Prévia do material em texto
Introdução à Astronomia e à Astrofísica Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Jaime Sandro da Veiga Profa. Ms. Rachel Zuchi Faria Revisão Textual: Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento Evolução Galáctica: Uma Síntese • Introdução: O Estudo da Evolução de Galáxias • Questões Iniciais • Protogaláxias • Momento Angular • Galáxias Elípticas • Galáxias Espirais • As Nuvens de Magalhães • Como são Medidas as Distâncias a Galáxias • Radiogaláxias • Quasares · Apresentar de forma geral o conceito de astrobiologia e uma cronologia histórica do debate sobre a origem da vida. · Conhecer e compreender os processos desenvolvidos pelos astrobiologos no que se refere a busca de vida fora da Terra. · Entender como os estudos aqui na Terra podem auxiliar a astrobiologia. · Mostrar o potencial que algumas regiões do Sistema Solar possuem para abrigar alguma forma de vida. · Apresentar alguns métodos utilizados pelos astrônomos para detecção de planetas fora do Sistema Solar. · Dar um panorama geral da astrobiologia no Brasil. OBJETIVO DE APRENDIZADO Evolução Galáctica: Uma Síntese Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Evolução Galáctica: Uma Síntese Introdução: O Estudo da Evolução de Galáxias Nosso Universo é composto por cerca de 2 trilhões de galáxias segundo pesquisa coordenada pelo astrofísico Christopher Conselice, da Universidade de Nottingham, no Reino Unido. Desse modo, o número de estrelas seria algo em torno de 700 sextilhões (700 mil bilhões de bilhões). O diâmetro de nossa Galáxia, a Via Láctea, é de aproximadamente 100 mil anos-luz. Isso significa que a luz viajando a 300 mil quilômetros por segundo, levará 100 mil anos para cruzá-la diametralmente. Ela é muito grande e contém cerca de 100 bilhões de estrelas. Figura 1 Fonte: Wikimedia Commons Já em um típico aglomerado de galáxias existem de centenas a milhares de galá- xias. Um aglomerado de galáxias é um conjunto de galáxias ligados e concentrados em uma enorme região do espaço pela força gravitacional. Apesar dessa região em que existe um aglomerado ser vasta, ela ainda assim é pequena se comparada ao restante do Universo. Figura 2 – Típico Aglomerado de Galáxias Fonte: Wikimedia Commons 8 9 A Via Láctea pertence ao aglomerado de Virgo, que tem 54 galáxias. O Superaglomerado de Laniakea (Laniakea, também chamado Superaglomerado Local (ou em inglês, Local SCl) ou, às vezes, Lenakaeia) é o superaglomerado de galáxias que abriga a Via Láctea e, aproximadamente, 100.000 outras galáxias próximas. Foi definido em setembro de 2014, quando um grupo de astrônomos, incluindo R. Brent Tully da Universidade do Havaí e Hélène Courtois da Universidade de Lyon, publicaram uma nova maneira de definir supergrupos de acordo com as velocidades relativas das galáxias. A nova definição do superaglomerado local inclui o antigo superaglomerado local, da forma que foi definido anteriormente. O Superaglomerado de Virgo (ou de Virgem) é, atualmente, considerado apenas como um apêndice do Laniakea. Estudos de acompanhamento da evolução do superaglomerado sugerem que Laniakea não está gravitacionalmente ligado; ele se dispersará em vez de continuar a se manter como uma alta densidade relativa às áreas em sua volta. Figura 3 – Superaglomerado de Laniakea Fonte: Wikimedia Commons Laniakea: https://goo.gl/SQQmTi Ex pl or 9 UNIDADE Evolução Galáctica: Uma Síntese Figura 4 – Aglomerados vistos em outros comprimentos de onda Fonte: Wikimedia Commons Figura 5 – Ao fundo: galáxias distantes, brilhante à frente, estrela de nossa galáxia Fonte: Wikimedia Commons Você já pensou em: Como tudo isso se formou? Qual foi a gênese do Universo? Ele é finito ou infinito? Há apenas este Universo ou existem outros os quais desconhecemos? Ele é eterno ou terminará algum dia? Estas são perguntas que ainda procuramos uma resposta definitiva para cada uma delas. Todavia, já avançamos o suficiente para que possamos admirar ainda mais a natureza na qual estamos imersos. Ex pl or 10 11 Assista ao vídeo do link a seguir para você ter uma ideia do que estamos tratando e de como todas as perguntas acima fazem muito sentido. “How the Universe is Way Bigger than You Think”: https://youtu.be/Iy7NzjCmUf0 Ex pl or Questões Iniciais Como as galáxias são formadas? Para a observação das primeiras e mais antigas galáxias formadas no Universo é preciso utilizar ou construir imensos telescópios e, ao mesmo tempo, que sejam sensíveis para capturar a radiação na faixa do infravermelho, já que as primeiras galáxias formadas possuem velocidades muito altas, próximas à velocidade da luz. A situação é, sem dúvida, relativística, pois o efeito Doppler deve ser bastante intenso, com um grande desvio para o vermelho (de agora em diante, utilizaremos o termo em inglês, já que é mais comum o uso da palavra redshift). Assim, devido ao extremo redshift, o telescópio de observação deve ser sensível ao infravermelho. Figura 6 – Galáxia em Espiral Como poderemos observar a história de galáxias dentro do limite da vida de um ser humano, sendo que as galáxias levam bilhões de anos para que sejam formadas? O texto estimulará sua imaginação no sentido de sentir a dificuldade de uma pequena parte do que existe hoje em termos de Astronomia e de Astrofísica. O tema é extremamente vasto, talvez tanto com os objetos celestes. 