Buscar

0 MA Elemento Textual - Perícia Ambiental

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 83 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 83 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 83 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PERÍCIA AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
 
 Prof. Marcos Henrique 
 
 
 
 
 
2 
 
 
SUMÁRIO 
1. DEGRADAÇÃO AMBIENTAL ....................................................................................................................................... 3 
2. PERÍCIA AMBIENTAL ................................................................................................................................................ 17 
3. PERÍCIA AMBIENTAL JUDICIAL I .............................................................................................................................. 29 
4. PERÍCIA AMBIENTAL JUDICIAL II ............................................................................................................................. 41 
5. PERÍCIA AMBENTAL SECURITÁRIA .......................................................................................................................... 54 
6. CONSEQUÊNCIAS AMBIENTAIS ............................................................................................................................... 69 
 
 
 
 
3 
 
1. DEGRADAÇÃO AMBIENTAL 
O Decreto Federal 97.632/89 define degradação ambiental como sendo: “Processos resultantes de danos 
ao meio ambiente, pelos quais se perdem ou se reduzem algumas de suas propriedades, tais como a 
qualidade produtiva dos recursos naturais”. 
A Lei n° 6.938/1981, Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, art.3°, inciso III, conceitua o dano 
ambiental associado à poluição como: 
Degradação da qualidade ambiental resultante de atividade que direta ou indiretamente: 
• Prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
• Criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; 
• Afetem desfavoravelmente a biota; 
• Afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente. 
 
Segundo Antunes (2000) o dano ambiental é caracterizado como sendo o nível de poluição que ultrapassou 
os limites do desprezível, promovendo alterações adversas no ambiente e capaz de provocar um desvalor 
ambiental. 
Para Tundisi (2016) a degradação ambiental no Brasil ocorreu em virtude da má gestão e descaso de 
autoridades públicas que, ao permitirem o avanço no processo de urbanização, promoveram a alteração 
dos ambientes naturais, ocasionando o aumento de problemas de poluição e contaminação. 
Segundo o autor, a ocupação irregular do solo, o aumento do desmatamento, o uso excessivo de 
fertilizantes e agrotóxicos, o crescimento desordenado das cidades, a falta de investimentos em 
saneamento básico e o descarte irregular dos resíduos sólidos contribuíram para uma poluição persistente 
presente no solo, água e ar, afetando diretamente a saúde humana, o equilíbrio dos ecossistemas e a 
qualidade dos recursos naturais. 
Neste bloco avaliaremos danos ambientais nas encostas, nos corpos hídricos, nas áreas urbanas e rurais 
ocasionados pela exploração dos recursos naturais. 
Bons estudos! 
 
1.1 Danos Ambientais Causados pela Exploração dos Recursos Naturais 
Segundo o IBGE (2004), o conceito de recursos naturais é aplicado a todas as matérias-primas, tanto 
aquelas renováveis quanto as não renováveis, obtidas diretamente da natureza e aproveitáveis pelo 
homem. 
Os recursos naturais são classificados nas seguintes categorias: 
 
 
 
4 
 
• Recursos Perpétuos: não se esgotam com sua utilização; exemplo: Energia Solar. 
• Recursos Renováveis: são os que podem regenerar-se à escala de tempo de vida humana; exemplo: 
Floresta. 
• Recursos Potencialmente Renováveis: apresentam capacidade de renovação limitada e podem 
acabar pelo uso excessivo e não sustentável; exemplo: Água. 
• Recursos Não Renováveis: são matérias-primas que a natureza não consegue repor na mesma 
quantidade da qual foi extraída; exemplo: Petróleo. 
O consumismo pode ser considerado um dos grandes problemas da sociedade moderna, pois está 
associado diretamente à adoção de um modelo insustentável de exploração ilimitada de recursos naturais, 
causando uma gama variada de impactos ambientais. 
Segundo Leonard (2011), a população mundial consome mais do que os recursos produzidos pela Terra a 
cada ano, sendo necessário 1.4 planeta anualmente para dar conta das demandas exigidas. 
O mundo contemporâneo tem mostrado um modelo insustentável de exploração de recursos naturais, 
gerando problemas ambientais complexos que ocasionaram uma crise ambiental com a degradação dos 
biomas e a perda da diversidade endêmica de seres vivos, o aumento da poluição da água e do ar, e o 
aquecimento global, provocando alterações climáticas, contaminação e desgaste do solo. 
 
1.2 Danos nas Encostas 
A encosta é uma superfície inclinada do terreno que forma um ângulo com o plano horizontal. Essas 
superfícies podem ser denominadas de vertentes, pois nelas verte a água proveniente da precipitação. 
As encostas vêm sofrendo uma série de impactos ambientais negativos devido a diversos fatores, como a 
crescente exploração de recursos naturais e a retirada de cobertura vegetal original. Esses impactos estão 
associados à ocupação desordenada do solo para fins de moradia, ao desenvolvimento de atividade 
agropastoril, à realização de obras de infraestrutura e a outras formas de uso que o homem tem dado a 
elas. 
A cobertura vegetal original das encostas é responsável pela manutenção da consistência do solo, 
impedido o escoamento das águas e, consequentemente, o movimento de massa e a formação de 
processos erosivos, diminuindo a ocorrência de deslizamentos e assoreamento de corpos hídricos no 
entorno. Movimento de massa é o movimento do solo, rocha e/ou vegetação ao longo da vertente sob a 
ação direta da gravidade. 
 
 
 
5 
 
Com as crescentes ações antrópicas deletérias nas encostas temos a aceleração dos processos erosivos e 
também da movimentação de sedimentos, ocasionando impactos ambientais frequentes e de diferentes 
magnitudes, causando problemas imediatos à população e ao meio ambiente. 
A recuperação das áreas erodidas envolve a aplicação de elevados recursos econômicos; para que 
situações como essa sejam evitadas, são necessárias intervenções do poder público e medidas mitigadoras 
implementadas pelos órgãos competentes. 
 
1.3 Danos em Corpos Hídricos 
O composto inorgânico mais abundante na biosfera é a água. Esse mineral está distribuído nos estados 
sólido, líquido e gasoso em diversos locais da terra, no ar, oceanos, nos ecossistemas de água doce, nas 
geleiras e no subsolo. 
Segundo Philippi (2004), a água é um recurso natural fundamental, seja na composição e metabolismo 
celular dos seres vivos, como também um fator importante na produção de bens de consumo, na geração 
de energia, na utilização em processos de irrigação em atividades agrícolas, na aquicultura, navegação, 
entre outras. 
Apesar da abundância desse recurso natural na superfície terrestre, o grande problema está na sua 
distribuição, disponibilidade e na falsa sensação de ser um recurso inesgotável. A figura a seguir representa 
o percentual de água distribuída no planeta; vemos que a água dos oceanos corresponde a 97% do total 
disponível no planeta, tornando-se imprópria para utilização nas indústrias, casas e atividades agrícolas. A 
água-doce corresponde a apenas 3% do recurso hídrico, e, descontando o percentual preso em geleiras e 
aquíferos subterrâneos, resta apenas 1% de água disponível à população. 
 
 
 
 
6 
 
 
 
Distribuição de Água no Planeta. 
Fonte: (UN WATER, 2006 apud SAVEH) 
 
 
O conceito estabelecido para classificar se um determinado corpo hídrico está poluído é associar seu uso à 
qualidade, ou seja, quando a alteração de suas características químicas, físicas ou biológicas prejudica um 
ou mais de seus usos preestabelecidos (PHILIPPI, 2004). 
Os corpos líquidos sofrem diferentes tipos de danos, sendo a maior parte desses impactos ambientais 
causados por ações antrópicas que contribuem para que todos os dias milhões de toneladas de efluentessejam despejados nas águas do planeta. Entre as diversas atividades humanas que contribuem para afetar 
a qualidade da água, podemos destacar: 
 
Agricultura 
De acordo com Philippi Jr (2004), as causas que induzem a pressão antrópica sobre os agroecossistemas 
são diversas, ocasionando alterações que resultam em degradação ambiental. 
Entre as principais pressões antrópicas e os seus efeitos modificadores ocasionados pela prática agrícola, 
podemos citar: 
 
 
 
7 
 
 Uso de Agrotóxicos: constitui uma das principais fontes de contaminação do solo e da água, 
oferecendo riscos à saúde humana e interferindo diretamente no equilíbrio dos ecossistemas 
aquáticos e na biota do solo. 
Segundo Santos (2017), a falta de conhecimento dos agricultores na aplicação do agrotóxico, 
muitas vezes utilizado de forma indiscriminada e errada, além da deficiência na fiscalização do uso 
dessas substâncias e no descarte das embalagens de agrotóxicos, são os principais problemas que 
necessitam ser combatidos em nosso país. 
 Cultivo agrícola em áreas de encostas: devido à declividade do terreno, do solo exposto sem 
cobertura vegetal (reduzindo a infiltração da água), favorece o carreamento de sedimentos para os 
corpos hídricos, promovendo o assoreamento e eutrofização dos corpos hídricos. 
 Uso de Fertilizantes: quando utilizado em altas doses promove a degradação do ecossistema 
aquático através da lixiviação e escoamento dos elementos químicos presentes nos fertilizantes. 
De acordo com Zamberland et al. (2014), em muitas ocasiões, por falta de conhecimento e 
capacitação dos agricultores, a aplicação de fertilizantes não segue as recomendações técnicas 
determinadas, além da necessidade de grandes aportes de fertilizantes em determinadas culturas, 
como a soja e o milho contribuem para essa degradação ambiental. 
 Desflorestamento: Entre as principais consequências do desmatamento para a realização de 
práticas agrícolas podemos citar os processos erosivos, aumentando o nível de turbidez dos rios e, 
consequentemente, seu assoreamento, muitas vezes com o desaparecimento de riachos perenes; a 
diminuição do sequestro de carbono, o aumento da temperatura e alterações no regime de chuvas. 
Portanto é fundamental o desenvolvimento pesquisa e uso de tecnologias aplicadas ao agronegócio, como 
a agricultura de precisão sendo a melhor estratégia para mitigar os impactos ambientais dessa atividade. 
A Agricultura de Precisão (AP) compreende um conjunto de técnicas e metodologias que visam otimizar o 
manejo de cultivos e a utilização dos insumos agrícolas, proporcionando máxima eficiência econômica. 
 
