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Aula 09 - Conteúdo Online - Tradição, Identidade e Modernidade

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Nesta aula, conceituaremos o binômio Tradição 
e Modernidade. Em seguida, discutiremos como a 
modernidade cultural e a tradição se misturam de 
forma peculiar e dinâmica. 
Vivemos a compressão acelerada do 
espaço-tempo (característica da modernidade, e da 
globalização). 
A globalização apresenta-se como um 
processo contraditório. 
Como se apresentam as identidades nacionais 
na contemporaneidade? 
- Por um lado temos o fortalecimento de identidades 
comunitárias e regionais. 
- Por outro lado emergem identidades globais. 
• Identificar o conceito de tradição; 
• Reconhecer o significado de modernidade; 
• Compreender a relação entre tradição e 
modernidade na contemporaneidade; 
• Refletir sobre os aspectos dinâmicos que 
conformam as identidades culturais 
contemporaneidade; 
• Compreender o processo de deslocamentos 
da identidade nacional na sociedade 
globalizada; 
• Entender como as identidades passam a ser 
mais contextuais e posicionais; 
• Refletir sobre a importância dos novos atores 
políticos na globalização; 
 
 
 
 
 
 
A modernidade cultural e a tradição misturam-
se de forma peculiar e dinâmica. Essa mescla entre o 
tradicional e o moderno conduz a “tradicionalização 
do moderno”. 
A Modernidade, com respeito aos valores da 
tradição cultural, torna-se um tabu para alguns, daí a 
reflexão que a cultura está em processo de 
transformação na sociedade moderna e tem 
conduzido aos contrários a ela. 
Surgem afirmações errôneas como: “o Brasil 
não ingressou na modernidade” ou ainda; “o Brasil não 
tem tradição”. 
 
Fonte: ZH Economia. 
Para a década de 70, tais informações teriam 
algum sentido. O Brasil era um país classificado pelos 
países ricos como subdesenvolvido 
A tradição é o elo que une as ordens sociais 
pré-modernas. A tradição envolve, de alguma forma, 
o controle do tempo. É uma orientação para o 
passado, de tal forma ele é construído para ter uma 
pesada influência sobre o presente. 
–
 
A tradição está vinculada à compreensão do 
mundo fundada na superstição, religião e nos 
costumes, pressupondo uma atitude de resignação 
diante do destino, o qual, em última instância, não 
depende da intervenção humana, do “fazer a história”. 
Dessa forma, conhecer a tradição é ter 
habilidade para produzir algo que está ligado à técnica 
e à reprodução das condições do viver. 
A ordem social sedimentada na tradição 
expressa a valorização da cultura oral, do passado e 
dos símbolos enquanto fatores que perpetuam a 
experiência das gerações. 
Por outro lado, a tradição também se vincula 
ao futuro. Mas este não é concebido como algo 
distante e separado, mas como uma espécie de linha 
contínua que envolve o passado e o presente. 
É a tradição que persiste, remodelada e 
reinventada a cada geração. Não há um corte 
profundo, ruptura ou descontinuidade absoluta entre 
o ontem, hoje e o amanhã. 
A tradição envolve o ritual; este constitui um 
meio prático de preservação. Nas sociedades que 
integram a tradição, os rituais são mecanismos de 
preservar a memória coletiva e as verdades inerentes 
ao tradicional. 
O ritual reforça a experiência cotidiana e refaz 
a liga que une a comunidade, mas ele tem uma esfera 
e linguagem próprias e uma verdade em si, isto é, 
uma “verdade formular” que não depende das 
“propriedades referenciais da linguagem”. Pelo 
contrário, “a linguagem ritual é performativa, e às 
vezes pode conter palavras ou práticas que os 
falantes ou os ouvintes mal conseguem compreender. 
–
No que tange à Modernidade, podemos dizer 
que: 
A modernidade reincorpora a tradição, 
reinventa-a, e, neste sentido, também 
expressa continuidade. Grande parte dos valores 
relacionados à tradição permanecem e se 
reproduzem no âmbito da comunidade local. 
Na verdade, as primeiras instituições da 
modernidade não podiam desconsiderar a tradição 
preexistente e, vários aspectos, dependiam delas. 
Porém, a modernidade teve que “inventar” 
tradições e romper com a “tradição genuína”, isto é, 
aqueles valores radicalmente vinculados ao passado 
pré-moderno. 
A modernidade, neste sentido, expressa 
descontinuidade, a ruptura entre o que se apresenta 
como o “novo” e o que persiste como herança do 
“velho”. 
 