11 UNIDADE Evolução Galáctica: Uma Síntese Figura 7 – Berçario de estrelas e formação de proto estrela Fonte: Wikimedia Commons Como as galáxias irão evoluir ao longo do tempo? Não sabemos exatamente como as galáxias irão evoluir. Mas, de posse de uma porção de teorias e de uma porção de ajustes de modelos teóricos fenomenológicos, isto é, de modelos que são ajustados aos dados observacionais, o céu torna-se um laboratório que nos apresenta grandes surpresas. O que é mais emocionante é que podemos acessar vários períodosno tempo simultaneamente durante as observações, pois algumas estrelas emitiram sua luz há 2 milhões de anos e outros objetos que estão sendo vistos hoje, sua luz foi emitida há 11 bilhões de anos. É provável que ele não exista mais. De certa forma, temos acesso ao que ocorreu no passado e em vários passados ao mesmo tempo. Isto é magnífico! Figura 8 – Estrura galáctica ímpar Fonte: nasa.gov 12 13 Há três tipos de galáxias: as espirais, as elípticas e as irregulares. Há ligações entre os três tipos de galáxias? Todas são aglomerados de estrelas. Um tipo é mais velho, outro é de mais nova formação. Elas são estruturas. A compreensão dessas estruturas e os mecanismos subjacentes à sua formação podem revelar fatos científicos ímpares e muito interessantes. Protogaláxias Figura 9 – ilustração de colisão de protogaláxias Fonte: Wikimedia Commons Uma protogaláxia é uma galáxia em seu estágio inicial de formação, isto é, quando a nuvem de gás está começando a formar a galáxia. A definifição geral de protogaláxias, apesar de o termo aparecer em publicações com diversas denominações diferentes, pode ser dada mais ou menos assim: são os progenitores das galáxias normais de hoje nos estágios iniciais de formação e que possuem extremos desvios para o vermelho (redshifts). Na verdade, são enormes nuvens de gás que estão formando galáxias. Os redshifts (ou desvios para o vermelho aqui mencionados) são os desvios de frequência no espectro luminoso para o sentido das frequências maiores e isso ocorre pelo fato de as protogaláxias estarem se afastando da Terra (que é nosso ponto de observação) com grande velocidade. Esse é o conhecido efeito Doppler relativístico para as fontes de luz que estão se afastando do observador a velocidades próximas à da luz. Como os redshifts são extremos, a radiação emitida pela protogaláxia acaba em quase sua totalidade recaindo na região do infravermelho, o que retringe enormemente a gama de telescópios construídos capazes de observá-las. 13 UNIDADE Evolução Galáctica: Uma Síntese Figura 10 – protogaláxia mais antiga visualizada pelo Hubble (13,2 bilhões de anos) Fonte: nasa.gov Acredita-se que a rapidez com que as estrelas são formadas em uma protogaláxia (rapidez conhecida como taxa de formação estelar) seja o fator determinante da futura morfologia galáctica: se for alta, a galáxia será elíptica, caso contrário, será espiral. Na nuvem primordial de gás há uma infinitude de nuvens menores com densidades mais altas do que a da nuvem primordial. Os acúmulos pequenos de gás com alta densidade em uma protogaláxia formarão as estrelas. Figura 11 – Protogaláxia a 10 bilhões de anos-luz Fonte: jpl.nasa.gov Momento Angular Uma galáxia tem a forma oblata (ou seja, ela é achatada), discoide, e é envolta por um halo fraco de matéria escura, muito maior que a galáxia e de formato esférico. Entender a estrutura e a formação de discos galácticos é, de certa forma, entender como essa estrutura se estabelece a partir do momento angular galáctico. 14 15 Mas, o que é o momento angular de um corpo? Assim como Newton estabeleceu o que hoje é conhecida como a 2ª Lei (ou Princípio) da Dinâmica ou 2ª Lei de Newton, qual seja, que a taxa de variação do momento linear p de um corpo em relação ao tempo t é a força externa resultante Fres, o momento angular L é ligado ao torque externo Text, de forma que a taxa de variação do momento angular L em relação ao tempo t é igual ao torque externo Text. Aqui, os símbolos em negrito representam vetores tridimensionais. Nos diversos cenários referentes à formação estrutural de galáxias, os setores da galáxia que são mais luminosos formam-se a partir de gases que estão em processo de resfriamento e condensação no interior de halos de matéria escura, que é uma matéria de natureza ainda desconhecida. Esses halos agem para tornar os objetos cada vez maiores, pois a matéria escura faz a galáxia inflar. Assim, o mecanismo da formação do disco galáctico abarca três principais influ- ências, quais sejam: 1. Torques cosmológicos fazem variar o momento angular da massa gasosa; 2. O gás da protogaláxia e a matéria escura em