autorizações de 
supressão de vegetação; 
6) Possibilidade de realização de estudos ambientais em conjunto; 
7) Limites para os órgãos ambientais definirem as condicionantes técnicas no 
processo de licenciamento ambiental, de modo que estas sejam proporcionais à 
magnitude dos impactos ambientais da atividade ou do empreendimento, e a 
possibilidade do empreendedor recorrer das condicionantes ambientais com 
efeito suspensivo; 
8) Manifestação dos órgãos intervenientes, entre eles o ICMBio, de maneira não 
vinculante; 
9) Dispensa da certidão de uso e ocupação do solo; 
10) Mudanças legislativas importantes, como o aumento da pena do artigo 60 da 
Lei de Crime Ambientais. 
 
Indiscutível, portanto, que há melhorias redacionais a serem realizadas no PL de 
Licenciamento Ambiental (PL nº 2159/2021), em especial sobre os limites de ati-
vidades dispensadas de licenciamento ambiental. No entanto, as modificações 
 
 
 
32 
legislativas acima citadas e debatidas nos últimos 17 anos precisam ser manti-
das para garantir um processo administrativo mais célere e menos burocrático. 
 
Desse modo, o que se espera é que o debate no Senado Federal não se limite 
a desavenças políticas, mas, sim, busque construir uma política pública que efe-
tivamente garanta o ecologicamente correto, economicamente viável, o social-
mente justo e o culturalmente aceito: a sustentabilidade ambiental. 
 
A CNM entende que existe a necessidade de uma Lei Geral de Licenciamento 
Ambiental, pois o Brasil até hoje não possui uma lei nacional para regular o pro-
cesso de licenciamento ambiental. Uma lei com normas gerais é importante para 
diminuir o número de conflitos, e também para esclarecer quais critérios de li-
cenciamento os entes federativos tem que obedecer, portanto se estes estiverem 
no formato de uma lei esse processo se tornará mais claro. 
 
O licenciamento ambiental é o principal instrumento da Política Nacional de Meio 
Ambiente (Lei Nº 6.938 de 1981). Com isso, a construção, instalação, ampliação 
e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos am-
bientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, 
de causar degradação ambiental dependem de prévio licenciamento ambiental. 
A previsão de estudo prévio de impacto ambiental para instalação de obra ou 
atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambi-
ente também está previsto no inciso IV do artigo 225 da Constituição Federal. 
 
As ações de licenciamento ambiental são de competência exclusiva dos órgãos 
integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), que é formado 
pelos órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
nicípios responsáveis pela proteção, melhoria e recuperação da qualidade am-
biental no Brasil. O licenciamento ambiental é, portanto, a ferramenta basilar que 
os Municípios possuem, como entes integrantes do Sisnama, para a concepção 
de empreendimentos corretos para controlar a poluição ou outras formas de de-
gradação do meio ambiente. 
 
 
 
 
33 
A competência legal de estabelecer normas e critérios para o licenciamento am-
biental a ser concedido pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios per-
tence ao Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). Atualmente, existem 
mais de 50 resoluções do Conama que regulamentam o licenciamento ambien-
tal, as principais são a Resolução CONAMA Nº 01 de 1986 e a Nº 237 de 1997. 
Esta última funciona quase como uma lei de licenciamento, no entanto existem 
diversas resoluções sobre empreendimentos setorialmente. Além dessas nor-
mas regulatórias infralegais, existem as legislações estaduais e municipais rela-
cionadas ao licenciamento. Em muitos casos, a legislação estadual e/ou munici-
pal está ferindo alguma Resolução do Conama ou, quando o Conama atualiza 
alguma norma o Estado e Município não adaptou ainda. Portanto, o quadro nor-
mativo de licenciamento ambiental não é simples (existem sobreposições, con-
fusões, conflitos), e tal variedade de regulamentações sobre o assunto divergen-
tes entre si gera insegurança jurídica. Porém, não há como negar que a aplica-
ção dessa legislação de licenciamento ambiental trouxe ganhos enormes para o 
país. 
 
O Brasil passou por uma evolução na qualidade ambiental por causa do controle 
dos empreendimentos e atividades que precisam de licença ambiental. Na se-
gunda metade do século passado, não havia nenhum controle da atividade in-
dustrial, por isso o problema da poluição se tornou recorrente no país. Essa evo-
lução da qualidade ambiental é resultado direto das normas de licenciamento 
ambiental. Por isso é importante criar um marco regulatório nacional sem perder 
os avanços que estão nas diversas normas ambientais vigentes, que estão dis-
persas, mas são importantes para o país. A criação da lei geral de licenciamento 
não deve trazer perdas nos avanços que já foram atingidos com a legislação 
ambiental. 
 