Indústria 
Os efluentes industriais, compostos basicamente por substâncias químicas orgânicas e inorgânicas, 
impactam significativamente o nível de qualidade da água. 
As atividades desenvolvidas no diversificado setor industrial produzem efluentes com características 
qualitativas e quantitativas, podendo conter altas concentrações de metais pesados, componentes 
nitrogenados, matéria orgânica, microrganismos patógenos, componentes nitrogenados, matéria em 
 
 
 
8 
 
suspensão, produtos farmacêuticos, solventes, água com elevada temperatura utilizada em processos de 
resfriamento, além de substâncias teratogênicas, cancerígenas e mutagênicas. 
Para mitigar os passivos ambientais gerados, a implementação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) 
constitui uma estratégia fundamentada na adoção de ações preventivas à ocorrência de impactos adversos 
ao meio ambiente, identificando oportunidades de melhorias no processo produtivo, reduzindo os 
impactos das atividades da empresa sobre o meio ambiente. 
 
Esgotos Domésticos 
A falta de saneamento básico provoca o lançamento de esgotos domésticos nos corpos hídricos, sendo 
estes constituídos principalmente por matéria orgânica, microrganismos patogênicos e compostos 
fosfatados e nitrogenados, trazendo elevados riscos à saúde da população e comprometendo a qualidade 
da água. 
Nos países em desenvolvimento, as políticas públicas, entre elas o tratamento de esgoto doméstico, estão 
abaixo da demanda necessária frente ao crescimento demográfico existente, tendo como resultado final o 
não tratamento da grande parte dos efluentes gerados. 
 
Atividade Mineradora 
A mineração causa importantes impactos na área de extração, no entorno onde são descartados os rejeitos 
e também podem influenciar na qualidade da água quando os resíduos sólidos, materiais finos de refugo, 
são lançados nos corpos hídricos, contribuindo para o assoreamento, aumento na turbidez da água, 
alterações no fluxo de água, contaminação por metais pesados, depleção do oxigênio devido à 
eutrofização e morte da biota aquática. 
 
Infraestrutura hídrica 
O desenvolvimento de infraestrutura hídrica, como a construção de barragens e sistemas de irrigação que 
desviam fluxo de rios, por exemplo, causam diversos impactos ambientais, alterando as características 
naturais do corpo hídrico, a velocidade do fluxo de água, a temperatura, a concentração de oxigênio e 
nutrientes. 
Além disso, temos o risco de os sistemas construídos introduzirem espécies exóticas que, muitas vezes, se 
adaptam facilmente ao local, competindo com a biota endêmica biota aquática. 
Em seu Artigo 21, inciso XIX, a Constituição Federal de 1988 estabeleceu regras referentes aos bens e às 
competências administrativa e legal da União: “a instituição de sistema nacional de gerenciamento dos 
 
 
 
9 
 
recursos hídricos e definição de critérios de outorga de direitos de seu uso”. A regulamentação desse inciso 
realizou-se com a promulgação da Lei Federal nº 9433/97, que estabeleceu a Política Nacional de Recursos 
Hídricos (PNRH), conhecida como Lei das Águas, e instituiu o Sistema Nacional de Recursos Hídricos. 
Essa lei apresenta um grande marco para o setor hídrico, pois tem um caráter descentralizador, criando um 
sistema nacional que integra a União, Estados e Municípios, possibilitando a participação da sociedade civil 
na gestão dos recursos hídricos através da instalação de comitês de bacias hidrográficas. 
 
1.4 Danos nas Áreas Urbanas 
Segundo Mainardi et al. (2018), o processo de desenvolvimento industrial nas principais metrópoles 
brasileiras ao mesmo tempo que proporcionou melhores condições de vida para a população dessas 
cidades contribuiu também para o surgimento de uma diversidade de problemas ambientais, no momento 
em que aumenta a demanda por produtos, serviços e moradias. 
A urbanização, juntamente com o desenvolvimento do setor industrial, obteve um crescimento 
considerável ao longo das últimas décadas, motivado pela migração de trabalhadores rurais em busca de 
vagas de trabalho oferecidas nas cidades. Porém, o processo de gestão urbana de responsabilidade dos 
municípios não acompanhou essa transformação nas áreas urbanas, favorecendo a deterioração ambiental 
das cidades. 
O aumento da densidade populacional e consequentemente o crescimento da exploração dos recursos 
naturais promoveu alta na concentração de poluentes na água, solo e atmosfera, favorecendo as 
alterações no meio ambiente, causando desequilíbrios ecológicos e prejudicando o desenvolvimento das 
atividades humanas. 
Raramente as áreas urbanas das grandes cidades são autossustentáveis. Na figura a seguir apresentamos 
um modelo linear urbano presente na maioria das metrópoles, principalmente dos países em 
desenvolvimento, que exigem enormes entradas de energia e recursos e têm, como produtos originados 
desse fluxo linear, produtos manufaturados, resíduos orgânicos e inorgânicos, emissões de gases 
contribuintes do efeito estufa, ruídos, calor residual e uma diversidade de poluentes. 
 
 
 
10 
 
 
Modelo Linear Urbano. 
Fonte: Pasqualotto e Sena (2017). 
 
Analisando esse modelo urbano linear, faz-se a seguir uma breve análise de alguns impactos gerados nas 
grandes cidades. 
 
Resíduos Sólidos 
O adensamento populacionaldos centros urbanos aliado a uma mudança nos padrões de comportamento 
de consumo impactou diretamente no aumento significativo na geração de resíduos sólidos, tanto em 
quantidade como em diversidade. 
Muitos produtos apresentam em sua composição elementos químicos perigosos à saúde humana e ao 
meio ambiente, apresentando características recalcitrantes devido à dificuldade de serem degradado 
naturalmente por microrganismos presentes no meio. 
Grande parte dos resíduos coletados nos municípios do Brasil ainda está sendo destinada a aterros 
controlados, aterros sanitários e lixões a céu aberto. Os diversos impactos ambientais ocasionados pelo 
descarte inadequado desses resíduos expõem a população ao contato com substâncias nocivas à saúde 
através da dispersão de substâncias como o chorume e metais pesados no solo e nos copos hídricos. 
No ano de 2010 foi sancionada a Lei 12.305/10 - Política Nacional dos Resíduos Sólidos, sendo reconhecida 
como um marco regulatório para o gerenciamento correto dos resíduos no país. 
A Política Nacional de Resíduos Sólidos tem como princípios: a prevenção e a redução na geração de 
resíduos; um conjunto de ações para estimular a prática de hábitos de consumo sustentável; o aumento da 
reutilização e reciclagem dos resíduos; o tratamento correto dos resíduos quando impedidos de serem 
reciclados; além da proibição dos lixões a céu aberto. 
 
 
 
 
 
11 
 
Desmatamento e Ocupação Irregular do Solo 
A falta de políticas públicas direcionadas à área de habitações populares promoveu ao longo do tempo o 
adensamento populacional nos extremos periféricos das grandes metrópoles, ocupando áreas menos 
favoráveis, como encostas e fundos de vales. A ocupação irregular do solo trouxe como resultado o 
crescente desmatamento, afetando as áreas de matas ciliares, prejudicando a qualidade da água dos 
mananciais e também a impermeabilização do solo, e contribuindo para as recorrentes enchentes e 
deslizamento de encostas. 
 
Poluição Atmosférica 
Um dos grandes problemas enfrentados pelas populações das grandes cidades é a poluição atmosférica, 
que constitui uma das graves ameaças à saúde dos seus habitantes. Na cidade de São Paulo, por exemplo, 
os veículos automotores são os principais responsáveis pela emissão de gases presentes na atmosfera. 
Os poluentes emitidos pelos veículos automotores são compostos basicamente por gases como: 
hidrocarbonetos, monóxido de carbono, óxido de nitrogênio, óxido de enxofre e material particulado. Os 
efeitos dessas substâncias são diversos e os estudos apontam associações significantes entre os aumentos 
dos poluentes atmosféricos e o crescimento das internações hospitalares por causas respiratórias e 
cardiovasculares, além da incidência e mortalidade por câncer, partos prematuros e o baixo peso ao 
nascer. 
Além disso, a emissão de poluentes pelos veículos automotores, como o gás carbônico, contribui para o 
efeito estufa, com o aumento da temperatura do planeta devido à retenção da radiação infravermelha na 
atmosfera por ela refletida, em função da concentração de gases. 
A figura a seguir apresenta os valores médios dos principais poluentes monitorados na Região 
Metropolitana de São Paulo (RMSP), comparados aos valores aceitos pela Organização Mundial de Saúde. 
 
 
 
 
12 
 
 
Concentração dos Principais Poluentes Monitorados na RMSP. 
Fonte: Andrade (2017). 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
Poluição Hídrica 
De acordo com Philippi et al. (2004), os esgotos domésticos de áreas urbanizadas quando lançados 
diretamente nos corpos hídricos alteram as características químicas, biológicas e físicas da água. Esses 
esgotos sanitários são uma somatória dos esgotos oriundos das residências, de atividades industriais e 
comerciais. 
O esgoto doméstico apresenta em sua constituição altas concentrações de nitrogênio e fósforo, matéria 
orgânica e organismos patogênicos, como bactérias e vírus. Esse aumento de matéria orgânica nos 
ecossistemas aquáticos contribui com o início de um processo de eutrofização, interferindo no equilíbrio 
das relações ecológicas do meio. 
As ocupações irregulares geram impactos no saneamento, com moradias sem coleta de esgoto e o 
fornecimento de água potável. O resultado da falta de investimentos em obras de saneamento básico se 
reflete no adoecimento de pessoas vitimadas por doenças de veiculação hídrica. 
Para abordar os problemas do saneamento, o Brasil elaborou a Lei nº 11.445/2007, regulamentada pelo 
Decreto nº 7.217/2010, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico no País. 
 
