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Semântica e Pragmática das Línguas

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Indaial – 2019
Semântica e Pragmática 
daS LínguaS
Prof.a Jeice Campregher
Prof.a Valeria Aparecida Camerlengo 
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2019
Elaboração:
Prof.a Jeice Campregher
Prof.a Valeria Aparecida Camerlengo
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
C182s
 Campregher, Jeice
 Semântica e pragmática das línguas. / Jeice Campregher; Valeria 
Aparecida Camerlengo; . – Indaial: UNIASSELVI, 2019.
 175 p.; il.
 ISBN 978-85-515-0341-6
 1. Semântica. – Brasil. 2. Pragmática. – Brasil. I. Camerlengo, Valeria 
Aparecida. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 415
III
aPreSentação
Ao estudarmos as línguas, poderemos receber auxílio da área da 
Linguística, estudando um elemento por vez, tal como o léxico, a morfologia, 
a sintaxe, fonética e fonologia, a semântica e a pragmática. Faz-se relevante 
estudar um tópico por vez e, ao olhar para o todo, é possível verificar que cada 
elemento constitui a identidade de uma língua, fazendo que ela seja como for: 
semelhante em alguns aspectos, diferente das outras línguas em outros quesitos. 
O mesmo acontece com a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). 
Analisando-a de perto, veremos que ela possui semelhanças com outras línguas 
naturais – um exemplo é a própria Língua Portuguesa –, contudo, em alguns 
aspectos, ela possui características únicas que fazem dela uma língua única, capaz 
de responder às necessidades comunicativas da comunidade surda brasileira. 
Esse estudo contribui muito com a compreensão das características 
(semelhanças ou diferenças) dessa língua tão importante em nosso país. Da 
mesma maneira, dá ênfase a aspectos relativos à semântica e à pragmática – 
como cada uma dessas áreas, entre outras, pode auxiliar na compreensão de 
aspectos relevantes aos seus usuários. Um deles é de que forma o contexto 
contribui com a compreensão de enunciados/sentenças que, sem a clareza 
possibilitada pelo contexto, poderiam não ser compreendidos ou, ainda, ser 
muito mal compreendidos. Tal confusão é possível em várias línguas, não 
somente na Libras. Por esse motivo, o estudo da semântica e da pragmática 
tem grande relevância ao estudarmos ou aprendermos uma língua.
A organização deste livro se dá em três partes: na Unidade 1 são 
explorados os seguintes conceitos: língua e linguagem. Tal unidade está 
dividida em três tópicos. O primeiro explora a construção dos significados. 
O segundo, o estudo das línguas orais e de sinais. O Tópico 3 conceitua o 
significado e o significante das línguas. 
A Unidade 2 investiga a possibilidade de investigar as línguas por 
meio da linguística. A unidade está dividida em três tópicos. O primeiro 
aborda as áreas da linguística; o segundo, em especial, a ambiguidade e a 
polissemia; o terceiro, a semântica e a pragmática das línguas. 
A Unidade 3, a linguística e a língua de sinais Brasileira, é dividida 
também em três etapas. No primeiro tópico, a linguística e as línguas de 
sinais. No segundo tópico, o sentido dos sinais na Língua Brasileira de Sinais. 
O terceiro tópico aborda a semântica e a pragmática das línguas naturais, 
com ênfase na Libras.
Desejamos que você, acadêmico, tenha sucesso em seus estudos!
Jeice Campregher
Valeria Aparecida Camerlengo
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais 
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, que é um código 
que permite que você acesse um conteúdo interativo 
relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos 
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar 
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
V
VI
VII
UNIDADE 1 – LÍNGUA E LINGUAGEM ............................................................................................1
TÓPICO 1 – CONSTRUÇÃO DOS SIGNIFICADOS ........................................................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3
2 ABORDAGEM DA LÍNGUA E SEU USO ........................................................................................3
3 ABORDAGEM DA LINGUAGEM E SEU USO ...............................................................................6
3.1 FUNÇÕES DA LINGUAGEM .........................................................................................................9
3.1.1 Função referencial .....................................................................................................................9
3.1.2 Função poética......................................................................................................................... 10
3.1.3 Função conativa ...................................................................................................................... 10
3.1.4 Função emotiva ....................................................................................................................... 10
3.1.5 Função metalinguística .......................................................................................................... 11
3.1.6 Função fática ............................................................................................................................ 12
4 O QUE SÃO LÍNGUAS NATURAIS? .............................................................................................. 13
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 16
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 17
TÓPICO 2 – ESTUDOS DAS LÍNGUAS ORAIS E DE SINAIS .................................................... 19
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 19
2 CONTEXTO LINGUÍSTICO DAS LÍNGUAS ............................................................................... 19
3 LÍNGUAS DE SINAIS ......................................................................................................................... 21
3.1 ALÍNGUA DE SINAIS É UNIVERSAL? ...................................................................................... 22
3.2 A LÍNGUA DE SINAIS É ARTIFICIAL? ...................................................................................... 24
3.3 A LÍNGUA DE SINAIS TEM GRAMÁTICA? ............................................................................. 25
3.4 A LÍNGUA DOS SURDOS É MÍMICA? ....................................................................................... 26
3.5 É POSSÍVEL EXPRESSAR CONCEITOS ABSTRATOS NA LÍNGUA DE SINAIS? .............. 26
4 DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS ENTRE AS LÍNGUAS DE SINAIS E
 AS LÍNGUAS ORAIS .......................................................................................................................... 28
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 29
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 30
TÓPICO 3 – CONCEITUANDO SIGNIFICADO E SIGNIFICANTE DAS LÍNGUAS ............ 33
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 33
2 O CONCEITO DE SIGNO .................................................................................................................. 33
3 O CONCEITO DE SIGNIFICADO ................................................................................................... 34
3.1 O QUE É SIGNIFICADO? .............................................................................................................. 35
4 O CONCEITO DE SIGNIFICANTE ................................................................................................ 37
5 O SIGNIFICANTE E O SIGNIFICADO NAS LÍNGUAS DE SINAIS ...................................... 37
5.1 SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO EM LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA – LIBRAS ........ 38
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 42
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 46
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 47
Sumário
VIII
UNIDADE 2 – LINGUÍSTICA E AS LÍNGUAS ................................................................................ 49
TÓPICO 1 – ÁREAS DA LINGUÍSTICA ............................................................................................ 51
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 51
2 ESTUDOS LINGUÍSTICOS ............................................................................................................... 52
2.1 NÍVEIS LINGUÍSTICOS ................................................................................................................ 53
2.1.1 Fonética ................................................................................................................................... 53
2.1.2 Fonologia ................................................................................................................................. 55
2.1.3 Morfologia .............................................................................................................................. 56
2.1.4 Sintaxe ..................................................................................................................................... 57
2.1.5 Semântica ................................................................................................................................. 60
2.1.6 Pragmática .............................................................................................................................. 62
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 64
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 65
TÓPICO 2 – SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA DAS LÍNGUAS .................................................... 69
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 69
2 SEMÂNTICA ........................................................................................................................................ 69
2.1 ANTONÍMIA ................................................................................................................................... 71
2.2 SINONÍMIA ...................................................................................................................................... 73
3 PRAGMÁTICA .................................................................................................................................... 74
4 QUAL É A FINALIDADE DISSO TUDO? ...................................................................................... 76
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 80
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 81
TÓPICO 3 – AMBIGUIDADE E POLISSEMIA ................................................................................ 83
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 83
2 AMBIGUIDADE .................................................................................................................................. 83
2.1 AMBIGUIDADE ESTRUTURAL ................................................................................................... 83
2.2 AMBIGUIDADE LEXICAL ............................................................................................................ 83
3 AMBIGUIDADE LEXICAL: POLISSÊMICA E HOMÔNIMA .................................................... 86
3.1 POLISSEMIA ................................................................................................................................... 87
3.2 HOMONÍMIA .................................................................................................................................. 89
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 94
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................100
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................101
UNIDADE 3 – A LINGUÍSTICA E A LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA ...............................103
TÓPICO 1 – A LINGUÍSTICA E AS LÍNGUAS DE SINAIS ........................................................105
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................105
2 LIBRAS E OS ESTUDOS LINGUÍSTICOS ...................................................................................106
3 FONÉTICA E FONOLOGIA DA LÍNGUA DE SINAIS ............................................................107
4 MORFOLOGIA DAS LÍNGUAS DE SINAIS ..............................................................................116
5 SINTAXE DAS LÍNGUAS DE SINAIS .........................................................................................119
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................126AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................128
TÓPICO 2 – O SENTIDO DOS SINAIS NA LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA ..................131
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................131
2 O SENTIDO DAS PALAVRAS .......................................................................................................131
3 SENTIDO DOS SINAIS ...................................................................................................................133
IX
3.1 POLISSEMIA: SIGNIFICANTES IGUAIS X SIGNIFICADOS DIFERENTES .....................136
3.2 HOMONÍMIA: SIGNIFICANTES SEMELHANTES X SIGNIFICADOS DIFERENTES ....139
3.3 SINONÍMIA: SIGNIFICANTE DIFERENTES X SIGNIFICADOS APROXIMADOS ..........140
3.4 ANTONÍMIA: SIGNIFICANTES DIFERENTES X SIGNIFICADOS OPOSTOS ................142
3.5 PARONÍMIA: SIGNIFICANTE PARECIDOS X SIGNIFICADOS DIFERENTES ..............146
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................148
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................149
TÓPICO 3 – SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA DAS LÍNGUAS NATURAIS ............................151
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................151
2 SEMÂNTICA E O ESTUDO DOS SIGNIFICADOS DAS LÍNGUAS NATURAIS .............151
3 PRAGMÁTICA E O ESTUDO DOS SIGNIFICADOS DAS LÍNGUAS NATURAIS ..........159
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................164
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................168
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................169
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................171
X
1
UNIDADE 1
LÍNGUA E LINGUAGEM
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• entender a construção dos significados;
• identificar língua e linguagem;
• compreender o uso da linguagem; 
• conhecer o que são línguas naturais; 
• reconhecer o contexto linguístico das línguas; 
• identificar significado e significante.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – CONSTRUÇÃO DOS SIGNIFICADOS
TÓPICO 2 – ESTUDOS DAS LÍNGUAS ORAIS E DE SINAIS
TÓPICO 3 – CONCEITUANDO SIGNIFICADO E SIGNIFICANTE
 DAS LÍNGUAS 
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
CONSTRUÇÃO DOS SIGNIFICADOS
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! A partir deste momento, iniciaremos os estudos sobre a 
semântica e a pragmática das línguas. Neste tópico serão abordados os assuntos: a 
construção dos significados, o que é língua e o que é linguagem e o seu uso, o que são 
línguas naturais, conhecimentos oriundos da linguística, o significado e o significante.
A linguagem é a capacidade de desenvolvimento de compreensão que 
o ser humano usa para produzir, compreender e desenvolver uma língua. A 
linguagem é viva, é a manifestação que envolve inúmeros aspectos, expressões 
culturais, assim como a pintura, a música e a dança. 
A língua é um conjunto organizado de elementos e regras que possibilitam 
a comunicação. Sem esse conjunto de regras ser respeitado, dificilmente a 
compreensão ocorreria entre os interlocutores – tanto na fala quanto na escrita.
2 ABORDAGEM DA LÍNGUA E SEU USO 
O ser humano é constituído de subjetividade, respeitado por poder se 
comunicar, poder expressar suas ideias, seus pensamentos, emoções, e, é tudo 
isso que nos diferencia de outras espécies.
Com a língua podemos falar sobre amor e ódio; podemos persuadir e 
podemos nos relacionar. A língua e a linguagem humanas são demasiadamente 
desenvolvidas. Por meio dessa habilidade foi possível dividir o conhecimento 
e, também, acumular conhecimento das mais variadas formas. Entre elas, 
pergaminhos, livros, materiais digitais, arquivos de áudio e vídeo. Hoje, todos os 
conhecimentos que uma pessoa pretenda adquirir, de fato, pode ter acesso a eles 
de inúmeras maneiras. Tudo graças à língua e à linguagem.
A língua e a linguagem são objetos de pesquisa de muitos autores, cada 
autor com sua concepção e arcabouço teórico. Cada um trazendo um olhar 
diferenciado que muito pode contribuir com os nossos estudos.
 
