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Caderno de criminologia

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CADERNO DE CRIMINOLOGIA 
 
CONTEXTO HISTÓRICO 
Não é de hoje que o fator criminal se revela com um 
problema da espécie humana. O instinto gregário do 
ser humano é um fator demonstra que práticas 
antissociais devem ser vistas como questões que 
atrapalham a civilização. Assim, a sociedade impôs 
restrições para o indivíduo que tem práticas 
antissociais, denominada infração penal. Importante 
ressaltar que na criminologia não há diferença entre as 
infrações penais. Todas são referidas como crimes, pois 
o criminólogo vê o crime como um ato mais 
abrangente. Para a criminologia o crime é o problema, 
mas a pergunta que se faz é “punir criminosos evita a 
prática de novos crimes”? A resposta é não. Outra 
observação é que não é somente o indivíduo que 
pratica o crime e pessoas próximas que sofrem com as 
consequências do crime, mas a sociedade como um 
todo. Desde os tempos antigos há uma preocupação 
com o entendimento do processo punitivo. 
CONCEITOS PARA O DIREITO PENAL 
Crime: fato típico, ilícito e culpável. 
Criminoso: todo aquele que, voluntariamente, com 
dolo ou culpa, deu causa a um resultado típico. 
Sistema de Justiça Criminal: evidenciam um 
mecanismo por meio do qual pode-se evidenciar a 
prática de um crime e imputar este crime a 
determinada pessoa. 
Assim, o sistema de justiça criminal não é suficiente 
para evitar o fenômeno criminal. 
Então conclui-se que a criminologia não é um ramo do 
direito penal. O direito penal é um dos elementos dos 
quais a criminologia extrai seu fundamento. 
CRIMINOLOGIA 
Ciência empírica e interdisciplinar, que tem por objeto 
de análise o crime, o criminoso, a vítima e o controle 
social. 
Método indutivo: observando a realidade e acaba 
enxergando padrões. 
Interdisciplinar: agrega conceitos de outras disciplinas 
produzindo seus próprios conceitos. Outros ramos 
agregados pela criminologia são: biologia, sociologia, 
psicologia, medicina legal, direito etc. 
 
 
 
CARACTERÍSTICAS 
- Crime é um problema; 
- Objeto é quadripartite: crime, criminoso, vítima e o 
controle social; 
- Prevenção, ao invés da exclusiva repressão; 
- Intervenção, ao invés de tratamento; 
- Reação social ao delito; 
- Etiologia do delito (origem); 
CRIME 
- Crime como problema social e comunitário. Social no 
sentido de que em toda sociedade tem e sofre. 
Comunitário no sentido que todo crime nasce no ceio 
de uma comunidade, que se torna corresponsável por 
evitar tais crime. 
CRIMINOSO 
Criminoso (prof. Sérgio Salomão): ser normal, livre, 
mas sujeito às influências do meio. 
Escola correcionalista espanhola: o criminoso é um ser 
incapaz, cabendo ao Estado o dever de cuidá-lo e de 
educá-lo. 
Para o marxismo o criminoso é uma vítima do sistema 
capitalista. 
VÍTIMA 
No início havia um protagonismo da vítima, pela 
existência da lei de Talião. Após, com a ascensão do 
processo inquisitivo, o estado toma para si o direito de 
punir, neutralizando a vítima. Em meados do séc. XX, 
ocorreu um redescobrimento e entendimento da 
importância de reconhecer o papel da vítima. 
Cifra Negra: infrações penais que não são percebidas 
pelo Estado. 
Vitimização - se divide em três: vitimização primária, 
secundária e terciária. A primária é a que sofre o dano 
diretamente. A secundária são as relações entre a 
vítima e o Estado, que não tem acolhimento pelo 
Estado. E a vitimização terciária que é aquela que gera 
intenso sofrimento da vítima que é abandonada pelo 
Estado e estigmatizada pela sociedade. (culpabilização 
da vítima). Os processos de vitimização explicam a 
existência da cifra negra. 
CONTROLE SOCIAL 
Conjunto de instituições e estratégias que visam 
submeter o individuo as normas do desenvolvimento 
social. O controle social possui instrumentos que 
CADERNO DE CRIMINOLOGIA 
 
disciplinam o infrator, que vão além das penas. Existe 
o controle social formal e informal (aquele de caráter 
preventivo e educacional. Exercem pressão ao 
individuo para que ele se adeque as normas de 
existência e convivência, estimulando o bom 
comportamento. O controle social informal funciona 
melhor, pois, o indivíduo o considera mais legítimo, 
passando por situações que podem trazer vergonha 
que controlam seus atos. Então, o controle social 
informal pode se tornar insuficiente e o indivíduo 
cometer atos criminosos, fazendo que o controle 
formal entre em ação. O controle social formal tem 
eficácia menos limitada porque geralmente o indivíduo 
considera menos legitimo. 
O policiamento comunitário é uma ferramenta de 
segurança pública com parceria entre comunidade e a 
polícia. Nele estão presentes o controle social formal e 
o informal. 
Existem outros tipos de controle social, quais sejam: 
controle social interno (polícia, MP) e externo (órgãos 
externos de fiscalização da atividade do Estado). O 
controle social externo é mais cobrado nos concursos. 
MÉTODOS 
Biológico e Sociológico 
Ciência empírica e experimental, vale-se da 
metodologia indutiva, observando aspectos 
sociológicos e biológicos. 
FUNÇÃO DA CRIMINOLOGIA 
Sistematizar os múltiplos conhecimentos relacionados 
ao crime, com vistas a prevenção do crime. É uma 
ciência humana e inexata. Pretende interferir 
positivamente no criminoso. 
CLASSIFICAÇÃO DA CRIMINOLOGIA 
Criminologia geral: é a sistematização cientifica do 
conhecimento auferido pelas outras ciências. 
Criminologia clínica: é a aplicação do conhecimento 
alcançado em relação ao criminoso. 
Criminologia científica: são os métodos científicos 
aplicados ao crime, a vítima, ao criminoso e ao controle 
social. 
Criminologia aplicada: é a utilização do conhecimento 
científico no sistema de justiça criminal; 
Criminologia acadêmica: é a sistematização do 
conhecimento para fins pedagógicos. 
Criminologia analítica: é a verificação dos 
conhecimentos criminológicos no sistema de justiça 
criminal e nas políticas criminais. 
Criminologia crítica ou radical: base marxista. Acredita 
que o sistema de justiça criminal serve para a 
manutenção do sistema de classes. 
Criminologia verde: relativa aos crimes ambientais. 
Criminologia do desenvolvimento: a depender a 
evolução da idade do indivíduo percebe-se maior 
propensão a prática de determinados crimes. 
Criminalística X Criminologia: criminalística é a 
disciplina auxiliar da persecução penal responsável 
pela elaboração de exames laboratoriais, por exames 
periciais etc. 
HISTÓRIA DA CRIMINOLOGIA 
Tema muito importante nos concursos para delegado, 
pois, existe grande divergência. 
Século XIX, fase pré cientifica, os estudiosos não 
sabiam que estavam falando sobre criminologia, mas 
estavam analisando conforme instrumentos 
disponíveis a sua época o fenômeno criminal. 
Cesare Lombroso (antropólogo) é considerado o pai da 
criminologia. Porém, há estudiosos que entendem que 
o pai da criminologia é Paul Topinard, em 1879, pois 
ele foi o primeiro a utilizar o termo, porém ele não 
definiu o termo. Já Raffaele Garófalo, em 18858, além 
de ter utilizado o termo “criminologia” o definiu 
cientificamente. Atente-se que em 1859, Francesco 
Carrara, delineou os pensamentos criminológicos. No 
entanto, Carrara escrevia sobre Direito Penal, na época 
pré científica da criminologia (Escola Clássica). Para o 
concurso público, o pai da criminologia é o Lombroso, 
ainda que haja divergência. 
FASE PRÉ CIENTÍFICA DA CRIMINOLOGIA 
Atente-se ainda que, antes da organização do 
pensamento sobre os fenômenos criminais e de uma 
sistematização cientifica, já existia na antiguidade um 
estudo sobre o pensamento criminológico. Porém, na 
antiguidade os estudiosos não se valiam do 
racionalismo e da ciência, reagiam de maneira 
instintiva. Assim, os primeiros instintos envolvem a 
necessidade de busca pela compensação humana, a 
vingança. Portanto, a primeira fase da criminologia 
antiga é a vingança privada, ou seja, se fez mal, sofrerá 
o mal (lei de Talião). A vítima podia infringir o algoz de 
maneira proporcional ao sofrimento causado pelo 
criminoso. O ius puniendepertencia a vítima. 
CADERNO DE CRIMINOLOGIA 
 
