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Atividade Inovadora de Criminologia Aluna: Beatriz Lima Nascimento / RGM: 28175778 Curso: Direito - Bacharelado (Noturno) Durante a etapa pré-científica da criminologia, era comum que os pesquisadores que buscavam explicar as motivações para o delito se baseassem apenas em experiências práticas e, portanto, desconsideravam diversos fatores externos e internos ao indivíduo autor do crime, ao passo que consideravam o crime como algo consciente ou voluntário, sem levar em consideração os multifatores que levam ao crime como fato real. Cesare Lombroso, autor do livro Homem Delinquente, marco da Criminologia Científica, buscava, por meio de seus estudos, classificar o criminoso nato a partir de sua origem genética e em suas características fenotípicas. Lombroso acreditava que haviam traços físicos característicos que diferenciavam pessoas delinquentes de pessoas que não cometem delitos, tal crença gerou a proposição do conceito de atavismo, que foi um conceito utilizado na criminologia para atestar que a causa para a criminalidade eram as características biológicas e o histórico criminal dos antepassados mais recuados e, por isso, o indivíduo portador dessas características físicas não poderia evitar o cometimento de crimes, já que é movido por forças incontroláveis provenientes de sua natureza biológica. Lombroso possuía a profissão de médico no sistema penitenciário italiano, era ele quem fazia a autópsia dos cadáveres dos presos e, a partir disso, fazia conclusões sobre estigmas criminógenos. Após necropsiar 383 cadáveres, deparou-se com o defunto de Milanês Vilela, que ao dissecar o mesmo teve a grata surpresa de encontrar em seu crânio, a fosseta occipital média que era característica do homem primitivo. Do ponto de vista tipológico, distinguia Lombroso seis tipos de delinqüentes: o “nato” (atávico), o louco moral (doente), o epilético, o louco, o ocasional e o passional. Em seu livro, ele afirma que os criminosos natos possuem cabelos crespos, o crânio deformado, cicatrizes e tatuagens, além de dizer que o criminoso nato possuía características e traços de uma pessoa negra. Sob tal ótica e analisando o contexto em que a obra foi escrita, no caso, alguns anos após o lançamento da Origem das Espécies de Charles Darwin, nota-se que a teoria antropológica criminal de Lombroso apresenta semelhanças com o Darwinismo Social, que propunha que pessoas negras eram menos evoluídas que pessoas brancas, e que legitimou a escravidão e embasou as teorias eugenistas que foram propostas posteriormente. A teoria lombrosiana possui inúmeras falhas e, mesmo assim, as consequências ainda são vistas nos dias de hoje, ao passo que a teoria fez com que se construísse um estereótipo racista estrutural de criminoso e, por conseguinte, o cárcere se estruturou e se solidificou como um ambiente com a finalidade de marginalizar mais ainda pessoas pobres, negras e racializadas, ao passo que pessoas brancas e com boas condições financeiras conseguem se isentar de penalidades por não fazerem parte do estereótipo de “bandido”. Por outro lado, o criminoso “louco” ou “louco moral” é aquele indivíduo amoral, ou seja, um indivíduo que não possui nenhuma moral. A explicação da conduta delituosa do louco moral também é dada por características biológicas, é congênita, mas pode variar de acordo com o meio na qual o indivíduo se desenvolve. Lombroso atesta que há três tipos de criminosos loucos: o alcoólatra, o histérico e o mattoide. O alcoólatra é aquele que fica bêbado e comete delitos, já o histérico apresenta uma tendência maior à mentira e possui uma inclinação natural ao erotismo, e o mattoide comete crimes por impulso. Outrossim, para Lombroso, a causa da degeneração do criminoso epilético é a própria epilepsia, ou seja, a doença seria aquilo que suprimiria a inteligência e a moral do indivíduo portador da doença. O criminoso passional, por sua vez, comete crimes por impulso e é motivado por amor e paixão. Não há características físicas que determinem esse criminoso, o que determina o criminoso passional é a faixa etária entre 20 e 30 anos. Por fim, o criminoso ocasional é classificado em três grupos: pseudocriminosos, criminalóides e os criminosos profissionais. Os pseudocriminosos são aqueles que cometem crimes de maneira involuntária, ou por legítima defesa, ou seja, crimes sem perversidade. Os criminalóides são aqueles que são motivados por uma circunstância adversa, portanto, em circunstâncias comuns, o criminalóide não teria a conduta criminosa. E os criminosos profissionais são aqueles que mesclam atividades legais com crimes. Em conclusão, é notório que Cesare Lombroso propôs sua teoria com o intuito de utilizar métodos científicos das ciências naturais para explicar fenômenos sociais, no entanto, falhou em seus métodos por desconsiderar diversas variáveis em sua pesquisa. No mais, devido ao contexto histórico e as teorias vigentes à época, nota-se que sua teoria incitou o preconceito racial e contribuiu para legitimar o racismo estrutural que perdura em nossa sociedade até os dias de hoje. Referências utilizadas: LOMBROSO, César. O homem delinquente: tradução baseada na 2ª edição francesa, com notas, comentários e resumo biográfico do autor. Porto Alegre. Ricardo Lenz, 2001. Enciclopédia Jurídica, 2020. Disponível em: http://www.enciclopedia- juridica.com/pt/d/atavismo/atavismo.htm. Acesso em: 26 de outubro de 2021. Cesare lombroso e a teoria do criminoso nato, 2020. Disponível em: https://canalcienciascriminais.com.br/cesare-lombroso-criminoso-nato/. Acesso em: 26 de outubro de 2021. Classificação dos criminosos segundo: Lombroso, Ferri e Garófalo. Disponível em: http://www.atenas.edu.br/uniatenas/assets/files/magazines/DIREITOS_HUMAN OS_E_A_ETICA_COOPERATIVA.pdf. Acesso em: 26 de outubro de 2021. Ciência e preconceito: epilepsia e propensão ao crime. Disponível em: http://www.historiaecultura.pro.br/cienciaepreconceito/producao/comunicacaoa parecida.pdf. Acesso em: 26 de outubro de 2021 Material teórico da Unidade 1, Introdução à Criminologia e sua Etapa Pré- Científica: a Criminologia Enquanto Ciência e a Criminologia Positivista.
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