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APOSTILA CONCURSO SOBRAL CEARÁ MAX EDUCA 04_Conhecimentos_Especificos

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. 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Município de Sobral-CE 
Analista de Políticas Públicas Sociais - Assistência Social 
 
1. Políticas Sociais: Origem. Concepções. Funções. Processos e movimentos de expansão e 
consolidação das políticas sociais. .......................................................................................................... 1 
Expressões ou desenho das políticas sociais nos Estados liberal, de bem-estar social e neoliberal. 10 
 
2. Políticas Públicas no Estado brasileiro: Trajetória histórica. Configurações. Determinações dos 
modelos e alcance das políticas públicas. ............................................................................................. 17 
Políticas públicas setoriais e respectivas regulamentações e normatizações. .................................. 31 
Processos de formulação, gestão, monitoramento, avaliação e controle social das políticas 
públicas..................... ............................................................................................................................. 61 
O direito constitucional à participação popular no âmbito das políticas públicas. .............................. 61 
Mecanismos e instâncias de participação e controle social. .............................................................. 65 
 
3. Realidade Socioeconômica Brasileira e Local: Noções sobre crescimento econômico e 
desenvolvimento social. ........................................................................................................................ 72 
Desigualdades econômicas e sociais. ............................................................................................... 77 
Classes e mobilidade social. ............................................................................................................. 96 
Estratégias e políticas para enfrentamento à pobreza. ................................................................... 114 
Discriminação, exclusão: instrumentos legais e normativos de enfrentamento e inclusão social. ... 114 
Processos de urbanização. ............................................................................................................. 127 
Expectativa de vida. Violência. Mortalidade. ................................................................................... 132 
As demandas sociais e a oferta de equipamentos e serviços públicos. .......................................... 141 
 
4. Leis e normativas que orientam, instituem ou regulamentam algumas das políticas públicas em 
vigência no Estado brasileiro: Constituição da República Federativa do Brasil (1988); ....................... 142 
Estatuto do Idoso (Lei Nº 10.741, de 1º de outubro de 2003); ......................................................... 160 
Estatuto da Juventude (Lei Nº 12.852, de 5 de agosto de 2013); .................................................... 178 
Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei Nº 8.069, de 13 de julho de 1990); ............................... 190 
Estatuto da Igualdade Racial (Lei Nº 12.288, de 20 de julho de 2010); ........................................... 244 
Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei Nº 13.146, de 6 de junho de 2015); ...... 258 
Lei Orgânica da Assistência Social (1993), ..................................................................................... 286 
Normas Operacionais Básicas da Assistência Social (NOBs), ........................................................ 300 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, ........................................................................... 389 
Lei do Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social, ............................................................ 414 
Lei Maria da Penha; ........................................................................................................................ 422 
Lei do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo; .............................................................. 433 
Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional; ....................................................................... 454 
Programa Nacional dos Direitos Humanos (2010); ......................................................................... 458 
Programa Nacional de Educação em Direitos Humanos (2007); ..................................................... 514 
1455069 E-book gerado especialmente para ANDRE FERNANDES DA SILVA
 
. 2 
Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) ....................................................................... 531 
Convenções e protocolos que orientam a garantia de direitos a pessoas com demandas 
específicas. .......................................................................................................................................... 543 
 
5. Área I – Serviço Social: 1. Questão social, política social e serviço social; ................................. 596 
2. A questão social e a conjuntura brasileira; .................................................................................. 615 
3. Serviço social e movimentos sociais; .......................................................................................... 628 
4. O exercício profissional do assistente social: exigências e amparo legais (Lei de Regulamentação 
da Profissão e Código de Ética); ......................................................................................................... 628 
5. Projeto ético-político do profissional de serviço social; ................................................................ 644 
6. O profissional de serviço social nos processos de proposição, elaboração, gestão, controle e 
avaliação de políticas públicas na realidade cotidiana; ........................................................................ 663 
7. Pesquisa em serviço social; ........................................................................................................ 663 
8. Políticas de proteção social no contexto de um Estado neoliberal; ............................................. 673 
9. Dimensões ou eixos da política de assistência social apontados como pontos de tensão ou 
divergência por analistas e estudiosos desta política. .......................................................................... 673 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Candidatos ao Concurso Público, 
O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas 
relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom 
desempenho na prova. 
As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar 
em contato, informe: 
- Apostila (concurso e cargo); 
- Disciplina (matéria); 
- Número da página onde se encontra a dúvida; e 
- Qual a dúvida. 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O 
professor terá até cinco dias úteis para respondê-la. 
Bons estudos! 
 
 
1455069 E-book gerado especialmente para ANDRE FERNANDES DA SILVA
 
. 1 
 
 
Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante 
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica 
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida 
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente 
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores@maxieduca.com.br 
 
As concepções da política social1 supõem sempre uma perspectiva teórico metodológica, o que por 
seu turno têm relações com perspectivas políticas e visões sociais de mundo. Toda análise de processos 
e relações sociais, na verdade, é impregnada de política e disputa de projetos societários, apesar de 
algumas perspectivas analíticas propugnarem de variadas formas o mito da neutralidadecientífica ou sua 
versão mais sofisticada, a neutralidade axiológica, segundo Weber. A política social como processo é 
reveladora da interação de um conjunto muito rico de determinações econômicas, políticas e culturais, e 
seu debate encerra fortes tensões entre visões sociais de mundo diferentes. Ao mesmo tempo em que 
tais determinações podem ser reveladas, no mesmo passo podem ser encobertas pelo véu ideológico do 
“mundo da pseudoconcreticidade”, aquele que, segundo Kosik, precisa ser destruído para que possamos 
ir além das suas manifestações fenomênicas, imediatas e aparentes, para em seguida reconstruí-lo no 
nível do pensamento com toda a sua riqueza. Tanto que, muitas vezes, o debate sobre a política social 
torna-se fortemente descritivo – a partir de uma forte influência funcionalista, com sua perspectiva de 
tomar os fatos sociais como coisas –, com um volume excessivo de dados técnicos, os quais 
evidentemente não falam por si: requisitam a análise exaustiva de suas causas e inter-relações, e das 
razões econômico-políticas subjacentes aos dados. Esse é um procedimento que amiúde despolitiza a 
questão, transferindo-a para uma dimensão instrumental e técnica, e esvaziando-a das tensões políticas 
e societárias que marcam a formulação e a cobertura das políticas sociais. Entretanto, no contexto da 
crise contemporânea e do neoliberalismo, que afeta também as formas de pensar, a influência do 
funcionalismo talvez esteja realmente num momento de revival. Exemplo disso é o resgate da idéia 
durkheimiana de anomia para a explicação das transformações contemporâneas, que seriam uma 
espécie de condição mórbida e patológica geral da sociedade, marcada pela desagregação e pelo 
desequilíbrio social, manifesto pela incapacidade da sociedade de exercer sua ação sobre os indivíduos, 
levando a disfunções e conflitos. No estado de anomia, há uma espécie de curto-circuito no contato entre 
os “órgãos” que compõem o organismo social, bem como um afrouxamento das normas sociais. Trata-
se, na atualidade, de um resgate dessa perspectiva analítica para descrever a “desorganização” do 
capitalismo contemporâneo, a “nova” questão social e os também “novos” formatos e coberturas da 
política social diante da crise do modelo anterior de regulamentação e de consciência coletiva, no contexto 
do colapso das instituições que “harmonizavam” a sociedade, em especial da relação salarial, em que a 
política social tem uma presença central. 
 
De outro ângulo, encontram-se perspectivas prescritivas: discute-se, não a política social como ela é, 
mas como ela deve ser, sobrepondo-se o projeto do pesquisador à análise da realidade. Com isso 
inviabiliza-se o conhecimento mais aprofundado da política social, bem como a formulação de estratégias 
consistentes por parte dos sujeitos políticos envolvidos. O superdimensionamento analítico unilateral das 
determinações econômicas ou políticas ou mesmo a separação/isolamento dessas esferas também tem 
sido recorrente nas discussões sobre o tema, bem como a formulação de classificações, modelos e “tipos 
ideais” de forte inspiração weberiana, propondo-se inúmeras tipologias de política social a partir da análise 
de experiências históricas comparadas. 
 Neste texto, portanto, a política social é abordada a partir da perspectiva crítico-dialética. Esta tem a 
potencialidade de evitar abordagens unilaterais, monocausais, idealistas, funcionalistas e a-históricas. 
Trata-se de analisar as políticas sociais como processo e resultado de relações complexas e 
contraditórias que se estabelecem entre Estado e sociedade civil, no âmbito dos conflitos e luta de classes 
que envolvem o processo de produção e reprodução do capitalismo, nos seus grandes ciclos de expansão 
e estagnação, ou seja, problematiza-se o surgimento e o desenvolvimento das políticas sociais no 
contexto da acumulação capitalista e da luta de classes, com a perspectiva de demonstrar seus limites e 
possibilidades. A condição histórica e social da política social deve ser extraída do movimento da 
sociedade burguesa, em geral e também nas manifestações particulares nos Estados nacionais. 
 
1 Texto adaptado de BEHRING, E. R. Política Social no contexto da crise capitalista. 
1. Políticas Sociais: Origem. Concepções. Funções. Processos e movimentos de 
expansão e consolidação das políticas sociais. 
 