sistemas onde vale o teorema do virial possuem idênticas distribuições do momento angular inicial; 3. O gás conserva seu próprio momento angular ao ser resfriado. Assim, atualmente, pensamos que o gerador das rotações da matéria galáctica em sua formação são os conhecidos torques de maré, que são torques externos causados por outras massas muito grandes, obviamente, fora da protogaláxia. A dissipação que ocorre quando um gás é empurrado para um centro de gravidade (há muitas colisões nessa situação) é parcialmente interrompida pelo acrécimo de momento angular ao gás e esse momento angular faz a matéria girar em torno de um eixo imaginário, em um movimento que está mais próximo de um corpo rígido em rotação do que a simples compressão do gás (claro que ainda está muito longe de ser um corpo realmente rígido, mas houve um passo nessa direção ao incorporar a rotação). Assim, a dissipação é diminuída pela incorporação do momento angular ao gás, já que em rotação, o gás diminui a taxa de compressão e as colisões radiais e/ou pela formação estelar. Quer saber mais sobre protogaláxias e a inluência do momento angular em sua formação? Acesse a aula do curso Elementos de Astronomia do professor Jorge Meléndez do IAG-USP. Acesse: https://goo.gl/12kwX2 Ex pl or 15 UNIDADE Evolução Galáctica: Uma Síntese Importante! As protogaláxias são as galáxias mais antigas conhecidas. Recentemente, foram desc- obertas protogaláxias a cerca de 11 bilhões de anos-luz da Terra. Elas possibilitaram novos questionamentos acerca do Big Bang. Você Sabia? Quer saber mais sobre protogaláxias? Acesse: https://goo.gl/Uzxruf Ex pl or Galáxias Elípticas As galáxias elípticas são sistemas estelares de formato arredondado, tênues, suaves e com pouco gás ou poeira. Cerca de um terço das galáxias são elípticas na sua forma. Até a década de 70, acreditava-se que elas seriam sistemas oblatos, achatados pela rotação, pouco ligados e com distribuição de velocidades muito próxima ao que podemos chamar de distribuição isotrópica. . Atualmente, sabe-se que as galáxias elípticas são sistemas mais complexos do que essa morfologia branda e simétrica sugeria. Baseando-se na cinemática e em dados fotométricos, pode-se classificar as galáxias elípticas em três classes, a saber: 1. A extremidade brilhante (MB ≤ −20 5, ) é dominada por sistemas com pouca rotação. 2. Elípticas de luminosidade intermediária (− ≤ ≤ −20 5 18, MB ), por outro lado, parecem ser suportadas por rotação. 3. Na extremidade fraca (MB ≥ −18 ), a maioria das elípticas anãs (dEs) e esferoides anãs (dSphs) revelam não ter rotação ou com muito pouca rotação. A Galáxia de Andrómeda (M31) tem duas companheiras que são galáxias elípticas anãs. Embora ocorram claras diferenças, as galáxias elípticas se ajustam a um número de relações de escala bem definido e conexo dentro de uma classe. Elas ocupam uma região plana bidimensional (conhecida como plano fundamental) em um espaço tridimensional cujos eixos são tamanho, dispersão de velocidades e brilho superficial. Além disso, as cores e metalicidades de galáxias elípticas são fortemente correlacionadas às suas luminosidades, de forma que quanto mais luminosas são as galáxias, mais vermelhas e ricas em metal elas são. As galáxias elípticas caracterizam-se também pela quase inexistência de estrelas jovens, gás e poeiras, 16 17 pelo que deverão ser as estruturas galácticas mais antigas cuja formação estelar já está praticamente concluída. As estrelas normalmente são de populações do tipo II, isto é, de estrelas velhas com baixa metalicidade. Aí está o motivo de quase não se encontrargaláxias elípticas de cor azulada com laivos de vermelho, características das regiões com estrelas jovens. As galáxias são quase sempre amareladas. Figura 12 – Galáxias Elípticas mais velhas Fonte: latinquasar.org As maiores dessas galáxias elípticas podem ter cerca de 105 anos-luz de diâmetro e ter até 1013 massas solares. Contudo, essas galáxias gigantes são muito raras. O que é mais comum é encontrar galáxias elípticas anãs com apenas cerca de 6 mil anos-luz de diâmetro e com alguns milhões de massas solares. Gálaxias Elípticas mais novas: https://goo.gl/6RfEHf Ex pl or Um ótimo livro sobre evolução de galáxias é o livro Galaxy Evolution in Groups and Clusters de Catarina Lobo Margarida Serote Roos Andrea Biviano (editores), 2002. https://goo.gl/AjK5rr Ex pl or 17 UNIDADE Evolução Galáctica: Uma Síntese Galáxias Espirais Figura 13 – Galáxia em espiral com nítida formação dos braços Fonte: Wikimedia Commons Esta classe de galáxias representa as que possuem as estruturas mais intrigantes e belas de todas as classes. O primeiro astronômo a descrevê-las foi Edwin Hubble (o astronômo que empresta o nome ao conhecido telescópio espacial) no ano de 1936. Imagem 14 – Viata fronta de uma Espiral Fonte: Wikimedia Commons 18 19 Ao descrever sua estrutura, deparamo-nos com braços espirais ligados a um disco achatado e em rotação, mais denso do que os braços, contendo gás, poeira