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1 Beatriz Machado de Almeida Emergências obstétricas – Aula 7 INTRODUÇÃO É uma medida que vai ajudar no segmento dos partos. É um documento de extrema importância, inclusive em avaliações processuais ou de auditoria ou de aplicação das boas práticas dentro de uma maternidade, é preciso do partograma e ele conta ponto positivo preenchido e conta ponto negativo quando há ausência do mesmo. O partograma vem de um desenho baseado nos estudos iniciais, lá em 1970, onde já era desenhado um gráfico, mais ou menos, se explicando como era o andamento do parto, dilatação, descida do bebê, essa progressão, como que ficava nas pacientes com o primeiro filho e nas pacientes que já tiveram outros filhos. Daí então, com esse estudo publicado na década de 60, foi feito um outro estudo aplicando o gráfico e se isso teria bons resultados na aplicação de populações. Então teve um estudo basicamente na África em que colocou a aplicabilidade desse desenho traduzido num gráfico e aí foi surgindo o partograma. Na década de 80, a OMS viu que era positivo ter o partograma em seguimento a uma parturiente e colocou como sugestão de que as pessoas que acompanhassem partos fizessem esse gráfico. Atualmente é praticamente obrigatório. Partograma é a representação gráfica do trabalho de parto que permite acompanhar sua evolução, documentar, diagnosticar alterações e indicar tomada de condutas apropriadas para a correção destes desvios, ajudando ainda a evitar intervenções desnecessárias. Esse é o gráfico que foi, justamente, dessa observação em determinado grupo de mulheres para ver o tempo que elas dilatavam, que seria uma fase que demorava para modificar o colo. No eixo Y é dilatação, enquanto que o eixo X é o tempo e aí tem esse caminhar lento, ele vai subindo devagar e depois sobe com mais rapidez. Então, a evolução dos primeiros centímetros de dilatação é de forma muito lenta e já em um determinado momento para sair de uma dilatação para uma maior (linha vermelha no amarelo) era mais rápido. Então, esse desfecho observado que trouxe essa dinâmica que poderia se construir um instrumento que fosse ler essa fase ativa do trabalho de parto, que se via um aumento da dilatação, e enquanto isso haveria em algum momento a descida da apresentação, fazendo justamente, esse desenhar no gráfico. E coloca outros eventos como contração, que é a parte de força, ajudando a deslocar esse bebê, como também, nessas contrações que vão resultar força, uma modificação do colo e outras coisas que poderiam ser vistas como o batimento. Observação: o trabalho de parto é a modificação do colo por uma contração. Essa modificação pode ser lenta (fase de latência) e a rápida (fase ativa). Então o trabalho de parto vai englobar justamente tanto a fase de latência (não interna ou faz boas práticas, porque a paciente não precisa ficar no hospital) como a fase ativa. • 1º: Avaliar dilatação (vermelho) X a altura (laranja). Partograma 2 Beatriz Machado de Almeida Emergências obstétricas – Aula 7 • 2º: Data, hora (em azul) que você está vendo e a hora de ordem – 1ª avaliação, 2ª avaliação. • 3º: Batimentos fetais. • 4º: Contrações e líquido aminiótico: se a bolsa é rompida ou íntegra, se usou ou não ocitocina. • 5º: Medicações: quais medicações foram essas. Então, esses são os itens que serão avaliados e alguns itens vão variar em algumas questões, por exemplo, se a gente vai trabalhar a dilatação, vamos escrever variando de dilatações que vão de 1 a 10, colocando um triângulo, e a altura são aqueles planos falados anteriormente, coloca um círculo. Dentro do partograma, na época de Friedman ele falava sobre traçar uma linha que chamamos de linha de alerta e linha de ação. Então, o partograma na verdade, vem sem essas duas linhas que está na primeira coluna. O médico traça essa linha depois de escrever o partograma quando for vendo no caminhar da evolução do parto, de preferência, do parto na fase ativa. DILATAÇÃO, ALTURA E TEMPO A representação da dilatação, por exemplo, neste partograma, onde o número fica no meio do quadrado, com um triângulo. Então, por exemplo, vai ser escrito no partograma um trabalho de parto que está com 6 cm as 9 da manhã. 