1.5 Danos nas Áreas Rurais 
Os setores agrícolas e pecuários são fundamentais para a humanidade, pois produzem alimentos e 
participam significativamente no fortalecimento da economia, gerando empregos e desenvolvimento 
regional. 
De acordo com Cunha e Guerra (2000) as áreas rurais apresentam uma característica própria, pois dispõem 
de grandes extensões de terra para o desenvolvimento de atividades agropecuárias, sofrendo, portanto, 
importantes impactos ambientais. 
O desmatamento, o uso de fertilizantes e agrotóxicos entre outras práticas utilizadas pelo setor de 
agropecuária de forma predatória, ou seja, sem preocupar-se em adotar ações sustentáveis de estratégias 
de conservação, estão levando à degradação dos biomas, ao desaparecimento das espécies endêmicas, ao 
esgotamento do solo, ao desenvolvimento de processos erosivos, ao aparecimento de espécies invasoras, 
ao assoreamento dos corpos d’água e à contaminação dos solos e rios, entre outros impactos negativos ao 
meio ambiente, muitas vezes irreversíveis. 
Entre os impactos ambientais mais importantes causados pelo setor agropecuário estão os processos 
erosivos, muitas vezes resultados por práticas de manejo inadequadas. 
Com a instalação da erosão, o solo perde seus nutrientes, como também suas características próprias, 
tornando o terreno pobre e dificultando o desenvolvimento da prática agrícola. 
 
 
 
14 
 
Para Cunha e Guerra (2000), quando instalada a erosão, a recuperação deve ser imediata, com o objetivo 
de reduzir o efeito do escoamento e o avanço do processo. Uma solução para o problema seria construir 
barragens no interior das voçorocas, diminuindo a ação do escoamento superficial e, ao mesmo tempo, 
promovendo o assoreamento da voçoroca, produzindo uma nova superfície que pode ser recuperada. 
Além disso, é fundamental a contenção da energia das águas do entorno da voçoroca para que o local em 
recuperação não receba grandes volumes de água. 
Voçoroca é um fenômeno geológico que consiste na formação de grandes buracos de erosão, causados 
pelas chuvas, em solos onde a vegetação é escassa e não protege mais o solo. 
Para mitigar os impactos da atividade é importante realizar um diagnóstico ambiental da área, conhecendo 
as propriedades físicas e químicas do solo, as características das encostas e o regime pluviométrico. Com o 
prognóstico do que possa vir a acontecer é possível adotar estratégias de técnicas de conservação, 
evitando o processo erosivo ou mitigando os efeitos negativos. 
 
Conclusão 
De acordo com Miller (2007), a degradação ambiental ocorre quando excedemos a taxa de reposição 
natural de um recurso e as provisões disponíveis diminuem. Entre os exemplos dessa degradação 
ambiental podemos citar o ritmo acelerado da industrialização, crescimento desordenado e descontrolado 
de urbanização, o desmatamento para a prática de atividades agropecuárias, o uso excessivo de 
fertilizantes e defensivos agrícolas, desaparecimento de espécies endêmicas e processos erosivos 
estabelecidos, e a utilização exaustiva das águas subterrâneas. 
Segundo Cunha e Guerra (2000), a degradação ambiental ocorre em todos os lugares, com maior ou menor 
intensidade, dependendo das estratégias e técnicas adotadas na exploração e a preocupação na 
conservação desses recursos naturais. Estudos apontam que o mau uso dos recursos naturaistem 
contribuído para o declínio da biodiversidade e da manutenção dos serviços ecossistêmicos. 
Para diminuir os impactos da degradação ambiental na saúde humana, algumas medidas devem ser 
tomadas: 
 
Nas áreas rurais 
Adoção de práticas sustentáveis nas atividades de agricultura e pecuária; utilização do solo de acordo com 
sua capacidade de uso e suporte; incorporação de novas tecnologias, como técnicas do plantio direto, 
agricultura de precisão e baixa emissão de carbono, reduzindo a utilização de insumos e impactos 
ambientais inerentes à atividade. 
 
 
 
15 
 
Nas áreas urbanas 
Proteger os recursos hídricos e as áreas de proteção ambiental; redução e tratamento adequado dos 
resíduos sólidos; investimentos em saneamento básico e programas habitacionais; programas de controle 
de emissão de poluentes do ar pelos veículos automotores e indústrias; priorização de transporte público; 
obedecer ao plano diretor com o objetivo de ordenar o crescimento das cidades. 
Para Cunha e Guerra (2000) os custos ambientais para a recuperação de áreas degradadas são cada vez 
maiores e a adoção de medidas preventivas, planejamento e manejos ambientais são os melhores 
caminhos para reduzir os impactos das ações antrópicas causados no meio ambiente. 
 
Referências Bibliográficas 
ANDRADE, M. F. Perigo no céu de São Paulo. Revista Pesquisa FAPESP, 2017. Disponível em: 
<http://revistapesquisa.fapesp.br/2017/09/22/perigo-no-ceu-de-sao-paulo/>. Acesso em: abr. 2019. 
ANTUNES, P. B. Direito Ambiental. 4. ed. rev., ampl. e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2000. 
BRASIL. Decreto federal n. 97.632 de 1989. Dispõe sobre a regulamentação do Artigo 2°, inciso VIII, da lei 
n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, e dá outras providências. Brasília, 1989. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1980-1989/D97632.htm>. Acesso em: abr.2019. 
BRASIL. Lei n° 6.938/1981. Lei da Política Nacional do Meio Ambiente. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm > Acesso em: abr. 2019. 
BRASIL. Lei Federal nº 9433/97. Política Nacional dos Recursos Hídricos. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9433.htm > Acesso em: abr. 2019. 
BRASIL. Lei 12.305/10. Política Nacional dos Resíduos Sólidos. Disponível em: 
http://www.mma.gov.br/pol%C3%ADtica-de-res%C3%ADduos-s%C3%B3lidos > Acesso em abr. 2019. 
CUNHA, S. B.; GUERRA, A. J. T. (Org.). Avaliação e Perícia Ambiental. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 
2000. 
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Vocabulário básico de recursos naturais e 
meio ambiente. 2. ed. Rio de Janeiro, 2004. 
LEONARD, A. A História das Coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que consumimos. Rio de 
Janeiro: Zahar, 2011. 
MAINARDI, A. F.; GOMES, K. F.; CRUZ, T.C; MESSIAS, V. M. A.; CAMACHO, S.; SILVA, R. W. F. 
Desenvolvimento Urbano: Impactos Ambientais na Cidade de Três Lagoas-MS. rev. Conexão Eletrônica. 
Três Lagoas, MS, v. 15, n. 1, 2018. 
MILLER, J. R. T. Ciência Ambiental. São Paulo: Thomsom, 2007. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9433.htm
http://www.mma.gov.br/pol%C3%ADtica-de-res%C3%ADduos-s%C3%B3lidos
 
 
 
16 
 
PASQUALOTTO, N.; SENA, M. Impactos ambientais urbanos no Brasil e os caminhos para cidades 
sustentáveis. Educação Ambiental Em Ação, v. 61, p. 1-11, 2017. Disponível em: 
<http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=2861>. Acesso em: abr. 2019. 
PHILIPPI, A.; ROMERO, M. A.; COLLET, B. G. C. Curso de Gestão Ambiental. Barueri: Manole, 2004. 
SAVEH – Sistema de Autoavaliação da Eficiência Hídrica. A disponibilidade de água no mundo e no Brasil. 
Disponível em: <https://saveh.com.br/artigos/a-disponibilidade-de-agua-no-mundo-e-no-brasil/>. Acesso 
em: abr. 2019. 
TUNDISI, J. G. Custos econômicos da poluição e degradação ambiental no Brasil. São Paulo, 2016. 
Disponível em: <https://jornal.usp.br/artigos/custos-economicos-da-poluicao-e-degradacao-ambiental-no-
brasil>. Acesso em: abr. 2019. 
VESILIND, P. A.; MORGAN, S. M. Introdução à Engenharia Ambiental. 2. ed. Revisão técnica Carlos A. M. F. 
M.; Lineu, B. R. São Paulo: Cengage Learning, 2014. 
ZAMBERLAND, J. F.; ZAMBERLAND, C. O.; SCHUCH Jr., V. F.; GOMES, C. M.; KNEIPP, J. M. Produção e 
manejo agrícola: impactos e desafios para sustentabilidade ambiental. Eng. Sanit. Ambient. Edição 
Especial, 2014. p. 95-100. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
2. PERÍCIA AMBIENTAL 
Na Constituição Brasileira de 1988, no Capítulo VI DO MEIO AMBIENTE em seu Art. 225, é atribuído que: 
"Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e 
essencial à qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e 
preservá-lo para as presentes e futuras gerações". 
 