Apresentaremos aqui a visão de língua nas pesquisas de três autores, são 
eles: Quadros, Karnopp e Saussure. Vamos iniciar pelos dois primeiros. Conforme 
Quadros e Karnopp (2004, p. 29)
UNIDADE 1 | LÍNGUA E LINGUAGEM
4
A língua, é um sistema altamente desenvolvido. Mas há em aspecto 
a considerar: Como e quando a criança começa a falar? Como a 
língua começou? Por que a língua começou? Parecem questões que 
atualmente estão mais claras. Possivelmente, ela começou porque 
os humanos necessitam de um grau maior de cooperação com o 
outro afim de sobreviverem, e esta cooperação requer uma eficiente 
comunicação, consequentemente a função primária da língua é a 
comunicação e a expressão do pensamento.
 
Ainda para Quadros e Karnopp (2004, p. 29),
A língua pode ser usada também para comunicar sentimentos e 
emoções. Além disso, há na língua o bate-papo social, as pequenas 
frases do dia a dia. “Oi, como vai você? Que dia frio!”. Este padrão 
social tem sido chamado de comunicação fática e é primariamente 
uma estratégia para manter contato social em um nível amigável. As 
pessoas podem usar a língua por razões puramente estéticas, como na 
poesia. Essas são apenas algumas das funções da língua.
Quadros e Karnopp (2004) abordam o uso da língua para se comunicar 
e apresentar sentimentos e emoções. Para Quadros e Karnopp (2004), uma das 
funções da linguagem é a função fática. Uma estratégia para manter o contato 
social, observar se o nosso interlocutor está ligado a nós no momento da interação. 
Adiante serão abordadas as funções da linguagem com maior ênfase. Ainda 
assim, vale um breve comentário.
A Função Fática é uma das funções da linguagem. Ela privilegia a interação entre 
um emissor e um receptor, na oralidade, um locutor e um interlocutor. Ao ser exercida a função 
fática, ela abre um diálogo/interação; estabelece ou interrompe a comunicação. Podem ser 
observadas em cumprimentos, despedidas ou em diversas maneiras nos diálogos do dia a dia.
UNI
Se entendemos que a linguagem pode utilizar-se de variados materiais, 
tais como imagens e palavras, precisamos também estudar mais o que são as 
palavras, a língua, a materialidade a partir da qual cada um dos sujeitos (na fala 
e na escrita) podem produzir linguagem. Em outras palavras, a partir da língua 
e da criatividade do sujeito, são produzidos textos orais e escritos. Esses sujeitos, 
claro, sempre analisando outros elementos tais como o contexto, a circunstância, 
o interlocutor (quem lerá ou ouvirá a mensagem), entre outros aspectos. Assim, 
questionamos, o que é a língua?
TÓPICO 1 | CONSTRUÇÃO DOS SIGNIFICADOS
5
Para Saussure, a língua, para se tornar um sistema coerente e inteligível, 
precisa que as partes considerem as relações sincrônicas – em uma mesma época, 
todas as peças que formam o estado de uma língua em um determinado momento. 
Pode-se pensar em um quebra-cabeças: cada peça ajuda a dar coerência ao todo. 
Para Saussure (2006), sincrônico refere-se a um estado, a um recorte, a um dado 
momento; já o diacrônico, a “tudo que diz respeito às evoluções. Do mesmo 
modo, sincronia e diacronia designarão respectivamenteum estado de língua e 
uma fase de evolução” (SAUSSURE, 2006, p. 96). 
Veja os sentidos a seguir:
• Paradigmática: um modelo ou padrão a seguir. Tal termo tem origem no grego 
paradeigma que significa modelo ou padrão; diz respeito a algo que vai servir de modelo 
ou exemplo a ser seguido em determinada situação.
• Sintagmática: trata-se de uma unidade formada por uma ou várias palavras; juntas, 
desempenham uma função sintática na frase. Tais unidades se combinam em torno de 
um núcleo. Esse conjunto (um sintagma) desempenha uma função na frase.
UNI
Por língua entende-se um conjunto de elementos que podem ser estudados 
simultaneamente, tanto na associação paradigmática como na sintagmática. Por 
solidariedade, objetiva-se dizer que um elemento depende do outro para ser formado.
Saussure (2006, p. 17) afirma que a língua 
não se confunde com a linguagem; é somente uma parte determinada, 
essencial dela, indubitavelmente. É, ao mesmo tempo, um produto 
social da faculdade da linguagem e um conjunto de convenções 
necessárias adotadas pelo corpo social para permitir o exercício desta 
faculdade nos indivíduos. 
 
Você pode agora aprofundar seus estudos conhecendo a concepção de 
língua segundo Ferdinand de Saussure. 
UNIDADE 1 | LÍNGUA E LINGUAGEM
6
FIGURA 1 – A LÍNGUA SEGUNDO SAUSSURE – LINGUÍSTICA
FONTE: <https://4.bp.blogspot.com/-zxUkFh-30pk/WSrBgk9cXFI/AAAAAAAAAFc/LBFwhqi86j8-
1b0U-HCeajmdfVzqESOBACLcB/s400/A-L%25C3%25ADngua-Segundo-Saussure-
Lingu%25C3%25ADstica.jpg>. Acesso em: 26 jun. 2019.
3 ABORDAGEM DA LINGUAGEM E SEU USO
Quando buscamos estudar linguagem, vem à memória o nosso primeiro 
contato em ela, nos nossos primeiros anos de vida. Ainda assim, faltam-nos 
subsídios para termos clareza, para definirmos de forma correta, o que seria ao 
certo a linguagem. No meio acadêmico, faz-se necessário recorrer a autores para 
que possamos nos amparar em nossos estudos. Nessa busca é possível encontrar 
vários autores com suas experiências e suas abordagens.
Veremos a seguir a concepção de linguagem segundo alguns autores. 
Segundo estudos de Finger e Quadros (2008), a linguagem é, na perspectiva da 
teoria gerativa, um conjunto de representações mentais. Chomsky (apud FINGER; 
QUADROS, 2008, p. 51) compreende a língua atrelada a um conceito político e 
linguagem algo amplo, muito amplo. 
 