Depois da vingança privada, adveio a vingança divina. 
O ius puniente pertencia a algum clérigo ou sacerdote, 
além disso, a punição advinha de uma interpretação da 
lei divina. Um dos critérios era a lei das Ordálias, que 
consistia em um sistema de provas utilizado no período 
medieval, onde o acusado era submetido a um teste de 
sobrevivência. Caso ele sobrevivesse, significava que 
Deus olhava por ele, portanto ele era inocente. 
Por fim, tem-se a fase da vingança pública. Quem 
deveria punir era o soberano que deveria aplicar as 
penas de acordo com seus critérios punitivos. O 
soberano utilizava-se da punição para aterrorizar seus 
súditos. 
O surgimento do iluminismo trouxe o desenvolvimento 
científico que permeia a criminologia. 
ESCOLA CLÁSSICA 
Surgiu a Escola Clássica, que recebeu este nome 
porque reviveu os valores greco-romanos. Ainda é uma 
fase pré científica, também conhecida como 
humanista, porque tem como característica a 
substituição da emoção pela razão na aplicação das 
penas, da justiça ao invés da arbitrariedade. Neste 
período que surgem as escolas penais e criminológicas. 
Os principais pensadores influentes são Cesare 
Beccaria (Dos delitos e das penas), Francesco Carrara 
e Giovanni Carmignani. As bases filosóficas da Escola 
clássica é o Jusnaturalismo e o contrato social. 
O jusnaturalismo reconhece a existência de um direito 
natural do homem que nasce com ele e é eterno e 
imutável. O soberano tem dever de reconhecer os 
direitos do homem como ser humano. O contrato 
social (Rousseau) reconhece que o Estado surge a partir 
de um contrato entre os homens, onde eles renunciam 
à sua liberdade para viabilizar a vida em sociedade. 
Então a sociedade não era uma dádiva que o soberano 
oferecia. A sociedade pertence aos homens e o 
soberano estava lá para ajudar os homens. Então o 
direito era algo jusnatural, superior e anterior ao 
soberano. Essa ideia também está ligada a ascensão da 
burguesia que precisava de mais estabilidade para 
evoluir com seus negócios. Dai a ideia de tirar o poder 
do soberano com reconhecimento de direitos naturais 
do homem que estavam acima do soberano e somente 
as normas dos homens é que poderiam justificar uma 
punição. 
PRINCÍPIOS DA ESCOLA CLÁSSICA 
a) Crime é ente jurídico 
b) Livre-arbítrio: se o individuo escolheu o caminho do 
delito, fez porque quis e por isso merece ser punido. 
c) Pena retribui pela culpa, moral e restauração social 
d) Método lógico-dedutivo: premissa maior para a 
premissa maior. Nesta época não existiam ferramentas 
cientificas nesta época. Utilizavam-se da ferramenta da 
argumentação, então justificavam de maneira lógica, 
argumentativa e racional a punição. Era utilitarista, 
porque se o indivíduo escolhia infringir as leis, isso 
tinha uma consequência. 
A Escola Clássica vai evoluindo porque só o argumento 
logico-dedutivo se torna insuficiente. Começa a 
caminhar para uma fase científica. Ainda é fase pré 
cientifica, mas há uma transição. Franz J. Gall, um dos 
expoentes da Fenologia, defendia a existência de zonas 
da criminalidade, conforma o formato do crânio do ser 
humano. Contudo, naquela época não existia 
instrumentos para aferir o crânio, a não ser apalpá-lo. 
Assim, o método utilizado era o da Cranioscopia, onde 
se apalpava o crânio do individuo para classificar sua 
propensão a criminalidade conforme sua deformidade. 
FASE CIENTÍFICA DA CRIMINOLOGIA 
 
ESCOLA POSITIVISTA 
Escola Positiva é o marco do início da fase científica da 
criminologia (séc. XIX). Possui três fases: a 
antropológica (Cesare Lombroso), a sociológica (Ferri) 
e a Jurídica (Garófalo). Todos eles são italianos. Ainda, 
existem um pensador francês, Adolphe Quételet, que 
iniciou uma sistematização dos dados sobre delitos e 
delinquentes. Sua obra chamava-se “Física Social” 
(1835). A obra se funda em três preceitos: a) o crime é 
um fenômeno social, ou seja, só existe na sociedade 
humana; b) previsão temporal para os crimes (leis 
térmicas – a depender do tempo a prática dos crimes 
era mais recorrentes); c) condicionantes do crime: 
como miséria, analfabetismo, condições climáticas. 
Além disso, Adolphe sistematizou os estudos sobre 
delitos e delinquentes, além disso, defendeu o 
desenvolvimento oficial de estatísticas do crime, dando 
visão a ideia embrionária de cifra-negra. 
Então o positivismo tinha como característica 
determinante valer-se de métodos de conhecimentos 
de conclusões de ciências exatas (física, química e 
matemática) utilizando-as em todas a ciências do 
aspecto humano. 
ESCOLA POSITIVISTA – FASE ANTROPOLÓGICA 
O primeiro a procurar uma metodologia com cunho 
científico foi o Cesare Lambroso, considerado o pai da 
criminologia ou da Antropologia Criminal (ele falava 
isso). Sua principal obra é “O homem delinquente” 
(1876). É um expoente da Escola Positiva em sua fase 
CADERNO DE CRIMINOLOGIA 
 
