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HISTÓRIA ANTIGA

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HISTÓRIA 
ANTIGA
Caroline Silveira Bauer
História Antiga
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Reconhecer as origens e periodizações da História Antiga.
  Identificar os diferentes tipos de fontes investigativas em História Antiga.
  Relacionar os principais temas estudados em História Antiga.
Introdução
Muitas produções artísticas e culturais são responsáveis pelas imagens 
que as pessoas costumam ter em mente ao pensar na História Antiga. 
Essas representações estão constantemente interpelando a produção 
historiográfica e, por sua vez, a historiografia problematiza as formas 
de uso desse passado. Mas, para além da interação entre uma história 
acadêmica e uma “história pública”, que outros questionamentos são 
possíveis a respeito da História Antiga? Será que todos os povos, de todo 
o mundo, se encontraram, ao mesmo tempo, em um momento histórico 
chamado “História Antiga”? Quem criou essa nomenclatura e com quais 
interesses? Como enfrentar o debate sobre o ensino da História Antiga 
e do eurocentrismo?
Neste capítulo, você vai estudar a História Antiga. Você vai ver como 
ela surgiu e se consolidou dentro da historiografia. Você também vai 
conhecer algumas fontes utilizadas para a escrita da história desse pe-
ríodo. Por fim, vai conhecer alguns autores, brasileiros e estrangeiros, 
pesquisadores do período, bem como alguns temas da História Antiga.
História Antiga: um campo historiográfico
Antes de verifi car o que é a História Antiga ou Antiguidade (também chamada 
de Antiguidade Clássica e Oriental — as denominações são muitas), você 
deve refl etir sobre a periodização na história. Os períodos históricos são 
determinadas épocas cujo recorte pode ser estabelecido por fatos culturais, eco-
nômicos, ideológicos, nacionais, políticos, religiosos e sociais, estabelecendo 
rupturas em relação a uma época anterior. Essas divisões são artifi ciais, e o 
seu emprego pode ocultar a pluralidade de concepções de história e de tempo, 
como ocorre com a divisão quadripartite da história em antiga, medieval, 
moderna e contemporânea. A Revolução Francesa (1789), nessa proposição, 
é considerada o marco para o início da História Contemporânea. Mas será 
que essa periodização serve para compreender o que acontecia na África ou 
no Brasil naquele momento? O ano de 1789 é um marco para esses outros 
dois continentes, faz sentido apenas para a realidade europeia, ou será que é 
somente uma data francesa?
E como adaptar as formas de contagem do tempo das sociedades antigas às 
formas ocidentais de datação? Os gregos contavam os anos a partir da realização 
da primeira olimpíada; os romanos, a partir da fundação de Roma; os súditos 
dos reinos do Oriente Próximo orientavam-se pelos anos dos reinados de seus 
soberanos; e outras tantas sociedades utilizavam fenômenos naturais como 
formas de medir o tempo. Como conciliar essa multiplicidade de experiências 
com o calendário cristão?
Os historiadores atribuem o surgimento da ideia de uma história antiga ao 
Renascimento, período em que se recuperam algumas concepções do “mundo 
clássico” greco-romano. A citação a seguir é longa, mas é bastante importante 
para você compreender essa “construção” do mundo antigo:
O que hoje denominamos de História Antiga foi, no princípio, um movimento 
cultural e literário de produção de memória a partir de textos e objetos. Após 
a dissolução do Império Romano ocidental, a lembrança de um passado pré-
-cristão foi aos poucos se dissolvendo. [...] A partir do século XII, esses textos 
passaram a ser cada vez mais procurados e difundiu-se, a partir da Itália, a 
ideia de que eles representavam algo diferente da cultura contemporânea: eram 
a herança escrita dos antigos. Muitos pensadores, poetas, artistas e curiosos 
da natureza começaram a debruçar-se sobre esses textos, extraindo os livros 
originais das grandes compilações manuscritas. A ideia de que tinha havido 
um mundo “antigo”, anterior ao cristianismo, com uma cultura rica e singular, 
difundiu-se, aos poucos, pelas cortes europeias e pelos literatos. Essa cultura 
laica, livre do domínio da Igreja, parecia muito adequada aos novos tempos. 
