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Aula 01 - Patrimônio

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Contabilidade | Marcelo Adriano 
Aula 2: O Patrimônio 
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Aula 2: O Patrimônio 
 
1. Introdução 
1.1. Sobre a aula. 
Abordaremos hoje o objeto da Contabilidade: o patrimônio. 
Veremos seus elementos, significados e definições, levando em consideração o que 
expressa o CPC. Fique atento porque esses conceitos são básicos para o entendimento 
de “toda” Contabilidade. 
Veja os tópicos que serão abordados: 
1. Introdução 1 
2. Representação do Patrimônio 2 
2.1. Graficamente (balanço patrimonial): 2 
2.2. Matematicamente: 4 
3. Elementos Patrimoniais 5 
3. Natureza dos elementos patrimoniais 25 
3.1. Contas patrimoniais devedoras e credoras 25 
3.2. Contas patrimoniais retificadoras ou redutoras 30 
4. Situações Patrimoniais 32 
4.1. Situação Líquida Positiva, Superavitária, Favorável, Ativa: 32 
4.1.1. Ativo igual à situação Líquida. 33 
4.1.2. Ativo maior que o Passivo Exigível 34 
4.2. Situação líquida nula ou compensada: 35 
4.3. Situação líquida negativa, deficitária, desfavorável, passiva ou passivo a 
descoberto 37 
4.3.1. Ativo existente, mas menor que o Passivo Exigível 37 
4.3.2. Passivo Exigívo igual à Situação Líquida: 38 
5. Relação entre os grupos em que se subdivide o patrimônio: 41 
6. Questões gabaritadas 45 
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1.2. Contextualização 
Tendo como base os conhecimentos introdutórios, é necessário iniciar o estudo do 
patrimônio de forma mais técnica, entendendo seus elementos, suas características e 
as denominações relacionadas a cada um para que se possa identificar o que de 
essencial é necessário para entender o que pedem as questões de prova. 
 
2. Representação do Patrimônio 
Antes de estudar os elementos patrimoniais, é preciso conhecer a representação do 
patrimônio, conhecendo o posicionamento dos grupos que o compõe. 
O patrimônio pode ser representado graficamente e matematicamente. 
2.1. Graficamente (balanço patrimonial): 
O patrimônio pode ser representado graficamente pela figura do Balanço Patrimonial. 
Esse é um demonstrativo contábil que apresenta a estrutura patrimonial e financeira 
da entidade, contendo nele todos os elementos relacionados a bens, direitos (Ativo) 
e obrigações (Passivo Exigível), apresentando as origens de recursos (Passivo Exigível 
e Patrimônio Líquido) e aplicação de recursos (Ativo). 
Fique tranquilo que no decorrer das aulas você aprenderá e entenderá o que significa 
cada um desses termos (Ativo, Passivo Exigível, Patrimônio Líquido, origens e 
aplicação de recursos) 
A divisão padronizada agrupa do lado esquerdo o conjunto de bens, direitos 
formando o que se denomina de Ativo. Já do lado direito, formando o Passivo Total, 
fica disposto o total de obrigações exigíveis, formando o Passivo Exigível, juntamente 
com o Patrimônio Líquido. 
Mas que vem a ser Patrimônio Líquido? 
Também denominado Situação Líquida, o Patrimônio Líquido é o resultado da 
subtração entre parte positiva do patrimônio, bens e direitos, e a negativa, as 
obrigações. É o resíduo, o que “sobra” (em valor) depois de somados todos os bens 
e direitos e subtraídas as obrigações exigíveis. É a parcela de bens e direitos que ficaria 
com o proprietário caso a empresa fosse extinta, pois, se isso ocorresse, seriam 
liquidados todos os seus bens e direitos e, após serem pagas todas as obrigações 
exigíveis, o restante lhes seria entregue. 
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Atenção para o termo “Passivo”, pois ele pode ser utilizado com duas conotações 
distintas: 
(1) Como sinônimo do Passivo Total, ou seja, o montante total das origens de recursos 
formado pelo Passivo Exigível (obrigações) e pelo Patrimônio Líquido (diferença entre 
a soma de bens e direitos e a soma das obrigações); e 
(2) Como sinônimo de Passivo Exigível, ou seja, conjunto de obrigações. 
(CESPE – 2014) Julgue os itens a seguir, acerca de patrimônio e conceitos correlatos. 
O balanço patrimonial de uma empresa representa graficamente a sua situação 
patrimonial. 
Comentário: 
O Balanço Patrimonial apresenta as origens e aplicações de recursos de um 
patrimônio, demonstrando a estrutura patrimonial e financeira da entidade, contendo 
nele todos os elementos relacionados a bens e direitos (Ativo); e obrigações (Passivo 
Exigível); Sob outro ponto de vista, pode-se classificar em origens de recursos (Passivo 
Exigível e Patrimônio Líquido); e aplicação de recursos (Ativo), conforme figura a baixo. 
 
Gabarito: certo 
CESPE Acerca da equação fundamental do patrimônio, julgue o item seguinte. 
O ativo corresponde à soma do passivo e do patrimônio líquido. 
Comentário: A equação fundamental do patrimônio assim expressa: A = P + PL, onde 
A representa o Ativo (conjunto de bens e direitos), P representa o Passivo (Conjunto 
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das obrigações exigíveis) e PL representa o Patrimônio Líquido (interesse residual nos 
ativos depois de deduzidas as obrigações). 
Veja que a expressão “Passivo”, nesse caso, foi utilizada para representar o Passivo 
Exigível. 
Gabarito: certo 
Considerando a equação patrimonial: Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido, é correto 
afirmar que o Ativo representa as aplicações dos recursos captados pela entidade, que 
têm origem no Passivo. 
2.2. Matematicamente: 
Por intermédio da sua equação fundamental pode-se assim definir o Patrimônio: 
Ativo = Passivo1 + Patrimônio Líquido (A = P + PL). Assim, cada grupo pode ser 
definido conforme a variação dessa equação: P = A - PL; PL = A - P. 
(CESPE 2018) Na equação patrimonial ativo = passivo + patrimônio líquido, o 
patrimônio líquido está diretamente relacionado ao ativo. 
Comentário: levando em consideração a mesma equação escrita de forma que se 
entenda a real natureza do PL (Patrimônio Líquido), ou seja, o resultado da subtração 
do valor do Passivo do Valor do Ativo, tem-se: PL = A - P. Veja que, sempre que o 
Ativo tem seu valor aumentado, sem que haja alteração no Passivo, o PL tem seu valor 
aumentado de forma proporcional. 
Exemplo: 40 (PL) = 100 (A) – 60 (P) 
Se o valor do Ativo for aumentado em 10, ou seja, 110, o valor do PL receberá um 
acréscimo de mesmo valor, ou seja, subirá para 50. 
Gabarito: certo 
(CESPE) Ao efetuar a aquisição de veículo a prazo, têm-se aumento do ativo e do 
passivo, não sendo afetado o patrimônio líquido. 
Comentário: 
Como o Patrimônio Líquido é o resultado da subtração entre Ativo e Passivo Exigível, 
a sua alteração depende basicamente da alteração desses elementos patrimoniais 
assim se processando: 
 
1 Não há padronização para a denominação das obrigações, hora chamada de Passivo, que confunde com o Passivo 
Total, hora chamada de Passivo Exigível. 
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(1) Aumenta o PL: aumentos de Ativo e/ou reduções do Passivo Exigível; 
(2) Reduções do PL: reduções de ativo e/ou aumentos de Passivo Exigível; 
Porém, para que tais alterações se processem não deve haver compensações que 
anulem as alterações no Ativo ou Passivo Exigível, por exemplo: 
(1) Um aumento no Ativo é anulado por uma redução de mesmo valor no próprio 
Ativo ou aumento de mesmo valor Passivo Exigível, assim como uma Redução no 
Passivo Exigível é anulada por um aumento no Próprio Passivo Exigível ou Redução 
no Ativo; 
(2) Uma redução no Ativo é anulada por um aumento de mesmo valor no próprio 
Ativo ou redução de mesmo valor Passivo Exigível, assim como Um aumento no 
Passivo Exigível é anulado por uma redução de mesmo valor no Próprio Passivo 
Exigível ou aumento no Ativo. 
Na hipótese em apreço, ocorre um aumento de ativo com a entrada do automóvel no 
patrimônio. Porém, tal aumento é compensado pelo aumento das obrigações no 
Passivo Exigível, anulando o efeito que haveria noPatrimônio Líquido. 
Gabarito: Certo 
 
3. Elementos Patrimoniais 
A identificação e a definição dos elementos patrimoniais dependem de suas 
características para que sejam enquadrados em seus respectivos grupos. Porém, ao 
avaliar se determinado item enquadra-se na definição de ativo (bens e direitos), 
passivo (obrigações) ou patrimônio líquido (valor residual do Ativo), deve-se atentar 
para a sua essência e para a realidade econômica, não apenas para a sua forma legal. 
Isso quer dizer que não basta ter forma legal de bem direito ou obrigação, antes de 
classificar um elemento patrimonial, deve-se verificar se ele se enquadra nas 
características do grupo em que se pretende enquadrá-la. 
Serve de exemplo a alienação fiduciária, onde, resumidamente, um comprador 
adquire um bem para pagamento a prazo e o vendedor, apesar de entregar o bem 
para que o comprador use à vontade, faz do próprio bem vendido a garantia de 
pagamento futuro, impedindo sua negociação sem a quitação da dívida. 
Isso quer dizer que, de acordo com os princípios fundamentais da contabilidade, um 
bem adquirido por meio de contrato de alienação fiduciária deve ser registrado no 
ativo da entidade alienante ou devedora. 
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Exemplo: aquisição de um automóvel, em que o comprador sai dirigindo-o, mas no 
documento consta em nome do banco que o financiou. 
E aí surge a pergunta: 
Esse automóvel deve ser registrado entre os bens de quem: do comprador que o 
controla ou do vendedor em nome do qual o bem está registrado? 
A Contabilidade determina que a essência se sobreponha à forma, ou seja, 
formalmente esse automóvel pertence ainda ao banco, afinal o comprador não poderá 
dispor dele. Porém, pelo fato de o comprador poder usufruir de todos os benefícios 
econômicos que o carro proporciona e também assumir os riscos da posse, este bem 
deve ser registrado entre os bens do comprador, em contrapartida devem ser 
registradas também as parcelas a pagar como obrigação, porque, em realidade, o 
negócio realizado se aproxima muito mais de uma venda a prazo e assim deve ser 
registrada. 
Resumindo, transações e outros eventos devem ser contabilizados e apresentados de 
acordo com a sua essência e realidade financeira, e não meramente com a sua forma 
legal. 
 