antropológica. Foi o primeiro a aplicar um método 
científico da época (o positivismo). A sua obra teve o 
mérito de reunir e sistematizar diversos 
conhecimentos anteriores que estavam espalhados. 
Realizou uma intensa análise em criminosos, 
procurando elementos comuns entre os delinquentes. 
Além disso, foi o primeiro a utilizar-se do método 
empírico-indutivo ou indutivo-experimental. 
Para Lambroso, o crime é um fenômeno biológico, ou 
seja, tem como origem a biologia da pessoa. A pessoa 
criminosa possuía características endógenas que a 
levava cometer um crime. A pessoa ou nasce criminosa 
ou tornou-se biologicamente criminoso. As 
características criminosas eram hereditárias e isso era 
irreversível. Defendia também que o criminoso era um 
ser atávico (atavismo – reaparecimento de 
características primitivas dos ancestrais), sendo o 
criminoso um ser primitivo, que em sua essência era 
criminoso. Outra característica era a epilepsia. 
Lombroso defendia que a epilepsia danifica os centros 
nervosos, tornando o indivíduo criminoso. Ainda, 
completando o Tríptico Lombrosiano (atavismo, 
epilepsia e loucura moral), Lombroso defende que a 
loucura moral é outra característica do delinquente. 
Neste caso, o delinquente carece de completo senso 
moral, podendo matar pelos mais ínfimos motivos, 
sendo um degenerado moral. 
Atente-se que há estudiosos que interpretam que 
Lambroso não levava o ambiente em consideração, 
somente fatores exógenos. Porém, a questão do 
ambiente para Lombroso é importante quanto aquele 
é um catalisador para fatores biológicos. 
Para Lombroso, o sujeito não tinha livre arbítrio. Ele 
não possuía escolha. 
Importante ressaltar que os estudiosos da época não 
entendiam ainda que estavam projetando o 
pensamento criminológico, nem se intitulavam 
criminólogos. O ganho da época foi a introdução do 
método científico. 
Lombroso chegou a listas alguns caracteres do 
criminoso: fonte fugidia, mãos grandes, olhar errante, 
assimetria craniana, fazendo inclusive, lustrações. 
Além disso, ele também fez inferência sobre tatuagens, 
que para ele significavam um primitivismo. 
O grande erro do Lombroso foi metodológico, ou seja, 
não criar grupos de comparação ou de controle. O 
grupo de controle seria, por exemplo, quando se cria 
uma vacina para determinada doença, pega-se pessoas 
com a doença e divide-se em dois grupos – um é 
medicado com a vacina e o outro é medicado com 
vacina com efeito placebo. A partir daí, verifica-se se a 
vacina realmente faz efeito. O que Lambroso deveria 
ter feito era buscar pessoas com os caracteres 
criminosos por ele listados na sociedade que ainda não 
tinha cometido crimes. Isso já caiu no concurso. Não 
ridicularizar Lombroso. 
ESCOLA POSITIVISTA – FASE SOCIOLÓGICA 
O segundo expoente da Escola Positivista em sua fase 
sociológica é o Enrico Ferri, genro e discípulo de 
Lombroso, propôs avanços na teoria. Parou de 
observar apenas caracteres biológicos, mas deu ênfase 
a critérios ambientais. Ferri é o criador da Sociologia 
Criminal. Sua principal obra é a “SociologiaCriminal” 
(1884). 
Para Ferri, a criminalidade decorria de três fatores: 
a) antropológicos (a biologia ainda era importante); 
b) Físicos ou Telúricos: começou a observar como os 
fatores ambientais eram catalisadores da 
criminalidade; c) Culturais: religiosidade, ausência de 
educação (analfabetismo); 
Além disso, Ferri também nega a existência do livre 
arbítrio. O ser humano manifesta o comportamento 
criminoso a depender dos fatores da criminalidade. A 
pessoa não tem consciência e vontade. Ela submetida 
aos fatores, acaba praticando crime. Então, se a pessoa 
não tinha escolha, como se explica a aplicação de uma 
pena? Lembrando que para Lombroso a pena se 
justificava pela necessidade de isolamento do 
indivíduo, de forma a controlar, era uma medida de 
segurança. 
Porém, para o Ferri, se não fosse o ambiente a pessoa 
não teria delinquido. Portanto, para ele a justificativa 
da pena se dá pela defesa social. A pessoa não teve 
escolha para cometimento do crime a sociedade 
também não pode pagar esse preço. Assim, a pena visa 
proteger a sociedade do malfeitor que não tem escolha 
e muito menos pode ser ressocializado. A 
responsabilidade da pena para Ferri era social e para 
Lombroso era moral. 
Teoria dos substitutos penais é uma teoria criada por 
Ferri que defende que o Direito Penal só age quando 
todo o resto falha. A ação nos fatores criminógenos 
evita a prática de crimes. Assim, para o Ferri o Direito 
Penal é dispensável, a pena pessoal é ineficaz. Deve-se 
agir nos fatores sociais. Esta teoria prescinde do Direito 
Penal Convencional, ou seja, em uma certa época não 
existiria mais o direito penal convencional, apesar de 
na época reconhecer que isso não seria possível. Ainda, 
deveria dar preferência a uma Sociologia Criminal 
CADERNO DE CRIMINOLOGIA 
 
Integrada, que agiria nos fatores da criminalidade que 
agia no ambiente criminógenos para evitar os crimes. 
A orientação cientifica deveria funcionar utilizando-se 
da psicologia positiva (agir junto ao criminoso, 
tentando entender a psique dele), da antropologia 
criminal (análise endógena do criminoso) e a estatística 
social (onde se deveria agir). 
Lei da saturação criminal foi outra teoria abordada por 
Ferri, que defendia que a Teoria dos substitutos penais 
deveria vir acompanhada de reformas (sociais, 
econômicas ou outras) cientificamente orientadas. 
Ferri tirou esse ideário química, onde certas misturadas 
químicas, onde certas substâncias misturadas sob certa 
concentração e temperatura se dilui, o individuo em 
certo meio social se delingue, não há escolha. Então, se 
o meio social não for alterado, continua a saturação 
criminal. 
ESCOLA POSITIVISTA – FASE JURÍDICA 
O percussor da fase jurídica da Escola Positivista é 
Rafael Garófalo. Sua principal obra é “Criminologia” 
(1885). Garófalo diferenciou criminologia de Direito 
Penal. Para ele, Direito Penal é uma mera consequência 
da criminologia. Além disso, Garófalo agiu com mais 
moderação em relação a Lombroso e Ferri. 
Os aspectos fundamentais do pensamento de Garófalo 
são: 
a) Delito Natural: alguns comportamentos são 
reconhecidos como delitos em qualquer lugar do 
mundo. 
b) Teoria da Criminalidade: o fundamento do 
comportamento criminoso é uma anomalia 
psíquica e moral. A ideia de hereditariedade ainda 
existe. O déficit moral do indivíduo tem uma base 
orgânica transmissível hereditariamente e com 
conotações atávicas e degenerativas, não sendo 
considerada uma patologia. 
c) Teoria da Pena (fundamento do castigo): a pena 
deve ser aplicada de acordo com as características 
de cada delinquente (individualização da pena). 
Ainda para ele não existe uma ideia de proporção 
para a pena. Se afasta da ideia de liberdade 
humana e responsabilidade moral como 
fundamento da pena. Não acreditava no livre 
arbítrio. O individuo não teve escolha, mas não é 
um doente e sim um deficiente moral. Além disso, 
a pena não tem como pena a ressocialização. A 
ressocialização é refutada porque elas não 
consideram um substrato orgânico e psíquico de 
cada criminoso. Tem algo inato em sua 
personalidade que o torna criminoso. Então para 
Garófalo, deve-se observar de perto a pessoa para 
saber o quanto a pessoa é perigosa para a 
sociedade, o quanto que a pena pode deixar aquela 
pessoa menos perigosa e, sendo menos perigosa, 
há uma possibilidade de convívio social. Porém, 
para ela, algumas pessoas têm um déficit moral tão 
profunda que se torna irreversível e essa 
irreversibilidade justifica a pena de morte. Desta 
forma, a defesa da pena de morte é a diferenciação 
entre Garófalo e Ferri. 
Essas ideias de Garófalo refletiram na 2ª Guerra 
Mundial. Ao final da 2ª Guerra Mundial emerge uma 
potência econômica, militar e, principalmente, cultura, 
os EUA. Assim, em razão da preponderância cultural 
dos EUA erradia nas sociedades, inclusive 
influenciando radicalmente a criminologia. 
Após a 2ª Guerra surgi uma Guerra Fria idearia entre 
Capitalismo e Comunismo. Antes da 2ª Guerra já se 
percebia que os regimes comunistas não produziam 
riquezas econômicas a fim de fazer frente com regimes 
capitalistas. Um cientista social, Antônio Gramsci 
(italiano), percebeu que esta guerra nunca poderia ser 
vencida no âmbito econômico e no âmbito militar, 
então ele propôs que a guerra fosse travada no âmbito 
cultural e educacional (Gramscismo). Assim, Gramsci 
defendia que por meio da educação, seriam 
implementados os ideários comunistas dentro das 
escolas e Universidades, criticar o capitalismo por 
dentro e formar pessoas com esse idearia para que o 
comunismo termine se irradiando pelo capitalismo. O 
Gramscismo se revela no embate da criminologia em 
meados do séc. XX e início do séc. XXI. 
No final da 2ª Guerra emergem as Teorias 
Macrossociológicas. Observa-se uma miríade de 
componentes externos que influenciam o 
comportamento das pessoas. 
TEORIAS MACROSSOCIOLÓGICAS 
Teoria de Consenso que possui caráter funcionalista. O 
principal expoente é a Escola de Chicago 
(criminológica), Teoria da associação diferencial, teoria 
da anomia, subcultura delinquente. 
Para estas teorias de consenso os objetivos de uma 
sociedade são alcançados quando suas instituições 
funcionam (polícia, Senado, Câmara). Os indivíduos 
convivem e compartilham metas sociais comuns, sendo 
que eles concordam com as regras de convívio. 
Acreditam que os princípios sociais são perenes, não 
deve haver grandes revoluções. As pessoas cumprem 
com suas funções, se comportam de maneira 
integrada. 
CADERNO DE CRIMINOLOGIA 
 