Fornecia novos padrões estéticos, novas formas de pensar as relações entre 
sociedade e Estado, de valorizar a riqueza e o comércio, de projetar novos 
futuros. [...] A queda de Constantinopla para os turcos, no século XV, acentuou 
a redescoberta de textos gregos, ao mesmo tempo em que colocou, de forma 
dramática, a oposição entre a Europa cristã e clássica e o mundo islâmico. As 
antigas ruínas, às quais não se prestava atenção, passaram a ser consideradas 
testemunhos desse mundo “antigo”. Edifícios foram descritos ou desenhados, 
estátuas e pinturas foram resgatadas, inscrições foram copiadas, moedas foram 
História Antiga2
colecionadas e formaram-se as primeiras coleções de objetos “antigos”. O 
impacto na cultura erudita, dos sábios e das cortes europeias, foi imenso. É 
a esse processo que se dá o nome equivocado de Renascimento. Não foi um 
renascer passivo, mas uma reconstrução profunda da memória, com objetivos 
bem presentes: rejeitar uma parte do passado mais recente, definindo-o como 
“Idade Média” ou “Idade das Trevas”, para construir uma nova identidade, 
voltada para o presente e para o futuro (GUARINELLO, 2014, p. 173–176).
Posteriormente, a nomenclatura “História Antiga” vai se afirmando como 
um “período histórico”, na medida em que a história adquire contornos de 
cientificidade. Ao longo do século XIX, torna-se hegemônica junto às ideias 
de civilização, nação e progresso para compreender a história universal em 
uma lógica linear, em que cada etapa deve “[...] supostamente desenvolver 
forças que estariam contidas, em gestação, nas etapas anteriores. Assim é 
que o Renascimento sucede à Idade Média e inaugura os Tempos Modernos” 
(GRUZINSKI, 2001, p. 58).
Você deve notar ainda que: “a ideia de um tempo linear acompanha-se em 
geral da convicção de que existiria uma ordem das coisas. Custamos a nos livrar 
da ideia de que todo sistema possuiria uma espécie de estabilidade original a 
que ele tenderia inexoravelmente” (GRUZINSKI, 2001, p. 58). 
E o que isso significou para a narrativa histórica? “A civilização grega (e a 
tradição cristã) e sua história foram redefinidas para serem menos orientais e 
africanas, mais europeias. Foram, assim, apropriadas como herança exclusiva da 
Europa Ocidental” (SOVIK, 2009, p. 57). Veja o que afirma Silva (2018, p. 76):
A tradicional seleção quadripartite da história, somada a uma temporalidade 
linear, nos leva a crer que a origem de quase todos os processos históricos está 
no ocidente branco e cristão. [...] Porém, outras articulações entre passado, 
presente e futuro são possíveis. Diferentes contatos culturais na história pro-
vocaram misturas, mas também alterações nas formas de conceber o tempo 
e os processos históricos que nos orientam. [...] Também é muito destacada 
a cultura greco-romana como matriz da cultura ocidental e de uma cultura 
erudita, embora se possa estudar também a história antiga através dos contatos 
entre diferentes culturas constituintes do oriente e do ocidente.
A História Antiga foi concebida como o período que vai do surgimento da escrita 
(aproximadamente 4000 a.C.) à queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.).
3História Antiga
Como você deve imaginar, há críticas à História Antiga enquanto dis-
ciplina. Muitas vezes, ela é encarada como uma disciplina imperialista, 
já que disseminou uma narrativa focada em processos europeus como 
influenciadores de fenômenos globais. Porém, grande parte das críticas 
é embasada por um contexto de desconhecimento a respeito da refor-
mulação da disciplina, que traz propostas cada vez menos imperialistas 
(FRANCISCO, 2017).
Considere, por exemplo, que a História Antiga tradicional tem se reor-
ganizado; muitas vezes, é denominada “História do Mediterrâneo Antigo”. 
Assim, ela deixa de ser tanto uma históriageneralista/universal como uma 
história clássica. Isso faz com que as partes do mundo que não participaram 
efetivamente da História Antiga deixem de ser necessariamente periféricas 
e se tornem espectadoras de uma experiência alheia, o que não deixa de 
ser, como pontua Francisco (2017), um exercício de alteridade. Considere 
ainda que:
Essa situação parece ter especial importância por dois motivos. O primeiro é 
a base da crítica à História Antiga. Em termos panfletários, pode-se dizer que 
ela não nos serve, que ela é necessariamente imperialista, que ela contribuiu 
para a organização de uma identidade periférica na maior parte do planeta, 
inclusive no Brasil. Muitos desses argumentos são bastante válidos, mas 
sua validade é parcial. A História Antiga vem mudando e essas mudanças 
apresentam um forte componente autocrítico. Por exemplo, a perspectiva 
racista dos Estudos Clássicos ao longo do século XIX e XX, apresentada 
por Martin Bernal (1990), ainda é tema de debate e promoveu uma ampla 
reflexão sobre alguns critérios narrativos da História Antiga. O que quero 
dizer é que a crítica estabelecida à História Antiga (se ela é importante ou 
não para nós) deveria partir de um conhecimento mais profundo do campo. 
