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Medicina – 4° semestre | Maria Eduarda Teixeira Sepúlveda Direito das mulheres de acordo com a Conferência Internacional Conferência de 1975: Essa conferencia foi a primeira e aconteceu no ano internacional da mulher, tendo como tema a Eliminação da discriminação da mulher e o seu avanço social. Ela aprovou um plano de ações a ser norteador das diretrizes de governos e da comunidade internacional no decênio 1976-1985, destacando-se: a igualdade plena de gênero e a eliminação da discriminação por razões de gênero, a plena participação das mulheres no desenvolvimento e maior contribuição das mulheres para a paz mundial. A conferência teve a participação de 133 delegações, sendo 113 lideradas por mulheres. Outro ponto alto da Conferência foi a realização do Fórum de Organizações Não-Governamentais, que contou com a participação de 4.000 ativistas. Criou um espaço estratégico, o qual viria a se consolidar nas demais conferências da Mulher. Propiciou a criação do Fundo de Contribuições Voluntárias das Nações Unidas para a Década da Mulher, o qual viria a ser convertido no Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM), em 1985, por decisão da Terceira Conferência Mundial sobre a Mulher. Conferência Mundial da Mulher de 1980: lema “Educação, Emprego e Saúde”. A comunidade internacional tomou mais consciência sobre a falta de participação dos homens no processo de igualdade, vontade política insuficiente por parte dos Estados para o enfrentamento às desigualdades de gênero, escassez de mulheres nos postos de decisões, baixo investimento nos serviços sociais de apoio, entre outros fatores. O programa de ação da II Conferência Mundial sobre a Mulher demandou medidas nacionais mais fortes para garantir a propriedade e controle de propriedade das mulheres, bem como melhorias nos direitos das mulheres em relação à herança, guarda dos filhos e nacionalidade. No balanço do decênio chegou-se à constatação de que poucas metas tinham sido alcançadas, conduzindo a mais organização e pressão da sociedade civil. Houve cobrança de mais participação das mulheres na produção das riquezas das sociedades. Em razão disso, foram apontadas medidas de caráter jurídico, para alcançar a igualdade na participação social e na participação política e nos lugares de tomada de decisões. Dentre os compromissos, destacam-se: a igualdade no acesso à educação, oportunidades no trabalho e atenção à saúde das mulheres. Conferência Mundial sobre a Mulher de 1985: com tema central “Estratégias Orientadas ao Futuro, para o Desenvolvimento da Mulher até o Ano 2000”, Nairóbi. Dentre os compromissos, destacam-se: a igualdade no acesso à educação, oportunidades no trabalho e atenção à saúde das mulheres. Conferência Mundial sobre a Mulher de 1995: tema central “Ação para a Igualdade, o Desenvolvimento e a Paz”, China. A Plataforma de Ação de Pequim afirma os direitos das mulheres como direitos humanos e comprometidos com ações específicas para garantir o respeito a esses direitos. Define o conceito de gênero para a agenda internacional, empoderamento das mulheres e transversalidade das políticas públicas com a perspectiva de gênero. Para a ONU, “a transformação fundamental em PROVA PMSUS 2 Medicina – 4° semestre | Maria Eduarda Teixeira Sepúlveda Pequim foi o reconhecimento da necessidade de mudar o foco da mulher para o conceito de gênero, reconhecendo que toda a estrutura da sociedade, e todas as relações entre homens e mulheres dentro dela, tiveram que ser reavaliados. Só por essa fundamental reestruturação da sociedade e suas instituições poderiam as mulheres ter plenos poderes para tomar o seu lugar de direito como parceiros iguais aos dos homens em todos os aspectos da vida. Essa mudança representou uma reafirmação de que os direitos das mulheres são direitos humanos e que a igualdade de gênero era uma questão de interesse universal, beneficiando a todos”. São estabelecidas 12 áreas de preocupação sobre os direitos de mulheres e meninas: 1. Mulheres e pobreza; 2. Educação e Capacitação de Mulheres; 3. Mulheres e Saúde; 4. Violência contra a Mulher; 5. Mulheres e Conflitos Armados; 6. Mulheres e Economia; 7. Mulheres no Poder e na liderança; 8. Mecanismos institucionais para o Avanço das Mulheres; 9. Direitos Humanos das Mulheres; 10. Mulheres e a mídia; 11. Mulheres e Meio Ambiente; 12. Direitos das Meninas. Políticas e ações de promoção para garantir os direitos sexuais e reprodutivos: Direitos reprodutivos Direito das pessoas de decidirem, de forma livre e responsável, se querem ou não ter filhos, quantos filhos desejam ter e em que momento de suas