3.1. Ativo (A): 
Também denominado de Patrimônio Bruto ou Capital Aplicado, o Ativo é a soma de 
bens e direitos de uma entidade, representando assim o aspecto positivo do 
patrimônio. 
Segundo CPC 002, “Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de 
eventos passados e do qual se espera que fluam futuros benefícios econômicos. 
(CESPE – 2014) Com relação aos pronunciamentos técnicos do Comitê de 
Pronunciamentos Contábeis (CPC), julgue os itens a seguir. 
Para ser enquadrado na definição de ativo, um recurso precisa ser controlado pela 
entidade em decorrência de eventos passados e ser capaz de gerar benefícios 
 
2 Comitê de Pronunciamentos Contábeis - Sumário do Pronunciamento Conceitual Básico - Estrutura Conceitual para 
Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil – Financeiro (http://www.cpc.org.br/pdf/CPC00_R1_Sumario.pdf - 
acesso em 27/04/2018, às 21h13min) 
 
http://www.cpc.org.br/pdf/CPC00_R1_Sumario.pdf%20-%20acesso%20em%2027/04/201
http://www.cpc.org.br/pdf/CPC00_R1_Sumario.pdf%20-%20acesso%20em%2027/04/201
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econômicos futuros. 
Comentário: segundo o Pronunciamento Conceitual Básico (R1) Estrutura Conceitual 
para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro: 
 
4.4. Os elementos diretamente relacionados com a mensuração da posição 
patrimonial e financeira são os ativos, os passivos e o patrimônio líquido. 
Estes são definidos como segue: 
(a) ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados 
e do qual se espera que fluam futuros benefícios econômicos para a entidade 
Gabarito: Certo 
 
Fique atento para dois pontos importantes no momento de classificar um elemento 
como ativo: 
(1) É importante entender que, para ser considerado um Ativo, basta que haja o 
controle, o que mostra que o direito a propriedade não é essencial. Muitos ativos 
estão ligados a direitos legais, inclusive a direito de propriedade, porém, ao 
determinar a existência de um ativo, entretanto, o direito de propriedade não é 
essencial. 
(2) Outro ponto a ser destacado é a expectativa de benefícios econômicos futuros. 
Se não houver a expectativa de contribuição futura, direta ou indireta, ao caixa da 
empresa, não existe o Ativo3. Ou seja, se não houver pelo menos a possibilidade de 
que determinado elemento contribua de qualquer forma para melhorar os 
resultados da empresa, ele não deve estar entre os ativos da entidade. Mas e se a 
entidade incorreu em algum desembolso para obter esse elemento que agora não 
apresenta expectativa de benefícios econômicos? Simples, esse desembolso será 
considerado uma despesa. 
(CESPE) Com relação à estrutura conceitual do Comitê de Pronunciamentos Contábeis 
(CPC) o direito de propriedade é condição essencial para que seja configurada a 
existência de um ativo, o qual surge sempre em decorrência de um direito legal. 
 
3 Comitê de Pronunciamentos Contábeis - Sumário do Pronunciamento Conceitual Básico - Estrutura Conceitual para 
Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil – Financeiro (http://www.cpc.org.br/pdf/CPC00_R1_Sumario.pdf - 
acesso em 04/01/2012) 
http://www.cpc.org.br/pdf/CPC00_R1_Sumario.pdf
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COMENTÁRIO: Muitos Ativos, como, por exemplo, contas a receber e imóveis, estão 
associados a direitos legais, incluindo o direito de propriedade. Ao determinar a 
existência do ativo, o direito de propriedade não é essencial, bastando o controle. 
Assim, por exemplo, um imóvel objeto de arrendamento mercantil será um ativo, caso 
a entidade controle os benefícios econômicos que são esperados que fluam da 
propriedade. Embora a capacidade de a entidade controlar os benefícios econômicos 
normalmente resulte da existência de direitos legais, o item pode, contudo, satisfazer 
à definição de ativo mesmo quando não houver controle legal. Por exemplo, o 
conhecimento (know-how) obtido por meio da atividade de desenvolvimento de 
produto pode satisfazer à definição de ativo quando, mantendo esse conhecimento 
(know-how) em segredo, a entidade controlar os benefícios econômicos que são 
esperados que fluam desse ativo. 
Gabarito: errado 
 
Também chamado de patrimônio bruto, no Ativo são aplicados os capitais obtidos 
pela pessoa detentora do patrimônio e suas fontes podem ser classificadas em duas 
categorias: 
(1) Próprios (Patrimônio Líquido, Situação Líquida): recursos, financeiros ou não, 
entregues pelos proprietários quando, por exemplo, ocorre a fundação da entidade 
que necessita de recurso para iniciar suas atividades. Esses recursos são 
disponibilizados a ela pelos proprietários e denominado de Capital Social. Outra 
forma de obter capitais próprios é por meio do trabalho da empresa que, tendo 
mais receita que despesa, obtém um resultado positivo, isto é Lucro. 
(2) Terceiros (Passivo, Exigível, Capital Alheio): são recursos, financeiros ou não, 
obtidos pela entidade junto a terceiros com o compromisso de pagamento futuro 
e por isso exigíveis, como por exemplo, empréstimos, financiamentos, compras a 
prazo, tributos a pagar, salários a pagar, em suma, as obrigações exigíveis. 
Fique Ligado: 
As fontes ou origens de recursos não estão no Ativo, elas financiaram os bens 
e direitos que estão no Ativo. Essas fontes formam o Passivo Total. 
Exemplo de contas que compõe o Ativo: 
 Caixa; 
 Bancos Conta Movimento (conta corrente em banco); 
 Aplicações Financeiras; 
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 Clientes; 
 Duplicatas a Receber; 
 Empréstimos Concedidos; 
 Despesas Antecipadas (aluguéis; seguros; juros; etc.); 
 Adiantamentos a Fornecedores; 
 Tributos a Recuperar ou a Compensar; 
 Estoques (mercadorias, produtos em elaboração, produtos acabados); 
 Investimentos em Ações de Outras Empresas; 
 Obras de Arte; 
 Automóveis (utilizados pela empresa em suas atividades); 
 Móveis e Utensílios; 
 Instalações; 
 Máquinas; 
 Equipamentos; 
 Imóveis; 
 Marcas e Patentes 
O Ativo pode ainda receber as seguintes denominações: 
 Aplicação de Recursos; 
 Capital Aplicado; 
 Capital investido; 
 Patrimônio Bruto. 
O ativo é composto por bens e direitos, vejamos agora com mais detalhes cada um 
desses elementos: 
Bens 
Bem é tudo aquilo que tem utilidade para alguém. Para a Contabilidade bem é tudo 
aquilo que está sob controle de uma pessoa, física ou jurídica, que permita a esta 
pessoa usufruir dos benefícios econômicos que possam ser gerados pelo bem4. 
 
4 As contas Banco Conta Movimento (Valores na conta corrente) e Aplicações Financeiras de Liquidez Imediata são 
direitos que alguns autores classificam entre os bens numerários. 
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É possível classificar e dividir os bens: 
(1) Segundo a possibilidade de movimentação: 
 Bens Móveis: são aqueles que podem ser movimentados sem que percam as 
características que o tornam importante para a pessoa sua detentora. 
Exemplos: máquinas, móveis e utensílios (móveis diversos, computadores etc.), 
automóveis, caminhões etc. 
 Bens Imóveis: são aqueles que ou não podem ser movimentados ou, se o 
forem, perderão as características que o tornam importante para a pessoa sua 
detentora. 
Exemplos: casas, apartamentos, prédios, terrenos, galpões. 
(2) Que possuem ou não um corpo físico: 
 Tangíveis: bens que podem ser tocados por possuírem um corpo físico. 
Exemplos: Imóveis, móveis e utensílios, máquinas, automóveis etc. 
 Intangíveis: Não podem ser tocados por não possuírem corpo físico. 
Exemplos: marcas, patentes, franquias etc. 
(3) Segundo a sua finalidade: 
 Bens numerários: são os bens que representam as disponibilidades financeiras 
da entidade. 
Exemplos: caixa, numerários em trânsito. Alguns autores inserem as contas Banco 
Conta Movimento (valores na conta corrente) e Aplicações Financeiras de Liquidez 
Imediata entre os bens numerários, porém, em realidade essas duas contas se referem 
a direitos. 
 Bens de venda: são bens destinados à comercialização ou à composição dos 
bens que serão destinados à comercialização. 
Exemplo: mercadorias, produtos (acabados e em elaboração), matéria prima, etc. 
 Bens de renda: bens que não estão diretamente ligados às atividades principais 
da empresa e são mantidos porque, de alguma outra forma, podem gerar renda, 
também denominados bens e capital. 
Exemplo: participações em outras empresas (ações, cotas de participações), imóveis 
para aluguel, obras de arte para valorização. 
 Bens de uso: bens utilizados pela entidade em seu processo produtivo, ou seja, 
são utilizados no desenvolvimento das suas atividades principais. 
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 Imobilizado: bens corpóreos, materiais, utilizados nas atividades principais da 
entidade. 
Exemplos: veículos, imóveis onde a empresa desenvolve suas atividades, máquinas, 
equipamentos etc. 
 Intangível: bens incorpóreos, imateriais, utilizados nas atividades principais da 
entidade. 
Exemplos: marcas, patentes, franquias, direitos autorais, concessões obtidas etc. 
Fique atento: de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 04 (R1) Ativo intangível 
é um ativo não monetário identificável sem substância física. 
Nesse sentido, ativos monetários não podem ser considerados intangíveis para fins 
contábeis. 
Itens monetários são aqueles representados por dinheiro ou por direitos a serem 
recebidos e obrigações a serem liquidadas em dinheiro. 
Itens não-monetários são aqueles representados por ativos e passivos que não serão 
recebidos ou liquidados em dinheiro. 
(CESPE – 2014) Acerca das regras contábeis que envolvem ativos intangíveis de 
companhias abertas, julgue os itens que se seguem. 
Ativos monetários identificáveis e sem substância física devem ser classificados 
contabilmente como ativos intangíveis. 
Comentário: De acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 04 (R1) Ativo intangível 
é um ativo não monetário identificável sem substância física. 
Gabarito: errado 
 