Diante disso, Chomsky (1986 apud FINGER; QUADROS, 2008, p. 51, grifos no 
original) estabelece duas perspectivas ao definir linguagem (definição metodológica):
Linguagem – E (E – language) – conceito técnico de linguagem como 
instância da linguagem externa, ou seja, a língua em uso no sentido 
de construção independente das propriedades da mente\cérebro, 
com caráter essencialmente epifenomenal, identificada também como 
performance. Linguagem – I (I- language) – objeto da teoria linguística 
que se caracteriza sob três pontos de vista: a) interna, no sentido de 
estado mental independentemente de outros elementos; b) individual, 
como capacidade própria do indivíduo (natureza humana); e c) 
intencional, de caráter funcional, no sentido de ser uma função 
que mapeia os princípios do estado inicial para o estado estável, 
identificada também como competência.
TÓPICO 1 | CONSTRUÇÃO DOS SIGNIFICADOS
7
Ainda sobre a concepção de linguagem: para Chomsky (apud FINGER; 
QUADROS, 2008, p. 51)
Sob essa concepção, uma teoria da linguagem, então, deve ser uma 
teoria linguística rigorosa e formal, capaz de tratar a linguagem como 
sistema computacional, em que o objeto de análise será a linguagem – I. 
a capacidade humana para a linguagem, ou seja, a competência, passa 
a ser traduzida pelo conceito de gramática – supondo-se uma relação 
isomórfica entre mente e cérebro – devido à postulação de que esta existe 
na mente e no cérebro. A partir dessa concepção é que se trata a linguagem 
como algo natural, ou seja, algo que é específico da natureza humana. 
DICAS
Segue a capa do livro em que encontraremos várias abordagens sobre 
linguagem; diferentes posicionamentos sobre o mesmo assunto. Este UNI sugere tal leitura. 
 
FIGURA – TEORIAS DE AQUISIÇAO DA LINGUAGEM
FONTE: <https://www.saraiva.com.br/teorias-de-aquisicao-da-linguagem-2609277.html#>. 
Acesso em: 26 jun. 2019.
Válido ainda é abordar o conceito de variação linguística. Esse conceito é 
muito utilizado no ensino de língua/linguagem. 
UNIDADE 1 | LÍNGUA E LINGUAGEM
8
ATENCAO
VARIEDADE LÍNGUÍSTICA, O QUE É?
A partir de Costa (1996, p. 51-53):
A língua não é, como muitos acreditam, uma entidade imutável, homogênea, que paira por 
sobre os falantes. Pelo contrário, todas as línguas vivas mudam no decorrer do tempo e o 
processo em si nunca para. Ou seja, a mudança linguística é universal, contínua, gradual e 
dinâmica, embora apresente considerável regularidade. A crença em uma língua estática e 
imutável está ligada principalmente à normatividade da gramática tradicional, que remota à 
Grécia Antiga, numa época em que os estudiosos estavam interessados principalmente em 
explicar a linguagem usada nos textos dos autores clássicos e em preservar a língua grega 
da "corrupção" e do "mau uso". A língua escrita – especialmente a dos clássicos – era tão 
valorizada que era considerada mais pura, mais bonita e mais correta do que qualquer outro 
tipo de linguagem. A linguística moderna, no entanto, prioriza a língua falada em relação à 
língua escrita por vários motivos, dentre eles pelo fato de que todas as sociedades humanas 
conhecidas possuem a capacidade da fala, mas nem todas possuem a escrita [...].
Na verdade, toda língua é um conjunto heterogêneo e diversificado porque as sociedades 
humanas têm experiências históricas, sociais, culturais e políticas diferentes e essas 
experiências se refletirão no comportamento linguístico de seus membros. A variação 
linguística, portanto, é inerente a toda e qualquer língua viva do mundo. Isso significa que 
as línguas variam no tempo, nos espaços geográfico e social e também de acordo com a 
situação em que o falante se encontra. Podemos exemplificar a variação temporal com a 
forma "você", que passou por uma grande transformação ao longo do tempo. No século XII, 
as pessoas diziam "vossa mercê" e hoje, na linguagem falada, e mesmo na escrita informal, 
encontramos "cê", que não é a melhor nem a pior que "você" ou "vossa mercê", embora entre 
os não-linguistas a tendência seja a de considerá-la ruim, feia ou deteriorada. Isso acontece 
porque a sociedade normalmente é conservadora e demora para aceitar as mudanças.
FONTE: COSTA, Vera Lúcia Anunciação. A importância do conhecimento da variação 
linguística. Educ. rev., Curitiba, n. 12, p. 51-60, dec. 1996. Disponível em: <http://www.scielo.
br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-40601996000100005&lng=en&nrm=iso>. Acesso 
em: 5 jun. 2019.
Já existem artigos que estão, inclusive, abordando a variação linguística em 
se tratando da LIBRAS. Compreendendo que há variação, que nenhuma língua é 
de fato totalmente homogênea, única e imutável dentro de um mesmo país. 
DICAS
Sugere-se a leitura dos seguintes textos:
(1) Uma dissertação disponível on-line, intitulada Variação Linguística em Língua de Sinais 
Brasileira – foco no Léxico, defendida em 2011 e cujo autor é Gláucio de Castro Júnior.
(2) Artigo disponível on-line com a seguinte referência: RODRIGUES, A; SILVA, A. A. Reflexões 
TÓPICO 1 | CONSTRUÇÃO DOS SIGNIFICADOS
9
sociolinguísticas sobre a libras (Língua Brasileira de Sinais). Estudos Linguísticos, São Paulo, 
46 (2): p. 686-698, 2017.
(3) Artigo disponível on-line com a seguinte referência: OLIVEIRA, R. C. A; MARQUES, R. R. 
Uso da variação linguística na língua brasileira de sinais. In: Revista Diálogos: linguagens em 
movimento. Caderno Estudos Linguísticos e Literários. Ano II, n. I, 2014. Cuiabá: 2014.
3.1 FUNÇÕES DA LINGUAGEM
Quando entendemos o que é linguagem, passamos para o estágio de que 
a linguagem tem várias funções. Buscando entender cada uma delas, percebemos 
que cada funçãoé de fundamental importância na formação da linguagem.
A linguagem tem várias funções que são usadas de acordo com a intenção 
do falante e estão diretamente relacionadas com elementos de comunicação, que 
são: emissor, receptor, contexto, mensagem, canal e código. 
As funções da linguagem foram estudadas por Jakobson. Tal autor, que 
fazia parte do Círculo Linguístico de Praga, dedicou-se “ao estudo de temáticas 
variadas, dentre elas, as funções das unidades linguísticas ou, como são mais 
conhecidas, as funções da linguagem. O linguista buscava compreender a 
finalidade com que a língua é utilizada” (WINCH; NASCIMENTO, 2012, p. 221). 
A partir desses estudos, ele chegou às funções discriminadas a seguir. 
3.1.1 Função referencial
Tal função é usada para informar ou referenciar sobre algo. É a função 
que dá destaque ao objeto, ao assunto do texto. O maior interesse é abordar o 
tema, trazendo dados ou esclarecimentos sobre o tema abordado: o referente. Por 
isso é chamada de “referencial” – com o foco no referente. Tal função pode estar 
presente em textos variados. 
No texto científico, certamente, é a principal função utilizada, tendo em 
vista que o texto científico tem sempre um foco, um tema, um objeto de estudo. 
Este objeto é descrito, explicado – deixando emoções de fora ou outros adornos. 
Evita-se o que tira o foco do objeto/assunto. Ao mesmo tempo, em outros textos, 
como na publicidade, há também a função referencial, uma vez que há um produto 
(o referente) que será destacado. “Um anúncio normalmente faz referência a 
produtos, serviços ou ideias” (SANTEE; SANTOS, 2016, p. 96). 
UNIDADE 1 | LÍNGUA E LINGUAGEM
10
3.1.2 Função poética
Usada para transmitir uma mensagem com estilo, muitas vezes esse estilo 
– as características únicas do texto, as marcas que o deixam único – podem ganhar 
mais destaque que o próprio objeto ou o assunto em si. Costumamos então dizer que 
a função poética ressalta a própria forma de expressar. Jakobson menciona que a 
ênfase cai sobre a forma de apresentar a mensagem, portanto, há todo um trabalho de 
seleção das palavras, das imagens, sons ou ritmos (WINCH; NASCIMENTO, 2012). 
Em outras palavras, quando “o texto pende para a mensagem em si 
mesma e demonstra interesse na forma de se comunicar, existe a função poética 
da linguagem. Ela não se resume à poesia, apesar de esta ser sua principal 
representante” (SANTEE; SANTOS, 2016, p. 97). 
3.1.3 Função conativa
A função conativa tem o foco no receptor, no interlocutor da mensagem 
– aquele que irá ouvi-la ou lê-la. Tal função “encontra sua expressão gramatical 
mais pura no vocativo e no imperativo” (JAKOBON, 2010, p. 159). Pode-se então 
deixar clara a presença de um “tu” ou “você” – mesmo que subentendidos, 
podendo estar na forma dos vocativos. Da mesma maneira, nem sempre pode ser 
uma ordem propriamente dita (modo imperativo), pode estar na forma de uma 
sugestão de algo, uma indicação, um conselho ou ainda um pedido. 
Também podemos observar esse exemplo em vários textos do nosso dia a 
dia, na conversa com amigos, conhecidos e familiares, na comunicação empresarial 
(como um e-mail informativo ou um aviso em mural) ou, ainda, na publicidade. 
Esta quase sempre apresenta seu produto ou serviço e, ao final, deixa alguma 
mensagem que procura orientar à compra: “não perca esta oportunidade”, 
“mamãe, você terá um rei na barriga”, “corra e garanta o seu”, “você não pode 
ficar de fora dessa”, “mulher, aproveite seu dia”, entre outros exemplos.
Vocativo é uma forma de chamamento, uma forma de chamar ou interpelar o 
interlocutor do discurso direto. Nos exemplos acima – presentes nos textos publicitários – 
temos dois exemplos de vocativo: mamãe e mulher. Dois termos usados para chamar.
UNI
3.1.4 Função emotiva
Também chamada de expressiva, é usada para transmitir emoções e 
sentimentos. Essa função está centrada na pessoa do discurso, no remetente, no 
locutor; ou seja, no autor do texto falado ou escrito. Para Santee e Santos (2016, 
TÓPICO 1 | CONSTRUÇÃO DOS SIGNIFICADOS
11
3.1.5 Função metalinguística
Usada para descrever uma linguagem usando ela mesma. Faz referência 
ao próprio código utilizado. Em aulas de Língua Portuguesa, a metalinguagem 
é muito comum: uma linguagem usada para falar da própria linguagem: artigo, 
adjetivo, substantivo, verbo, concordância nominal, entre outros termos que são 
usados para explicar, falar da própria linguagem. 
Nos textos do cotidiano, podemos observar também a presença de 
metalinguagem. Um exemplo está em uma antiga campanha da Sprite chamada as 
coisas como são – foi veiculada em meados de 2007. Tal campanha apresentava vídeos, 
anúncios e outdoores mostrando estratégias utilizadas na própria propaganda. Em 
um dos anúncios (para revistas), colocaram uma pessoa bebendo refrigerante e, ao 
lado, a parte verbal afirmava: “ver alguém beber dá sede”. Na mesma linha, foram 
inúmeras peças publicitárias. Existem vídeos no YouTube ainda hoje com exemplos 
dessas peças publicitárias veiculadas à TV naquela época. Caso queira procurar, no 
YouTube ou Google, pelas palavras: Sprite as coisas como são. 
Segue um exemplo de metalinguagem presente nessa campanha da Sprite, 
materializada em um outdoor.
FIGURA 2 – EXEMPLO DE METALINGUAGEM NA PROPAGANDA
FONTE: As autoras
p. 97), tal função apresenta uma “forte tendência à emoção, que é expressa pelas 
interjeições, adjetivos, advérbios, signos de pontuação etc. O emissor normalmente 
fala de si mesmo, dando vazão aos seus sentimentos com frases exclamativas”. 
Jackobson compreende que a emoção também comunica, que há um papel 
nas emoções. Os publicitários sabem disso muito bem, uma vez que, ao expressar 
seus sentimentos, o interlocutor pode acabar se reconhecendo, vendo a si mesmo. 
Dessa forma, constrói-se a identificação; esta é um bom estímulo à compra. 
UNIDADE 1 | LÍNGUA E LINGUAGEM
12
3.1.6 Função fática
A função fática, como citado anteriormente, é uma forma de testar se o 
interlocutor está presente e em contato. O foco, portanto, é no canal, testando se de fato 
a comunicação está funcionando. Quantas vezes perguntamos ao nosso interlocutor: 
“você está me ouvindo?” – por telefone ou mesmo pessoalmente, quando notamos 
alguém com um olhar distraído. De acordo com Jakobson (2010, p. 161),
Há mensagens que servem fundamentalmente para prolongar ou 
interromper a comunicação, para verificar se o canal funciona (“Alô, 
está me ouvindo?”), para atrair a atenção do interlocutor ou confirmar 
sua atenção continuada (“Está ouvindo?” ou, na dicção shakespeariana. 
“Prestai-me ouvidos!” - e no outro extremo do fio, “Hum-hum!”). 
 
