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- Glicólise – | Metabolismo de Carboidratos | Oxidação da Glicose ⟶ A glicose é, quantitativamente, o principal substrato oxidável para a maioria dos organismos. Sua utilização como fonte de energia pode ser considerada universal. ⟶ Para algumas células e órgãos, como hemácias e cérebro, a glicose é imprescindível, por ser o único substrato a partir do qual podem sintetizar ATP. ⟶ Apesar de a dieta humana conter pouca glicose livre, quantidades consideráveis deste açúcar são ingeridas sob a forma de amido, sacarose e lactose. ⟶ A oxidação anaeróbia de glicose a piruvato rende apenas uma pequena parcela do total de ATP obtido pela oxidação aeróbia de glicose. • Nas células aeróbias, o piruvato pode ser totalmente oxidado, trazendo um enorme ganho na formação de ATP. ⟶ A etapa inicial, que se processa no citosol, consiste na conversão de uma molécula de glicose (C6) a duas moléculas de piruvato (2 C3) por meio de uma sequência de reações denominada glicólise, uma via metabólica encontrada em praticamente todos os seres vivos. Seus produtos são, além das duas moléculas de piruvato, ATP, prótons e elétrons (H+ + e–), que são recebidos por coenzimas. ⟶ A posterior oxidação do piruvato é feita no interior da mitocôndria, nas células que dispõem desta organela. Na mitocôndria, o piruvato sofre uma descarboxilação, transformando-se em um composto com dois carbonos (C2). Este combina-se com um composto de quatro carbonos (C4), formando um composto de seis carbonos (C6). Por meio de uma sequência cíclica de reações (ciclo de Krebs), C6 perde dois carbonos sob a forma de CO2 e regenera C4. • A oxidação do piruvato a CO2 é acompanhada da produção de grande quantidade de prótons e elétrons (H+ e e–), sempre recebidos por coenzimas. Da oxidação destas coenzimas pelo oxigênio na cadeia respiratória, deriva-se a grande produção de ATP conseguida pela oxidação do piruvato e que perfaz cerca de 90% do total obtido com a oxidação completa da glicose. ⟶ Durante a glicólise, descarboxilação do piruvato e ciclo de Krebs, H+ e elétrons são produzidos em reações catalisadas por desidrogenases. Glicólise ⟶ Em resumo, na Etapa I ocorrem duas fosforilações por ATP e, na Etapa III, duas por fosfato inorgânico; na Etapa IV, os quatro grupos fosfato são transferidos para ADP, formando quatro ATP – para cada molécula de glicose convertida a duas de piruvato pela glicólise, são produzidos 4 ATP (2 por triose). Para estabelecer o saldo final de produção de ATP devem ser descontados os 2 ATP consumidos inicialmente. ⟶ A equação geral da glicólise evidencia que a oxidação da glicose a piruvato e a produção de ATP estão associadas à redução de NAD+. Como o NAD+ existe nas células em concentrações limitantes, muito inferiores às dos substratos, o funcionamento contínuo da glicólise depende da reoxidação do NADH. Os seres vivos regeneram o NAD+ por dois mecanismos diferentes, segundo a disponibilidade de oxigênio. Em aerobiose, utilizam o oxigênio para oxidar o NADH; em anaerobiose, lançam mão, para o mesmo fim, do processo de fermentação. • ETAPA I: a primeira reação da glicólise é a conversão de glicose a glicose 6-fosfato. A glicose 6-fosfato, ao contrário da glicose, é incapaz de atravessar a membrana plasmática, o que garante a sua permanência dentro das células. A hexoquinase IV é a isoenzima predominante em hepatócitos e células β do pâncreas; é comumente chamada de glicoquinase, embora não seja específica para glicose, podendo atuar com menor afinidade sobre outras hexoses. Segue-se a isomerização da glicose 6-fosfato a frutose 6-fosfato, por ação por fosfoglicoisomerase e nova fosforilação, análoga à anterior, também utilizando ATP e também irreversível, catalisada pela fosfofrutoquinase 1 (6-fosfofruto-1- quinase). Forma-se, então, uma hexose com dois grupos fosfato: a frutose 1,6-bisfosfato. • ETAPA II: a