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Nesta aula, conceituaremos o binômio Tradição e Modernidade. Em seguida, discutiremos como a modernidade cultural e a tradição se misturam de forma peculiar e dinâmica. Vivemos a compressão acelerada do espaço-tempo (característica da modernidade, e da globalização). A globalização apresenta-se como um processo contraditório. Como se apresentam as identidades nacionais na contemporaneidade? - Por um lado temos o fortalecimento de identidades comunitárias e regionais. - Por outro lado emergem identidades globais. • Identificar o conceito de tradição; • Reconhecer o significado de modernidade; • Compreender a relação entre tradição e modernidade na contemporaneidade; • Refletir sobre os aspectos dinâmicos que conformam as identidades culturais contemporaneidade; • Compreender o processo de deslocamentos da identidade nacional na sociedade globalizada; • Entender como as identidades passam a ser mais contextuais e posicionais; • Refletir sobre a importância dos novos atores políticos na globalização; A modernidade cultural e a tradição misturam- se de forma peculiar e dinâmica. Essa mescla entre o tradicional e o moderno conduz a “tradicionalização do moderno”. A Modernidade, com respeito aos valores da tradição cultural, torna-se um tabu para alguns, daí a reflexão que a cultura está em processo de transformação na sociedade moderna e tem conduzido aos contrários a ela. Surgem afirmações errôneas como: “o Brasil não ingressou na modernidade” ou ainda; “o Brasil não tem tradição”. Fonte: ZH Economia. Para a década de 70, tais informações teriam algum sentido. O Brasil era um país classificado pelos países ricos como subdesenvolvido A tradição é o elo que une as ordens sociais pré-modernas. A tradição envolve, de alguma forma, o controle do tempo. É uma orientação para o passado, de tal forma ele é construído para ter uma pesada influência sobre o presente. – A tradição está vinculada à compreensão do mundo fundada na superstição, religião e nos costumes, pressupondo uma atitude de resignação diante do destino, o qual, em última instância, não depende da intervenção humana, do “fazer a história”. Dessa forma, conhecer a tradição é ter habilidade para produzir algo que está ligado à técnica e à reprodução das condições do viver. A ordem social sedimentada na tradição expressa a valorização da cultura oral, do passado e dos símbolos enquanto fatores que perpetuam a experiência das gerações. Por outro lado, a tradição também se vincula ao futuro. Mas este não é concebido como algo distante e separado, mas como uma espécie de linha contínua que envolve o passado e o presente. É a tradição que persiste, remodelada e reinventada a cada geração. Não há um corte profundo, ruptura ou descontinuidade absoluta entre o ontem, hoje e o amanhã. A tradição envolve o ritual; este constitui um meio prático de preservação. Nas sociedades que integram a tradição, os rituais são mecanismos de preservar a memória coletiva e as verdades inerentes ao tradicional. O ritual reforça a experiência cotidiana e refaz a liga que une a comunidade, mas ele tem uma esfera e linguagem próprias e uma verdade em si, isto é, uma “verdade formular” que não depende das “propriedades referenciais da linguagem”. Pelo contrário, “a linguagem ritual é performativa, e às vezes pode conter palavras ou práticas que os falantes ou os ouvintes mal conseguem compreender. – No que tange à Modernidade, podemos dizer que: A modernidade reincorpora a tradição, reinventa-a, e, neste sentido, também expressa continuidade. Grande parte dos valores relacionados à tradição permanecem e se reproduzem no âmbito da comunidade local. Na verdade, as primeiras instituições da modernidade não podiam desconsiderar a tradição preexistente e, vários aspectos, dependiam delas. Porém, a modernidade teve que “inventar” tradições e romper com a “tradição genuína”, isto é, aqueles valores radicalmente vinculados ao passado pré-moderno. A modernidade, neste sentido, expressa descontinuidade, a ruptura entre o que se apresenta como o “novo” e o que persiste como herança do “velho”. A modernidade, pode-se dizer, rompe o referencial protetor da pequena comunidade e da tradição, substituindo-as por organizações