 
A modernidade, pode-se dizer, rompe o 
referencial protetor da pequena comunidade e da 
tradição, substituindo-as por organizações muito 
maiores e impessoais. O indivíduo se sente privado e 
só, num mundo em que lhe falta o apoio psicológico 
e o sentido de segurança oferecidos em ambientes 
mais tradicionais. 
A modernidade, enquanto descontinuidade 
entre as ordens sociais tradicionais e as instituições 
sociais modernas, apresenta três características: 
 
 
 
 
 
 
 
 
A modernidade nas condições da globalização 
amplia tanto as oportunidades quanto as incertezas e 
os perigos. Daí a sensação de mal-estar e de 
desorientação. O mundo tornou-se cada vez mais um 
lugar inseguro e essa insegurança é sentida pelo 
indivíduo em sua mais remota comunidade. 
A experiência da modernidade em tempos 
globais colocou por terra as certezas: as surpresas e 
os riscos estão sempre à espreita e o futuro parece 
uma impossibilidade se pensado enquanto construção 
histórica a partir do passado e do presente. 
A modernidade solapa a confiança fundada nos 
valores tradicionais e pressupõe um novo ambiente 
em que possa se desenvolver a “segurança 
ontológica”, isto é, o “ser no mundo”. A segurança 
ontológica “se refere à crença que a maioria das 
pessoas têm na continuidade de sua autoidentidade 
e na constância dos ambientes de ação social e 
material circundantes”. Ela diz respeito ao sentimento 
que temos sobre a continuidade das coisas e das 
pessoas; um sentimento inculcado desde a infância e 
que se vincula à rotina e à influência do hábito. A 
necessidade de “segurança ontológica” produz um 
novo ambiente de confiança. 
Nas sociedades dependentes de origem 
colonial, o capitalismo é introduzido antes da 
constituição de uma ordem social competitiva. 
Considerando essa defasagem temporal, há no 
Brasil, desde a tradição literária do final do XIX, uma 
aliança significativa entre a arte e os veículos de 
comunicação, neste caso referindo-se à dependência 
da literatura em relação aos jornais. Houve um 
modernismo no Brasil sem que houvesse 
modernização da sociedade, sendo este 
descompasso um elemento característico da 
sociedade brasileira periférica. 
Os grandes centros foram tomados pelo 
frenesi e agitação da Belle Époque 
(expressão francesa que significa bela época) com o 
advento da eletricidade, as reformas urbanas, 
construção de jardins, sendo tudo isso vivido sob o 
signo do moderno. 
A ideia de moderno associa-se neste momento 
a conceitos como progresso e civilização e a 
preocupação gira em torno do que os estrangeiros 
diriam de nós, num esforço de esculpir um retrato do 
Brasil condizente com o imaginário civilizado. Dessa 
maneira, houve no Brasil o estabelecimento de uma 
ponte entre uma vontade de modernidade e a 
construção de uma identidade nacional. 
O moderno passa a ser encarado como uma 
vontade de construção nacional. A necessidade de 
superar o subdesenvolvimento estimula o 
fortalecimento da modernização assumida como um 
valor em si sem ser questionada. Dentro deste 
contexto, a ansiedade pelo moderno e o 
aparecimento da indústria cultural passam a ser vistos 
sob o signo da modernização além de uma 
necessidade para efetivamente concretizar a 
nacionalidade brasileira. 
 
Veja abaixo a apresentação desses fatores em 
contraposição a realidade brasileira: 
 
 
 
 
 
