Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Escolas da psicologia: psicanálise e behaviorismo Psicanálise: de Freud a Lacan -> A psicanálise teve origem no fim do século XIX (19), a partir do trabalho do neurologista Freud, que apesentou uma outra concepção do sujeito, considerando o debate sobre psicologia enquanto ciência. A psicanálise era direcionada para compreender o comportamento patológico de pacientes históricos, a partir da observação clínica, possibilitou o estudo do inconsciente, ao demonstrar que sintomas desses pacientes, inibições e hesitações sensoriais e motoras não tinham a ver com biologia, mas sim com o psiquismo. -> A partir do desenvolvimento da psicanálise, houve uma compreensão de que a subjetividade é perpassada pela geração de símbolos, que podem ser compreendidos a partir de um processo de interpretação dos fenômenos psíquicos por meio da escuta clínica. (dimensão hermenêutica). A introdução do inconsciente colocou por terra a ideia de um “eu” consciente, ao dar destaque a uma vida anterior, produzida a partir da experiência e da história de vida do sujeito. -> A noção de sujeito de Freud está relacionada com a pulsão sexual e as formas de desenvolvimento infantil, que se dão a partir da busca por satisfação libidinal por meio das zonas erógenas. Esse processo ocorre por meio do corpo, que é tomado como referência para a obtenção do prazer. ->Ao caracterizar a vida psíquica infantil, Freud apontou quatro fases do desenvolvimento: * oral * anal * fálica * genital Essas fases culminam na constituição do sujeito a partir da organização das pulsões, fragmentadas na vida infantil em um domínio genital na vida adulta, esse processo resulta na compreensão na fase genital, por meio do complexo de Édipo, da diferença sexual e do complexo de castração a partir do falo enquanto símbolo de completude e poder, tal complexo se tornaria mais intenso no plano do inconsciente a diferença sexual, pois é uma etapa em que as crianças passariam por um reconhecimento da diferença anatômica -> Na fase pré-edipiana, crianças de ambos os sexos eram psiquicamente indistintas, sua diferenciação deveria ser explicada, crianças pré-edipianas apresentam toda a gama de atitudes libidinais, ativas e passivas, sendo a mãe o objeto de desejo, sexualidade da mulher era posta em pauta, visto que sua atividade libidinal era orientada para a mão de forma ativa e agressiva. -> Na fase edipiana, a criança encerra todas as possibilidades sexuais passíveis de expressão. Ao alcançar a resolução do complexo, a libido e a identidade de gênero da criança estarão organizadas, de acordo com as regras da cultura a que pertence (A criança passará por um processo de compreensão do sistema sexual no qual está inserida e da importância da diferença sexual para o lugar que ocupará nas relações) complexo de édipo seria um mecanismo para a produção de personalidade -> Freud realizou suas teorias a partir de análises de adultos, já Melanie Klein (seguidora de Freud) o fez a partir da observação do atendimento de crianças na clínica, constituiu corpus teórico sobre relações objetais, transformando perspectiva freudiana ao demonstrar um mundo interno infantil, marcado por fantasias, ansiedades, figuras boas e más que expunham a criança à pulsão de vida e de morto, isto é, impulsos agressivos e libidinais. * Teoria metapsicológica Kleiniana, onde a criança já nasce com dote pulsional (pulsão de vida e de morte), equilíbrio se mantém quando o bebê está livre de tensões internas e/ou externas, experiências gratificadoras (como o carinho da mãe) reforçam pulsão de vida e experiências frustradoras (como a ausência da mãe) intensificam pulsão de morte. No primeiro ano de vida, as vivências entre mãe e bebê são marcadas por uma modificação importante no que diz respeito às relações de objeto: a relação com o objeto parcial dá lugar à relação com o objeto total ->Fases do desenvolvimento seriam descritas nos primeiros meses de vida da criança como esquizoparanóide e depressiva * Fase esquizoparanóide – processo de relação com o seio materno entre gratificação e frustração, dado o aspecto inicial da amamentação e a relação amorosa e de cuidado inicial dispensada à criança, esse processo emerge como preservação diante do medo de desintegração do “eu”. Separação entre um objeto mau e bom (seio) contribui para que haja um equilíbrio entre os impulsos libidinais, protegendo o ego. * Fase depressiva – com o desenvolvimento do ego essa fase emerge, a criança passa a introjetar o objeto em sua totalidade, diminuindo as ansiedades e sintetizando as emoções geradas anteriormente, quando emerge a culpa aos ataques dirigidos a esse objeto. A ansiedade anteriormente dirigida ao ego passa a ser direcionada ao objeto, possibilitando o desenvolvimento emocional e a capacidade de comunicar-se com as pessoas. -> Diferença entre Freud e Klein é