Ao mesmo tempo que esse relevante dispositivo da Carta Magna institui a democratização do acesso aos 
recursos naturais, obriga todos a zelar pela qualidade do meio ambiente em respeito à manutenção de um 
ambiente ecologicamente equilibrado, através da preservação, conservação e também na imputação de 
responsabilidades na esfera civil, penal e administrativa, relacionadas à reparação de danos ambientais 
causados. 
Apesar da inserção do Art. 225 ser um grande marco, uma vez que foi a primeira constituição do Brasil a 
tratar do meio ambiente, segundo Oliveira e Pacheco (2017), historicamente, o Brasil começou a 
preocupar-se com as questões ambientais a partir da criação da Lei nº 9.605/98 (Lei dos Crimes 
Ambientais), pois, pela primeira vez, o crime ambiental passou a ser tipificado com a possibilidade de 
responsabilização e sanções penais ou administrativas para quem cometer tal crime, alterando 
radicalmente a percepção de impunidade através de um instrumento legal que combate e pune quem 
degrada a natureza. 
De acordo com Cunha e Guerra (2001), o crescimento populacional desordenado associado ao 
desenvolvimento de um modelo econômico ambientalmente não sustentável promoveu o surgimento de 
passivos ambientais, causados em sua maioria pela ação antrópica, afetando o equilíbrio dos ecossistemas, 
a qualidade de vida das pessoas e gerando demandas judiciais resultando, muitas vezes, num alto custo 
ambiental e social. 
Essas demandas de conflitos ambientais levados à esfera judicial tiveram um aumento substancial 
principalmente com o estabelecimento da Lei da Ação Civil Pública (ACP), editada em 1985 (Lei nº 7.347, 
24/07/85), para que os conflitos ligados a questões ambientais, muitas vezes apresentando alta 
complexidade, fossem solucionados. Diante dessa situação surgiram, nos últimos anos, uma série de 
instrumentos legais, teorias, princípios e metodologias em diversas áreas do saber relacionados ao tema. 
Diante desse cenário, encontra-se a “Perícia Ambiental”, uma especialidade de perícia que tem como 
objetivo caracterizar, mensurar e valorar um dano ambiental, dando o seu enquadramento legal da 
atividade lesiva e o nexo causal. O objeto principal da perícia ambiental é a diligência sobre o dano ou a 
ameaça ao meio ambiente. 
 
 
 
18 
 
O nexo de causalidade é o vínculo existente entre a conduta do agente e o resultado por ela produzido, ou 
seja, é a comprovação de que houve dano efetivo, motivado por ação, voluntária, negligência ou 
imprudência daquele que causou o dano. 
A Resolução n° 345/1990 do Confea (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia) define a perícia como 
uma atividade que envolve a apuração das causas que motivaram determinado evento ou da asserção de 
direitos. 
A perícia é a contratação de um serviço para verificar e esclarecer determinado fato através da resolução 
de questões pendentes. Normalmente está atrelada a alguma ação judicial, litígio ou disputa que afeta o 
direito de propriedade ou de bens e serviços previstos no ordenamento jurídico, podendo ser contratada 
por pessoas físicas,empresas, organizações públicas e não governamentais. O perito, profissional 
especializado, pode ser nomeado pelo juiz, sendo classificado como um auxiliar da justiça ou, quando 
contratado por uma das partes, é denominado como assistente técnico. 
Para Raggi e Moraes (2005), a perícia é considerada um trabalho técnico-científico que necessita na 
obtenção de informações, referências bibliográficas, no conhecimento de outros casos semelhantes, além 
da troca de informações com outros profissionais da área para que se tenha subsídios na formulação de 
uma determinada hipótese. 
Segundo os autores, o entendimento correto do que aconteceu ou está acontecendo exige inicialmente a 
delimitação da área do estudo, sequenciado pela relação das causas e efeitos para concluir quais foram os 
fatores que levaram ao problema ou dano, apresentar os resultados da determinada perícia e, se possível, 
evitar possíveis contestações no futuro. 
A atividade de perícia no campo ambiental é considerada um meio de prova regulamentada e prevista no 
Novo Código de Processo Civil (NCPC - Novo Código de Processo Civil, que passou a vigorar a partir de 17 
de março de 2016), sempre atendendo as demandas voltadas a questões ambientais, tendo como objeto 
principal a própria ocorrência do dano (alterações do solo, água, ar, recursos naturais e bem-estar dos 
indivíduos) ou até mesmo a possibilidade de o eventual dano ocorrer. 
O NCPC, Art. 464 considera prova pericial um conjunto de exames necessários, como vistorias e avaliações, 
realizados por um profissional habilitado, o qual deve constatar a presença do dano ambiental e realizar a 
valoração deste. 
Existem três espécies de provas específicas: 
 Exame: realiza uma análise de coisas, pessoas e documentos com o objetivo de verificar fatos que 
possam surgir, sendo de interesse do litígio. 
 
 
 
19 
 
 Vistoria: é a constatação de um fato mediante inspeção sobre bens e imóveis com a descrição 
minuciosa dos elementos que o constituem, sem indagar as causas que o motivaram. 
 Avaliação: é a atividade que envolve a determinação técnica do valor qualitativo ou monetário de um 
bem, de um direito, de um empreendimento ou obrigações em litígio. 
De acordo com Raggi e Moraes (2005), as perícias administrativas ou particulares são fundamentais para 
que o Ministério Público tenha informações técnicas na abertura de ação civil ou para que órgãos e 
empresas abram processo de apuração de responsabilidades; também no fornecimento de subsídios a um 
juiz para a tomada de decisão em um processo que envolva danos ambientais e influenciam no direito de 
propriedade ou afetem diretamente a qualidade de vida da população. 
As perícias são documentadas por um laudo pericial, no qual o perito relata o que foi observado, emitindo 
o seu parecer devidamente fundamentado por meio de respostas objetivas aos quesitos determinados. 
 
2.1 Aplicações da Perícia Ambiental 
Para Oliveira e Pacheco (2017), apesar de ser uma especialidade recente, a utilização da Perícia Ambiental 
vem crescendo ao longo dos anos devido, principalmente, à pressão das atividades antrópicas no meio 
ambiente que causam diversos impactos nos ecossistemas e também pelo aprimoramento e surgimento 
de leis ambientais, tornando-se uma ferramenta fundamental na solução de problemas que envolvam 
processos ambientais. 
Esse tipo de perícia tem como objetivo principal avaliar o dano ambiental ou o risco de ocorrência do 
possível dano e, muitas vezes, é extremamente complexo dimensionar a extensão do dano ocorrido. 
Determinar as providências necessárias implicadas na recuperação do dano, estimando os valores 
necessários para a execução do projeto e posterior monitoramento do local, também são ações realizadas 
pela atividade pericial. 
Portanto, na modalidade pericial, é fundamental a atuação de profissionais especializados e, geralmente, 
exige a necessidade de equipe multidisciplinar devido a uma variedade de questões técnicas da área 
ambiental e jurídica envolvidas no processo. 
Segundo Oliveira e Pacheco (2017), na perícia ambiental temos a elaboração do Laudo Pericial e do Laudo 
Técnico, havendo uma distinção relacionada à competência legal para a realização. O responsável pela 
condução dos trabalhos necessários para a elaboração do laudo pericial é o perito oficial, designado pela 
lei, através da nomeação pelo juiz, enquanto o laudo técnico é um documento resultante da análise 
técnica realizada por indivíduo que, obrigatoriamente, não tem competência legal para atuar como um 
perito nomeado. 
 
 
 
20 
 
Portanto, podemos destacar os seguintes pontos abordados em uma perícia ambiental: 
 Avaliar um dano ambiental ocorrido e sua respectiva extensão 
 Procurar a reparação do dano 
 Vistoria realizada por um perito com o objetivo de constatar um fato 
 Fundamentação baseada em provas técnicas 
 Elaboração de laudo pericial 
 Apontamento dos responsáveis pelo dano ocorrido 
 
2.2 Ferramentas da Perícia Ambiental 
A perícia ambiental apresentou uma importante e significativa evolução nos últimos anos, com o 
aprimoramento da legislação ambiental através da edição da Lei de Crimes Ambientais (nº 9.605/98), e 
também no desenvolvimento de ferramentas aplicáveis à perícia ambiental. 
Dentre os diversos instrumentos aplicados nos processos de apuração de provas periciais, podemos citar: 
 
Bioindicadores 
Esses bioindicadores são seres vivos de natureza diversa e são utilizados para verificar alterações na 
qualidade ambiental, podendo indicar um desequilíbrio do ecossistema causado por conjunto de impactos 
ambientais. Têm como objetivo detectar a presença de poluentes nos corpos hídricos gerados por 
atividades antrópicas e que são passíveis de serem tipificadas como crime ambiental. 
Existem diversas classificações e grupos de bioindicadores, podendo apresentar características baseadas 
em sensibilidade, sua resposta à agressão ambiental sofrida, seu potencial cumulativo, sua distribuição no 
meio, dentre outros. 
De acordo com Rosenberg e Resh (1993), apesar da existência de uma diversidade de organismos animais 
e vegetais que podem ser utilizados como indicadores biológicos, os invertebrados superiores, como os 
crustáceos, insetos, equinodermos e moluscos são animais amplamente usados para a verificação de 
possíveis danos ambientais, pois apresentam uma série de características que facilitam a avaliação: podem 
ser observados a olho nu; são sensíveis a possíveis alterações ambientais, respondendo a uma variedade 
de impactos, sejam estes pontuais, difusos, múltiplos ou específicos, possibilitando a determinação das 
relações entre os estressores ambientais e as alterações sofridas pela comunidade biótica. 
A diversidade de substâncias químicas nocivas à saúde humana, proveniente das atividades industriais e 
agrícola, além dos resíduos gerados nas áreas urbanas, como os esgotos domésticos, provocam danos 
ambientais significativos quando descartados de forma inadequada no ambiente. Portanto, os indicadores 
 
 
 
21 
 
biológicos são instrumentos importantes de perícia em apuração de provas, pois permitem relacionar os 
impactos ambientais verificados com possíveis ações antrópicas ocorridas. 
Segundo Vieira et al. (2014), a utilização de bioindicadores em processos judiciais que envolvem questões 
ambientais são de fundamental importância para que a justiça e todos os envolvidos tenham maior 
confiança e aceitação dos laudos periciais apresentados pelo perito. 
 