1º círculo amarelo → dia; 2º → hora. Último → primeira avaliação. Quanto a dilatação, chega no 6 e faz um triângulo. Depois, chega na altura do -2 e faz um círculo, mas como está sendo representada a 1º hora, esse círculo tem que estar na primeira coluna. As outras colunas serão preenchidas a cada hora de acordo com a avaliação. Observação: Diferença da hora real para hora de registro: a hora real é justamente o número que você está trabalhando, o número da hora real, enquanto que a de registro seria a primeira hora de registro, um número mais ordinal. Então seria 10 horas na hora real e primeira hora a de registro. A linha de alerta toma por base, de uma forma bem grosseira falando a base do triângulo e vai traçando a linha de alerta (em azul). No ministério da saúde ele dá uma forma diferente de fazer o traçado dessa linha, ele fala que a linha pula um quadrado e começa na linha seguinte (rosa), que no momento dá no mesmo. Para Friedman existiria também a linha de ação (laranja) que começa 4 quadrados depois da linha de alerta. Então, da linha de alerta para a linha de ação é em um intervalo de 4 horas e isso é porque quando foi feita a aplicação do partograma em estudo em uma população africana levava-se, mais ou menos, 4 horas para a gestante pedir ajuda. Além disso, observaram que quando, por exemplo, a progressão levava 4 horas, a descida levava 4 horas, no mesmo plano podia estar diante de uma distorce. Quando em 2010 foi feito um novo estudo com uma população muito maior e mais diferente da população da década de 60, foi percebido que não teria essa questão da linha de ação, podendo ser feita somente a linha de alerta. Relembrando: (exemplo) dilatação de 6 cm (triângulo vermelho), salta um quadradinho e vai para a linha de alerta (linha azul); pula 4 quadradinhos e faz a linha de ação (linha verde). A apresentação aproximadamente em -2 (em amarelo) é feito o círculo. *Obs.: a linha de alerta é feita na “base” do triângulo. Mas, se for olhar pelo Ministério, que ainda usa Friedman, a linha é traçada uma hora depois, ou seja, uma coluna depois. Por isso que se fala de “salta 3 Beatriz Machado de Almeida Emergências obstétricas – Aula 7 um quadradinho e vai para a linha de alerta”. No final, fica a mesma coisa que se fosse iniciar na base do triângulo. Um outro exemplo de partograma é o da Febrasgo; os números de dilatação não estão no meio do quadrado (como no exemplo acima) e sim em cima da linha; quando isso acontece, a representação não é triângulo e sim um “X”. Porém, o mais usado na rede pública é esse que a professora trouxe. A maioria dos partogramas dizem qual símbolo eles querem que seja marcado. FREQUÊNCIA CARDÍACA FETAL (FCF) Dando continuidade, depois do registro da hora (diferença entre hora real X hora de registro), vem a FCF. Supondo uma frequência de 140 bpm, pode ser feito um pontinho, um “X”. Pode escrever também o registro mais fidedigno (Ex. 147 bpm). Lembrando que na assistência às boas práticas, na gestação de alto risco, a checagem é feita de 15 em 15 minutos; sendo assim, pode dividir o quadrado em 4 partes ou só registrar de 1 em 1 hora. CONTRAÇÕES E LÍQUIDO AMNIÓTICO Nessa seção, na parte de observar as contrações, percebe-se que os valores já são registrados seguindo uma legenda. Se tiver mais que 40 segundos de contração, o quadradinho é pintado todo; se tiver entre 20-39 vai ser só metade pintado; se for uma contração fraca, de 1-19, se faz um “X”. Quantos vou desenhar? Quantos eu achar. Exemplo: pacientecom 6 cm, -2 de altura, 140 bpm de FCF, com 3 contrações em 10 minutos fracas, faz-se 3 X’s (exemplo em vermelho). Os tipos de bolsa que podem ser encontrados são: bolsa íntegra e bolsa rota; se for íntegra vai ser colocado um “I”, se for rota um “R”. Existe um procedimento que o médico faz que é romper a bolsa, então usa um “A”, pois vem de âmnio (amniocentese). No momento que se tem a bolsa íntegra, não se vê a coloração do líquido, então não se escreve nada no campo “L.A” (líquido amniótico). Porém, se o líquido for amarelo, por exemplo, pode ser mecônio, então se coloca um “M”; se esse mecônio for verde e espesso, se coloca “M.E”. Se for um líquido claro vai ser “C”. Na ocitocina vai ter o valor 5 unidades. Então vai vendo e escrevendo. MEDICAÇÕES E SOLUÇÕES Exemplo: morfina, soro fisiológico, entre outros... Como já comentado, esse partograma vai registrar a dilatação, a altura (planos de De Lee – esse “AM” na figura abaixo está errado, o certo é -4) e do lado tem os Planos de Hodge, que são os 4 tipos, mas é pouco usado). Lembrando que o partograma é aberto a partir da fase ativa; para a OMS é com 5 cm e para o Ministério de Saúde 4 cm, mas, existem instituições que seguem outros números. E Exemplo de uma tese que foi idealizando o partograma. 