Como apresentado, pode ser pelo fio (telefone) ou pessoalmente. Em sala 
de aula, perguntamos se o fundão pode nos ouvir. Não raro questionamos “você 
está conseguindo me entender?” Trata-se de formas de testar se o interlocutor 
está ligado a nós no momento de comunicação. 
A seguir, há uma figura que resume bem o que foi abordado nesse item 
(tendo como referência os dois polos. Na esquerda, o emissor (aquele que elabora 
a mensagem) e no lado direito, o receptor (aquele que, como o nome diz, recebe a 
mensagem ou a ouve). Entre os dois, os elementos como: o referente (o assunto/
objeto/tema), a mensagem (a mensagem em si e como ela é elaborada), o canal 
(por qual meio a comunicação se dá) e o código (por exemplo, uma imagem, um 
signo linguístico ou visual; uma imagem etc.).
FIGURA 3 – FUNCÕES DA LÍNGUA
FONTE: <https://static.todamateria.com.br/upload/fu/nc/funcoes.jpg>. Acesso em: 26 jun. 2019.
TÓPICO 1 | CONSTRUÇÃO DOS SIGNIFICADOS
13
Ao utilizar a linguagem, realizamos o emprego de uma das funções. Afinal, a 
linguagem atende aos usos e às necessidades de nosso dia a dia e dos mais variados textos 
que circulam na sociedade. Lembramos que nesses variados textos, de fato, podem ocorrer 
uma ou mais funções da linguagem. Elas podem ser muito bem amarradas para alcançar 
os objetivos propostos naquele texto. O caso da publicidade, certamente,é um contexto 
que utiliza as inúmeras funções para alcançar seus objetivos: divulgar e vender produtos 
e serviços. Contudo, não é o único caso. Há vários exemplos de textos que fazem uso das 
várias funções para alcançar objetivos.
UNI
4 O QUE SÃO LÍNGUAS NATURAIS?
Em nossos estudos de língua e linguagem sabemos que a ciência que 
estuda a língua se chama linguística. Esta ciência estuda as línguas naturais 
humanas, forma teorias e procura explicar como elas funcionam. Todavia, o que é 
exatamente uma língua? E qual é a diferença entre língua e linguagem? Tentando 
responder a estas perguntas, buscamos autores que as definem e também as 
respondem. Segundo Quadros e Karnopp (2004, p. 24) 
As pessoas frequentemente usam a palavra linguagem em uma 
variedade de sentidos: linguagem musical, linguagem corporal, 
linguagem das abelhas, entre outras possibilidades. Entretanto utiliza 
sessa palavra para significar o sistema linguístico que é geneticamente 
determinado para desenvolver-se nos humanos. Os seres humanos 
podem utilizar uma língua de acordo com a modalidade de percepção 
e produção desta; modalidade oral-auditiva (português, francês, 
inglês, etc.) ou modalidade visuoespacial (língua de sinais brasileira, 
língua de sinais americana língua de sinais francesa, etc.). 
SAIBA MAIS: Visuoespacial é a capacidade de percepção de objetos 
(reconhecimento, identificação dos objetos) e das relações entre eles – disposição, 
organização, ordem; enfim, trata-se do processamento de informações visuais. Para saber 
mais sobre o assunto, basta buscar os trabalhos relacionados a seguir. Faz parte da formação 
acadêmica buscar artigos em fontes seguras (periódicos online e bibliotecas universitárias). 
Abaixo há dois exemplos que, pelo título e pelos autores, vocês podem sim ter acesso.
UNI
UNIDADE 1 | LÍNGUA E LINGUAGEM
14
(1) GALERA, Cesar; GARCIA, Ricardo Basso; VASQUES, Rafael. Componentes funcionais da 
memória visuoespacial. Estud. av. São Paulo, v. 27, n. 77, p. 29-44, 2013. Disponível em: <http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142013000100004&lng=en&nr
m=iso>. Acesso em: 27  maio 2019.  http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40142013000100004.
(2) PESTANA, M. B. Memória de trabalho visuoespacial e posicionamento do pé no início do 
andar em pacientes com doença de Parkinson. 2018. Dissertação (Mestrado em Ciências 
da Motricidade – Interunidades) – Programa de Pós-Graduação em Ciências da Motricidade, 
Universidade Estadual Paulista, Rio Claro.
Podemos compreender que a linguagem está diretamente relacionada ao 
ser humano e tem enorme valor como instrumento de expressão do pensamento 
e de comunicação. Algumas reflexões podem ser feitas ainda nesse sentido: 
Mas como definir língua e linguagem? Como distinguir uma língua 
de outros sistemas de comunicação? Sabe-se que para o vocabulário 
inglês language encontra-se, no português, dois vocabulários: língua 
e linguagem. A diferença entre as duas palavras esta correlacionada, 
até certo ponto, com a diferença entre os dois sentidos da palavra 
inglesa language. A palavra linguagem aplica-se não apenas às línguas 
portuguesas, inglesas, espanholas, mas a uma série de outros sistemas 
de comunicação, notação ou cálculo, que são sistemas artificias e não 
naturais. Por exemplo, em português a palavra é usada com referência 
à linguagem em geral, e a palavra língua aplica-se às diferentes línguas, 
não só porque é usada para se referir às linguagens em geral, mas 
também porque é aplicado aos sistemas de comunicação, sejam naturais 
ou artificiais, humanos ou não (QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 24). 
O linguista tem como foco de suas pesquisas as línguas naturais. Para 
Lyons (1987 apud QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 24), a pergunta “o que é língua 
e linguagem?” traz em si pressuposição de que cada uma das milhares de línguas 
naturais, reconhecidamente distintas, é um caso específico que abrange algo mais 
geral. O que o linguista quer saber é se as línguas naturais possuem algo que não 
pertença a outros sistemas de comunicação; ou seja, seus aspectos únicos que 
façam com que ela receba o título de “língua”. 
Revisando a literatura relacionada aos estudos linguísticos, podemos 
encontrar uma série de definições de língua. Tais definições fornecem subsídios 
para a indicação de propriedades consideradas pela linguística essenciais às 
línguas naturais. Retomando uma citação já realizada, a língua:
não se confunde com linguagem: é somente uma parte determinada, 
essencial dela, indubitavelmente. É, ao mesmo tempo, um produto 
social da faculdade de linguagem e um conjunto de convenções 
necessárias, adotadas pelo corpo social para permitir o exercício dessa 
faculdade de indivíduo (SAUSSURE, 2006, p. 17).
TÓPICO 1 | CONSTRUÇÃO DOS SIGNIFICADOS
15
Outros autores trazem suas opiniões também sobre língua: Bloch e Trager 
(1942, p. 5 apud QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 25) afirmam que “uma língua é um 
sistema de símbolos vocais arbitrários por meio do qual um grupo social coopera”. 
Para Hall (1968, p. 158 apud QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 25) a língua(gem) é “a 
instituição pela qual os humanos se comunicam e interagem uns com os outros por 
meio de símbolos arbitrários orais-auditivos habitualmente utilizados”. 
DICAS
Você sabe o que é arbitrário?
Arbitrário é algo que é uma decisão, uma escolha. A partir dessa escolha, torna-se regra para 
um grupo social.
Para Quadros e Karnopp (2004), uma língua natural é uma realização 
da faculdade de linguagem. Cada uma das línguas naturais é um sistema que 
possibilita os seres humanos interagirem uns com os outros. 
ATENCAO
Quando estudamos estes temas e nos aprofundamos na complexidade do 
que define língua e linguagem, buscamos nos amparar em autores para que assim com suas 
pesquisas possam nos ajudar dando-nos um norte, certa clareza em nossas pesquisas e estudos.
 Lembre-se de que você é o autor dos seus conhecimentos, antes de adentrarmos no 
próximo tópico, procure fazer as leituras sugeridas aqui no seu livro didático, complementando 
seus conhecimentos, e seus aprendizados sobre os temas aqui discutidos e citados.
16
Neste tópico, você aprendeu que:
