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FACULDADE SUCESSO GRADUAÇÃO EM LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA NOME DO ALUNO O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM: DA EDUCAÇÃO INFANTIL AO ENSINO FUNDAMENTAL CIDADE - ESTADO ANO NOME DO ALUNO O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM: DA EDUCAÇÃO INFANTIL AO ENSINO FUNDAMENTAL Trabalho monográfico apresentado como requisito final para obtenção da nota na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia da Faculdade Sucesso. Orientador: ... CIDADE - ESTADO ANO Nome do aluno O Processo de Ensino-Aprendizagem: da Educação Infantil ao Ensino Fundamental / Nome do aluno, ano. 39 f. Monografia (Licenciatura Plena em Pedagogia) – Faculdade Sucesso, 2021. Cidade, Estado, Ano. Orientador: ... 1. Pedagogia. 2. Aprendizagem. 3. Educando. 4. Educação Infantil e Fundamental. Faculdade Sucesso, O Processo de Ensino-Aprendizagem: da Educação Infantil ao Ensino Fundamental. III. Título. DEDICATÓRIA Dedico este trabalho à minha família que é excepcional em todas as fases de minha vida. Aos meus amigos e colegas de trabalho pelos momentos de aprendizado e partilhas frutuosas. Dedico em especial a Deus. Por tudo sou imensamente grata. AGRADECIMENTOS Agradeço, A todas as pessoas do meu convívio que acreditaram e contribuíram, mesmo que indiretamente, para a conclusão deste curso, dividindo e compartilhando experiências e conhecimentos. A Deus, pois sem Ele não seria nada, por ter me dado força e saúde para superar todas as dificuldades encontradas nestes anos de curso. Aos meus pais, pelo amor incondicional, dedicação, apoio oferecido e pela paciência. Por terem feito o possível e o impossível para me oferecerem a oportunidade de estudar. Aos professores, coordenadores, orientador e funcionários da Faculdade Sucesso que de alguma forma nos ajudaram. “Os homens deveriam saber que é do cérebro, e de nenhum outro lugar, que vêm as alegrias, as delícias, o riso e as diversões, e tristezas, desânimos e lamentações.” Hipócrates RESUMO O presente trabalho utilizara-se de uma breve compilação bibliográfica a respeito de estudos voltados à temática: Importância da pedagogia no desenvolvimento do processo de ensino- aprendizagem na Educação Infantil ao Ensino Fundamental, fomentando a construção e formação dos alunos na Educação Básica do Brasil. A indagação que pela qual irá se desenvolver este trabalho se baseia na relevância da pedagogia na construção e formação do educando brasileiro. Questão que se apresenta cada vez mais como uma necessidade de elucidação e consolidação de sua notoriedade, que busca seu lugar no sistema educacional, sendo imprescindível a realidade da comunidade escolar e aos anseios do século XXI. Trata-se de entender a importância de uma prática docente pautada numa pedagogia significativa. A pesquisa foi elaborada tendo como fontes textos de Freire (1996), Libâneo (2005), Rocha (1999), além de vários sites e mídias digitais. O trabalho quis enfatizar a importância de uma pedagogia intimamente crítica e reflexiva para o indivíduo e transformadora de sua realidade histórico-social e que o direcione num processo sólido de aprendizagem. Palavras-chave: Pedagogia; Aprendizagem; Educando; Educação Infantil e Fundamental. ABSTRACT The present work used a brief bibliographical compilation about studies focused on the theme: Importance of pedagogy in the construction and training of students in Kindergarten and Elementary Education in Brazil. The question that will develop this work is based on the relevance of pedagogy in the construction and training of the Brazilian student. This issue is increasingly being presented as a need for elucidation and consolidation of its notoriety, which seeks its place in the educational system, with the reality of the school community and the aspirations of the 21st century being essential. It is about understanding the importance of a teaching practice based on a significant pedagogy. The research was prepared using texts by Freire (1996), Libâneo (2005), Rocha (1999) as sources, as well as various websites and digital media. The work wanted to emphasize the importance of an intimately critical and reflexive pedagogy for the individual and transforming his/her social-historical reality and that directs him/her in a solid learning process. Keywords: Pedagogy; Learning; Teaching; Kindergarten and Elementary Education. SUMÁRIO 1. . INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 10 1.1 Problematização .................................................................................................... 