e, principalmente, estrelas. Essa concentração de estrelas no centro pode ser mais arredondada ou pode ser barrada, como é caso de nossa galáxia, a Via Láctea. Essa parte central é chamada de bojo ou núcleo galáctico. As galáxias barradas representam cerca de 2/3 (cerca de 67%) de todas as galáxias espirais e esse número está crescendo com o tempo, pois há dois bilhões e meio de anos, ele era cerca de 25% e bem antes, há oito bilhões de anos era em torno de um décimo (ou 10%). Figura 15 – Espiral barrada no visível e no infravermelho Fonte: eso.org Os braços de uma galáxia em espiral são mais brilhantes que o restante da galáxia, isto é, que o disco, pois são locais de nascimento de estrelas, em que as estrelas jovens são quentes e acrescentam brilho à galáxia. Estes são muitas vezes cercados por um halo de estrelas muito mais fraco, muitos dos quais residem em aglomerados globulares. Figura 16 – Via Láctea Fonte: nasa.gov 19 UNIDADE Evolução Galáctica: Uma Síntese Figura 17 – Via Láctea visão panorâmica Fonte: Wikimedia Commons Juntamente com galáxias irregulares, as galáxias espirais representam aproxima- damente 60% das galáxias no universo de hoje. Elas são encontradas principalmente em regiões de baixa densidade e são raras nos centros de aglomerados de galáxias. Figura 18 – Andrômeda Fonte: covadaserpe.org A galáxia de Andrômeda e a Via Láctea pertencem ao chamado Grupo Local de galáxias. Saiba mais o que é o Grupo Local acessando: https://goo.gl/M4tFwtEx pl or 20 21 Figura 19 – Grupo Local Fonte: Wikimedia Commons Você conhece a constelação das Plêiades? Ex pl or Figura 20 – Plêiades Fonte: Wikimedia Commons 21 UNIDADE Evolução Galáctica: Uma Síntese As Nuvens de Magalhães As Nuvens de Magalhães são duas galáxias anãs irregulares visíveis no Hemisfério Celestial Sul. Elas são membros do Grupo Local, o aglomerado de galáxias a que pertencem a Via Láctea (nossa galáxia) e Andrômeda (nossa galáxia vizinha). As Nuvens de Magalhães estão orbitando a nossa galáxia e, portanto, são galáxias satélites da Via Láctea. Figura 21 – As duas Nuvens de Magalhães Fonte: Wikimedia Commons Já que ambas mostram sinais de uma estrutura barrada, eles são muitas vezes reclassificados como galáxias espirais de Magalhães. As duas galáxias de Magalhães têm as seguintes características: 1. A Grande Nuvem de Magalhães (mais conhecida do inglês, LMC (Large Magellanic Cloud)) está a aproximadamente 160.000 anos-luz de distância; 2. A Pequena Nuvem de Magalhães (do inglês, SMC (Small Magellanic Cloud)) está a aproximadamente 200.000 anos-luz de distância Figura 22 – Grande Nuvem de Magalhães (vista panorâmica) Fonte: Wikimedia Commons 22 23 Figura 23 – LMC – Vista detalhada Fonte: nasa.gov Figura 24 – Pequena Nuvem de Magalhães Fonte: nasa.gov Está localizada a cerca de 160 mil anos-luz da Terra, a Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia satélite da Via Láctea que flutua no espaço, em uma dança longa e lenta ao redor da nossa galáxia. Vastas nuvens de gás dentro dela vão lentamente colapsando para formar novas estrelas. Por sua vez, estas iluminam as nuvens de gás em uma sinfonia de cores, visível nessa imagem do Telescópio espacial Hubble NASA / ESA e do Spitzer telescope. A Grande Nuvem de Magalhães (LMC) está em ignição em regiões formadoras de estrelas. Da Nebulosa da Tarântula, o berçário estelar mais brilhante em nosso “bairro” cósmico, para a LHA 120-N 11, parte da qual é destaque nessa imagem do Hubble, a galáxia pequena e irregular está espalhada na nebulosa brilhante, o sinal mais notável de que novas estrelas estão nascendo. Sobre as Nuvens de Magalhães: https://goo.gl/MMvM8z Ex pl or 23 UNIDADE Evolução Galáctica: Uma Síntese Como são Medidas as Distâncias a Galáxias Quando temos ideia de quão brilhante é uma fonte luminosa, temos a intuição de quão longe ela está. Por exemplo, todos sabemos estimar grosseiramente o tamanho de um farol de carro. Em um lugar escuro, de forma simplesmente perceptiva, fazemos uma ideia, uma espécie de estimativa da distância de um automóvel que se aproxima no exato momento em que estamos atravessando a estrada. Daí, corremos para fazer a travessia logo ou achamos que não é preciso tanto, pois ele está longe o suficiente para que possamos atravessar sem perigo. O processo para medir distâncias de galáxias é semelhante, porém mais preciso e com a utilização de instrumentação sofisticada. Para medir a distância de uma galáxia qualquer, tentamos encontrar estrelas naquela galáxia cuja liberação absoluta de luz nós podemos medir. Assim, podemos determinar quão longe a galáxia está ao observer o brilho de suas estrelas. Tais estrelas poderão assim determinar as distâncias das galáxias ao observar o brilho das estrelas. Tal método pode nos ajudar a medir a distância das galáxias que estão em um raio de 300 milhões de anos-luz de nós. Se uma galáxia está tão longe de nós que não seja possível distinguir estrelas individuais, os astronômos podem utilizar supernovas da mesma maneira, porque a luz de