A macrossociologia funciona nessa teoria fomentando 
os princípios sociais como forma de evitar o ambiente 
criminógenos que é fértil para a existência de crime e 
de criminosos. 
Teoria de Conflito que possui base argumentativa e 
tem com principal fundamento o labelling approach e 
a teoria crítica e radical. 
Para estas teorias não existe nada de consenso na 
sociedade. A paz existente na sociedade parte de um 
controle. A harmonia social decorre do uso da força e 
da coesão onde existe uma relação entre dominantes e 
dominados. As pessoas não cometem crimes porque 
elas são controladas e um dos instrumentos poderosos 
de controle é o Direito Penal. 
Ainda, segundo estas teorias, as sociedades estão em 
constante mutação, podendo existir cooperação entre 
os grupos para a dissolução do status quo. Só que, 
havendo uma revolução um grupo passa a ser 
dominante e outro dominado, surgindo um novo 
ingrediente para uma nova revolução. Assim, as 
sociedades estão em constante mutação, sempre um 
grupo tentando dominar o outro. 
O direito penal é um instrumento de dominação. Tudo 
aquilo que o grupo dominado não pode fazer é 
criminalizado. Tudo aquilo que pode envolver o 
empoderamento do grupo dominado é crime. 
Os princípios sociais das teorias do conflito são: a: 
mudança contínua; b) cooperação para a dissolução; c) 
luta de classes. 
TEORIAS DE CONSENSO 
Começou a se estruturar antes da 2ª Guerra Mundial, 
mas ganha força depois da2ª Guerra. Escola de 
Chicago ou Teoria da Ecologia Criminal ou Teoria da 
Desorganização Social teve origem nos EUA. Tem por 
base cientifica as observações do início do séc. XX. Na 
virada do sec. XIX para o séc. XX, os EUA experimentam 
um desenvolvimento econômico nunca visto. O ideário 
dessa época era que o desenvolvimento científico e 
econômico iria resolver todos os problemas da 
sociedade. Paralelamente ao crescimento das cidades 
observou-se que essa afirmação não era verdadeira, ao 
contrário, quanto mais desenvolvimento econômico 
das cidades aumentou a criminalidade, trazendo 
sofrimento social, econômico e social, tornando o 
ambiente cada vez mais favorável ao crime. Assim, os 
estudiosos da época começaram a observar a relação 
do crescimento das grandes cidades com o crime. O 
controle social informal não funciona tão bem em 
grandes cidades, acionando o controle social formal, 
daí o nome dado também de Teoria da Desorganização 
Social. Já o nome teoria da Ecologia Criminal deu-se 
porque os estudiosos mapearam as cidades de forma a 
observar apontando em quais regiões os crimes 
ocorriam, defendo que é nestes lugares que deveriam 
concentrar esforços para asfixiar as atividades 
criminais. Eles observaram que nas cidades dos EUA o 
desenvolvimento se deu dos centros para as periferias. 
Nos EUA as pessoas de classe mais abastardas moram 
nos subúrbios e não nas regiões centrais. Assim, as 
regiões centrais ficaram carentes de 
desenvolvimentos. Então conforme a expansão das 
cidades ocorria existia uma expansão dos crimes nas 
regiões centrais. Foi a primeira vez que colocaram as 
estatísticas no mapa de forma série. As áreas onde os 
crimes se concentravam eram chamadas de áreas de 
criminalidade e que mereciam mais atenção. Além 
disso, nessas áreas o controle informal é pior ainda. 
Nos locais onde o crime se concentrava seguia um 
gradiente de tendência de piorar (gradient tendency), 
ou seja, uma tendência de aumento, existia uma nítida 
ausência do Estado, sensação de anomia, que geravam 
insegurança. Porém, estes locais não eram ausentes de 
poder. Esta sensação de anomia e de insegurança 
favoreceu o surgimento das máfias. 
Desta forma, após apontarem as causas do crime para 
propor soluções como, por exemplo: integração 
socioeconômica de crianças; programas de tratamento 
e prevenção; recreação e lazer; reurbanização de 
bairros pobres; 
Apesar de tentar controlar as condutas criminosas, os 
EUA ainda observavam algumas condutas antissociais 
que ainda impediam o desenvolvimento das cidades. 
Nas décadas de 50 e 60 do séc. XX, surgiu outra teoria 
do consenso, a Teoria da Associação Diferencial. O 
principal cientista que defendeu esta teoria foi o Edwin 
Sutherland utilizando a expressão white colar crimes 
(Crimes do Colarinho Branco). 
Esta teoria observou que pessoas das classes mais 
abastardas praticavam crimes de grande lesividade 
social. Estas pessoas são autoras de crimes específicos, 
se diferenciando dos criminosos comuns e das pessoas 
do mesmo nível social com comportamento comum. 
Assim, Sutherland defendeu que ninguém nasce 
criminoso. O comportamento criminoso decorre de um 
aprendizado com os demais agregados. Estes crimes 
causam mais lesividades social do que os demais 
crimes. A corrupção em sentido amplo causa mais 
lesividade, pessoas morrem por falta de saneamento 
básico, falta de hospitais etc. 
CADERNO DE CRIMINOLOGIA 
 