12 1.2 Justificativa .......................................................................................................... 13 1.3 Objetivos .............................................................................................................. 13 1.3.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 13 1.3.2 Objetivos Específicos ..................................................................................... 13 1.4 Hipótese ............................................................................................................... 13 2. O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM: DA EDUCAÇÃO INFANTIL AO ENSINO FUNDAMENTAL ............................................................................................ 15 2.1 A importância da pedagogia na Educação Infantil e Ensino Fundamental ..................... 15 2.2 Da Educação Infantil e Ensino Fundamental ................................................................. 20 2.2.1 Da Educação Infantil ........................................................................................... 21 2.2.2 Do Ensino Fundamental ...................................................................................... 23 2.3 Alfabetização e Letramento .......................................................................................... 29 3. METODOLOGIA ........................................................................................................ 31 2.4 Tipo de pesquisa ....................................................................................................... 32 2.5 Universo e Amostra ................................................................................................... 32 2.6 Instrumentos de coletas de dados ............................................................................... 32 2.7 Método de análise..................., .................................................................................. 32 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES DOS DADOS ......................................................... 33 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 34 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 37 10 1. . INTRODUÇÃO O referido tema foi escolhido por ser uma questão que quer ser elucidada no tocante a sua relevância, uma vez que a pedagogia é mais que uma ciência do conhecimento ou um curso para a docência, ela perpassa o convencional, e configura-se como ferramentapara emancipação cognitiva e humana do educando, pois o propicia por meio de suas reflexões condições de assumir uma postura crítica perante a sociedade, e busca consolidar o ideal de transformação social pautada nos postulados pedagógicos, que discutem com eximia habilidade temas atuais que permeiam o contexto em que este educando está inserido, trata- se, portanto, de tornar significativa sua aprendizagem já na Educação Infantil, que se consolidará no Ensino Fundamental. Percebe-se que a pedagogia permeia todos os âmbitos educacionais, é ela que norteia “os trabalhos”, que direciona a prática docente, bem como pedagógica, administrativa, orientadora, supervisora e gestora de uma instituição de ensino, por exemplo. Ou seja, todo o embasamento deve ter um caráter pedagógico em sua tomada de decisão, pois e organizadora dos processos de aprendizagem. A pedagogia, assim, coloca-se de maneira recíproca, proporcionando ao educando uma inter-relação entre o conhecimento e as ferramentas das quais se faz uso para apreender tal conhecimento, isto é, diz-se da capacidade que se cria a partir da abordagem pedagógica, a da adaptação, ou melhor, dizendo, capacidade de resiliência. Além de sua importância no âmbito escolar, a pedagogia perpassa as quatro paredes, e muros da Instituição de Ensino, e destaca-se como imprescindível na compreensão da realidade local, a saber, da sociedade na qual o educando faz parte como cidadão em potencial. Nesse sentido Libâneo (2005) diz que “a formação de professores perpassa, pois, o contexto escolar convencional, abarcando também esferas mais amplas da educação não-formal e formal”. Portanto, nota-se que a formação em caráter pedagógico não se restringe exclusivamente ao profissional pedagogo, mas pode abranger uma infinitude de possibilidades doravante aquilo que se almeja para a área específica em questão, sendo a docência, a área por excelência da aplicação desta ciência do conhecimento, em especial na educação infantil e 11 fundamental brasileiras. A pedagogia torna-se