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DESCUBRA COMO SE TORNAR UM ESPECIALISTA EM SPED E PRESTAR CONSULTORIAS TRIBUTÁRIAS MESMO QUE VOCÊ NÃO TENHA EXPERIÊNCIA. Conheça o Curso Formação em SPED 2.0 CLIQUE AQUI O objetivo do curso Especialização em SPED na Prática é entregar um conteúdo tão valioso de uma forma tão assustadora que qualquer aluno consiga sair de uma pessoa que não tem conhecimento nenhum sobre o SPED e se torne um consultor tributário que tem condições de fechar com clientes prestar consultoria tributária com SPED, fazer elaboração de SPED, fazer correções de erros e levantar créditos tributários de maneira muito prática. Nessa versão atualizada, o Formação SPED 2.0 será uma verdadeira Especialização em SPED na Prática, e você pode ter certeza que esse será o curso mais completo sobre SPED do país, aonde junto com professor Marcos Lima nós vamos abordar todos os subprojetos do SPED de maneira prática. http://bit.ly/formacaoemSPED http://bit.ly/formacaoemSPED ®Editora Fortes, 2017 Textos: FellipeGuerra Capa e Diagramação: CQueiroz Revisão:Ana Luzia e Marcos Lima Impressão: Tecnograf TODOS OS DIREITOS RESERVADOS É proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio, salvo com autorização por escrito do autor. A violação dos direitos do autor (Lei nº 9.610/98)é crime estabelecido pelo artigo 184do Código Penal Editora Fortes Ltda Rua Antônio Fortes, nº 340, Luciano Cavalcante, Fortaleza-Ce - CEP 60.813-460. Contato: (85)4005-1111 E-mail: editorafortes@grupofortes.com.br Home Page:www.editorafortes.com.br Catalogação na Fonte: Bibliotecária Jacquelline Campelo Jucá CRB 3/677 D485 Descomplicando o SPED: aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital / Fellipe Guerra (organizador). – Fortaleza: Fortes, 2017. 284 páginas. ISBN 978-85-5541-006-2 1.Contabilidade. 2. SPED. 3. Documentos fiscais. 4. Tecnologia da informação. 5. Escrituração contábil I. Fellipe Guerra (Professor). III. Título. CDD657 mailto:editorafortes@grupofortes.com.br http://www.editorafortes.com.br/ Agradecimento A realização deste projeto foi possível graças, primeiramente, a Deus, que está presente em toda a minha jornada, além de decidir o rumo dela, e consequentemente me tornando um ser humano capaz de acreditar veementemente na vida. Aprodu- ção dessa obra, além de todas as minhas conquistas, não se- riam sem sua divina permissão e benção. Na sequência de agradecimentos destaco aqui o amor, parce- ria e força incentivadora de minha companheira de vida, Vitó- ria Guerra e as minhas amadas filhas, Alice e Letícia Guerra. Agradeço também aos meus familiares, especialmente aos meus pais, João Guerra e Luzia Matos, que são minhas maio- res referências de vida e educação. Meus pilares de existência. Registro também agradecimentos ao meu sócio, Marcos Lima, que tecnicamente ajudou muito como revisor dessa obra, além de ter sido um grande motivador dela. Foi fundamental contar com crivo dele, que é um dos grandes especialistas da área con- tábil de nossoEstado. Por fim, agradeço ao apoio prestado pela empresa cearense, Fortes Tecnologia. Professor Fellipe Guerra Prefácio É com muita honra e gratidão que prefacio o primeiro livro do professor Fellipe Guerra, um especialista do universo tributá- rio brasileiro e em especial dos impactos das novas tecnologias fiscais no dia a dia contábil. No ano de 2013 fui convidado a coordenar cientificamente um fórum de SPED na linda cidade de Fortaleza, Ceará. Durante o evento tive a honra de conhece-lo pessoalmente e ver o quanto o mesmo era alguém especial. Firme e com uma grande capacidade técnica e de comunica- ção, ficou ali o início de um relacionamento fraterno que per- dura até hoje. Confesso que sou suspeito a elogiar o seu tra- balho mas suas realizações corroboram com a minha opinião. Sem relatar sob pena da prolixidade, seus inúmeros eventos que abrilhantou em todo o Brasil, gostaria de ressaltar sua par- ticipação como professor em uns dos melhores MBA na área da Contabilidade e do Direito Tributário brasileiro no qual tive a honra de coordenar seu trabalho. Professor Fellipe Guerra tornou-se uma referência nacional, um dos maiores especialistas brasileiros em minha opinião do universo SPED, compartilhando conhecimento com muita maestria usando uma linguagem leve, bem-humorada e prá- tica. Seus alunos amam suas aulas e sua linda missão de com- partilhar conhecimento. A despeito da sua jovialidade, possui um currículo invejável: Professor Fellipe Guerra é contador e consultor empresarial, Pós graduado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tribu- tário – IBPT. Mestre em Administração e Controladoria pela Universidade Federal do Ceará - UFC. Doutorando em Ciên- ós. cias da Informação com ênfase em Sistemas de Informações Tributárias pela Universidade Fernando Pessoa em Portugal, além de possuir uma virtuosa carreira classista no sistema CFC – CRC. Seu primeiro livro é uma oportunidade de beberem desse co- nhecimento acumulado e observarem seus insights sobre este universo. Vivam na pratica as palavras da poetisa goiana Cora Coralina: “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina” Deus abençoe a todos n . Professor EdgarMadruga APOIADORes cação do livro Descomplicando o SPED se tornasse realidade. A todos estes, que acreditaram nesse projeto, deixo aqui meu agradecimento especial pela confiança e oportunidade. FortesTecnologia Participar da construção deste projeto, junto com um grande parceiro nosso, é saber que estamos contribuindo com a difu- são do conhecimento para os contadores de todo Brasil. O pro- fessor Fellipe Guerra traz neste livro os aspectos operacionais das obrigações contábeis de forma atual, didática, descompli- cada e com uma condução dinâmica para tratar de um assunto tão importante nas rotinas contábeis e fiscais das empresas brasileiras. Assim, ficamos honrados em participar e contri- buir com a disseminação do conhecimento, sobretudo junto a classe contábil do nosso país. José Carlos Fortes, presidente da FORTES TECNOLOGIA EM SISTEMAS A Fortes Tecnologia em Sistemas atua há mais de 25 anos em âmbito nacional na área de tecnologia da informação, desen- volvendo soluções para empresas contábeis e de gestão empre- sarial. Confira as organizações que foram essenciais para que a publi- cação do livro Descomplicando o SPED se tornasse realidade. A todos estes, que acreditaram nesse projeto, deixo aqui meu agradecimento especial pela confiança e oportunidade. FortesTecnologia Busca LegalTecnologia Transformar informações em conhecimento é a principal ca- raterística desta obra do professor Fellipe Guerra. É o que tam- bém nos move na Busca Legal e por isso ficamos muito hon- rados em apoiar e recomendar o livro DESCOMPLICANDO O SPED, que preenche uma grande lacuna literária, ao simpli- ficar os desafios do SPED, que tantas dúvidas ainda traz aos profissionais da área contábil e tributária. Paschoal Naddeo de Souza Filho, Co-Founder da BUSCA LE- GALTECNOLOGIA A Busca.Legal contempla um conjunto de soluções baseadas em inteligência cognitiva. Unindo conhecimento tributário e tecnologia, nosso objetivo é permitir o acesso de forma sim- ples e eficiente a bases legais e conteúdos, transformando in- formações em conhecimento para a tomada de decisões! Systax SistemasFiscais Ficamos muito orgulhosos com a possibilidade de apoiar a ini- ciativa dessa obra, já que o tema acaba por envolver também a nossa atividade: descomplicar os desafios tributários de nos- sos clientes. Tornar o cumprimento das obrigações tributárias mais sim- ples, assunto abordado na obra DESCOMPLICANDO O SPED, é também o desafio diário que enfrentamos em cada solução que lançamos, em cada projeto e até em cada ato normativo que interpretamos a partir das publicações diárias dos gover- nos. Assim, ficamos honrados em colaborar com essa emprei- tada conduzida pelo professor Fellipe Guerra. Jerson A. Prochnow,CEO na SYSTAX SISTEMAS FISCAIS ASystax é a única empresa a ter conseguido sistematizar a tri- butação de mercadorias em todos os segmentos e todas as 27 UFs. Com um trabalho que começou em 2008, a legislação tri- butária que incide na indústria e no comércio foi “traduzida” em regras lógicas, em uma base que hoje atinge mais de 3,4 milhões de regras. SUMÁRIO INTRODUÇÃO..............................................................................................................14 1 EVOLUÇÃODOSISTEMA CONTÁBIL........................................................................20 2 SISTEMA PÚBLICODEESCRITURAÇÃODIGITAL ......................................................42 3 DOCUMENTOSFISCAIS ELETRÔNICOS....................................................................60 4 ESCRITURAÇÃOFISCAL DIGITAL (EFD) ICMS/IPI...................................................84 5 ESCRITURAÇÃOFISCAL DIGITAL (EFD)CONTRIBUIÇÕES......................................114 3 8 6 SPEDCONTÁBIL(ECD)........................................................................................154 7 SPEDESCRITURAÇÃOCONTÁBILFISCAL (ECF).....................................................122 8 ESCRITURAÇÃOFISCAL DIGITAL DASRETENÇÕESEINFORMAÇÕESDA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SUBSTITUÍDA (EFD REINF) ..............................222 9 E-FINANCEIRA.....................................................................................................236 10 SISTEMA DEESCRITURAÇÃOFISCAL DIGITAL DASOBRIGAÇÕESFISCAIS PREVIDENCIÁRIAS ETRABALHISTAS(ESOCIAL) ..................................................250 11 CRUZAMENTODEINFORMAÇÕESFISCAIS ...........................................................278 1 Entre sistemas informatizado s e a gestão de conhecimento