vidas. Direito a informações, meios, métodos e técnicas para ter ou não ter filhos. Direito de exercer a sexualidade e a reprodução livre de discriminação, imposição e violência. Direitos sexuais Direito de viver e expressar livremente a sexualidade sem violência, discriminações e imposições e com respeito pleno pelo corpo do(a) parceiro(a). Direito de escolher o(a) parceiro(a) sexual. Direito de viver plenamente a sexualidade sem medo, vergonha, culpa e falsas crenças. Direito de viver a sexualidade independentemente de estado civil, idade ou condição física. Direito de escolher se quer ou não quer ter relação sexual. Direito de expressar livremente sua orientação sexual: heterossexualidade, homossexualidade, bissexualidade, entre outras. Direito de ter relação sexual independente da reprodução. Direito ao sexo seguro para prevenção da gravidez indesejada e de DST/HIV/AIDS. Direito a serviços de saúde que garantam privacidade, sigilo e atendimento de qualidade e sem discriminação. Direito à informação e à educação sexual e reprodutiva. No plano internacional, essas lacunas podem ser supridas pelas definições adotadas nos documentos da Conferência do Cairo, de 1994, e da Conferência Mundial da Mulher, de 1995 – conhecida como Conferência de Pequim. Ambas são marcos que tratam dos direitos da mulher e de sua saúde sexual e reprodutiva, e que adotaram medidas específicas voltadas para as meninas e mulheres. Muito embora esses documentos não sejam considerados leis internacionais vinculantes para os sistemas legais nacionais, como as convenções internacionais, seu conteúdo tem balizado as recomendações dos Comitês de Direitos Humanos, que correspondem a instâncias de jurisprudência internacional que obrigam os países signatários, como o Brasil. A Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança (ONU, 1989) não trata diretamente de direitos sexuais e reprodutivos, conceito que foi definido alguns anos depois, na Conferência de Cairo. No entanto, enfatiza a importância de marcos legais que proíbam a violência sexual contra crianças e adolescentes em todas as suas formas. Na Convenção, e também no ECA, a sexualidade e a reprodução Medicina – 4° semestre | Maria Eduarda Teixeira Sepúlveda são reconhecidos na perspectiva de direitos fundamentais que abarcam a vida sexual, como o direito à privacidade, os direitos à igualdade e à não discriminação, à liberdade de expressão e de informação, à livre associação; e não menos importante, o direito à vida e o direito a não ser tratado de forma desumana ou degradante, que também podem ser aplicados para proteção dos direitos sexuais. A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável – guiada pelos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas, e fundamentada na Declaração Universal dos Direitos Humanos e em tratados internacionais de Direitos Humanos, na Declaração do Milênio e no documento final da Cúpula Mundial de 2005 – define 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas. A Agenda 2030 busca assegurar os direitos humanos de todos e alcançar a igualdade de gênero e o empoderamento de mulheres e meninas. No contexto dos ODS, que começaram a ser implementados pelos paísessignatários a partir de 2016, não há metas específicas sobre gravidez na adolescência. No entanto, o tema é encontrado de forma transversal no Objetivo 3, que trata da vida saudável e do bem-estar; e no Objetivo 5, que aborda a igualdade de gênero e o empoderamento de mulheres e meninas. A igualdade de gênero e a autonomia das mulheres (ODM 3) continua sendo o desafio chave. Assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, e alcançar a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres e meninas, por meio de políticas e mecanismos legais de proteção, integram os Objetivos 4 e 5. Frente a esse cenário de conjunto normativo, da mudança de visão sobre crianças e adolescentes trazida pelo ECA, acrescido das diversas discussões no período pós-Cairo sobre direitos sexuais e direitos reprodutivos, temas como educação em sexualidade, saúde sexual e saúde reprodutiva passaram a pautar as políticas públicas no Brasil, visando reduzir vulnerabilidades às quais meninos e meninas adolescentes ficam expostos por falta de informações qualificadas, ou por não terem acesso aos serviços de saúde e assistência. Para que os direitos sexuais e os direitos reprodutivos de adolescentes sejam garantidos na prática, assim como as responsabilidades que implicam, precede essa condição que sejam pensadas estratégias intersetoriais que assegurem ações conjuntas de diferentes setores – educação, saúde, judiciário, assistência