Sutherland explica que pobreza não significa 
automaticamente o cometimento de crimes. Ainda, 
existe uma má influencia das classes mais altas para as 
classes mais baixas, por isso para ele, este tipo de 
criminalidade deve ser severamente combatida. 
A partir da década de 60 os crimes financeiros passam 
a ser mais severamente combatidos. 
Começa a surgir uma teoria que é do consenso, mais já 
começa a ter nuances marxistas. A Teoria da Anomia e 
Subcultura Delinquente defende que o delito não é 
uma anomalia, ou seja, existe sociedade sem delito. O 
delito é natural, mas não é normal. O delito significa 
que algo está funcionando mal. Para essa teoria a 
sociedade funciona como um todo orgânico articulado, 
onde os indivíduos são partes desse organismo, os 
quais devem agir em um ambiente de valores e de 
regras comuns. Quando os indivíduos começam a 
conflitar entre si, significa que eles não comungam 
mais os mesmos valores e não respeitam as mesmas 
regras. Com o surgimento deste conflito verifica-se as 
práticas antissociais. Quando existe esse conflito 
significa que existe uma contradição entre órgãos e 
membros do corpo. Neste sentido, o comportamento 
criminoso é um sintoma de dissociação social, a 
sociedade está se dissociando, perdendo a liga que os 
une (os valores). O principal expoente desta teoria é o 
Émile Durkheim que teve suas ideias utilizadas por 
Robert King Merton. 
A dissociação existe porque as pessoas perdem a fé no 
futuro. Os meios institucionalizados (escola, trabalho)) 
não conduzem a metas culturais, ou seja, se eu estudei, 
trabalhei, me comportei obedecendo todas as regras, 
espera-se ascender culturalmente. Se isto não ocorre, 
a sociedade para de funcionar. Para que vou estudar se 
isso não compensa? Daí a existência da anomia. A 
anomia não é a ausência de leis, mas é a ausência da 
obediência às leis. Existe um caos social. Quando o caos 
se instala, surge uma nova ordem não desejada, 
surgindo a subcultura delinquente. As principais 
características dessas subculturas é o não utilitarismo 
da ação (comportamento criminosos que não trazem 
vantagem alguma), malícia da conduta (prazer em 
prejudicar, pichações, depredações), o negativismo (se 
esforçam para adotar comportamentos opostos aos 
esperados pela sociedade). 
A solução oferecida pela teoria de Robert Merton é a 
garantia que o esforço do individuo que se esforça e 
segue as regras seja recompensada. 
 
1 PESQUISAR 
Para finalizar, reforçar que as teorias do consenso têm 
base empírica. 
TEORIAS DO CONFLITO 
É mais argumentativa, valendo-se de conceitos 
sociológicos. A base é marxista porque ela se utiliza do 
materialismo histórico dialético de Marx. O 
materialismo histórico dialético 1 é a luta de classes. 
Então, os estudiosos da teoria do conflito trouxeram 
estes conflitos para explicar a realidade criminal. O 
criminoso então é o proletário e o burguês criminaliza 
os pobres. 
A primeira teoria a ser analisada é a Teoria do Labelling 
Approach (etiquetamento ou interacionismo 
simbólico, rotulação, reação social). 
Chama-se Teoria do Etiquetamento porque, para essa 
teoria não há diferenciação entre a pessoa criminosa e 
as outras pessoas. A pessoa criminosa assim se intitula 
porque ela recebe um estigma, uma etiqueta e fica 
impregnada de uma imagem ruim. Para essa teoria o 
crime ontologicamente não existe, cientificamente não 
existe crime. 
A criminalidade não é um caractere humano. Não há 
diferenciação entre um comportamento criminoso e 
não criminoso. O comportamento criminoso é normal. 
O que existe é um processo que vai atribuir, etiquetar 
uma pessoa com essa qualidade, atribuindo a pessoa a 
qualidade, o caractere de criminoso. Para eles o 
conteúdo humano é igual, é uma ocorrência em todas 
as sociedades humanas. Segundo eles, nas sociedades 
humanas em que não existia o conceito de crime, 
conseguiam conviver com o fenômeno criminal. A 
sociedade que determinar quais condutas são 
desviantes ou não. Então o crime é uma imposição, um 
conceito arbitrário de uma sociedade. Quem escolhe 
quais condutas são definidas ou não como crime é uma 
elite. Então as condutas desviantes são rótulos 
impostos na sociedade, que impõe aqueles que se 
desviam, manchando as pessoas. Essa rotulação gera 
estigmas que só traz prejuízos, sofrendo 
consequências. 
Para essa teoria, quando se criminaliza uma pessoa, 
impõe-se a ela uma criminalização primária que levará 
a criminalização secundária (reincidência). Uma pena 
criminal é uma fonte de desigualdades, porque o 
individuo rotulado fica marginalizadona sociedade. 
Quando não se permite a reinserção na sociedade o 
único caminho para o individuo rotulado volta a 
praticar crime. Então, para estas teorias, as instituições 
CADERNO DE CRIMINOLOGIA 
 
de Justiça Criminal pioram as desigualdades sociais e 
aumentam o fenômeno criminológico. Assim, o 
etiquetamento é um propulsor da criminalidade. 
As soluções apontadas pela teoria do etiquetamento é 
a políticas dos quatro “D”: 
a) Descriminalização: quando menos criminalização, 
melhor. 
b) Diversão: enquanto as pessoas estão se divertindo 
elas não pensam em cometer crimes. 
c) Devido processo legal: a natureza do processo 
penal deve levar a mais absolvições do que a 
condenações. 
d) Desinstitucionalização: reduzir ao máximo o 
encarceramento, pois este gera estigmas. 
Existe uma teoria mais afundo na Teoria do 
Etiquetamento, a Teoria Crítica ou Radical, oriunda do 
filósofo Alessandro Baratta. Essa teoria tem 
surgimento no início do séc. XX. O contexto era do final 
de 2ª Guerra com a vitória da União Soviética, fazendo 
com que a ideia de que o regime comunista seria viável 
economicamente. Esta teoria surge com muita força 
em meados do séc. XX, depois cai no esquecimento e 
ressurge a partir dos anos 70 dos EUA. Nesta época, 
governo do EUA começa a perceber o surgimento de 
organizações criminosas voltadas a dilapidar o Estado, 
com a prática de crimes financeiros. Então, o sistema 
de justiça criminal começou a perseguir estas pessoas. 
SEGUNDO O PROFESSOR, estas teorias ressurgem para 
defesa dos poderosos. 
O lema desta teoria é que as condutas dos menos 
favorecidos são rigorosamente perseguidas e as 
condutas praticadas pela elite não. A fonte desta teoria 
é marxista e o capitalismo é a base da criminalidade. A 
realidade não é neutra, ela é construída pela elite de 
forma a estigmatizar a população marginalizada, de 
modo que haja um controle da produção estabilizando-
a. 
A elite se faz de diversos instrumentos para controlar a 
classe trabalhadora, inclusive punindo a conduta 
daqueles que tentam se rebelar contra o sistema. 
As características desta teoria são: 
a) Direito penal e instrumento de dominação de 
classe 
b) Apreço ao criminoso (um rebelde) 
c) Capitalismo é a fonte da criminalidade 
d) Redução das desigualdades reduzirá a 
criminalidade 
As propostas desta teoria são: 
a) Direito penal mínimo: quanto menos direito penal, 
melhor. 
b) Abolicionismo penal: seria o ideal para esta teoria. 
As teorias anteriormente estudadas tiveram embates, 
fazendo com que produzisse mais efeitos políticos e 
não sociais. A criminalidade nos anos 60 aos anos 80 
nos EUA aumentou. Houve uma reação as teorias, que 
tiveram como base as teorias do consenso, mas com 
uma resposta mais contemporânea e incisiva. 
Surge então o Neorretribucionismo que possui três 
vertentes que se interligam: a teoria da Lei e Ordem; a 
Tolerância zero e; a Broken Windows Theory. 
O ideário central desta teoria parte de uma premissa 
de que os pequenos delitos devem ser evitados e 
punidos, como forma de evitar uma progressão para o 
mal maior. A preservação se daria nos espaços públicos 
(evitando pichações, depredações). 
Uma crítica que se tem em relação a essa teoria é que 
ela gera um encarceramento em massa. A 
criminalidade nos EUA desabou, principalmente em 
Nova York. 
A Broken Windows Theory (Teoria das Janelas 
Quebradas) foi criada a partir de uma observação feita 
por Philip Zimbardo, em meados de 1969-1970, que 
fazendo uma experiencia sociologia empírica. Ele deixa 
carro em um bairro rico e um no bairro pobre. Uns dias 
depois o carro deixado no bairro pobre foi vandalizado 
e tevês suas peças furtadas, chegando à conclusão de 
que as diferenças sociais levam a criminalidade. 
Depois, deixa um carro com a janela quebrada nos 
mesmos bairros. Dias depois o carro com janela 
quebrada deixado no bairro rico aparece depredado 
com as peças furtadas. A partir daí, Philip concluiu que 
o principal propulsor da criminalidade não é a 
diferença de renda. O vidro quebrado significa 
desordem, anomia, desprezo, fomentando a atividade 
criminal. Naquele lugar não existe lei e nem regra, 
estimulando uma progressão criminosa. 
A sensação de desordem estimula mais ainda a 
atividade criminal. Um ambiente social de desleixo 
evidencia uma falta de coesão social, as pessoas não se 
importam mais uma com as outras. Quando pequenas 
infrações são toleradas, isso gera como consequência o 
afastamento das pessoas de classes mais abastadas do 
bairro e juntos com eles vai o comércio, a indústria se 
instalando a pobreza. Então o crime se instala numa 
crescente espiral de decadência. O ser humano sem 
controle social volta a agir como um selvagem. 
CADERNO DE CRIMINOLOGIA 
 