saída da supernova em seu pico de brilho é um fato conhecido. Assim, caso uma galáxia esteja muito distante, uma supernova pode ser usada para medir a distância das galáxias que estejam em um raio de 10 bilhões de anos-luz de distância. Importante! Há um antigo método de medida de distâncias de estrelas (isto é, qual é a distância que uma determinada estrela fica da Terra?) denominado “método da paralaxe”. Esse método consiste em se fazer duas medidas de ângulo, uma hoje e outra após 6 meses, usando apenas trigonometria para determinar a distância. Não é um método que possa ser usado para qualquer estrela, mas ele deu suporte para a implantação e calibração de novos e mais modernos métodos. Veja: https://goo.gl/ZX61ES da Khan Academy e entenderá melhor o que é paralaxe. Você Sabia? Estrelas Variáveis Cefêidas e a Medida de Distância de Galáxias Os astrônomos usam estrelas pulsantes ou de brilho variável para determinar quão distantes outras galáxias estão da Via Láctea. As estrelas variáveis cefêidas são, conforme definido pelo livro The Facts on File Dictionary of Astronomy, supergigantes amarelas muito luminosas que pulsam com períodos que variam de 1 a 50 dias. As variações de luminosidade dessas estrelas são contínuas e extremamente regulares, permitindoque os períodos das estrelas sejam medidos com precisão. 24 25 Usando estrelas como se fossem um padrão de brilho, a astrónoma Henrietta Leavitt descobriu que havia uma relação entre o período de pulsação em uma estrela cefêida e seu brilho. As estrelas mais brilhantes apresentaram períodos mais longos. Essa relação período-luminosidade poderia ser usada para medir distâncias para as galáxias próximas. O tempo que leva para uma estrela brilhar e desaparecer pode ser calculado para encontrar o brilho intrínseco da estrela. Compare isso com o brilho medido da estrela para encontrar a distância. O nome variável cefêida vem da estrela protótipo para a qual isso foi descoberto, a estrela Delta Cephei. Essa estrela está na constelação de Cepheus, o Rei e varia entre a magnitude 3,5 e 4,3 ao longo de cinco dias e meio. Henrietta Leavitt estava estudando cefêidas na Pequena Nuvem de Magalhães (SMC) quando fez sua descoberta. Considera-se que a SMC fica atualmente a 200 mil anos-luz de distância. Figura 25 – NGC 247 Fonte: Wikimedia Commons Problemas de Medidas com a utilização de Cefêidas Um dos problemas que ocorre com o uso de variáveis Cefêidas como marcadores de local para a determinação de distâncias é que parte da luz da estrela pode ser absorvida no caminho da Terra. Se a estrela perder alguma luz devido à poeira intermediária (ou seja, que está no meio do caminho), ela parecerá mais fraca e, portanto, mais distante do que realmente é. Este foi o caso da galáxia NGC 247. Uma equipe de astrônomos tem trabalhado para eliminar tais erros de cálculo e descobriu que a NGC 247 está acima de um milhão de anos-luz mais próxima da Via Láctea do que se acreditava anteriormente. NGC 247 agora parece estar um pouco mais de 11 milhões de anos-luz distantes. A NGC 247 faz parte do chamado Grupo Escultor de galáxias, um dos grupos de galáxias mais próximos do nosso Grupo Local. O Grupo Local é composto por mais de 54 galáxias, incluindo as Nuvens de Magalhães e a Galáxia Andrômeda. 25 UNIDADE Evolução Galáctica: Uma Síntese Limitações com variáveis Cefêidas As variáveis Cefêidas podem ser usadas para medir distâncias de cerca de 30 ou 40 megaparsecs com a ajuda do Telescópio Espacial Hubble. Existem também dois tipos diferentes de variáveis Cefêidas, e esses dois tipos têm diferentes relações entre período-luminosidade. No entanto, essas estrelas são as melhores ferramentas que temos agora para medir distâncias cósmicas. Para saber mais sobre as variáveis cefêidas e sua utilização para medidas de distâncias, consulte Valerie Illingworth, John O.E. Clark (editors), The Facts on File dictionary of astronomy 4th ed. Published by Facts on File in New York, 2000. Ex pl or É fácil medir a distância de objetos que estão em locais em que nunca iremos? Para saber mais, visite: https://goo.gl/RHHZbgEx pl or Radiogaláxias Figura 26 – radiogaláxias Fonte: Wikimedia Commons 26 27 Figura 27 – radiogaláxia com cores falsas Fonte: Wikimedia Commons A imagem acima tem cores falsas e refere-se à radiogaláxia Centaurus A, mos- trando rádio (vermelho), infravermelho de 24 micrômetros (verde) e emissão de raios X de 0,5-5 keV (azul). O jato pode ser visto emitindo radiação sincrotron em todas as três bandas de ondas. Os lobos apenas emitem na faixa de frequência de rádio e, assim, parecem vermelhos. O gás e a poeira na galáxia emitem radiação térmica no infravermelho. A radiação térmica de raios-X, a partir de gás quente e emissão não térmica de elétrons relativísticos, podem ser vistas nas “conchas” azuis ao redor dos lobos, particularmente ao sul (inferior). Figura 28 – Centaurus A Fonte: Wikimedia Commons 27 UNIDADE Evolução Galáctica: Uma Síntese As galáxias de rádio e seus parentes, quasares