1455069 E-book gerado especialmente para ANDRE FERNANDES DA SILVA
 
. 2 
Política Social no Capitalismo: uma breve análise de sua trajetória 
 
Com base na perspectiva metodológica anteriormente explicitada, a intenção é caracterizar as 
tendências da política social no contexto do liberalismo; do keynesianismo-fordismo, que predomina após 
a Segunda Guerra Mundial até o início dos anos de 1970; e do neoliberalismo, que se espraia a partir da 
virada para uma onda longa de estagnação a partir da crise de 1973/1974, e mais contundentemente com 
a ascensão de governos conservadores ao poder em fins dos anos 70 e início dos anos 80 do século XX, 
sendo que este último período, no qual nos encontramos, será tratado num item a parte, tendo em vista 
oferecer elementos para sua interpretação. 
A lógica liberal funda-se na procura do interesse próprio pelos indivíduos, portanto, seu desejo 
supostamente natural de melhorar as condições de existência, tende a maximizar o bem-estar coletivo. 
Os indivíduos, nessa perspectiva, são conduzidos por uma mão invisível – o mercado – a promover um 
fim que não fazia parte de sua intenção inicial. A “loucura das leis humanas” não pode interferir nas leis 
naturais da economia, donde o Estado deve apenas fornecer a base legal, para que o mercado livre possa 
maximizar os “benefícios aos homens”. Trata-se, portanto, de um Estado mínimo, sob forte controle dos 
indivíduos que compõem a sociedade civil, na qual se localiza a virtude. Um Estado com apenas três 
funções: a defesa contra os inimigos externos; a proteção de todo o indivíduo de ofensas dirigidas por 
outros indivíduos e o provimento de obras públicas, que não possam ser executadas pela iniciativa 
privada. Adam Smith, principal formulador dessas concepções, acreditava que os indivíduos, ao 
buscarem ganhos materiais, são orientados por sentimentos morais e por um senso de dever, o que 
asseguraria a ausência da guerra de todos contra todos, preconizada por Hobbes. A coesão social se 
originaria na sociedade civil, com a mão invisível do mercado e o cimento ético dos sentimentos morais 
individuais. Não há para ele, portanto, contradição entre acumulação de riqueza e coesão social. 
Esse raciocínio tornar-se-á, ao lado da ética do trabalho, amplamente hegemônico, na medida em que 
a sociedade burguesa se consolida. Trata-se de uma sociedade fundada no mérito de cada um em 
potenciar suas capacidades supostamente naturais. O liberalismo, nesse sentido, combina-se a um forte 
darwinismo social, em que a inserção social dos indivíduos se define por mecanismos de seleção natural. 
Tanto que Malthus, por exemplo, recusava drasticamente as leis de proteção, responsabilizando-as pela 
existência de um número de pobres que ultrapassava os recursos disponíveis. A legislação social, para 
ele, revertia leis da natureza. Nas suas palavras: “há um direito que geralmente se pensa que o homem 
possui e que estou convicto de que ele não possui nem pode possuir: o direito de subsistência, quando 
seu trabalho não a provê devidamente”. Nesse ambiente intelectual e moral, não se devia despender 
recursos com os pobres, dependentes ou “passivos”, mas vigiá-los e puni-los, como bem mostrou o 
estudo de Foucault ou expressa a nova Lei dos Pobres de 1834. Relação semelhante se mantém com os 
trabalhadores: não se deve regulamentar salários, sob pena de interferir no preço natural do trabalho, 
definido nos movimentos naturais e equilibrados da oferta e da procura no âmbito do mercado. Trata-se 
da negação da política e, em consequência, da política social.O enfraquecimento das bases materiais e subjetivas de sustentação dos argumentos liberais ocorreu 
ao longo da segunda metade do século XIX e no início do século XX, como resultado de alguns processos 
político-econômicos, dos quais vale destacar dois. O primeiro foi o crescimento do movimento operário, 
que passou a ocupar espaços políticos importantes, obrigando a burguesia a “entregar os anéis para não 
perder os dedos”, diga-se, a reconhecer direitos de cidadania política e social cada vez mais amplos para 
esses segmentos, sendo que a luta em defesa da diminuição da jornada de trabalho, tão bem analisada 
por Marx (1988), foi uma forte expressão desse processo, bem como a reação da burguesia alemã frente 
ao crescimento da socialdemocracia, como movimento de massas, propondo os seguros sociais e a 
legislação de acidentes de trabalho. Vale lembrar que a vitória do movimento socialista em 1917, na 
Rússia, também foi importante para configurar uma atitude defensiva do capital: 
 
- intervenção do Estado no “organismo social” seria contrária à evolução natural da sociedade, em que 
os menos aptos tenderiam a desaparecer. 
- frente ao movimento operário; assim como as mudanças no mundo da produção, com o advento do 
fordismo. É que tais mudanças ofereceram maior poder coletivo aos trabalhadores, que passaram a 
requisitar acordos coletivos de trabalho, direitos sociais e ganhos de produtividade, o que vai se 
generalizar apenas no pós guerra. 
 
O segundo e não menos significativo processo foi a concentração e monopolização do capital, 
demolindo a utopia liberal do indivíduo empreendedor orientado por sentimentos morais. Cada vez mais 
o mercado vai ser liderado por grandes monopólios, e a criação de empresas vai depender de um grande 
1455069 E-book gerado especialmente para ANDRE FERNANDES DA SILVA
 
. 3 
volume de investimento, dinheiro emprestado pelos bancos, numa verdadeira fusão entre o capital 
financeiro e o industrial, bem captada por Lênin. A concorrência intercapitalista feroz entre grandes 
empresas de base nacional ultrapassou as fronteiras e se transformou em confronto aberto e bárbaro nas 
duas grandes guerras mundiais. Mas, para além das guerras, existe um divisor de águas muito importante, 
a partir do qual as elites político-econômicas começam a reconhecer os limites do mercado, se deixado 
à mercê dos seus movimentos tomados como naturais: a crise de 1929/1932, também conhecida como 
Grande Depressão. Foi a maior crise econômica mundial do capitalismo até aquele momento. Uma crise 
que se iniciou no sistema financeiro americano, a partir do dia 24 de outubro de 1929, quando a história 
registra o primeiro dia de pânico na Bolsa de Nova Iorque e se alastrou pelo mundo, reduzindo o comércio 
mundial a um terço do que era antes. Com ela instaura-se a desconfiança de que os pressupostos do 
liberalismo econômico poderiam estar errados e se instaura, em paralelo à revolução socialista de 1917, 
uma forte crise de legitimidade do capitalismo. 
 
A expressão teórica e intelectual dessa limitada autocrítica burguesa teve seu maior expoente em 
Keynes, com sua Teoria Geral, de 1936. A situação de desemprego generalizado dos fatores de produção 
– homens, matérias-primas e auxiliares, e máquinas – no contexto da depressão, indicava para ele que 
alguns pressupostos clássicos e neoclássicos da economia política não explicavam os acontecimentos. 
Keynes questionou alguns deles, pois via a economia como ciência moral, não natural; considerava 
insuficiente a Lei de Say (Lei dos Mercados), segundo a qual a oferta cria sua própria demanda, 
impossibilitando uma crise geral de superprodução; e, nesse sentido, colocava em questão o conceito de 
equilíbrio econômico, segundo o qual a economia capitalista é autorregulável e tende à estabilidade. 
 
Assim, a operação da mão invisível não necessariamente produz a harmonia entre o interesse egoísta 
dos agentes econômicos e o bem-estar global. As escolhas individuais entre investir ou entesourar, por 
parte do empresariado, ou entre comprar ou poupar, por parte dos consumidores e assalariados, podem 
gerar situações de crise, em que há insuficiência de demanda efetiva e ociosidade de homens e máquinas 
(desemprego). Especialmente, as decisões de investimento dos empresários, pelo volume de recursos 
que mobilizam, têm fortes impactos econômicos e sociais. Tais decisões são tomadas a partir do retorno 
mais imediato do capital investido e não de uma visão global e de conjunto da economia e da sociedade, 
o que gera inquietações sobre o futuro e o risco da recessão e do desemprego. Para Keynes, diante do 
animal spirit dos empresários, com sua visão de curtíssimo prazo, o Estado tem legitimidade para intervir 
por meio de um conjunto de medidas econômicas e sociais, tendo em vista gerar demanda efetiva, ou 
seja, disponibilizar meios de pagamento e dar garantias ao investimento, inclusive contraindo déficit 
público, tendo em vista controlar as flutuações da economia. Segundo Keynes, cabe ao Estado o papel 
de restabelecer o equilíbrio econômico, por meio de uma política fiscal, creditícia e de gastos, realizando 
investimentos ou inversões reais que atuem, nos períodos de depressão, como estímulo à economia. 
Dessa política resultaria um déficit sistemático no orçamento. Nas fases de prosperidade, ao contrário, o 
Estado deve manter uma política tributária alta, formando um superávit, que deve ser utilizado para o 
pagamento das dívidas públicas e para a formação de um fundo de reserva a ser investido nos períodos 
de depressão. 
 