intrínseca a educação infantil a partir da LDB 9394/96, que integrou esta última ao sistema educativo brasileiro, configurando-a como a primeira etapa da educação básica; e seus profissionais devem, pois, possuir formação de magistério em nível médio ou superior, em especial em pedagogia daí a necessidade de se fomentar cursos em pedagogia de maneira mais significativa aos anseios do educando do século XXI. A partir da consolidação de uma sólida base, diz-se da Educação Infantil, poderíamos idealizar um itinerário que percorrerá todo o ensino fundamental, que se apresenta como um desafio atual e pertinente, diz-se de trabalhar o educando de modo integral, pois antes de ser um aluno, ele é um ser cidadão em potencial, um ser aluno. Assim, O desafio é educar as crianças e os jovens, propiciando-lhes um desenvolvimento humano, cultural, científico e tecnológico, de modo que adquiram condições para enfrentar as exigências do mundo contemporâneo. Tal objetivo exige esforço constante [...]. (GHEDIN, 2019, p.12) No tocante ao “campo de atuação, o profissional formado em Pedagogia é tão vasto quanto são as práticas educativas na sociedade” - o que faz do Pedagogo um profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, nas suas mais variadas formas e manifestações (LIBÂNEO, 2005). Em relação a Educação Infantil as práticas pedagógicas são intrínsecas, uma vez que por meio delas direciona toda a atuação docente. Nesse sentido, as Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação Infantil (DCNEI, p. 25), afirmam que “as práticas pedagógicas que compõem a proposta da Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e a brincadeiras”, assegurando momentos significativos que: Promovam o conhecimento de si e do mundo por meio da ampliação de experiências sensoriais, expressivas, corporais que possibilitem a movimentação ampla, expressão da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da criança; Favoreçam a imersão das crianças nas diferentes linguagens e o progressivo domínio por elas de vários gêneros e formas de expressão: gestual, verbal, plástica, dramática e musical; Possibilitem às crianças experiências de narrativas, de apreciação e interação com a linguagem oral e escrita, e o convívio com diferentes suportes e gêneros textuais orais e escritos; Recriem, em contextos significativos para as crianças, relações quantitativas, medidas, formas e orientações espaciotemporais; Ampliem a confiança e a participação das crianças nas atividades individuais e coletivas; Possibilitem situações de aprendizagem 12 medidas pela elaboração da autonomia das crianças nas ações de cuidado pessoal, auto-organização, saúde e bem-estar [...] (BRASIL, 2009, p.25). Na instituição de educação infantil, pode-se oferecer as crianças condição para as aprendizagens que ocorrem nas brincadeiras e aquelas advindas de situações pedagógicas intencionais ou aprendizagens orientadas pelos adultos. É importante ressaltar, porém, que essas aprendizagens, de natureza diversa, ocorrem de maneira integrada no processo de desenvolvimento infantil (BRASIL, 1988, p.23). A educação infantil se constituiu historicamente como instituição educacional. Podemos perceber as características das instituições por meio de estudos da história e das vivências do cotidiano. Há muitos elementos importantes que permeiam o dia a dia na educação infantil. As ações e as vivências se transformaram ao longo dos anos e a instituição foi formando características diferentes. Desde o século passado tornou-se recorrente atribuir às instituições de educação infantil a iminência de atingir a condição de educacionais — como se não houvesse sido até então. Muitas vezes, como forma de justificar novas propostas que, por sua vez, não chegavam a alterar significativamente as características próprias da concepção educacional assistencialista. (KUHLMANN JR., 2003, p. 53) 1.1 Problematização Sendo a Educação Infantil, a primeira etapa da educação básica é de se considerar a mesma como imprescindível para o desenvolvimento de todo o itinerário formativo do educando. Daí a importância de elaborar propostas pedagógicas alinhadas a realidade vivenciada pela criança, construindo assim um aprendizado signficativo. Consolidados os primeiros ensinamentos na Educação Infantil na criança faz-se necessário prepará-la para a transição ao Ensino Fundamental. Tal passagem deve-se dar de forma espontânea, evitando uma ruptura, que na maioria das vezes é traumatizante e prejudicial ao desenvolvimento educaconal dos pequenos. Segundo Aguiar, As tensões