social, cultura, esportes, sociedade civil –, assim como estratégias para a garantia de direitos e a implementação, o monitoramento e o controle social de políticas públicas. A atenção básica compõe uma das formas de estratégia para reconhecimento e “atividade” dos direitos sexuais e reprodutivos na prática, com consultas de planejamento familiar, bem como a distribuição de métodos contraceptivos. Além da realização de testes rápidos de ISTs e, se positivo, tratamento dessa. Em casos de gestação, há as consultas de pré-natal para atenção continuada à gestante e parto com atendimento humanizado e sempre respeitando a vontade da mãe, caso não haja risco para ela ou para o feto. E, em todas essas consultas, terá a garantia de sigilo médico. Diferenciar identidade sexual, orientação sexual e sexo biológico Sexo biológico: é o sexo em que a pessoa nasce, estando diretamente ligado as genitálias (sexo cromossomático). Identidade sexual: sentimento de ser do gênero feminino (mulher) ou do gênero masculino (homem) independentemente da anatomia. Uma pessoa transgênero é alguém que não corresponde às convenções sociais e categorias tradicionais de género associadas ao seu sexo biológico. Uma pessoa transexual é alguém que sente que a sua identidade de gênero é diferente do seu sexo biológico. Orientação sexual: refere-se ao que cada pessoa pensa e sente sobre si própria e sobre a sua afetividade e sexualidade e por quem se sente atraído afetiva e sexualmente. Uma pessoa é considerada: heterossexual se se sente sobretudo atraída por pessoas de género diferente homossexual se se sente sobretudo atraída por pessoas do mesmo género Medicina – 4° semestre | Maria Eduarda Teixeira Sepúlveda bissexual se se sente atraída por pessoas de ambos os géneros. Diferenciar climatério de menopausa A menopausa é a última menstruação, que ocorre em torno dos 48 aos 50 anos em média. Já o climatério é a fase da vida da mulher antes e depois da menopausa, que é marcada por variações hormonais que provocam uma série de sinais e sintomas característicos. Abordagem de infertilidade pelo sus PORTARIA N° 426/GM Em 22 de março de 2005: Institui, no âmbito do SUS, a Política Nacional de Atenção Integral em Reprodução Humana Assistida e outras providências. Art. 2° Determinar que a Política Nacional de Atençãoo Integral em Reprodução Humana Assistida seja implantada de forma articulada entre o Ministério da Saúde, as Secretarias de Estado de Saúde e as Secretarias Municipais de Saúde, permitindo: I - organizar uma linha de cuidados integrais (promoção, prevenção, tratamento e reabilitação) que perpasse todos os níveis de atenção, promovendo, dessa forma, a atenção por intermédio de equipe multiprofissional, com atuação interdisciplinar; II - identificar os determinantes e condicionantes dos principais problemas de infertilidade em casais em sua vida fértil, e desenvolver ações transetoriais de responsabilidade pública, sem excluir as responsabilidades de toda a sociedade; III - definir critérios técnicos mínimos para o funcionamento, o monitoramento e a avaliação dos serviços que realizam os procedimentos e técnicas de reprodução humana assistida, necessários viabilização da concepção, tanto para casais com infertilidade, como para aqueles que se beneficiem desses recursos para o controle da transmissão vertical e/ou horizontal de doenças; RESUMINHO Medicina – 4° semestre | Maria Eduarda Teixeira Sepúlveda IV - fomentar, coordenar e executar projetos estratégicos que visem ao estudo do custo-efetividade, eficácia e qualidade, bem como a incorporação tecnológica na área da reprodução humana assistida no Brasil; V - promover intercâmbio com outros subsistemas de informações setoriais, implementando e aperfeiçoando permanentemente a produção de dados e garantindo a democratização das informações; e VI - qualificar a assistência e promover a educação permanente dos profissionais de saúde envolvidos com a implantação e a implementação da Política de Atenção Integral em Reprodução Humana Assistida, em conformidade com os princípios da integralidade e da Política Nacional de Humanização - PNH. De maneira muito clara, a regulamentação ao art. 226, §7º, da Constituição Federal, encontra-se na Lei nº 9.263/96, que trata do planejamento familiar, e cujo art. 9º, assim preceitua:“Art. 9º Para o exercício do direito ao planejamento familiar, serão oferecidos todos os métodos e técnicas de concepção e contracepção cientificamente aceitos e que não coloquem em risco a vida e a saúde das pessoas, garantida a liberdade de opção. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza gratuitamente tratamentos de reprodução assistida, tais como a fertilização in vitro, inseminação intrauterina, indução da ovulação, coito programado e injeção intracitoplasmática de espermatozoide, entre outros. O processo para conseguir uma vaga, no entanto, pode levar anos e exige muita dedicação dos interessados, até porque pode ser necessária mais de uma tentativa e existem somente nove hospitais na rede pública capacitados para oferecer o serviço, localizados apenas nos Estados de São Paulo (3), Minas Gerais (1), Rio Grande do Sul (2), Pernambuco (1), Rio Grande do Norte (1) e no Distrito Federal (1). Para buscar o atendimento, o paciente deverá ir primeiro ao posto de saúde (AMA ou AMES) para, então, ser encaminhado a um centro de tratamento da infertilidade e deverá, também, preencher os requisitos exigidos em cada um desses centros, tais como limite de idade, número de cesárias já realizadas, não ser portador(a) de algumas doenças crônicas, entre outros. Apesar de o tratamento ser gratuito, alguns medicamentos de alto custo podem não ser fornecidos pelo SUS e, portanto, é importante que os interessados busquem informações sobre despesas não cobertas logo na primeira consulta. Perfil epidemiológico da violência contra a mulher, de gênero e feminicídio no Brasil O perfil mais vitimado de mulheres é de negras e jovens, o que pode ser confirmado em todos os bancos de dados analisados. De acordo com dados do VIVA Inquérito, entre os anos de 2006 e 2009, em torno d e 20% das mulheres agredidas que procuraram serviços de emergência estavam na faixa dos 10 aos 19 an os, caindo para 17,38% em 2011. Ademais, as mulheres negras são também maioria, correspondendo a 6 5,5% das mulheres atendidas em 2006; 70% em 2007;68,5% em 2009; e 67,08% em 2011. De acordo co m os dados de denúncia da SPM, nos primeiros dez meses de 2015, 59% das denúncias diziam respeito a mulheres negras e 40% a mulheres brancas. Nos dados de registro contínuo de violência doméstica do Sinan, em 2013, 70% dos casos de violência fí sica tinham como vítimas mulheres. Além disso, entre essas, 52,1% estavam na faixa de 20 a 39 anos; 4 1,6% eram negras; e 39,5%, brancas. Ademais,em 4,4% dos casos de agressão de mulheres registrad os, essas possuíam alguma deficiência física, e em 4%, alguma deficiência mental. Entre as mulheres que sofreram agressão física em 2009, 43% (465.985) estavam em sua residência n a ocasião.Ainda 48,9% (529.298) das mulheres foram agredidas em local público e 6,3% (68.129) na re sidência de terceiros. No caso das mulheres brancas, 41,7% (197.758) das agressões ocorreram na residência e 51,6% (244.864) em local público; entre as mulheres negras, 44,1% (268.277) das agressões ocorreram na residência e 46,7% (284.434) em local público. Notase que, independente mente da distribuição percentual, os maiores números absolutos de mulheres agredidas estão entre as ne gras. Quando se alia a análise do local com o tipo de agressor, como na tabela 6, observa‐se que, quando o agressor é o cônjuge ou ex‐cônjuge, ou ainda um parente, as agressões ocorrem com maior frequência em casa. Um dado significativo é que mais de 60% das agressões que ocorreram na rua foram cometidas por pessoas conhecidas. As agressões de pessoas conhecidas na rua são mais comuns Medicina – 4° semestre | Maria Eduarda Teixeira Sepúlveda para mulheres brancas (63,6%) que entre as negras (57,8%). Em contrapartida, as agressões de cônjuges e ex‐cônjuges ocorridas na rua são mais comuns entre mulheres negras (13%) que entre brancas (7,9%). O mesmo ocorre no caso dos parentes. Outra informação relevante dos bancos de dados da saúde e que especifica ainda mais o tipo de agressão sofrida por mulheres é o local do corpo afetado pela agressão e o meio utilizado. Cabeça, face e membros superiores são regiões mais comumente golpeadas pelos agressores. Em relação aos casos que chegam às emergências, computados pelo VIVA Inquérito, observa‐se uma diminuição gradativa desse meio, de 73,2% em 2006 para 59,69% em 2011, acompanhado de um aumento gradativo do uso de armas de fogo, de 4,6% em 2006 para 6,52% em 2011. Vale apontar, ainda, que 37,3% dos casos de violência registrados no Sinan em 2013 eram casos de violência de repetição, ou seja, mulheres agredidas têm muita chance de estarem em uma relação violenta, na qual sofrem agressões constantes. Dado confirmado pelas violências denunciadas ao Ligue 180, pois, na maior parte dos casos de 2015, por exemplo, as situações são repetidas: em 39,47% dos casos a violência é diária e em 35,60% é semanal. Ademais, a presença de filhos é uma constante: em 59,66% dos casos eles presenciaram a violência e em 21,64% a sofreram. Ainda sobre o tipo de