e blazares de altas emissões na banda de rádio são tipos de galáxias ativas que são muito luminosas em comprimentos de onda de rádio, com luminosidades até 1039 W entre 10 MHz e 100 GHz. A emissão de rádio é devida ao processo de sincronismo. A estrutura observada na emissão de rádio é determinada pela interação entre jatos duplos e o meio externo, modificado pelos efeitos de feixes relativisticos. As galáxias hospedeiras são quase exclusivamente grandes galáxias elípticas. As galáxias ativas de alta emissão de rádio podem ser detectadas em grandes distâncias, tornando-as ferramentas valiosas para a cosmologia observacional. Recentemente, muito trabalho foi feito sobre os efeitos desses objetos sobre o meio intergaláctico, particularmente em grupos de galáxias e clusters (aglomerados galácticos). Figura 29 – 3C323 Fonte: spitzer.caltech.edu A emissão de rádio de galáxias ativas com intensa emissão nesta banda é a emissão síncrotron, como inferido de sua natureza muito suave, de banda larga e forte polarização. Isso implica que o plasma emissor de rádio contém, pelo menos, elétrons com velocidades relativísticas (fatores de Lorentz de ~ 104) e campos magnéticos. Uma vez que o plasma deve ser neutro, ele também deve conter prótons ou pósitrons. Não há como determinar o conteúdo de partículas diretamente das observações da radiação síncrotron. Além disso, não há como determinar a densidade de energia em partículas e campos magnéticos a partir da observação: a mesma emissividade do sincrotron pode ser o resultado de alguns elétrons e um campo forte, ou um campo fraco e muitos elétrons ou algo intermediário. É possível determinar uma condição de energia mínima que é a densidade de energia mínima que uma região com uma emissividade dada pode ter, mas por muitos anos não havia nenhuma razão particular para acreditar que as energias verdadeiras estavam próximas de energias mínimas. 28 29 Um processo similar para a radiação sincrotron é o processo Compton inverso, no qual os elétrons relativisticos interagem com fótons do banho térmico e o espalhamento Thomson envia-os para altas energias. A emissão de Compton inversa de fontes intensas de rádio parece ser particularmente importante nos raios X e, porque ela depende apenas da densidade de elétrons, a detecção de espalhamento Compton inverso permite fazer uma estimativa de alguma maneira dependente do modelo para as densidades de energia nas partículas e campos magnéticos. Isso tem sido usado para argumentar que muitas fontes potentes estão realmente bastante próximas da condição de energia mínima. A radiação sincrotrónica não se limita aos comprimentos de onda de rádio: se a fonte de rádio pode acelerar as partículas para energias suficientemente elevadas, as características que são detetadas nos comprimentos de ondas de rádio também podem ser vistos no infravermelho, óptico, ultravioleta ou mesmo no raio X. No último caso, os elétrons responsáveis devem ter energias em excesso de 1 TeV em intensidades de campo magnético típicas. Novamente, a polarização e o espectro contínuo são usados para distinguir a radiação síncrotron de outros processos de emissão. Jatos e hotspots (manchas quentes) são as fontes usuais de emissão de radiação síncrotron de alta frequência. É difícil distinguir observacionalmente entre a radiação síncroton e a radiação Compton inversa, tornando-os um assunto de pesquisa em andamento. Processos, coletivamente conhecidos como aceleração de partículas, produzem populações de partículas relativísticas e não térmicas que dão origem a radiação síncrotron e e à radiação Compton inversa. A aceleração de Fermi é um processo plausível de aceleração de partículas em galáxias ativas de emissão de rádio intensa. Estruturas de Rádio Galáxias As galáxias de rádio e, em menor grau, os quasa- res de emissão de rádio intensa exibem uma ampla gama de estruturas em mapas de rádio. As estrutu- ras de grande escala mais comuns são chamadas de lobos: são estruturas duplas, muitas vezes bastante simétricas,grosseiramente elipsoidais colocadas em ambos os lados do núcleo ativo. Uma minoria sig- nificativa de fontes de baixa luminosidade exibe es- truturas normalmente conhecidas como plumas, que são muito mais alongadas. Algumas galáxias de rádio mostram uma ou duas longas estruturas estreitas co- nhecidas como jatos (o exemplo mais famoso sendo a galáxia gigante M87 no aglomerado de Virgo) vindo diretamente do núcleo e indo para os lobos. Desde a década de 1970, o modelo mais amplamente aceito foi que os lóbulos ou plumas são alimentados por fei- xes de partículas de alta energia e campo magnético vindo próximo ao núcleo ativo. Considera-se que os Figura 30 – C38 Fonte: Wikimedia Commons jatos são as manifestações visíveis dos feixes, e muitas vezes o termo jato é usado para se referir à característica observável e ao fluxo subjacente. 