possibilidade de teorizar sobre o desenvolvimento libidinal desde o primeiro ano de vida como propõe Klein, que ao desenvolver a teoria metapsicológica também formulou nova abordagem sobre o complexo de édipo (no primeiro ano de vida da criança, a partir da posição depressiva, relacionado ao medo de perda do objeto amado em virtude de seus sentimentos agressivos em relação a ele, foi possível que se constituísse um campo de atenção às crianças na clínica, na medida em que demonstra que a escuta ativa permitia que elas expressassem seus sentimentos e sofrimentos, trabalhando as ansiedades decorrentes do processo de desenvolvimento e constituição do ego.) -> Lacan propõe outro caminho para pensar o sujeito, acrescentando a linguística, a lógica e a antropologia estrutural para a sua construção teórica, para psicanálise inconsciente é estruturado como a linguagem, sujeito não é o indivíduo, pois seria dividido entre sujeito do enunciado e sujeito da enunciação (há o sujeito que fala e o sujeito do inconsciente e ambos aparecem em todo processo de comunicação), Lacan não focava no desenvolvimento infantil, mas sim abordava a emergência do sujeito do inconsciente. Para que esse processo ocorra, é preciso a constituição de um eu corporal de forma imaginária, que ofereceria uma síntese a uma imagem fragmentada. É a partir dos cuidados iniciais da vida infantil que esse processo se realiza, inscrevendo marcas que constituirão esse sujeito. Tal processo ocorre a partir de duas operações, a alienação e a separação, que possibilitam adentrar no campo do simbólico a partir do assujeitamento ao outro, que se aliena e se constitui dividido, ou seja, enquanto sujeito. -> A partir disso a criança entra no mundo da linguagem enquanto sujeito, e pode se separar para constituir-se sujeito desejante. Para que esse processo aconteça e leve a uma resolução edipiana é preciso que a mãe, introduza um terceiro significante (pai) que tem função de interdição da fusão entre a mãe e a criança, indicando para criança qual o seu lugar no desejo do outro (é a resposta a essa questão que estrutura o psiquismo) -> Transferência emerge como uma questão no tratamento dos pacientes que insistiam em não ser encaixados nos modelos de tratamento ditados pela medicina na época, ela opera como impulsionadora ou não do processo terapêutico, ocorre não apenas no espaço do consultório, mas também nas instituições de saúde. Considerando-se a relação transferencial, tendo em mente o efeito do inconsciente nas relações, seria possível dar atenção à singularidade dos casos, pois o afeto direcionado ao profissional possibilitaria o manejo para o tratamento. Behaviorismo -> Por ser um campo múltiplo, formado por diferentes perspectivas, recebeu diferentes avaliações (reducionista, mecanicista, positivista...) Essa corrente objetivava construir a psicologia como ciência do comportamento (objeto – atos observáveis, descritos mediante observação a partir da apresentação do estimulo e da resposta, era uma objetiva mensurável e experimental) dada diversidade de compreensões de como seconstitui o comportamento humano e animal, também se observa diversidades entre os diferentes pesquisadores, behaviorismo costuma ser apresentado a partir de Watson e Skinner (propuseram perspectivas diferentes para a formação teórico-metodológica do estudo do comportamento) -> Pra o desenvolvimento do Behaviorismo, era preciso abandonar perspectivas mentalistas que na visão de Watson definiria a psicologia como ciência da consciência e articulariam métodos pouco fidedignos e confiáveis, dificultando a constituição da psicologia como ciência (libertação de abordagens idealistas onde consciência e mente eram objeto vincula behaviorismo às ciências naturais, próximas ao estudo de fisiologistas) abandono de termos como consciência, mente, estados mentais e percepção implicava na libertação da psicologia para estudar tanto o comportamento animal quanto o humano. (estudando apenas o comportamento objetivamente observável) -> Watson propunha uma ciência que emergia em oposição a duas perspectivas: estruturalismo e funcionalismo, método de introspecção é abandonado em prol de estudos experimentais sobre o comportamento observado, embora se opusesse a algumas correntes da psicologia, as bases do behaviorismo eram compartilhadas com essas correntes, mas avançava abandonando a auto-observação como método e o problema da unidade psíquica, uma vez que não haveria necessidade de afirmar que mente e corpo interagem, pelo fato de o objeto ser o comportamento e sua relação com o ambiente, essa perspectiva deixa de lado a experiencia imediata, subjetiva do indivíduo (sujeito do comportamento não é um sujeito que sente, pensa, decide e é responsável por seus atos, é apenas um organismo. Enquanto organismo o ser humano se assemelha a qualquer animal e é por isso que essa forma de conceber a