A experiencia de Philip Zimbardo foi modernizada em 
1982, por James Wilson e George Kelling. Eles 
aproveitam o conhecimento sociológico de Zimbardo 
para criar um pensamento criminológico. Eles utilizam 
as experiencias como base para desenvolver uma 
política de segurança pública “tolerância zero”. 
Pequenas violações deixaram de ser toleradas. 
A política de Lei e Ordem foi a primeira fase da política 
de tolerância zero. As pessoas foram lembradas, em 
Nova York, de que existiam leis. Pequenos atos 
infracionais tornaram-se crimes. Permitiram a 
segurança privada. As pessoas enriqueceram com a 
ordem, por exemplo, o Bronx, Detroit, Chicago, Las 
Vegas. Em contrapartida, houve um encarceramento 
em massa. 
Desta forma, estas teorias começam a seduzir a Europa 
e a América Latina. No Brasil, ainda permeia forte 
tendência a teorias de conflito, como labelling 
approach. Porém, as respostas vieram nas urnas. 
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMINOSOS 
A importância de saber a classificação dos criminosos é 
a adoção de políticas criminais. O doutrinador 
professor Hilário Veiga de Carvalho, valendo-se de 
critério biológico e mesológicos para classificar os 
criminosos. 
a) Biocriminoso puro: fatores biológicos. Também 
chamado de pseudocriminoso. Há apenas fatores 
biológicos que levam a pessoa a prática do fato 
delituoso. Não existe uma explicação ambiental. 
Algo inerente aquela pessoa a levou a prática do 
delito. Para eles aplica-se o tratamento médico, via 
medida de segurança. Por isso ele é chamado de 
pseudocriminoso, porque ele pratica um fato 
típico, ilícito e é inimputável. Exemplo: psicopatas, 
esquizofrênicos etc. 
b) Biocriminoso preponderante: são de difícil 
recuperação. Possui uma anomalia biológica a qual 
é desencadeada, existe um fator advindo do meio. 
Existe uma propensão a prática do crime. O agente 
precisa de uma pressão ambiental para cometer 
crimes. Pessoas comuns frente a estes estímulos 
não agiria como o Biocriminoso preponderante, 
então o estímulo para essa determinada pessoa é 
diferente em relação as demais. Não fosse o 
estímulo ambiental esta pessoa não teria cometido 
o crime. O Biocriminoso preponderante não 
consegue definir de maneira coerente e coesa a 
causa do cometimento do crime. Para estas 
pessoas, o professor defende que, elas merecem 
uma resposta do sistema, mas não é o cárcere. 
Sugere-se apoio médico e psicológico, pois são 
pessoas com propensão a alta reincidência. 
Geralmente, são problemas de má formação ou 
problemas de estímulos no lobo frontal, que 
contém os estímulos que advém do cérebro. 
c) Biomesocriminoso: é possível corrigi-lo. Sofre 
influência biológica e do meio, mas não possível 
definir qual é a influência preponderante para que 
ele pratique o crime. Indica-se tratamento médico, 
apoio pedagógico (exemplos negativos acerca de 
comportamento errados). Não fosse o meio 
propício estas pessoas raramente delinquiriam. 
d) Mesocriminoso Preponderante: pessoas cujo 
ambiente produz mais efeitos. Biologicamente ele 
não tem uma tendência a prática de crimes, mas 
tem características psicológicas fracas. Baixa alto 
estima que o faz querer ser aceito por aquele meio. 
Sugere-se apoio sócio pedagógico e psicológico. 
e) MesocriminosoPuro: sua pendência para a prática 
de crimes se dá por fatores relativos ao meio. A 
atuação antissocial se dá por estímulos externos. 
Não tem nenhum pendor biológico para o crime, 
mas tem dificuldades de perceber as mudanças no 
meio que o rodeia. São os de mais fácil 
recuperação. Portugal tem uma política de 
educação dos imigrantes, integrando o sujeito a 
sociedade. 
ESTATÍSTICA CRIMINAL 
Importante para a adoção de políticas públicas. Ao 
mapear a criminalidade sabe-se como agir com base 
nas características de cada região. 
Quando se falou em Quételet, observamos que ele já 
incluía o estado e a sociedade não tinham uma visão 
total do movimento criminal. A Escola de Chicago 
colocou a estatística criminal no mapa. Desta ideia, 
percebeu-se que existe uma criminalidade real e uma 
criminalidade revelada. A criminalidade revelada é a 
parte dos crimes que chegam ao conhecimento do 
Estado. 
A Cifra Negra é a criminalidade real, ou seja, a 
percentual de crimes que não chega ao Estado. Para 
alguns pensadores criminológicos também abrange 
crimes que não são solucionados. Porém, esta posição 
há divergências. A cifra negra impede a idealização e a 
realização de políticas de justiça criminal. 
Partindo desse conceito de cifra negra, as políticas 
criminais podem ser deformadas, porque se baseiam 
na criminalidade revelada. 
Importante ressaltar que a cifra negra foi uma 
importante crítica a Lombroso e a Teoria Radical, 
CADERNO DE CRIMINOLOGIA 
 
porque Lombroso só observou os encarcerados e não 
observou as pessoas que ficavam impunes. No caso da 
Teoria Radical é que a grande maioria dos crimes não 
são alcançados pelo sistema penal, então são poucos 
que são etiquetados, sendo um erro justificar o mal 
funcionamento da justiça criminal com base em um 
número grande de crimes não apurados. 
Cifra dourada são as infrações praticadas pelas classes 
mais abastadas que, em razão de sua influência 
econômica e jurídica, não são reveladas, investigadas 
ou não sofrem consequência nenhuma. A cifra dourada 
gera descrédito na política de justiça criminal. 
Cifra Cinza, pela professora Mônica Resende Gamboa, 
são casos registrados na seara policial e são resolvidos 
na própria delegacia. 
Cifra amarela, são crimes praticados por policiais não 
apurados ou por corporativismo ou por medo de 
represália. 
De todas estas cifras a Cifra Negra é a única que é um 
problema mundial, por isso, tem uma solução mais 
complexa. Alguns apontamentos feitos pela doutrina 
par a solução da cifra negra são: 
a) Auto denúncia: funciona em lugares onde dizer a 
verdade é um valor socialmente aceito e honroso. 
A pessoa que se auto denuncia ganha uma 
vantagem do sistema. 
b) Investigar vítimas: procurar dados das vítimas. 
Quando a vítima se sente acolhida, ela se importa 
mais em colaborar. 
c) Informantes: pessoas que não tem relação direta 
com o crime, trazem informações mais imparciais. 
d) Sistemas de variáveis Heterogêneas: a cifra negra 
é maior nos crimes mais leves, porque as pessoas 
não se importam de registrar e toleram mais. 
Portanto facilitar a comunicação de crimes mais 
leves ajuda no combate a cifra negra. 
e) Críticas ao controle formal: técnicas no 
seguimento operativo no sistema de Justiça 
Criminal. O mal funcionamento do sistema de 
justiça criminal acaba por prejudicar a adoção de 
políticas públicas. Mesmo os casos que geraram 
arquivamento, absolvição ou extinção anômala do 
processo deveria fazer parte das estatísticas 
criminal, porque senão a própria justiça criminal 
poderia estar criando uma cifra negra. No processo 
penal o indivíduo foi absolvido, mas para a coleta 
de dados é importante para a adoção de políticas 
de justiça criminal. 
 