Geotecnologias 
A diversidade e complexidade de passivos ambientais gerados, em sua grande maioria, por atividades 
antrópicas, impõem a importância de se desenvolver novos estudos e a adoção de tecnologias aplicadas 
nas atividades de perícia ambiental. 
As geotecnologias são um conjunto de tecnologias para coleta, processamento, análise e disponibilização 
de dados referenciados geograficamente. Constituem um instrumento muitoimportante para o estudo dos 
espaços geográficos ambientais possibilitando um diagnóstico preciso na caracterização da área e na 
previsão de fenômenos, pois permite uma análise espacial e multitemporal da região. 
Na figura a seguir temos a apresentação multitemporal de uma região para verificar a cobertura de terra 
por florestas nativas e os processos de fragmentação que ocorreram ao longo de um período: 
 
 
 
22 
 
 
Mapas de cobertura da terra da bacia hidrográfica do rio Marombas. 
Fonte: CATEN et al. (2015) 
 
Segundo Botteon (2016), em muitas ocasiões existe a complexidade ambiental relacionada à extensão da 
área e acessibilidade a serem avaliadas; com a utilização desses equipamentos tecnológicos ocorre a 
facilitação na obtenção de dados, a otimização dos custos operacionais e a agilidade na tramitação do 
processo judicial. 
Dentre algumas tecnologias aplicadas em atividades de perícia ambiental, podemos citar: 
 
 
 
 
 
23 
 
Sensoriamento Remoto (SR) 
São imagens geradas por aeronaves e plataformas orbitais, como câmeras fotográficas aéreas e 
imageadores multiespectrais fornecendo dados e imagens de alta resolução. A utilização desses recursos 
permite realizar o mapeamento digital do solo, identificando classes do solo e seus atributos, além da 
possibilidade de detectar informações qualitativas e quantitativas da vegetação, água e do solo, causada 
por possíveis alterações decorrentes de um determinado impacto ambiental. 
 
Sistema de Informação Geográfica (SIG) 
Considerada uma ferramenta computacional importante no estudo ambiental, o SIG tem como 
característica principal a capacidade de inserir e integrar informações espaciais em um único banco de 
dados, garantindo o cruzamento e a combinação de diferentes planos de informação, propiciando 
agilidade no processamento, na recuperação e na manipulação de informações ambientais. 
Os sistemas que constituem o SIG podem ser classificados em: 
 Entrada de dados: sistema de processamento digital de imagens, sistema de posicionamento global, 
dados tabulares e estatísticos. 
 Armazenamento de dados: mapas digitais e banco de dados alfanuméricos. 
 Análise de dados: sistema de análise geográfica e estatística, gerenciamento de banco de dados. 
 Saída de dados: sistema de exibição cartográfica. 
 
2.3 Importância da Perícia Ambiental 
Segundo Cardoso (2017), estamos vivenciando um período de crise ambiental que afeta diretamente a 
qualidade de vida das pessoas e promove danos ao meio ambiente. A complexidade desses problemas 
ambientais exige uma abordagem sistêmica, havendo a necessidade da participação de profissionais de 
diversas áreas do conhecimento para a busca de soluções sustentáveis que previnam ou mitiguem os 
impactos ambientais causados pelas atividades antrópicas. 
Grande parte dos passivos ambientais incide na esfera judicial, sendo de extrema importância conhecer os 
instrumentos judiciais de proteção ao meio ambiente. Nesse contexto, o direito ambiental contribui com 
mecanismos de análise e resolução de problemas ambientais, dentre eles, temos a perícia judicial. 
A Perícia Judicial é uma atividade de cunho técnico que tem como objetivo realizar diligências para 
esclarecer fatos e apurar causas relacionadas a questões ambientais que motivaram o determinado 
evento, avaliando os bens a proteger, os custos, seus frutos ou direitos. A necessidade da perícia nasce da 
apuração de um sistema de proposição pelas partes, das provas. 
 
 
 
24 
 
De acordo com Oliveira e Pacheco (2017), a Perícia Ambiental é uma atividade profissional de relevante 
interesse social e importante na solução de controvérsias nas questões relacionadas ao meio ambiente, 
pois é um instrumento de esclarecimento baseado em indícios técnicos de conflitos ambientais que são 
encaminhados à Justiça, responsabilizando os infratores e contribuindo para uma maior conscientização da 
sociedade quanto ao senso da existência de punibilidade justa para atividades humanas que agridem o 
meio ambiente, provocando danos e crimes ambientais muitas vezes de efeitos irreversíveis. 
Segundo Cardoso (2017), a perícia ambiental é um instrumento de grande valor e importância para 
solucionar litígios relacionados a passivos ambientais, pois permite materializar o delito ambiental através 
do laudo técnico pericial, fornecendo subsídios para quantificar, mensurar, reparar, compensar, indenizar e 
impor sanções penais ao responsável pelos danos ambientais ocorridos. 
 
2.4 Admissibilidade da Perícia Ambiental 
Segundo o Instituto Brasileiro de Engenharia de Avaliações e Perícias de Engenharia (IBAPE), a perícia é 
uma atividade relacionada a exame realizado por um profissional especialista, legalmente habilitado, que 
tem como objetivo verificar ou esclarecer fato, apurar as causas motivadoras do mesmo ou o estado, a 
alegação de direitos ou a estimação da coisa, que é objeto de litígio ou processo. 
Para Almeida e Almeida (2011), o surgimento da perícia ocorre em decorrência de uma demanda, por 
iniciativa de parte dos envolvidos no processo, visualizando a busca de provas para fundamentar um 
direito requerido. A prova pericial ganhou destaque na reformulação do Novo Código de Processo Civil, 
podendo recair em relação aos indivíduos e bens, influenciando diretamente a decisão do juiz no 
julgamento do litígio. 
Como qualquer prova, no Art. 472 do Novo Código de Processo Civil (NPC/15) existe a possibilidade legal 
de o juiz indeferir uma determinada perícia quando ela for desnecessária por: não depender de 
conhecimento técnico especializado; as provas produzidas serem suficientes ou a realização tornar-se 
inviável economicamente. 
O juiz poderá dispensar a prova pericial quando as partes, na inicial e na contestação do réu, 
apresentarem, sobre as questões de fato, pareceres técnicos ou documentos elucidativos considerados 
suficientes. 
O magistrado nomeará um perito de sua confiança, mas o Novo Código de Processo Civil trouxe uma 
inovação, permitindo um comum acordo entre o autor e o réu, que têm livre escolha de contratar o 
assistente técnico, não ficando limitado à relação de profissionais inscritos no cadastro do tribunal. O juiz, 
 
 
 
25 
 
como condutor do processo, deve respeitar a escolha das partes, mas ao mesmo tempo intervir quando 
houver indícios de manipulação do resultado da perícia. 
Diferentemente do perito que atua de acordo com os princípios presentes no Art. 37 da Constituição 
Brasileira (princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade, publicidade e eficiência), tendo como 
objetivo esclarecer questões técnicas ao magistrado, o assistente técnico atua em favor das partes 
contratantes, auxiliando na identificação e fiscalização dos dados coletados pelo perito no momento da 
vistoria e oferecendo suporte técnico para os advogados das partes envolvidas. 
De acordo com o Código de Processo Civil, em seu Art. 474, as partes envolvidas devem ter ciência da data 
e local designado pelo juiz ou indiciado pelo perito para ter início a produção da prova, com o objetivo de 
oferecer transparência ao processo. 
Para Arantes (2011), a exigência da ciência das partes, citada no Art. 474, promove a inexistência de 
enganos, erros, deslizes e defeitos que possam levar à decretação da nulidade do processo e do trabalho 
pericial. 
Geralmente a solicitação para requerer a prova pericial é realizada pelo autor no início da petição ou pelo 
réu na fase de contestação, ou quando o magistrado achar fundamental que a perícia seja realizada para 
esclarecimento dos fatos. 
Realizada a prova pericial, o juiz apreciará, baseando-se no Art. 371 do CPC, a prova pericial, indicando na 
sentença os motivos que o levaram a considerar ou a deixar de considerar as conclusões do laudo, levando 
em conta o método utilizado pelo perito. 
 
2.5 Responsabilidade Civil na Degradação e Poluição Ambiental 
A partir da Revolução Industrial iniciadana Inglaterra no final do século XVIII houve uma demanda 
crescente para a exploração de recursos naturais, aumento da produção e geração de resíduos. 
Porém, a questão ambiental tornou-se motivo de preocupação com o acontecimento de tragédias 
ambientais que ocasionaram milhares de mortes e a contaminação de rios, solo e ar, e motivaram 
discussões e buscas para prevenir tais acidentes. 
Com a crescente preocupação e pressão da sociedade e entidades sociais na luta contra a poluição e o 
modelo de produção adotado, temos o surgimento da I Conferência de Estocolmo sobre o Meio Ambiente 
realizado em 1972, na Suécia. Visando à preservação ambiental e ao equilíbrio ecológico global, o 
resultado dessa conferência foi o reconhecimento dos líderes mundiais da necessidade de proteção e 
melhoria do meio ambiente humano através da elaboração da Declaração de Princípios de Estocolmo, que 
proclamaram o meio ambiente como direito fundamental do ser humano. 
 