A modernidade no Brasil é sempre algo que 
trabalha com o novo e com isso se afirmar 
contrapondo com a noção de atraso e por isso 
mesmo se impondo como necessário. 
No movimento de modernização brasileira, o 
nacional e o capitalismo são polos que se integram e 
interpenetram.A autêntica cultura brasileira capitalista 
e moderna que se configura claramente com a 
emergência da indústria cultural é fruto da fase mais 
avançada do capitalismo brasileiro. 
Apoiando-se em 
Giddens, Stuart Hall aponta 
novas combinações espaço-
tempo da contemporaneidade, 
por alterar os sistemas de 
representação (formam-se 
novos sistemas culturais). 
Sendo assim, ocorre mudanças “acima e 
abaixo” do nível do Estado-nação (tensão entre global 
e local nas transformações da sociedade). 
O centro de sua discussão envolve os 
conflitos culturais que surgem na globalização 
(embora se baseie em Giddens, ele discorda de sua 
análise.). 
Segundo Giddens a integração 
mundial teria duas fases: a 
primeira de domínio e 
expansão do ocidente, e 
a segunda, mais atual, 
representaria uma relação 
dialógica e menos 
assimétrica. 
Neste sentido, Giddens, inclusive, estabelece 
uma comparação entre a evolução da antropologia 
com a integração mundial. 
É a partir deste ponto, que se inicia a 
discordância de Hall, para ele “as contratendências da 
globalização atual são distintas de uma interação 
dialógica”. 
Passado Clássico
Inovação Tecnologica
Utopia de proximidade revolucionaria
Os motivos principais seriam: 
- Ocorre uma desigual distribuição do processo de 
globalização no mundo, exemplificadas nos desiguais 
fluxos sociais, materiais e culturais. 
- Na realidade estamos vivenciando um processo 
predominante de ocidentalização. 
- Ocorre uma mercantilização de etnias e de 
elementos culturais. 
 Ex: Latinos e orientais são vistos como 
exóticos, consumo de restaurantes e músicas típicas. 
- Vem conduzindo aos “movimentos de volta”, que se 
referem à migração pós-colonial, ou seja, de 
população oriunda de antigas colônias em direção às 
antigas metrópoles (países centrais). 
- Estes imigrantes alteram o cenário cultural local 
(identidades nacionais) e apresentam uma identidade 
cultural híbrida (denominada identidade tradicional). 
- Há um processo de reação à ocidentalização com 
a emergência de identidades que se pretendem 
purificadas. 
Ex. nacionalismo xenófobo europeu, o 
fundamentalismo islâmico em oposição a 
ocidentalização ou o revival do nacionalismo étnico 
após o colapso dos regimes comunistas. 
Desta forma, Hall afirma que vivenciamos na 
atualidade o “alargamento do campo das identidades”, 
com a proliferação de novas posições de identidade 
e crescente polarização entre elas: 
Neste cenário, este “alargamento do campo 
das identidades” ora fortalece as identidades locais, ora 
atua na produção de novas identidades. 
Nas últimas três décadas os movimentos 
políticos e lutas políticas mais importantes foram o dos 
grupos sociais congregados por identidades 
não classistas (ex. estudantes, mulheres, grupos 
étnicos e religiosos). 
Isso significa/representa uma nova forma de 
compreender a política e a cultura (não só ligadas às 
desigualdades sociais/de classe). 
Com isto, ocorre assim uma erosão da 
“identidade mestra de classes”, emergindo diferentes 
posições de sujeito (identidade). 
Alguns exemplos emblemáticos merecem ser 
analisados: 
• 
EUA
 
Dizemos que os “significados culturais, no 
mundo contemporâneo, e as identidades se 
caracterizam por uma dinâmica distinta em relação ao 
período histórico prévio”. 
As identidades na globalização tornam-se mais 
fluidas. 
- 
A partir dos anos 60 a ordem normativa 
vigente passa a ser vista como doente e repressora. 
O movimento hippie e de forma mais ampla a 
contracultura marcam uma ruptura cultural sem 
precedentes. Surge efetivamente uma cultura juvenil 
global. 
 Vale ainda ressaltar o movimento ambiental e 
o movimento pacifista. 
• 
As consequências para a modernidade. 
• 
A identidade cultural na pós-modernidade. 
• 
A globalização e as consequências humanas. 
- Foco de análise. 
• o foco de análise é a revisão do 
ponto de vista de como a sociologia clássica 
enxerga a modernidade (para ele deve ser 
revista). 
• se preocupou com as mudanças 
econômicas, no que tange a tempo e as 
classes. Em especial na análise das 
transferências da empresa no espaço 
e em especial no que ele designou como 
proprietários –ausentes. 
• questões culturais, mas 
especificamente foco nas identidades. 
Questão 01 - Leia as afirmativas abaixo e assinale a 
alternativa correta: 
( ) A ordem social sedimenta na tradição expressa 
a valorização da cultura oral, do passado e dos 
símbolos enquanto fatores que perpetuam a 
experiência das gerações. 
( ) A modernidade rompo com o referencial 
protetor da pequena comunidade e da tradição, 
substituindo-as por organizações muito maiores e 
impessoais. 
( ) Como a modernidade reincorpora a tradição, 
reinventando-a, pode-se dizer que, neste sentido, ela 
representa a descontinuidade. 
a) V, F, V. 
b) V, V, F. 
c) F, V, F. 
d) F, V, V, 
e) V, V, V. 
Questão 02 – Apresente em linhas gerais a diferença 
de visão existente entre Giddens e Hall em relação 
as modificações culturais na contemporaneidade. 
(globalização). 
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Questão 03 – Explique os “movimentos de volta”, que 
se referem a migração pós-colonial. 
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