 Nessa intervenção global, cabe também o incremento das políticas sociais. Aí estão os pilares teóricos 
do desenvolvimento do capitalismo pós-segunda guerra mundial. Ao keynesianismo agregou-se o pacto 
fordista – da produção em massa para o consumo de massa e dos acordos coletivos com os trabalhadores 
do setor monopolista em torno dos ganhos de produtividade do trabalho –, e estes foram os elementos 
decisivos – fortemente dinamizados pela guerra-fria, o Plano Marshall de apoio à reconstrução da Europa 
e o armamentismo – da possibilidade político-econômica e histórica do Welfare State. A formulação de T. 
H. Marshall sobre a cidadania, em 1949, num contexto de ampla utilização das estratégias fordistas-
keynesianas, foi paradigmática das transformações societárias daqueles anos, em que o tema da política 
social ganha um novo estatuto teórico, expressão de seu novo estatuto histórico nas realidades concretas 
dos países, aqui se destacando o padrão de bem-estar social europeu. Na verdade, tal formulação 
encerra uma espécie de comemoração socialdemocrata do fim da história, diga-se, com a consolidação 
dos direitos sociais haveria uma tendência de subsumir a desigualdade de classes à cidadania, o que não 
se confirmou três décadas depois. 
 
Contudo, os “Anos de Ouro” do capitalismo “regulado” e da social democracia começam a se exaurir 
no final dos de 1960. As taxas de crescimento, a capacidade do Estado de exercer suas funções 
mediadoras civilizadoras cada vez mais amplas e a absorção das novas gerações no mercado de 
trabalho, restrito já naquele momento pelas tecnologias poupadoras de mão-de-obra, não são as 
1455069 E-book gerado especialmente para ANDRE FERNANDES DA SILVA
 
. 4 
mesmas, contrariando expectativas de pleno emprego, base fundamental daquela experiência. As dívidas 
públicas e privadas cresceram perigosamente. A explosão da juventude em 1968, em todo o mundo, e a 
primeira grande recessão – catalisada pela alta dos preços do petróleo em 1973/1974 – foram os sinais 
contundentes de que o sonho do pleno emprego e da cidadania relacionada à proteção social estava 
abalado no capitalismo central e comprometido na periferia do capital onde não se realizou efetivamente. 
As elites político-econômicas, então, começaram a questionar e responsabilizar pela crise a atuação 
agigantada do Estado,especialmente naqueles setores que não revertiam diretamente em favor de seus 
interesses. E aí se incluíam as políticas sociais. 
 
 
 
Movimentos e Consolidação das políticas sociais no Brasil2 
 
Os movimentos sociais constituem expressões de organizações de pessoas e grupos sociais, que se 
articulam e lutam em conjunto por objetivos comuns. Em prol de assegurar direitos e/ou mudanças do 
status quo vigente, assim quando atingem seus objetivos, retornam ao cotidiano e/ou pela inserção na 
luta social e vão se organizar em partidos políticos, sindicatos, associações, dentre outras organizações 
institucionais e formais3. 
Para Vieira4, a função dos movimentos sociais não é o exercício do poder, mas lutar pela delimitação 
e orientação da ação do poder estatal, para que esse cumpra as tarefas para as quais existe como 
instituição, que é responsável para gerir as necessidades objetivas dos cidadãos, devendo desempenhá-
las a partir do interesse coletivo. 
Dessa forma, a luta política realizada por esses movimentos, para o autor, não é pela posse do poder 
ou da administração do Estado, pois essa função compete aos partidos políticos, mas ao resgate do 
verdadeiro sentido da soberania popular. 
Os movimentos sociais no Brasil se organizam dentro da ordem vigente, composta por 1% da 
população considerada mais rica, que controla 41% de todas as riquezas e 46% de todas as terras, para 
forçar o Estado delimitar as regalias da classe detentora dos meios de produção. E assim, ampliar direitos, 
dessa feita, em prol da maioria, ou seja, da classe trabalhadora. 
Entre as bandeiras de lutas dos movimentos sociais brasileiros encontram-se: a diminuição e/ou 
estabelecimento da jornada de trabalho, isto é, definição de plano coletivo de cargos e salários, carga 
horária de 30 horas, remuneração conforme os ditames da Constituição Federal de 1988, piso salarial e 
plano de carreira, férias, enfim, o que denominamos de condições de trabalho que resultem em melhores 
condições de vida. 
Essas mobilizações vão ocorrer no sentido de organizar os trabalhadores urbanos e rurais seja em 
sindicatos, associações, e/ou movimentos reivindicando e solicitando a interseção do Estado e o apoio 
da sociedade para assegurar direitos e cidadania. 
Iamamoto5 considera que, essas lutas romperam com o domínio privado nas relações entre capital e 
trabalho, extrapolando a questão social para a esfera pública, exigindo a interferência do Estado para o 
reconhecimento e a legalização de direitos e deveres dos sujeitos socais envolvidos. 
Essas lutas sociais contribuíram com: a reelaboração dos conceitos de direitos ao trabalho: ao 
emprego, carga horária, a condições de trabalho; de vida, desencadeadas pelo Movimento Operário; de 
propriedade e de moradia. Algumas delas pleiteando, reforma urbana, defendida pelos Movimentos dos 
Sem-Teto ou Movimento em Luta por Moradia; reforma agrária, com seu maior expoente, o Movimento 
dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), entre outros. 
A compreensão das lutas sociais sob o paradigma do materialismo histórico dialético, como foi dito, 
anteriormente, permite entender não só como foi constituído e construído o sistema capitalista, mas 
também, as relações antagônicas entre o Capital e o Trabalho, a constituição das desigualdades sociais 
e a concentração de renda nas mãos de uma minoria. Como exemplo dessa situação, pode-se afirmar 
que essa minoria no mundo reside em torno de 1%. Sendo que, no Brasil, menos de 5 mil pessoas detêm 
os meios de produção no universo composto por uma população de mais de 189 milhões de habitantes. 
 
 
 
 
2 http://cress-sc.org.br/wp-content/uploads/2014/03/Movimentos-Sociais-Direitos-Humanos-e-SS-no-Brasil2.pdf 
3 MELUCCI, Alberto. In. Revista Novos Estudos Nº 40. Entrevista Concedida a Leonardo Avritzer e Timo Lyyra. São Paulo: CEBRAP, pp. 152-166, nov. 1994. 
4 Vieira, Luiz Vicente. Os movimentos sociais e o espaço autônomo do “Político”: o resgate de um conceito a partir de Rousseau e Carl Schmitt. Porto Alegre: 
EDIPUCRS, 2004, (col. Filosofia – 167). 
5 IAMAMOTO, Marilda V. Renovação e Conservadorismo no Serviço Social. Ensaios críticos. São Paulo: Cortez, 7ª ed., São Paulo: Cortez, 2000. 
Processos e movimentos de expansão e consolidação das políticas sociais. 
1455069 E-book gerado especialmente para ANDRE FERNANDES DA SILVA
 
. 5 
Articulação do Serviço Social com os movimentos sociais e os direitos humanos 
De acordo com a Lei de Regulamentação da Profissão do Serviço Social e o Código de Ética 
Profissional, ambos de 1993, e as Diretrizes Curriculares da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa 
em Serviço Social (ABEPSS) de 1996, há um contínuo compromisso dessa categoria profissional com a 
defesa dos direitos humanos, os interesses da classe trabalhadora, suas organizações e movimentos 
sociais. Para realizar tal tarefa, têm nos pressupostos do paradigma do materialismo histórico dialético as 
bases de sustentação das análises críticas sobre o sistema capitalista. 
Nesse sentido, assim como os movimentos sociais, o projeto Ético-Político do Serviço Social defende 
a ampliação e a consolidação dos direitos, entendidos como tarefa de toda sociedade, mas como dever 
social do Estado em sua garantia, o que para Behring e Boschetti6, constituem condição para ampliação 
da cidadania e da riqueza socialmente produzida. 
Dessa forma, o compromisso histórico do Serviço Social com os movimentos sociais visa contribuir 
com os grupos sociais e pessoas que lutam por condições de vida e trabalho, articulando forças e 
construindo alianças estratégicas com os que sofrem opressões econômicas, de classes, gênero, de 
orientação sexual, entre outras, em recusa ao arbítrio e ao autoritarismo, com vistas a ampliação e 
consolidação de cidadania. Isto é, na defesa intransigente dos direitos humanos. 
Nessa inserção os profissionais do Serviço Social não só contribuem com essas organizações, mas 
também revitaliza a sua práxis e seu compromisso social. Isso porque ao longo dos anos, essa categoria 
profissional corrobora com uma intervenção de forma a interferir com mudanças nas relações capital X 
trabalho, posicionando a favor da classe trabalhadora, das organizações da sociedade civil, na criação 
de associações de moradores, de produção, de cooperativas, de grupos de mulheres, de crianças, de 
idosos, sindicatos, dentre outros, com perspectivas de Inclusão social; meio ambiente saudável e contra 
a discriminação social. 
Desenvolvendo, ainda, projetos sociais e/ou assessorias e parcerias com: idosos; crianças e 
adolescentes; povos ribeirinhos; assentamentos rurais e urbanos, arte e cultura; grupos de mulheres; 
grupos que lutam contra a violência. Bem como, assegurar condições de trabalhos para os assistentes 
sociais e carga horária de 30hs. 
Como o objetivo de contribuir com a análise e reflexões da sociedade, em 2012 a ABEPSS, consolidou 
a criação de sete Grupos Trabalho e Pesquisas (GTPs), quais sejam: Trabalho, Questão Social e Serviço 
Social; Política Social e Serviço Social; Serviço Social: Fundamentos, Formação e Trabalho; Movimentos 
Sociais e Serviço Social Profissional; Questões Agrária, Urbana, Ambiental e Serviço Social; Classe 
Social; Gênero, Raça/Etnia, Geração, Diversidade Sexual e Serviço Social; Ética, Direitos e Serviço 
Social. Esses congregam pesquisadores, docentes, profissionais e estudantes de Graduação e Pós-
Graduação, que vem produzindo e publicando sobre seus estudos. 
Esses estudos além de documentar e resgatar a história da luta dos trabalhadores, também tem 
oportunizado elaborações que subsidiam as reflexões dos movimentos e organizações sociais no 
entendimento de seu papel enquanto atores sociais. Isso fortalece suas lutas, e, contribui na defesa 
intransigente dos direitos humanos, superando a barbárie do capital em direção à emancipação humana 
e na construção de uma sociedade democrática que assegure todos os direitos sociais. 
 