4 Beatriz Machado de Almeida Emergências obstétricas – Aula 7 A forma dos gráficos foi adaptada para diferentes necessidades. Uma das mais importantes foi a de Phillpott & Castle (1972) que trabalhava na antiga Rodésia, onde a maioria dos partos era realizada por parteiras e havia necessidade de orientá-las no encaminhamento dos partos disfuncionais para o hospital. A OMS tornou obrigatório o partograma nas maternidades desde 1994. Acima está um resumo do que foi discutido. A representação da apresentação, se for cefálica e fletido pode fazer a variedade de posição; se for lambda vai fazer um “Y”, se for bregma vai fazer um losango. Lembrar que quando é utilizada a linha de ação e de alerta de Freedman, a fase II das zonas. Geralmente os trabalhos de parto que evoluem um pouco mais lentos, começam a entrar na fase II e avançar para a III. Os trabalhos de parto que ficam um pouco mais rápidos ficam antes da linha de alerta, bem antes, ficando na fase I. Então, o parto eutócico acompanha paralelo a linha de alerta, ele fica o tempo todo, aquela dilatação caminhando paralelo a linha de alerta. O parto distócico pode vir para a fase II e atravessar a zona III, tendo que agir, ou fica muito na zona I, isso vai depender de como for caminhando e preenchendo para ver o desenho. C, MF e ME serão preenchidos em LA (líquido amniótico). Exemplo de partograma eutócico em que é visto justamente as dilatações seguindo paralelamente a linha de alerta. À medida que foi dilatando, o bebê foi descendo também até chegar a +3 e parto. A frequência variando entre 160 e 110. As contrações passando de moderada a forte. Foram 5 horas de trabalho de parto, contando a dilatação de 5cm até 10cm na fase ativa. Foi um partograma bom com uma evolução boa. Acredita que a bolsa começou I e na 3ª hora ficou R, e o líquido sempre claro. A latência não é registrada. Estudo de Freedman DISTÓCIAS DIAGNOSTICADAS PELO PARTOGRAMA, A PARTIR DAS LINHAS DE AÇÃO 5 Beatriz Machado de Almeida Emergências obstétricas – Aula 7 A dilatação é de quando sai na fase ativa (começando com em média 5cm até chegar em 10cm). O expulsivo já está em 10cm. Quando a fase de dilatação está muito arrastada é chamada de fase ativa prolongada. Quando a dilatação não avança, fica 1h, 2h, 3h, o obstetra fazendo todas as medidas, melhorando a contração e ela não avança, é chamado de distocia - parada secundária de dilatação. O parto precipitado é aquele que se esperava uma evolução de 5h em média, pela paridade, pelas contrações e de repente com 1h ela pare (ex: 10h com 5cm e 11h pariu). É o que foi falado das zonas, ir para a zona III configura um trabalho de parto arrastado e ir para a zona I, ficar um pouco antes dessa zona I como no desenho mostrado anteriormente, caracteriza um trabalho de parto precipitado. Outra distocia que pode existir na fase de dilatação total que é no expulsivo é dilatar tudo e o bebê não descer, ou seja, existe uma parada de descida. A dilatação, o colo não avança, não consegue chegar em 10cm, fica eternamente na dilatação X e a cabeça acaba não descendo. Se não atinge a dilatação completa não pode falar de parada de descida, de uma distocia no período expulsivo. Só pode falar de distocia no período expulsivo se tiver 10cm. As encontradas são, tanto a descida, o bebê não desce mesmo após a mãe atingir 10cm. Exemplo: fica no plano -3 e não desce e o período expulsivo prolongado que é o tempo que leva. Para isso é preciso entender qual a média de um período de dilatação, qual a média de um período expulsivo, A média de um período expulsivo sem anestesia nas pacientes primigestas é de 2h, com anestesia é 3h, na multípara é de 1h sem anestesia e 2h com anestesia. A dilatação para Freedman coloca numa média de 8h para primigesta e de 4h para multípara. No entanto, Zang percebeu que tanto na mulher que nunca pariu quanto na mulher que já pariu a partir de 6cm era muito parecida