Direitos 
Também denominados direitos pessoais, os diretos referem-se aos valores a serem 
recebidos de terceiros em função dos mais diversos fatores como mercadorias 
vendidas a prazo, serviços prestados para pagamento posterior, adiantamento de 
salários, adiantamentos a fornecedores, aluguéis pagos antecipadamente, juros pagos 
antecipadamente. 
Exemplos: Duplicatas a Receber, Promissórias a Receber, Tributos a Compensar 
(Recuperar), Clientes, Despesas Antecipadas (Adiantamento de Salários, Seguros a 
Vencer, Adiantamento a Fornecedores), etc. 
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Quatro pontos devem ser destacados: 
(1) Para que um direito seja considerado como integrante de um patrimônio, deve 
haver em relação a ele a possibilidade de exigência, ou seja, que seja possível exigir 
o valor que se tem direito, inclusive judicialmente. 
Exemplo: não se considera contabilmente um direito a expectativa de receber o valor 
de um negócio ainda não concretizado, ou ainda o lucro de uma empresa que a 
pessoa é sócia mas que ainda não se realizou, ou a mera promessa de compra por 
parte de um cliente fiel. 
(2) Direitos não se referem somente a dinheiro. Tudo que tenha valor econômico e 
que tenha que ser entregue à entidade é considerado direito como bens e serviços 
que devam ser entregues ou prestados à empresa. 
Exemplo: Imagine que o fornecedor de uma indústria, por estar em dificuldades 
financeiras, peça dois mil (2.000) como antecipação para poder entregar matéria prima 
encomendada. A indústria está doando o valor ao fornecedor? Claro que não, ela 
espera ser ressarcida com matéria prima. Assim, se o fornecedor só entregar quarenta 
por cento do que foi acordado (40%), a empresa tem o direito de exigir que ele lhe 
devolva em dinheiro o valor equivalente à parte que não lhe foi entregue, ou seja, 
sessenta por sento (60%) do valor que recebeu. 
(3) As despesas quando pagas antecipadamente também são consideradas direito, 
pois, concomitante ao pagamento, surgirá um direito de um bem a ser recebido ou 
um serviço a ser prestado a quem pagou. Até que isso aconteça o direito 
permanecerá. 
Exemplo: Imagine que um funcionário peça dois mil como antecipação de salário do 
mês que se inicia. A empresa está doando o valor a ele? Claro que não, espera-se que 
ele pague com trabalho. Assim, se no meio do mês ele pede demissão a empresa tem 
o direito de exigir que ele devolva a metade do valor que recebeu, podendo inclusive 
descontar da sua rescisão. 
(4) Alguns tributos geram créditos com direito a compensar posteriormente com 
esses mesmo tributos a pagar. Esses créditos serão tratados como direitos até que 
sejam compensados. 
Exemplo: imagine que um comércio compre de uma indústria produtos por cem (100) 
com 25 de ICMS embutido no preço e que foi recolhido pela indústria para o Estado. 
Quem recolhe é o vendedor, mas quem paga é o comprador, pois o tributo está 
embutido na nota fiscal. O valor de 25 pago pelo comércio junto com o valor real do 
bem poderá ser recuperado gerando um direito. 
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O comércio deverá registrar: 
Estoque: 75 (bem) 
ICMS a recuperar: 25 (direito). 
Imagine agora que comércio venda mercadoriaspor 200 com cinquenta (50) de 
ICMS embutido no preço. 
O comércio registrará: 
Venda: 200 (receita) 
ICMS a Pagar ou Recolher: 50 (obrigação) 
Quando o comércio for recolher os cinquenta (50), ele poderá abater os valores 
registrados como ICMS a Recuperar, no caso os 25 que estavam embutidos nos 
produtos que foram comprados da indústria, pagando somente 25. 
 Outras denominações para direitos: 
Os direitos também podem ser denominados de créditos e, dependendo de sua 
origem, podem assim ser denominados: 
(1) Créditos de financiamento: 
Representados pelos direitos obtidos em função de atividades estranhas ao objeto 
social da empresa. 
Exemplo: empréstimos a empregados e dirigentes feitos por uma concessionária de 
veículos; 
(2) Créditos de funcionamento: 
Representados pelos direitos obtidos em função de atividades relacionadas ao objeto 
social da empresa, atividades normais. 
Exemplo: empréstimos feitos por um banco a seus clientes. 
(CESPE) Acerca de fundamentos de contabilidade, julgue os itens a seguir. 
Créditos de funcionamento e créditos de financiamento são contas a receber distintas, 
porque os créditos de funcionamento referem-se a valores decorrentes de atividades 
normais da empresa e os créditos de financiamento consistem em valores de 
operações estranhas às atividades da empresa. 
Comentário: 
Créditos de Funcionamento - são direitos, contas a receber advindas das atividades 
normais da entidade, ou seja, que sejam relacionadas com seu objeto social. É o caso 
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das duplicatas a receber por vendas a prazo de mercadorias, dos adiantamentos a 
fornecedores de mercadorias, do ICMS e do IPI a recuperar. 
Créditos de Financiamento - são direitos, contas a receber advindas de atividades que 
não têm relação com o objeto social da entidade. São adiantamentos concedidos e 
valores a compensar decorrentes das operações não usuais às atividades da empresa. 
É o caso, por exemplo, de empréstimos a diretores e adiantamentos a acionistas. 
Gabarito: certo 
 
(CESPE) Os créditos e débitos de financiamento são o resultado das operações 
normais das entidades, mesmo quando não envolvem instituições financeiras. 
Comentário: os créditos e débitos de FUNCIONAMENTO são os resultantes das 
operações normais das entidades. Já os créditos e débitos de financiamento são o 
resultantes das operações não usuais das entidades. 
Gabarito: errado 
 
(CESPE) Créditos incobráveis e estoques de medicamentos vencidos não representam 
ativos. 
COMENTÁRIO: Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de 
eventos passados e do qual se espera que fluam futuros benefícios econômicos para 
a entidade. 
O benefício econômico futuro incorporado a um ativo é o seu potencial em contribuir, 
direta ou indiretamente, para o fluxo de caixa ou equivalentes de caixa para a 
entidade. Nos dois casos citados, os elementos perderam a capacidade, mesmo 
potencial, de fazer essa contribuição, ou seja, deles não se espera mais que fluam 
futuros benefícios econômicos para a entidade. 
Gabarito: certo 
 
3.2. Passivo ou Passivo Total (P) 
O Passivo Total é formado pela soma entre o Passivo Exigível e o Patrimônio Líquido. 
O Passivo representa as fontes de recursos que financiaram os bens e direitos que 
estão no Ativo. É dele que sai todos os recursos que propiciaram à entidade obter 
bens e direitos, por este motivo é denominado origens de recursos. 
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Como todos os recursos que se encontram no Ativo tiveram como origem, direta ou 
indiretamente, o Passivo Total, ele terá sempre, inexoravelmente, o mesmo valor do 
Ativo. 
Por exemplo: 
Imagine um imóvel que pertence a uma entidade que está classificado em seu Ativo, 
afinal ele é um bem. De onde saiu dinheiro para aquisição dele? Qual foi sua origem 
dos recursos que propiciaram a entidade adquiri-lo? 
Dependendo da forma como ele foi adquirido essa pergunta pode ter várias respostas. 
Imagine que esse imóvel tenha sido adquirido por 200.000, sendo 50.000 pagos à vista 
e 150.000 financiados em vários meses por um banco. 
Nesse caso, considerando isoladamente os fatos contábeis que envolveram essa 
transação, o imóvel teve duas fontes de recursos: 
(1) 150.000 de um terceiro, estranho à empresa, o banco que, em função da promessa 
de pagamento futuro, decidiu pagar no lugar da empresa 150.000 pelo imóvel. Esse 
valor será classificado como uma obrigação e comporá o Passivo Exigível. 
(2) 50.000 de recursos que saíram de dentro da própria empresa, ou seja, recursos 
próprios, o Patrimônio Líquido. 
Mas aí surge uma pergunta: os 50.000 não saíram do patrimônio líquido, saíram da 
conta no banco (conta contábil Bancos Conta Movimento), ou seja, do Ativo? 
A respostas é sim, os 50.000 não saíram diretamente do Patrimônio Líquido, saíram 
indiretamente, pois para que a empresa tivesse esse dinheiro disponível para a 
aquisição, ocorreram uma das duas situações seguintes: 
(1) Ou o proprietário disponibilizou recursos dele e os entregou para a empresa 
depositando-o em conta corrente, afinal ele é interessado que a empresa de bons 
resultados e fará o necessário para que isso ocorra, como é o caso da aquisição de 
um imóvel para funcionamento; 
(2) Ou a empresa, desenvolvendo suas atividades, obteve recursos com seus 
resultados positivos (mais receita que despesa) que a propiciaram ter aquele valor 
em sua conta corrente. 
Assim, considerando somente os fatos contábeis dessa negociação pode-se concluir 
que a origem dos recursos que permitiram à empresa adquirir o imóvel foram duas: 
(1) Recursos próprios (Patrimônio Líquido): 50.000 
(2) Recursos de terceiros (Passivo Exigível): 150.000. 
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Graficamente teríamos a figura a baixo: 
 
Imagine que a empresa seja extinta logo após a aquisição desse imóvel, com quem 
ficaria o imóvel? 
 Desconsiderando todo o resto, pois haveriam outros bens e direitos a serem 
liquidados e outras obrigações exigíveis a serem pagas, a empresa liquidaria o imóvel, 
vendendo-o e pagaria primeiramente a obrigação exigível, ou seja os 150.000. O 
restante seria entregue aos proprietários da empresa. 
Assim, o Passivo Total representa o direito sobre o Ativo, ou seja, a parte que cabe a 
terceiros, Passivo Exigível, e a parte que cabe aos proprietários, Patrimônio Líquido. 
Por esse motivo sempre haverá igualdade entre Ativo e Passivo, pois este é um reflexo 
daquele. 
 