Sem isso, restam apenas impressões um tanto desatualizadas sobre ela, o 
que afeta sensivelmente a qualidade do argumento crítico (FRANCISCO, 
2017, p. 55–56).
Além disso, como afirma Francisco (2017), hoje se desenvolve uma cons-
ciência crítica em relação à História Antiga. Atualmente, é mais aceita a 
ideia de que não é possível elaborar narrativas em termos exclusivos de uma 
herança cultural. Isto é: sabe-se que não existe uma linha direta entre o mundo 
contemporâneo e o antigo. O fato de existirem elementos “antigos” presentes 
no cotidiano atual não significa que a contemporaneidade seja herdeira dos 
gregos e dos romanos; talvez signifique, contudo, que tenha herdado um 
projeto moderno europeu que estabeleceu uma trajetória civilizatória a partir 
História Antiga4
da História Antiga. Nesse sentido, você deve considerar que o afastamento 
desse processo funciona como uma nova tomada de posição: a própria noção 
de periferia pode ser reavaliada (FRANCISCO, 2017).
Assim, um dos desafios para a historiografia do século XXI é romper 
com a concepção de História Antiga como parte de uma história universal 
e como ponto de partida para o estudo da civilização ocidental. Será neces-
sário refletir de forma mais global os processos de integração realizados no 
Oriente Médio e no Mediterrâneo entre os séculos X a.C. e V d.C, interli-
gando África, Ásia e Europa. É preciso repensar a perspectiva eurocêntrica 
e linear da História Antiga, bem como a sua leitura a partir de conceitos 
como civilização, nação e progresso.
Fontes para pesquisa
Uma fonte histórica é determinado documento (escrito, material, oral, visual) 
que possibilita ao historiador elaborar suas narrativas históricas, fornecendo 
evidências, indícios e rastros sobre determinado passado. Algumas sociedades 
deixaram inúmeros materiais que podem ser convertidos em fontes históricas. 
Em outras, esses registros podem ter sido destruídos com a passagem do 
tempo ou deliberadamente, pela ação do homem. Há ainda aquelas em que, 
culturalmente, as transmissões geracionais são feitas de forma oral, e muitas 
informações acabam se perdendo.
Enfim, são múltiplas as razões pelas quais atualmente existe mais ou 
menos acesso às culturas escrita, material, oral e visual de uma sociedade. 
Além disso, cada uma dessas fontes pressupõe conceitos, metodologias e 
teorias específicas, como a arqueologia, a etnografia, a paleografia, etc. 
Considerando as sociedades egípcia, grega, mesopotâmica e romana, que 
fontes podem ser utilizadas para a escrita da história? A seguir, você vai 
ver alguns exemplos.
Arqueologia: trabalhando com a cultura material
A arqueologia é considerada uma ciência que trata particularmente da 
cultura material das sociedades, de tudo o que se refere à vida humana, no 
passado e no presente. Existem muitas subáreas, resultantes da especiali-
zação em alguns períodos, em alguns métodos ou até mesmo em locais a 
serem pesquisados.
5História Antiga
No link a seguir, assista à websérie Conhecendo a Arqueologia e aprenda mais sobre o 
trabalho de um arqueólogo.
https://qrgo.page.link/zDRWf
Você sabe o que é cultura material? Veja o que afirma Meneses (1983, p. 112):
Por cultura material poderíamos entender aquele segmento do meio físico 
que é socialmente apropriado pelo homem. Por apropriação social convém 
pressupor que o homem intervém, modela, dá forma a elementos do meio 
físico, segundo propósitos e normas culturais. Essa ação, portanto, não é 
aleatória, casual, individual, mas se alinha conforme padrões, entre os quais 
se incluem os objetivos e projetos. Assim, o conceito pode tanto abranger 
artefatos, estruturas, modificações da paisagem, como coisas animadas (uma 
sebe, um animal doméstico), e também o próprio corpo, na medida em que ele é 
passível desse tipo de manipulação (deformações, mutilações, sinalizações), ou 
ainda os seus arranjos espaciais (um desfile militar, uma cerimônia litúrgica).