• A língua é um sistema altamente desenvolvido.
• A língua pode ser usada também para comunicar sentimentos e emoções. 
Além disso, há na língua o bate-papo social, as pequenas frases do dia a dia, 
tais como “oi, como vai você? Que dia frio!” 
• O padrão social tem sido chamado de comunicação fática e é primariamente 
uma estratégia para manter contato social em um nível amigável. 
• As pessoas podem usar a língua por razões puramente estéticas, como na 
poesia. 
• Para Saussure, a língua, para se tornar um sistema coerente e inteligível, precisa 
que as partes considerem as relações sincrônicas – em uma mesma época, todas 
as peças que formam o estado de uma língua em um determinado momento.
• A linguagem tem várias funções que são usadas de acordo com a intenção do 
falante e estão diretamente relacionadas com elementos de comunicação, que 
são: emissor, receptor, contexto, mensagem, canal e código. 
• Para Quadros e Karnopp (2004), uma das funções da linguagem é a função 
fática.
• Você aprendeu que as funções da linguagem são: função referencial, função 
poética, função conativa, função emotiva, função metalinguística, função fática.
RESUMO DO TÓPICO 1
17
1 Conforme Quadros e Karnopp (2004), a língua é um sistema 
altamente desenvolvido, consequentemente a função primária 
da língua é a comunicação e a expressão do pensamento. Com 
este pensamento, escolha a alternativa correta: 
a) ( ) A língua é usada somente para manter contato em um meio social.
b) ( ) As pessoas podem usar a língua por qualquer razão, embora não tem 
poesia na língua, ainda assim ela é muito usada.
c) ( ) A língua pode ser usada também para comunicar sentimentos e emoções, 
como a poesia.
d) ( ) A língua só não pode ser usada em bate-papos, em pequenas frases do 
dia a dia. 
2 Aprofundando nossos estudossobre linguagem, vimos que a 
linguagem apresenta seis funções:
Elenque as funções de acordo com as características a seguir:
I- Função Referencial 
II- Função Poética 
III- Função Conativa 
IV- Função Emotiva
V- Função Metalinguística 
VI- Função Fática
( ) Usada para convencer o receptor.
( ) Usada para transmitir uma mensagem mais poética.
( ) Usada para transmitir emoções e sentimentos.
( ) Usada para o bate papo social, nas pequenas frases do dia a dia. Oi, como 
vai você? Que dia frio!
( ) Usada para informar ou referenciar algo.
Agora, de acordo com a ordem, assinale a alternativa CORRETA.
a) I, III, II, V, VI, IV.
b) III, II, I, VI, IV, V.
c) III, II, IV, V, VI, I.
d) II, I, III, V, IV, VI.
e) I, II, III, IV, V, VI.
AUTOATIVIDADE
18
3 (QUESTÃO ENADE, 2014, com adaptações)
Restos
Minha Nossa Senhora do Bom Parto! O caminhão do lixo já deve ter passado! 
Eu juro, seu poliça, foi nessa lixeira aqui! Nessa mesminha! Eu vim catar 
verdura, sempre acho umas tomate, umas cenoura, uns pimentão por aqui. 
Tudo bonzinho, é só lavar e cortar os pedaço podre, que dá pra comer... Aí 
quando eu puxei umas folha de alface, levei o maior susto. Quase desmaiei, 
até. Eu, uma mulher assim fornida que nem o seu poliça tá vendo, imagine: 
fiquei de pernas bambas. Me deu até tontura. Acho que também por causa do 
fedor... Uma carniça que só o senhor cheirando, pra saber. Mas eu juro por 
tudo que é mais sagrado! Tinha sim um anjinho morto nessa lixeira! Nessa 
aqui! Coitadinho... Deve ter se esgoelado de tanto chorar. A gente via pela sua 
carinha de sofrimento. Ele tava com a boquinha aberta, cheinha de tapuru. Eu 
nem reparei se era menino ou menina, porque eu fiquei morrendo de pena... E 
de medo, também... Os olho... É do que mais me alembro... Esbugalhados, mas 
com a bola preta virada pra dentro, sabe? Ai! Soltei um berro e saí correndo. 
SERAFIM, L. Restos. In: SOUTO, A. Variação Linguística e texto
 literário: perspectivas para o ensino. Cadernos do CNLF,
 v. XIV, n. 4, t. 4, 2010, p. 3310 (adaptado).
Considerando a variedade linguística utilizada pela personagem do 
texto, avalie as afirmações a seguir.
I- A redução do verbo “estar”, como em “tá” e “tava”, é uma característica 
evidenciada na fala de sujeitos escolarizados e não escolarizados.
II- A eliminação da marca de plural, como em “os pedaço” e “pernas bamba”, 
é um traço das variedades linguísticas populares faladas e escritas.
III- A prótese do fonema /a/ em “alembro” é uma característica associada à história 
da língua portuguesa [ou seja, é possível observarmos certa época em que essa 
forma era falada; assim, alguns usuários ainda utilizam esta forma].
É CORRETO o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II.
d) II e III.
e) I, II e III.
19
TÓPICO 2
ESTUDOS DAS LÍNGUAS ORAIS E 
DE SINAIS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Você já está no Tópico 2. Dando continuidade aos nossos 
estudos, nós falaremos sobre os estudos das línguas orais e de sinais e o contexto 
linguístico destas línguas.
Começaremos a compreender que são línguas distintas, que cada uma tem 
uma gramática própria, você vai se entusiasmar com estes temas, pois quando 
compreendemos que são línguas diferentes compreendemos também que as 
duas têm a sua importância na formação dos usuários. 
DICAS
Caro acadêmico! Não se prenda somente à leitura deste livro didático, busque 
outras pesquisas e outros livros. Assim, seus estudos serão mais completos. Por meio dessa 
postura, você se torna um pesquisador, um investigador. O mundo da leitura é fascinante. 
2 CONTEXTO LINGUÍSTICO DAS LÍNGUAS 
Antes de entrarmos neste tema, vamos fazer um adendo e nos familiarizar 
e entender o que é linguística. Para Saussure (1916 apud QUADROS; KARNOPP, 
2004, p. 15), 
A linguística é o estudo científico das línguas naturais e humanas. As 
línguas naturais podem ser entendidas como arbitrárias e\ou como 
algo que nasce com o homem. Essas duas correntes estão relacionadas 
aos pensamentos filosóficos que se originam com Platão e Aristóteles. 
Esse último era naturalista quanto às proposições e convencionalista 
quanto às palavras, pois considera que as coisas eram infinitas e as 
palavras eram finitamente determinadas pelos seres humanos. Nesse 
sentido, a linguística estruturalista se desenvolveu.
UNIDADE 1 | LÍNGUA E LINGUAGEM
20
Podemos então perceber, com a leitura acima, que a linguística está 
voltada para nos ajudar, nos dar explicações dos fatos que acontecem com a 
língua e, ainda, dos fatos linguísticos em si. 
Entendemos que a linguística está tentando desvendar várias nuances 
que estão envolvidas na linguagem humana, os vários princípios. Tais nuances 
e características contribuem com a compreensão das línguas naturais. Quadros e 
Karnopp (2004, p. 16) afirmam que 
A área da linguística está crescendo como área de estudo, apresentando 
impacto nas áreas voltadas para educação, antropologia, sociologia, 
psicologia cognitiva, ensino de línguas, filosofia, informática, 
neurologia e inteligência artificial. [...] A linguística é uma ciência que 
busca respostas para problemas essenciais relacionados à linguagem 
que precisam ser explicados: Qual a natureza da linguagem humana? 
Como a comunicação se constitui? Quais os princípios que determinam 
a habilidade dos seres humanos em produzir e compreender a 
linguagem? A linguística desmembra tais questões com a finalidade 
de explicar os problemas e elaborar uma teoria da linguagem humana 
e uma teoria da comunicação. 
Podemos nos sentir mais seguros quando se trata de linguística, pois 
sabemos que esta área está em forte crescimento com inúmeras pesquisas. 
Pode-se dizer que a linguagem tem em si regras e estas regras fazem parte dos 
conhecimentos humanos que determinam a produção oral ou visuoespacial, seja 
qual for a língua, falada ou sinalizada.
 