MovimentosSociais Contemporâneos 
 
Movimentos Sociais, Sociedade Civil e Transformação Social no Brasil7 
Os movimentos sociais vêm acompanhando os passos democráticos de diversas nações, inclusive do 
Brasil, nas últimas décadas, presentes constantemente em acontecimentos históricos relevantes, 
principalmente no âmbito das conquistas sociais. Na verdade, consistem num mecanismo que os 
cidadãos utilizam para reivindicar e ver reconhecidos seus interesses e anseios coletivos. 
Avritzer afirma que “os movimentos sociais constituem aquela parte da realidade social na qual as 
relações sociais ainda não estão cristalizadas em estruturas sociais, onde a ação é a portadora imediata 
da tessitura relacional da sociedade e do seu sentido”. Eles não constituem um simples objeto social e 
sim uma lente por intermédio da qual problemas mais gerais podem ser abordados. 
A influência dos movimentos sociais vai muito além dos efeitos políticos produzidos por eles, pois suas 
ações determinam a modificação de comportamentos e de regras por parte do sistema político. E, além 
do mais, há uma dimensão simbólica muito mais complexa sobre a qual os movimentos sociais exercem 
grande impacto que é a transformação social. Hoje, a partir dessas novas mobilizações, os cidadãos e as 
sociedades conjugam a gramática da igualdade de gênero, preocupações ecológicas, conservação do 
 
6 BEHRING, Elaine Rossetti. BOSCHETTI, Ivanete. Política Social, fundamentos e história. 8ª ed. São Paulo: Cortez, 2006 (col. Biblioteca Básica do Serviço 
Social) 
7 Texto adaptado de AZEVEDO, D. A. de. Movimentos Sociais, Sociedade Civil e Transformação Social no Brasil. 
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. 6 
meio ambiente, direitos dos nascituros, impensáveis antes da emergência de movimentos sociais com 
essas novas agendas. 
Para Correia, a sociedade civil serve-se dos movimentos sociais para conquistar direitos negados ou 
não disponibilizados pelo Estado. É nesse contexto de carências, de exclusão e necessidades sociais, 
que se situam as práticas cotidianas de movimentos sociais, que ainda com certas limitações, são meios 
potencializadores de novas formas de se fazer política, de participação social, de construção do processo 
democrático e de transformação social. Presume-se que os movimentos sociais são tentativas coletivas 
e organizadas que têm a finalidade de buscar determinadas mudanças ou até mesmo estipular a 
possibilidade de construção de uma nova ordem social. 
Na realidade histórica, os movimentos sociais sempre existiram e cremos que sempre existirão. Isto 
porque eles representam forças sociais organizadas que aglutinam as pessoas não como força tarefa, de 
ordem numérica, mas como campo de atividades e de experimentação social, e essas atividades são 
fontes geradoras de criatividade e inovações socioculturais. 
 
Breve Contextualização dos Movimentos Sociais Brasileiros 
Por volta dos anos 60 e 70, se disseminam os movimentos populares e sociais no Brasil. Para Pinsky, 
“os movimentos populares se caracterizaram por um alcance limitado a questões localizadas na vida 
prática da comunidade”. 
A força do movimento operário e dos movimentos populares (como das classes dominantes) determina 
a estratégia dos grupos populares. “Se a conjuntura é favorável à mobilização popular e expansão das 
lutas, a estratégia pode ser mais ofensiva, se o momento se apresenta desfavorável é marcado por uma 
retração da forças populares a estratégia é defensiva” (Faleiros). 
A partir do final dos anos 1970, o movimento sindical e as organizações estudantis ganharam força. 
As greves dos metalúrgicos paralisaram as indústrias de São Paulo, logo acompanhadas por greves dos 
bancários. A crise do “milagre econômico” foi o estopim desses movimentos, a luta contra a carestia 
balançou os alicerces da ditadura. Paralelamente, surgiram grupos ligados a questões específicas: 
mulheres, povos indígenas, negros e homossexuais. 
É na década de 1980 que os movimentos sociais vão incluir parcelas mais amplas da sociedade. 
Surgem os movimentos ecológicos, que transcendiam a divisão política entre direita e esquerda e, 
também, o movimento em defesa dos direitos do consumidor. Já na década de 90, surge no Brasil, um 
tipo de organização inexistente até então, as organizações não-governamentais (ONGs) para designar 
as entidades da sociedade civil, em referência a todo movimento de cunho social. 
A questão do protagonismo dos movimentos sociais no Brasil, a partir dos anos 1990, começa a perder 
visibilidade política no cenário urbano. A partir disso, referem-se três momentos: 1990-1995; 1995 a 2000; 
e do início deste novo século até os dias atuais, que diagnosticam uma crise dos movimentos sociais 
populares urbanos, nos primeiros cinco anos dos anos 1990, no sentido de que reduziram parte de seu 
poder de pressão direta que haviam conquistado nos anos 1980. Nesse momento, o país saía de uma 
etapa de conquista dos direitos constitucionais, os quais necessitavam ser regulamentados. Ao mesmo 
tempo, o governo federal, passou a implementar ou a aprofundar, em todos os níveis, as políticas 
neoliberais, as quais geraram desemprego, aumento da pobreza e da violência urbana e rural. 
 
O Estado, diante de tal realidade, fecha as portas da negociação porque as concessões solicitadas 
não são aceitáveis ao estado de acumulação de capital que ele visa. Essa estratégia pode retirar a 
legitimidade da classe no poder se ela defende (discurso) a democracia e a participação. O Estado se vê 
então colocado numa situação de defesa clara da acumulação do capital ou de sua legitimidade (Faleiros). 
Nesse âmbito também começa a se falar em crise dos “movimentos sociais urbanos”, esta não 
representava o seu desaparecimento nem o seu enfraquecimento enquanto atores sociopolíticos, mas 
sim uma rearticulação interna e externa de seu papel na sociedade. As transformações no contexto 
político levam também a emergência, ou ao fortalecimento, de outros atores sociais, como as ONGs e 
outras entidades do terceiro setor. Assim, os movimentos populares passam a ser aliados ou até mesmo 
disputar com 
Apesar do enfraquecimento dos movimentos sociais e da rearticulação do papel destes na sociedade, 
é imprescindível considerarmos a sua grande relevância no processo democrático brasileiro, mediante 
sua atuação voltada a reivindicação dos direitos, até então, não disponibilizados aos cidadãos. Desta 
forma, as lutas desencadeadas na sociedade civil, são absolutamente essenciais num processo de efetiva 
transformação social, a caminho da emancipação humana. 
 
 
 
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. 7 
A Emergência da Sociedade Civil no Brasil 
Em relação a trajetória histórica da sociedade civil no Brasil, situa-se, aqui, apenas as três últimas 
décadas do século XX, onde se acentua o fortalecimento desta categoria no movimento de 
redemocratização. Mas não se pode negar a organização anterior desta no decorrer da história brasileira. 
Ao contextualizar-se a emergência da sociedade civil, Avritzer introduz que o surgimento de novos 
atores sociais no processo de construção da sociedade civil no Brasil se associa ao rápido processo de 
modernização ao qual está ligado o autoritarismo brasileiro. Contudo, é possível localizar a emergência 
da sociedade civil brasileira no período final do regime autoritário e início da redemocratização do país. 
Entende-se, que desde o seu surgimento a sociedade civil contribui para a construção do processo 
democrático brasileiro, por meio de organizações sociais, lutas, associações, movimentos, etc, 
constantemente, buscando o reconhecimento de seu projeto societário numa realidade contraditória pelo 
desenvolvimento do capital e, ao mesmo tempo, pelo desenvolvimento da cidadania. 
Os novos atores que emergiram na cena política necessitam de espaços na sociedade civil – 
instituições próprias,para participarem de novos pactos políticos que redirecionam o modelo político 
vigente. O saudoso Betinho já nos dizia: “a sociedade civil tem um papel central, o poder está na 
sociedade civil, não no Estado. O Estado é instrumento”. 
Em face disso, explicita-se a capacidade de mobilização, participação e conscientização política da 
sociedade civil, configurada numa importante referência ao aprimoramento e reafirmação do Estado 
Democrático de Direito. 
Tal como evidenciado no debate internacional, Duriguetto sustenta que a categoria sociedade civil foi 
comumente empregada no contexto brasileiro a partir do final da década de 1970, para expressar a 
reativação do movimento sindical e a ação dos chamados “novos movimentos sociais”, que passaram a 
dinamizar processos de mobilização de defesa, conquista e ampliação de direitos civis, políticos, sociais 
e trabalhistas. 
Ainda, a autora refere à emergência de várias iniciativas de parceria entre a sociedade civil organizada 
e o poder público, impulsionadas por políticas estatais, como a experiência do Orçamento Participativo, 
no Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. Com o Orçamento Participativo, o próprio Estado evolui 
gradativamente, começando a perceber a importância da participação popular nas decisões políticas e 
sociais. 
Em nível de Brasil, as práticas de deliberação participativa estiveram, desde o seu início, ligadas à 
visibilidade política dos novos movimentos sociais e à redefinição de práticas do movimento operário nas 
décadas de 1970 e 1980. Elas foram entendidas através de uma renovada teoria do conflito social que 
apontava para formas de participação popular e lutas plurais demandantes de representação autônoma 
no processo de bens públicos e formulação de políticas públicas. 
As novas democracias devem se transformar em novos movimentos sociais, no sentido que o estado 
deve se transformar em um local de experimentação distributiva e cultural. É na originalidade das novas 
formas de experimentação institucional que podem estar os potenciais emancipatórios ainda presentes 
nas sociedades contemporâneas. 
 