frutose 1,6-bisfosfato é clivada em duas trioses isômeras, di-hidroxiacetona fosfato e gliceraldeído 3-fosfato, por ação da aldolase. O gliceraldeído 3-fosfato é o substrato da próxima enzima da via glicolítica, mas as duas trioses fosforiladas são interconvertidas por ação da triose fosfato isomerase. A conversão de di-hidroxiacetona fosfato em gliceraldeído 3- fosfato possibilita que uma molécula de glicose (C6) seja convertida em duas moléculas de gliceraldeído 3-fosfato (2 × C3). Da reação da triose fosfato isomerase em diante, a via tem todos os seus intermediários duplicados e todos os carbonos da glicose são convertidos em piruvato. • ETAPA III: as duas moléculas de gliceraldeído 3-fosfato obtidas por fosforilação à custa de 2 ATP são oxidadas e novamente fosforiladas, agora por fosfato inorgânico, formando duas moléculas de 1,3-bisfosfoglicerato. • ETAPA IV: compreende dois eventos de fosforilação de ADP a ATP por compostos com alto potencial de transferência do grupo fosforila: 1,3-bisfosfoglicerato e fosfoenolpiruvato. No primeiro, na reação catalisada pela fosfoglicerato quinase, o grupo fosfato do 1,3- bisfosfoglicerato, é transferido ao ADP, produzindo ATP. O segundo evento de síntese de ATP depende da conversão de uma ligação éster fosfato em uma ligação fosfoenol. Esta conversão inicia-se com a transferência intramolecular do grupo éster fosfato do 3-fosfoglicerato, do carbono 3 para o carbono 2, catalisada pela fosfoglicerato mutase. Glicólise Anaeróbica ⟶ Em anaerobiose, o próprio piruvato produzido pela glicólise serve como aceptor dos elétrons do NADH, assegurando o provimento de NAD+ para a continuidade da via glicolítica. • O piruvato é, portanto, o composto a partir do qual a oxidação aeróbia e a anaeróbia da glicose divergem. ⟶ A glicólise anaeróbia é chamada fermentação. Existem muitos tipos de fermentações que obedecem, entretanto, a um padrão comum: as reações da glicólise, que convertem glicose a piruvato, com produção de NADH, são seguidas por uma segunda etapa, que oxida NADH a NAD+. As fermentações diferem pelas reações que efetuam a regeneração do NAD+. • Segundo as enzimas de que a célula dispõe, o piruvato pode ser convertido a compostos diferentes, como lactato, etanol, propionato, butirato etc., que são sempre excretados da célula. ⟶ As fermentações são processos autossuficientes, porque independem de outras vias para regenerar a coenzima NAD+ que utilizam. ⟶ Nas situações de atividade muscular extenuante, costuma-se afirmar, erroneamente, que é produzido ácido lático, que ao dissociar-se, causaria acidose (aumento da quantidade plasmática de prótons) — a reação da lactato desidrogenase forma lactato e não ácido lático e a formação de lactato consome prótons e não os produz. A acidose decorre do transporte conjunto de lactato e prótons para o plasma; os prótons originam-se da intensa hidrólise de ATP, vigente nessa situação. Conversão do Piruvato a Acetil- CoA ⟶ Em condições aeróbias, o primeiro passo para a oxidação total do piruvato é a sua conversão a acetil-CoA. ⟶ Nas células eucarióticas, o piruvato é transportado do citosol para a mitocôndria, onde é transformado em acetil-CoA, conectando a glicólise e o ciclo de Krebs. • O piruvato deixa de ser o aceptor dos elétrons do NADH produzido pela glicólise e esta coenzima é oxidada pelo oxigênio, o aceptor final de elétrons no metabolismo aeróbio, por um processo indireto. ⟶ A oxidação de piruvato a acetil-CoA é um exemplo notável da utilização de vitaminas no metabolismo. Esta única transformação não pode ser realizada sem o concurso de quatro vitaminas (tiamina - B1, ácido pantotênico - B5, riboflavina - B2 e nicotinamida - B3). ⟶ A reação de formação de acetil-CoA a partir de piruvato ocorre em etapas sequenciais, catalisadas por um sistema multienzimático, chamado complexo piruvato desidrogenase.
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