muito maiores e impessoais. O indivíduo se sente privado e só, num mundo em que lhe falta o apoio psicológico e o sentido de segurança oferecidos em ambientes mais tradicionais. A modernidade, enquanto descontinuidade entre as ordens sociais tradicionais e as instituições sociais modernas, apresenta três características: A modernidade nas condições da globalização amplia tanto as oportunidades quanto as incertezas e os perigos. Daí a sensação de mal-estar e de desorientação. O mundo tornou-se cada vez mais um lugar inseguro e essa insegurança é sentida pelo indivíduo em sua mais remota comunidade. A experiência da modernidade em tempos globais colocou por terra as certezas: as surpresas e os riscos estão sempre à espreita e o futuro parece uma impossibilidade se pensado enquanto construção histórica a partir do passado e do presente. A modernidade solapa a confiança fundada nos valores tradicionais e pressupõe um novo ambiente em que possa se desenvolver a “segurança ontológica”, isto é, o “ser no mundo”. A segurança ontológica “se refere à crença que a maioria das pessoas têm na continuidade de sua autoidentidade e na constância dos ambientes de ação social e material circundantes”. Ela diz respeito ao sentimento que temos sobre a continuidade das coisas e das pessoas; um sentimento inculcado desde a infância e que se vincula à rotina e à influência do hábito. A necessidade de “segurança ontológica” produz um novo ambiente de confiança. Nas sociedades dependentes de origem colonial, o capitalismo é introduzido antes da constituição de uma ordem social competitiva. Considerando essa defasagem temporal, há no Brasil, desde a tradição literária do final do XIX, uma aliança significativa entre a arte e os veículos de comunicação, neste caso referindo-se à dependência da literatura em relação aos jornais. Houve um modernismo no Brasil sem que houvesse modernização da sociedade, sendo este descompasso um elemento característico da sociedade brasileira periférica. Os grandes centros foram tomados pelo frenesi e agitação da Belle Époque (expressão francesa que significa bela época) com o advento da eletricidade, as reformas urbanas, construção de jardins, sendo tudo isso vivido sob o signo do moderno. A ideia de moderno associa-se neste momento a conceitos como progresso e civilização e a preocupação gira em torno do que os estrangeiros diriam de nós, num esforço de esculpir um retrato do Brasil condizente com o imaginário civilizado. Dessa maneira, houve no Brasil o estabelecimento de uma ponte entre uma vontade de modernidade e a construção de uma identidade nacional. O moderno passa a ser encarado como uma vontade de construção nacional. A necessidade de superar o subdesenvolvimento estimula o fortalecimento da modernização assumida como um valor em si sem ser questionada. Dentro deste contexto, a ansiedade pelo moderno e o aparecimento da indústria cultural passam a ser vistos sob o signo da modernização além de uma necessidade para efetivamente concretizar a nacionalidade brasileira. Veja abaixo a apresentação desses fatores em contraposição a realidade brasileira: A modernidade no Brasil é sempre algo que trabalha com o novo e com isso se afirmar contrapondo com a noção de atraso e por isso mesmo se impondo como necessário. No movimento de modernização brasileira, o nacional e o capitalismo são polos que se integram e interpenetram.A autêntica cultura brasileira capitalista e moderna que se configura claramente com a emergência da indústria cultural é fruto da fase mais avançada do capitalismo brasileiro. Apoiando-se em Giddens, Stuart Hall aponta novas combinações espaço- tempo da contemporaneidade, por alterar os sistemas de representação (formam-se novos sistemas culturais). Sendo assim, ocorre mudanças “acima e abaixo” do nível do Estado-nação (tensão entre global e local nas transformações da sociedade). O centro de sua discussão envolve os conflitos culturais que surgem na globalização (embora se baseie em Giddens, ele discorda de sua análise.). Segundo Giddens a integração mundial teria duas fases: a primeira de domínio e expansão do ocidente, e a segunda, mais atual, representaria uma relação dialógica e menos assimétrica. Neste sentido, Giddens, inclusive, estabelece uma