É possível assinalar que os novos movimentos sociais contemplam uma identidade em função da 
defesa de seu projeto societário. Identidade esta, de caráter coletivo, construída dentro do grupo num 
processo de inter-relações que vem impondo desafios para pensar a relação do sujeito com as instituições 
existentes. 
O século XX foi efetivamente um século de intensa disputa em torno da questão democrática. Para 
Santos, haveria, portanto, uma tensão entre capitalismo e democracia, tensão essa que, uma vez 
resolvida a favor da democracia, colocaria limites à propriedade e implicaria em ganhos distributivos para 
os setores sociais desfavorecidos. Aos marxistas, por seu lado, entendiam que essa solução exigia a 
descaracterização total da democracia, uma vez que nas sociedades capitalistas não era possível 
democratizar a relação fundamental em que se assentava a produção material, a relação entre o capital 
e o trabalho. Daí que no âmbito desse debate, se discutissem modelos de democracia alternativos ao 
modelo liberal, entre eles: a democracia participativa. 
É possível mostrar que os atores que implantaram as experiências de democracia participativa 
colocaram em questão uma identidade que lhes fora atribuída externamente por um Estado colonial 
(Estado autoritário e discriminador). Caracterizando-se pela reivindicação de direitos de moradia, direitos 
à bens públicos distribuídos localmente, direitos de participação, de reconhecimento das diferenças, 
implicam, de certo modo, questionar uma gramática social e estatal de exclusão e propor, como 
alternativa, uma outra mais inclusiva. 
É no âmbito do projeto democrático que se põe efetivamente a questão da sociedade civil. Para 
Nogueira, isso quer dizer que precisamos de uma perspectiva que não só valorize a sociedade civil e 
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. 8 
celebre seu crescente protagonismo, mas também colabore para politizá-la, libertando-a das amarras 
reducionistas dos interesses particulares, aproximando-a do universo mais rico e generoso dos interesses 
gerais, da hegemonia, em uma palavra, do Estado. 
 
Ao longo do processo de reprodução do capitalismo, a sociedade civil ganhou corpo graças a uma 
modernização que se afirmou, de modo muito agressivo, uma multidão de interesses particulares. A 
sociedade civil cresceu à base desse processo e viu-se confrontada com os mais diversos estímulos 
tendentes a separá-la da política, a entregá-la a valores mais individualistas que solidários, mais 
competitivos que cooperativos. Percebe-se que o conjunto das mudanças afetou comportamentos e 
expectativas políticas, forçando a abertura de espaços para a vocalização de novos interesses, 
transformou os padrões de participação e de competição eleitoral. 
Compreende-se que a sociabilidade está mais complexa e o Estado passou a falhar em seu 
desempenho, é inevitável que se projete uma situação na qual os espaços sociais sejam radicalmente 
valorizados. Para o autor citado acima, tudo leva a crer que o Estado não terá como voltar a desempenhar 
os mesmos papéis que desempenhou antes, mas ao mesmo tempo não é razoável imaginar que aqueles 
que pretendam dirigir o futuro consigam avançar se se puserem fora do Estado ou sem um Estado. 
Diante disso, torna-se relevante mencionar que as últimas duas décadas do século XX, marcam o 
avanço da democratização e da progressiva valorização da democracia participativa na sociedade 
brasileira. Para o ideal desenvolvimentista, a resolução dos problemas sociais ou o combate à inflação 
requereriam bem mais autoridade e centralização decisória do que democracia. Antes, a convicção era a 
de que processos participativos ou, mais genericamente, mecanismos de consulta popular, negociação e 
formação ampliada de consensos, agiriam “contra” o crescimento econômico, na medida em que 
dificultariam a tomada rápida de decisões e, com isso, prolongariam indevidamente o tempo de 
formulação e de implementação de políticas. Pouco a pouco, a opinião prevalecente foi-se deslocando 
para o lado oposto, com o correspondente reconhecimento de que a participação não somente conteria 
um valor em si, como também seria particularmente relevante no fornecimento de sustentabilidade às 
políticas públicas. 
 
 É importante mencionar, que no caso brasileiro, os autores citados mostram que a motivação pela 
participação é parte de uma herança comum do processo de democratização que levou atores sociais 
democráticos, oriundos, especialmente do movimento comunitário, a disputarem o significado do termo 
participação, a partir da abertura de espaços reais de participação pela sociedade política, dando ênfase 
a deliberação em nível local. 
A democracia participativa apenas pode produzir seus desdobramentos ótimos se dispuser de 
cidadãos e de associações com disposição política para experenciar dinâmicas coletivas e cooperativas. 
Pensada como recurso de transformação social, somente pode avançar se seus cidadãos forem 
alcançados por processos fortes de educação política, de conscientização e de politização. 
 
Questões 
 
01. (INEA/RJ - Assistente Social – FGV). As políticas sociais, como expressão das contradições 
sociais, são materializadas pela dinâmica entre 
(A) o Estado e as classes sociais. 
(B) os gestores e os usuários. 
(C) os ricos e os pobres. 
(D) o Estado, a sociedade e o terceiro setor. 
(E) os agentes sociais e os entes políticos. 
 
02. (UFBA - Assistente Social – IADES). Em relação à política social, assinale a alternativa correta. 
(A) As concepções da política social têm relações com a perspectiva socioeconômica, mas não com a 
perspectiva política. 
(B) Como processo, a política social refere-se a um conjunto de determinantes desarticulados. 
(C) Em algumas discussões acerca da história das políticas sociais, o debate descritivo, de um modo 
geral, remete à forteinfluência funcionalista. 
(D) Na perspectiva prescritiva de análise das políticas sociais, a discussão refere-se à política social 
como ela é, e não como deve ser. 
(E) Na abordagem das políticas sociais, no tocante à perspectiva crítico-dialética, a análise é realizada 
de forma unilateral, monocausal e idealista. 
 
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. 9 
03. (PC/ES - Assistente Social – FUNCAB). Uma das tendências que operam no campo das políticas 
sociais na contemporaneidade é a (o): 
(A) universalização dos serviços socioassistenciais. 
(B) articulação coerente entre a política de redução da pobreza e outras políticas sociais. 
(C) amplo aumento da qualidade dos serviços públicos socioassistenciais. 
(D) redução da atuação do terceiro setor na dimensão social. 
(E) responsabilização abstrata da sociedade civil e da família pela ação assistencial 
 
04. (TJ-GO - Analista Judiciário – FGV). A reconfiguração dos direitos sociais no Brasil, a partir dos 
anos 1990, tem implicado o apelo ao Terceiro Setor e ao empresariado como substitutivos das políticas 
públicas. Essa inflexão é denominada: 
(A) refilantropização das políticas sociais; 
(B) universalização das políticas sociais; 
(C) descentralização das políticas sociais; 
(D) hierarquização das políticas sociais; 
(E) centralização das políticas sociais. 
 
05. (TJ/RO - Assistente Social – FGV). Ao tratar da crise capitalista que se inicia nos anos 1970, 
Iamamoto (2007) analisa que os investimentos especulativos sobrepõem-se à produção, o que resulta na 
redução dos níveis de emprego. Os rebatimentos mais imediatos desse processo para a área social são: 
(A) o início do conservadorismo e a extinção dos movimentos sociais; 
(B) a exponenciação da questão social e a regressão dos direitos dos trabalhadores; 
(C) o aumento das políticas sociais públicas estatais e a disseminação de redes internacionais de 
ajuda; 
(D) o aparecimento de novas formas de ajuda comunitária e a ampliação da cidadania; 
(E) a participação dos países cêntricos na ajuda aos países periféricos e o surgimento do familismo. 
 
06. (EBSERH - Assistente Social – IADES). A partir do final da década de 1970, o crescente domínio 
do mercado nos processos econômicos e sociais, desencadeou novas formas de expressão da questão 
social. Estas, assumem amplitude global com a produção de efeitos comuns, como o desemprego 
estrutural, elevação da pobreza e exclusão social, precarização do trabalho e desmonte dos direitos 
sociais. (*) 
Com base no texto, assinale a alternativa incorreta. 
(A) Como resposta do capital à crise dos anos 1970, ocorreu uma intensificação das transformações 
no processo produtivo. 
(B) As transformações no processo produtivo ocorreram por meio dos modelos alternativos ao 
taylorismo/fordismo. 
(C) As mudanças que ocorreram no padrão de acumulação capitalista e de regulação social, nos anos 
1970, não implicou em amplas repercussões no âmbito das políticas sociais. 
(D) As transformações no processo produtivo acabaram por afetar a classe trabalhadora e o seu 
movimento sindical e operário. 
(E) As transformações no processo produtivo ocorreram por meio do avanço tecnológico e da 
constituição das formas de acumulação flexível. 
 