Quadros e Karnopp (2004, p. 17) contribuem para refletirmos criticamente 
acerca destes estudos linguísticos:
Outro pressuposto básico dos estudos linguísticos aqui considerado 
constituiu a universalidade de tais princípios, ou seja, as investigações 
de aspectos específicos de cada língua revelam as características da 
linguagem humana. Portanto, independentemente do estudo de línguas 
especificas, tais como o inglês, a portuguesa língua de sinais brasileira, 
a língua de sinais americana, e assim por diante, é possível determinar 
os princípios universais que regem todas as línguas e, possivelmente, 
todas as línguas. Apesar das diferenças entre as línguas, as estruturas 
apresentam aspectos comuns que interessam as investigações 
linguísticas por explicarem a natureza da linguagem humana. 
 
Os estudos sobre linguagem humana, dentre diferentes abordagens 
procuram verificar o que as línguas/linguagens possuem em comum. Isso nos 
interessa demasiadamente, pois vai ao encontro do que pretendemos aqui. Neste 
momento por exemplo, vamos abordar a língua de sinais e suas características. 
TÓPICO 2 | ESTUDOS DAS LÍNGUAS ORAIS E 
21
ATENCAO
Desde o surgimento da linguística, muitos conceitos foram acrescentados, 
assim como outras compreensões sobre língua/linguagem. Uma delas, bastante valorizada, 
é a compreensão de que devemos ensinar língua/linguagem sempre a partir de situações 
concretas de interação. Assim, os alunos podem ir além do nível de decodificação (conseguir 
compreender o código), mas, também, poderá compreender as situações de usos. Isso faz 
muito sentido dentro dos estudos que valorizam a semântica e a pragmática. Os contextos, 
os usos e a língua/linguagem em momentos de interação (práticas sociais) são essenciais 
no processo de ensino; afinal, a língua tem essa natureza social – ela existe para nos 
comunicarmos uns com os outros. 
 Conforme aponta Geraldi (1984, p. 35):
Uma coisa é saber a língua, isto é, dominar as habilidades de uso 
da língua em situações concretas de interação, entendendo e 
produzindo enunciados, percebendo as diferenças entre uma 
forma de expressão e outra.Outra coisa é saber analisar uma 
língua dominando conceitos e metalinguagem a partir dos 
quais se fala sobre a língua, se apresentam suas características 
estruturais e de uso.
 A partir dessa ótica (entre outros conceitos envolvidos), entende-se que o ensino 
deve utilizar-se dos gêneros textuais que existem em sociedade, ou seja, os textos sempre 
compreendidos em seus contextos de interação. Desligar um do outro é perder muito na 
análise e na compreensão de textos.
3 LÍNGUAS DE SINAIS
“A língua dos surdos é transmitida cada vez que uma mãe surda 
segura seu bebê em seu peito e sinaliza para ele” (Halan Lane) 
Quando se trata de língua, o estudo vem nos mostrando que tanto as línguas 
de sinais ou as línguas orais estão em constante evolução e transformação, temos 
ainda muitas dúvidas, nossas pesquisas e estudos têm que ser constantes. Temos 
muitas dúvidas sobre as línguas de sinais, que nos geram perguntas do tipo: 
• A língua de sinais é universal?
• A língua de sinais é artificial?
• A língua de sinais tem gramática?
• A língua dos surdos é mímica?
• É possível expressar conceitos abstrato na língua de sinais?
 
Junto com alguns autores tentaremos responder a estas perguntas. 
UNIDADE 1 | LÍNGUA E LINGUAGEM
22
3.1 A LÍNGUA DE SINAIS É UNIVERSAL?
FIGURA 4 – A LÍNGUA DE SINAIS É UNIVERSAL
FONTE: <https://st2.depositphotos.com/2452383/10991/i/950/depositphotos_109913436-
stock-photo-globe-in-hand-the-whole.jpg>. Acesso em: 5 jul. 2019.
Esta é uma das dúvidas mais comuns quando se fala em língua de sinais, 
se ela é universal, se podemos usar a mesma língua em vários países. Estudos 
nos mostram que cada país tem a sua língua de sinais, desenvolve sua gramática, 
tornando assim cada língua de sinais única. Gesser (2009, p. 11) ainda conclui que:
 
Uma das crenças mais recorrentes quando se fala em língua de sinais é 
que ela é universal. Uma vez esta universalidade está ancorada na ideia 
de que toda língua de sinais é um “código” simplificado apreendido 
e transmitido aos surdos de forma geral, é muito comum pensar que 
todos os surdos falam a mesma língua em qualquer parte do mundo. 
Ora sabemos que nas comunidades de línguas orais, cada país, por 
exemplo, tem a sua própria língua. Embora se possa traçar um histórico 
das origens e apontar possíveis parentescos e semelhanças no nível 
estrutural das línguas humanas (sejam elas orais ou de sinais), alguns 
fatores favorecem a diversificação e a mudança da língua dentro 
de uma comunidade linguística, como, por exemplo, a extensão e a 
descontinuidade territorial, além dos contatos com outras línguas.
Agora podemos compreender de forma mais clara que as línguas de sinais 
não são universais e que cada país tem a sua própria língua e elas são diferentes, 
como por exemplo: nos Estados Unidos, os surdos utilizam a língua de sinais 
americana. Na França, a língua de sinais francesa. No Japão, a língua japonesa de 
sinais. No Brasil, a língua brasileira de sinais e assim por diante. Vejamos o sinal 
de mãe em quatro diferentes línguas de sinais nas figuras a seguir. 
TÓPICO 2 | ESTUDOS DAS LÍNGUAS ORAIS E 
23
FIGURA 5 – LÍNGUA ESPANHOLA DE SINAIS 
FONTE: Acervo da Uniasselvi
FIGURA 6 – LÍNGUA JAPONESA DE SINAIS
FONTE: Acervo da Uniasselvi
FIGURA 7 – LÍNGUA AUTRALIANA DE SINAIS
FONTE: Acervo da Uniasselvi
UNIDADE 1 | LÍNGUA E LINGUAGEM
24
FONTE: Acervo da Uniasselvi
FIGURA 8 – LÍNGUA AMERICANA DE SINAIS
Podemos ter certeza de que onde houver um surdo interagindo, a língua 
de sinais está presente. É possível afirmar que a necessidade de se comunicar é, de 
fato, uma característica humana, no caso dos surdos esta comunicação acontece 
através dos sinais. 
Outra pergunta muito comum é se a língua de sinais é artificial. 
3.2 A LÍNGUA DE SINAIS É ARTIFICIAL?
Sobre esta pergunta Gesser (2009, p. 12) afirma que:
Língua de sinais dos surdos é natural, pois evolui como parte de um 
grupo cultural do povo surdo. Consideram-se “artificiais” as línguas 
construídas e estabelecidas por um grupo de indivíduos com alguns 
propósitos específicos. O esperanto (língua oral) e o gestuno (língua 
de sinais) são exemplos de línguas “artificiais”, cujo objetivo maior é 
estabelecer a comunicação internacional. Esse tipo de língua funciona 
como uma língua auxiliar ou franca.
O gestuno é uma língua artificial de sinais conhecida como língua de sinais 
internacional, cujo objetivo é estabelecer a comunicação internacional.
FONTE: <http://periodicos.unb.br/index.php/belasinfieis/article/view/12984>. Acesso em: 1 jul. 2019.
UNI
Na década de 1960 houve a defesa contundente de que a língua de sinais 
é de fato uma língua natural. Tal trabalho foi liderado por Stokoe (QUADROS; 
KARNOPP, 2004). Ela possui características como todas as línguas naturais: 
flexibilidade, versatilidade, arbitrariedade, entre outros aspectos. Nas palavras 
de Brito (1998, p. 19),
TÓPICO 2 | ESTUDOS DAS LÍNGUAS ORAIS E 
25
3.3 A LÍNGUA DE SINAIS TEM GRAMÁTICA?
 Com certeza. A partir dos estudos de Stokoe, na década de 1960, a 
compreensão de que a língua de sinais possui uma gramática pôde avançar. 
Desde lá, a visão sobre a língua passou a ser completamente diferente.
 