Introdução DESCOMPLICANDO OSPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 15 Atualmente, flexibilidade e celeridade são características fun- damentais e almejadas cada vez mais pelas organizações pú- blicas e privadas. Com base nessa premissa, é notório observar que, diversas instituições buscam acompanhar as mudanças tecnológicas no sentido de expandir o sistema de gestão. O objetivo é alcançar melhores resultados. Nas companhias, o impacto dessas mudanças tem sido materializado por meio de processos de racionalização organizacional e técnicas que in- corporam ao ambiente empresarial novas tecnologias e novos modelos de gerenciamento, assegurando significáveis níveis de desempenho. Nessa perspectiva, o mundo vive conectado mediante a in- ternet, rede de comunicação com informações disponíveis e acessíveis em qualquer momento à população mundial. O con- junto de redes mundiais, ou simplesmente a web (rede), passa a fazer parte da rotina de pessoas e segmentos. Todas as in- DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 16 formações são geradas e armazenadas em um banco de dados, podendo ser analisadas, inclusive adaptadas no futuro. Dessa forma, gestores institucionais se sentem motivados em inves- tir na área de Tecnologia da Informação (TI), que facilitará o controle de informações imprescindíveis na administração e execução de negócios. Estrategicamente, a adequação e o desenvolvimento da escri- turação contábil dependem de fatores imprescindíveis tais como: treinamento de pessoal; adaptação de sistemas infor- matizados, além da correta gestão de conhecimento. Na con- cepção de Ferreira e Ralha (2014), no mundo globalizado, a informação e a tecnologia, que representam os mais valiosos recursos organizacionais, asseguram um ambiente de negó- cios altamente competitivo e com excelente habilidade ge- rencial. Dentre os stakeholders da Contabilidade, o governo assume amplo destaque pela capacidade de exigir das organi- zações, por meio de normativos aplicados pelos órgãos regu- lamentadores, informações específicas cujo objetivo consiste em atender a seus interesses. Em face disso, se destaca no Brasil a ferramenta intitulada Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), componente do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) constituído pelo Decreto 6.022, de 22 de janeiro de 2007. Trata-se de um dos maiores avanços tecnológicos de sistemas já praticados, de forma a integrar os dados de contribuintes acoplados aos fis- cos municipal, estadual e federal, provocando o compartilha- mento das informações de cunho contábil e fiscal (DUARTE, 2011). O Sped representa a principal ferramenta do governo no combate à sonegação, com a finalidade de tornar a identifica- ção de ilícitos tributários mais céleres, mediante acesso com- pleto e detalhado às operações fiscais e comerciais praticadas pelos contribuintes. DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 17 Pode-se afirmar que, nos dias atuais, o Sped é um recurso con- siderado revolucionário e inovador para o segmento contábil. Antigamente muitos procedimentos contábeis e fiscais de en- vio de informações ao fisco eram realizados manualmente, por meio do uso de máquinas de escrever ou à mão. No entanto, a prática passou a ser substituída pelo envio e armazenamento de informações em meio eletrônico. Anova modalidade foi in- serida no cotidiano das organizações gradualmente, com a in- trodução das principais obrigações acessórias em meio digital pela União, estados e municípios. O sucesso da relação fisco-contribuinte está diretamente asso- ciado ao correto cumprimento do fornecimento de informa- ções por parte da contabilidade. Um dos principais requisitos para a eficaz adaptação e implantação do projeto Sped nas or- ganizações é que o profissional do segmento tenha o domínio dos aspectos conceituais e operacionais relacionados com esse plano. Para o atingimento dessa adequação e do desenvolvi- mento tecnológico da escrituração contábil são necessários diversos processos para o treinamento de pessoal, a adaptação de sistemas informatizados e a gestão de conhecimento. A maior parte das empresas que entregou os livros fiscais e contábeis em formato digital cumpriu o prazo determinado pelo governo, mas sem terem certeza da consistência dos da- dos apresentados, segundo uma pesquisa da consultoria de Informações Objetivas e Publicações Jurídicas (IOB), em 2009, abrangendo 348 companhias de diversos ramos de atividades (AZEVEDO; MARIANO, 2009). Outro levantamento realiza- do pela IOB (2009) com mais de 200 companhias de diferen- tes portes e segmentos mostrou que apenas a metade dessas possui alta ou plena confiança na qualidade das informações contidas nas notas ficais eletrônicas emitidas sob sua respon- sabilidade. Além disso, a pesquisa detectou que a maioria das DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 18 empresas comete algum tipo de erro fiscal que, muitas vezes, resultam da complexidade do sistema tributário brasileiro. Com precisão, a tecnologia tem auxiliado empresas e orga- nizações a tornarem seus serviços e processos cada vez mais ágeis e dinâmicos. Analogamente as empresas que inserem a tecnologia da informação em seus processos administrativos e produtivos, o governo tende a se adequar às inovações tecno- lógicas a fim de conseguir modernizar documentos, procedi- mentos efiscalizações. Neste sentido, a implantação do Sped se estabelece de forma conceitual, desmistificando e readaptando modelos de gestão. O recurso exige das organizações prestadoras de serviços con- tábeis diversas adaptações em suas rotinas, incluindo ajustes em seus processos internos, com uso de novas tecnologias, ca- pacitação dos envolvidos, além de estratégias de conscientiza- ção da alta gestão das companhias. No âmbito desse conceito, esta obra visa desmistificar aos leitores questões acerca do Sped, apresentandoo sistema de maneira macro, como uma importante ferramenta da moder- nização das áreas contábeis e tributárias. O livro contribuirá para o conhecimento dos diversos subprojetos do Sped e dos principais pontos de atenção para os profissionais e as orga- nizações. DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 19 Conheça o Curso Formação em SPED 2.0 Acesse >> http://bit.ly/formacaoemSPED http://bit.ly/formacaoemSPED DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 20 Evolução do sistemacontábil Capítulo1 DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 21 Em um passado recente, a contabilidade era uma profissão que realizava suas atividades através do uso constante e de- masiado de papel. Era comum a utilização de documentações em papel diante de uma função que sempre foi considerada burocrática. Trata-se de um período em que organizações acu- mulavam diversos e robustos livros, além de pastas e extensos empilhamentos de papeis, que por vezes, corriam o risco de se perderem em decorrência de inúmeros fatores. Nesse contexto, o segmento contábil ficou marcado por um sistema obsoleto para os tempos atuais, tendo que se reinven- tar para buscar atender sua demanda. Com o advento das novas tecnologias, as empresas de contabi- lidade, bem como os profissionais da área voltam-se, cada vez mais, a usufruir de softwares e de sistemas que possam apri- morar e melhorar performances. Nessa premissa, é importan- DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 22 te destacar que a contabilidade evoluiu significantemente ao ponto de se tornar 100% digital. Hoje, a cadeia produtiva possui diversas informações gera- doras de dados para a contabilidade que são por meio digital tais como: a folha de pagamento, a escrituração fiscal, os docu- mentos fiscais eletrônicos, dentre outros. Essas ferramentas são compreendidas por aperfeiçoar procedimentos no âmbito contábil, destacando veementemente a eficácia do cumpri- mento dasobrigações exigidas. Contudo, torna-se fundamental investir em capacitações vol- tadas para o avanço das novas tecnologias em função da conta- bilidade. Aprofundar conhecimentos das ferramentas digitais é garantir o sucesso na rotina dos procedimentos, bem como das organizações. Nessa perspectiva é viável fazer uma com- preensão fundamentada em torno da dialética da tecnologia em prol dacontabilidade. Aera da tecnologia dainformação Em um mundo direcionado para o virtual, bem como a moder- nização de processos e máquinas, as organizações se voltam para programar e gerenciar sistemas informatizados através das novas tecnologias. Com essa vertente, o setor contábil pas- sou a ganhar força para administrar a rotina operacional das organizações. O uso crescente das tecnologias da informação na contabilidade, no início das últimas décadas do século XX, provocaram fortes mudanças no modo de produção e organi- zação (gerir, produzir, e comunicar), configurando a chamada “Era da Informação” ou “Sociedade do Conhecimento”. (MA- CHADO; ALMEIDA,2014). Na Era do Conhecimento, o Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) veio para desenvolver uma nova visão da escri- DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 23 turação contábil e a relação entre o fisco e o contribuinte: “[...] é um conjunto de ações das autoridades fiscais brasileiras no sentido de obter informações sobre todas as operações das em- presas em formato eletrônico, ou seja, a vigilância em tempo real por parte do fisco”. (DUARTE, 2011). Ainformação é trata- da como fonte de riqueza a partir de sua criação, manipulação e distribuição, sendo um bem ativo nas organizações e fator decisivo no contexto econômico e empresarial. Em uma linguagem mais simplificada, o Sped trata-se de um grande sistema do governo