relacionadas, sobretudo ao “corte etário” – seis anos de idade, levou a uma profusão de documentos governamentais tanto visando definir a data limite de idade para ingresso no ensino fundamental (seis anos de idade completados até dia 31 de março de cada ano letivo), quanto também a organização pedagógica, especialmente no que se referia às orientações para uma prática educativa compatível com a idade das crianças. (AGUIAR, 2016, p. 10). Podemos ver que a preocupação é de consenso geral. Mas como fazer uso do conhecimento pedagógico historicamente acumulado na atualidade de forma significativa e emancipatória? Afinal de contas, como evitar a ruptura da transição do Ensino Infantil ao 13 Ensino Fundamental? Mais importante do que as respotas é a natureza destas indagações, e é isso que este trabalho irá buscar elucidar. 1.2 Justificativa A partir de observações realizadas no estágio supervisionado vivenciado no decorrer deste no curso, várias dúvidas surgiram, algumas bem pertinentes, que levaram-me a pesquisar mais sobre, e surgiu então essa questão. Isto é, a pedagogia da Educação Infantil e Ensino Fundamental. o qual despertou o interesse em atentar sobre a transiçãodos alunos da Educação Infantil para o Ensino Fundamental. Sendo de grande relevância entendermos os pormenores desta transição, como ela afeta diretamente às experiências vividas na infância. O tema se faz importante ainda pois nos possibilita à reflexão sobre a prática docente alinhada a estas experiências vividas num período da vida que demonstra um tom de mudança e desafio frente a algo novo que nos espera. Uma vez que cada crinça é um indivíduos singular, dotado de peculiaridades, que vive de diferentes maneiras aquilo que aprende em sua vida escolar. 1.3.1 Objetivo Geral O presente trabalho tem por objetivo principal contribuir para com a edificação e desevolvimento do processo de ensino-aprendizagem das crianças, fomentando a prática docente a partir de propostas pedagógicas intrínsecas à realidade da mesma. 1.3.2 Objetivos Específicos Investigar os pormenores que afetam diretamente o desenvolvimento educcional de crianças na transição do Ensino Infantil ao Ensino Fundamental; Observar o desenvolvimento do processo de aprendizagem a partir do emprego de propostas pedagógicas significativamente importantes e que estejam atreladas à realidade dos educandos; Contribuir para com o debate acerca da necessidade de zelarmos por uma transição espontânea e saudável da Educação Infantil ao Ensino Fundamental. 1.1 Hipótese O ensino dissociado da realidade da criança é mera especulação. É imprescindível alinharmos as propostas pedagógicas ao dia-a-dia dos pequenos, criando situações problemas 14 de aprendizagem significativamente importantes, que deem sentido as experiências vividas. Mas para isso faz-se necessário entendermos os pormenores da problemática, e para isso, este trabalho têm como hipóteses: que ferramentas e mecanismos usar para fomentar as ações pedagógicas propostas para as crianças? 15 2. O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM: DA EDUCAÇÃO INFANTIL AO ENSINO FUNDAMENTAL O processo de ensino-aprendizagem deve ser auspicioso no tocante aos anseios da sociedade, uma vez que busca não somente dentro da escola, mas fora dela, à margem daquela minimizar ou erradicar as mazelas que a permeiam. A educação é a chave para libertar das amarras da desigualdade social todos os sonhos de nossos educandos, e a pedagogia quer fazer parte disso, trazendo para o ambiente escolar possíveis soluções a serem discutidas em vista da erradicação da discrepância aí existente. 2.1 A importância da pedagogia na Educação Infantil e Ensino Fundamental Sendo assim, o pedagogo bebe do manancial do conhecimento, da vasta vertente do saber. A pedagogia caracteriza-se como esse instrumento de relevância não só nos ambientes escolares, mas no seio da sociedade também, como ferramenta mobilizadora de competências e habilidades na análise crítica das situações, aliando os princípios éticos, estéticos, políticos e de construção da identidade individual e coletiva, bem como o elo no entrelaçar do processo educativo com a sociedade, diz-se do diálogo entre os atos de ensinar e aprender, ou seja, quem ensina aprende ao ensinar. E quem aprende ensina ao aprender (FREIRE, 1996). O ato pedagógico se apresenta como instigante e sensível a esta necessidade a ele bruscamente apresentada, e almeja ardentemente preencher este vazio com o mais notório saber, para tornar o educando, um ser crítico, autêntico, sabedor de suas capacidades e limites, que