comparação entre a evolução da antropologia com a integração mundial. É a partir deste ponto, que se inicia a discordância de Hall, para ele “as contratendências da globalização atual são distintas de uma interação dialógica”. Passado Clássico Inovação Tecnologica Utopia de proximidade revolucionaria Os motivos principais seriam: - Ocorre uma desigual distribuição do processo de globalização no mundo, exemplificadas nos desiguais fluxos sociais, materiais e culturais. - Na realidade estamos vivenciando um processo predominante de ocidentalização. - Ocorre uma mercantilização de etnias e de elementos culturais. Ex: Latinos e orientais são vistos como exóticos, consumo de restaurantes e músicas típicas. - Vem conduzindo aos “movimentos de volta”, que se referem à migração pós-colonial, ou seja, de população oriunda de antigas colônias em direção às antigas metrópoles (países centrais). - Estes imigrantes alteram o cenário cultural local (identidades nacionais) e apresentam uma identidade cultural híbrida (denominada identidade tradicional). - Há um processo de reação à ocidentalização com a emergência de identidades que se pretendem purificadas. Ex. nacionalismo xenófobo europeu, o fundamentalismo islâmico em oposição a ocidentalização ou o revival do nacionalismo étnico após o colapso dos regimes comunistas. Desta forma, Hall afirma que vivenciamos na atualidade o “alargamento do campo das identidades”, com a proliferação de novas posições de identidade e crescente polarização entre elas: Neste cenário, este “alargamento do campo das identidades” ora fortalece as identidades locais, ora atua na produção de novas identidades. Nas últimas três décadas os movimentos políticos e lutas políticas mais importantes foram o dos grupos sociais congregados por identidades não classistas (ex. estudantes, mulheres, grupos étnicos e religiosos). Isso significa/representa uma nova forma de compreender a política e a cultura (não só ligadas às desigualdades sociais/de classe). Com isto, ocorre assim uma erosão da “identidade mestra de classes”, emergindo diferentes posições de sujeito (identidade). Alguns exemplos emblemáticos merecem ser analisados: • EUA Dizemos que os “significados culturais, no mundo contemporâneo, e as identidades se caracterizam por uma dinâmica distinta em relação ao período histórico prévio”. As identidades na globalização tornam-se mais fluidas. - A partir dos anos 60 a ordem normativa vigente passa a ser vista como doente e repressora. O movimento hippie e de forma mais ampla a contracultura marcam uma ruptura cultural sem precedentes. Surge efetivamente uma cultura juvenil global. Vale ainda ressaltar o movimento ambiental e o movimento pacifista. • As consequências para a modernidade. • A identidade cultural na pós-modernidade. • A globalização e as consequências humanas. - Foco de análise. • o foco de análise é a revisão do ponto de vista de como a sociologia clássica enxerga a modernidade (para ele deve ser revista). • se preocupou com as mudanças econômicas, no que tange a tempo e as classes. Em especial na análise das transferências da empresa no espaço e em especial no que ele designou como proprietários –ausentes. • questões culturais, mas especificamente foco nas identidades. Questão 01 - Leia as afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta: ( ) A ordem social sedimenta na tradição expressa a valorização da cultura oral, do passado e dos símbolos enquanto fatores que perpetuam a experiência das gerações. ( ) A modernidade rompo com o referencial protetor da pequena comunidade e da tradição, substituindo-as por organizações muito maiores e impessoais. ( ) Como a modernidade reincorpora a tradição, reinventando-a, pode-se dizer que, neste sentido, ela representa a descontinuidade. a) V, F, V. b) V, V, F. c) F, V, F. d) F, V, V, e) V, V, V. Questão 02 – Apresente em linhas gerais a diferença de visão existente entre Giddens e Hall em relação as modificações culturais na contemporaneidade. (globalização). ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ Questão 03 – Explique os “movimentos de volta”, que se referem a migração pós-colonial. ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________
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