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Indaial – 2019 Semântica e Pragmática daS LínguaS Prof.a Jeice Campregher Prof.a Valeria Aparecida Camerlengo 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2019 Elaboração: Prof.a Jeice Campregher Prof.a Valeria Aparecida Camerlengo Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: C182s Campregher, Jeice Semântica e pragmática das línguas. / Jeice Campregher; Valeria Aparecida Camerlengo; . – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 175 p.; il. ISBN 978-85-515-0341-6 1. Semântica. – Brasil. 2. Pragmática. – Brasil. I. Camerlengo, Valeria Aparecida. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 415 III aPreSentação Ao estudarmos as línguas, poderemos receber auxílio da área da Linguística, estudando um elemento por vez, tal como o léxico, a morfologia, a sintaxe, fonética e fonologia, a semântica e a pragmática. Faz-se relevante estudar um tópico por vez e, ao olhar para o todo, é possível verificar que cada elemento constitui a identidade de uma língua, fazendo que ela seja como for: semelhante em alguns aspectos, diferente das outras línguas em outros quesitos. O mesmo acontece com a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Analisando-a de perto, veremos que ela possui semelhanças com outras línguas naturais – um exemplo é a própria Língua Portuguesa –, contudo, em alguns aspectos, ela possui características únicas que fazem dela uma língua única, capaz de responder às necessidades comunicativas da comunidade surda brasileira. Esse estudo contribui muito com a compreensão das características (semelhanças ou diferenças) dessa língua tão importante em nosso país. Da mesma maneira, dá ênfase a aspectos relativos à semântica e à pragmática – como cada uma dessas áreas, entre outras, pode auxiliar na compreensão de aspectos relevantes aos seus usuários. Um deles é de que forma o contexto contribui com a compreensão de enunciados/sentenças que, sem a clareza possibilitada pelo contexto, poderiam não ser compreendidos ou, ainda, ser muito mal compreendidos. Tal confusão é possível em várias línguas, não somente na Libras. Por esse motivo, o estudo da semântica e da pragmática tem grande relevância ao estudarmos ou aprendermos uma língua. A organização deste livro se dá em três partes: na Unidade 1 são explorados os seguintes conceitos: língua e linguagem. Tal unidade está dividida em três tópicos. O primeiro explora a construção dos significados. O segundo, o estudo das línguas orais e de sinais. O Tópico 3 conceitua o significado e o significante das línguas. A Unidade 2 investiga a possibilidade de investigar as línguas por meio da linguística. A unidade está dividida em três tópicos. O primeiro aborda as áreas da linguística; o segundo, em especial, a ambiguidade e a polissemia; o terceiro, a semântica e a pragmática das línguas. A Unidade 3, a linguística e a língua de sinais Brasileira, é dividida também em três etapas. No primeiro tópico, a linguística e as línguas de sinais. No segundo tópico, o sentido dos sinais na Língua Brasileira de Sinais. O terceiro tópico aborda a semântica e a pragmática das línguas naturais, com ênfase na Libras. Desejamos que você, acadêmico, tenha sucesso em seus estudos! Jeice Campregher Valeria Aparecida Camerlengo IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI V VI VII UNIDADE 1 – LÍNGUA E LINGUAGEM ............................................................................................1 TÓPICO 1 – CONSTRUÇÃO DOS SIGNIFICADOS ........................................................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3 2 ABORDAGEM DA LÍNGUA E SEU USO ........................................................................................3 3 ABORDAGEM DA LINGUAGEM E SEU USO ...............................................................................6 3.1 FUNÇÕES DA LINGUAGEM .........................................................................................................9 3.1.1 Função referencial .....................................................................................................................9 3.1.2 Função poética......................................................................................................................... 10 3.1.3 Função conativa ...................................................................................................................... 10 3.1.4 Função emotiva ....................................................................................................................... 10 3.1.5 Função metalinguística .......................................................................................................... 11 3.1.6 Função fática ............................................................................................................................ 12 4 O QUE SÃO LÍNGUAS NATURAIS? .............................................................................................. 13 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 16 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 17 TÓPICO 2 – ESTUDOS DAS LÍNGUAS ORAIS E DE SINAIS .................................................... 19 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 19 2 CONTEXTO LINGUÍSTICO DAS LÍNGUAS ............................................................................... 19 3 LÍNGUAS DE SINAIS ......................................................................................................................... 21 3.1 ALÍNGUA DE SINAIS É UNIVERSAL? ...................................................................................... 22 3.2 A LÍNGUA DE SINAIS É ARTIFICIAL? ...................................................................................... 24 3.3 A LÍNGUA DE SINAIS TEM GRAMÁTICA? ............................................................................. 25 3.4 A LÍNGUA DOS SURDOS É MÍMICA? ....................................................................................... 26 3.5 É POSSÍVEL EXPRESSAR CONCEITOS ABSTRATOS NA LÍNGUA DE SINAIS? .............. 26 4 DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS ENTRE AS LÍNGUAS DE SINAIS E AS LÍNGUAS ORAIS .......................................................................................................................... 28 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 29 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 30 TÓPICO 3 – CONCEITUANDO SIGNIFICADO E SIGNIFICANTE DAS LÍNGUAS ............ 33 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 33 2 O CONCEITO DE SIGNO .................................................................................................................. 33 3 O CONCEITO DE SIGNIFICADO ................................................................................................... 34 3.1 O QUE É SIGNIFICADO? .............................................................................................................. 35 4 O CONCEITO DE SIGNIFICANTE ................................................................................................ 37 5 O SIGNIFICANTE E O SIGNIFICADO NAS LÍNGUAS DE SINAIS ...................................... 37 5.1 SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO EM LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA – LIBRAS ........ 38 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 42 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 46 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 47 Sumário VIII UNIDADE 2 – LINGUÍSTICA E AS LÍNGUAS ................................................................................ 49 TÓPICO 1 – ÁREAS DA LINGUÍSTICA ............................................................................................ 51 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 51 2 ESTUDOS LINGUÍSTICOS ............................................................................................................... 52 2.1 NÍVEIS LINGUÍSTICOS ................................................................................................................ 53 2.1.1 Fonética ................................................................................................................................... 53 2.1.2 Fonologia ................................................................................................................................. 55 2.1.3 Morfologia .............................................................................................................................. 56 2.1.4 Sintaxe ..................................................................................................................................... 57 2.1.5 Semântica ................................................................................................................................. 60 2.1.6 Pragmática .............................................................................................................................. 62 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 64 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 65 TÓPICO 2 – SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA DAS LÍNGUAS .................................................... 