Respostas 
 
01. Resposta: A 
Trata-se de analisar as políticas sociais como processo e resultado de relações complexas e 
contraditórias que se estabelecem entre Estado e sociedade civil, no âmbito dos conflitos e luta de classes 
que envolvem o processo de produção e reprodução do capitalismo, nos seus grandes ciclos de expansão 
e estagnação, ou seja, problematiza-se o surgimento e o desenvolvimento das políticas sociais no 
contexto da acumulação capitalista e da luta de classes, com a perspectiva de demonstrar seus limites e 
possibilidades. 
 
02. Resposta: C 
O debate sobre a política social torna-se fortemente descritivo – a partir de uma forte influência 
funcionalista, com sua perspectiva de tomar os fatos sociais como coisas –, com um volume excessivo 
de dados técnicos, os quais evidentemente não falam por si: requisitam a análise exaustiva de suas 
causas e inter-relações, e das razões econômico-políticas subjacentes aos dados. 
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. 10 
03. Resposta: E 
Na boa síntese de Netto, as tendências que operam no campo das políticas sociais são: 
- a desresponsabilização do Estado e do setor público com uma política social de redução da pobreza 
articulada coerentemente com outras políticas sociais (de trabalho, emprego, saúde, educação e 
previdência); o combate à pobreza opera-se como uma política específica; a desresponsabilização do 
Estado e do setor público, concretizada em fundos reduzidos, corresponde à responsabilização abstrata 
da “sociedade civil” e da “família” pela ação assistencial; enorme relevo é concedido às organizações não 
governamentais e ao chamado terceiro setor; desdobra-se o sistema de proteção social: para aqueles 
segmentos populacionais que dispõem de alguma renda, há a privatização/mercantilização dos serviços 
a que podem recorrer; para os segmentos mais pauperizados, há serviços públicos de baixa qualidade; 
a política voltada para a pobreza é prioritariamente emergencial, focalizada e, no geral, reduzida à 
dimensão assistencial. 
 
04. Resposta: A 
O campo da sociedade civil, ostensivamente convocado a implementar projetos sociais em nome do 
solidarismo e da responsabilidade social, algumas vezes emprega os assistentes sociais em condições 
salariais e físicas melhores, mas não possui capacidade instalada e critérios universais de atendimento, 
com o que se torna basicamente assistencialista, num processo de refilantropização da assistência. 
 
05. Resposta: B 
As mudanças contemporâneas mais gerais – a contrarreforma do Estado, a reestruturação produtiva 
e a financeirização do capital – têm impactos deletérios nas condições cotidianas de trabalho, na medida 
em que aumenta a demanda por benefícios e serviços exponencialmente com o aumento da desigualdade 
e da pauperização absoluta e relativa, no mesmo passo em que diminuem as condições de atendimento 
físicas, éticas e técnicas, o que incluem impactos também na remuneração do funcionalismo público. 
 
06. Resposta: C 
A reinvenção do liberalismo promovida pelos neoliberais no final dos anos de 1970 e 1980, espraiando-
se na década de 1990 em todo o mundo, foi uma reação teórica e política ao keynesianismo e ao Welfare 
State. A reversão do ciclo econômico, em fins dos anos de 1960 e mais visivelmente a partir de 1973, dá 
um novo fôlego às teses neoliberais, que atribuem a crise ao poder excessivo dos sindicatos, com sua 
pressão sobre os salários e os gastos sociais do Estado, o que estimula a destruição dos níveis de lucro 
das empresas e a inflação; ou seja, a crise é um resultado do keynesianismo e do Welfare State. 
 
 
 
Neoliberalismo e o Estado de Bem Estar Social8 
 
A noção de Estado de bem-estar social teve início na Inglaterra no pós-II Guerra Mundial, quando o 
partido trabalhista, socialdemocrata, estabeleceu que independente da sua renda, todo cidadão teria o 
direito de ser protegido pelo Estado. O Estado de bem-estar teve como principais características a 
propriedade privada e a liberdade de mercado, sem a interferência do Estado na economia (Liberalismo 
clássico). 
A partir do pensar e do implantar do bem-estar social dos cidadãos, os governos começaram a criar 
medidas para o Estado oferecer serviços para a sociedade. Para isso, foi necessário implantar uma 
estruturada previdência social e um organizado sistema de assistência médica. 
Desde então, o Estado passou a oferecer serviços prestativos aos cidadãos, como a institucionalização 
de seguros contra a velhice, a invalidez, doenças e maternidade. Posteriormente, implantaram-se outros 
serviços assistenciais, como o seguro-desemprego. Todos os seguros sociais ofertados pelo Estado aos 
seus cidadãos passaram a ter enormescustos para o governo, e resolveram apenas parcialmente esse 
problema, aumentando os tributos públicos, ou seja, os impostos. 
Na década de 1960, os tributos e gastos dos Estados aumentaram acentuadamente. Surgiu, então, a 
teoria econômica neoliberal que propõe ideias para a redução das taxas e gastos do governo. O Estado, 
a partir da lógica neoliberal, passou a ofertar cada vez menos serviços e políticas assistenciais para os 
 
8 http://alunosonline.uol.com.br/historia/estado-bemestar-social-x-estado-neoliberal.html 
Expressões ou desenho das políticas sociais nos Estados liberal, de bem-estar 
social e neoliberal. 
 
1455069 E-book gerado especialmente para ANDRE FERNANDES DA SILVA
 
. 11 
cidadãos. Os neoliberais compactuam que assistência social não é dever do Estado, mas um problema 
que deve ser superado pelas leis do mercado. 
O neoliberalismo teve sua ascensão na década de 1970, na Inglaterra e nos Estados Unidos, onde o 
Estado de bem-estar social sofreu várias restrições na assistência à população. 
No Brasil, o neoliberalismo chegou e foi implantado no governo de Fernando Henrique Cardoso, no 
ano de 1994. O citado presidente iniciou uma série de medidas que visavam à redução de gastos do 
Estado, como as privatizações dos setores públicos das telecomunicações (Telebrás), das mineradoras, 
como a Companhia Siderúrgica Nacional de Volta Redonda e a Companhia Vale do Rio Doce. Além disso, 
abriu a economia brasileira para o mercado internacional (Multinacionais). 
Portanto, o Estado de bem-estar social interferiu no mercado. Para tentar regulá-lo, investiu-se em 
recursos para criação de uma rede de proteção social, médica e previdenciária para os trabalhadores. O 
Estado passou a ser o grande mantenedor da assistência médica, da moradia, educação, entre outros. O 
neoliberalismo inverteu a lógica do Estado de bem-estar social, retirando as obrigações do Estado para 
os cidadãos. Isso explica as carências atuais nos setores de saúde, educação e moradia, serviços 
ofertados pelos governantes. 
 
Principais Características do Neoliberalismo 
 
- Pouca participação do Estado na economia do país; 
- Privatização de empresas estatais; 
- Desburocratização do Estado, leis mais simplificadas e regras econômicas que facilitasse o 
funcionamento das atividades; 
- Diminuição dos impostos; 
- Base da economia do país formada por empresas privadas; 
- Defesa dos princípios capitalistas; 
- Pouca intervenção do Estado no mercado de trabalho; 
- Livre circulação do capital estrangeiro 
 