VITIMOLOGIA 
Vítima é a pessoa que suporta a atividade 
criminológica. A vitimologia é a ciência que se ocupa da 
vítima e da vitimização, tendo como finalidade a 
redução do número de vítimas da sociedade, 
compreendendo o que levou àquela pessoa a se tornar 
uma vítima do crime. 
Em 1973, houve um forte impulso a vitimologia, com a 
realização de um simpósio internacional de 
Vitimologia. Ficou evidente que traçar o perfil das 
vítimas ajuda na adoção de política criminais e 
eficientes. 
CLASSIFICAÇÕES DA VÍTIMA 
Duas classificações são importantes. A primeira foi 
teorizada pelo professor Benjamim Mandelsohn, leva 
em conta a participação e a provocação da vítima 
quanto ao delito. A primeira vítima de Mandelsohn é a 
vítima inocente, que não concorre para o crime. A 
segunda é a vítima voluntária ou provocadora que é 
aquela que voluntária ou imprudentemente 
impulsiona os criminosos. A vítima imprudente é 
aquela que agente sem observar o perigo. Já a vítima 
voluntária, geralmente, ocorre pela Síndrome de 
Estocolmo. A terceira vítima é a vítima agressora, 
simuladora ou imaginária é aquela que não é 
verdadeiramente uma vítima. Ela sofre uma reação da 
pessoa que até então seria a real vítima, por exemplo, 
um assaltante que morre em uma reação ao assalto. 
Outra classificação da vítima importante é a dada pelo 
professor Hans von Henting. A classificação dele é dada 
por grupos: 
a) Criminoso – vítima – criminoso – sucessivo: a 
pessoa incialmente é criminosa, sofre hostilidade 
no cárcere se tornando vítima e, em razão desta 
hostilidade sofrida se torna criminoso novamente. 
b) Criminoso – vítima – criminoso – simultâneo: a 
pessoa evolui do status de vítima simultaneamente 
ao de criminoso. Exemplo, no caso das drogas o 
usuário que se torna dependente químico e torna-
se traficante para sustentar o vício de que ele é 
vítima. 
c) Criminoso – vítima – aleatório/ imprevisível: 
sujeito que é pedófilo e é flagrado por alguém, e é 
linchado pela população passando a ser vítimas. 
Lembrar dos conceitos de vitimização primária que são 
os efeitos que a vítima experimenta em razão do crime 
que ela sofre. A vitimização secundária são as 
dificuldades que a vítima tem junto do aparato 
persecutório do Estado. E por fim, a vitimização 
CADERNO DE CRIMINOLOGIA 
 
terciária a pessoa é abandona pelo Estado e hostilizada 
pela sociedade. 
MECANISMOS DE PREVENÇÃO AO DELITO 
Objetivo prático da criminologia é, a partir do 
mapeamento dos crimes possibilitando a realização de 
políticas criminais de caráter preventivo. 
A prevenção criminal pode ser direta e indireta. A 
prevenção indireta é aquela que age nas causas do 
crime. A criminologia pode trabalhar no micro e no 
macrossociológico. O macrossocial envolve o ambiente 
em que insere o crime. A prevenção criminal indireta 
age ontológica mente, na causa do crime, para evitar o 
desvio primário. 
A prevenção criminal direta age em crime em 
formação, no “iter criminis”. Por exemplo, a 
criminalização de atos preparatórios de um crime 
considerado grave. 
Outra classificação da prevenção criminal é triparte, é 
a prevenção criminal primária, secundária e terciária. 
A prevenção primária ataca a raiz das causas, ou seja, 
pergunta-se o que aquela sociedade precisa para que 
ela não pratique crimes. Visa aspectos gerais de 
prevenção que abrange toda a sociedade. Políticas de 
educação, emprego, moradia, saúde etc. 
Exemplo: no mundo, um exemplo de prevenção 
primária, é dos países nórdicos, como Suécia, 
Dinamarca e Noruega. 
A prevenção secundária visa setores vulneráveis da 
sociedade com a aplicação de projetos de curto e 
médio prazo voltado para aquela população 
determinada população que está abandonada e mais 
propensa a criminalidade. Melhorar moradias e 
escolas, geração de empregos em caso de empresas 
falidas que geram desemprego etc. a diferença entra a 
primária e a secundária é que a primaria é para todo o 
povo e a secundária para uma população específica. 
Exemplo: EUA 
A prevenção terciária é voltada para determinada 
pessoa com vista a evitar a reincidência. Neste caso, é 
necessário conhecer o ambiente e o que levou a pessoa 
a delinquir. Assistência familiar, formação profissional 
em presídios, projetos educacionais ecorrecionais. 
Todos as três classificações podem ser utilizadas ao 
mesmo tempo porque o que diferencia uma da outra é 
a abrangência de cada uma. 
 
TEORIA DA REAÇÃO SOCIAL 
Todo o crime deve gerar uma reação por parte do 
Estado e da Sociedade. Essa reação pode ter um efeito 
criminológico positivo. 
Fala-se em política criminal e não em ciência porque 
não temos o conhecimento científico suficiente. A 
criminologia vai munir um conhecimento científico que 
vai embasar uma decisão. 
A teoria da reação social é areação do Estado e da 
sociedade como um todo diante da prática de um 
crime. Existem três modelos de reação social. 
O primeiro é o modelo Dissuasório que é aquele em 
que a repressão de dá por meio de punição do 
criminoso, simbolizando ao criminoso e a sociedade de 
que o crime não compensa. Neste caso, a pensa tem 
função retributiva e preventiva. 
O segundo é o modelo é o ressocializador que 
intervém no infrator proporcionando a ele uma 
reinserção social. Neste caso, a pena tem função de 
ressocializar. 
O terceiro é o modelo é o restaurador que prevê a 
justiça penal restaurativa, ou seja, visa restabelecer o 
estado anterior. Esse modelo é o mais moderno. 
Estabelecer a relação entre agressor e vítima a fim de 
esvaziar os desejos de vingança e perdão da vítima, de 
forma que um se coloque no lugar do outro. 
Exemplo: no CTB, as penas alternativas que envolvem 
prestação de serviços a comunidades, o infrator presta 
serviços socorrendo pessoas. Acredita-se que o infrator 
passando o dia com essas ações repense seus atos. 
TEMAS ESPECIAIS 
 
BULLYING 
É a intensão consciente e intencional de maltratar uma 
pessoa ou de deixá-la em estado de tensão emocional 
constante. Se dá em ambiente escolar por meio de 
agressões verbais e físicas a alunos e/ou professores. 
O bullying indica um desajuste comportamental em um 
local onde pessoas estão em formação. Então algumas 
pessoas em formação já apresentam um 
comportamento social desviado. Vê-se uma 
oportunidade de agir na pessoa que tem o 
comportamento social desviado a fim de evitar uma 
vida de desregramentos e de crimes. O bullying é um 
precursor de uma vida desregrada e criminosa. 
 