a evolução delas, tendo uma evolução de 4-5h para acontecer e caso passasse disso, poderia estar diante de uma distocia e mesmo assim, às vezes tem mulher que dura mais. Por conta disso, ele construiu essas tabelas que deveriam hoje estar nos guiando, embora muita gente ainda siga as distocias de Freedman. Esse partograma foi aberto com 3cm, porque na época de Freedman era com 3cm, para Zang era para abrir com 5cm-6cm. Talvez essa distocia que foi colocada como fase ativa prolongada, não existia, porque esse início ainda não é fase ativa (primeiro círculo abaixo, o 2º círculo já é fase ativa), é a fase de latência. Seria fase ativa prolongada se a linha de ação fosse invadida, prolongando até a zona III, mas esse partograma de Freedman já considera a situação acima como fase ativa prolongada e se fosse reabordar com Zang talvez não teria esse diagnóstico, por isso, devemos ter muito cuidado. A dilatação ao passar a linha de alerta tem uma fase ativa prolongada, sendo uma distocia por isso. 6 Beatriz Machado de Almeida Emergências obstétricas – Aula 7 Se for bem antes da linha de alerta, se caracteriza como parto precipitado, tem mais risco de hemorragia. As contrações estão intensas, uma atrás da outra, é um parto taquitócico, tem 6 contrações em 10min, o útero nem relaxa. Tem uns que a dilatação não avança, como o acima. Vemos que a cabeça do bebê chegou a ficar parado na mesma altura durante 4h e a dilatação vinha, dava, depois parava, depois andava de novo, parava e andou talvez porque as contrações foram ajustadas um pouco (eram apenas duas, uma moderada e uma forte e depois passou a ser 2 fortes e posteriormente 3, com duas fortes e uma moderada. A bolsa rompeu espontaneamente quando tem C de claro, ou seja, a bolsa rompeu, e talvez essa bolsa ter rompido ajudou na contração, fortalecendo-a, mas mesmo assim, com a contração fortalecendo, estando na última coluna (4 contrações, duas moderadas e duas fortes com bolsa rota, a dilatação não avançava). Chegou um momento que começou a ter mecônio e não só teve esse mecônio como foi visto que o bebê não descia nessa apresentação, então será que esse parto vai acontecer? Em um bebê que não desce, já tem mecônio, não teve dilatação completa. Um fórceps não resolveria porque não tem dilatação total, um fórceps na altura -3 é um fórceps alto que está proscrito, ou seja, esse parto não vai ocorrer, deve passa para cesariana por uma parada secundária de dilatação com possível sofrimentofetal já que possui mecônio. Quanto a variedade de posição temos o lambda posterior. Direita posterior é uma rotação difícil de ocorrer. Observação: a rotação interna é depois da descida, se ele nem desceu ainda, ainda não fez nem a flexão nem a rotação. 7 Beatriz Machado de Almeida Emergências obstétricas – Aula 7 Nesse caso, dilatou até 10cm, ou seja, entrou no período expulsivo, no entanto, não desce, sendo uma parada secundária de descida. As características maternas mudaram, dentre elas: • Idade materna avançada. • Aumento do índice de massa corporal (IMC). • Uso de ocitocina e anestesia epidural. • Indução do parto na atual prática. Zang pegou as paridades e as dilatações e avaliou o tempo. Exemplo: Para uma mulher que nunca pariu, passar de 3 para 4 cm de dilatação leva de 1,8h até 8h (p95), então, existem aqueles extremos de mulheres que vão levar 8h para sair do 3 para 4cm, não obedecendo Zang nem Freedman. Não está errado uma paciente levar 3h para dilatar de 5-6cm, estando dentro de 0,8 até 3,2h. Essa mostra por exemplo que uma mulher admitida com 2-2,5cm para alcançar 10cm leva no máximo 20h. Isso não é referente ao período expulsivo, e sim ao de dilatação. Essas imagens acima são as linhas de alerta de Zang. Se a paciente chegou, por exemplo, com uma dilatação de 3cm e quer saber quanto tempo ela levará para atingir 10cm e tendo ela já parido 1 filho pode levar de 0 a 18h, de tudo, desde a fase de latência. 8 Beatriz Machado de Almeida Emergências obstétricas – Aula 7 Círculo maior (fase de latência). Ele quer mostrar que não importa a paridade, todas a partir de 6cm, vão ser muito parecidas. Percebe- se que todas as 3 escadinhas são muito parecidas, os números estão quase próximos, de sair do 7, por exemplo, para ir para 8cm.
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