Assim, podem ser considerados cultura material: objetos de uso pessoal, 
roupas, artefatos, cerâmicas, ferramentas feitas em madeira, pedra e metal, 
moedas, joias, construções arquitetônicas, monumentos, maquinários, habita-
ções, etc. Como as fontes escritas não são abundantes para o caso da História 
Antiga, é necessário seguir as recomendações de Febvre (1985, p. 249): 
A história faz-se com documentos escritos, sem dúvida. Quando eles exis-
tem. Mas ela pode fazer-se, ela deve fazer-se sem documentos escritos, se 
os não houver. [...] Numa palavra, com tudo aquilo que pertence ao homem, 
depende do homem, serve o homem, exprime o homem, significa a presença, 
a atividade, os gostos e as maneiras de ser do homem.
Ao estudar esses artefatos, o arqueólogo ou o historiador extrapola a questão 
utilitária do objeto e pensa nas relações de sua produção, seu comércio e sua 
circulação, bem como nos significados que as sociedades lhe atribuem. Desse 
modo, é possível estudar formas de convivência, de comércio, de relações 
sociais; tudo isso a partir de um único objeto.
História Antiga6
Paleografia: transcrevendo outros mundos
A paleografi a é uma prática para o estudo da escrita antiga e a transcrição de 
sua caligrafi a ou de seus símbolos. Essa técnica está presente desde os primeiros 
“tradutores” dos hieróglifos e da escrita cuneiforme e foi se especializando 
ao longo do tempo.
Você já ouviu falar sobre a Pedra de Roseta? Ela é um documento his-
tórico muito importante para o estudo da sociedade egípcia, pois, além de 
permitir a decifração dos hieróglifos, ofereceu aos historiadores vestígios 
sobre o funcionamento dos sistemas cultural, econômico e político do Egito 
na época ptolomaica (III a II a.C.). Esse bloco de granito (Figura 1) foi 
encontrado em 1799, durante as escavações de uma comitiva francesa na 
cidade de Roseta, e uma primeira tradução foi feita por Champollion, que 
utilizou algumas práticas já empregadas para tentar interpretar os antigos 
hieróglifos (SALES, 2007).
Figura 1. Pedra de Roseta.
Fonte: Curiosidades... (2019).
7História Antiga
Filosofia, literatura, teatro e religião
Os escritos fi losófi cos, literários e teatrais, bem como as práticas religiosas, 
são fontes inestimáveis para o estudo das sociedades antigas. Para os gregos, 
por exemplo, o teatro era uma forma muito importante de relação social. São 
diversas as formas de os homens se relacionarem com a natureza e entre si 
mesmos, o que gerou diferentes mitos e cosmogonias. Além disso, o pensamento 
fi losófi co deixou um legado para a humanidade.
Considere dois exemplos que são obras de referência para o estudo da 
história grega: a Ilíada e a Odisseia. Ambos os textos são poemas épicos 
cuja autoria é atribuída a Homero e que permitem conhecer alguns costumes 
e algumas tradições daGrécia antiga. A Ilíada narra alguns episódios entre 
o 9º e o 10º ano da Guerra de Troia. Já a Odisseia narra o retorno de Ulisses 
após a Guerra de Troia para a sua cidade natal, Ítaca.
Temáticas de pesquisa
Desde a constituição da história enquanto disciplina, no século XIX, houve 
interesse na pesquisa e no estudo da Antiguidade. Contudo, o desenvolvimento 
dessas investigações foi distinto de acordo com o período histórico e com o 
local de produção. Naquela conjuntura, por exemplo, a história do mundo antigo 
estava ligada a um pensamento nacional, e houve uma instrumentalização da 
Antiguidade para forjar histórias e identidades nacionais. A ideia era buscar as 
origens em um passado longínquo glorifi cado, procurando legitimar práticas 
do presente.
Porém, conforme a história da historiografia foi debatendo seus métodos 
e suas teorias, bem como a relação que as sociedades desenvolvem com a 
história, houve mudanças na forma de pesquisar e estudar a Antiguidade. 