Federal, que foi desenvolvido com o objetivo de receber as informações das empresas. Porém sa- be-se que empresas possuem diversos tipos de informações, porque existem vários segmentos, atividades, projetos e con- sequentemente, muitos softwares e sistemas que gerenciam tudoao mesmo tempo. Mas voltando a falar do passado, até para entender melhor so- bre as transformações implícitas no processo do Sped, é fun- damental entender que o início da década de 80 foi determi- nante com o avanço dos microcomputadores, proporcionando uma mudança de paradigma na computação empresarial. Os dados, antes centralizados nos mainframes, passaram a ser colocados nas mesas dos usuários e gerentes. É viável dizer que a década foi considerada um marco revolucionário e deci- sivo para o momento. Muitos sistemas de informação desen- volvidos em empresas foram reconhecidos como estratégicos devido ao grande impacto na competitividade e desempenho das empresas. É compreensivo e justo questionar essa dialética implicando questionar que “os fins justificam os meios”? Esse paradigma é devidamente solucionado quando se compreende que algu- mas teorias relacionadas à Era da Informação podem ser es- clarecedoras nesse sentido. Ainda nesse contexto, vale ressal- tar que, a Tecnologia da Informação não abrange somente os DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 24 equipamentos de hardware, programas de software e comu- nicação de dados, uma vez que interfere fundamentalmente em todos os departamentos e processos de uma organização. Novamente trazendo a análise de compreensão dessa premis- sa para o contexto atual e do Sped, é de fundamental impor- tância destacar que a tecnologia abrange documentos fiscais eletrônicos tais como a Nota Fiscal Eletrônica, Cupom Fiscal Eletrônico, Nota Fiscal de Consumidor Eletrônica, Conheci- mento de Transporte Eletrônico, Manifesto Fiscal Eletrônico, dentre outros que serão estudados nessa obra. Mas o que seria do Sped sem os meandros inovadores do segmento tecnológico? Segundo definição teórica de Foina (2001), a Tecnologia da Informação é como o conjunto de tecnologias, metodologias e procedimentos que atuam em coleta, tratamento e disseminação das informações na orga- nização. Nesse entendimento torna-se relevante observação feita por Cruz (2008), que acrescenta: a TI abrange todo e qualquer dispositivo com capacidade para armazenar dados e informações aplicadas ao produto e aos processos como um todo. Essas definições ratificam a plena associação que o Sped tem em relação à TI. DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 25 Segundo os autores Szafir-Goldstein e Souza (2014, p. 2), no início dos anos 90, ocorreram mudanças consideráveis concer- nentes à tecnologia da informação nas organizações, uma vez que se tornou um elemento imprescindível tanto para as ativi- dades da empresa como para os serviços e produtos do negó- cio. Vale salientar que tal premissa se aplica diante da atual re- alidade da área contábil, bem como de toda a cadeia produtiva. Após essa grande manifestação tecnológica enfatizada pelos autores, ocorrida nos anos 90, é possível dizer que a informáti- ca significa mais do que um conjunto de micros, é uma realida- de concreta na vida das pessoas. Contudo, foi no século XXque as tecnologias proposicionais ganharam corpo, isto é, saíram de projetos, protótipos ou simples algoritmos e evoluíram para a utilização damáquina. Com base nessa percepção é que se materializa o avanço tecno- lógico, fundamentalmente marcado pela evolução dos micro- processadores e pela digitalização da informação, processos ocorridos na segunda metade do século passado. Cordeiro e Ribeiro (2014, p.4) destacamque: A mudança ocorrida na sociedade do início do século XX até o momento atual, graças principalmente aos avanços tecnológicos e científicos, ampliaram as áreas do conhecimento, tornandoo homem moderno mais informado e exigente. Este processo teve como principal consequência o deslocamento do poder que an- tes era concentrado, tanto na sociedade como nas organizações, e hoje é instável e dinâmico, movendo-se por todas as camadas, adquirindo novas formas deacordocomasituação. Como um relevante exemplo, no âmbito da esfera contábil, é possível destacar sobre o uso demasiado de impressoras ma- triciais. Hoje, esse tipo de equipamento anacrônico, que não oferecia rapidez, precisão e segurança para as organizações, foi substituído pelo uso de novas tecnologias proporcionadas pelo avanço tecnológico. Em relação a essa observação, Cardo- DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 26 so (2004) admite em sua obra que a sociedade dos dias atuais encontra-se significativamente apoiada nos modernos recur- sos tecnológicos. De todas as tecnologias, o computador é um dos mais presentes, uma vez que representa a base principal das novas tecnologias. De acordo com Drucker (2004, p. 34), “a estrutura organizacio- nal tornou-se insuficiente para dotar as organizações de agilida- de, mobilidade, inovação e mudanças necessárias para suportar as novas ameaças e oportunidades dentro de um ambiente de intensa turbulência”. Portanto, as mudanças tecnológicas estão cada vez mais rápidas e voltadas para o destino das organiza- ções. Trata-se de uma realidade assertiva e promissora para as instituições, bem como de uma sociedade. É como enfatiza Fer- retti et al. (2010), o homem está vivendo a Segunda Revolução Industrial, Revolução da Informática ou Revolução da Automa- ção, ou seja, a era das máquinas inteligentes. Compreende-se então que, é notório que a introdução de uma nova tecnologia veio causar grandes transformações no contexto social e que esse novo contexto veio desencadear o aparecimento de outras tecnologias semelhantes. No campo de trabalho das empresas prestadoras de serviços contábeis, o uso de uma nova tecnologia por parte dos órgãos fiscaliza- dores trouxe como consequências a necessidade imediata de adaptação e utilização de novos e modernos recursos. Contu- do, gestores e demais técnicos que atuam nesse segmento bem sabem da significância de substituir procedimentos manuais por digitais. Nesse ponto de vista, a nota fiscal eletrônica, que é um subprojeto do Sped, e que veio antes mesmo da instituição do sistema, é um exemplo de modernização tecnológica a ser considerado pelasorganizações. Segundo Ferretti et al. (2010, p. 173), com as novas tecnologias, aumenta-se a relação entre meios de produção e número de trabalhadores empregados na produção, alterando-se a com- DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 27 posição técnica do capital e a relação entre capital constante e capital variável. Desta forma, apresenta-se um conjunto de procedimentos que definem uma maior eficácia na obtenção, transmissão e processamento das informações. Sobre a ques- tão, Rummert (2000, p. 166)menciona: as novas tecnologias não são educadoras. Elas exigem um apren- dizado anterior: o aprender fazendo na fábrica vai sendo subs- tituído radicalmente. As novas tecnologias transferem, ainda, a qualificação do trabalhador para o posto de trabalho; muitas ocupações são substituídas por máquinas. Por serem as tecnolo- gias muito vulneráveis e rapidamente superadas, oempresariado volta-separa otrabalhador. Atualmente, a tecnologia influi em todo o processamento da atividade de uma empresa tornando-a apta quanto a sua efi- ciência e eficácia. Essas organizações também entendem e gerenciam os riscos associados, tais como as crescentes de- mandas regulatórias e a dependência crítica de muitos proces- sos de negócios relacionados ao segmento. Na realidade, a TI representa uma solução organizacional e administrativa para os desafios e problemas advindos de um ambiente de geren- ciamento de negócios. Segundo Raeder (2014), a evolução da TI contribui para o de- senvolvimento de organizações inteligentes que se caracteri- zam pela disponibilidade de sistemas informacionais de apoio aos processos operacionais, estratégicos e gerenciais refletin- do diretamente nos resultados da empresa. Já a argumentação de Turban (2004) em relação a essa questão complementa que, um sistema de informação estratégica ajuda a organização a obter maior vantagem competitiva e capacidade de melhorar significativamente o desempenho e a produtividade. Nesse contexto, a área da TI mostra-se fundamental para a so- brevivência das empresas modernas, uma vez que organiza- DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 28 ções bem posicionadas visam ao devido alinhamento de seus negócios mediante os benefícios da tecnologia. Em uma lin- guagem popular, é como se fosse o coração de um corpo huma- no. Sem ele, não há vida. Em um raciocínio lógico sobre essa perspectiva, Silva (2009) acrescenta que a TI não é vista apenas como um mecanismo de suporte, mas como um setor atuante da alta gerência provendo decisões e conquistando cada vez mais um espaço de integração ativa. Já Porter e Millar (2014, p. 152) destacam que: a TI não somente afeta a maneira como cada atividade individu- al é realizada, pois, através de novos fluxos de informação, está aumentando a habilidade das empresas para explorar oelo entre as atividades internas e externas à empresa. A tecnologia está criando novas ligações entre essas atividades eagora as empresas podem coordenar suas atividades em conjunto com seus clientes efornecedores. Com a utilização comercial da internet, a cadeia de forneci- mento como um todo tem ocupado um lugar de destaque no planejamento da TI das organizações. Na opinião de Szafir- -Goldstein e Souza (2014), “a redução de custos, a melhoria no DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 29 controle dos processos e a