69 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 69 2 SEMÂNTICA ........................................................................................................................................ 69 2.1 ANTONÍMIA ................................................................................................................................... 71 2.2 SINONÍMIA ...................................................................................................................................... 73 3 PRAGMÁTICA .................................................................................................................................... 74 4 QUAL É A FINALIDADE DISSO TUDO? ...................................................................................... 76 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 80 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 81 TÓPICO 3 – AMBIGUIDADE E POLISSEMIA ................................................................................ 83 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 83 2 AMBIGUIDADE .................................................................................................................................. 83 2.1 AMBIGUIDADE ESTRUTURAL ................................................................................................... 83 2.2 AMBIGUIDADE LEXICAL ............................................................................................................ 83 3 AMBIGUIDADE LEXICAL: POLISSÊMICA E HOMÔNIMA .................................................... 86 3.1 POLISSEMIA ................................................................................................................................... 87 3.2 HOMONÍMIA .................................................................................................................................. 89 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 94 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................100 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................101 UNIDADE 3 – A LINGUÍSTICA E A LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA ...............................103 TÓPICO 1 – A LINGUÍSTICA E AS LÍNGUAS DE SINAIS ........................................................105 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................105 2 LIBRAS E OS ESTUDOS LINGUÍSTICOS ...................................................................................106 3 FONÉTICA E FONOLOGIA DA LÍNGUA DE SINAIS ............................................................107 4 MORFOLOGIA DAS LÍNGUAS DE SINAIS ..............................................................................116 5 SINTAXE DAS LÍNGUAS DE SINAIS .........................................................................................119 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................126AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................128 TÓPICO 2 – O SENTIDO DOS SINAIS NA LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA ..................131 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................131 2 O SENTIDO DAS PALAVRAS .......................................................................................................131 3 SENTIDO DOS SINAIS ...................................................................................................................133 IX 3.1 POLISSEMIA: SIGNIFICANTES IGUAIS X SIGNIFICADOS DIFERENTES .....................136 3.2 HOMONÍMIA: SIGNIFICANTES SEMELHANTES X SIGNIFICADOS DIFERENTES ....139 3.3 SINONÍMIA: SIGNIFICANTE DIFERENTES X SIGNIFICADOS APROXIMADOS ..........140 3.4 ANTONÍMIA: SIGNIFICANTES DIFERENTES X SIGNIFICADOS OPOSTOS ................142 3.5 PARONÍMIA: SIGNIFICANTE PARECIDOS X SIGNIFICADOS DIFERENTES ..............146 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................148 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................149 TÓPICO 3 – SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA DAS LÍNGUAS NATURAIS ............................151 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................151 2 SEMÂNTICA E O ESTUDO DOS SIGNIFICADOS DAS LÍNGUAS NATURAIS .............151 3 PRAGMÁTICA E O ESTUDO DOS SIGNIFICADOS DAS LÍNGUAS NATURAIS ..........159 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................164 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................168 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................169 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................171 X 1 UNIDADE 1 LÍNGUA E LINGUAGEM OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • entender a construção dos significados; • identificar língua e linguagem; • compreender o uso da linguagem; • conhecer o que são línguas naturais; • reconhecer o contexto linguístico das línguas; • identificar significado e significante. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – CONSTRUÇÃO DOS SIGNIFICADOS TÓPICO 2 – ESTUDOS DAS LÍNGUAS ORAIS E DE SINAIS TÓPICO 3 – CONCEITUANDO SIGNIFICADO E SIGNIFICANTE DAS LÍNGUAS 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 CONSTRUÇÃO DOS SIGNIFICADOS 1 INTRODUÇÃO Caro acadêmico! A partir deste momento, iniciaremos os estudos sobre a semântica e a pragmática das línguas. Neste tópico serão abordados os assuntos: a construção dos significados, o que é língua e o que é linguagem e o seu uso, o que são línguas naturais, conhecimentos oriundos da linguística, o significado e o significante. A linguagem é a capacidade de desenvolvimento de compreensão que o ser humano usa para produzir, compreender e desenvolver uma língua. A linguagem é viva, é a manifestação que envolve inúmeros aspectos, expressões culturais, assim como a pintura, a música e a dança. A língua é um conjunto organizado de elementos e regras que possibilitam a comunicação. Sem esse conjunto de regras ser respeitado, dificilmente a compreensão ocorreria entre os interlocutores – tanto na fala quanto na escrita. 2 ABORDAGEM DA LÍNGUA E SEU USO O ser humano é constituído de subjetividade, respeitado por poder se comunicar, poder expressar suas ideias, seus pensamentos, emoções, e, é tudo isso que nos diferencia de outras espécies. Com a língua podemos falar sobre amor e ódio; podemos persuadir e podemos nos relacionar. A língua e a linguagem humanas são demasiadamente desenvolvidas. Por meio dessa habilidade foi possível dividir o conhecimento e, também, acumular conhecimento das mais variadas formas. Entre elas, pergaminhos, livros, materiais digitais, arquivos de áudio e vídeo. Hoje, todos os conhecimentos que uma pessoa pretenda adquirir, de fato, pode ter acesso a eles de inúmeras maneiras. Tudo graças à língua e à linguagem. A língua e a linguagem são objetos de pesquisa de muitos autores, cada autor com sua concepção e arcabouço teórico. Cada um trazendo um olhar diferenciado que muito pode contribuir com os nossos estudos. Apresentaremos aqui a visão de língua nas pesquisas de três autores, são eles: Quadros, Karnopp e Saussure. Vamos iniciar pelos dois primeiros. Conforme Quadros e Karnopp (2004, p. 29) UNIDADE 1 | LÍNGUA E LINGUAGEM 4 A língua, é um sistema altamente desenvolvido. Mas há em aspecto a considerar: Como e quando a criança começa a falar? Como a língua começou? Por que a língua começou? Parecem questões que atualmente estão mais claras. Possivelmente, ela começou porque os humanos necessitam de um grau maior de cooperação com o outro afim de sobreviverem, e esta cooperação requer uma eficiente comunicação, consequentemente a função primária da língua é a comunicação e a expressão do pensamento. Ainda para Quadros e Karnopp (2004, p. 29), A língua pode ser usada também para comunicar sentimentos e emoções. Além disso, há na língua o bate-papo social, as pequenas frases do dia a dia. “Oi, como vai você? Que dia frio!”. Este padrão social tem sido chamado de comunicação fática e é primariamente uma estratégia para manter contato social em um nível amigável. As pessoas podem usar a língua por razões puramente estéticas, como na poesia. Essas são apenas algumas das funções da língua. Quadros e Karnopp (2004) abordam o uso da língua para se comunicar e apresentar sentimentos e emoções. Para Quadros e Karnopp (2004), uma das funções da linguagem é a função fática. Uma estratégia para manter o contato social, observar se o nosso interlocutor está ligado a nós no momento da interação. Adiante serão abordadas as funções da linguagem com maior ênfase. Ainda assim, vale um breve comentário. A Função Fática é uma das funções da linguagem. Ela privilegia a interação entre um emissor e um receptor, na oralidade, um locutor e um interlocutor. Ao ser exercida a função fática, ela abre um diálogo/interação; estabelece ou interrompe a comunicação. Podem ser observadas em cumprimentos, despedidas ou em diversas maneiras nos diálogos do dia a dia. UNI Se entendemos que a linguagem pode utilizar-se de variados materiais, tais como imagens e palavras, precisamos também estudar mais o que são as palavras, a língua, a materialidade a partir da qual cada um dos sujeitos (na fala e na escrita) podem produzir linguagem. Em outras palavras, a partir da língua e da criatividade do sujeito, são produzidos textos orais e escritos. Esses sujeitos, claro, sempre analisando outros elementos tais