busque potencializar aquilo que superabunda em si com a perspectiva de transformação de sua realidade pessoal e social por meio de educação. A prática pedagógica na Educação Infantil é por excelência o ato de brincar, diz-se do lúdico. Os professores, em sua maioria, encontram muitos obstáculos - que lhes são naturais – em irradiar o que sabem aos pequenos, o que requer um esforço e um tempo maior para planejar uma aula que instigue a criança a querer aprender. Neste contexto emerge o lúdico como esse instrumento facilitador da transmissão, criação de conhecimentos à criança, e ainda torna atrativa e motivadora a aula para nossos pequenos. Assim surge a metodologia lúdica como uma ferramenta indispensável no 16 aperfeiçoamento da qualidade da prática docente e, por conseguinte de nosso ensino. Com esta metodologia nossas crianças aprendem brincando, tornando momentos de brincadeiras em situações de aprendizado. Mas, para que isso aconteça de fato, é fundamental que o educador esteja comprometido, sensibilizado, engajado à situação, e tenha a consciência da importância destes tipos de atividades pautados na prática pedagógica significativa, talvez assim comecemos a mudar a realidade do ensino no Brasil. Uma outra questão pertinente a temática é em relação as nossas salas de aulas que, já são por si mesmas desestimulantes, monótonas, sem cor, sem brilho, sem vida, e ainda agravam quando o professor resiste em usar metodologias lúdicas para lhes dá uma sobrevida ou até melhor transformá-las, é necessária uma ressignificação desta postura, pois, enquanto educadores devemos nos portar como os agentes motivadores, ou seja, o canal entre a criança e o conhecimento que pode ser adquirido por meio de jogos e brincadeiras. Mas devemos tomar cuidado em não distorcer os objetivos da ludicidade, isto é, não é brincar por brincar para passar o tempo, o lúdico deve estar pautado nas habilidades e competências que a criança deve desenvolver e/ou adquirir nesta etapa, e um ato pedagógico neste sentido tende a elevar os níveis de aprendizagem, pois a mesma torna-se-a imensamente prazerosa e divertida. Como diria o saudoso Paulo Freire: “educar é um gesto de amor”. E quem ama cuida, brincar, se importa, zela, compreende, portanto, tudo isso deve ser interposto entre o lúdico e os pequenos, exigindo uma postura de coragem do professor para com o processo. O lúdico deve ser trabalhado, em especial, já na primeira etapa da Educação Básica. Talvez a mais importante, pois será ela, Educação Infantil, o alicerce na edificação do indivíduo em desenvolvimento, por isso a importância de uma prática pedagógica entusiasta, estimulante, atrativa, divertida. A Constituição da República Federativa do Brasil imputa aos municípios, estados e união os deveres para com o pleno desenvolvimento da criança quanto a educação. Neste sentido, vejamos o que diz o Art. 21: A Educação Infantil está dividida entre a Creche (0 a 3 anos de idade) e a Pré- Escola (4 a 5 anos de idade), sendo obrigatória apenas a Pré-Escola. Pela não obrigatoriedade dessa fase da educação básica (0 a 3 anos) ela também não obriga o Estado a oferecer vaga para todos. Tal divisão fora bastante influenciada pela perspectiva de teóricos como Piaget e Vygotsky, estudiosos da pedagogia, que mediante sua análise psicológica da criança caracterizaram estes momentos nos quais está subdividida esta etapa da educação básica. Uma outra definição bem pertinente a temática é a dada por Barbosa, (2001), onde o 17 autor afirma que a Constituição Federal, de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente e posteriormente a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional explicitaram na legislação pátria a normativa que reflete a nova concepção da educação infantil como o 1º segmento do ensino básico. Assim, é preciso erradicar das mentes de pais, professores, gestores e agentes em educação que a educação infantil não se resume ao brincar por brincar, ou num espaço onde “colocamos as crianças para irmos trabalhar”, e “na volta as pegamos”. As instituições responsáveis em Ensino Infantil devem perpassar o convencional e oportunizar as crianças momentos de aprendizados e desenvolvimento pessoal, haja vista que a Educação Infantil possui uma pedagogia específica, a do lúdico. Fala-se numa Pedagogia da Educação Infantil que se apresenta como uma alternativa de trabalho educativo, distinto da escola de Ensino Fundamental.A instituição tem como sujeito o aluno, e como o objeto fundamental o ensino nas diversas áreas através da aula; a creche e a pré-escola