O licenciamento ambiental visa garantir que as medidas preventivas e de con-
trole adotadas em um empreendimento ou atividade sejam compatíveis com o 
desenvolvimento sustentável local, ou seja, busquem evitar impactos socioam-
bientais nos territórios. Dessa forma, seria garantida a preservação e a manu-
tenção da qualidade ambiental no local onde as pessoas vivem e exercem as 
 
 
 
34 
suas principais atividades: o Município. Por isso, é importante discutir a Lei Geral 
de Licenciamento e como esta afetará os Municípios. 
 
Para entender como o texto do projeto de lei afetará os Municípios, é importante 
compreender que os Municípios podem desenvolver dois tipos de estudos rela-
cionados ao licenciamento ambiental. Quando o licenciamento é de competência 
municipal e o impacto ambiental é local, os Municípios emitem as licenças am-
bientais e a autorização. Quando a competência é dos outros entes federativos, 
os Municípios emitem a Certidão de Uso do Solo e o Exame Técnico Municipal 
(ETM) para subsidiar o licenciamento que está a cargo da União ou do Estado. 
Esses dois documentos mencionados informam as normas e considerações téc-
nicas de ordem local para o outro ente federativo licenciador, conforme disposto 
no artigo 13, § 1º da Lei Complementar nº 140/11 e artigos 4º, § 1º, 5º, parágrafo 
único, e 10, § 1º, da Resolução Conama nº 237/97. Esses documentos munici-
pais informam as especificidades locais aos outros entes federativos, o que ga-
rante a uniformidade da política ambiental para todo o país, respeitando as pe-
culiaridades regionais e locais. 
 
A Certidão de Uso do Solo é prevista no art. 10, § 1º da Resolução Conama nº 
237/97 e possui base constitucional estabelecida pelo art. 30, VIII, que confere 
ao Município a competência para promover adequado ordenamento territorial, 
mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do 
solo urbano. Esse documento declara que o local e o tipo de empreendimento 
ou atividade estão em conformidade com a legislação aplicável ao uso e ocupa-
ção do solo e, quando for o caso, a autorização para supressão de vegetação e 
a outorga para o uso da água, emitidas pelos órgãos competentes. Ou seja, é 
apenas uma declaração simples indicando se a obra, empreendimento ou ativi-
dade está em consonância com a legislação urbanística municipal. Diferente-
mente do ETM, a Certidão de Uso do Solo tem caráter vinculante, pois atesta se 
a localização da obra, empreendimento ou atividade está conforme o Plano Di-
retor, Lei de Uso e Ocupação do Solo ou outra norma de cunho urbanístico mu-
nicipal. 
 
 
 
 
35 
O Artigo 17 da terceira versão do texto da Subemenda Substitutiva Global De 
Plenário éo ponto mais crítico para os Municípios do projeto de lei, pois dispensa 
a emissão da certidão de uso, parcelamento e ocupação do solo urbano emitida 
pelos Municípios no processo de licenciamento ambiental. Esse artigo retira a 
oitiva dos Municípios no licenciamento ambiental a cargo de outros entes fede-
rativos. 
 
A retirada de documentos basilares como a certidão de conformidade com o 
plano diretor e lei de uso e ocupação solo, bem como exame técnico municipal 
trará transtornos tanto para os empreendedores como para o órgão licenciado-
res, pois deixaria de ser analisado as questões peculiares de ordem local, sejam 
urbanísticas ou ambientais. Portanto, corre-se o risco de proceder ao licencia-
mento ambiental antes de tomar conhecimento se a atividade ou empreendi-
mento podem acontecer naquele local, acarretando em desperdício de tempo e 
recursos financeiros, caso a inviabilidade (ou não conformidade com a legislação 
local) só venha a ser identificada em um momento posterior. 
 
