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Dagnino Evelina - Sociedade civil, participação e cidadania

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DAGNINO, Evelina. Sociedade civil, participação e cidadania. Do que estamos falando? In: MATO, Daniel (Org.) Políticas de ciudadania en tiempos de globalización. Caracas: Faces, 2004.
A análise feita examina, a partir da década de 70, os reflexos do neoliberalismo para as sociedades latino-americanas e especialmente o caso do Brasil a partir das transformações no mercado, na política e na sociedade e as conseqüências no decorrer dos anos 80, 90 até os dias atuais. 
A forte participação civil no processo de redemocratização assim como a consolidação da Constituição de 1988 foram avanços substanciais no processo democrático e implementação do neoliberalismo, entretanto, Dagnino aponta que a última década foi marcada por uma confluência perversa entre um projeto político democratizante e participativo e entre o projeto neoliberal que influenciam nos processos societários das políticas públicas pensadas e desenvolvidas por atores cujo poder deriva do Estado.
Nota-se, então, uma tensão entre os atores de forma não aparente e perversa por ter conseqüências contrárias ao efeito de suas aparências. Assim, o cenário político é comparado a um campo minado onde os espaços são delimitados. Embora a primeira vista a participação política ocorra de forma eficaz, democrática, com espaços para a construção de um pensamento conjunto a fim de obter maior acessibilidade a participação, há uma confluência perversa na qual a disputa política está velada.
Tal antagonismo se mostra como estratégia do projeto neoliberal, que busca reduzir as ações estatais progressivamente, deixando as políticas públicas somente voltadas para a responsabilidade civil que parte do principio democrático, seja de forma individual como exercício da cidadania, seja através de grupos específicos com ONG’s para um avanço e alargamento da democracia como argumento de propiciar as organizações populares uma maior visibilidade de suas reais necessidades. 
	As divergências acerca dos procedimentos atribuem significância que desconsidera elementos culturais ao colocar em xeque a participação, a cidadania e a democracia como um todo. Quanto a participação, as funções do Estado passam a ser alocadas por agentes do terceiro setor, como ONG’s e fundações com títulos filantrópicos representativos da sociedade brasileira.
A questão da cidadania refere-se as transformações no cenário social, político e até mesmo econômico de desenvolvimento e expansão dos direitos como efetivação da ampliação democrática. No Brasil, as possibilidades neoliberais potencializam movimentos sociais e difundem a necessidade de solidariedade. Nesse viés, os aspectos supracitados englobam também a noção de democracia, posto que todos o termos se integram na contemporaneidade.

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