têm como objeto, as relações educativas travadas num espaço de convívio coletivo que tem como sujeito a criança de zero a seis anos de idade ou até o momento em que entra na escola (Rocha, 1999). As crianças também aprendem brincando, trata-se, pois de utilizar uma pedagogia que faça uso do lúdico, devendo permanecer a possibilidade em disponibilizar aos pequenos a compreensão de tudo o que rege jogos e brincadeiras, conhecendo desde cedo limites, regras, normas, que se configuram como essenciais na realidade escolar e futuramente social. Independentemente do tempo histórico; o ato de brincar possibilita uma ordenação da realidade, uma oportunidade de lidar com regras e manifestações culturais, além de lidar com outro, seus anseios, experimentando sensações de perda e vitória. DALLA VALLE, 2010, p.22). O principal objetivo da prática pedagógica voltada para a questão lúdica, deveras, ser a fomentação da educação infantil no tocante a aprendizagem da criança, sendo notável sua preocupação. A pedagogia deve se portar de maneira sensível a realidade vigente. A infância é uma fase de descoberta, caracteres e identidades serão construídos e ecoaram por toda a vida, por isso a necessidade de uma amadurecida prática pedagógica que lide com os “problemas do século XXI. Desde muito cedo a criança já brinca, meditando sobre si e o mundo que a rodeia. É essencial que os professores estejam capacitados e compromissados com o trabalho que deve ser desenvolvido com os pequenos através destas atividades lúdicas, abertos as novas 18 experiências próprias desta etapa do ensino. Daí a necessidade de elucidação de uma pedagogia da infância. A esse respeito Oliveira (2000) diz que: Os educadores infantis precisam fomentar situações cotidianas nas quais a criança possa manipular construir imaginar, criar, reaproveitar materiais que aparentemente não tem símbolo algum, mas que podem ser transformados em brinquedos e jogos em momentos de experiências infantis. Desta forma, o engradado pedagógico deve ser tecido com o objetivo de propiciar um ensino-aprendizagem pleno ao desenvolvimento do educando, promovendo a aprendizagem e o desenvolvimento da criança, através de práticas sociais enriquecedoras e estimulantes. Trata-se de tornar o aluno proativo, independente já na infância. Torna-se urgente pensar numa proposta de mudança que viabilize a aprendizagem das qualidades humanas, como o pensamento, a linguagem, os valores, os sentimentos, os costumes, as habilidades e aptidões que são externas ao sujeito no nascimento e que precisam ser internalizadas por meio da atividade da criança nas relações sociais coletivas e lúdicas. Trata-se, portanto, de um ato pedagógico significativo no tocante ao educando e a transformação de sua realidade familiar, escolar e social respectivamente. A pedagogia enquanto itinerário formativo ainda é bastante marcante no Ensino Fundamental I. Invocando aqui a LDB em seu Art. 32 diz que o ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006) I – o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; III – o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; IV – o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social. [...] A pedagogia não se restringe à docência tão pouco aos anseios individuais do profissional, ela transcende a tudo isso para residir, por excelência, no seu lugar de direito, diz-se do princípio norteador que estrutura nas bases sólidas do conhecimento o alicerce que edificará o mais sublime saber, o “significativamente significativo”. Segundo Débora Jeffrey, 19 coordenadora do curso de pedagogia na Unicamp, muitos entram na faculdade porque ‘gostam de criança’, mas a profissão não se restringe a isso. “O importante é ter interesse pela área de humanas e ser atento a questões educacionais”. Ou seja, o profissional deve estar preocupado, e sensível com o contexto histórico-social e cultural da criança. O profissional em pedagogia tem que ter em mente que nem na Educação Infantil ou Ensino Fundamental sua prática de atuação se limita ao ambiente de sala de aula, mas deve buscar ferramentas que o impulsione ao natural e significativo, uma prática pedagógica inovadora, eficaz e eficiente. É importante ainda que se compreenda que as rápidas transformações na realidade abriram um leque de possibilidades à consolidação de um ato puramente pedagógico. Isto é, tais mudanças trouxeram consigo uma urgente necessidade de aperfeiçoamento por parte do profissional da área, o pedagogo, e isso tende a enriquecer e valorizar ainda mais a classe, se bem observada pela