como o contexto, a circunstância, o interlocutor (quem lerá ou ouvirá a mensagem), entre outros aspectos. Assim, questionamos, o que é a língua? TÓPICO 1 | CONSTRUÇÃO DOS SIGNIFICADOS 5 Para Saussure, a língua, para se tornar um sistema coerente e inteligível, precisa que as partes considerem as relações sincrônicas – em uma mesma época, todas as peças que formam o estado de uma língua em um determinado momento. Pode-se pensar em um quebra-cabeças: cada peça ajuda a dar coerência ao todo. Para Saussure (2006), sincrônico refere-se a um estado, a um recorte, a um dado momento; já o diacrônico, a “tudo que diz respeito às evoluções. Do mesmo modo, sincronia e diacronia designarão respectivamenteum estado de língua e uma fase de evolução” (SAUSSURE, 2006, p. 96). Veja os sentidos a seguir: • Paradigmática: um modelo ou padrão a seguir. Tal termo tem origem no grego paradeigma que significa modelo ou padrão; diz respeito a algo que vai servir de modelo ou exemplo a ser seguido em determinada situação. • Sintagmática: trata-se de uma unidade formada por uma ou várias palavras; juntas, desempenham uma função sintática na frase. Tais unidades se combinam em torno de um núcleo. Esse conjunto (um sintagma) desempenha uma função na frase. UNI Por língua entende-se um conjunto de elementos que podem ser estudados simultaneamente, tanto na associação paradigmática como na sintagmática. Por solidariedade, objetiva-se dizer que um elemento depende do outro para ser formado. Saussure (2006, p. 17) afirma que a língua não se confunde com a linguagem; é somente uma parte determinada, essencial dela, indubitavelmente. É, ao mesmo tempo, um produto social da faculdade da linguagem e um conjunto de convenções necessárias adotadas pelo corpo social para permitir o exercício desta faculdade nos indivíduos. Você pode agora aprofundar seus estudos conhecendo a concepção de língua segundo Ferdinand de Saussure. UNIDADE 1 | LÍNGUA E LINGUAGEM 6 FIGURA 1 – A LÍNGUA SEGUNDO SAUSSURE – LINGUÍSTICA FONTE: <https://4.bp.blogspot.com/-zxUkFh-30pk/WSrBgk9cXFI/AAAAAAAAAFc/LBFwhqi86j8- 1b0U-HCeajmdfVzqESOBACLcB/s400/A-L%25C3%25ADngua-Segundo-Saussure- Lingu%25C3%25ADstica.jpg>. Acesso em: 26 jun. 2019. 3 ABORDAGEM DA LINGUAGEM E SEU USO Quando buscamos estudar linguagem, vem à memória o nosso primeiro contato em ela, nos nossos primeiros anos de vida. Ainda assim, faltam-nos subsídios para termos clareza, para definirmos de forma correta, o que seria ao certo a linguagem. No meio acadêmico, faz-se necessário recorrer a autores para que possamos nos amparar em nossos estudos. Nessa busca é possível encontrar vários autores com suas experiências e suas abordagens. Veremos a seguir a concepção de linguagem segundo alguns autores. Segundo estudos de Finger e Quadros (2008), a linguagem é, na perspectiva da teoria gerativa, um conjunto de representações mentais. Chomsky (apud FINGER; QUADROS, 2008, p. 51) compreende a língua atrelada a um conceito político e linguagem algo amplo, muito amplo. Diante disso, Chomsky (1986 apud FINGER; QUADROS, 2008, p. 51, grifos no original) estabelece duas perspectivas ao definir linguagem (definição metodológica): Linguagem – E (E – language) – conceito técnico de linguagem como instância da linguagem externa, ou seja, a língua em uso no sentido de construção independente das propriedades da mente\cérebro, com caráter essencialmente epifenomenal, identificada também como performance. Linguagem – I (I- language) – objeto da teoria linguística que se caracteriza sob três pontos de vista: a) interna, no sentido de estado mental independentemente de outros elementos; b) individual, como capacidade própria do indivíduo (natureza humana); e c) intencional, de caráter funcional, no sentido de ser uma função que mapeia os princípios do estado inicial para o estado estável, identificada também como competência. TÓPICO 1 | CONSTRUÇÃO DOS SIGNIFICADOS 7 Ainda sobre a concepção de linguagem: para Chomsky (apud FINGER; QUADROS, 2008, p. 51) Sob essa concepção, uma teoria da linguagem, então, deve ser uma teoria linguística rigorosa e formal, capaz de tratar a linguagem como sistema computacional, em que o objeto de análise será a linguagem – I. a capacidade humana para a linguagem, ou seja, a competência, passa a ser traduzida pelo conceito de gramática – supondo-se uma relação isomórfica entre mente e cérebro – devido à postulação de que esta existe na mente e no cérebro. A partir dessa concepção é que se trata a linguagem como algo natural, ou seja, algo que é específico da natureza humana. DICAS Segue a capa do livro em que encontraremos várias abordagens sobre linguagem; diferentes posicionamentos sobre o mesmo assunto. Este UNI sugere tal leitura. FIGURA – TEORIAS DE AQUISIÇAO DA LINGUAGEM FONTE: <https://www.saraiva.com.br/teorias-de-aquisicao-da-linguagem-2609277.html#>. Acesso em: 26 jun. 2019. Válido ainda é abordar o conceito de variação linguística. Esse conceito é muito utilizado no ensino de língua/linguagem. UNIDADE 1 | LÍNGUA E LINGUAGEM 8 ATENCAO VARIEDADE LÍNGUÍSTICA, O QUE É? A partir de Costa (1996, p. 51-53): A língua não é, como muitos acreditam, uma entidade imutável, homogênea, que paira por sobre os falantes. Pelo contrário, todas as línguas vivas mudam no decorrer do tempo e o processo em si nunca para. Ou seja, a mudança linguística é universal, contínua, gradual e dinâmica, embora apresente considerável regularidade. A crença em uma língua estática e imutável está ligada principalmente à normatividade da gramática tradicional, que remota à Grécia Antiga, numa época em que os estudiosos estavam interessados principalmente em explicar a linguagem usada nos textos dos autores clássicos e em preservar a língua grega da "corrupção" e do "mau uso". A língua escrita – especialmente a dos clássicos – era tão valorizada que era considerada mais pura, mais bonita e mais correta do que qualquer outro tipo de linguagem. A linguística moderna, no entanto, prioriza a língua falada em relação à língua escrita por vários motivos, dentre eles pelo fato de que todas as sociedades humanas conhecidas possuem a capacidade da fala, mas nem todas possuem a escrita [...]. Na verdade, toda língua é um conjunto heterogêneo e diversificado porque as sociedades humanas têm experiências históricas, sociais, culturais e políticas diferentes e essas experiências se refletirão no comportamento linguístico de seus membros. A variação linguística, portanto, é inerente a toda e qualquer língua viva do mundo. Isso significa que as línguas variam no tempo, nos espaços geográfico e social e também de acordo com a situação em que o falante se encontra. Podemos exemplificar a variação temporal com a forma "você", que passou por uma grande transformação ao longo do tempo. No século XII, as pessoas diziam "vossa mercê" e hoje, na linguagem falada, e mesmo na escrita informal, encontramos "cê", que não é a melhor nem a pior que "você" ou "vossa mercê", embora entre os não-linguistas a tendência seja a de considerá-la ruim, feia ou deteriorada. Isso acontece porque a sociedade normalmente é conservadora e demora para aceitar as mudanças. FONTE: COSTA, Vera Lúcia Anunciação. A importância do conhecimento da variação linguística. Educ. rev., Curitiba, n. 12, p. 51-60, dec. 1996. Disponível em: <http://www.scielo. br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-40601996000100005&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 5 jun. 2019. Já existem artigos que estão, inclusive, abordando a variação linguística em se tratando da LIBRAS. Compreendendo que há variação, que nenhuma língua é de fato totalmente homogênea, única e imutável dentro de um mesmo país. DICAS Sugere-se a leitura dos seguintes textos: (1) Uma dissertação disponível on-line, intitulada Variação Linguística em Língua de Sinais Brasileira – foco no Léxico, defendida em 2011 e cujo autor é Gláucio de Castro Júnior. (2) Artigo disponível on-line com a seguinte referência: RODRIGUES, A; SILVA, A. A. Reflexões TÓPICO 1 | CONSTRUÇÃO DOS SIGNIFICADOS 9 sociolinguísticas sobre a libras (Língua Brasileira de Sinais). Estudos Linguísticos, São Paulo, 46 (2): p. 686-698, 2017. (3) Artigo disponível on-line com a seguinte referência: OLIVEIRA, R. C. A; MARQUES, R. R. Uso da variação linguística na língua brasileira de sinais. In: Revista Diálogos: linguagens em movimento. Caderno Estudos Linguísticos e Literários. Ano II, n. I, 2014. Cuiabá: 2014. 3.1 FUNÇÕES DA LINGUAGEM Quando entendemos o que é linguagem, passamos para o estágio de que a linguagem tem várias funções. Buscando entender cada uma delas, percebemos que cada funçãoé de fundamental importância na formação da linguagem. A linguagem tem várias funções que são usadas de acordo com a intenção do falante e estão diretamente relacionadas com elementos de comunicação, que são: emissor, receptor, contexto, mensagem, canal e código. As funções da linguagem foram estudadas por Jakobson. Tal autor, que fazia parte do Círculo Linguístico de Praga, dedicou-se “ao estudo de temáticas variadas, dentre elas, as funções das unidades linguísticas ou, como são mais conhecidas, as funções da linguagem. O linguista buscava compreender a finalidade com que a língua é utilizada” (WINCH; NASCIMENTO, 2012, p. 221). A partir desses estudos, ele chegou às funções discriminadas a seguir. 