Por fim o Passivo Total pode ser denominado de: 
1. Passivo; 
2. Capital Total a disposição da entidade. 
3.2.1. Passivo (Passivo Exigível): 
O terceiro elemento patrimonial são as obrigações, que representam valores, bens e 
serviços que a empresa tem obrigação de entregar ou prestar a outra pessoa, física ou 
jurídica, em função dos mais diversos fatores como mercadorias compradas a prazo, 
serviços consumidos para pagamento posterior, antecipação de receita, 
adiantamentos de clientes, juros recebidos antecipadamente, mão de obra fornecida 
por funcionários etc. 
Exemplos: Duplicatas a Pagar (credores por duplicatas), FGTS a Pagar, Tributos a 
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Recolher, Adiantamentos de Clientes, Receita Antecipada, Fornecedores, Promissórias 
a Pagar. 
Também denominado Recursos ou Capital de Terceiros, Passivo Exigível é o conjunto 
de obrigações de uma pessoa. Representa os recursos, financeiros ou não, que a 
entidade tem obrigação de entregar a outras pessoas, ou seja, são exigíveis. 
Segundo o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, o Passivo (Passivo Exigível) é uma 
obrigação presente da entidade, derivada de eventos já ocorridos, cuja liquidação se 
espera que resulte em saída de recursos capazes de gerar benefícios econômicos5. 
É importante destacar esses pontos:(1) Para que seja considerada um Passivo Exigível, a obrigação deve ser presente, ou 
seja seu fato gerador já deve ter ocorrido, mesmo que o pagamento esteja marcado 
para ocorrer no futuro. Quando se compra uma mercadoria a prazo, por exemplo, a 
obrigação surge no momento em que se aperfeiçoa o negócio jurídico, ou seja, no 
momento da tradição, da entrega da mercadoria. Mesmo que o pagamento seja para 
o futuro, a obrigação já existe e poderia inclusive ser antecipada. Já no caso de uma 
promessa de compra isso não é possível, porque o negócio jurídico ainda não se 
aperfeiçoou, o que só ocorrerá com a entrega, a não ser que haja qualquer tipo de 
gravame em relação ao contrato, como uma multa em caso de desistência, por 
exemplo. 
(2) Deve haver expectativa de que ocorra uma saída de recursos capazes de gerar 
benefícios econômicos, pois se não houver possibilidade de recursos econômicos 
saiam da entidade o Passivo Exigível não deve ser reconhecido. 
(3) A convicção de que uma saída de recursos será dispensável para a liquidação de 
uma obrigação presente da entidade elimina o caráter de passivo dessa obrigação. 
(4) Atenção para as provisões. 
Alguns passivos somente podem ser mensurados com o emprego de um elevado grau 
de estimativa. No Brasil esses passivos são descritos como provisões. A definição de 
passivo tem um enfoque amplo e assim, se a provisão envolve uma obrigação 
presente e satisfaz os demais critérios da definição, ela é um passivo, ainda que seu 
valor tenha que ser estimado. Exemplos incluem provisões por pagamentos a serem 
 
5 Comitê de Pronunciamentos Contábeis - Sumário do Pronunciamento Conceitual Básico - Estrutura Conceitual para 
Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil – Financeiro (http://www.cpc.org.br/pdf/CPC00_R1_Sumario.pdf - 
acessado em 30/04/2018) 
http://www.cpc.org.br/pdf/CPC00_R1_Sumario.pdf
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feitos para satisfazer acordos com garantias em vigor e provisões para fazer face a 
obrigações de aposentadoria, décimo terceiro salário, férias dos funcionários, etc. 
(5) Contas bancárias negativas (limite, “cheque especial”) 
Na realidade, esse valor disponível é um empréstimo pré-aprovado que, quando 
necessário, é utilizado pelo titular da conta e forma automática quando zera o saldo 
positivo da conta e há a necessidade de ainda se retirar valores da conta. 
Assim, quando se utiliza esse “limite”, o procedimento contábil deverá ser: 
Zerar o saldo da conta contábil representativa da conta bancária (Bancos Conta 
Movimento) com um lançamento pelo valor que restava na conta enquanto estava 
positiva; 
Registrar uma conta de Passivo representativa do valor emprestado (o quanto se 
“entrou no limite”) cuja denominação poderá ser: Empréstimos limite especial. 
(CESPE 2016) Considerando os princípios, teorias e normas contábeis aplicáveis no 
Brasil, julgue o item subsequente. 
A convicção de que uma saída de recursos será dispensável para a liquidação de uma 
obrigação presente da entidade não elimina o caráter de passivo dessa obrigação. 
Comentário: é justamente o inverso. A convicção de que uma saída de recursos será 
dispensável para a liquidação de uma obrigação presente da entidade elimina o 
caráter de passivo dessa obrigação, afinal, segundo o Segundo o Comitê de 
Pronunciamentos Contábeis, o Passivo (Passivo Exigível) é uma obrigação presente da 
entidade, derivada de eventos já ocorridos, cuja liquidação se espera que resulte em 
saída de recursos capazes de gerar benefícios econômicos6. 
Gabarito: errado 
 
São exemplos de contas do passivo exigível: 
 Contas a Pagar (Duplicatas a Pagar, Promissórias a Pagar; Água a Pagar, Luz a 
Pagar, Telefone a Pagar, Tributos a Pagar); 
 Empréstimos Bancários; 
 
6 Comitê de Pronunciamentos Contábeis - Sumário do Pronunciamento Conceitual Básico - Estrutura Conceitual para 
Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil – Financeiro (http://www.cpc.org.br/pdf/CPC00_R1_Sumario.pdf - 
acessado em 30/04/2018) 
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 Receitas Antecipadas; 
 Adiantamentos de Clientes; 
 Tributos a Recolher; 
 Financiamentos; 
 Empréstimos limite bancário (Conta corrente negativa) 
 Salários a Pagar; 
 Fornecedores; 
 Provisão para Imposto de Renda; 
 Provisão 13º Salários; 
 Provisão para Férias dos Empregados; 
 Provisão para Contingência. 
Por fim, o Passivo exigível também pode ser denominado de: 
 Recursos de Terceiros; 
 Capital de Terceiros; 
 Capital Alheio. 
 
(CESPE) Com relação à estrutura conceitual do Comitê de Pronunciamentos Contábeis 
(CPC) o passivo cuja avaliação é realizada mediante a utilização de um grau 
significativo de estimativas é denominado provisões, as quais são reconhecidas no 
balanço patrimonial se satisfizerem os critérios de definição de passivo, como 
representar uma obrigação presente. 
COMENTÁRIO: Alguns passivos somente podem ser mensurados com o emprego de 
um elevado grau de estimativa. No Brasil esses passivos são descritos como provisões. 
Gabarito: certo 
(CESPE) Contas bancárias negativas representam origens de recursos, devendo ser 
registradas no passivo circulante. 
Comentário: Conta bancária negativa é uma forma de empréstimo pré-aprovado, com 
uma obrigação de devolver ao banco o valor emprestado, sendo, portanto, obrigação, 
que deve ser registrada no passivo circulante. A contabilidade deve primar pela 
prevalência da essência sobre a forma, por esse motivo, quando ocorre um fato 
contábil como este (uso do limite da conta corrente), ao invés de registrar na conta 
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bancária um lançamento credor pelo limite utilizado, deve-se registrar uma obrigação 
no passivo exigível pelo valor utilizado do limite. 
Gabarito: Certo 
 
Três pontos devem ser destacados: 
(1) Para que uma obrigação seja considerada como integrante de um patrimônio, deve 
haver em relação a ela a possibilidade de exigência, ou seja, que haja a possibilidade 
de que esse valor seja exigido por terceiros, inclusive judicialmente. 
Exemplo: não se considera contabilmente como obrigação a expectativa de pagar o 
valor de um negócio ainda não concretizado, ou a mera promessa de compra feita 
para um fornecedor. 
(2) Obrigações não se referem somente a dinheiro. Tudo que tenha valor monetário e 
que tenha que ser entregue a outra pessoa, física ou jurídica, é considerada obrigação, 
como os bens e serviços que devam ser entregues a outras pessoas. 
(3) As receitas, quando recebidas antecipadamente, também são consideradas 
obrigações, pois, concomitante ao recebimento, surgirá a obrigação de um bem a ser 
entregue ou um serviço a ser prestado para quem pagou. Até que isso aconteça, a 
obrigação permanecerá. 
Exemplo: Imagine que uma indústria que está em dificuldades financeiras peça dois 
mil (2.000) a seu cliente como antecipação para poder entregar produtos 
encomendados. O cliente está doando o valor à indústria? Claro que não, ele espera 
ser ressarcido com os produtos. Assim, se a indústria só entregar quarenta por cento 
do que foi acordado (40%), o cliente poderá exigir que a indústria lhe devolva em 
dinheiro o valor equivalente à parte que não lhe foi entregue, ou seja, sessenta por 
sento (60%) do valor. 
(CESPE) De acordo com a Lei n° 6.404/1976 e com os pronunciamentos do Comitê de 
Pronunciamentos Contábeis, é denominado passivo o componente patrimonial que 
constitui uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos passados. Espera-
se que a liquidação dessa obrigação resulte na saída de recursos da entidade capazes 
de gerar benefícios econômicos. 
Comentário: é o que expressa a definição de Passivo trazida pelo CPC00. Segundo 
esse pronunciamento,Passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de 
eventos passados, cuja liquidação se espera que resulte na saída de recursos da 
entidade capazes de gerar benefícios econômicos. 
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Gabarito: certo 
 