psicologia cientifica dedica grande atenção aos estudos com seres não humanos, como ratos, pombos e macacos...) -> Watson fundou essa ciência, mas ela já vinha sendo desenvolvida na psicologia e biologia, ele reuniu tendencias que compuseram o debate da psicologia científica como o mecanicismo e a tradição filosófica do objetivismo, a psicologia animal e a psicologia funcional. Desenvolvimento do behaviorismo é fortemente influenciado pelo objetivismo, o mecanismo e o materialismo, produzindo uma psicologia sem mente ou alma, tendo como objeto apenas o que poderia ser observado, concepção do humano é associado a máquina, aquilo que pode ser decomposto e analisado à luz do método cientifico. -> Watson foi influenciado por estudos da psicologia animal, sobretudo pelas abordagens de Pavlov e Edward Lee, que assumiram o estudo do comportamento a partir da relação entre estímulos e respostas, Pavlov com cães, construiu um modelo de análise do comportamento (condicionamento) que entende que o individuo aprende a partir dos diversos estímulos ambientais que produzem respostas, para ele o ser humano seria totalmente condicionado, e os processos mentais deveriam ser explicados por termos fisiológicos. Reflexo seria sinal do condicionamento, uma vez que todos os atos do organismo seriam decompostos em reflexos condicionados ou não, humanos nascem com numero de reflexos inatos a determinados estímulos, contudo propiciaram equilíbrios apenas se o meio exterior permanecesse constante, relação entre estimulo e condicionante (EC) e resposta condicionante (RC) produz generalizações de valor adaptativo para variações do ambiente -> Thorndike, criou abordagem experimental, chamada conexionismo, que tinha pressuposto de que a mente humana seria marcada por conexões entre situações e respostas, uma vez que a mente é um sistema de conexões, sua concepção de ser humano está relacionado à ideia de máquina que por meio do condicionamento é regulada para comportar-se Até o pensamento é considerado como sendo uma organização hierárquica de cadeias de estímulo-resposta. Os elementos que constituem o raciocínio mais elevado são semelhantes àqueles presentes no balbuciar de uma criança, assim como as rodinhas numa máquina muito complexa podem ser iguais às de um brinquedo simplíssimo e o funcionamento de ambos pode ser compreendido a partir da interação entre as funções das suas partes. ->O pensamento Watsoniano apesar dessa vinculação e perspectiva mecanicista, considerava que havia uma história de adaptação aos ambientes, considerando o contexto e a interação como fatores para uma análise do comportamento, o meio tinha importância para o desenvolvimento dos indivíduos, visto que estímulos produziriam determinadas respostas que levariam à adaptação de indivíduos ao contexto, sistema de condicionamento Watson implicava um conjunto de estímulos que formava uma situação em que um contexto especifico, levando a reações -> Watson acreditava que o comportamento poderia ser estudado a partir de sua decomposição em unidades elementares, abandonando a consciência como objeto de estudo, aproximando-se do behaviorismo metodológico, que rejeita introspecção em prol da observação metódica dos atos, há primazia do método ao objeto -> Para Skinner o Behaviorismo metodológico seria um compromisso da psicologia cientifica com os atos públicos, com aquilo que é observável pelo investigador a partir da análise metódica, perspectiva que excluía os estados mentais embora a referência à mente fosse frequente em suas produções -> Skinner conhecido por desenvolver o behaviorismo radical, que se afasta de Watson e outros behaviorista, criou sua teoria a partir da definição de seu objeto de estudo – a interação entre seres vivos e o ambiente – baseada em experimentos, pesquisador discute comportamentos operante dos atos do indivíduo que não são automáticos e têm efeito sobre o ambiente. (propicia aprendizado de comportamentos, uma vez que se age sobre o mundo a partir dos efeitos das ações individuais, o comportamento é tanto feito do estímulo quando produz efeitos sobre esse ambiente produtor do estímulo) -> Skinner não nega subjetividade, mas entende a necessidade de compreender em que condições ela se desenvolve, contudo ele tem uma concepção de organismo do sujeito, embora não considere que os comportamentos seriam inatos ou motivações internas, também rejeita a referencia a estados mentais que determinariam o comportamento, ser humano seria produto do meio em que vive, seu comportamento é resultado das condições externas e tem efeito sobre ele, é preciso então olhar para a realidade social, pois é em sociedade que se aprende os comportamentos, seu projeto é um reconhecimento e critica da noção de experiência imediata a partir de um ponto de vista social, abordagem compreendia a possibilidade de modulação e controle do comportamento humano a partir do