O Estado do Bem-Estar 
 
I. DEFINIÇÕES E ASPECTOS HISTÓRICOS. — O Estado do bem-estar (Welfare state), ou Estado 
assistencial, pode ser definido, à primeira análise, como Estado que garante "tipos mínimos de renda, 
alimentação, saúde, habitação, educação, assegurados a todo o cidadão, não como caridade mas como 
direito político" (H. L. Wilensky, 1975). 
Como exemplo que se aproxima mais desta definição, é costume apresentar a política posta em prática 
na Grã-Bretanha a partir da Segunda Guerra Mundial, quando, a seguir ao debate aberto pela 
apresentação do primeiro relatório "Beveridge" (1942), foram aprovadas providências no campo da saúde 
e da instrução, para garantir serviços idênticos a todos os cidadãos, independentemente da sua renda. 
Este exemplo leva a vincular o conceito de assistência pública ao das sociedades de elevado 
desenvolvimento industrial e de sistema político de tipo liberaldemocrático. Na realidade, o que distingue 
o Estado assistencial de outros tipos de Estado não é tanto a intervenção direta das estruturas públicas 
na melhoria do nível de vida da população quanto o fato de que tal ação é reivindicada pelos cidadãos 
como um direito. 
Ora, uma breve análise histórica da intervenção atual dos Estados no campo social nos revela que a 
relação entre assistência, industrialização e democracia é assaz complexa, dá lugar a profundas tensões 
e só atinge a forma atual em época bastante recente. Na verdade, no século XVI I I , muitos Estados 
europeus (Áustria, Prússia, Rússia, Espanha) desenvolveram uma importante ação de assistência, mas 
antes ou independentemente da Revolução Industrial e dentro de estruturas de poder de tipo patrimonial. 
É Weber quem nos recorda que "o poder político essencialmente patriarcal assumiu a forma típica do 
Estado de bem-estar (...). A aspiração a uma administração da justiça livre de sutilezas e de formalismos 
jurídicos, visando à justiça material, é de per si própria de qualquer patriarcalismo principesco" (M. Weber, 
1922). 
Deste modo, foram precisamente os Estados patrimoniais mais distantes das formas de legitimação 
legal-racional que foram mais além nas formas de defesa do bem-estar dos súditos, enquanto que, nas 
sociedades em que se ia consolidando a Revolução Industrial, as normas de defesa das populações mais 
fracas surgiam como barreiras medievais opostas à livre iniciativa. O nascente capitalismo se reconhece, 
com efeito, mais facilmente na atitude que a ética protestante tem para com a caritas: ela deve, antes de 
tudo desencorajar os preguiçosos, já que, numa sociedade baseada na livre concorrência, a assistência 
constitui um desvio imoral do princípio "a cada um segundo os seus merecimentos". 
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. 12 
Que não se tratava apenas de disputa ideológica, mas de uma orientação de claro significado político, 
revela-o a análise das medidas adotadas na Inglaterra em fins do século XVIII, medidas com que se abolia 
toda a regulamentação sobre o salário mínimo, que tinha sua origem no sistema medieval das 
corporações e que agora era considerado lesivo da liberdade de contratação. 
A oposição entre os direitos civis (de expressão, de pensamento e também de comércio) e o direito à 
subsistência torna-se totalmente explícita com a lei dos pobres, aprovada em 1834 na Inglaterra, pela 
qual se obtinha o mantimento a expensas da coletividade em troca da renúncia à própria liberdade 
pessoal. Como acentua T. H. Marshall (1964), para ter a garantia da sobrevivência, o pobre tinha de 
renunciar a todo o direito civil e político, devia ser colocado "fora de jogo" em relação ao resto da 
sociedade. Se o Estado provia às suas necessidades, não era como portador de qualquer direito à 
assistência, mas como tendentemente perigoso para a ordem pública e para a higiene da coletividade. 
Esta oposição entre os direitos civis e políticos, de um lado, e os direitos sociais, de outro, mantém-se 
durante grande parte do século XIX, sendo exemplo claro disso a legislação social de Bismarck. As leis 
aprovadas na Prússia, entre 1883 e 1889, representam a primeira intervenção orgânica do Estado em 
defesa do proletariado industrial, mediante o sistema do seguro obrigatório contra os infortúnios do 
trabalho, as doenças de invalidez e as dificuldades da velhice. Mas este programa previdenciário dá-se 
num Estado em que a burguesia industrial é débil e está politicamente marginalizada, e as representações 
políticas da classe operária não gozam de qualquer reconhecimento: na realidade, só uns anos antes, 
em 1878, é que uma lei "antissocialista" tinha proibido as reuniões e propaganda destas organizações. 
É necessário chegar ao começo do século XX para encontrar medidas assistenciais que não só não 
estão em contradição com os direitos civis e políticos das classes desfavorecidas, mas constituem, de 
algum modo, seu desenvolvimento. É na Inglaterra que, entre 1905 e 1911, um alinhamento político 
progressista leva à aprovação de providências de inspiração igualitária, como a instituição de um seguro 
nacional de saúde e de um sistema fiscal fortemente progressivo. Mas então o fundo é totalmente outro. 
Estas leis são postas em prática por um Estado liberal-democrático que reconheceu plenamente os 
direitos sindicais e políticos da classe operária, numa sociedade profundamente marcada pela 
industrialização e pela urbanização degrandes massas. 
Os anos 20 e 30 assinalam um grande passo para a constituição do Welfare state. A Primeira Guerra 
Mundial, como mais tarde a Segunda, permite experimentar a maciça intervenção do Estado, tanto na 
produção (indústria bélica), como na distribuição (gêneros alimentícios e sanitários). A grande crise de 
29, com as tensões sociais criadas pela inflação e pelo desemprego, provoca em todo o mundo ocidental 
um forte aumento das despesas públicas para a sustentação do emprego e das condições de vida dos 
trabalhadores. Mas as condições institucionais em que atuam tais políticas são radicalmente diversas: 
enquanto nos países nazifascistas a proteção ao trabalho é exercida por um regime totalitário, com 
estruturas de tipo corporativo, nos Estados Unidos do New Deal, a realização das políticas assistenciais 
se dá dentro das instituições políticas liberal-democráticas, mediante o fortalecimento do sindicato 
industrial, a orientação da despesa pública à manutenção do emprego e à criação de estruturas 
administrativas especializadas na gestão dos serviços sociais e do auxílio econômico aos necessitados. 
Mas é preciso chegar à Inglaterra dos anos 40 para encontrar a afirmação explícita do princípio 
fundamental do Welfare state: independentemente da sua renda, todos os cidadãos, como tais, têm direito 
de ser protegidos — com pagamento de dinheiro ou com serviços — contra situações de dependência de 
longa duração (velhice, invalidez...) ou de curta (doença, desemprego, maternidade...). O slogan dos 
trabalhistas ingleses em 1945, "Participação justa de todos", resume eficazmente o conceito do 
universalismo da contribuição que é fundamento do Welfare state. Desde o fim da Segunda Guerra 
Mundial, todos os Estados industrializados tomaram medidas que estendem a rede dos serviços sociais, 
instituem uma carga fiscal fortemente progressiva e intervêm na sustentação do emprego ou da renda 
dos desempregados. 
O aumento mais ou menos linear destas intervenções trouxe algumas consequências importantes 
sobre cujo significado falaremos em seguida: aumentou a cota do produto nacional bruto destinada à 
despesa pública; as estruturas administrativas voltadas para os serviços sociais tornaram-se mais vastas 
e complexas; cresceu em número e importância política a classe ocupacional dos "profissionais do 
Welfare"; foram aperfeiçoadas as técnicas da descoberta e avaliação das necessidades sociais; tornou-
se mais claro o conhecimento do impacto das várias formas de assistência na redistribuição da renda e 
na estratificação social. Mas, não obstante haverem melhorado os instrumentos técnicos de previsão e 
controle do andamento das despesas públicas, nos países onde é mais ampla a cobertura do seguro 
social (Estados Unidos, Grã-Bretanha, Suécia...), em fins da década de 60, as despesas governamentais 
tendiam a aumentar mais rapidamente que as entradas, provocando a crise fiscal do Estado (O'Connor, 
1973). O aumento do déficit público provoca instabilidade econômica, inflação, instabilidade social, 
reduzindo consideravelmente as possibilidades da utilização do Welfare em função do assentimento ao 
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. 13 
sistema político. Alguns Estados são obrigados a limitar a intervenção assistencial, quando o aumento da 
carga fiscal gera em amplos estratos da opinião pública uma atitude favorável à volta à contribuição 
baseada no princípio contratualista. Estes elementos têm feito com que se fale de uma nova fase na 
história do Estado assistencial, marcada por profunda crise e por uma possível tendência a desaparecer. 
 
II. CAUSAS DO DESENVOLVIMENTO DO ESTADO ASSISTENCIAL. — É necessário agora enfrentar 
alguns problemas teóricos originados do aparecimento, consolidação e crise do Welfare state. A primeira 
série de questões diz respeito às causas que determinaram seu crescimento. Nos anos 50 e 60, os 
estudiosos anglo-americanos (T. H. Marshall, Bendix) dão grande atenção às razões políticas que 
provocaram o fortalecimento das intervenções assistenciais. Segundo Marshall (1964), podemos 
distinguir na história política das sociedades industriais três fases: a primeira (ao redor do século XVIII), 
domina-a a luta pela conquista dos direitos civis (liberdade de pensamento, de expressão...); a fase 
seguinte (ao redor do século XIX) tem como centro a reivindicação dos direitos políticos (de organização, 
de propaganda, de voto...) e culmina na conquista do sufrágio universal. É precisamente o 
desenvolvimento da democracia e o aumento do poder político das organizações operárias que dão 
origem à terceira fase, caracterizada pelo problema dos direitos sociais, cujo acatamento é considerado 
como pré-requisito para a consecução da plena participação política. O direito à instrução desempenha 
historicamente a função de ponte entre os direitos políticos e os direitos sociais: o atingimento de um nível 
mínimo de escolarização torna-se um direito-dever intimamente ligado ao exercício da cidadania política. 
Alguns autores (Titmus, 1958) sublinharam a importância das ideologias como causa da consolidação do 
Welfare. Se nas sociedades tradicionais as situações de indigência são tidas como um sinal da vontade 
divina e, na ética protestante, como um indício do desmerecimento individual, com o pleno 
desenvolvimento da sociedade industrial parece claro que as causas que criam situações de dependência 
tendem a aumentar, tendo o mais das vezes uma origem social e escapando totalmente ao controle do 
indivíduo. Nestas condições, atenua-se na opinião pública o contraste entre as exigências baseadas no 
merecimento e as baseadas na necessidade, e o universalismo da contribuição não é considerado como 
oposto ao princípio da justiça, não colide com a necessidade de manter a propensão ao trabalho. Todas 
estas interpretações têm de comum a forte importância dada aos fatores político-culturais, com a 
consequente análise do Welfare em termos de conquista da civilização. 
As pesquisas mais recentes tendem, ao invés, a sublinhar o papel desempenhado pelos fatores 
econômicos na constituição do Estado assistencial. Da análise comparada da história das políticas sociais 
na Europa, América e Rússia, Rimlinger' (1971) chega à conclusão de que a causa principal da sua 
difusão deve ser buscada na transformação da sociedade agrária em industrial: se as diferenças políticas 
e culturais podem explicar a variedade de medidas adotadas pelos diversos países, o desenvolvimento 
industrial parece a única constante capaz de ocasionar o surgimento do problema da segurança social 
em todas essas regiões. A tese da relevância do desenvolvimento econômico não resiste apenas à 
análise dos grandes períodos históricos, como encontra igualmente confirmação na análise sincrônica da 
despesa destinada aos serviços sociais por um vasto número de nações. Wilensky (1975) e, antes dele, 
Aaron e Cutright demonstraram que a cota do produto nacional bruto usada para fins sociais cresce em 
relação com o desenvolvimento econômico de uma nação. Em confronto com esta clara correlação, a 
influência dos diversos sistemas econômicos e políticos torna-se ou espúria ou irrelevante. Os demais 
fatores, que parecem influir positivamente no desenvolvimento das políticas sociais, outra coisa não 
fazem senão reforçar esta tese: se é verdade que o percentual dos habitantes idosos e a idade do sistema 
de administração social são correlativos à amplitude das políticas do Welfare, também é verdade que isso 
depende, por sua vez, do desenvolvimento econômico de uma nação. Não causa por isso estranheza 
que seja o próprio Wilensky quem convida a olhar mais além da "retórica do Welfare", que difere de país 
para país conforme a ideologia dominante, para ver como convergem fundamentalmente as políticas 
sociais dos países fortemente industrializados. 
 