Outras denominações para obrigações: 
As obrigações também podem ser chamadas de débitos e, dependendo de sua 
origem, podem assim ser denominados: 
(1) Débitos de financiamento: 
Representados pelas obrigações ocorridas em função de atividades estranhas ao 
objeto social da empresa. 
Exemplo: empréstimos para aquisição de um terreno por um supermercado; 
(2) Débitos de funcionamento: 
Representados pelas obrigações ocorridas em função de atividades relacionadas ao 
objeto social da empresa. 
Exemplo: Duplicatas a Pagar em função da aquisição de matéria prima por uma 
indústria. 
(CESPE) As dívidas de funcionamento ou débitos de funcionamento, sempre 
decorrentes da atividade normal do ramo de negócios da empresa, representam 
passivos e, em geral, são pagáveis em até um ano. 
Comentário: Débitos de funcionamento são obrigações ocorridas em função de 
atividades normais da empresa. É o caso, por exemplo, das obrigações com 
fornecedores de matérias-primas, das contribuições previdenciárias e impostos a 
pagar. 
Normalmente, essas obrigações são circulantes, ou seja, são exigíveis até curso do 
exercício social subsequente. 
Exercício social é o período de apuração do resultado de determinada entidade que, 
em regra, dura um ano. 
Gabarito: Certo 
 
3.2.2. Patrimônio Líquido (PL): 
Patrimônio líquido é a diferença entre ativos e passivos exigíveis, ou seja, é a riqueza 
própria da entidade. Segundo o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, Patrimônio 
Líquido é o interesse residual nos ativos da entidade depois de deduzidos todos os 
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seus passivos 7. É o que sobra dos bens e direitos depois de honradas todas as 
obrigações. 
Imagine uma empresa com o patrimônio a baixo. É possível encontrar seu Patrimônio 
líquido subtraindo o somatório das obrigações do somatório dos bens e direitos. 
A entidade citada anteriormente tem bens e direitos no valor de 400.000 (5.000 + 500 
+ 15.000 + 30.000 + 50.000 + 200.000 + 60.000 + 40.000) e obrigações no valor de 
200.000 (10.000 + 1.000 + 10.000 + 40.000 + 60.000 + 80.000). 
Dessa forma, o PL da empresa é de 200.000, ou seja, se a empresa terminasse agora, 
liquidar-se-iam seus bens e direitos, 400.000, pagar-se-iam as obrigações, 200.000, 
sobrando 200.000. A quem seriam destinados esses recursos? 
Aos proprietários, afinal a eles pertence a empresa e foram eles que fizeram 
investimentos e gerenciamentos para que a empresa obtivesse os bens e direitos que 
se encontram no Ativo. Esse valor representa o Patrimônio Líquido. 
 
Por representar a parte dos bens e direitos que caberiam aos proprietários e por não 
poderem se exigidas da empresa antes da sua liquidação, alguns autores denominam 
o Patrimônio Líquido de Passivo não Exigível, mas essa denominação não é uma 
unanimidade. 
O Patrimônio Líquido é composto de contas que representam as origens de seus 
recursos e a destinação dada a eles. 
Veja agora as principais contas do Patrimônio Líquido e a que se referem. 
Capital Social: 
 
7 Comitê de Pronunciamentos Contábeis - Sumário do Pronunciamento Conceitual Básico - Estrutura Conceitual para 
Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil – Financeiro (http://www.cpc.org.br/pdf/CPC00_R1_Sumario.pdf - 
acessado em 30/04/2018) 
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Também denominada de Capital Registrado ou Subscrito, essa conta contábil 
representa os recursos disponibilizados pelos sócios à entidade ou que pelo menos 
houve o compromisso de disponibilizar no futuro, e que foram ou serão aplicados em 
seu Ativo. 
Mas para que os proprietários “dão” bens e direitos para a empresa? 
Para que ela tenha recursos para desenvolver suas atividades e assim cumprir o fim a 
que se destina. Se esse fim for obter lucro, por exemplo, este valor, se houver, será 
entregue aos proprietários como recompensa pelo investimento, ou ainda poderá ser 
integrado à própria empresa, aumentando o valor do Capital Social, para que ela 
desenvolva melhor suas atividades e obtenha lucros em montantes maiores. 
Reservas de Capital: 
Representa a origens de recursos que foram obtidos pela entidade e que não 
transitaram pelo resultado, ou seja, recursos foram obtidos sem que a entidade 
desenvolvesse atividades relacionadas ao seu objeto social, aquelas atividade que a 
empresa foi criada para realizar. Tais recursos ficam então reservados no Ativo para 
uma destinação específica. 
Reserva de Lucro: 
Representa a origens de recursos que foram obtidos pela entidade e que transitaram 
pelo resultado, ou seja, representa a origens de recursos que foram obtidos pela 
entidade ao desenvolver as atividades relacionadas ao seu objeto social, aquelas 
atividade que a empresa foi criada para realizar. Esses recursos são denominados de 
Lucro líquido. As reservas são valores extraídos do Lucro e ficam reservados no Ativo 
para uma destinação específica. 
Lucro ou Prejuízo Líquido: 
Representa a origem dos recursos obtidos pela entidade em função atividade para 
que a empresa foi criada para realizar. No desempenho dessas atividades a entidade 
obterá receitas e incorrerá em despesa, quando obtiver mais receitas que despesa 
haverá lucro, quando incorrer em mais despesa que receita haverá prejuízo. 
Por exemplo: um supermercado existe para vender. Obtém lucratividade ao vender 
mercadorias por um valor maior do que adquiriu de seus fornecedores. 
Quando vende a mercadoria (recebendo o valor a vista ou registrando o valor para 
receber no futuro, em uma venda a prazo), o supermercado obtém receita. Quando 
entrega a mercadoria que vendeu (baixa no estoque do valor de custo da mercadoria 
que cliente levou), ocorre a despesa (Custo da Mercadoria Vendida). 
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Registra-se também receitas diferentes da receita de vendas (juros, doações, 
descontos recebidos) e despesas diferentes do Custo das Mercadorias Vendidas 
(Remunerações, água, luz, telefone). 
Ai final de determinado período, confronta-se as receitas e despesas e, havendo mais 
receita que despesa, houve lucro, havendo mais despesas que receitas, houve prejuízo 
no período. 
Ajustes da Avaliação Patrimonial: 
Determina a lei 6.404/76 que serão classificadas como ajustes de avaliação 
patrimonial, enquanto não computadas no resultado do exercício em obediência ao 
regime de competência, as contrapartidas de aumentos ou diminuições de valor 
atribuído a elementos do ativo e do passivo, em decorrência da sua avaliação a valor 
justo, nos casos previstos nesta Lei ou, em normas expedidas pela Comissão de 
Valores Mobiliários. 
Ações Em Tesouraria 
São ações da própria companhia que foram adquiridas por alguma razão e que ficam 
com o custo total da aquisição registrado no Patrimônio líquido com natureza 
devedora, ou seja, é uma conta retificadora do PL, ou seja, de natureza devedora. 
Como o PL tem natureza credora, essa conta reduz o valor total do PL. 
(CESPE 2017) Adiantamentos recebidos de clientes, ajustes de avaliação patrimonial, 
despesas antecipadas, obrigações em moeda estrangeira e ações em tesouraria são 
itens que devem ser classificados, respectivamente, como passivo, patrimônio líquido, 
despesa operacional, passivo e patrimônio líquido. 
 Comentário: 
Vejamos cada conta: 
Adiantamentos recebidos de clientes: passivo, pois receber valores antecipadamente 
acaba por gerar a obrigação de prestar o serviço ou entregar bens; 
Ajustes de avaliação patrimonial: patrimôniolíquido, enquanto não computadas no 
resultado do exercício em obediência ao regime de competência, as contrapartidas de 
aumentos ou diminuições de valor atribuído a elementos do ativo e do passivo, em 
decorrência da sua avaliação a valor justo. 
Despesas antecipadas: ativo, pois quando se paga antecipadamente gera-se o direito 
de exigir a prestação de serviço, se for o caso. 
Obrigações em moeda estrangeira: passivo, pois é uma obrigação como qualquer 
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outra. Ao elaborar as demonstrações contábeis, cada entidade, seja ela uma entidade 
autônoma, uma entidade com operações no exterior ou uma entidade no exterior 
(como controlada ou filial) determina sua moeda funcional (no Brasil o Real), converte 
os itens expressos em moeda estrangeira para sua moeda funcional e contabiliza os 
efeitos de tal conversão. 
Ações em tesouraria: Patrimônio líquido. São ações da própria companhia que foram 
adquiridas por alguma razão e que ficam com o custo total da aquisição registrado 
no Patrimônio líquido com natureza devedora, ou seja, é uma conta retificadora do 
PL. 
Gabarito; Errado. 
 