É fato afirmar que as línguas orais já são estudadas há muito mais tempo 
em relação à língua de sinais. A partir da década de 1960, de fato, observou-se 
que a língua de sinais possui gramática própria – a partir dessa gramática, com 
a possibilidade infinita de produção de sentenças. Apenas nos últimos 40 anos a 
língua de sinais veio a ser observada cientificamente. Anteriormente, o sinal não 
era visto como uma língua com gramática própria (GESSER, 2009, p. 14).
DICAS
Sugere-se a leitura do livro Por uma gramática de sinais, de Lucinda Ferreira, 
que ajudará na compreensão do assunto abordado.
FONTE: <https://images.app.goo.gl/kQzVRmZRfEK8uMuj8>. Acesso em: 27 jun. 2019.
As línguas de sinais são línguas naturais porque como as línguas 
orais surgiram espontaneamente da interação entre pessoas e porque 
devido a sua estrutura permitem a expressão de qualquer conceito 
descritivo, emotivo, racional, literal, metafórico, concreto, abstrato 
enfim, permitem a expressão de qualquer significado decorrente da 
necessidade comunicativa e expressiva do ser humano. 
A língua além de ser histórica, humana e social, ainda é fruto da interação e 
meio de interação. Por meio dessa ferramenta (língua), podemos realizar atividade 
com o outro e sobre o outro, no momento de interação (linguagem). Em tempo: essa 
interação com o “outro” pode ser até mesmo consigo – sim, é possível estabelecer 
um diálogo consigo, uma reflexão, um questionamento, entre outras possibilidades.
UNIDADE 1 | LÍNGUA E LINGUAGEM
26
3.4 A LÍNGUA DOS SURDOS É MÍMICA?
Sobre esta pergunta, que infelizmente ainda é muito comum, podemos 
responder: é uma afirmação falsa. A língua dos surdos não é mímica. Para 
confirmar, Gesser (2009, p. 21) afirma: 
Quando me perguntam, entretanto, se a língua de sinais é mimica, 
entendo que está implícito a esta pergunta um preconceito muito grave, 
que vai além da discussão sobre a legitimidade linguística ou mesmo 
sobre quaisquer relações que ela possa ter (ou não) com a língua de 
sinais. Está associada a essa pergunta a ideia que muitos ouvintes têm 
sobre os surdos: uma visão embasada na anormalidade, segundo a qual 
o máximo que o surdo consegue expressar é uma forma pantomímica 
indecifrável e somente compreensível entre eles. Não à toa, as nomeações 
pejorativas anormais, deficiente, débil mental, mudo, surdo-mudo, 
mudinho tem sido equivocadamente atribuída a esses indivíduos.
Há, portanto, a possibilidade de aprendizagem do código, da gramática 
da língua de sinais. Somente o canal comunicativo é diferente, chamado de 
visual-gestual. Ainda assim, trata-se de uma língua natural, complexa e genuína 
(GESSER, 2009, p. 22).
3.5 É POSSÍVEL EXPRESSAR CONCEITOS ABSTRATOS NA 
LÍNGUA DE SINAIS?
Respondemos a esta pergunta com a afirmação: obviamente que sim.Muitas pessoas ainda pensam que não, mas pensam assim porque estão ainda 
ligadas ao pensamento de que a língua de sinais é limitada, pobre, simplificada, 
que não passa de um simples código primitivo, que é mimica, pantomima e 
gestos. Precisamos entender que sinais não são gestos. 
Significado de pantomima
Substantivo feminino: arte de demonstrar, através dos gestos e/ou expressões faciais, os 
sentimentos, pensamentos, ideias, sem utilizar palavras; mímica.
FONTE: <https://www.dicio.com.br/pantomima/>. Acesso em: 27 jun. 2019.
UNI
TÓPICO 2 | ESTUDOS DAS LÍNGUAS ORAIS E 
27
Gesser (2009, p. 23) afirma que: 
Assim é correto afirmar que as pessoas que falam línguas de sinais 
expressam sentimentos, emoções e quaisquer ideias ou conceitos 
abstratos. Tal como os falantes de línguas orais, os falantes de línguas de 
sinais podem discutir filosofia, política, literatura, assuntos cotidianos 
etc., nessa língua, além de transitar por diversos gêneros discursivos, 
criar poesias, fazer apresentações acadêmicas, peças teatrais, contar e 
inventar histórias e piadas.
DICAS
Trazemos para confirmar a afirmação de Gesser a ilustração do livro de 
Emmanuelle Laborrit, surda francesa. Emmanuelle escreveu: O voo da gaivota. Caro 
acadêmico! Você pode encontrar este livro! Aproveite e leia, é uma leitura muito agradável, 
você irá se encantar.
FONTE: <https://pt.scribd.com/doc/67465405/O-VOO-DA-GAIVOTA>.
Acesso em: 27 jun. 2019.
Emmanuelle Laborit (apud GESSER, 2009, p. 23) em seu belíssimo livro O voo da gaivota, 
afirma “Os sinais podem ser agressivos, diplomáticos, poéticos, filosóficos, matemáticos: 
tudo pode ser expresso por meio de sinais, sem perda nenhuma de conteúdo”.
Dessa forma, poderemos observar que sim, que através da língua de sinais 
elementos concretos, simbólicos, abstratos e emoções humanas podem ser expressos.
UNIDADE 1 | LÍNGUA E LINGUAGEM
28
4 DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS ENTRE AS LÍNGUAS DE SINAIS 
E AS LÍNGUAS ORAIS 
De acordo com algumas leituras realizadas, podemos evidenciar algumas 
semelhanças e diferenças entre a língua oral e a língua de sinais. Uma diferença 
notória é a forma como se comunicam. Na língua de sinais, que é uma língua de 
modalidade gestual-visual, os seus usuários utilizam como meio de comunicação, 
movimentos e expressões faciais que percebemos através da visão. Enquanto a 
língua oral é uma modalidade oral-auditiva; nela, seus usuários usam os sons, 
percebidos pelo ouvido.
Outra diferença é que, nas línguas orais-auditivas, o que é denominado de 
palavras, nas línguas de sinais, é denominado de sinais. 
 Já quanto às semelhanças, as duas línguas apresentam semelhanças na 
sua estrutura gramatical. As duas são estruturadas a partir de unidades mínimas 
que formam unidades mais complexas, então todas possuem os seguintes níveis 
linguísticos: o fonológico, o morfológico, o sintático e o semântico. 
As línguas se diferem também na forma como as combinações das 
unidades são construídas, a língua oral é linear enquanto a de sinais é simultânea. 
Os autores relacionados nos dão uma explicação para esta diferença, vejamos. 
 
Segundo Brito, Wilcox e Wilcox (1995; 1997 apud GESSER, 2009, p. 19), a 
explicação “para essa diferença se dá devido ao canal de comunicação em cada 
língua (visual-gestual x vocal-auditivo), pois essa característica fica mais saliente 
em uma língua do que em outra”.
 
Quadros e Karnopp (2004, p. 62) contribuem para refletirmos sobre essa 
discussão:
Confrontando-se língua de sinais com línguas orais, três importantes 
aspectos podem ser investigados: os princípios e universais 
linguísticos compartilhados entre línguas de sinais e línguas orais; as 
especificidades de cada língua; e as restrições devidas à modalidade 
de percepção e produção. A diferença entre línguas orais e de sinais no 
nível fonológico é difícil de ser estabelecida, considerando que muitos 
tópicos sobre a fonologia das línguas de sinais continuam sendo 
pesquisados e/ou ainda não foram investigados. 
 
Dessa forma, as línguas seguem sob investigação. Há muito ainda a se 
compreender sobre elas, comparativamente. Ainda assim, a compreensão que se 
busca na atualidade é o respeito por ambas, junto dos seus falantes/usuários.
29
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• A linguística é o estudo científico das línguas naturais e humanas. As línguas 
naturais podem ser entendidas como arbitrarias e\ou como algo que nasce 
com o homem.
• A linguística é a área que se preocupa com a natureza da linguagem e da 
comunicação.
• Vários estudos vêm nos mostrando que tanto as línguas de sinais ou as línguas 
orais estão em constante evolução e transformação.
• Podemos compreender de forma mais clara que as línguas de sinais não são 
universais e que cada país tem a sua própria língua e elas são diferentes, 
como por exemplo: nos Estados Unidos, os surdos “falam” a língua de sinais 
americana; na França a língua de sinais francesa; no Japão, a língua japonesa 
de sinais; no Brasil, a língua brasileira de sinais.
• A língua de sinais tem todas as características linguísticas de qualquer língua 
humana natural. 
• É possível expressar conceitos abstratos na língua de sinais. 
• Podemos evidenciar algumas semelhanças e diferenças entre a língua oral e a 
língua de sinais. Uma diferença notória é a forma como se comunicam. A língua 
de sinais que é uma língua de modalidade gestual-visual, os seus usuários 
utilizam como meio de comunicação, movimentos, gestuais e expressões 
faciais que percebemos através da visão. A língua oral é uma modalidade oral-
auditiva e seus usuários usam os sons, percebidos pelo ouvido.
• Confrontando-se língua de sinais com línguas orais, dois importantes aspectos 
podem ser investigados: os princípios e universais linguísticos compartilhados 
entre línguas de sinais e línguas orais.
30
1 Sabemos que a ciência que estuda as línguas é a linguística, 
então coloque V para as questões verdadeiras e F para as falsas, 
no que se refere a ela.
 