utilização de sistemas estratégicos estão diretamente ligadas à busca pela melhoria da competi- tividade da empresa”. Hoje, quando a interligação de clientes e fornecedores em cadeias de suprimento é preponderante, a utilização de TI de informação pode ser considerada como um fator de sobrevivência. É dentro desse contexto que o Sped entra como uma ferra- menta fundamental para a contabilidade. O projeto atua com subprojetos interligados à eficiência tecnológica, garantindo celeridade e segurança diante das obrigações previstas pela legislação vigente. Em sua apresentação disponível no sítio eletrônico sped.rfb.gov.br, a definição do Sped se resume à modernização sistémica atual do cumprimento de obrigações acessórias geradas por contribuintes aos órgãos responsáveis. Ou seja, isso implica em um substancial melhoramento das atividades contábeis e segmentos afins ou organizações que lidam com a tecnologia ou que necessitam lidar. Até porque se sabe que a conformidade tributária é um termo atual de tama- nha relevância para a contabilidade e que está diretamente in- serida nesse contexto da modernização através da ferramenta Sped. ATI melhora o desempenho dos negócios utilizando o modelo das quatro fontes: otimização, reformulação, informações in- ternas e informações externas, segundo percepção de Hunter (2011). As oportunidades de aperfeiçoamento giram em torno do uso de TI para dinamizar os processos por meio da auto- mação ou consolidação. Essa reformulação inclui a redução de custos e a possibilidade de autosserviço. Ou seja, as oportuni- dades de informações internas surgem quando a TI fornece informações que os funcionários da empresa podem usar para melhorar seu próprio desempenho. Já as informações externas são uma fonte poderosa de valor que poucas empresas encon- traram maneiras de aproveitar. DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 30 Arelação custo-benefício em instituiçõesé fator determinante na tomada de decisão. No âmbito do setor contábil, essa pers- pectiva também é legítima. Segundo Albertin e Moura (2007), o uso de TI oferece benefícios para o negócio que incluem cus- to, produtividade, qualidade, flexibilidade e inovação, sendo que cada uso tem uma composição própria desses benefícios. O desafio das organizações é determinar, mais precisamente possível qual dos proveitos é realmente ofertado e desejado, uma vez que essa identificação será a base para a confirmação dessas vantagens. No contexto das empresas prestadoras de serviços contábeis, são muitos os softwares que permitem o compartilhamento de informações, aplicativos e periféricos entre vários equipa- mentos. E nessa premissa, é fundamental considerar o Sped como grande alicerce tecnológico (software de tributos) para o desenvolvimento e eficiência das atividades que envolvem a contabilidade, especialmente pelo sistema aprimorar atra- vés de seu formato digital, mecanismos ligados às obrigações acessórias exigidas pela legislação tributária. História e evolução do sistemacontábil Diante da perspectiva que contempla empresas de serviços contábeis, faz-se necessário ressaltar que a contabilidade de- sempenha o papel de controlar os fatos, mediante registros contábeis, ocorridos em patrimônios das instituições. É sabido que a função tem como finalidade executar e administrar as informações patrimoniais. Mas antes de entrar num contexto mais aprofundado sobre o Sped em relação à evolução do siste- ma contábil, é fundamental enfatizar que empresas precisam gerenciar seus riscos no que diz respeito às atividades econô- micas e sem se descuidar de riscos fiscais. É preciso considerar que o risco fiscal pode fechar a porta de uma empresa. DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 31 A contabilidade é uma ciência social que abrange os conheci- mentos necessários para o estudo, controle e avaliação do pa- trimônio de pessoas físicas e jurídicas, nos aspectos quantita- tivos e qualitativos, segundo Coelho e Lins (2010). Diante disso vale destacar que para fazer gestão tributária ou estar confor- midade tributária é necessária a aplicação de três princípios básicos: conformidade tributária, planejamento tributário e auditorias preventivas. É possível pensar em uma relação de intimidade com a con- tabilidade, sendo ela personagem principal ou secundário em nossas vidas? Franco (1996, p. 22) desmitifica isso afirmando que “a contabilidade desempenha, em qualquer organismo econômico, o mesmo papel que a história na vida da humani- dade”, pois, sem a contabilidade, não se conheceria o passado nem o presente econômico das empresas, além de não ser pos- sível a elaboração de projetos e planos para o futuro. Alguns historiadores relatam que os primeiros sinais da exis- tência de contas surgiram há aproximadamente 4.000 A. C.. Entretanto, antes disso, o homem primitivo, ao inventariar o número de instrumentos de caça e a pesca disponível, ao con- tar seus rebanhos, já estava praticando uma forma rudimentar de contabilidade. Alguns pesquisadores afirmam que o início das práticas rela- cionadas com o controle das contas data mais de mil anos antes de Cristo. Para outros, tais preocupações são tão velhas quanto à humanidade. Para mensurar, avaliar, e controlar seus bens pessoais desde os tempos remotos, os reis, faraós, comerciantes, agricultores, etc., utilizavam técnicas de registros, o que pode ser entendido como oinício da Contabilidade como hoje é conhecida. (OLIVEIRA; NAGATSUKA, 2000 p.19). Em face disso, de acordo com os autores Oliveira, Silva e Feital DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 32 (2014, p. 2), a contabilidade se originou com a necessidade de registros do comércio. Indícios apontam que as primeiras ci- dades comerciais eram dos fenícios. Aprática do comércio não era exclusiva deles, já sendo praticadas nas principais cidades da antiguidade. A dialética sobre o assunto também pode ser compreendida no trecho a seguir: Na República Romana (200 A.C.), nos registrosgovernamentais, já eram utilizadas as receitas de caixa, que eram classificadas como rendas elucros, eas despesas compreendidas nos itens salá- rios, perdas e diversões. No mundo antigo, a Contabilidade sur- ge com as primeiras civilizações e vai até 1202 da Era Cristã. A Contabilidade empírica, praticada pelo homem antigo, já tinha como objeto o patrimônio, representado pelos rebanhos e outros bens nos seus aspectos quantitativos. A Contabilidade do mundo medieval, período que vai de 1202 da Era Cristã até 1494, foi um período importante tanto na história do mundo, quanto na his- tória da Contabilidade. Foiquando a indústria artesanal prolife- rou com osurgimento de novas técnicas no sistema de mineração e metalurgia. A Contabilidade do mundo moderno, período que vai de 1494 até 1840, é considerada a fase da pré-ciência. Para se estabelecer um controle das inúmeras riquezas, que o novo mun- do representava, a Contabilidade tornou-se uma necessidade. (COTRIN et al., 2014,p.47). República Romana DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 33 Ainda sobre a história da contabilidade, Sá (1997) descreve que a ela nasceu junto com a civilização e que seus progressos qua- se sempre coincidiram com as características da própria evo- lução humana. A contabilidade jamais deixará de existir em decorrência das civilizações, uma vez que existe grande liga- ção entre a ela e a história dos seres humanos. Os primeiros registros surgiram com a necessidade de um simples controle de identificação e quantidade dos objetos. A data de origem da Contabilidade não se pode definir, uma vez que existem informações muito antigas de séculos A.C que já comprovam o uso de métodos para contagem e controle de situa- ções do cotidiano, como, por exemplo, os desenhos realizados nas paredes das cavernas pelos primeiros homens, para monitorar a quantidade de alimento e de animais que eles possuíam. Essa contagem era realizada com os materiais que eles dispunham na época e de acordo com o seu grau de conhecimento, ou seja, de maneira muito remota. A Contabilidade foi se aperfeiçoando e se desenvolvendo com o passar dos anos, pois os métodos eram muito arcaicos, então se viu a necessidade de se aprimorar para resultados mais rápidos ecom um maior número de informações, para explicitar ao máximo todos os dados solicitados (RODRI- GUES et al., 2011, p.16). Portanto, a contabilidade não surgiu de acordo com leis ou parâmetros estipulados por alguém ou alguma constituição. Desde muito antes das grandes civilizações e de qualquer ou- tro tipo de organização das massas, já existiam métodos con- tábeis. Compreende-se, consequentemente, que ela surgiu pela própria necessidade humana no sentido de buscar um controle das situações. Segundo Sá (1999, p. 17), antes que o homem soubesse escrever e antes que soubesse calcular, criou ele a mais primitiva forma de inscrição que foi a artística, da qual se vale para também evidenciar seus feitos e o que havia conquistado paraseu uso. DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 34 No entanto, com a evolução tecnológica e as necessidades so- ciais, houve um grande aumento dos usuários da contabilida- de, criando assim a necessidade de demonstrar as realizações para a sociedade, ao contrário do que era feito antigamente, em que somente o proprietário tinha acesso a essas informa- ções. De acordo com Johem (2008), com o passar dos tempos e a humanidade com a necessidade de se preservar, foram aper- feiçoando-se as técnicas de registros e controles. Com o surgi- mento das partidas dobradas, Sá (1997,p. 35) ressalta que: as partidas dobradas, no seu registro mais antigo, foram em 1292, embora reconheça que existem provas