29 UNIDADE Evolução Galáctica: Uma Síntese Em 1974, as fontes de rádio foram classificadas por Fanaroff e Riley em duas principais classes, atualmente conhecidas como Fanaroff e Riley Classe I (FRI) e Classe II (FRII). A distinção foi originalmente feita com base na morfologia da emissão de rádio em grande escala (o tipo foi determinado pela distância entre os pontos mais brilhantes na emissão de rádio): as fontes FRI eram mais brilhantes em direção ao centro, enquanto as fontes FRII eram mais brilhantes nas bordas. Fanaroff e Riley observaram que havia uma divisão razoavelmente nítida de luminosidade entre as duas classes: os FRIs eram de baixa luminosidade, os FRIIs eram de alta luminosidade. Com observações de rádio mais detalhadas, a morfologia revela o método de transporte de energia na fonte de rádio. Os objetos FRI tipicamente têm jatos brilhantes no centro, enquanto os FRIIs têm jatos fracos, mas pontos de luz brilhantes nas extremidades dos lobos. Os FRII parecem ser capazes de transportar energia de forma eficiente para as pontas dos Figura 31 – rádio estrutura em larga escala rádio galáxia FRI 3C31. Jatos e plumas estão marcados Fonte: Wikimedia Commons lobos, enquanto os feixes de FRI são ineficientes no sentido de que eles irradiam uma quantidade significativa de sua energia enquanto viajam. Figura 32 – Galáxia M87 Fonte: Wikimedia Commons 30 31 Mais detalhadamente, a divisão FRI / FRII depende das imediações da galáxia hospedeira, no sentido de que a transição FRI / FRII aparece em maior luminosidade em galáxias mais maciças. Os jatos FRI são conhecidos por desacelerar nas regiões em que suas emissões de rádio são mais brilhantes e, portanto, parece que a transição FRI / FRII reflete-se em um jato / feixe e pode se propagar através da galáxia hospedeira sem se desacelerar para velocidades sub-relativísticas por interação com o meio intergaláctico. Figura 33 – Galáxia NGC 1700 Fonte: Wikimedia Commons A partir da análise dos efeitos de radiação relativística, sabe-se que os jatos das fontes do FRII permanecem relativisticos (com velocidades de pelo menos 0,5c) até às extremidades dos lobos. Os pontos críticos que são geralmente vistos nas fontes FRII são interpretados como sendo as manifestações visíveis de choques formados quando o jato rápido e, portanto, supersônico (a velocidade do som não pode exceder ) termina abruptamente no final da fonte, e suas distribuições espectrais de energia são consistentes com essa visão. Muitas vezes, são observados pontos de acesso múltiplos, refletindo a saída contínua após o choque ou o movimento do ponto de terminação do jato: a região hotspot global às vezes é chamada de hotspot complexa. 31 UNIDADE Evolução Galáctica: Uma Síntese Figura 34 – Galáxia 3C 75 em fonte de Rádio e raio X Fonte: Wikimedia Commons Os nomes são fornecidos a vários tipos particulares de fontes de rádio com base em sua estrutura de rádio: • Duplo clássico refere-se a uma fonte FRII com pontos bem claros. • A cauda de ângulo largo normalmente refere-se a uma fonte intermediária entre a estrutura padrão FRI e FRII, com jatos eficientes e, às vezes, com hots- pots, mas com plumas em vez de lóbulos, encontrados no ou perto dos centros de aglomerados de galáxias. • A cauda de ângulo estreito ou fonte de cabeça-cauda descreve um FRI que parece ser dobrado pela pressão de aríete quando ele se move através de um aglomerado. • Os duplos inchados ou duplos gordos são fontes com lóbulos difusos, mas sem jatos nem hotspots. Algumas dessas fontes podem ser relíquias cujo suprimento de energia foi desligado permanentemente ou temporariamente. Figura 35 – Radiogaláxia 3C219 Fonte: Wikimedia Commons Figura 36 – Pictor A Fonte: Wikimedia Commons 32 33 Brazil Astronomy é um site muito interessante acerca do tema radioastronomia. Acesse: https://goo.gl/XiAxRUEx pl or Quasares Figura 37 – A impressão artística de um dos quasares mais distantes, mais antigos e mais brilhantes já vistos Fonte: nasa.gov O Guia de Campo Comparativo em Astronomia de Raios X do Observatório Chandra compara uma galáxia normal, galáxia ativa e um quasar. Os Quasares são objetos peculiares que irradiam tanta energia por segundo quanto mil ou mais galáxias de uma região que tem um diâmetro de cerca de um milionésimo da galaxia hospedeira. É como se uma potência do tamanho de uma pequena lanterna produzisse tanta luz quanto todas as casas e empresas de uma cidade grande inteira. Quasares são fontes intensas de raios X, bem como de luz visível. Eles são o tipo mais poderoso de fonte de raios X que já foram descobertos. Alguns quasares são tão brilhantes que podem ser vistos a uma distância de 12 bilhões de anos-luz. A potência de emissão de um quasar depende da massa de seu buraco negro supermassivo central e a taxa com a qual ele engoliu toda aquela matéria. Acredita-se que em quase todas as galáxias, incluindo a nossa, contenham buracos negros supermassivos em seus centros e, às vezes, outros não tão massivos existem na periferia da galáxia. Quasares representam casos extremos em que grandes quantidades de gás estão entrando no buraco negro com tanta rapidez que a produção de energia é mil vezes maior que a própria galáxia. Uma galáxia com um buraco negro supermassivo que seja menos ativo é chamado de galáxia ativa e seu buraco negro é chamado de “Núcleo Galáctico Ativo” ou AGN (do inglês Active Galaxy Nucleus). Nossa galáxia, a Via Láctea e a nossa vizinha, a galáxia Andrómeda, são exemplos de galáxias normais, onde o buraco negro supermassivo tem muito pouco gás para capturar. 