 
CADERNO DE CRIMINOLOGIA 
 
ASSÉDIO MORAL ou MOBBING 
Se dá no ambiente de trabalho. Há uma relação de 
hierarquia e de ascendência funcional (funcionário 
mais antigo, por exemplo). 
STALKING 
Perseguição com invasões de privacidade, ofensas 
reiteradas, execrações públicas, retirando a paz da 
pessoa. Outro modo é a divulgação de imagens íntimas. 
Atualmente, o principal instrumento desse tipo de 
crime são as redes sociais. Evidencia um 
comportamento obsessivo. 
EXAME CRIMINOLÓGICO 
É aquele que visa examinar um condenado com vistas 
a verificar a sua periculosidade, a sua sensibilidade a 
pena, a sua probabilidade de correção ou 
probabilidade de reincidência, ou seja, verifica-se as 
peculiares características do condenado, com o 
objetivo de aplicar uma prevenção terciária. Com base 
nisso, o exame criminológico traça um perfil 
psicossocial de um criminoso, logo trata-se de uma ato 
multiprofissional e multidisciplinar. 
Na Lei de Execução Penal a previsão é de que o exame 
criminológico não é obrigatório (art. 8º), só será 
submetido ao exame o condenado a PPL em regime 
fechado (+ 8 anos de reclusão). Ou seja, a grande 
maioria dos condenados está fora do exame 
criminológico. 
O exame criminológico divide-se em Exame 
morfológico, funcional (exames neurológicos), 
psicológico (aferir tendência a agressividade e a 
capacidade mental), psiquiátrico (diagnose de doenças 
mentais), moral (analisa-se o aprendizado ético do 
criminoso para descobrir se ele é imoral ou amoral – o 
primeiro compreende as regras, mas as despreza. O 
amoral não compreende as regras), social (buscar 
analisar o meio de onde o criminoso veio) e, por fim, o 
histórico (analisa-se a cronologia até o momento que a 
pessoa delinquiu, descobrindo a sequência de atos e 
fatos que o levaram a ser um criminoso) 
NOVOS TEMAS DE CRIMINOLOGIA 
 
PROGRAMAS DE PREVENÇÃO AO CRIME 
CONTEMPORÂNEOS 
Prevenção sobre determinadas áreas geográficas: 
decorre da Escola de Chicago no que tange a ecologia 
criminal. Com a estatística criminal consegue-se 
delinear no mapa onde os crimes estão acontecendo 
para agir de maneira mais eficaz nas áreas mais 
lesadas, fazendo um policiamento assertivo. 
Críticas a esse programa: 
- Estigmatização: a presença constante de policiais nas 
áreas criava um estigma de bairro criminoso. 
- Resolve o problema da violência em curto prazo, mas 
em longo prazo deixa de funcionar. 
PREVENÇÃO POR MEIO DO DESENHO 
ARQUITETÔNICO E URBANÍSTICO 
Esta ideia vem de Newman em sua obra de 1973, 
Defensible Space. Continua inspirado na Escola de 
Chicago, mas há evolução de uma escola ecológica para 
um enfoque microscópico. A base preventiva migra 
para locais da cidade e determinados crimes que, na 
ideia de Newman, eram correlacionados. Assim, era 
feito o policiamento de acordo com a característica 
dessas localidades, havendo uma prevenção mais 
cirúrgica da necessidade de cada local. A arquitetura e 
o urbanismo são utilizados para incidir positivamente 
no ambiente humano. Podem agir como um fator que 
impede que o ambiente criminoso se instale, como por 
exemplo, acabar com becos, ruas mal iluminadas etc. 
Essa restauração urbana leva a target hardenring 
(locais mais duros). Nestes locais mais duros deve-se 
agir de maneira a evitar que eles sejam propícios ao 
crime. Criando-se ambiente de convivência para a 
sociedade ao invés de levarem suas pulsões para a 
violência, elas podem levar suas pulsões de uma forma 
mais harmônica e cooperativa (não precisa mais 
resolver coisas na mão, as pessoas se conhecem mais, 
controle social emocional). 
PROGRAMA DE ORIENTAÇÃO COMUNITÁRIA 
Fomentar a participação de membros da comunidade 
que é fator preponderante. Há conselhos de segurança 
compostos por membros da própria comunidade. As 
demandas locais são específicas e a comunidade é 
ouvida e ainda, atribui-se funções específicas. 
Exemplo: PROERD – os policiais militares vão até as 
escolas e agem sobre os jovens convidando-os a serem 
propagadores da mensagem de que as “drogas fazem 
mal”. 
PROGRAMA DE PREVENÇÃO VITIMÁRIA 
É o mais polêmico. Verifica-se estatisticamente quais 
são os grupos vitimados pelo crime. Então orienta 
políticas criminais que agem seletivamente nestes 
grupos para que elas reajam antes que o crime 
aconteça. As vítimas são orientadas de formas que elas 
possam antever o que pode ocorrer e reagir. 
CADERNO DE CRIMINOLOGIA 
 
Exemplo: acolhimento e conscientização de que as 
pessoas são vítimas. 
PROGRAMA DE PREVENÇÃO AO DELITO DE 
INSPIRAÇÃO POLÍTICO-SOCIAL 
Buscar atuar nas raízes da criminalidade, as 
desigualdades sociais. O crime seria um indicador ou 
sintoma de problemas sociais. Então, para que os 
conflitos éticos se resolvam precisa de políticas éticas 
sociais. Quanto mais políticas voltada a resolver as 
desigualdades sociais, menos se tem a prática de 
crimes. 
PROGRAMA DE PREVENÇÃO DA CRIMINALIDADE DE 
ORIENTAÇÃO COGNITIVA 
Busca munir jovens de habilidade cognitivas que 
evitam a delinquência. Busca principalmente em pré-
delinquentes, jovens e crianças, por meio da 
intervenção familiar e escolar. 
Exemplo: PROERD 
PROGRAMA DE EVITAÇÃO DA REINCIDÊNCIA 
Atua no apenado para que ele não volte a delinquir. As 
falhas no sistema de regime aberto fazem com que o 
infrator, ao invés de ir para casa, ir para a casa de 
albergado. Contudo, não tem vagas e o infrator acaba 
cumprindo em casa, o que faz com que o 
acompanhamento social ocorra de maneira errada. 
MACROCRIMINALIDADE X MICROCRIMINALIDADE 
Esta divisão existe para aplicação de uma política 
criminal adequada, visando a estabilidade social. 
Macrocriminalidade: composta por organizações 
criminosas de funcionamento empresarial, 
estratificadas, com divisão de tarefas, especializadas, 
com domínio territoriale funcionamento piramidal. 
Envolve o aferimento de altos lucros com grande 
prejuízo social. 
A colaboração premiada é um instrumento de combate 
a criminalidade. O desmantelamento de uma 
organização criminosa traz resultados benéficos 
relevantes. 
Microcriminalidade é composta por criminosos 
isolados e associados com eventual colaboração 
lateralizada, divisão de tarefas desorganizada, sem 
domínio territorial e com a possível existência de 
grupos agindo em paralelo. 
As grandes facções criminosas começaram como 
microcriminalidade, mas atualmente se enquadram na 
macrocriminalidade. A microcriminalidade explora a 
fragilidade sistêmica, desta forma é muito importante 
o caráter preventivo proposto pela criminologia.

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