esparsas,oriundas da cidade de Siena na Toscana, Itália. No entanto, o mais com- pleto documento, em partida dobrada, é um Diário, iniciado em 1403, descoberto por Melis, que se encontra nos arquivos Datini, da cidade de Prato, na Toscana, Itália. Este foi o sustentáculo para que esse ilustre historiador da Contabilidade apresentasse sua tese que derrubaria a anterior sobre onascimento da partida dobrada;ou seja, comseusesforçosprovouquea Toscanaéa terra onde com maior probabilidade nasceu a partidadobrada. Com esse raciocínio, é possível afirmar que o Sped veio para aperfeiçoar técnicas operacionais de registros, mantendo o controle de todas as operações (ou tipos de informações) atra- vés de seu monitoramento em relação ao recebimento de in- formações das empresas. Já os subprojetos (projetos menores), braços do projeto Sped, aprimoram as atividades com a utili- zação de tipos, que são conjuntos de informações. Para Schmidt (1996, p. 37), posteriormente ao aparecimento das partidas dobradas foram surgindo os primeiros métodos para a sua transcrição em papel, em sistemas ou em impressão de livros: 1º- desenvolvimento econômicona área abrangida entre ascida- DESCOMPLICANDO OSPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 35 disseminação para os grandes centros co- rincipalmente no norte aItália. grande revolu- sempre teve dade. Se- a), que o bili- desde lização e, íodo, foi tida ação mercantil. O homem enriquecia, des de Veneza, Gênova e Florença, criando um ambiente de ne- gócios eum nível comercial bem mais sofisticado que oconhecido até então, dando origem a uma demanda de sistemas contábeis sofisticados; 2º - a aprendizagem da tecnologia de impressão de livros na Ale- manha e sua rápida disseminação para os grandes centros co- merciaisda Europa, principalmente no norteaItália. É reflexivo pensar que a grande revolu- ção de uma sociedade empre teve ligação com a contabili ade. Se- gundo Iudicibus (2000 ),que também enfatiza sobre o surgimento da conta ili- dade, a função existe desde os primórdios da civi zação e, durante um longo per do, foi tida como a arte da escritur ção mercantil. O homem enriquecia, e isso impunha o estabelecimento de técnicas para controlar e preservar os seus bens. Através dessa contextualização, se inicia a história da contabilidade, que se divide em quatro pe- ríodos. Sãoeles: CONTABILIDADE DO MUNDO ANTIGO - período que se ini- cia com a civilização do homem e vai até 1202 da Era Cristã; CONTABILIDADE DO MUNDO MEDIEVAL - período que vai de 1202 da Era Cristã até 1494, quando apareceu o Tratactus de Computis et Scripturis (Contabilidade por Partidas Dobradas) de Frei Luca Paciolo, publicado em 1494, enfatizando que a te- oria contábil do débito e do crédito corresponde à Teoria dos Números Positivos e Negativos, obra que contribuiu para inse- rir a Contabilidade entre os ramos do conhecimento humano; CONTABILIDADE DO MUNDO MODERNO - período que vai DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 36 de 1494 até 1840, com o aparecimento da Obra “La Contabilità Applicatta alle Amministrazioni Private e Pubbliche”, da auto- ria de Franscesco Villa, premiada pelo governo da Áustria; CONTABILIDADEDOMUNDO CIENTÍFICO - período quese inicia em 1840 e continua até os dias de hoje. Com todo o avan- ço da ciência verificado nos últimos anos, a área contábil igual- mente vem seguindo o ritmo da evolução da informática e está trilhando os caminhos do desenvolvimento, visando a atingir os padrões de agilidade e qualidade exigidos pela sociedade. Na opinião de Souza (2012, p. 16), a Contabilidade de manei- ra manuscrita exigia além de grandes controles das anotações das operações da empresa, um tempo muito elevado para fazer os balancetes, e a atualização desses resultados era algo extre- mamente difícil. Doravante, Thompson (1991, p. 22) também contribui sobre a história da contabilidade. Ele acrescenta: Compare estas duas cenas. Um atarefado empregado, com a gra- vata afrouxada, maneja uma pesada máquina. Faz lançamentos contábeis em uma ficha, atrás de qual há uma folha com carbo- no. Depois transcreveessas informações no Diário. Ou, então, um operador faz os mesmos lançamentos em um microcomputador, com velocidade cinco vezes maior, deixando para o programa a elaboração de relatórios, que depois serãoemitidos pela impresso- ra. É a diferença entre usar ounão a informática comoferramen- ta no dia-a-dia doprofissionaldaContabilidade. A contabilidade desenvolveu-se em resposta a mudanças no ambiente, novas descobertas e progressos tecnológicos, segun- do os autores Hendriksen e Breda (1999, p. 38). Não há motivo para crer que o segmento não continue a evoluir em resposta às mudanças que estamos observando em nossos tempos. De acordo com os estudos de Oliveira (2003, p. 12): DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 37 a Contabilidade seguiu três procedimentos em sua evolução, são eles: procedimento manuscrito; procedimento mecanizado e procedimento informatizado. Hoje, a Contabilidade tornou-se financeira, gerencial e de controle, o que a deixa mais complexa e vital para as organizações no que se refere a produzir informa- ções mais precisas aprimorando as tomadas de decisões. Dando um destaquemaiorparaocontabilista,comoauditorecontroller. Ahistória da contabilidade no Brasil é recente comparando-se com os países europeus. Gelatti e Meneghetti (2010) mencio- nam que o primeiro contato da contabilidade com o país ocor- reu devido à necessidade de controle das transações mercan- tis. Desde então, a contabilidade evoluiu significativamente, tornando-se uma ferramenta indispensável à gestão das em- presas. Segundo Moscove, Simkin e Bagrannoff (2002, p. 408), a con- tabilidade é um campo em que existe a necessidade de siste- mas de informação especializados, devido a tantos problemas que exigem especialização em auditoria, contabilidade de custos, contabilidade tributária e contabilidade gerencial. Já Souza e Ilarino (2010, p. 3) afirmam que a contabilidade não trabalha isolada das outras áreas e muito menos visando aten- der somente o fisco, ela tem grande relevância dentro de uma organização fornecendo informações que traçam a continui- dade e o desenvolvimento da empresa frente às exigências do mercado atual. Mas as transformações que destacariam mais ainda a ativida- de de contabilidade foram determinantes no desenvolvimento da área. Os autores Sasso e Rosa (2011) ressaltam que, nas úl- timas décadas, ocorreram mudanças significativas nos proce- dimentos contábeis, passando da escrituração manual para a mecânica e atualmente para a eletrônica. Houve uma evolução da escrita manual para a utilização de máquina de escrever DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 38 (datilografia), e hoje são utilizados os computadores, que co- meçaram a ser difundidos por volta de 1980, juntamente com sistemas informatizados que unem as diversas áreas de uma empresa. A internet influenciou, de tal maneira, as pessoas e as empresas que criou um novo mercado de atuação para os profissionais das mais diversas áreas, incluindo a contábil. Os softwares oferecidos facilitam os trabalhos contábeis propor- cionando rapidez e segurança aos processos, evitando falhas e gerando maior eficácia das informações. Entretanto, para atingir esse grau de automação da conta- bilidade, foi preciso romper as barreiras de implementação provenientes da mudança de tecnologia e, até mesmo, do comportamento do contador. Todavia, a informática repre- senta grandes benefícios de um lado com a centralização das informações, que antes eram controladas por várias áreas, e de outro, com o nível gerencial das informações que auxiliam no processo decisório. DESCOMPLICANDO OSPED • Aspectos operacionais do Sistema Públicode Escrituração Digital 39 “Com o passar do tempo, o governo começa a utilizar-se da contabilidade para arrecadar impostos e a torna obrigatória para a maioria das empresas”, explanou Marion (1995, p. 24). Baseado nesse conceito, as novas tecnologias, cada vez mais avançadas, permitem os profissionais da contabilidade fazer um melhor uso dessas ferramentas, tornando-as verdadeiras estratégias de mercado, no que diz respeito à agilidade com que são geradas, assim como à credibilidade delas, pois se ba- seiam em dados do passado e presente permitindo traçar es- tratégias parao futuro. Já Souza (2012, p. 16) destaca que é evidente que, com a globa- lização e o avanço do mercado mundial, as empresas passaram a ter a obrigação de se modernizar, e, com ela, a contabilidade passou da fase manuscrita para a mecânica. Os profissionais, com o auxílio de máquinas, preenchiam as fichas de maneira mais automática, tendo um significado avanço na praticidade das informações. Nesse contexto da história e evolução do sistema contábil, o Sped representa uma evolução no conjunto de obrigações de natureza acessória, primando pela modernização da adminis- tração tributária que prioriza agilidade, segurança e eficiência na prestação de informações e no cumprimento das obriga- ções dos contribuintes. Ou seja, esse efeito modernizador se estabelece após todo histórico da contabilidade, facilitando a vida do contribuinte, melhorando a relação fisco-contribuinte, além da contabilidade. Como premissa básica, o Sped não tem como objetivo alterar a forma como a obrigação principal é apurada e paga. Sabe-se que pelo tributário nacional, os contribuintes dois tipos de obriga- ção tributária, são elas: principal (pa- DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 40 gamento do tributo ou pagamento de penalidade pecuniária) e acessória (escriturações de documentos, livros prestação de informações ao fisco, o envio