33 UNIDADE Evolução Galáctica: Uma Síntese Figura 38 – Quasar 3C 273 Fonte: Wikimedia Commons Os raios X dos quasares e os AGNs são produzidos quando a matéria colapsada aquece a temperaturas de milhões de graus enquanto gira em direção ao buraco negro supermassivo. No entanto, nem toda a matéria no turbilhão gravitacional está condenada a cair no buraco negro. As observações de rádio e raios X mostram que a matéria está sendo lançada para longe de alguns buracos negros supermassivos em jatos de alta energia. Esses jatos movem-se próximos da velocidade da luz em feixes estreitos que são lançados na galáxia e viajam por centenas de milhares de anos-luz. Uma possível explicação para esses incríveis jatos é que o movimento de torção do gás magnetizado em um espesso disco de gás perto do buraco negro cria uma bobina eletromagnética que expulsa a matéria do disco e vai pinçando-a de dentro para fora em um jato estreito. Os astrônomos dividiram os AGNs em duas grandes categorias. Os AGN de Tipo 1 mostram evidências de atividade energética sob a forma de nuvens de gás quentes e em movimento rápido, rádio brilhante, emissão óptica e de raios X do núcleo. Nos AGN de Tipo 2, o gás está se movendo mais devagar, e os jatos de rádio e de raios X podem ser vistos, mas a emissão de rádio, óptica e de raios Xdo núcleo é muito mais fraca. De acordo com uma teoria bem aceita, os AGN Tipo 1 e Tipo 2 são os mesmos objetos vistos a partir de um ângulo diferente. O buraco negro central é suposto ser cercado por uma nuvem grossa de poeira em forma de donuts (rosquinha) e gás. A fonte parece diferente, dependendo se é observada a partir do lado através da borda da rosca (Tipo 2), ou da parte superior através do furo (Tipo 1). Essa teoria explica muitas das observações de galáxias ativas, e ganhou ampla aceitação entre os astrônomos, embora continuem as questões. A principal delas é se a teoria se aplica aos quasares cujo buraco negro central é pelo menos mil vezes mais enérgico do que o AGN típico. Poderia uma nuvem de gás existir durante algum tempo em torno de um buraco negro gigante que gerasse energia a uma taxa tão imensa? As observações 34 35 de quasares do Chandra mostraram que elas podem. Vários candidatos fortes para o Tipo 2, ou quasares obscuros foram descobertos. Esses objetos são discretos nos comprimentos de onda ópticos, de modo que as observações de raios X levaram à conclusão de que a população de buracos negros gigantes no universo é muito maior do que as observações com telescópios ópticos indicam. Chandra Imagem de Pictor A Jet Ilustração de Black Hole com Accretion Disk e Torus (CXC / M.Weiss) Figura 39 – Blazares Fonte: nasa.gov Blazares são objetos astronômicos estremamente singulares, pois têm altíssima produção de energia. Acesse: https://goo.gl/N6A7IHEx pl or 35 UNIDADE Evolução Galáctica: Uma Síntese Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Galex Um site interessante é o do satélite GALEX em que um satélite para observações em ultravioleta apresenta suas fotos e notícias. http://www.galex.caltech.edu/ Livros Galaxy Formation and Evolution Um livro muito bom sobre evolução galáctica. Vídeos The Galaxy Evolution Explorer Um vídeo interessante acerca do assunto. https://youtu.be/aQJQH7lS27s How the Universe Evolved Assista ao vídeo da Evolução do Universo. https://youtu.be/FgNncFUfBJs Leitura Cosmological Evolution of Galaxies No link você escontra o texto Cosmological Evolution of Galaxies de Isaac Shlosman da University of Kentcky. https://goo.gl/B1mzEU 36 37 Referências CONSELICE, C. J. et al. The Evolution of Galaxy Number Density at z < 8 and its Implications. The Astrophysical Journal. v. 830, n. 2, out. 2016. Disponível em: <http://iopscience.iop.org/article/10.3847/0004-637X/830/2/83>. Acesso em: 13 mai. 2017. MILONE, A. de C., et al. INTRODUÇÃO À ASTRONOMIA E ASTROFÍSICA, INPE. São José dos Campos, 2003. OLIVEIRA FILHO, K. de S.; SARAIVA, M.de F. O. Astronomia e Astrofísica. 3 ed. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2013. 780 p. RIDPATH, I. Guia Ilustrado Zahar: Astronomia. 3 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2011. 300 p. Valerie Illingworth, John O.E. Clark (editors), The Facts on File dictionary of astronomy 4th ed. Published by Facts on File in New York, 2000. Sites Visitados https://www.nasa.gov/multimedia/imagegallery/index.html http://pubs.sciepub.com/faac/2/1/4/index.html https://images.nasa.gov/#/ https://www.jpl.nasa.gov/spaceimages/ https://www.jpl.nasa.gov/spaceimages/ http://astro.if.ufrgs.br/livro.pdf Livro do Kepler gratuit 37