3. Natureza dos elementos patrimoniais 
As contas patrimoniais terão, em regra, uma de duas naturezas possíveis, devedora ou 
credora, que será determinada pela natureza do grupo a que pertencem, sendo as 
retificadores de natureza inversa. A identificação da natureza dos elementos que 
compõem o patrimônio constitui atividade que a Contabilidade desenvolve com vistas 
ao estudo do patrimônio em seus aspectos qualitativos. 
3.1. Contas patrimoniais devedoras e credoras 
Em função da relação da entidade com seus elementos patrimoniais e da relação entre 
estes, lhes são atribuídos uma de duas naturezas possíveis: 
(1) Devedora: Ativo; 
(2) Credora: Passivo (Passivo exigível e Patrimônio Líquido). 
Esses dois tipos de conta tem “sinal” contrário, ou seja, uma conta credora reduz um 
grupo de natureza devedora e uma conta devedora reduz o valor de um grupo de 
natureza credora. 
Esse é um dos pontos que mais gera confusão e dúvida no entendimento da 
Contabilidade, isso porque se tenta valorar a natureza devedora e credora tendo como 
parâmetro o senso comum, onde devedor e ruim e credor é bom. 
Porém, como será visto a partir de agora, as contas do Ativo, bens e direitos, tem 
natureza devedora. Assim, quando entra dinheiro no Caixa, por exemplo, ele recebe 
débitos e, consequentemente fica devedor. Já as obrigações, que em tese seriam 
“ruins”, tem natureza credora. O aluno tenta então inverte os conceitos, onde o 
devedor é bom e o credor é ruim. Porém, mais uma vez, quando o aluno se depara 
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com a receita, que é boa para a empresa e tem natureza credora, e com a despesa, 
que é ruim para a empresa e tem natureza devedora, a tese do devedor bom e do 
credor ruim se desfaz, aumentando ainda mais a confusão. 
A solução é simples. O segredo é não valorar o débito e o crédito, é simplesmente 
identificar a conta contábil, saber a que grupo ela pertence e saber a natureza do 
grupo que, em regra, determinará a natureza da conta. 
Por exemplo: o Ativo tem natureza devedora. A conta contábil Caixa representa um 
bem, dinheiro. Se o Caixa é um bem, pertence ao Ativo, se o Ativo tem natureza 
devedora, consequentemente, o Caixa terá natureza devedora. 
Já a conta contábil ICMS a Recolher (Pagar) representa uma obrigação. Sendo uma 
obrigação ela pertence ao Passivo Exigível, se o Passivo Exigível tem natureza credora 
o ICMS a Recolher terá natureza credora. 
A conta Reserva de Capital/ de Lucro pertence ao Patrimônio Líquido. Se o Patrimônio 
Líquido tem natureza credora a conta contábil Reserva também tem natureza credora. 
Com o fim ilustrar o motivo da natureza das contas, de forma bem simplista, vamos 
encontrar uma forma de justificar tais questionamentos. Para tanto, considere nas 
relações patrimoniais da entidade a existência (fictícia) de cinco tipos de pessoas 
distintas, quatro representativas de contas ou grupos patrimoniais que se 
relacionando com a empresa, quinta pessoa. 
Os fatos que geram impacto no patrimônio, geram débitos e créditos entre essas 
pessoas. 
É necessário ainda saber que, segundo o princípio da entidade, a empresa é uma 
pessoa distinta e não seu patrimônio não se confunde com o do proprietário. 
(1) Pessoas com bens da organização em consignação (agente consignatário - 
Ativo): 
São as contas contábeis representativas de bens, ou seja, são as “pessoas” que tem 
sob sua guarda bens (consignação) como dinheiro (caixa), mercadorias (estoques) 
computadores (móveis e utensílios) etc. 
Quando esses bens passam a fazer parte do patrimônio da empresa, em virtude da 
ocorrência de um fato contábil, como uma compra, por exemplo, essas “pessoas” 
passam a ter em sua posse esses bens, gerando assim um débito com a empresa e, 
quando solicitado, elas deverão apresentá-los. 
É o caso da do bem denominado matéria prima, por exemplo. Imagine que uma 
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determinada indústria tem na conta contábil Estoque de Matéria Prima Matérias 
Primas no valor de 10.000. Quando essa indústria necessitar de matéria prima para o 
seu processo produtivo ela contará com a que está sob “responsabilidade” da “pessoa” 
denominada Estoque de Matéria Prima, pois este Agente Consignatário tem um 
débito de 10.000 em matéria prima com essa indústria por ter esse bem em 
consignação. 
Se a indústria necessitar utilizar 1.000 desse tipo de bem para o seu processo 
produtivo, ela removerá a matéria prima do estoque e a colocará no processo 
produtivo para ser transformada em produtos. Nesse momento, para que haja o 
controle do quanto existe no estoque e no processo produtivo, ocorrerá a o registro 
da transferência da “posse” dessa matéria prima da conta contábil Estoque de Matéria 
Prima, que para reduzir seu saldo receberá um lançamento credor de 1.000, para outro 
agente consignatário que a partir de então se responsabilizará por ela, a conta contábil 
Estoque de Produtos em Elaboração, que, para aumentar seu saldo receberá um 
lançamento devedor de 1.000. 
E como ficam os saldos dessas contas. 
(1) A conta Estoque de Matéria Prima não tem mais 10.000 em débitos com a 
indústria, agora só existe 9.000 e diminuído seu saldo diminui também seu débito. 
(2) Já a conta contábil Estoque de Produtos em Elaboração tem então seu saldo 
acrescido em 1.000, aumentando nesse valor seu débito com a empresa. 
Estando esse produto concluído, é hora de transferí-lo para a responsabilidade outra 
pessoa, pois a denominação da conta contábil em que ele se encontra não reflete mais 
seus características intrínsecas, afinal o produto está acabado. 
Faz-se então a transferência de 1.000 da conta contábil Produtos em elaboração para 
a conta contábil Produtos Acabados. 
Desse modo reduz-se os débitos da conta contábil produtos em elaboração e 
aumenta os débitos da conta produtos acabados. 
Guardada as diferenças e especificidades de cada uma, essas movimentações 
ocorrerão com todas as contas que representam bens, pois tem saldo de natureza 
devedora. Assim, todas as vezes que ocorrerem fatos contábeis que façam aumentar 
seus saldos elas terão seus saldos débitos acrescidos e vice e versa. 
(2) Pessoas que devem para a entidade (agente correspondente devedor - 
Ativo): 
São as contas contábeis que representam os direitos da entidade. São “pessoas” que 
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se encontram “fora” e que, em função da ocorrência de fatos contábeis devem em um 
momento determinado entregar valores para entidade, que podem ser monetários ou 
não. Vencidos os prazos essas pessoas deverão entregar aquilo que é devido, pois tem 
um débito para com a entidade. 
Na venda a prazo dosprodutos produzidos pela indústria, ocorrerá uma redução nos 
estoque de produtos acabados, reduzindo os débitos dessa conta para com a 
indústria. Ao mesmo tempo, surge um direito contra o cliente, que agora tem um 
débito do cliente com a empresa. Por esse motivo os direitos tem natureza devedora. 
(3) Pessoas para quem a entidade deve (correspondente credor - Passivo). 
São as contas contábeis que representam as obrigações da entidade. São “pessoas” 
que se encontram “fora” e a quem, em função da ocorrência de fatos contábeis, a 
empresa deve em um momento determinado entregar valores, que podem ser 
monetários ou não. Vencidos os prazos, a entidade deverá entregar aquilo que é 
devido, pois essas pessoas tem um crédito contra a empresa. 
Na compra a prazo de matéria prima pela indústria, ocorrerá um aumento nos estoque 
de matéria prima, aumentando os débitos dessa conta para com a indústria. Ao 
mesmo tempo, surge uma obrigação contra para com o fornecedor, que agora tem 
um crédito com a empresa. Por esse motivo as obrigações tem natureza credora. 
(4) O proprietário (Patrimônio Líquido e resultado): 
Ao proprietário cabe tudo aquilo que sobrar dos bens e direitos, depois de deduzidas 
as obrigações. 
Ele é uma espécie de credor também, afinal é o proprietário que entrega seus bens e 
direitos à empresa para que ela forme seu Capital Social e esperando ter retorno. A 
diferença entre ele e os agentes consignatários credores (obrigações) é que, pelo 
menos sob condições normais, o proprietário não pode exigir a parte que entregou, 
lhe cabendo aquilo que sobra, que pode ser maior ou menor que o valor do seu 
investimento. Assim, as contas contábeis que representam o Patrimônio Líquido tem 
natureza credora, pois representam créditos do proprietário contra a entidade. 
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Exercício Comentado: (CESPE – 2011 – TJ-ES) De acordo com a técnica de registro de 
fatos contábeis, a natureza da conta determina o lado em que devem ser descritos, 
no balanço, os aumentos e as diminuições dos saldos de contas contábeis. 
A esse respeito, julgue os itens seguintes. 
Do lado esquerdo do balanço, registram-se as contas de natureza credora, que 
representam os bens e direitos. 
Resolução: questão errada. 
Os bens e direitos ficam do lado esquerdo, mas tem natureza DEVEDORA e não 
credora como afirma a questão. 
(CESPE) Do lado esquerdo do balanço, registram-se as contas de natureza credora, 
que representam os bens e direitos. 
Comentário: Os bens e direitos realmente ficam do lado esquerdo, mas tem natureza 
DEVEDORA e não credora como afirma a questão. 
Gabarito: Errado 
 
(CESPE – 2013 – UNIPAMPA) A identificação da natureza dos elementos que compõem 
o patrimônio de uma entidade constitui atividade que a contabilidade desenvolve com 
vistas ao estudo do patrimônio em seus aspectos qualitativos. 
COMENTÁRIO: O aspecto qualitativo se refere à natureza de cada elemento 
patrimonial. Já os aspectos quantitativos se referem ao seu valor. 
Gabarito: Certo 
 