3.1.1 Função referencial Tal função é usada para informar ou referenciar sobre algo. É a função que dá destaque ao objeto, ao assunto do texto. O maior interesse é abordar o tema, trazendo dados ou esclarecimentos sobre o tema abordado: o referente. Por isso é chamada de “referencial” – com o foco no referente. Tal função pode estar presente em textos variados. No texto científico, certamente, é a principal função utilizada, tendo em vista que o texto científico tem sempre um foco, um tema, um objeto de estudo. Este objeto é descrito, explicado – deixando emoções de fora ou outros adornos. Evita-se o que tira o foco do objeto/assunto. Ao mesmo tempo, em outros textos, como na publicidade, há também a função referencial, uma vez que há um produto (o referente) que será destacado. “Um anúncio normalmente faz referência a produtos, serviços ou ideias” (SANTEE; SANTOS, 2016, p. 96). UNIDADE 1 | LÍNGUA E LINGUAGEM 10 3.1.2 Função poética Usada para transmitir uma mensagem com estilo, muitas vezes esse estilo – as características únicas do texto, as marcas que o deixam único – podem ganhar mais destaque que o próprio objeto ou o assunto em si. Costumamos então dizer que a função poética ressalta a própria forma de expressar. Jakobson menciona que a ênfase cai sobre a forma de apresentar a mensagem, portanto, há todo um trabalho de seleção das palavras, das imagens, sons ou ritmos (WINCH; NASCIMENTO, 2012). Em outras palavras, quando “o texto pende para a mensagem em si mesma e demonstra interesse na forma de se comunicar, existe a função poética da linguagem. Ela não se resume à poesia, apesar de esta ser sua principal representante” (SANTEE; SANTOS, 2016, p. 97). 3.1.3 Função conativa A função conativa tem o foco no receptor, no interlocutor da mensagem – aquele que irá ouvi-la ou lê-la. Tal função “encontra sua expressão gramatical mais pura no vocativo e no imperativo” (JAKOBON, 2010, p. 159). Pode-se então deixar clara a presença de um “tu” ou “você” – mesmo que subentendidos, podendo estar na forma dos vocativos. Da mesma maneira, nem sempre pode ser uma ordem propriamente dita (modo imperativo), pode estar na forma de uma sugestão de algo, uma indicação, um conselho ou ainda um pedido. Também podemos observar esse exemplo em vários textos do nosso dia a dia, na conversa com amigos, conhecidos e familiares, na comunicação empresarial (como um e-mail informativo ou um aviso em mural) ou, ainda, na publicidade. Esta quase sempre apresenta seu produto ou serviço e, ao final, deixa alguma mensagem que procura orientar à compra: “não perca esta oportunidade”, “mamãe, você terá um rei na barriga”, “corra e garanta o seu”, “você não pode ficar de fora dessa”, “mulher, aproveite seu dia”, entre outros exemplos. Vocativo é uma forma de chamamento, uma forma de chamar ou interpelar o interlocutor do discurso direto. Nos exemplos acima – presentes nos textos publicitários – temos dois exemplos de vocativo: mamãe e mulher. Dois termos usados para chamar. UNI 3.1.4 Função emotiva Também chamada de expressiva, é usada para transmitir emoções e sentimentos. Essa função está centrada na pessoa do discurso, no remetente, no locutor; ou seja, no autor do texto falado ou escrito. Para Santee e Santos (2016, TÓPICO 1 | CONSTRUÇÃO DOS SIGNIFICADOS 11 3.1.5 Função metalinguística Usada para descrever uma linguagem usando ela mesma. Faz referência ao próprio código utilizado. Em aulas de Língua Portuguesa, a metalinguagem é muito comum: uma linguagem usada para falar da própria linguagem: artigo, adjetivo, substantivo, verbo, concordância nominal, entre outros termos que são usados para explicar, falar da própria linguagem. Nos textos do cotidiano, podemos observar também a presença de metalinguagem. Um exemplo está em uma antiga campanha da Sprite chamada as coisas como são – foi veiculada em meados de 2007. Tal campanha apresentava vídeos, anúncios e outdoores mostrando estratégias utilizadas na própria propaganda. Em um dos anúncios (para revistas), colocaram uma pessoa bebendo refrigerante e, ao lado, a parte verbal afirmava: “ver alguém beber dá sede”. Na mesma linha, foram inúmeras peças publicitárias. Existem vídeos no YouTube ainda hoje com exemplos dessas peças publicitárias veiculadas à TV naquela época. Caso queira procurar, no YouTube ou Google, pelas palavras: Sprite as coisas como são. Segue um exemplo de metalinguagem presente nessa campanha da Sprite, materializada em um outdoor. FIGURA 2 – EXEMPLO DE METALINGUAGEM NA PROPAGANDA FONTE: As autoras p. 97), tal função apresenta uma “forte tendência à emoção, que é expressa pelas interjeições, adjetivos, advérbios, signos de pontuação etc. O emissor normalmente fala de si mesmo, dando vazão aos seus sentimentos com frases exclamativas”. Jackobson compreende que a emoção também comunica, que há um papel nas emoções. Os publicitários sabem disso muito bem, uma vez que, ao expressar seus sentimentos, o interlocutor pode acabar se reconhecendo, vendo a si mesmo. Dessa forma, constrói-se a identificação; esta é um bom estímulo à compra. UNIDADE 1 | LÍNGUA E LINGUAGEM 12 3.1.6 Função fática A função fática, como citado anteriormente, é uma forma de testar se o interlocutor está presente e em contato. O foco, portanto, é no canal, testando se de fato a comunicação está funcionando. Quantas vezes perguntamos ao nosso interlocutor: “você está me ouvindo?” – por telefone ou mesmo pessoalmente, quando notamos alguém com um olhar distraído. De acordo com Jakobson (2010, p. 161), Há mensagens que servem fundamentalmente para prolongar ou interromper a comunicação, para verificar se o canal funciona (“Alô, está me ouvindo?”), para atrair a atenção do interlocutor ou confirmar sua atenção continuada (“Está ouvindo?” ou, na dicção shakespeariana. “Prestai-me ouvidos!” - e no outro extremo do fio, “Hum-hum!”). Como apresentado, pode ser pelo fio (telefone) ou pessoalmente. Em sala de aula, perguntamos se o fundão pode nos ouvir. Não raro questionamos “você está conseguindo me entender?” Trata-se de formas de testar se o interlocutor está ligado a nós no momento de comunicação. A seguir, há uma figura que resume bem o que foi abordado nesse item (tendo como referência os dois polos. Na esquerda, o emissor (aquele que elabora a mensagem) e no lado direito, o receptor (aquele que, como o nome diz, recebe a mensagem ou a ouve). Entre os dois, os elementos como: o referente (o assunto/ objeto/tema), a mensagem (a mensagem em si e como ela é elaborada), o canal (por qual meio a comunicação se dá) e o código (por exemplo, uma imagem, um signo linguístico ou visual; uma imagem etc.). FIGURA 3 – FUNCÕES DA LÍNGUA FONTE: <https://static.todamateria.com.br/upload/fu/nc/funcoes.jpg>. Acesso em: 26 jun. 2019. TÓPICO 1 | CONSTRUÇÃO DOS SIGNIFICADOS 13 Ao utilizar a linguagem, realizamos o emprego de uma das funções. Afinal, a linguagem atende aos usos e às necessidades de nosso dia a dia e dos mais variados textos que circulam na sociedade. Lembramos que nesses variados textos, de fato, podem ocorrer uma ou mais funções da linguagem. Elas podem ser muito bem amarradas para alcançar os objetivos propostos naquele texto. O caso da publicidade, certamente,é um contexto que utiliza as inúmeras funções para alcançar seus objetivos: divulgar e vender produtos e serviços. Contudo, não é o único caso. Há vários exemplos de textos que fazem uso das várias funções para alcançar objetivos. UNI 4 O QUE SÃO LÍNGUAS NATURAIS? Em nossos estudos de língua e linguagem sabemos que a ciência que estuda a língua se chama linguística. Esta ciência estuda as línguas naturais humanas, forma teorias e procura explicar como elas funcionam. Todavia, o que é exatamente uma língua? E qual é a diferença entre língua e linguagem? Tentando responder a estas perguntas, buscamos autores que as definem e também as respondem. Segundo Quadros e Karnopp (2004, p. 24) As pessoas frequentemente usam a palavra linguagem em uma variedade de sentidos: linguagem musical, linguagem corporal, linguagem das abelhas, entre outras possibilidades. Entretanto utiliza sessa palavra para significar o sistema linguístico que é geneticamente determinado para desenvolver-se nos humanos. Os seres humanos podem utilizar uma língua de acordo com a modalidade de percepção e produção desta; modalidade oral-auditiva (português, francês, inglês, etc.) ou modalidade visuoespacial (língua de sinais brasileira, língua de sinais americana língua de sinais francesa, etc.). SAIBA MAIS: Visuoespacial é a capacidade de percepção de objetos (reconhecimento, identificação dos objetos) e das relações entre eles – disposição, organização, ordem; enfim, trata-se do processamento de informações visuais. Para saber mais sobre o assunto, basta buscar os trabalhos relacionados a seguir. Faz parte da formação acadêmica buscar artigos em fontes seguras (periódicos online e bibliotecas universitárias). Abaixo há dois exemplos que, pelo título e pelos autores, vocês podem sim ter acesso. UNI UNIDADE 1 | LÍNGUA E LINGUAGEM 14 (1) GALERA, Cesar; GARCIA, Ricardo Basso; VASQUES, Rafael. Componentes funcionais da memória visuoespacial. Estud. av. São Paulo, v. 27, n. 77, p. 29-44, 2013. Disponível em: <http:// www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142013000100004&lng=en&nr m=iso>. Acesso em: 27 maio 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40142013000100004. (2) PESTANA, M. B. Memória de trabalho visuoespacial e posicionamento do pé no início do andar em pacientes com doença de Parkinson. 