III. CAUSAS DA CRISE DO ESTADO ASSISTENCIAL. — Examinemos agora os problemas teóricos 
que apresenta a plena expansão e crise doEstado assistencial nas sociedades pós- ou tardo-capitalistas. 
Todos os estudiosos do Welfare state consideram o seu desenvolvimento como uma quebra da 
separação entre a sociedade (ou mercado, ou esfera privada) e o Estado (ou política, ou esfera pública), 
tal como era constituída na sociedade liberal, e descrevem a evolução dos canais que historicamente 
permitiram a comunicação entre ambas as esferas. 
Durante a década de 60, a nova relação entre o Estado e a sociedade é entendida em termos de 
equilíbrio, de compromisso e de coexistência pacífica, se bem que com o rompimento da separação. 
Marshall fala de alocação dos recursos baseada num sistema dual, onde, a par do mercado, age também 
o Estado. Habermas (1975) vê surgir uma espécie de terra de ninguém para a qual são inadequadas 
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. 14 
tanto as categorias do direito público como as do direito privado. Outros dão relevância à síntese 
ideológica entre a meritocracia e a igualdade, entre a eficiência e a solidariedade, síntese em que 
assentam os programas sociais mais orgânicos. 
Mas, a partir do final dos anos 60, o processo de rompimento da separação entre sociedade e Estado 
é analisado com instrumentos novos, que levam em conta os primeiros sinais de crise no desenvolvimento 
das políticas sociais, bastante linear até esses anos. A crise fiscal do Estado é tida como um indício da 
incompatibilidade natural entre as duas funções do Estado assistencial: o fortalecimento do consenso 
social, da lealdade para com o sistema das grandes organizações de massa, e o apoio à acumulação 
capitalista com o emprego anticonjuntural da despesa pública. A particular relação que o Welfare state 
estabeleceu entre Estado e sociedade não é mais entendida em termos de equilíbrio, mas como elemento 
de uma crise que levará à natural eliminação de um dos dois polos. 
Para um grupo de autores (Offe, 1977, Habermas,1975), o Estado assistencial traz como resultado a 
"estatalização da sociedade". Trabalho, rendimento, chances de vida não são mais determinados pelo 
mercado, mas por mecanismos políticos que objetivam a prevenção dos conflitos, a estabilidade do 
sistema, o fortalecimento da legitimação do Estado. A vontade política não se forma já pelo livre jogo das 
agregações na sociedade civil, mas se solidifica através de mecanismos institucionais que operam como 
filtro na seleção das solicitações funcionais ao sistema. Partidos, sindicatos e Parlamento atuam como 
organismos dispensadores de serviços, trocando-os pelo apoio politicamente disponível. Os resultados 
deste processo são diversos, dependendo do fato de se prever ou não a total extinção da autonomia da 
sociedade em face de um "despotismo administrativo" que levaria à total dependência dos indivíduos e 
dos pequenos grupos dos mecanismos públicos. As possibilidades de saída estão, portanto, confiadas à 
capacidade de resistência de alguns fragmentos da sociedade civil: círculos de vida privada, setores de 
economia concorrencial, grupos portadores de interesses não filtrados pelas instituições. 
Por outro lado, a crise do Welfare state pode ser entendida também como um processo de 
"socialização do Estado" (Rose, 1978, Huntington e Crozier, 1975). Para os autores que põem 
particularmente em evidência este aspecto, o Estado assistencial difundiu uma ideologia igualitária que 
tende a deslegitimar a autoridade política; a disposição do Estado a intervir nas relações sociais provoca 
um enorme aumento nas solicitações dirigidas às instituições políticas, determinando a sua paralisia pela 
sobrecarga da procura; a competição entre as organizações políticas leva à impossibilidade de selecionar 
e aglutinar os interesses, causando a total permeabilidade das instituições às demandas mais 
fragmentadas. O peso assumido pela administração na mediação dos conflitos provoca a burocratização 
da vida política que, por sua vez, leva à "dissolução do consenso". Baseando-nos nesta análise, torna-se 
claro que as possibilidades de saída da crise ficam entregues à capacidade de resistência das instituições, 
à sua autonomia em face das pressões de grupos sociais numa perpétua atitude reivindicativa. 
Ora, poder-se-á perguntar como é que a crise do Estado assistencial pôde dar lugar a interpretações 
tão distantes entre si. Antes de tudo, convém precisar que essa oposição é muitas vezes aumentada 
devido ao diverso enfoque metodológico: na realidade, as análises mais complexas admitem a existência 
de ambos os processos. Contudo, estes resultados tão distantes a que se chega pelo estudo da crise do 
Welfare state com as categorias de "Estado" e "sociedade" demonstram pelo menos uma coisa: o 
desenvolvimento e consolidação do Estado assistencial nos últimos cem anos constituem um processo 
tão profundo, distanciam tanto esta instituição das que a precederam que tornaram amplamente 
inadequado o esquema conceptual elaborado pelas teorias clássicas para definir o Estado e as suas 
funções. 
 
Questões 
 
01. (UFMA - Técnico Assuntos Educacionais – UFMA/2016) Uma das principais características do 
neoliberalismo é: 
(A) O equilíbrio entre o custo e o benefício dos serviços públicos 
(B) A democratização das relações entre as instituições públicas e privadas 
(C) O pleno emprego 
(D) Uma educação pública para todos independente das classes sociais 
(E) O Estado Mínimo 
 
02. (UFBA - Assistente Social – UFBA) O neoliberalismo caracteriza-se pela universalização dos 
serviços públicos. 
(A) Certo 
(B) Errado 
 
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. 15 
03. (PRODEB - Assistente – Operação – IDECAN/2015) “Dois conceitos muito discutidos nos dias 
atuais: __________________ é um processo econômico e social que estabelece uma integração entre 
os países e as pessoas do mundo todo, de modo que as pessoas, os governos e as empresas trocam 
ideias, realizam transações financeiras e comerciais e espalham aspectos culturais pelos quatro cantos 
do planeta; enquanto __________________ é um conjunto de ideias políticas e econômicas capitalistas 
que defendem a não participação do estado na economia. De acordo com esta doutrina, deve haver total 
liberdade de comércio (livre mercado), pois este princípio garante o crescimento econômico e o 
desenvolvimento social de um país." Assinale a alternativa que completa correta e sequencialmente a 
afirmativa anterior. 
(A) neoliberalismo / globalização 
(B) globalização / neoliberalismo 
(C) socialismo / liberalismo econômico 
(D) liberalismo econômico / socialismo 
 
04. (Prefeitura de Saquarema – RJ - Gestor Público – CEPERJ/2015) O neoliberalismo é muito 
associado à valorização do mercado. Neste sentido, sob o neoliberalismo destacam-se algumas 
características na administração pública brasileira, em especial nos municípios. Dentre estas 
características estão: 
(A) fixação de preço dos serviços públicos pelo mercado e venda de serviços de saúde e educação 
pelos postos de saúde e universidades. 
(B) liberalização das compras no serviço público sem licitação e suspensão dos concursos públicos, 
para o provimento de pessoal, preferencialmente via CLT. 
(C) privatização de estatais e terceirização de serviços públicos. 
(D) colocação de títulos de autarquias públicas no mercado mobiliário. 
(E) contratação de serviços públicos a agências internacionais no mercado globalizado. 
 
05. (EBSERH - Assistente Social - INSTITUTO AOCP/2015) Nos inícios da década de 90 ocorre a 
integração do Brasil à ordem econômica mundial, sob os imperativos do capital financeiro e do: 
(A) liberalismo. 
(B) socialismo. 
(C) liberalismo e do Welfare State. 
(D) neoliberalismo. 
(E) Welfare State. 
 
06. (UNIPAMPA - Assistente Social – CESPE) Acerca do neoliberalismo e de suas implicações no 
contexto atual e na relação Estado-sociedade, julgue o item subsequente. 
O neoliberalismo pode ser caracterizado pela competição produtiva e pela atuação do Estado na 
economia restrita

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