ou esclarecimento de qualquer informação vinculada). Ou seja, primando à modernização da administração tribu- tária, com aspectos de agilidade, conforto e eficiência, o Sped veio representando uma evolução no conjunto das obrigações de natureza acessória além de facilitar a vida do contribuinte. DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 41 Conheça o Curso Formação em SPED 2.0 Acesse >> http://bit.ly/formacaoemSPED http://bit.ly/formacaoemSPED DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 42 Sistema Público de EscrituraçãoDigital capítulo2 DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 43 Contextualização Antigamente, os livros de natureza fiscal ou contábil eram es- criturados manualmente. Era nada mais que, um modelo con- siderado anacrônico e obsoleto em relação aos tempos atuais. Com o passar do tempo, essa escrituração se tornou informati- zada, contexto esse em que esses tipos de livros de papel agora são escriturados utilizando a tecnologia digital. Com o surgimento do Sistema Público de Escrituração Digi- tal (Sped), essas escriturações tornaram-se 100% digitais. Ou seja, pequenas e grandes empresas passaram por processo de adaptação ao Sped e com isso tiveram que informatizar proce- dimentos, implicando utilizar métodos de sistemas de gestão como medida proativa. A padronização do Sistema proporcionou às empresas dimi- nuição de custos através da eliminação da demasiada quanti- DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 44 dade de papel que era consumido no dia a dia. Além disso, o projeto veio para simplificar as obrigações acessórias, redu- zindo a necessidade de empresas receberem auditores fiscais em suas instalações. Em um cenário de riscos, onde fatores tais como tempo e pre- venção são primordiais para o atingimento de metas das em- presas, o uso Sped hoje gera celeridade na produtividade, se- gurança na aplicação de seus subprojetos, e ainda promove o fortalecimento do controle da fiscalização, bem como do com- bate à sonegaçãofiscal. Apresentação Aprática de uma função é diferente da teoria que ela apresen- ta, e essa constatação não pode ser diferente. Imagine digitar manualmente milhares de informações de bobinas de cupons fiscais, para ao final desse procedimento se fazer o Sped. Num passado recente, em meados de 2009, empresas do segmento contábil perdiam muito tempo realizando esse tipo de proce- dimento, utilizando impressoras matriciais, extintas nos tem- pos atuais. Para contextualizar melhor e entender o objetivo da escritu- ração digital, faz-se interessante, antes, distinguir o papel de impressoras fiscais térmicas e matriciais. Como impressora “do bem”, a térmica imprime cupons fiscais em duas vias; uma destinada ao cliente e a outra fica salva (de forma digital) na memória da fita detalhe, constando dentro do equipamento. Consequentemente, a impressora importa esse arquivo digita- lizado para dentro do Sistema de Informações Contábeis, fer- ramenta de extrema praticidade e relevância. Já a impressora matricial podia ser considerada como a grande vilã da história do setor fiscal, porque apresentava uma diferença crucial. O equipamento também imprimia o cupom em duas vias, uma ficava com o cliente, porém a outra ficava na bobina manual. DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 45 Resumindo, o contador, para lançar todas as bobinas, que apresentavam cerca de 10 metros, teria que digitar manual- mente cupom a cupom para fazer o Sped delas. Por sorte do destino, profissionais que atuam com o Sped hoje em dia, não passam por isso. Costumo dizer em treinamentos e palestras que o Sped pode ser entendido de maneira simples, como um sistema que foi criado para receber os mais diversos tipos de informações das empresas. Ou seja, os documentos fiscais eletrônicos têm pa- pel fundamental no contexto do sistema: as informações que nascem dos documentos fiscais eletrônicos transitam pelas escriturações fiscais e desaguam na contabilidade. O Sped tra- ta-se de um sistema que une atividades de armazenamento de dados de notas fiscais eletrônicas, e recepção, validando livros e documentos que integram escrituração comercial e fiscal das organizações. O fisco, por sua vez, definiu previamente o for- mato que gostaria de receber cada tipo de informação, sejam informações das operações comerciais acobertadas por notas fiscais eletrônicas ou até mesmo dados complexos de natureza fiscal e contábil. É muito comum que nas organizações, a pessoa responsável pela emissão do documento fiscal ou pela entrada da escritura- ção desse documento no sistema gerencial da empresa, seja al- guém com pouco conhecimento técnico, tanto do projeto Sped, como da legislação da Nota Fiscal Eletrônica, e, principalmen- te, dos tributos. Criado pelo Decreto nº 6.022, de 22 de janei- ro de 2007, conforme mencionado na introdução, o Sped faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Federal (PAC 2007-2010) com objetivo de melhorar a relação entre o fisco e os contribuintes por meio da informatização. Por ser uma ferramenta do Governo, o Sistema é monitorado pela Receita Federal. O processo de modernização do sistema é compreendido em cumprimento das obrigações acessórias, transmitidas pelos contribuintes às administrações tributá- DESCOMPLICANDOOSPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 46 rias e aos órgãos fiscalizadores e, por isso, adota a certificação digital para fins de assinatura dos documentos eletrônicos e, dessa forma, assegura a validade jurídica destes. O Sped repre- senta uma iniciativa integrada das administrações tributárias nos âmbitos federal, estadual e municipal e, portanto, mantém uma parceria bem-sucedida com vinte instituições, entre ór- gãos públicos,conselho de classe, associações e entidades civis na sua estruturação tendo iniciado com os seguintes projetos: Escrituração Contábil Digital, Escrituração Fiscal Digital e a NF-e - Ambiente Nacional. Nesse sentido, a Nota Fiscal Ele- trônica (NF-e) trata-se de uma obrigação acessória que carre- ga uma série de informações a respeito da obrigação principal. Como exemplo, na NF-e se preen- che, em cada item, qual é o CST e a tributação do PIS, Cofins, ICMS e IPI. Além disso, a NF-e carrega uma séria de informações de natureza gerencial da empresa tais como: descrição do produto, código interno utilizado pela empresa, NCM, unidade de medida, e todos vão compor a es- crituração fiscal. Vale ressaltar que a nota fiscal surgiu em 2005 trazendo uma grande revolução como modelo operacional das organizações. Ou seja, evoluiu-se de um contexto de papel, em que notas eram produzidas de maneira manual, como já dito no início deste capítulo, para um contexto que utilizava siste- mas de impressão em formulários contínuos, e aderindo a um modelo digital que traz impactos nas rotinas operacionais das empresas. Dentre sua ampla área de atuação, firma protocolos de coo- peração com 27 empresas do setor privado, participantes do projeto-piloto, visando tanto o desenvolvimento, como o dis- ciplinamento dos trabalhos agrupados. Em conjunto com DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 47 as parcerias fisco-empresas, proporciona o planejamento e a identificação de soluções antecipadas no cumprimento das obrigações acessórias devido às exigências das administrações tributárias. Por outro lado, cria como benefício para sociedade um relacionamento de mútua transparência em que há a par- ticipação efetiva dos contribuintes, contribuindo fortemente para aprimorar mecanismos tributários e com alto grau de le- gitimidade social. Como já ressaltado, no portal do Sped é possível verificar a definição que diz que o sistema consiste na modernização da sistemática das obrigações acessórias, transmitidas por con- tribuintes às administrações tributárias e aos órgãos fiscaliza- dores. Mas que tal simplificar melhor essa definição com um olhar mais operacional e prático, com intuito de aprimorar a prestação de serviço contábil? Aopensar o Sped numa maneira mais simples, pode-se dizer que ele é um grande sistema que foi desenvolvido com o objetivo de receber as informações das empresas. Contudo, é sabido que existem vários segmentos que são ex- plorados nas atividades econômicas do país, que empresas re- cebem muitos tipos de informações, e consequentemente, que diversos softwares controlam a gestão dessas empresas. Ou seja, as informações são diferentes. Para que o fisco possa usar essas informações de forma asser- tiva nas fiscalizações e no gerenciamento de políticas públicas, o mesmo desenvolveu um grande sistema que é divido em pro- jetos menores, que se pode entender como subprojetos, mais precisamente, “braços” de apoio do projeto Sped, e que divi- dem esses conjuntos de informações por tipos. Em suma, foi criado um layout detalhado intitulado Sped fis- cal ou EFD ICMS IPI, para que contribuintes possam enviar, em meio digital, informações a respeito desses tributos. Afer- DESCOMPLICANDOOSPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 48 ramenta faz a explicação de todas as informações de interesse do fisco. Nesse mesmo raciocínio, pode-se observar a EFD Contribui- ções como um layout que foi desenvolvido para que os contri- buintes possam enviar informações relacionadas ao PIS, Co- fins, e a contribuição previdenciária sobre a receita bruta. Desta forma, também consta o Sped Contábil, aonde os contri- buintes enviam informações da contabilidade. Já o Sped ECF tem a finalidade de receber as informações da apuração do imposto de renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido(CSLL). Esses subprojetos são considerados de natureza acessória e servem de subsídio para os interesses