2018. Dissertação (Mestrado em Ciências da Motricidade – Interunidades) – Programa de Pós-Graduação em Ciências da Motricidade, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro. Podemos compreender que a linguagem está diretamente relacionada ao ser humano e tem enorme valor como instrumento de expressão do pensamento e de comunicação. Algumas reflexões podem ser feitas ainda nesse sentido: Mas como definir língua e linguagem? Como distinguir uma língua de outros sistemas de comunicação? Sabe-se que para o vocabulário inglês language encontra-se, no português, dois vocabulários: língua e linguagem. A diferença entre as duas palavras esta correlacionada, até certo ponto, com a diferença entre os dois sentidos da palavra inglesa language. A palavra linguagem aplica-se não apenas às línguas portuguesas, inglesas, espanholas, mas a uma série de outros sistemas de comunicação, notação ou cálculo, que são sistemas artificias e não naturais. Por exemplo, em português a palavra é usada com referência à linguagem em geral, e a palavra língua aplica-se às diferentes línguas, não só porque é usada para se referir às linguagens em geral, mas também porque é aplicado aos sistemas de comunicação, sejam naturais ou artificiais, humanos ou não (QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 24). O linguista tem como foco de suas pesquisas as línguas naturais. Para Lyons (1987 apud QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 24), a pergunta “o que é língua e linguagem?” traz em si pressuposição de que cada uma das milhares de línguas naturais, reconhecidamente distintas, é um caso específico que abrange algo mais geral. O que o linguista quer saber é se as línguas naturais possuem algo que não pertença a outros sistemas de comunicação; ou seja, seus aspectos únicos que façam com que ela receba o título de “língua”. Revisando a literatura relacionada aos estudos linguísticos, podemos encontrar uma série de definições de língua. Tais definições fornecem subsídios para a indicação de propriedades consideradas pela linguística essenciais às línguas naturais. Retomando uma citação já realizada, a língua: não se confunde com linguagem: é somente uma parte determinada, essencial dela, indubitavelmente. É, ao mesmo tempo, um produto social da faculdade de linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para permitir o exercício dessa faculdade de indivíduo (SAUSSURE, 2006, p. 17). TÓPICO 1 | CONSTRUÇÃO DOS SIGNIFICADOS 15 Outros autores trazem suas opiniões também sobre língua: Bloch e Trager (1942, p. 5 apud QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 25) afirmam que “uma língua é um sistema de símbolos vocais arbitrários por meio do qual um grupo social coopera”. Para Hall (1968, p. 158 apud QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 25) a língua(gem) é “a instituição pela qual os humanos se comunicam e interagem uns com os outros por meio de símbolos arbitrários orais-auditivos habitualmente utilizados”. DICAS Você sabe o que é arbitrário? Arbitrário é algo que é uma decisão, uma escolha. A partir dessa escolha, torna-se regra para um grupo social. Para Quadros e Karnopp (2004), uma língua natural é uma realização da faculdade de linguagem. Cada uma das línguas naturais é um sistema que possibilita os seres humanos interagirem uns com os outros. ATENCAO Quando estudamos estes temas e nos aprofundamos na complexidade do que define língua e linguagem, buscamos nos amparar em autores para que assim com suas pesquisas possam nos ajudar dando-nos um norte, certa clareza em nossas pesquisas e estudos. Lembre-se de que você é o autor dos seus conhecimentos, antes de adentrarmos no próximo tópico, procure fazer as leituras sugeridas aqui no seu livro didático, complementando seus conhecimentos, e seus aprendizados sobre os temas aqui discutidos e citados. 16 Neste tópico, você aprendeu que: • A língua é um sistema altamente desenvolvido. • A língua pode ser usada também para comunicar sentimentos e emoções. Além disso, há na língua o bate-papo social, as pequenas frases do dia a dia, tais como “oi, como vai você? Que dia frio!” • O padrão social tem sido chamado de comunicação fática e é primariamente uma estratégia para manter contato social em um nível amigável. • As pessoas podem usar a língua por razões puramente estéticas, como na poesia. • Para Saussure, a língua, para se tornar um sistema coerente e inteligível, precisa que as partes considerem as relações sincrônicas – em uma mesma época, todas as peças que formam o estado de uma língua em um determinado momento. • A linguagem tem várias funções que são usadas de acordo com a intenção do falante e estão diretamente relacionadas com elementos de comunicação, que são: emissor, receptor, contexto, mensagem, canal e código. • Para Quadros e Karnopp (2004), uma das funções da linguagem é a função fática. • Você aprendeu que as funções da linguagem são: função referencial, função poética, função conativa, função emotiva, função metalinguística, função fática. RESUMO DO TÓPICO 1 17 1 Conforme Quadros e Karnopp (2004), a língua é um sistema altamente desenvolvido, consequentemente a função primária da língua é a comunicação e a expressão do pensamento. Com este pensamento, escolha a alternativa correta: a) ( ) A língua é usada somente para manter contato em um meio social. b) ( ) As pessoas podem usar a língua por qualquer razão, embora não tem poesia na língua, ainda assim ela é muito usada. c) ( ) A língua pode ser usada também para comunicar sentimentos e emoções, como a poesia. d) ( ) A língua só não pode ser usada em bate-papos, em pequenas frases do dia a dia. 2 Aprofundando nossos estudossobre linguagem, vimos que a linguagem apresenta seis funções: Elenque as funções de acordo com as características a seguir: I- Função Referencial II- Função Poética III- Função Conativa IV- Função Emotiva V- Função Metalinguística VI- Função Fática ( ) Usada para convencer o receptor. ( ) Usada para transmitir uma mensagem mais poética. ( ) Usada para transmitir emoções e sentimentos. ( ) Usada para o bate papo social, nas pequenas frases do dia a dia. Oi, como vai você? Que dia frio! ( ) Usada para informar ou referenciar algo. Agora, de acordo com a ordem, assinale a alternativa CORRETA. a) I, III, II, V, VI, IV. b) III, II, I, VI, IV, V. c) III, II, IV, V, VI, I. d) II, I, III, V, IV, VI. e) I, II, III, IV, V, VI. AUTOATIVIDADE 18 3 (QUESTÃO ENADE, 2014, com adaptações) Restos Minha Nossa Senhora do Bom Parto! O caminhão do lixo já deve ter passado! Eu juro, seu poliça, foi nessa lixeira aqui! Nessa mesminha! Eu vim catar verdura, sempre acho umas tomate, umas cenoura, uns pimentão por aqui. Tudo bonzinho, é só lavar e cortar os pedaço podre, que dá pra comer... Aí quando eu puxei umas folha de alface, levei o maior susto. Quase desmaiei, até. Eu, uma mulher assim fornida que nem o seu poliça tá vendo, imagine: fiquei de pernas bambas. Me deu até tontura. Acho que também por causa do fedor... Uma carniça que só o senhor cheirando, pra saber. Mas eu juro por tudo que é mais sagrado! Tinha sim um anjinho morto nessa lixeira! Nessa aqui! Coitadinho... Deve ter se esgoelado de tanto chorar. A gente via pela sua carinha de sofrimento. Ele tava com a boquinha aberta, cheinha de tapuru. Eu nem reparei se era menino ou menina, porque eu fiquei morrendo de pena... E de medo, também... Os olho... É do que mais me alembro... Esbugalhados, mas com a bola preta virada pra dentro, sabe? Ai! Soltei um berro e saí correndo. SERAFIM, L. Restos. In: SOUTO, A. Variação Linguística e texto literário: perspectivas para o ensino. Cadernos do CNLF, v. XIV, n. 4, t. 4, 2010, p. 3310 (adaptado). Considerando a variedade linguística utilizada pela personagem do texto, avalie as afirmações a seguir. I- A redução do verbo “estar”, como em “tá” e “tava”, é uma característica evidenciada na fala de sujeitos escolarizados e não escolarizados. II- A eliminação da marca de plural, como em “os pedaço” e “pernas bamba”, é um traço das variedades linguísticas populares faladas e escritas. III- A prótese do fonema /a/ em “alembro” é uma característica associada à história da língua portuguesa [ou seja, é possível observarmos certa época em que essa forma era falada; assim, alguns usuários ainda utilizam esta forma]. É CORRETO o que se afirma em: a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e II. d) II e III. e) I, II e III. 19 TÓPICO 2 ESTUDOS DAS LÍNGUAS ORAIS E DE SINAIS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Caro acadêmico! Você já está no Tópico 2. Dando continuidade aos nossos estudos, nós falaremos sobre os estudos das línguas orais e de sinais e o contexto linguístico destas línguas. Começaremos a compreender que são línguas distintas, que cada uma tem uma gramática própria, você vai se entusiasmar com estes temas, pois quando compreendemos que são línguas diferentes compreendemos também que as duas têm a sua importância na formação dos usuários. DICAS Caro acadêmico! Não se prenda somente à leitura deste livro didático, busque outras pesquisas e outros livros. Assim, seus estudos serão mais completos. Por meio dessa postura, você se torna um pesquisador, um investigador. O mundo da leitura é fascinante. 