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3.2. Contas patrimoniais retificadoras ou redutoras 
Existem ainda as contas retificadoras ou redutoras. São contas de natureza contrária 
ao grupo a que pertence e têm por função retificar o valor desse grupo, reduzindo-o. 
Muitas vezes, em função do princípio do Registro Pelo Valor Original, que não permite 
alterações nos valores dos elementos patrimoniais inicialmente registrados, os valores 
apresentados nas contas contábeis não são condizentes com a realidade. 
Serve de exemplo um automóvel adquirido por 20.000 e que depois de dois anos não 
terá o mesmo valor em função do uso e da passagem do tempo. Porém, a atribuição 
não é permitida de valores arbitrários na nova valoração desse bem e para fazer com 
que ele tenha um valor contábil mais próximo da realidade, utiliza-se de mecanismos 
para tal fim, nesse caso específico a Depreciação. 
Para registrar o que foi acumulado de perda durante o período de uso, cria-se uma 
conta contábil denominada Depreciação Acumulada. Essa conta terá o papel de 
reduzir o valor contábil do bem a que se refere sendo definidas em regulamento. 
Como a conta que representa o automóvel tem natureza devedora, uma conta de 
natureza contrária ligada a ela irá reduzir o seu valor. 
Vejamos o exemplo do automóvel adquirido por 20.000, que será totalmente 
depreciado em cinco anos, ou seja, a taxa de 20% ao ano, e que em dois anos 
desvalorizou 8.000, 40%. 
No Balanço Patrimonial, no Ativo e com natureza devedora, aparecerá o valor do 
automóvel pelo valor original, 20.000, e ligada a essa conta o valor da depreciação 
acumulada, 8.000, de natureza contrária, ou seja, credora. Por dedução chega-se ao 
valor contábil do bem, 12.000 
Automóvel 20.000 devedor 
Depreciação acumulada (8.000) credor 
Valor contábil do bem 12.000 devedor 
Muitas outras são as contas retificadoras existentes no balanço e todos os grupos 
patrimoniais, porém, com finalidades distintas. 
Resumindo: 
GRUPO Natureza da conta Natureza da conta retificadora 
Ativo Devedora Credora 
Passivo Exigível Credora Devedora 
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Patrimônio Líquido Credora Devedora 
Seguem alguns exemplos de contas redutoras e dos grupos a que pertencem: 
(1) Ativo 
 Provisão para Devedores Duvidosos ou para Créditos de Liquidação Duvidosa; 
Também denominada Provisão para Perdas com Créditos incobráveis, essa provisão é 
uma conta retificadora das contas de direitos a receber, como Duplicatas a Receber, 
sendo constituída em função da possibilidade de insolvência de clientes (calote) no 
exercício seguinte. 
 Depreciação Acumulada; 
Podemos definir depreciação como a desvalorização de bens tangíveis. É a perda de 
valor por parte dos bens corpóreos que sofram ação de fatores como uso, ação da 
natureza, obsolescência. É a alocação sistemática do valor depreciável de um ativo ao 
longo da sua vida útil. Cada componente de um item do ativo imobilizado com custo 
significativo em relação ao custo total do item deve ser depreciado separadamente. 
 Amortização Acumulada; 
Segundo o CPC 04 , amortização é a alocação sistemática do valor amortizável de ativo 
intangível ao longo da sua vida útil. 
Segundo a alínea “b” do § 2º do art. 183, diminuição do valor dos elementos do ativo 
intangível será registrada periodicamente nas contas de amortização, quando 
corresponder à perda do valor do capital aplicado na aquisição de direitos da 
propriedade industrial ou comercial e quaisquer outros com existência ou exercício de 
duração limitada, ou cujo objeto sejam bens de utilização por prazo legal ou 
contratualmente limitado. 
 Exaustão Acumulada; 
Exaurir significa esgotar completamente. Segundo o art. 183, § 2o, c, da Lei das SA, a 
exaustão corresponde à perda de valor, decorrente de sua exploração, de direitos cujo 
objeto sejam recursos minerais ou florestais, ou bens aplicados nessa exploração. 
 Provisões para Ajustes de Custos ao Valor de Mercado; 
 Provisão para Perdas Prováveis na Realização de Investimentos; 
(2) Passivo exigível 
 Encargos Financeiros a Transcorrer. 
(3) Patrimônio Líquido 
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 Ações em Tesouraria; 
 Ajustes de Avaliação Patrimonial (se negativo); 
 Prejuízos Acumulados. 
 
4. Situações Patrimoniais 
Como visto, o patrimônio é formado por bens, direitos (Ativo) e obrigações (Passivo 
Exigível), sendo a Situação Líquida o valor da subtração entre o Ativo e o Passivo 
Exigível. 
Em função dos diversos fatos contábeis que podem ocorrer, os valores de ativos e 
passivos exigíveis podem variar e, como a situação líquida é o resíduo, o que sobra, 
ela sempre se adaptará, variando entre positivo, zeroe negativo, de forma que os dois 
lados do balanço sejam sempre iguais. 
A variação da Situação Líquida determinará a situação patrimonial que a entidade se 
encontra, podendo ser: 
(1) Quando a Situação Líquida for credora (maior que zero) é sinal que a o Ativo é 
maior que o Passivo Exigível. 
(2) Quando a Situação Líquida for nula (igual a zero), é sinal que a o Ativo é igual 
ao Passivo Exigível. 
(3) Quando a Situação Líquida for devedora (menor que zero) é sinal que a o Ativo 
é menor que o Passivo Exigível. 
Essas três possibilidades para a Situação Líquida fazem com que o patrimônio possa 
assumir três situações distintas com cinco configurações possíveis. 
Fique ligado: 
Importante estar atento ao termo Situação Líquida. 
Apesar de ser tratado pela maioria dos autores e na maioria das questões de 
concursos como sinônimo de Patrimônio Líquido, o primeiro é mais abrangente. 
Enquanto Situação Líquida se refere a qualquer situação patrimonial, positiva, 
nula ou negativa, Patrimônio Líquido se refere somente à Situação Líquida 
positiva. Porém como dito, as questão não cobram tecnicamente esse termo. 
4.1. Situação Líquida Positiva, Superavitária, Favorável, Ativa: 
Situação mais comum entre as entidades onde o Ativo é maior que o Passivo Exigível 
ou ainda o Passivo Exigível é inexistente, o que torna a Situação Líquida positiva. Tal 
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situação pode assumir duas configurações: 
4.1.1. Ativo igual à situação Líquida. 
Quando não houver obrigações exigíveis, o Ativo será igual a Situação Líquida. Essa 
configuração é também chamada de Propriedade Total de Ativos, uma condição 
muito peculiar que pode ocorrer no momento de criação da entidade, onde o 
proprietário entrega a ela os recursos que comporão seu Ativo, podendo ser dinheiro, 
bens e direitos. 
Por não haver ainda nenhuma obrigação exigível, todos os bens e direitos que 
compões o Ativo tem somente uma fonte, os Recursos Próprios, fonte representada 
pela Situação Líquida, mais precisamente pela conta contábil Capital Social que 
registra o valor que o proprietário investiu. 
Vejamos o exemplo abaixo: 
Duas pessoas resolvem abrir uma empresa. Para que empresa tenha estrutura mínima 
para que possa iniciar suas atividades os proprietários decidem iniciá-la com um 
patrimônio no valor de 100.000, 50.000 cada um. 
Após serem feitos os devidos registros, os dois entregam para a empresa o valor 
registrado, sendo o primeiro 50.000 em dinheiro e o segundo um imóvel também 
nesse valor. 
Com a entrega do dinheiro e do imóvel surge o patrimônio da empresa, representado 
pelo Balanço patrimonial que deverá conter contas contábeis que apresentem os 
aspetos qualitativos e quantitativos dos elementos patrimoniais, demonstrando assim 
as origens e aplicações dos recursos que ela possui. 
O balanço fica como abaixo: 
Ativo (aplicações) Passivo Total (origens) 
Caixa 50.000 Patrimônio 
Líquido 
100.000 
Imóveis 50.000 
Total 100.000 Total 100.000 
Se a entidade fosse encerrada nesse momento, a quem caberia o imóvel e o dinheiro 
em caixa? 
Para tanto basta observar o Passivo Total e verificar quais são as fontes de recursos 
que financiam o Ativo. Como só existe o Patrimônio Líquido, conclui-se que a única 
fonte de recursos foi o capital próprio, ou seja, o capital da própria empresa que foi 
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“dado” a ela pelos proprietários para que ela desenvolvesse suas atividades. 
Dessa forma, o que for apurado será devolvido aos proprietários após a sua extinção, 
nesse caso o valor total. 
A = PE + SL 
100.0 = 0 + SL. Dessa forma, a SL = 100.000. 
4.1.2. Ativo maior que o Passivo Exigível 
Quando houver obrigações exigíveis em montante menor que o Ativo, a situação 
Líquida será ainda positiva, mas será menor que o Ativo, uma condição mais comum 
entre as entidades. 
Por haver obrigações exigíveis em montante menor que o Ativo, todos os bens e 
direitos que compõem o Ativo têm duas origens de recursos, os Recursos Próprios, 
fonte representada pela Situação Líquida, e os recursos de terceiros, fonte 
representada pelo Passivo Exigível. 
Continuemos com o exemplo dado acima: 
Agora a empresa adquiriu dois automóveis no valor de 30.000 cada, pagando 10.000 
à vista e financiado 50.000, e mercadorias para estoque no valor de 40.000, sendo 
10.000 à vista e 30.000 a prazo. 
Com a ocorrência desses fatos contábeis, deverão ser feitos registros em contas 
contábeis que apresentem os aspetos qualitativos e quantitativos dos elementos 
patrimoniais, demonstrando assim as origens e aplicações dos recursos que a empresa 
possui. 
O balanço fica como a abaixo: 
Ativo (aplicações) Passivo Total (origens) 
Caixa 30.000 Duplicatas a pagar 30.000 
Mercadorias 40.000 
Financiamentos a 
Pagar 
50.000 
Veículos 60.000 
Patrimônio Líquido 100.000 
Imóveis 50.000 
Total 180.000 Total 180.000 
Se a entidade fosse encerrada nesse momento, a quem cabem os bens que hoje valem 
180.000? 
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Para tanto basta observar o Passivo Total e verificar quais são as fontes de recursos 
que financiam o Ativo. Agora existem duas fontes: o Passivo Exigível, capital de 
terceiros (80.000) e o Patrimônio Líquido, capital próprio (100.000) 
Dessa forma, do que for apurado, 80.000 será usado para quitar as obrigações com 
terceiros e o que sobrar será devolvido aos proprietários após a extinção da empresa. 
A = PE + PL 
180.0 = 80.000 + PL. Dessa forma SL = 100.000. 
4.2. Situação líquida nula ou compensada: 
Quando houver obrigações exigíveis em montante igual ao Ativo, a Situação Líquida 
será nula, ou seja, igual a zero, situação desconfortável para qualquer entidade. 
Por haver obrigações exigíveis em montante igual ao Ativo, todos os bens e direitos 
que compõem o Ativo têm uma origem de recursos, os Recursos de Terceiros, fonte 
representada pelo Passivo Exigível. 
Continuemos com o exemplo: 
Agora a empresa foi multada pela Receita Federal em 100.000 a ser paga em dois 
meses. 
Com a ocorrência desse fato contábil, deverão ser feitos registros em contas contábeis 
que apresentem os aspetos qualitativos e quantitativos dos elementos patrimoniais, 
demonstrando assim as origens e aplicações dos recursos que a empresa possui. 
 