reforço. A natureza experimental do behaviorismo -> A análise do comportamento se associa aos modelos metodológicos da pesquisa em ciências naturais, especificamente à pesquisa experimental em laboratório, dessa natureza da analise do comportamento há avaliações sobre se esta seria uma ciência natural, tendo a pesquisa experimental como único método, ou uma ciência do campo das ciências biológicas, visto que apresenta pressupostos que a aproximam destas, ou, ainda, se ampliaria o escopo metodológico para além da pesquisa em laboratório. -> Analise do comportamento tem o comportamento como objeto, o qual é definido pela relação indivíduo-ambiente, bem como pelos métodos de pesquisa utilizados para a abordagem desse fenômeno. A expressão “análise do comportamento” designa, então, um conjunto de práticas de uma comunidade (os analistas do comportamento) e seus produtos. Tais práticas envolvem as maneiras de fazer pesquisa e os seus resultados, ou seja, envolvem a pesquisa científica que serve de base e fundamento para a produção de corpo de conhecimento teórico e de explicações (comportamento verbal) sobre o comportamento e, então, para o desenvolvimento de técnicas, procedimentos e tecnologias de intervenção quesão aplicadas para a solução de problemas envolvendo comportamentos. O conjunto de práticas que chamamos de análise do comportamento envolve, portanto, a análise experimental do comportamento — pesquisa básica e pesquisa aplicada —, a análise do comportamento aplicada e a filosofia que a elas se vincula — behaviorismo radical -> a pesquisa em análise comportamental não se reduz à pesquisa experimental ou à pesquisa básica. As pesquisas podem ser avaliadas conforme a origem dos dados, como as pesquisas de base empírica e observacional. Desse modo, pode-se encontrar pesquisas experimentais com manipulação de variáveis, descritivas ou observacionais, em que não há planejamento de manipulação de variáveis-controle, a análise pode ser baseada conforme a finalidade, se há descrição de processor comportamentais, e descrever e intervir em comportamentos, constituindo-se em pesquisa básica, aplicada e reflexiva, locais que são conduzido as pesquisas (como laboratórios) são criadas condições para estudar o fenômeno, possibilitando controle de variáveis, há também pesquisas em contextos naturais, porém o método experimental tem uma preponderância por abordagens comportamentais, por possibilitarem a predição e o controle, além de descrições e explicações A potência do método experimental fundamenta-se na noção de que fenômenos são determinados ou se relacionam com outros fenômenos de maneira regular. No trabalho de pesquisa define-se o fenômeno de interesse e dimensões (variáveis) características destes fenômenos são mensuradas. Então, manipula-se um segundo conjunto de fenômenos (variáveis) que, supostamente, se relacionam/determinam o conjunto de fenômenos mensurado e, mais uma vez, mensura-se (dimensões) o fenômeno de interesse. Se manipulações e medidas originam resultados consistentes, assume-se uma relação de dependência entre as variáveis manipuladas e mensuradas -> Esse método diz respeito a um conjunto de procedimentos, como amostragem, distribuição em dois grupos, como experimental e controle, atribuição randômica dos sujeitos e tratamento estatístico dos resultados. A perspectiva que subjaz esse processo compreende o comportamento como natural, regido por leis que são passíveis de descrição, previsão e controle. Portanto, é um fenômeno que envolve interações ou respostas a estímulos, bem como a interação indivíduo- ambiente. A pesquisa sobre o comportamento envolve descrição e explicação dos processos, que possuem uma regularidade -> As hipóteses da pesquisa experimental se originam do trabalho de Skinner a partir do estudo do comportamento operante em laboratórios de analise do comportamento, em que o experimento poderia ter a manipulação das condições ambientais para a análise dos efeitos sobre o seu participante, utilizavam sujeito para coloca-lo em condições experimentais repetidas vezes medindo seu comportamento continuamente. -> são utilizados estudos longitudinais nessa abordagem, recolhidos múltiplas vezes, para que se possa avaliar o processo comportamental, com registro cumulativo dos dados do respondedor. participante é estudado por um longo período, em que se escolhe as condições para o experimento e se manipula as variáveis que possibilitam as recorrências de respostas ao longo do tempo respeita-se o caráter processual e de fluxo do comportamento, com procedimentos que possibilitam a ocorrência e recorrência de repostas livremente (procedimentos de operante livre), medindo-se dimensões do responder que seriam afetadas no decorrer do processo de interação organismo-ambiente: a taxa de respostas, a medida mais paradigmática da pesquisa operante, tem estas características..
Compartilhar