 
 
26 
 
Para Leonard (2011), o crescimento econômico muitas vezes está associado ao aumento nas atividades da 
indústria, agricultura, serviços, comércio e consumo, promovendo a adoção de práticas não sustentáveis 
através da exploração ilimitada dos recursos naturais e produzindo toneladas de resíduos que contribuem 
para processos de degradação ambiental, refletindo diretamente na qualidade de vida das pessoas e no 
meio ambiente. 
Nesse cenário, podemos afirmar que o aumento exponencial da população nos últimos cinquenta anos 
contribuiu significativamente para a mudança nos padrões de produção e consumo, promovendo o 
aumento da geração de resíduos, poluição e, consequentemente, a contaminação do ar, solo e corpos 
hídricos. 
De acordo com Iglesias (2013), mesmo sem ter a consciência de formular leis protetoras do meio 
ambiente, o Código Civil Brasileiro de 1916 foi o precursor normativo ao abordar indiretamente questões 
relacionadas à proteção ambiental, como os direitos de vizinhança e uso da propriedade que afetem o 
sossego, a segurança e a saúde dos vizinhos. 
As ações para proteção de certos aspectos ambientais, como o surgimento de leis e processos de 
conscientização sobre a importância de proteção ao meio ambiente, é algo recente em nosso país. 
Podemos citar a Lei 6.938/81, que classifica o meio ambiente como Patrimônio Público e a necessidade de 
ser assegurado e protegido; a Lei 7,347/85, que disciplina a ação civil pública de responsabilidade por 
danos causados ao meio ambiente; e a Constituição Federal de 1988 em seu Art. 225, que estabelece o 
direito ao ambiente sadio como um direito fundamental de todo o indivíduo. 
A Lei Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA (6938/81) conceitua o meio ambiente como “o conjunto 
de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege 
a vida em todas as suas formas". 
De acordo com Iglesias (2013), apesar de não existir uma classificação adotada para os bens que compõem 
o meio ambiente, destacam-se os elementos que o constituem: 
 Meio Ambiente Natural: composto pelos recursos naturais, os ecossistemas brasileiros, a sua 
biodiversidade e o patrimônio genético. 
 Meio Ambiente Artificial: Composto pelo espaço urbano das cidades e as áreas rurais que sofreram, 
por exemplo, a ação de atividades agropastoris. 
 Meio Ambiente Cultural: preservação do patrimônio cultural. 
 Meio Ambiente Laboral: o espaço onde o profissional exerce a sua atividade profissional, resguardando 
os direitos trabalhistas. 
 
 
 
27 
 
Para Castro (2011), podemos considerar a Lei Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA (6938/81) que 
sistematizou a tutela do meio ambiente no Brasil como um marco legal para o desenvolvimento de ações 
de proteção integrada do meio ambiente ao estabelecer a responsabilização civil objetiva para o causador 
do dano ambiental e delegar ao Ministério Público a legitimidade constitucional de agir judicialmente em 
defesa dos bens ambientais. 
Essa responsabilização objetiva da PNMA, ao obrigar a reparação de um prejuízo e a dispensa da culpa 
para caracterizar a obrigação de indenizar, está presente no Art. 14 da referida Lei: 
Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, 
independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio 
ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá 
legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio 
ambiente. 
De acordo com Piske (2006), a responsabilidade civil em questões ambientais efetua-se no cumprimento 
de uma obrigação de realizar ou não, e a definição de um valor indenizatório a ser pago para aplicação em 
obra de recuperação ou prevenção da área degradada. 
A responsabilidade civil está fundamentada na teoria: 
 Da Culpa (responsabilidade subjetiva): para a sua ocorrência, é necessária a caracterização da 
imperícia, negligência ou imprudência na conduta do agente causador do dano. 
 Do Risco (responsabilidade objetiva): verifica-se com a mera demonstração do nexo de causalidade 
pela realização de uma determinada atividade perigosa, ou seja, o vínculo entre a conduta do agente e 
o resultado ilícito (relação causa x efeito). 
Para que seja imputada essa responsabilidade basta o fato e a comprovação de que houve dano efetivo, 
motivado por ação voluntária, negligência ou imprudência daquele que causou o dano. 
Portanto, são objetivos de um sistema de responsabilidade por dano ambiental: 
 Promover a restauração dos ecossistemas degradados pelo dano ambiental. 
 Indenizar as vítimas do dano ambiental. 
 Impor uma ação preventiva aos responsáveis pela degradação ambiental, em razão do dever de reparar 
os danos causados ao meio ambiente e terceiros. 
 
Conclusão 
O Código de Processo Civil disciplina a perícia como sendo um meio de prova utilizado em processos 
judiciais. A Perícia Ambiental é uma análise técnico-científica, ou investigação que tem como objetivo 
 
 
 
28 
 
verificar e analisar os danos ambientais ocorridos ou em vias de ocorrência para esclarecimentos de um 
fato ou situação. 
O profissional da área pode ter um campo de atuação bastante vasto, participando em processos judiciais 
que envolvem questões ambientais ou prestar serviços extrajudiciais de avaliação e identificação de 
passivos ambientais. 
As perícias judiciais podem ocorrer na esfera civil (envolve a identificação de um dano), em uma ação 
pública, onde o profissional perito é nomeado (cargo de confiança) pelo juiz; na esfera penal (envolve um 
crime), havendo nesse caso a necessidade da participação de um profissional da área da perícia 
concursado, ou na ausência deste, um perito temporário e, em ambas as situações, têm como objetivo 
atender o juiz para auxiliá-los em questões técnicas da área e facilitar o magistrado na tomada de decisão; 
e também na esfera administrativa (associada a uma infração) o perito é contratado por um cliente como 
consultor técnico que irá auxiliá-lo na defesa de uma possível autuação. 
Trata-se de uma atividade profissional de grande relevância social, sendo fundamental na confirmação, 
apuração e real extensão de um determinado dano ambiental. 
 
Referências Bibliográficas 
ALMEIDA, J. R.; ALMEIDA, S. M. Perícia Ambiental – Uma Visão Geral In Perícia Ambiental. IBAPE-SP: Pini, 
2011. 
ARANTES, C. A. Perícia Ambiental na Área Rural In Perícia Ambiental. IBAPE-SP: Pini, 2011. 
BOTTEON, V. W. Aplicabilidade de Ferramentas de Geotecnologia para Estudos e Perícias Ambientais. Rev. 
Bras. Crimin, v. 5, n. 1, p. 7-13, 2016. 
BRASIL. Constituição Brasileira de 1988. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm > Acesso em: abr. 2019. 
BRASIL. Resolução n° 345/1990 do Confea (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia). Disponível em: 
http://normativos.confea.org.br/downloads/0345-90.pdf>. Acesso em: abr. 2019. 
BRASIL. Lei Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA (6938/81). Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm >. Acesso em: abr. 2019. 
CARDOSO, F. A Importância da Perícia nas Causas Relativas ao Direito Ambiental. Revista Online IPOG 
ESPECIALIZE, 2017. p. 1-20. Disponível em: <file:///C:/Users/marcao/Downloads/flavio-cardoso-
1313171718.pdf >. Acesso em: abr. 2019. 
CASTRO, F. C. Visão Geral do Direito Ambiental no Contexto da Perícia In Perícia Ambiental. IBAPE-SP: Pini, 
2011. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://normativos.confea.org.br/downloads/0345-90.pdf
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm
file:///C:/Users/marcao/Downloads/flavio-cardoso-1313171718.pdf
file:///C:/Users/marcao/Downloads/flavio-cardoso-1313171718.pdf
 
 
 
29 
 
CATEN, A. T.; SAFANELLI, J. L; RUIZ, L. F. Mapeamento Multitemporal da Cobertura de Terra, por Meio de 
Árvore de Decisão, na Bacia Hidrográfica do Rio Marombas-SC. Eng. Agríc, Jaboticabal, v. 35, n. 6, nov./dez. 
2015. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
69162015000601198#B1>. Acesso em: abr. 2019. 
CUNHA, S. B.; GUERRA, A. J. T. (Org.). Avaliação e Perícia Ambiental. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 
2000. 
IGLESIAS, P. Difusos e Coletivos – Direito Ambiental. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013. 
LEONARD, A. A História das Coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que consumimos. Rio de 
Janeiro: Zahar, 2011. 
OLIVEIRA, H.; PACHECO, R. E. Importância da Perícia Ambiental na Solução de Crimes Ambientais no Brasil, 
2017. Disponível em: 
<https://fasul.edu.br/projetos/app/webroot/files/controle_eventos/ce_producao/20171003-
171301_arquivo.pdf>. Acesso em: abr. 2019. 
PISKE, O. M. P. Responsabilidade por Dano Ambiental. 2006. Disponível em: 
<https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/artigos/2006/responsabilidade-por-dano-ambiental-
juiza-oriana-piske>. Acesso em: abr. 2019. 
RAGGI, J. P.; MORAES, A. M. L. Perícias Ambientais: solução de controvérsias e estudos de caso. Rio de 
Janeiro: Qualitymark, 2005. 
ROSENBERG, D. M.; RESH, V. H. (Ed.). Freshwater Biomonitoring and Benthic Macroinvertebrates. New 
York: Chapman & Hall, 1993. 
VIEIRA, M. S. G. V.; FERREIRA, R. L.; OLIVATI, F. N. A. Utilização de bioindicadores como instrumento de 
perícia ambiental. Caderno Meio Ambiente e Sustentabilidade, v. 5, n. 3, 2014. 
 