( ) No entanto entendemos que a linguística está tentando desvendar várias 
coisas que estão envolvidas somente na língua e não na linguagem humana.
( ) A linguística está voltada para nos ajudar, nos dar explicações dos fatos 
que acontecem com a língua dos fatos linguístico em si.
( ) Na verdade, linguística é a área que se preocupa com a natureza da 
linguagem e da comunicação. 
( ) A linguística está crescendo como área de estudo, apresentando impacto 
nas áreas voltadas para o estudo das línguas áreas como a: educação, 
antropologia, sociologia, psicologia cognitiva, ensino de linguagem, 
filosofia, informática, neurologia e inteligência artificial.
Assinale a alternativa CORRETA: 
a) ( ) F – V –F – F. 
b) ( ) F – V – V – V.
c) ( ) V – V – F – F.
d) ( ) F – F – V –V. 
2 Quando se trata de língua, o estudo vem nos mostrando que 
tanto as línguas de sinais ou as línguas orais estão em constante 
evolução e transformação; porém temos ainda muitas dúvidas, 
vamos analisar as perguntas a seguir e numerá-las de acordo 
com os estudos deste tópico. 
( 1 ) A língua de sinais é universal?
( 2 ) A língua de sinais é artificial?
( 3 ) A língua de sinais tem gramatica?
( 4 ) A língua dos surdos é mimica?
( 5 ) É possível expressar conceitos abstrato na língua de sinais?
( ) Crença. 
( ) Uma crença.
( ) Obviamente que sim. 
( ) Com certeza.
( ) Preconceito. 
Agora com base nas suas escolhas marque a alternativa CORRETA.
a) ( ) 1,2,3,5,4.
b) ( ) 1,3,2,4,5.
c) ( ) 4,3,2,5,1.
d) ( ) 2,1,5,3,4.
AUTOATIVIDADE
31
3 De acordo com a leitura realizada podemos evidenciar algumas 
semelhanças e diferenças entre a língua oral e a língua de sinais. 
Assinale V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas. 
( ) uma diferença notória é a forma como se comunicam, a língua de sinais 
que é uma língua de modalidade gestual-visual, os seus usuários utilizam 
como meio de comunicação, movimentos, gestuais e expressõesfaciais que 
percebemos através da visão, enquanto a língua oral é uma modalidade 
oral-auditiva, seus usuários utilizam os sons, percebidos pelo ouvido.
( ) Outra diferença é que nas línguas orais-auditivas o que é denominado de 
palavras, nas línguas de sinais é denominado de sinais.
( ) Já quanto às semelhanças, as duas línguas apresentam semelhanças na sua 
estrutura gramatical. As duas são estruturadas a partir de unidades mínimas 
que formam unidades mais complexas, então todas possuem os seguintes 
níveis linguísticos: o fonológico, o morfológico, o sintático e o semântico. 
( ) As línguas se diferem também na forma como as combinações das 
unidades são construídas, a língua oral é linear enquanto a de sinais é 
simultânea.
Agora, escolha a opção CORRETA.
a) ( ) F, F, F, V.
b) ( ) V, V, V, F.
c) ( ) V, V, V, V.
d) ( ) F, V, F, V.
4 (QUESTÃO ENADE 2017) 
As línguas naturais são, por natureza, um fenômeno sensível ao 
contexto. Mas os eventos de fala variam muito em relação à dependência 
contextual. Quando os interagentes partilham uma grande carga de 
pressuposições pragmáticas sobre o mundo, sua interação tenderá a ser mais 
contextualmente dependente. Ao contrário, quando a interação se desenvolve 
entre falantes com antecedentes mais distintos, a interação tende a ser marcada 
por menos dependência contextual e, consequentemente, por mais explicitude 
e precisão na escolha das palavras. Gumperz (1976) observa que, para serem 
eficientes nessas ocasiões, os falantes têm de estar conscientes das diferenças 
no processo interpretativo. Não podem esperar que suas convenções 
comunicativas não verbalizadas, próprias do seu grupo primário de relações, 
sejam compreendidas por outros e têm de demonstrar mais flexibilidade no 
seu repertório estilístico. Em outras palavras, os falantes precisam monitorar-
se mais ou menos, em função do grau de conhecimento compartilhado com os 
seus interlocutores. 
BORTONI-RICARDO, S. M. Nós chegamos na escola, e agora? São Paulo: Parábola Editorial, 
2005 (adaptado).
Considerando o texto, avalie as afirmações a seguir:
32
I- Os eventos de fala são coconstruídos pelos participantes e seu sucesso 
depende, dentre outros fatores, da conscientização dos interagentes sobre 
as convenções de contextualização compartilhadas (ou não) pelo grupo.
II- O usuário competente da língua desvia o olhar das convenções próprias 
dos eventos de fala e concentra-se na organização estrutural do código e 
em uma seleção lexical adequada para cada interlocutor.
III- A competência comunicativa de um falante deve ser medida pelo grau 
de explicitação argumentativa e riqueza vocabular, sem considerar a 
experiência prévia deste falante nesta comunidade.
IV- Uma interação sensível ao contexto comunicativo deve levar em conta 
o conhecimento de mundo compartilhado (ou não) pelos interagentes, 
o que implicará maior envolvimento dos interlocutores no processo de 
comunicação.
É CORRETO apenas o que se afirma em:
a) ( ) I e III.
b) ( ) I e IV.
c) ( ) II e III.
d) ( ) I, II e IV.
e) ( ) II, III e IV.
33
TÓPICO 3
CONCEITUANDO SIGNIFICADO E
SIGNIFICANTE DAS LÍNGUAS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico falaremos sobre o significado e o significante, e não temos 
como falar de significado e significante sem falar dos estudos do significado 
linguístico.
 
Apresentaremos também o estudo deste significado, falaremos 
de: significado e de significante; como estes conceitos estão nas línguas e, 
consequentemente, nas línguas de sinais.
 
Para iniciarmos e termos uma compreensão completa destas terminologias, 
iniciaremos este tópico falando do signo, pois ele é o elemento composto pelas 
suas duas faces: o significado e o significante.
2 O CONCEITO DE SIGNO
A língua oral utiliza-se de sons. Esses, isoladamente, não constroem nada. 
No entanto, quando são organizados a partir da organização da língua, passam a 
ter sentido. Eu só reconheço alguém falando francês se eu também estou inserido 
no universo dessa língua – nós compartilhamos o mesmo sistema. Por isso a 
comunicação é possível. 
 
Sem um sistema que organize tudo isso, o próprio pensamento seria 
uma massa amorfa, sem forma, sem sentido. A língua, portanto, é o que dá 
sentido. Pode-se dizer que ela é “o intermediário entre o pensamento e os sons, 
possibilitando, assim, que entre a massa amorfa do pensamento humano e a 
profusão indeterminada de sons, surja uma espécie de faixa de organização a 
qual se chamaria língua” (RODRIGUES, 2008, p. 10). 
 
Em outras palavras, é a língua que dá sentido aos sons, organiza-os, 
formando signos. Esses signos são construídos de forma arbitrária – escolhas 
coletivas. Ao mesmo tempo que eles são coletivos, socialmente construídos, eles 
podem variar em certo nível de sujeito para sujeito. 
Ainda sobre o valor (o sentido) de cada signo ser produzido coletivamente, 
recorremos a Rodrigues (2008, p. 9-10):
34
UNIDADE 1 | LÍNGUA E LINGUAGEM
Os fonemas seriam equivalentes ao papel e à tinta com que se fazem 
as notas de dinheiro. O valor atribuído às notas, por sua vez, seria 
comparável ao significado dos signos linguísticos. O processo de 
formação dos signos, sob o aspecto social, seria, portanto, exatamente 
o mesmo processo utilizado no sistema financeiro.
Assim, podemos compreender que o signo só fará sentido se ele tiver um 
significado, um valor socialmente construído. Vamos a um exemplo: ao escutar 
a palavra cachorro, reconhecemos a sequência de sons que formam essa palavra. 
Esses sons se identificam com a lembrança deles que está em nossa memória. Essa 
lembrança constitui uma real imagem sonora, armazenada em nosso cérebro que 
é o significante do signo cachorro.
Quando escutamos essa palavra, logo pensamos em um animal irracional 
de quatro patas, com pelos, olhos, orelhas etc. Esse conceito que nos vem à mente é 
o significado do signo cachorro e também se encontra armazenado em nossa memória.
 
Ao empregar os signos que formam a nossa língua, devemos obedecer 
às regras gramaticais convencionadas pela própria língua. Desse modo, por 
exemplo, é possível colocar o artigo indefinido “um” diante do signo cachorro, 
formando a sequência “um cachorro”, o mesmo não seria possível se quiséssemos 
colocar o artigo “uma” diante do signo cachorro.
 
A sequência “uma cachorro” contraria uma regra de concordância da 
língua portuguesa, o que faz com que essa sentença seja rejeitada. Os signos 
que constituem a língua obedecem a padrões determinados de organização. O 
conhecimento de uma língua engloba tanto a identificação de seus signos, como 
também o uso adequado de suas regras combinatórias.
Signo: elemento representativo que possui duas partes indissolúveis: significado e 
significante
Signo = significado (é o conceito, a ideia transmitida pelo signo, a parte abstrata do signo) + 
significante (é a imagem sonora, a forma, a parte concreta do signo, suas letras e seus fonemas).
UNI
3 O CONCEITO DE SIGNIFICADO
Quando pensamos nessa temática nos vem à mente as aulas de português, 
e é isso mesmo precisaremos entender primeiro: na língua portuguesa o que é 
significado? Para depois adentrarmos em outra língua, neste caso, a língua de sinais. 
TÓPICO 3 | CONCEITUANDO SIGNIFICADO E SIGNIFICANTE DAS LÍNGUAS
35
Vêm-nos à mente também alguns questionamentos. O que é o significado? 
O que entendemos por significado? Quando nos questionamos, levantamos a 
hipótese de que realmente existe algo que seja o significado. 
 
Vamos dar continuidade aos nossos estudos respondendo às perguntas acima.
3.1 O QUE É SIGNIFICADO?
Os significados são entidades abstratas que existem na mente dos falantes 
de uma determinada língua. Significado é, portanto, entidade mental. Ou seja, nós 
temos um conjunto complexo de informações acumuladas ao longo da história da 
humanidade. Então quando usamos uma determinada palavra da nossa língua 
fazemos ecoar por meio desta palavra um processo histórico que forma conceitos 
sobre a vida e sobre o mundo.

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