Veja o que afirma Silva (2010, p. 99):
Ainda no domínio dos avanços epistemológicos, a História da Antiguidade 
Clássica, e do mundo antigo de maneira geral, tem sido acompanhada, ao 
longo dos últimos anos, principalmente a partir do início da década de 1990, de 
grandes mudanças ocorridas nos domínios da História. A consciência de que 
o historiador produz, com seu ofício, espaços, tempos, indivíduos e práticas, 
ao passo em que ele próprio se encontra inserido em contextos e conjunturas 
específicas, aportou, desde algumas décadas, significativas mudanças para 
a epistemologia da História Antiga. A convicção por parte de muitos histo-
riadores da cultura, mas não só, de que os objetos são criados, constituídos 
História Antiga8
e de que o historiador é também uma espécie de narrador tem conferido um 
deslocamento da acentuação de grandes paradigmas explicativos do mundo 
antigo (que estabeleciam conhecimentos definitivos e sínteses totalizadoras 
a respeito da cidadania, da escravidão, das relações sociais, das instituições) 
para uma História Antiga que se quer mais plural, mais diversa.
Assim, você pode considerar que a possibilidade de estudos em História Antiga 
é bastante variada, dependendo da disponibilidade de fontes e das problemáticas 
elaboradas pelos pesquisadores. Existem estudos que se dedicam a analisar a 
história de determinadas sociedades (egípcios, sumérios, babilônicos, hebreus, 
gregos, romanos, berberes, dálmatas, trácios, núbios), suas relações sociais, suas 
estruturas políticas e sua cultura. É possível ainda estabelecer recortes mais 
delimitados, trabalhando com os escravizados ou as mulheres, por exemplo.
Além disso, existem estudos que se dedicam às regiões, chamando a aten-
ção para a especificidade geográfica e para a relação do homem com o meio. 
Também há pesquisas que problematizam o que é ser ocidental ou oriental. 
Ainda, existem os estudos que se dedicam às produções culturais e também 
à historiografia produzida sobre a História Antiga desde o Renascimento, 
passando pelo século XIX e chegando aos dias de hoje.
Entre as mais diversas temáticas e entre os incontáveis profissionais que se dedicam 
ao estudo da História Antiga, dois deles seguem como referência para as pesquisas 
na área. O primeiro deles, Moses Finley, historiador inglês, elaborou suas análises 
realizando críticas a uma historiografia da Antiguidade de viés marxista, relatando os 
problemas de utilizar o conceito de classe social na Antiguidade Clássica e sugerindo, 
em seu lugar, as ideias de ordem ou status para se referir a determinados grupos 
sociais. Outro grande pesquisador na área é o francês Jean-Pierre Vernant, que, por 
meio de um trabalho interdisciplinar, congregando a antropologia, a sociologia, a 
psicologia e a história, estudou os símbolos e a dimensão do simbólico, bem como a 
sua importância para o homem grego.
Embora os temas de pesquisa em História Antiga tenham sido muito am-
pliados desde os anos 1990, a dificuldade de construir uma visão plausível de 
qualquer aspecto da sociedade para além dos mais altos estratos de riqueza, 
poder ou status social continuou sendo uma característica marcante da disci-
plina, em contraste com os desenvolvimentos ocorridos nas ciências sociais 
9História Antiga
e em outros campos da história. Nos últimos anos, porém, a reflexão mais 
aprofundada sobre o lugar da História Antiga no mundo atual têm levado os 
classicistas e historiadores da Antiguidade a colocar questões de um modo 
diverso e mais dinâmico. Afinal, hoje a tradição clássica deixou de ser domi-
nante e há a emergência de centros periféricos de pesquisa em países como 
o Brasil, com suas experiências de exclusão, violência e desigualdade social. 
Assim, temáticas como gênero, sexualidade, relações escravistas e ainda o 
cotidiano passaram a ser exploradas pelos historiadores.
A pesquisa sobre História Antiga no Brasil
Nos últimos anos, houve uma expansão do campo de pesquisas sobre a História 
Antiga no Brasil. Isso ocorreu devido a novas problemáticas advindas de 
refl exões conceituais, teóricas e metodológicas, bem como por um acesso mais 
facilitado às fontes primárias, por meio de recursos digitais (BELLEBONI-
-RODRIGUES; SILVA, 2012). Essas alterações foram fundamentais para que 
se repensasse o que era compreendido como Antiguidade e para que houvesse 
mudanças nos métodos, nos objetos e na abordagem das pesquisas.