 
3. PERÍCIA AMBIENTAL JUDICIAL I 
O crescimento populacional, a exploração desordenada dos recursos naturais e a adoção de um modelo de 
consumo não sustentável levaram à degradação ambiental e comprometeram o equilíbrio dos 
ecossistemas e a qualidade de vida das pessoas. 
O aumento na geração de resíduos sólidos, atmosféricos e efluentes industriais tanto em países 
desenvolvidos quanto em desenvolvimento trouxeram impactos ambientais relevantes, muitas vezes de 
difícil recuperação, fazendo com que houvesse um crescimento de demandas judiciais envolvendo 
questões relacionadas ao meio ambiente. 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-69162015000601198#B1
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-69162015000601198#B1
https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/artigos/2006/responsabilidade-por-dano-ambiental-juiza-oriana-piske
https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/artigos/2006/responsabilidade-por-dano-ambiental-juiza-oriana-piske
 
 
 
30 
 
De acordo com Vendrame (2006) cabe ao Estado zelar pelo direito fundamental ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, previsto na Carta Magna. Os causadores do dano ambiental são 
responsabilizados com a recuperação da área degradada e/ou a indenização monetária. Para que ocorra 
essa responsabilização por parte do agressor do ambiente, faz-se necessário a utilização da perícia para 
que a Justiça determine a extensão do passivo ambiental, sua recuperação e a estimativa do valor 
indenizatório. 
O Código de Processo Civil regulamenta os procedimentos comuns a todas as modalidades de perícia, e 
reconhece a importância da prova pericial como um importante instrumento de apuração das 
circunstâncias, causas e esclarecimento dos fatos reais. 
Para resguardar a ordem jurídica e a autoridade da lei, a jurisdição, a ação e o processo são conceitos 
aplicados para a resolução de conflitos de interesse do Estado. 
Neste bloco vamos abordar a perícia ambiental, sua finalidade, o papel do judiciário, do perito e auxiliares 
técnicos no processo judicial. 
Bons Estudos! 
 
3.1 Jurisdição, Ação e Processo 
Jurisdição, ação e processo são três elementos indissoluvelmente ligados e que representam a trilogia 
estrutural dos conceitos básicos ou fundamentais do direito processual civil (Figura 1), sendo essenciais 
para resolver conflitos de interesse entre as partes pelo Estado, com o objetivo de preservar a ordem 
jurídica e a autoridade da lei: 
 
Jurisdição 
Segundo Leite (2014), a jurisdição é uma função exclusiva do Estado e ocorre através de provocação 
(concebida pela ação), representando um conjunto de atos necessários praticados e que tem como 
objetivo a obtenção de respostas constitucionalmente adequadas. 
De acordo com Almeida e Almeida (2011), é proibido que o litígio (conflito de interesse entre as partes) 
seja resolvido pelos interessados, sendo o Poder Judiciário o responsável em exercer a jurisdição. 
 
Ação 
Pode ser definida como o direito que todos os interessados têm de solicitar o pronunciamento da função 
jurisdicional que, por sua vez, se exerce através de atos processuais. 
 
 
 
 
31 
 
Processo 
É o instrumento responsável por realizar todos os procedimentos desde a provocação inicial, a ação e a 
sentença final proferida pelo magistrado; estabelece uma interação jurídica entre as partes envolvidas: o 
autor, e o réu. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. Trilogia Estrutural do Direito Processual 
 
3.2 Direitos e Deveres Processuais dos Peritos e Assistentes Técnicos 
A figura do perito, profissional especializado no objeto da perícia, tem sua previsão normativa no Art. 465 
do Código Civil Brasileiro. 
PROCESSO AÇÃO 
 
 
 
32 
 
Os peritos serão nomeados pelo juiz entre os profissionais legalmente habilitados e os órgãos técnicos ou 
científicos devidamente inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o magistrado está vinculado. 
Após a nomeação do perito, o magistrado intimará as partes (autor da ação e réu) para a indicação do 
assistente técnico (Art. 466, §1, CPC). O assistente técnico funciona como consultor de confiança da parte, 
acompanhando o trabalho pericial com o objetivo de garantir o princípio do contraditório na produção de 
uma determinada prova, elaborando um parecer técnico paralelo. 
O Código de Ética Profissional e Disciplinar do Conselho Nacional dos Peritos Judiciais da República 
Federativa do Brasil, em seus Princípios Fundamentais, reza que “o Perito Judicial deve ter plena 
consciência de que é o auxiliar da Justiça, pessoa civil, nomeado pelo Juiz ou pelo Tribunal, devidamente 
compromissado, desenvolvendo, assim, um trabalho de extrema responsabilidade e relevância perante o 
Poder Judiciário, especialmente porque irá opinar e assisti-los na realização de prova pericial, consistente 
em exame, vistoria e avaliação”. 
Segundo o mesmo artigo do CPC, o perito deve assegurar aos assistentes das partes o acesso e o 
acompanhamento das diligências e dos exames que realizar, com prévia comunicação e comprovada nos 
autos, com antecedência mínima de cinco dias. 
Os peritos não devem emitir uma simples opinião ou pressupostos, mas inserir na elaboração do laudo 
pericial os fatos examinados e transformá-los em provaspara que auxiliem o juiz na formação de sua 
convicção e posterior tomada de decisão. 
É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua designação, bem como emitir opiniões pessoais que 
excedam o exame técnico ou científico do objeto da perícia. 
O novo CPC, apesar de prestigiar a figura do profissional perito reconhecendo a importância da prova 
pericial, em seu Art. 468 impõe um maior comprometimento e conhecimento técnico na realização do 
trabalho pericial, podendo ocasionar sanções severas caso haja o descumprimento dos seus deveres, como 
a devolução corrigida dos honorários recebidos, pagamento de multa de acordo com o calor da causa e o 
tempo de atraso na tramitação do processo, além da perda de habilitação para atuar em perícias judiciais 
por um período de até cinco anos. 
De acordo com o Art. 468 do CPC, o perito pode ser substituído nas seguintes situações: 
I - Faltar-lhe conhecimento técnico ou científico; 
II - Sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi assinado. 
 
Para Vendrame (2006), devem ser adotados pelo profissional da perícia procedimentos de conduta, como 
ter suas próprias convicções nas técnicas e métodos aplicados na elaboração do laudo, não emitir opinião 
 
 
 
33 
 
contrária de um laudo para outro em situações idênticas, não ceder a pressões que não vão ao encontro 
de seu convencimento sobre o ocorrido, demonstrando isenção, imparcialidade e senso de justiça, 
esclarecendo os fatos e auxiliando o juiz na tomada decisão. 
O assistente técnico pericial defende os interesses do contratante e tem como função acompanhar os 
desdobramentos da prova pericial, podendo emitir sugestões e críticas ao laudo apresentado pelo perito, 
através da apresentação de possíveis hipóteses que sejam juridicamente e tecnicamente sustentáveis. Os 
questionamentos fora da área de especialização devem ser evitados quando o profissional assistente não 
apresentar conhecimento técnico do assunto, deixando a questão ser avaliada pelo juiz da causa, 
responsável pela tomada de decisão. 
Portanto, exige-se o mínimo de qualificação técnica e competência na área de atuação do assistente 
técnico, a fim de que ele possa trazer aos autos parecer autêntico e específico sobre determinado assunto. 
Figura legalmente prevista no CPC, o assistente técnico das partes tem o direito resguardado de 
acompanhar o perito nas diligências, devendo ser comunicados com antecedência dia, data e local da 
realização do trabalho pericial. Não deve ser entendido que o assistente deve apenas participar da perícia 
realizada em um determinado local, mas ser participante de todo o processo, auxiliando o advogado na 
montagem inicial do processo e na elaboração da contestação, entrar em contato com o perito para 
agendamento da perícia, elaborar um Parecer Técnico fundamentado cientificamente concordante ou 
discordante com o Laudo emitido pelo Perito do Juiz, além de orientar e elaborar os quesitos que vão ser 
respondidos pelo perito oficial. 
Recomenda-se ao assistente técnico extremo cuidado na formulação dos quesitos, como não apresentar 
um número infindável de questionamentos, abordar somente sobre os fatos que são objetos da 
observação e apresentar questionamentos pertinentes e dotados de imparcialidade. 
Segundo Fiker (2005), a elaboração de quesitos exige técnica e aconselha-se ser iniciada por questões mais 
genéricas e, posteriormente, focar em perguntas mais específicas sobre o assunto tratado. O objetivo da 
apresentação do rol de quesitos é fazer com que o perito responda de forma afirmativa a todas as 
questões, esclarecendo a chave do problema e indo ao encontro à tese desejada pela parte. 
Para Vendrame (2006), é fundamental que o perito ou assistente não assumam uma posição isolada no 
exercício de sua função. Embora o perito exerça em seu trabalho uma postura profundamente legalista e o 
assistente busque um objeto de valor que favoreça seu cliente, atuando muitas vezes de forma 
tendenciosa, é importante que haja um equilíbrio entre os dois pontos. Segundo o mesmo autor, existem 
empresas que devem ser penalizadas por serem negligentes com questões ambientais ao não se 
 
 
 
34 
 
preocuparem com o tratamento dos resíduos gerados em sua atividade e pessoas que agem de má fé, 
representados por advogados sem ética, para obtenção de indenizações sem causa comprovada. 
Para o desempenho de sua função (Art. 473 § 3º), o perito e os assistentes técnicos podem valer-se de 
todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que 
estejam em poder da parte, de terceiros ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com 
planilhas, mapas, plantas, desenhos, fotografias ou outros elementos necessários ao esclarecimento do 
objeto da perícia. 
 
3.3 Elaboração de Laudos e Pareceres 
Segundo Almeida e Almeida (2011), o resultado de qualquer perícia ambiental seja na esfera do direito 
civil, criminal e/ou administrativo é denominado laudo pericial. Nesse laudo são apontados os fatos 
ocorridos, as circunstâncias, princípios e parecer técnico elaborado pelo perito, com respostas objetivas 
aos quesitos apresentados (questionamentos dirigidos aos peritos e assistentes técnicos, pelos quais será 
dada a delimitação da perícia), representação das provas e elementos que auxiliam o juiz no ato da decisão 
final de um processo. 
De acordo com o novo Código de Processo Civil, o laudo pericial estabeleceu em seu Art. 473 algumas 
regras obrigatórias: 
Art. 473. O laudo pericial deverá conter: 
I - A exposição do objeto da perícia; 
II - A análise técnica ou científica realizada pelo perito; 
III - A indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser predominantemente 
aceito pelos especialistas da área do conhecimento da qual se originou; 
IV - Resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do 
Ministério Público. 
 