De fato, o conhecimento das condicionantes e restrições do Plano Diretor do 
Município se dá pela razão de que o referido documento abarca as diretrizes 
tanto da área urbana quanto rural, nos termos do Estatuto da Cidade (Lei Federal 
nº 10.257/01), sendo que o referido documento é detalhado por outras legisla-
ções de cunho urbanístico, como a lei de uso e ocupação do solo, parcelamento 
do solo, código de obras, tombamentos ou outras áreas com regramento de ocu-
pação, que podem interferir na decisão de emissão da primeira licença ambiental 
a ser concedida, especialmente no que toca ao fator localização do empreendi-
mento (zoneamento, diretrizes viárias, equipamentos urbanos, restrições ambi-
entais, culturais, entre outros). 
 
Se o projeto de lei permanecer retirando a oitiva dos Municípios do processo de 
análise e instrução do licenciamento ambiental a cargo da União e dos Estados, 
os órgãos licenciadores apenas analisarão os impactos dos empreendimentos 
ou atividades, não se atentando sequer para as condições de infraestrutura que 
já existam ou são desejadas no Município. Isso consiste em um retrocesso insti-
tucional, pois enfraquece a autonomia municipal no que se refere à sua gestão 
 
 
 
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ambiental. Tal mudança deixa o Município sem voz e sequer sem tomar conhe-
cimento formal dos empreendimentos licenciados por outros entes federativos. 
 
Além da Certidão de Uso do Solo, o órgão ambiental municipal pode emitir tam-
bém o Exame Técnico Municipal para trazer informações complementares de 
ordem local, veiculando as políticas públicas, normas e estudos ambientais lo-
cais para os órgãos licenciadores federais e estaduais, respectivamente Ibama 
e Secretarias, companhias, autarquias ou fundações estaduais. Com esse docu-
mento, o Município tem a oportunidade de elencar as condicionantes, restrições 
e dialogar com a sociedade, muitas vezes representada pelos Conselhos Muni-
cipais de Meio Ambiente, sobre os aspectos e impactos ambientais da obra, em-
preendimento ou atividade. O ETM é importante para que o empreendedor co-
nheça de antemão a realidade municipal onde conduzirá suas atividades, tendo 
noção das políticas e restrições de caráter ambiental constantes da legislação 
municipal, trazendo maior segurança ao processo de licenciamento de impacto 
nacional, regional ou estadual. O Ibama ou os órgãos ambientais estaduais só 
realizarão o licenciamento após considerarem o exame técnico procedido pelos 
órgãos ambientais dos Municípios em que se localizar a atividade ou empreen-
dimento, bem como, quando couber, o parecer dos demais órgãos competentes 
envolvidos no procedimento de licenciamento. 
 
Por fim, é importante apontar que o exame técnico municipal consiste numa ex-
celente e singular oportunidade para o Município elencar suas condicionantes, 
restrições e dialogar com a sociedade (comumente representada pelos Conse-
lhos Municipais de Meio Ambiente) sobre os aspectos e impactos ambientais da 
obra, empreendimento ou atividade que ocorrerão nos seus limites territoriais. 
Por isso, seria importante apontar a possibilidade do Exame Técnico Municipal 
na Lei Geral de Licenciamento Ambiental. 
 
A CNM compreende a necessidade de um marco legal do licenciamento ambi-
ental, porém existem outras ações de suma importância para trazer mais efici-
ência para o processo de licenciamento no país. É primordial estruturar os ór-
gãos gestores ambientais com aumento de equipe e primar pela constante ca-
pacitação de recursos humanos e produção de conhecimento técnico, assim 
 
 
 
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como também investir em processos e procedimentos, especialmente por meio 
da informatização. A melhoria do licenciamento é fundamental para tutelar o am-
biente como bem público, de uso comum do povo e essencial à boa qualidade 
de vida da população. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7- REFERÊNCIAS 
 
BENJAMIN, Antonio Herman V. Introdução ao direito ambiental brasileiro. P. 41-
91. In: Doutrinas Essenciais de Direito Ambiental. V. I. Organizadores: MA-
CHADO, Paulo Affonso; MILARÉ, Édis. São Paulo: Editora Revista dos Tribu-
nais, 2011. p. 45. 
 
BOSSELMANN. Klaus. The Principle of Sustainability: Transforming Law and 
Governance. Farnham: Ashgate, 2009. p. 131. 
 
FENSTERSEIFER, Tiago; SARLET, Ingo Wolfgang. Princípios do Direito Ambi-
ental. São Paulo: Saraiva, 2014. p. 61. 
 
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 22ª 
ed. São Paulo: Saraiva, 2008. 
 
BRASIL. Ministério do meio ambiente. On-line. Disponível em: 
http/www.cmrh.gov.br/sitio.Acesso em 06/05/2021.

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