tributários que anseiam por informações geradas pelos mesmos. O Sped representa um conjunto de obrigações acessórias, mas que como premissa básica, não tem como objetivo alterar a forma como a obrigação principal é apurada e paga. Como se DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 49 sabe pelo código tributário nacional os contribuintes possuem dois tipos de obrigação tributária: principal, referente ao pa- gamento do tributo ou de qualquer penalidade pecuniária; e acessórias: emissão de documento fiscal, escrituração (de do- cumentos ou de livro) contábil e fiscal, além da entrega de de- clarações. Amodernização da administração tributária tem como objeti- vo dar mais agilidade, conforto e eficiência na prestação de in- formações, no cumprimento das obrigações pelos contribuin- tes, facilitando a vida do contribuinte, melhorando a relação fisco-contribuinte, e, por conseguinte, da contabilidade. Mesmo num cenário que aponta perspectivas não favoráveis para o uso do Sped, é preciso desmitificar paradigmas e obje- ções por parte de profissionais que atuam com o mesmo. Em relação a essa realidade, é viável ter uma mentalidade aberta e ressaltar que o projeto se trata de um novo modelo de apresen- tação das informações, com nível de detalhamento, e que pro- porciona um conhecimento muito maior que o modelo antigo a respeito das operações praticadas pelos contribuintes. Legislação O Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007 institui o Sistema Público de Escrituração Digital (Sped). O que é interessante observar é que, apesar do decreto que institui no ambiente ju- rídico brasileiro o projeto Sped ser do ano de 2007 o primeiro subprojeto desse grande sistema nasceu em 2005, a Nota Fis- cal Eletrônica, por meio do Ajuste Sinief 07 daquele ano, fato que estudaremos em capítulos à diante. Por vezes, a legislação tributária no país é vista como comple- xa e ao mesmo tempo esparsa. Em algumas situações torna-se grande obstáculo paraempresários. DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 50 Para exemplificar sobre esse assunto, costumo sempre falar em sala de aula, de um exemplo citado pelo professor Fábio Rodrigues, que argumenta em torno da Lei nº 10.925 de 2004, que determina, em seu 1º Art., que ficam reduzidas a zero as alíquotas da contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o financiamento da Seguridade Social (Cofins). Ou seja, a regulamentação reduz a zero as alíquotas do PIS e Cofins leite fluido pasteurizado, industrializado ou ultra de forma ultra- pasteurizado. Posteriormente o raciocínio segue com o questionamento “mas e se questionássemos a Receita Federal se esse benefício consegue alcançar o leite da cabra?”, em suma, de uma per- gunta óbvia, já que se trata do mesmo leite. No entanto, com a reflexão, faz-se necessário compreender o posicionamento da Receita Federal. Numa solução de consulta do ano de 2013, nº 114/13 / 8ª Região Fiscal, a Receita Federal fez referência ao Decreto nº 30.691/52, que cita em seu Art. 475, revogado pelo Decreto n° 9.013/2017 em seu Art. 245, que se entende por leite o produto oriundo da ordenha completa, ininterrupta, em condições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas. Trazendo para uma linguagem mais simplificada, para o decreto, na visão do fisco, leite é apenas uma das vacas sadias e bem alimentadas. Em suma, como mensurar isso para a prática? Se a vaca foi bem alimentada ou se estava bem descansada, no intuito de definir se o produto daquela ordenha da vaca, o leite, será tri- butado ou terá o benefício da alíquota zero? O entendimento da Receita Federal ficou expresso na resposta da solução de Consulta nº 114, mencionada anteriormente. O mesmo diz que “a redução a zero das alíquotas da Contribui- ção para o PIS/Pasep (...) na redação que lhe foi dada pela Lei nº 11.488/07,no que tange ao leite é aplicável às receitas de venda DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 51 apenas do leite derivado de vaca, conforme se depreende do Art. 475de Decreto nº 30.691/52”. Com isso, fica subentendida uma discussão pertinente, que mostra que o cumprimento da obrigação tributária principal, que é pagar o PIS ou a Cofins, passa pelo entendimento correto de como se deve proceder no momento desse calculo. Na prá- tica, a tributação é baseada na classificação da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). Ou seja, seria necessário ter que classificar o NCM do leite da vaca de uma forma, e do leite da cabra de outra. Ademais, no caso da utilização da mesma clas- sificação de NCM, os produtos têm momentos distintos, em que em um passa a ser tributado para fins de PIS/Cofins, e no outro, de alíquotazero. De acordo com a legislação que trata dos documentos fiscais, ressalta-se o Convênio S/N de 1970, que determina que os con- tribuintes do ICMS emitirão conforme as operações que reali- zarem, os documentos: Nota Fiscal, modelo 1ou 1-A; Nota Fis- cal de Venda a Consumidor, modelo 2; Cupom Fiscal emitido por Equipamento Emissor de Cupom Fiscal (ECF); Nota Fiscal de Produtor, modelo 4. Nessa perspectiva, é imprescindível entender sobre a obrigação principal do cálculo do tributo do ICMS, que incide sobre a circulação das mercadorias. O ICMS como um instrumento normativo muito forte no país é um dos principais meios de arrecadação dos estados, e que possui sua matriz constitucional definida conforme o Art. 155 da Constituição Federal de 1988. Além disso, pode-se ressaltar também que diversos convênios e protocolos que disciplinam em torno do ICMS, além das leis complementares, se destaca a Lei Complementar nº 87 de 1996, conhecida como Lei Kandir. Os regulamentos estaduais tam- bém se inserem nesse contexto. DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 52 Faz-se necessário entender também que a consulta aos regu- lamentos estaduais é de extrema importância. Ela permite verificar a instituição dos documentos fiscais eletrônicos, que são constituídos por meio de ajustes de NFe, protocolos ou até mesmo convênios. No entanto, para exercer o cumprimento das obrigações do Sped, é fundamental buscar entender também sobre a legisla- ção estadual, particularidades como cronogramas, prazos, re- gras no que diz respeito à implantação e excussão de projetos. Benefícios O Sped possibilita diversos benefícios, dentre os quais a redu- ção não só do tempo despendido com a presença de auditores fiscais nas instalações do contribuinte bem como do envolvi- mento involuntário em práticas fraudulentas. O sistema faci- lita também o aprimoramento do combate à sonegação fiscal. As informações são acessadas de forma mais rápida, e são uni- formizadas as que o contribuinte presta a qualquer uma das unidades da federação gerando um controle mais eficiente e robusto. Há uma simplificação dos procedimentos controla- DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 53 dos pela administração tributária e a redução de custos com a racionalização das obrigações acessórias e de custos admi- nistrativos. Além disso, o projeto gera aumento da produtividade do au- ditor com a melhoria da qualidade de informação visto que há possibilidade de cruzamento entre os dados contábeis e os fis- cais. Entre os próprios contribuintes há possibilidade de troca de informações a partir de um leiaute padrão. Em tempos de conscientização ecológica, a atuação com o Sped promove re- dução de custos com a dispensa de emissão e armazenamento de documentos em papel. O Sistema também proporciona benefícios na gestão tributa- ria das empresas, uma vez que para seu atendimento as orga- nizações necessitam investir na modernização dos processos que geram informações para as áreas fiscais. Neste sentido, as empresas passam a contar com dados estratégicos de custos, rotatividade de itens, margem de contribuição dos produtos de maneira analítica e completa. São muitos os ganhos na adequação ao projeto Sped poden- do destacar também a profissionalização de atividades que no passado eram apenas operacionais, como o da escrituração de documentos e que hoje ganham um ar moderno e de suma im- portância para eficaz gestão tributária das organizações. Os empresários, na sua grande maioria, são os principais gera- dores de informações para os speds. Isso é algo visto também como um paradigma. É perceptível uma abrangência (não ge- neralizada) deles que acreditam veementemente que conse- guem trabalhar num formato e modelo que trabalharam no passado. Na ocasião, quando empresários praticavam atos de qualquer interferência tributária, o contador contratado iden- tificava tendo que corrigir equívocos no momento de fazer a escrituração fiscal. DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 54 Hoje, essa perspectiva é completamente diferente. Isso por- que as informações são transmitidas e prestadas ao fisco de maneira automática, eletrônica, o que implica dizer, numa lin- guagem metafórica, que os contribuintes desse patamar estão inseridos numa corda bamba. Ou seja, de um lado, eles preci- sam se preocupar com a atividade empresarial e o sucesso dos negócios. Por outro, não podem perder de vista a necessidade de se fazer um gerenciamento eficaz dos aspectos tributários. Ressalte-se que este último pressupõe um conhecimento casa- do da legislação das obrigações principais e do cumprimento das obrigações acessórias. Histórico Como todo surgimento de uma nova tecnologia, o Sped conta com um breve histórico fundamental para ampliar o conheci- mento sobreo sistema. AEmenda Constitucional nº 42, aprovada em 19 de dezembro de 2003, introduziu o inciso XXII ao artigo 37 da Constitui- ção Federal que determina às Administrações Tributárias