2 CONTEXTO LINGUÍSTICO DAS LÍNGUAS Antes de entrarmos neste tema, vamos fazer um adendo e nos familiarizar e entender o que é linguística. Para Saussure (1916 apud QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 15), A linguística é o estudo científico das línguas naturais e humanas. As línguas naturais podem ser entendidas como arbitrárias e\ou como algo que nasce com o homem. Essas duas correntes estão relacionadas aos pensamentos filosóficos que se originam com Platão e Aristóteles. Esse último era naturalista quanto às proposições e convencionalista quanto às palavras, pois considera que as coisas eram infinitas e as palavras eram finitamente determinadas pelos seres humanos. Nesse sentido, a linguística estruturalista se desenvolveu. UNIDADE 1 | LÍNGUA E LINGUAGEM 20 Podemos então perceber, com a leitura acima, que a linguística está voltada para nos ajudar, nos dar explicações dos fatos que acontecem com a língua e, ainda, dos fatos linguísticos em si. Entendemos que a linguística está tentando desvendar várias nuances que estão envolvidas na linguagem humana, os vários princípios. Tais nuances e características contribuem com a compreensão das línguas naturais. Quadros e Karnopp (2004, p. 16) afirmam que A área da linguística está crescendo como área de estudo, apresentando impacto nas áreas voltadas para educação, antropologia, sociologia, psicologia cognitiva, ensino de línguas, filosofia, informática, neurologia e inteligência artificial. [...] A linguística é uma ciência que busca respostas para problemas essenciais relacionados à linguagem que precisam ser explicados: Qual a natureza da linguagem humana? Como a comunicação se constitui? Quais os princípios que determinam a habilidade dos seres humanos em produzir e compreender a linguagem? A linguística desmembra tais questões com a finalidade de explicar os problemas e elaborar uma teoria da linguagem humana e uma teoria da comunicação. Podemos nos sentir mais seguros quando se trata de linguística, pois sabemos que esta área está em forte crescimento com inúmeras pesquisas. Pode-se dizer que a linguagem tem em si regras e estas regras fazem parte dos conhecimentos humanos que determinam a produção oral ou visuoespacial, seja qual for a língua, falada ou sinalizada. Quadros e Karnopp (2004, p. 17) contribuem para refletirmos criticamente acerca destes estudos linguísticos: Outro pressuposto básico dos estudos linguísticos aqui considerado constituiu a universalidade de tais princípios, ou seja, as investigações de aspectos específicos de cada língua revelam as características da linguagem humana. Portanto, independentemente do estudo de línguas especificas, tais como o inglês, a portuguesa língua de sinais brasileira, a língua de sinais americana, e assim por diante, é possível determinar os princípios universais que regem todas as línguas e, possivelmente, todas as línguas. Apesar das diferenças entre as línguas, as estruturas apresentam aspectos comuns que interessam as investigações linguísticas por explicarem a natureza da linguagem humana. Os estudos sobre linguagem humana, dentre diferentes abordagens procuram verificar o que as línguas/linguagens possuem em comum. Isso nos interessa demasiadamente, pois vai ao encontro do que pretendemos aqui. Neste momento por exemplo, vamos abordar a língua de sinais e suas características. TÓPICO 2 | ESTUDOS DAS LÍNGUAS ORAIS E 21 ATENCAO Desde o surgimento da linguística, muitos conceitos foram acrescentados, assim como outras compreensões sobre língua/linguagem. Uma delas, bastante valorizada, é a compreensão de que devemos ensinar língua/linguagem sempre a partir de situações concretas de interação. Assim, os alunos podem ir além do nível de decodificação (conseguir compreender o código), mas, também, poderá compreender as situações de usos. Isso faz muito sentido dentro dos estudos que valorizam a semântica e a pragmática. Os contextos, os usos e a língua/linguagem em momentos de interação (práticas sociais) são essenciais no processo de ensino; afinal, a língua tem essa natureza social – ela existe para nos comunicarmos uns com os outros. Conforme aponta Geraldi (1984, p. 35): Uma coisa é saber a língua, isto é, dominar as habilidades de uso da língua em situações concretas de interação, entendendo e produzindo enunciados, percebendo as diferenças entre uma forma de expressão e outra.Outra coisa é saber analisar uma língua dominando conceitos e metalinguagem a partir dos quais se fala sobre a língua, se apresentam suas características estruturais e de uso. A partir dessa ótica (entre outros conceitos envolvidos), entende-se que o ensino deve utilizar-se dos gêneros textuais que existem em sociedade, ou seja, os textos sempre compreendidos em seus contextos de interação. Desligar um do outro é perder muito na análise e na compreensão de textos. 3 LÍNGUAS DE SINAIS “A língua dos surdos é transmitida cada vez que uma mãe surda segura seu bebê em seu peito e sinaliza para ele” (Halan Lane) Quando se trata de língua, o estudo vem nos mostrando que tanto as línguas de sinais ou as línguas orais estão em constante evolução e transformação, temos ainda muitas dúvidas, nossas pesquisas e estudos têm que ser constantes. Temos muitas dúvidas sobre as línguas de sinais, que nos geram perguntas do tipo: • A língua de sinais é universal? • A língua de sinais é artificial? • A língua de sinais tem gramática? • A língua dos surdos é mímica? • É possível expressar conceitos abstrato na língua de sinais? Junto com alguns autores tentaremos responder a estas perguntas. UNIDADE 1 | LÍNGUA E LINGUAGEM 22 3.1 A LÍNGUA DE SINAIS É UNIVERSAL? FIGURA 4 – A LÍNGUA DE SINAIS É UNIVERSAL FONTE: <https://st2.depositphotos.com/2452383/10991/i/950/depositphotos_109913436- stock-photo-globe-in-hand-the-whole.jpg>. Acesso em: 5 jul. 2019. Esta é uma das dúvidas mais comuns quando se fala em língua de sinais, se ela é universal, se podemos usar a mesma língua em vários países. Estudos nos mostram que cada país tem a sua língua de sinais, desenvolve sua gramática, tornando assim cada língua de sinais única. Gesser (2009, p. 11) ainda conclui que: Uma das crenças mais recorrentes quando se fala em língua de sinais é que ela é universal. Uma vez esta universalidade está ancorada na ideia de que toda língua de sinais é um “código” simplificado apreendido e transmitido aos surdos de forma geral, é muito comum pensar que todos os surdos falam a mesma língua em qualquer parte do mundo. Ora sabemos que nas comunidades de línguas orais, cada país, por exemplo, tem a sua própria língua. Embora se possa traçar um histórico das origens e apontar possíveis parentescos e semelhanças no nível estrutural das línguas humanas (sejam elas orais ou de sinais), alguns fatores favorecem a diversificação e a mudança da língua dentro de uma comunidade linguística, como, por exemplo, a extensão e a descontinuidade territorial, além dos contatos com outras línguas. Agora podemos compreender de forma mais clara que as línguas de sinais não são universais e que cada país tem a sua própria língua e elas são diferentes, como por exemplo: nos Estados Unidos, os surdos utilizam a língua de sinais americana. Na França, a língua de sinais francesa. No Japão, a língua japonesa de sinais. No Brasil, a língua brasileira de sinais e assim por diante. Vejamos o sinal de mãe em quatro diferentes línguas de sinais nas figuras a seguir. TÓPICO 2 | ESTUDOS DAS LÍNGUAS ORAIS E 23 FIGURA 5 – LÍNGUA ESPANHOLA DE SINAIS FONTE: Acervo da Uniasselvi FIGURA 6 – LÍNGUA JAPONESA DE SINAIS FONTE: Acervo da Uniasselvi FIGURA 7 – LÍNGUA AUTRALIANA DE SINAIS FONTE: Acervo da Uniasselvi UNIDADE 1 | LÍNGUA E LINGUAGEM 24 FONTE: Acervo da Uniasselvi FIGURA 8 – LÍNGUA AMERICANA DE SINAIS Podemos ter certeza de que onde houver um surdo interagindo, a língua de sinais está presente. É possível afirmar que a necessidade de se comunicar é, de fato, uma característica humana, no caso dos surdos esta comunicação acontece através dos sinais. Outra pergunta muito comum é se a língua de sinais é artificial. 