Segundo o autor, a legislação não exige um modelo padrão a ser repetido na apresentação de laudos 
periciais, mas o documento deve ter os seguintes requisitos: 
 
 Requisitos Extrínsecos: ser feito, verificado e assinado pelo perito nomeado e responsável pelo 
conteúdo apresentado dessa prova pericial; estar escrito em vernáculo pátrio; redação correta; 
apresentar páginas numeradas e rubricadas; arquivo formatado. 
 Requisitos Intrínsecos: é o conteúdo interno do laudo pericial, devendo ter respostas claras aos 
questionamentos apresentados. “O perito deve apresentar sua fundamentação em linguagem 
 
 
 
35 
 
simples e com coerência lógica, indicando como alcançou suas conclusões” (Art. 473, §1º, CPC); ser 
completo e estruturado, limitado ao objeto da perícia. Evitar termos técnicos, pois o laudo será 
destinado à leitura de advogados, Ministério Público e juízes que, em sua maioria, não são 
especialistas no assunto e necessitam compreender todos os fundamentos que levaram o perito a 
uma determinada conclusão. 
Um laudo pericial completo deve conter três partes: 
 Histórico: apresentar uma síntese das alegações e dos posicionamentos conflitantes das partes 
envolvidas. 
 Expositiva: explicar a metodologia aplicada pelo perito, apresentando os dados coletados, 
documentos, informações obtidas nas diligências realizadas, os fatos e ocorrências nas visitas 
técnicas. 
 Conclusiva: contém o parecer técnico do relator do laudo pericial, com respostas a todos os 
quesitos apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministério Público as indagações. As 
respostas aos quesitos apresentados devem estar fundamentadas, pois, caso contrário, corre-se o 
risco de ter como resultado um laudo inconsistente e posteriormente questionado pelas partes 
envolvidas no processo. 
 
Podem ser anexados ao laudo documentos, fotos, plantas, pesquisas, entre outras peças complementares 
que auxiliam no esclarecimento do caso. 
Finalizado o laudo, o perito apresentaráo documento em cartório, no prazo determinado pelo juiz, pelo 
menos vinte dias antes da instrução e julgamento (Art. 477, CPC). 
Após a apresentação do laudo, as partes são intimadas a se manifestar, podendo concordar, impugnar ou 
solicitar esclarecimentos. Os assistentes técnicos oferecerão seus pareceres no prazo de dez dias após a 
apresentação do laudo. 
O trabalho realizado pelo perito e o respectivo laudo podem ser considerados insuficientes por diversos 
motivos: falta de fundamentação, ausência de respostas em diversos quesitos e não esclarecimento de 
questões relacionadas ao objeto da perícia. Caracterizada a deficiência da perícia, retratada por um laudo 
conciso ou inconclusivo, o juiz determinará, de ofício, ou a requerimento da parte, a realização de nova 
perícia (Art. 480, CPC) que não substituirá a primeira, cabendo ao juiz apreciar o valor de uma e de outra 
(Art. 480, §3º, CPC). 
 
 
 
36 
 
Para ser considerado como um real valor da prova, o laudo pericial não deve apenas responder quesitos, 
mas apresentar respostas conclusivas baseadas e fundamentadas em matéria técnica específica 
amplamente discutida. 
 
3.4 Caráter Multidisciplinar nas Perícias 
As questões ambientais têm sido tratadas atualmente de forma multidisciplinar por áreas técnicas, pela 
área da Educação, pela mídia e pelo Direito Ambiental. 
Esse modelo de abordagem também está sendo aplicado na elaboração dos laudos periciais. A perícia é um 
instrumento importante para a resolução de problemas ambientais e, em muitas situações, é necessária a 
participação de equipes multidisciplinares na verificação de causas, determinação da extensão dos danos e 
obtenção de uma melhor solução para mitigação dos impactos causados pelo passivo ambiental 
identificado. 
Diante da complexidade existente no processo pericial, é de extrema importância a participação de 
técnicos de diversas áreas do conhecimento acadêmico na realização da perícia ambiental e no auxílio na 
elaboração de laudos multidisciplinares, fundamentados tecnicamente, sendo um grande instrumento de 
defesa ao meio ambiente. 
Medeiros et al. (2013), demonstra abaixo um exemplo da aplicação da multidisciplinaridade em uma 
avaliação pericial, onde se destaca a importância da participação de profissionais de diversas áreas na 
avaliação de danos ambientais e na apresentação de uma melhor solução encontrada para o problema. 
 Efluentes industriais sem tratamento lançados no rio 
 Problema: Contaminação de um corpo d’água devido ao lançamento de efluentes industriais. 
 Danos Ambientais: Poluição química e alteração no equilíbrio do ecossistema, afetando 
diretamente a comunidade biótica e aumentando a probabilidade da ocorrência de processos 
erosivos. 
 Equipe multidisciplinar: Área da Geologia – caso o dano tenha originado um efeito erosivo, o 
geólogo especialista em hidrogeologia é o profissional adequado para avaliar os efeitos dos danos e 
as questões legais envolvidas. 
 
Área da Química: avaliação dos contaminantes químicos presentes na água e os seus efeitos, 
estabelecendo os limites legais estabelecidos pelas Resoluções do Conama 357/2005 (dispõe sobre a 
classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento) e 430/2011 (dispõe 
 
 
 
37 
 
sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução nº 357, de 
17 de março de 2005). 
 
Área da Biologia: verificação da ação do contaminante no meio biótico (fauna e flora) e uma estimativa 
sobre o tempo de recuperação do ecossistema atingido. 
A interação das áreas citadas facilita o entendimento do cenário impactado, a mensuração do dano 
ocorrido e o esclarecimento de causas e os efeitos, proporcionando uma menor ocorrência ao erro e a 
aplicação justa das penas e compensações aos responsáveis pelo impacto ambiental gerado. 
 
3.5 Prática Forense da Perícia 
A prática forense está relacionada aos procedimentos processuais relacionados à perícia, envolvendo atos 
do magistrado, do advogado do autor da ação e seu assistente técnico (caso seja indicado), do defensor do 
réu e seu assistente técnico (se indicado) e do perito nomeado pelo juiz. 
De acordo com Cunha e Guerra (2010), os procedimentos processuais relacionados à perícia, envolvem 
atos do: 
 
Advogado 
Profissional contratado pelo autor da ação ou réu, ajuíza ou contesta a ação; solicita prova pericial; indica o 
assistente técnico; comenta e questiona o laudo pericial; requer ao juízo esclarecimentos do laudo pericial. 
 
Perito 
Nomeado pelo juiz, o perito contribui com seus conhecimentos técnicos para solucionar conflitos de 
matérias estranhas à norma jurídica, ou seja, esclarecer questões técnicas que o magistrado não domina. 
Em relação aos procedimentos técnicos, analisa os autos do processo, comunicando as partes envolvidas o 
dia e horário da vistoria pericial; realiza a perícia; elabora e envia a minuta do laudo ao assistente técnico; 
redige o laudo pericial de acordo com os fatos examinados; realiza esclarecimentos quando solicitado pelo 
magistrado ou pelas partes envolvidas. 
 
Assistente Técnico 
O assistente técnico contratado pelo advogado do autor da ação ou do réu, sendo o elo entre os 
envolvidos no litígio com o juiz, tem a função de prestar assessoria, acompanhando o trabalho pericial; 
fornecer informações e documentação necessária quando requisitado pelo perito; formular os quesitos 
 
 
 
38 
 
para que o laudo pericial seja esclarecido pelo perito; comenta o laudo pericial apresentado apontando 
possíveis omissões ou inobservâncias; enviar outro laudo ao advogado quando discordar do laudo pericial, 
garantindo o princípio do contraditório na produção da prova. 
 
Juiz 
Os atos do juiz consistem em sentenças, decisões interlocutórias (ato pelo qual o juiz, no curso do 
processo, resolve questão incidente) e despachos (Art. 203 do CPC). Nomeia e fixa os honorários do perito; 
tramita o processo; recebe a contestação das partes; determina a realização de provas documental, 
pericial e pessoal; determina intimação do perito, partes envolvidas e testemunhas para esclarecimentos; 
define o dia e horário da audiência; põe fim ao processo, decidindo ou não o mérito da causa. 
A Figura 2 representa um esquema geral relacionado aos procedimentos processuais relacionados à 
perícia, envolvendo atos do juiz, do advogado do autor da ação e seu assistente técnico. 
 
Figura 2: Esquema geral relacionado aos procedimentos 
processuais relacionados à perícia. 
Fonte: (Freitas, 2007) 
 
 
Conclusão 
O crescente aumento dos impactos ambientais negativos se deve à atuação humana que, ao longo do 
tempo, alterou as propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, afetou diretamente a 
biota, a saúde e o bem-estar das pessoas, além de interferir nas atividades sociais e econômicas. Como 
 
 
 
39 
 
consequência, surgiram teses favoráveis à conciliação entre o desenvolvimento econômico e a preservação 
ambiental. 
A evolução dessa preocupação com os impactos ambientais favoreceu o surgimento de leis cada vez mais 
rigorosas para a proteção ambiental, tendo como objetivo evitar e reparar danos ambientais. 
No Brasil, para dirimir questões relacionadas ao meio ambiente, em que o objeto é o dano ambiental 
ocorrido ou os riscos de sua ocorrência, temos a perícia ambiental judicial. 
A perícia ambiental é o mecanismo usado em processos judiciais como meio de prova para analisar 
informações e acontecimentos de atividades relacionadas a crimes ambientais. Por meio da chamada Lei 
dos Crimes Ambientais, de número 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e regulamentado pelo Código de 
Processo Civil, a perícia avalia as condutas nocivas ao meio ambiente, baseando-se em atividades e 
avaliações técnicas na busca do esclarecimento de fatos de maneira científica, identificando as causas e 
consequências do que será julgado. 
Para a realização

Continue navegando