O balanço fica como a abaixo: 
 
 
 
 
Ativo (aplicações) Passivo Total (origens) 
Caixa 30.000 Duplicatas a pagar 30.000 
Mercadorias 40.000 Multa a pagar 100.000 
Veículos 60.000 
Financiamentos a Pagar 50.000 
Imóveis 50.000 
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Total 180.000 Total 180.000 
 
Se a entidade fosse encerrada nesse momento, a quem cabe os bens que hoje valem 
180.000? 
Para tanto basta observar o Passivo Total e verificar quais são as fontes de recursos 
que são origens dos direitos no Ativo. Agora existe uma fonte: o Passivo Exigível, 
capital de terceiros. 
Dessa forma, do que for apurado, 180.000 será usado para quitar as obrigações com 
terceiros. 
 
Ativo (aplicações) Passivo Total (origens) 
Caixa 30.000 Duplicatas a pagar 30.000 
Mercadorias 40.000 Multa a pagar 100.000 
Veículos 60.000 
Financiamentos a Pagar 50.000 
Imóveis 50.000 
Total 180.000 Total 180.000 
 
Você pode se perguntar, mas e os recursos que foram investidos pelos sócios? 
Como ocorre com a grande maioria dos investimentos existe a possibilidade de perda 
e com uma empresa não é diferente. É lógico que os fatos contábeis estão sendo 
analisados de forma isolada, essa despesa de multa que gerou um prejuízo de 100.000 
não ocorreria sozinha. Certamente a empresa estaria também realizando receitas que, 
em contraponto com as despesas, poderia ter gerado um resultado positivo que faria 
aumentar o Patrimônio Líquido e assim o investimento dos sócios. 
Assim, na realidade,levando em conta essa única despesa, a multa, e o prejuízo 
produzido por ela, a Situação Líquida ficaria com essa configuração: 
Situação Líquida 
Capital Social 100.000 (credor) 
Prejuízo acumulado (100.000) (devedor) 
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Como a conta contábil prejuízo acumulado tem natureza devedora, a Situação Líquida 
fica com saldo zero. 
A = PE + SL 
180.0 000 = 180.000 + SL. Sendo assim SL = ZERO 
4.3. Situação líquida negativa, deficitária, desfavorável, passiva ou 
passivo a descoberto 
Situação em que o Ativo é menor que o Passivo Exigível ou é inexistente, o que torna 
a Situação Líquida com natureza devedora, negativa. Tal situação pode assumir duas 
configurações: 
4.3.1. Ativo existente, mas menor que o Passivo Exigível 
Quando houver obrigações exigíveis em montante maior que o Ativo, a Situação 
Líquida será negativa, ou seja, terá natureza devedora, uma condição ruim para 
qualquer entidade. 
Por haver obrigações exigíveis em montante maior que o Ativo, todos os bens e 
direitos que compõe o Ativo têm como origem o Passivo exigível. Porém, fica ainda 
uma parcela sem cobertura, ou seja, uma parcela de Passivo a descoberto. 
Continuemos com o exemplo: 
Agora a houve o furto de um dos automóveis, que contabilmente também é uma 
despesa. 
Com a ocorrência desse fato contábil, deverão ser feitos registros em contas contábeis 
que apresentem os aspetos qualitativos e quantitativos dos elementos patrimoniais, 
demonstrando assim as origens e aplicações dos recursos que a empresa possui. 
O balanço fica como a abaixo: 
Ativo (aplicações) Passivo Total (origens) 
Caixa 30.000 
Duplicatas a pagar 
Multa a pagar 
Financiamentos a Pagar 
30.000 
100.000 
50.000 
Mercadorias 40.000 
Veículos 30.000 
Imóveis 50.000 
Situação Líquida 30.000 
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Total 180.000 Total 180.000 
Se a entidade fosse encerrada nesse momento, a quem cabe os bens que hoje valem 
150.000? 
Para tanto basta observar o Passivo Total e verificar quais são as fontes de recursos 
que financiam o Ativo. Agora existe uma fonte: o Passivo Exigível, capital de terceiros. 
Porém, mesmo realizando todos os Ativos 150.000 ainda fica a descoberto 30.000. 
Mais uma vez, levando em conta somente essas despesas, a multa e o furto, e o 
prejuízo produzido por elas, na realidade o Patrimônio Líquido ficaria com essa 
configuração: 
Situação Líquida 
Capital Social 100.000 (credor) 
Prejuízo acumulado (130.000) (devedor) 
Total (30.000) (devedor) 
Como a conta contábil Prejuízo Acumulado tem natureza devedora (100.000+30.000), 
a situação Líquida fica com saldo de 30.000, devedor. 
A = PE + SL 
150.000 = 180.000+ SL. Sendo assim, SL = -30.000. 
4.3.2. Passivo Exigívo igual à Situação Líquida: 
É a pior situação possível em que uma organização pode se encontrar, onde não há 
qualquer ativo para honrar as obrigações. Sendo um caso de inexistência de ativos, a 
situação líquida terá o mesmo valor do ativo, porém terá natureza devedora. 
Imagine que a empresa seja atingida por um meteoro que faça com que todos os seus 
bens sejam destruídos, subsistiria somente as obrigações deixando a Balanço 
Patrimonial dessa forma: 
Ativo (aplicações) Passivo Total (origens) 
Patrimônio 
Líquido 
180.000 
Duplicatas a pagar 
Multa a pagar 
Financiamentos a Pagar 
30.000 
100.000 
50.000 
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Total 180.000 Total 180.000 
A destruição dos bens provoca contabilmente uma despesa e, mais uma vez, levando 
em conta somente essas despesas, a multa, o furto e a destruição, e o prejuízo 
produzido por elas, na realidade o Patrimônio Líquido ficaria com essa configuração: 
Situação Líquida 
Capital Social 100.000 
Prejuízo acumulado (280.000) 
Total (180.000) 
Como a conta contábil prejuízo acumulado tem natureza devedora 
(100.000+30.000+150.000), a situação Líquida fica com saldo de 180.000 devedor. 
 
A = PE + SL 
0 = 180.000 + SL. Sendo assim SL = -180.000. 
 
(ESAF) Analise as afirmativas abaixo 
1. Num dado momento, o valor do Patrimônio Líquido pode aumentar e/ou diminuir 
sem que, neste mesmo momento, ocorra qualquer aumento e/ou redução no valor 
do Ativo e/ou no valor do Passivo. 
 
2. Pode estar sendo incorrida uma despesa neste momento sem que, neste mesmo 
momento, esteja ocorrendo um pagamento e sem que, neste mesmo momento, 
estejam aumentando as obrigações (dívidas) da empresa. 
 
3. Toda redução no valor do Patrimônio Líquido decorre de uma despesa incorrida. 
 
4. As aplicações de recursos podem ter valor inferior ao valor dos capitais de terceiros. 
 
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5. Quando o valor do Passivo (obrigações/dívidas da entidade) for inferior ao valor do 
Ativo, a equação básica da Contabilidade deve ser expressa da seguinte forma: "Ativo 
+ Patrimônio Líquido = Passivo". 
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas verdadeiras. 
a) É verdadeira apenas a afirmativa 3. 
b) São verdadeiras apenas as afirmativas 1 e 4. 
c) São verdadeiras apenas as afirmativas 2 e 4. 
d) São verdadeiras apenas as afirmativas 2 e 5. 
e) São verdadeiras apenas as afirmativas 2, 3 e 4. 
 
Comentário: 
1. Item Errado: Como o Patrimônio Líquido é o resultado da subtração entre Ativo e 
Passivo Exigível, a sua alteração depende basicamente da alteração desses elementos 
patrimoniais. 
 
2. Item certo: Duas situações podem gerar despesas, desde que resultem em reduções 
do Patrimônio Líquido: Redução do Ativo: vários tipos de ativos podem ser entregues 
ou reduzidos por meio da despesa; Aumento do Passivo Exigível: a despesa também 
pode resultar de aumento de passivos. 
 
3. Item Errado: Segundo o CPC00, despesas são decréscimos nos benefícios 
econômicos durante o período contábil, sob a forma da saída de recursos ou da 
redução de ativos ou assunção de passivos, que resultam em decréscimo do 
patrimônio líquido, e que não estejam relacionados com distribuições aos detentores 
dos instrumentos patrimoniais. Isso quer dizer que se a redução for em função da 
entrega de recursos aos detentores dos instrumentos patrimoniais, não haverá 
despesa. 
 
4. Item Correto: Isso configura uma situação de passivo a descoberto (A + PL = PE). 
 
5. Item Errado: Isso configura uma situação favorável, e não uma situação de passivo 
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a descoberto, como diz a assertiva. 
Gabarito: C 
 
(CESPE) Quando, na equação patrimonial de uma entidade, o ativo total, somado à 
situação líquida, é igual ao passivo total, a situação financeira da entidade pode ser 
considerada bastante confortável. 
Comentário: equação patrimonial é: Ativo = Passivo (Exigível) + Patrimônio Líquido. 
Desconsiderando outros fatores, a situação patrimonial da empresa estará confortável 
quando o P.L. for positivo, ou seja, quando o Ativo for maior que o Passivo Exigível. 
Caso o Passivo Exigível seja maior que o Ativo, o PL será negativo e a empresa estará 
em uma Situação Líquida negativa, deficitária, desfavorável, passiva ou passivo a 
descoberto, situação ruim para a entidade. 
Gabarito: Errado 
 
5. Relação entre os grupos em que se subdivide o patrimônio: 
Assim fica a relação entre os elementos patrimoniais: 
O Ativo será sempre igual ao Passivo Total: 
A = P + PL 
O Ativo nunca será menor que zero: 
A > 0 ou A = 0 
O Passivo Exigível nunca será menor que ZERO: 
PE > 0 ou PE = 0 
A Situação Líquida poderá variar entre valores maiores e menores que ZERO: 
SL > 0 ou SL = 0 ou SL < 0 
O Ativo pode ser maior, igual ou menor que o Passivo Exigível: 
A > PE (SL positiva) ou A = PE (SL nula) ou A < PE (SL negativa) 
O Ativo pode ser maior ou igual à Situação Líquida. Mas não pode

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