3.2 A LÍNGUA DE SINAIS É ARTIFICIAL? Sobre esta pergunta Gesser (2009, p. 12) afirma que: Língua de sinais dos surdos é natural, pois evolui como parte de um grupo cultural do povo surdo. Consideram-se “artificiais” as línguas construídas e estabelecidas por um grupo de indivíduos com alguns propósitos específicos. O esperanto (língua oral) e o gestuno (língua de sinais) são exemplos de línguas “artificiais”, cujo objetivo maior é estabelecer a comunicação internacional. Esse tipo de língua funciona como uma língua auxiliar ou franca. O gestuno é uma língua artificial de sinais conhecida como língua de sinais internacional, cujo objetivo é estabelecer a comunicação internacional. FONTE: <http://periodicos.unb.br/index.php/belasinfieis/article/view/12984>. Acesso em: 1 jul. 2019. UNI Na década de 1960 houve a defesa contundente de que a língua de sinais é de fato uma língua natural. Tal trabalho foi liderado por Stokoe (QUADROS; KARNOPP, 2004). Ela possui características como todas as línguas naturais: flexibilidade, versatilidade, arbitrariedade, entre outros aspectos. Nas palavras de Brito (1998, p. 19), TÓPICO 2 | ESTUDOS DAS LÍNGUAS ORAIS E 25 3.3 A LÍNGUA DE SINAIS TEM GRAMÁTICA? Com certeza. A partir dos estudos de Stokoe, na década de 1960, a compreensão de que a língua de sinais possui uma gramática pôde avançar. Desde lá, a visão sobre a língua passou a ser completamente diferente. É fato afirmar que as línguas orais já são estudadas há muito mais tempo em relação à língua de sinais. A partir da década de 1960, de fato, observou-se que a língua de sinais possui gramática própria – a partir dessa gramática, com a possibilidade infinita de produção de sentenças. Apenas nos últimos 40 anos a língua de sinais veio a ser observada cientificamente. Anteriormente, o sinal não era visto como uma língua com gramática própria (GESSER, 2009, p. 14). DICAS Sugere-se a leitura do livro Por uma gramática de sinais, de Lucinda Ferreira, que ajudará na compreensão do assunto abordado. FONTE: <https://images.app.goo.gl/kQzVRmZRfEK8uMuj8>. Acesso em: 27 jun. 2019. As línguas de sinais são línguas naturais porque como as línguas orais surgiram espontaneamente da interação entre pessoas e porque devido a sua estrutura permitem a expressão de qualquer conceito descritivo, emotivo, racional, literal, metafórico, concreto, abstrato enfim, permitem a expressão de qualquer significado decorrente da necessidade comunicativa e expressiva do ser humano. A língua além de ser histórica, humana e social, ainda é fruto da interação e meio de interação. Por meio dessa ferramenta (língua), podemos realizar atividade com o outro e sobre o outro, no momento de interação (linguagem). Em tempo: essa interação com o “outro” pode ser até mesmo consigo – sim, é possível estabelecer um diálogo consigo, uma reflexão, um questionamento, entre outras possibilidades. UNIDADE 1 | LÍNGUA E LINGUAGEM 26 3.4 A LÍNGUA DOS SURDOS É MÍMICA? Sobre esta pergunta, que infelizmente ainda é muito comum, podemos responder: é uma afirmação falsa. A língua dos surdos não é mímica. Para confirmar, Gesser (2009, p. 21) afirma: Quando me perguntam, entretanto, se a língua de sinais é mimica, entendo que está implícito a esta pergunta um preconceito muito grave, que vai além da discussão sobre a legitimidade linguística ou mesmo sobre quaisquer relações que ela possa ter (ou não) com a língua de sinais. Está associada a essa pergunta a ideia que muitos ouvintes têm sobre os surdos: uma visão embasada na anormalidade, segundo a qual o máximo que o surdo consegue expressar é uma forma pantomímica indecifrável e somente compreensível entre eles. Não à toa, as nomeações pejorativas anormais, deficiente, débil mental, mudo, surdo-mudo, mudinho tem sido equivocadamente atribuída a esses indivíduos. Há, portanto, a possibilidade de aprendizagem do código, da gramática da língua de sinais. Somente o canal comunicativo é diferente, chamado de visual-gestual. Ainda assim, trata-se de uma língua natural, complexa e genuína (GESSER, 2009, p. 22). 3.5 É POSSÍVEL EXPRESSAR CONCEITOS ABSTRATOS NA LÍNGUA DE SINAIS? Respondemos a esta pergunta com a afirmação: obviamente que sim.Muitas pessoas ainda pensam que não, mas pensam assim porque estão ainda ligadas ao pensamento de que a língua de sinais é limitada, pobre, simplificada, que não passa de um simples código primitivo, que é mimica, pantomima e gestos. Precisamos entender que sinais não são gestos. Significado de pantomima Substantivo feminino: arte de demonstrar, através dos gestos e/ou expressões faciais, os sentimentos, pensamentos, ideias, sem utilizar palavras; mímica. FONTE: <https://www.dicio.com.br/pantomima/>. Acesso em: 27 jun. 2019. UNI TÓPICO 2 | ESTUDOS DAS LÍNGUAS ORAIS E 27 Gesser (2009, p. 23) afirma que: Assim é correto afirmar que as pessoas que falam línguas de sinais expressam sentimentos, emoções e quaisquer ideias ou conceitos abstratos. Tal como os falantes de línguas orais, os falantes de línguas de sinais podem discutir filosofia, política, literatura, assuntos cotidianos etc., nessa língua, além de transitar por diversos gêneros discursivos, criar poesias, fazer apresentações acadêmicas, peças teatrais, contar e inventar histórias e piadas. DICAS Trazemos para confirmar a afirmação de Gesser a ilustração do livro de Emmanuelle Laborrit, surda francesa. Emmanuelle escreveu: O voo da gaivota. Caro acadêmico! Você pode encontrar este livro! Aproveite e leia, é uma leitura muito agradável, você irá se encantar. FONTE: <https://pt.scribd.com/doc/67465405/O-VOO-DA-GAIVOTA>. Acesso em: 27 jun. 2019. Emmanuelle Laborit (apud GESSER, 2009, p. 23) em seu belíssimo livro O voo da gaivota, afirma “Os sinais podem ser agressivos, diplomáticos, poéticos, filosóficos, matemáticos: tudo pode ser expresso por meio de sinais, sem perda nenhuma de conteúdo”. Dessa forma, poderemos observar que sim, que através da língua de sinais elementos concretos, simbólicos, abstratos e emoções humanas podem ser expressos. UNIDADE 1 | LÍNGUA E LINGUAGEM 28 4 DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS ENTRE AS LÍNGUAS DE SINAIS E AS LÍNGUAS ORAIS De acordo com algumas leituras realizadas, podemos evidenciar algumas semelhanças e diferenças entre a língua oral e a língua de sinais. Uma diferença notória é a forma como se comunicam. Na língua de sinais, que é uma língua de modalidade gestual-visual, os seus usuários utilizam como meio de comunicação, movimentos e expressões faciais que percebemos através da visão. Enquanto a língua oral é uma modalidade oral-auditiva; nela, seus usuários usam os sons, percebidos pelo ouvido. Outra diferença é que, nas línguas orais-auditivas, o que é denominado de palavras, nas línguas de sinais, é denominado de sinais. Já quanto às semelhanças, as duas línguas apresentam semelhanças na sua estrutura gramatical. As duas são estruturadas a partir de unidades mínimas que formam unidades mais complexas, então todas possuem os seguintes níveis linguísticos: o fonológico, o morfológico, o sintático e o semântico. As línguas se diferem também na forma como as combinações das unidades são construídas, a língua oral é linear enquanto a de sinais é simultânea. Os autores relacionados nos dão uma explicação para esta diferença, vejamos. Segundo Brito, Wilcox e Wilcox (1995; 1997 apud GESSER, 2009, p. 19), a explicação “para essa diferença se dá devido ao canal de comunicação em cada língua (visual-gestual x vocal-auditivo), pois essa característica fica mais saliente em uma língua do que em outra”. Quadros e Karnopp (2004, p. 62) contribuem para refletirmos sobre essa discussão: Confrontando-se língua de sinais com línguas orais, três importantes aspectos podem ser investigados: os princípios e universais linguísticos compartilhados entre línguas de sinais e línguas orais; as especificidades de cada língua; e as restrições devidas à modalidade de percepção e produção. A diferença entre línguas orais e de sinais no nível fonológico é difícil de ser estabelecida, considerando que muitos tópicos sobre a fonologia das línguas de sinais continuam sendo pesquisados e/ou ainda não foram investigados. Dessa forma, as línguas seguem sob investigação. Há muito ainda a se compreender sobre elas, comparativamente. Ainda assim, a compreensão que se busca na atualidade é o respeito por ambas, junto dos seus falantes/usuários. 29 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • A linguística é o estudo científico das línguas naturais e humanas. As línguas naturais podem ser entendidas como arbitrarias e\ou como algo que nasce com o homem. • A linguística é a área que se preocupa com a natureza da linguagem e da comunicação. • Vários estudos vêm nos mostrando que tanto as línguas de sinais ou as línguas orais estão em constante evolução e transformação. • Podemos compreender de forma mais clara que as línguas de sinais não são universais e que cada país tem a sua própria língua e elas são diferentes, como por exemplo: nos Estados Unidos, os surdos “falam” a língua de sinais americana; na França a língua de sinais francesa; no Japão, a língua japonesa de sinais; no Brasil, a língua brasileira de sinais. • A língua de sinais tem todas as características linguísticas de qualquer língua humana natural. • É possível expressar conceitos abstratos na língua de sinais. • Podemos evidenciar algumas semelhanças e diferenças entre a língua oral e a língua de sinais. Uma diferença notória é a forma como se comunicam. A língua de sinais que é uma língua de modalidade gestual-visual, os seus usuários utilizam como meio de comunicação, movimentos, gestuais e expressões faciais que percebemos através da visão. A língua oral é uma modalidade oral- auditiva e seus usuários usam os sons, percebidos pelo ouvido. • Confrontando-se língua de sinais com línguas orais, dois importantes aspectos podem ser investigados: os princípios e universais linguísticos compartilhados entre línguas de sinais e línguas orais. 30 1 Sabemos que a ciência que estuda as línguas é a linguística, então coloque V para as questões verdadeiras e F para as falsas, no que se refere a ela. ( ) No entanto entendemos que a linguística está tentando desvendar várias coisas que estão envolvidas somente na língua e não na linguagem humana. ( ) A linguística está voltada para nos ajudar, nos dar explicações dos fatos que acontecem com a língua dos fatos linguístico em si. ( ) Na verdade, linguística é a área que se preocupa com a natureza da linguagem e da comunicação. ( ) A linguística está crescendo como área de estudo, apresentando impacto nas áreas voltadas para o estudo das línguas áreas como a: educação, antropologia, sociologia, psicologia cognitiva, ensino de linguagem, filosofia, informática, neurologia e inteligência artificial. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) F – V –F – F. b) ( ) F – V – V – V. c) ( ) V – V – F – F. d) ( ) F – F – V –V. 2 Quando se trata de língua, o estudo vem nos mostrando que tanto as línguas de sinais ou as línguas orais estão em constante evolução e transformação; porém temos ainda muitas dúvidas, vamos analisar as perguntas a seguir e numerá-las de acordo com os estudos deste tópico. ( 1 ) A língua de sinais é universal? ( 2 ) A língua de sinais é artificial? ( 3 ) A língua de sinais tem gramatica? ( 4 ) A língua dos surdos é mimica? ( 5 ) É possível expressar conceitos abstrato na língua de sinais? ( ) Crença. ( ) Uma crença. ( ) Obviamente que sim. ( ) Com certeza. ( ) Preconceito. Agora com base nas suas escolhas marque a alternativa CORRETA. a) ( ) 1,2,3,5,4. b) ( ) 1,3,2,4,5. c) ( ) 4,3,2,5,1. d) ( ) 2,1,5,3,4. AUTOATIVIDADE 31 3 De acordo com a leitura realizada podemos evidenciar algumas semelhanças e diferenças entre a língua oral e a língua de sinais. Assinale V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas. ( ) uma diferença notória é a forma como se comunicam, a língua de sinais que é uma língua de modalidade gestual-visual, os seus usuários utilizam como meio de comunicação, movimentos, gestuais e expressõesfaciais que percebemos através da visão, enquanto a língua oral é uma modalidade oral-auditiva, seus usuários utilizam os sons, percebidos pelo ouvido. ( ) Outra diferença é que nas línguas orais-auditivas o que é denominado de palavras, nas línguas de sinais é denominado de sinais. ( ) Já quanto às semelhanças, as duas línguas apresentam semelhanças na sua estrutura gramatical. As duas são estruturadas a partir de unidades mínimas que formam unidades mais complexas, então todas possuem os seguintes níveis linguísticos: o fonológico, o morfológico, o sintático e o semântico. ( ) As línguas se diferem também na forma como as combinações das unidades são construídas, a língua oral é linear enquanto a de sinais é simultânea. Agora, escolha a opção CORRETA. a) ( ) F, F, F, V. b) ( ) V, V, V, F. c) ( ) V, V, V, V. d) ( ) F, V, F, V. 4 (QUESTÃO ENADE 2017) As línguas naturais são, por natureza, um fenômeno sensível ao contexto. Mas os eventos de fala variam muito em relação à dependência contextual. Quando os interagentes partilham uma grande carga de pressuposições pragmáticas sobre o mundo, sua interação tenderá a ser mais contextualmente dependente. Ao contrário, quando a interação se desenvolve entre falantes com antecedentes mais distintos, a interação tende a ser marcada por menos dependência contextual e, consequentemente, por mais explicitude e precisão na escolha das palavras. Gumperz (1976) observa que, para serem eficientes nessas ocasiões, os falantes têm de estar conscientes das diferenças no processo interpretativo. Não podem esperar que suas convenções comunicativas não verbalizadas, próprias do seu grupo primário de relações, sejam compreendidas por outros e têm de demonstrar mais flexibilidade no seu repertório estilístico. Em outras palavras, os falantes precisam monitorar- se mais ou menos, em função do grau de conhecimento compartilhado com os seus interlocutores. BORTONI-RICARDO, S. M. Nós chegamos na escola, e agora? São Paulo: Parábola Editorial, 2005 (adaptado). Considerando o texto, avalie as afirmações a seguir: 32 I- Os eventos de fala são coconstruídos pelos participantes e seu sucesso depende, dentre outros fatores, da conscientização dos interagentes sobre as convenções de contextualização compartilhadas (ou não) pelo grupo. II- O usuário competente da língua desvia o olhar das convenções próprias dos eventos de fala e concentra-se na organização estrutural do código e em uma seleção lexical adequada para cada interlocutor. III- A competência comunicativa de um falante deve ser medida pelo grau de explicitação argumentativa e riqueza vocabular, sem considerar a experiência prévia deste falante nesta comunidade. IV- Uma interação sensível ao contexto comunicativo deve levar em conta o conhecimento de mundo compartilhado (ou não) pelos interagentes, o que implicará maior envolvimento dos interlocutores no processo de comunicação. É CORRETO apenas o que se afirma em: a) ( ) I e III. b) ( ) I e IV. c) ( ) II e III. d) ( ) I, II e IV. e) ( ) II, III e IV. 33 TÓPICO 3 CONCEITUANDO SIGNIFICADO E SIGNIFICANTE DAS LÍNGUAS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Neste tópico falaremos sobre o significado e o significante, e não temos como falar de significado e significante sem falar dos estudos do significado linguístico. Apresentaremos também o estudo deste significado, falaremos de: significado e de significante; como estes conceitos estão nas línguas e, consequentemente, nas línguas de sinais. Para iniciarmos e termos uma compreensão completa destas terminologias, iniciaremos este tópico falando do signo, pois ele é o elemento composto pelas suas duas faces: o significado e o significante. 2 O CONCEITO DE SIGNO A língua oral utiliza-se de sons. Esses, isoladamente, não constroem nada. No entanto, quando são organizados a partir da organização da língua, passam a ter sentido. Eu só reconheço alguém falando francês se eu também estou inserido no universo dessa língua – nós compartilhamos o mesmo sistema. Por isso a comunicação é possível. Sem um sistema que organize tudo isso, o próprio pensamento seria uma massa amorfa, sem forma, sem sentido. A língua, portanto, é o que dá sentido. Pode-se dizer que ela é “o intermediário entre o pensamento e os sons, possibilitando, assim, que entre a massa amorfa do pensamento humano e a profusão indeterminada de sons, surja uma espécie de faixa de organização a qual se chamaria língua” (RODRIGUES, 2008, p. 10). Em outras palavras, é a língua que dá sentido aos sons, organiza-os, formando signos. Esses signos são construídos de forma arbitrária – escolhas coletivas. Ao mesmo tempo que eles são coletivos, socialmente construídos, eles podem variar em certo nível de sujeito para sujeito. Ainda sobre o valor (o sentido) de cada signo ser produzido coletivamente, recorremos a Rodrigues (2008, p. 9-10): 34 UNIDADE 1 | LÍNGUA E LINGUAGEM Os fonemas seriam equivalentes ao papel e à tinta com que se fazem as notas de dinheiro. O valor atribuído às notas, por sua vez, seria comparável ao significado dos signos linguísticos. O processo de formação dos signos, sob o aspecto social, seria, portanto, exatamente o mesmo processo utilizado no sistema financeiro. Assim, podemos compreender que o signo só fará sentido se ele tiver um significado, um valor socialmente construído. Vamos a um exemplo: ao escutar a palavra cachorro, reconhecemos a sequência de sons que formam essa palavra. Esses sons se identificam com a lembrança deles que está em nossa memória. Essa lembrança constitui uma real imagem sonora, armazenada em nosso cérebro que é o significante do signo cachorro. Quando escutamos essa palavra, logo pensamos em um animal irracional de quatro patas, com pelos, olhos, orelhas etc. Esse conceito que nos vem à mente é o significado do signo cachorro e também se encontra armazenado em nossa memória. Ao empregar os signos que formam a nossa língua, devemos obedecer às regras gramaticais convencionadas pela própria língua. Desse modo, por exemplo, é possível colocar o artigo indefinido “um” diante do signo cachorro, formando a sequência “um cachorro”, o mesmo não seria possível se quiséssemos colocar o artigo “uma” diante do signo cachorro. A sequência “uma cachorro” contraria uma regra de concordância da língua portuguesa, o que faz com que essa sentença seja rejeitada. Os signos que constituem a língua obedecem a padrões determinados de organização. O conhecimento de uma língua engloba tanto a identificação de seus signos, como também o uso adequado de suas regras combinatórias. Signo: elemento representativo que possui duas partes indissolúveis: significado e significante Signo = significado (é o conceito, a ideia transmitida pelo signo, a parte abstrata do signo) + significante (é a imagem sonora, a forma, a parte concreta do signo, suas letras e seus fonemas). UNI 3 O CONCEITO DE SIGNIFICADO Quando pensamos nessa temática nos vem à mente as aulas de português, e é isso mesmo precisaremos entender primeiro: na língua portuguesa o que é significado? Para depois adentrarmos em outra língua, neste caso, a língua de sinais. TÓPICO 3 | CONCEITUANDO SIGNIFICADO E SIGNIFICANTE DAS LÍNGUAS 35 Vêm-nos à mente também alguns questionamentos. O que é o significado? O que entendemos por significado? Quando nos questionamos, levantamos a hipótese de que realmente existe algo que seja o significado. Vamos dar continuidade aos nossos estudos respondendo às perguntas acima. 3.1 O QUE É SIGNIFICADO? Os significados são entidades abstratas que existem na mente dos falantes de uma determinada língua. Significado é, portanto, entidade mental. Ou seja, nós temos um conjunto complexo de informações acumuladas ao longo da história da humanidade. Então quando usamos uma determinada palavra da nossa língua fazemos ecoar por meio desta palavra um processo histórico que forma conceitos sobre a vida e sobre o mundo.
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