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Hannah Arendt- sobre a violência

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ARENDT, Hannah. Sobre a violência. (Cap II)
Hannah Arent questiona a associação de Estado, ou até mesmo de Poder, à questão da
violência, como na definição de Weber de Estado como “o domínio de homens sobre homens com
base nos meios da violência legítima'', e de diversos outros autores, o que resultaria no sentido de
poder político como a ''organização da violência''. E então, sem violência não há Estado? Tal
questionamento só se faz viável de explicação se houver distinção do significado de poder e força
como formas de domínio.
A burocracia, que é o domínio de um sistema de órgão ao qual nenhum homem pode ser tido
como responsável, aproxima-se de uma tirania, pois o governo não responde por seus próprios atos
e é esse sistema no qual é impossível a localização da responsabilidade e a identificação do inimigo
que a inquietação e a rebeldia reinam, culminando no caos.
Segundo John Stuart Mill, “a primeira lição da civilização é a de obediência”, que se divide
em dois objetos: o desejo de exercer poder sobre outros e a falta de inclinação para ser o executor
do poder. Ou seja, a vontade de poder e a vontade de obedecer são inatas ao homem. Assim, a
política diz respeito à relação entre as vontades de liderança e a de liderados e à convivência
efetivada
Como princípio fundamental da política está a ação, que, ao contrário da atividade do
trabalho e seus implementos, não pode ser avaliada segundo características utilitárias. A ação
violenta diz respeito à dominação que opera nas atividades de trabalho e na forma como se
apresenta. Assim, a administração pública, no que diz respeito a todas as instituições que a
compõem não fazem parte propriamente da política, sendo somente um meio, recurso ou
instrumento da política, reforça a ideia de que a política não está especificamente ligada ao uso da
coerção física e da relação de violência entre dominantes e dominados.
A violência pode destruir o poder, porém se faz incapaz de criá-lo, por serem opostas e não
coexistirem. O poder é definido como a habilidade humana de agir em comum acordo e não
pertence unicamente ao indivíduo, e sim ao povo, ou seja, só existe quando houver a união do povo.
A força é comumente confundida com a concepção de força, porém, a violência se dá quando a
força é utilizada por meio de instrumentos, como a coerção com armas, por exemplo, sendo esta a
maior representação de violência. Já a autoridade caracteriza-se pelo “reconhecimento sem
discussões por aqueles que são solicitados a obedecer” e é necessário respeito, tanto por quem
governa na figura de autoridade, quanto por quem se subordina e é governado.
Para Hannah Arendt, a burocracia como forma de poder tem o significado de poder e
violência aproximados quando se trata do poder de governo, cujo dever é desafio é combinar as
crenças do Estado com os recursos coercitivos da administração pública. Isso se dá pelo fato da
burocracia, como já dito anteriormente, ter natureza caótica e causar rebeldia e inquietude,
tornando-se o mais tirânico dos governos. E, na falta de um governo legítimo que transpareça poder,
a violência se instaura. Tais conceitos se opõem: onde um domina de forma absoluta, o outro está
ausente.

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