da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios atua- rem de forma integrada, compartilhando cadastros e informa- ções fiscais. Com o intuito de tratar acerca da referida emen- da, promoveu-se em julho de 2004, em Salvador, o I Encontro Nacional de Administradores Tributários (Enat) que contou com a presença do secretário da Receita Federal, os secretários de Fazenda dos estados e do Distrito Federal e o representante das secretarias de finanças dos municípios das capitais. O Enat teve como objetivo buscar soluções conjuntas com as três esferas governamentais a fim de obter a maior integra- ção administrativa com intercâmbio entre estas; diminuição de custos e da carga de trabalho operacional no atendimento; melhoria da fiscalização com ações coordenadas e integradas, entre outros. Em face disso, dois protocolos de Cooperação Téc- DESCOMPLICANDO OSPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 55 nica foram aprovados, cuja finalidade era a construção de um cadastro sincronizado para atender aos interesses das Adminis- trações Tributárias da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios e, outro, de caráter geral, voltado ao desenvolvi- mento de métodos e instrumentos para as referidas entidades públicas. No ano seguinte, em São Paulo, ocorreu o II Enat, com a presença dos mesmos representantes do encontro anterior a fim de efetivar o intercâmbio quando foram assinados os Proto- colos de Cooperação nos 2 e 3 para implantar o Sistema Público de Escrituração Digital e a Nota Fiscal Eletrônica. No âmbito da Receita Federal, o Sped faz parte do Projeto de Modernização da Administração Tributária e Aduaneira (Pma- ta) que reside na implantação de novos processos apoiados por sistemas de informação integrados, tecnologia da informação e infraestrutura logística adequada. Dentre as medidas anun- ciadas pelo Governo Federal, em 22 de janeiro de 2007, para o Programa de Aceleração do Crescimento2007-2010 (PAC) que tem por objetivo promover a aceleração do crescimento econô- mico no país, o aumento de emprego e a melhoria das condi- ções de vida da população brasileira consta a implantação do Sped e Nota Fiscal Eletrônica (NF-e), no prazo de dois anos, no item referente ao Aperfeiçoamento do Sistema Tributário. Objetivos É importante destacar que não é obje- tivo do Sped acabar com a sonegação fiscal, pois se este fosse seu objetivo o projeto já poderia ter sido dado como um grandioso fracasso. O Sped obje- tiva verdadeiramente dar rastreabi- lidade às operações, permitindo que ilícitos tributários sejam rapidamente identificados em um processo de fis- calização. DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 56 Portanto, o Sped pretende agilizar a identificação de ilícitos tributários tendo em vista a melhoria do controle dos proces- sos, a fiscalização mais efetiva das operações com o cruzamen- to de dados e auditoria eletrônica e acesso às informações. Conforme adiantado, o sistema visa estabelecer o intercâmbio entre os fiscos com a padronização e compartilhamento das informações contábeis e fiscais, respeitadas às restrições le- gais. Outro foco do Sistema é racionalizar e uniformizar as obriga- ções acessórias para os contribuintes, com o estabelecimento de transmissão única de distintas obrigações acessórias de di- ferentes órgãos fiscalizadores. Premissas Dentre suas premissas destacam-se a eliminação da concor- rência desleal no aumento da competitividade entre as empre- sas; proporcionar melhor ambiente de negócios para as em- presas no país e a manutenção da responsabilidade legal pela guarda dos arquivos eletrônicos da Escrituração Digital pelo contribuinte e por extensão reduzir os custos para este e dis- ponibilizar aplicativos para emissão e transmissão da Escritu- ração Digital e da NF-e para uso opcional pelo contribuinte. Acrescente-se ainda que o documento oficial é o documento eletrônico com validade jurídica para todos os fins. Pretende utilizar a Certificação Digital padrão ICP Brasil, criar na legis- lação comercial e fiscal a figura jurídica da Escrituração Digi- tal e da Nota Fiscal Eletrônica. Universo deatuação Amaioria dos contribuintes já se utiliza dos recursos de infor- mática para efetuar tanto a escrituração fiscal como a contábil. As imagens em papel simplesmente reproduzem as informa- DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 57 ções oriundas do meio eletrônico. A facilidade de acesso à es- crituração, ainda que não disponível em tempo real, amplia as possibilidades de seleção de contribuintes e, quando da reali- zação de auditorias, gera expressiva redução no tempo de sua execução. Na prática, diante de cruzamentos de dados do Sped, é possí- vel elencar entre os principais erros mais encontrados no sis- tema. Sãoeles: •Utilização de alíquotas incorretas de tributos •Aproveitamento indevido de benefícios fiscais e/ou paga- mento maior •Falhas em parâmetros de software que geram divergências entre obrigações acessórias •Operações com contribuintes inativos ou inidôneos •Ausências e omissões de informações No âmbito do universo de atuação do Sped, vale enfatizar que o sistema visa receber as diversas informações das empresas, atuando através de subprojetos que são as segmentações des- sas informações, sendo de natureza fiscal ou contábil. DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 58 Destaca-se, ademais, que as principais dificuldades do projeto são de ordem tecnológica, processuais (de processos), gestão da informação, e por vezes, de capital humano. Os riscos fiscais na operação do Sped podem ser gerenciados conciliando o conhecimento da legislação tributária principal com o conhecimento da legislação tributária acessória. Desta forma evitam-se os principais erros cometidos, dentre eles: a utilização erradas de alíquotas; pagamento indevido a maior; omissões de informações. DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 59 Conheça o Curso Formação em SPED 2.0 Acesse >> http://bit.ly/formacaoemSPED http://bit.ly/formacaoemSPED DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 60 documento s fiscais eletrônicos capítulo3 DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 61 Preâmbulo Sem dúvida, os documentos fiscais eletrônicos representaram o maior impacto do projeto Sped para a sociedade, visto que a substituição de notas fiscais em papel pelos seus equivalen- tes eletrônicos atingiu um enorme número de empresas em todo país. Como autor dessa obra, abro parêntese a respeito disso, para lembrar estórias consideradas cômicas como o en- vio de Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica (Danfe) por fax, ou até mesmo utilizando os correios, em meados de 2006-2007. Porém, nos tempos atuais, os documentos fiscais eletrônicos são uma realidade em quase todas as organizações. No que tange aos módulos de documentos fiscais eletrônicos do Sped, todos os anos são quebrados recordes de utilização destes modelos e em 2015 mais recordes foram alcançados, tanto na Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) quanto no Conhecimen- to de Transporte Eletrônico (CT-e). ANF-e – um dos grandes DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 62 projetos do Sped – conta atualmente com mais de 13bilhões de documentos autorizados. O projeto é desenvolvido, de forma integrada, pelas secretarias de Fazenda dos estados e Recei- ta Federal do Brasil, a partir da assinatura do Protocolo Enat 03/2005, de 27/08/2005, que atribui ao Encontro Nacional de Coordenadores e Administradores Tributários Estaduais (En- cat) a coordenação e a responsabilidade pelo desenvolvimento e implantação do Projeto NF-e. Ademais, a Nota Fiscal de Consumidor Eletrônica (NFC-e), do- cumento digital para o varejo, tornou-se realidade em quase todos os estados da Federação com imenso potencial de sim- plificação das relações de consumo. O Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e) também é projeto desenvolvido, de forma integrada, pelas secretarias de Fazenda dos estados e Receita Federal do Brasil. O número de documentos autorizados alcançou 1,3 bilhão em 2015. Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) Primeiramente, a Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) pode ser en- tendida como um documento de existência de viés apenas digital, em formato XML. Esse mesmo documento, que tem como principal objetivo documentar uma operação de circu- lação de mercadorias (geralmente entre pessoas jurídicas) é emitido e armazenado eletronicamente. Sua validade jurídica será garantida pela assinatura digital do remetente, utilizando certificado digital. Arecepção pelo fisco em relação ao arquivo eletrônico, antes da ocorrência do fato gerador, garantirá a au- torização do almejado documento fiscal. Já o Danfe, que será abordado mais adiante, neste mesmo ca- pítulo, parece nota fiscal, porque carrega informações seme- lhantes, mas não é, e nem a substitui. DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital 63 Assecretarias de Fazenda dos Estados e Receita Federal do Bra- sil desenvolveram em conjunto o projeto Nota Fiscal Eletrônica (NF-e)¹ a partir da assinatura do Protocolo Enat 03/2005, de 27 de agosto de 2005, que atribuiu ao Encat a coordenação e a res- ponsabilidade pelo desenvolvimento e implantação do Projeto NF-e. O projeto justificou-se pela necessidade de investimento público voltado para integração do processo de controle fiscal por permitir não somente o melhor intercâmbio e comparti- lhamento de informações entre os fiscos, redução de custos e entraves burocráticos, facilitando o cumprimento das obriga- ções tributárias e o pagamento de impostos e
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