violência experimentada por mulheres, e observando‐se alguns dados específicos da PNV, que agrega tipos de violência além das agressões físicas, é possível observar que o público feminino é especialmente mais vitimado por ofensas verbais. Registraram‐se ainda 153.292 casos de violência psicológica, 56.150 de violência moral, 12.810 de violência sexual e 9.675 de violência patrimonial. Ainda houve 6.311 denúncias de cárcere privado e 1.057 de tráfico de pessoas. De acordo com dados do Sinan 2013, foram registrados, contra mulheres, 86.868 casos de violência física; 43.117 de violência psicológica; 12.677 de negligência ou abandono; 22.914 de violência sexual; 90 de tráfico de seres humanos; 2.991 de violência financeira; 4.147 de tortura; 292 de intervenções legais; e 9.897 de outras violências. A maior representatividade ocorreu na faixa etária entre 20 e 29 anos (23,3%). Ao analisar por ciclo de vida, as mulheres adultas (52,7%) foram o maior grupo de vítimas de violência interpessoal/autoprovocada, sendo o maior percentual em solteiras (38,1%), segundo o registro do estado civil. Em relação à escolaridade, no sexo feminino, a mais notificada foi a de ensino fundamental incompleto/completo com 12,7%, mas vale destacar o elevado percentual de falta de informação com 37.4% (campo ignorado/branco). A grande maioria destas notificações foram de residentes na zona urbana: 97% no sexo feminino, 6,3% das vítimas estavam gestantes e 19,2% apresentavam alguma deficiência ou transtorno. Medicina – 4° semestre | Maria Eduarda Teixeira Sepúlveda A maioria das violências contra a mulher ocorreu na residência, representando 84% das notificações. A análise de violência de repetição evidenciou que 31,1% tinham caráter repetitivo e somente 0,7% desses casos apresentavam alguma relação com o trabalho. Quando se analisa somente as notificações de violências interpessoais, o tipo de violência mais frequente contra mulheres foi a violência física (53%) seguida pela violência sexual com aproximadamente 27%. O provável autor(a) da violência também varia de acordo com o ciclo de vida, sendo em crianças e idosos os autores mais frequentes, os familiares. Já em adolescentes e em adultas, o mais notificado foi a própria pessoa, seguido pelo familiares em adolescentes, e pelos cônjuges nas adultas. O meio de agressão mais frequente de violência contra mulheres foi o envenenamento, relacionadas às tentativas de suicídio, seguido pela força corporal/espancamento e outra agressão nas violências interpessoais. Quais principais causas que dificultam as denúncias? O combate a violência doméstica no brasil, apesar do avanço na legislação que persegue e pune os agressores, como a Lei Maria da Penha que é reconhecida pela ONU como uma das 3 melhores legislações para o enfretamento à violência contra a mulher, ainda tem um tortuoso e longo caminho pela frente. 1. As delegacias da mulher não abertas 24 hrs e não funcionam aos finais de semana As delegacias funcionam apenas em horário comercial e aos fins de semana, dias em que são mais frequentes casos de violência, as mulheres precisam esperar ou recorrer a delegacias tradicionais. 2. São 368 delegacias da mulher para 5,5 mil municípios no Brasil O número de delegacias ainda é bem restrito. Sem uma DDM por perto, elas serão encaminhadas para delegacias tradicionais onde há menos preparo dos policiais para lidar com esses casos de violência. 3. Falta de capacitação dos agentes públicos A maior reclamação das mulheres é em relação a forma como elas tratadas nas delegacias – “você tem certeza que vai denunciar? Essas marcas aí? Até chegar no IML elas já terão desaparecido! Se você denunciar vai acabar com a vida dele.” Perguntas similares a essa “invalidam” a agressão e elas acabam tendo que provar que não estão mentido e que sofreram sim agressão. Em 2013, foi criado “Mulher, viver sem violência” na qual tem por objetico capacitar esses profissionais. Além da Casa da Mulher Brasileira, local para abrigar mulheres vítimas de agressão que não tem para onde irem. 4. Ter de comprovar a violência. Nem todas as agressões deixam vestígios corporais, como na violência psicológica e emocional. Algumas marcas podem ser contestadas facilmente por advogados de defesa. Nem sempre há testemunhas. Medicina – 4° semestre | Maria Eduarda Teixeira Sepúlveda 5. O agressor nem sempre é punido. Diferenciar os tipos de violência: Medicina – 4° semestre | Maria Eduarda Teixeira SepúlvedaCiclo da violência doméstica Medicina – 4° semestre | Maria Eduarda Teixeira Sepúlveda Medicina – 4° semestre | Maria Eduarda Teixeira Sepúlveda
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