O impacto dessas transformações na produção brasileira pode ser atestado 
qualitativa e quantitativamente pelo número de trabalhos inscritos nos sim-
pósios temáticos dos encontros regionais e nacional da Associação Nacional 
de História (ANPUH), pelo aumento do número de eventos específicos e pelo 
surgimento de grupos e laboratórios de pesquisas. De acordo com Funari, 
Silva e Martins (2009 apud SILVA, 2010, p. 103):
Houve uma ampliação de objetos de pesquisa, de paradigmas interpretativos, 
mas, o que não é menos importante, houve uma significativa ampliação do 
universo social dos historiadores do mundo antigo. O caráter aristocrático 
da História, e da História Antiga, em particular, foi superado pela inclusão 
de estudiosos não oriundos das elites, cuja formação intelectual e acadêmica 
não era de berço, mas aprendida, tanto no Brasil como, de maneira crescen-
te, também no estrangeiro. Os paradigmas interpretativos tradicionais, que 
enfatizam a homogeneidade social e o respeito às normas foram, de forma 
crescente, contrapostos às visões multifacetadas e atentas ao conflito.
Silva (2010) afirma que houve, no Brasil, um progressivo abandono de 
abordagens aristocráticas e elitistas da história, baseadas em histórias nacionais. 
Além disso, passou-se a desenvolver uma História Antiga mais problematizada, 
com reflexões sobre os discursos, menos linear e menos presentista:
História Antiga10
Desprovida de vínculos com uma tradição de estudos clássicos estabelecida 
e com vínculos que a ligam a uma fictícia história nacional (Roma antiga/
Roma moderna, Gália/França, Germânia/Alemanha, Bretanha/Inglaterra, 
e.g.), a História Antiga desenvolvida no Brasil, e em outros países vistos 
como periféricos no cenário historiográfico mundial da disciplina, beneficia-
-se de um não comprometimento ou de um comprometimento menor com 
questões identitárias nacionais, que comumente afetaram a produção de 
conhecimento nesse campo. [...] O grande número de temas e subtemas de 
livros, de autoria individual ou coletiva, de colóquios entre especialistas e 
de atas publicadas desses mesmos colóquios apontam para um novo rumo 
nas pesquisas sobre a Antiguidade no Brasil. Nesses, palavras como identi-
dades, diversidade, fronteiras, margens, imagens, símbolos, representações, 
percepções, encontros, conflitos, presença, usos do passado etc., indicativas 
de inovadoras preocupações epistemológicas, apontam para uma Antiguidade 
cujas leituras têm sido menos normativas e mais problematizadas (SILVA, 
2010, p. 104–105).
No Brasil, um marco significativo no desenvolvimento de pesquisassobre 
a História Antiga foi a organização em torno de sociedades e grupos de 
trabalho e pesquisa, que, além dos historiadores, congregaram pesquisadores 
de outras áreas, como a arqueologia, a filosofia e as letras. A organização 
da pesquisa nesses grupos deu origem à Sociedade Brasileira de Estudos 
Clássicos, fundada em 1985 (SILVA, 2010). Como exemplos de grupos 
de trabalho e pesquisa que, além de congregar pesquisadores, organizam 
eventos nacionais e internacionais e publicam revistas, você pode conside-
rar: Laboratório de Estudos do Império Romano (LEIR–USP), Laboratório 
de História Antiga (LHIA–UFRJ) e Núcleo de Estudos da Antiguidade 
(NEA–UERJ), entre muitos outros.
Destacam-se pelo pioneirismo os trabalhos de Pedro Paulo Funari, de Ciro Flamarion 
Cardoso, bem como de uma geração de pesquisadores que defenderam suas teses de 
doutorado relacionadas à temática da História Antiga nos anos 2000. Entre eles: Nathália 
Monseff Junqueira, que analisa os usos do passado egípcio na França oitocentista e 
a questão da identidade; Glaydson José da Silva, que trata das questões de gênero 
em documentação literária; e Luciane de Munhoz Omena, que aborda os setores 
subalternos romanos como atores políticos à luz da obra de Sêneca (BELLEBONI-
-RODRIGUES; SILVA, 2012).
11História Antiga
BELLEBONI-RODRIGUES, R. C.; SILVA, S. C. Os desafios e a importância da história antiga 
na formação do professor de história. In: BATISTA, E. L.; SILVA, S. C.; SOUZA, T. N. (org.). 
Desafios e perspectivas das ciências humanas na atuação e na formação docente. Jundiaí: 
Paco Editorial, 2012, v. 5.
CURIOSIDADES sobre a Pedra de Roseta. In: SEBO Itinerante. [S. l.: s. n.], 2016. Disponível 
em: https://seboitineranteblog.wordpress.com/2016/05/29/curiosidades-sobre-a-
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FEBVRE, L. Combates pela história. Lisboa: Presença, 1985.
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GRUZINSKI, S. O pensamento mestiço. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
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