mesma é claro, do contrário será o seu algoz. O ato de brincar não se restringe unicamente a Educação Infantil. Ele transcende a todas as idades, sendo visivelmente marcante nos primeiros anos do Ensino Fundamental, proporcionando aos educandos experiências ricas e únicas. Neste sentido Vygotsky diz que: A criança ao brincar pode transformar qualquer objeto em um brinquedo através da sua imaginação, podendo ainda atribuir a si própria características diferentes das suas, fantasiando e imaginado ser uma pessoa adulta ou um personagem que ela admira. Para Vygotsky a brincadeira: Cria na criança uma nova forma de desejo. Ensina a desejar, relacionando os seus desejos a um „eu‟ fictício, ao seu papel na brincadeira e suas regras. Dessa maneira, as maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisição que no futuro tornar-se-ão seu nível de ação real e moralidade. (VYGOTSKY, 1984) Em sentido comum, todas as ações têm um caráter pedagógico, isto é, a capacidade de levar as pessoas a aprenderem, e a desenvolver compreensões, visto como sendo uma maneira de organizar, sistematizar e implementar o processo de ensino-aprendizagem para grupos de pessoas, que envolve os aspectos da gestão da comunicação e da relação interpessoal em grupos ( Not, 1981). Em seu sentido amplo, a pedagogia promove a aprendizagem e formação dos alunos, tendo por base saberes da educação. Apesar de que a educação seja concebida ainda relativamente como um instrumento de preparação para a convivência social, é ela sem dúvida que amplamente debate, discute sobre todos os temas pensáveis, ainda que sejam poucas as conclusões ela faz a diferença pelo ato pedagógico que intrinsecamente fomenta a prática docente, tornando pedagogicamente falando um gesto de amor. Na transição para o Ensino Fundamental a proposta pedagógica deve prever formas para garantir a continuidade no processo de aprendizagem e desenvolvimento das crianças, 20 respeitando as especificidades etárias, sem antecipação de conteúdos que serão trabalhados no Ensino Fundamental. 2.2 Da Educação Infantil e Ensino Fundamental Neste capítulo está descrito algumas das definições do que seja a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, bem como de suas respectivas relevâncias na formação dos educandos. Por se tratar de um capítulo percursor, tais informações darão base ao que se segue no capítulo seguinte. Mas, antes de elucidarmos os pormenores da problemática faz necessário observar o amparo legal que rege a Educação Nacional. A Constituição Federal no Art. 205 estabeleceque “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Ainda segundo previsão constitucional dispostas nos incisos do art. 208, que promovem a efetivação do direito à educação mediante a garantia de: I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) (Vide Emenda Constitucional nº 59, de 2009) II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996) III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) § 1º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo. 21 § 2º - O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente. § 3º - Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola. Portanto, a educação infantil, é reconhecida como direito de toda criança desde o nascimento em instituições próprias de ensino. 2.2.1 Da Educação Infantil Sendo a educação um direito constitucional e a criança um sujeito e desenvolvimento dotados de direitos cabe aos responsáveis nos âmbitos fedral, estadual e municipal assegurarem as condições mínimas para o desenvolvimento educacional destes. A LDB em seu Art. 29 diz que: A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, completando a ação da família e da comunidade. (BRASIL, 2014). E acrescenta, Art. 30. A educação infantil será oferecida em: I – creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II – pré-escolas, para crianças de quatro a seis anos de idade. Art. 31. Na educação infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental. (BRASIL, 2014). Uma vez que é definida como a primeira etapa da Educação Básica, este momento na vida escolar das crianças é de grande importância, pois será mediante o mesmo que serão alicerçadas as bases de toda uma vida estudantil, onde serão edificados os mais variados saberes, experiências dos mais diversos campos de sua vida. A Educação Infantil no Brasil é recente se compararmos a outros lugares do mundo, como por exemplo, a Europa, onde esta etapa dos estudos era planejada e definida como essencial para o desenvolvimento das crianças. Já no Brasil, ela surgiu como uma ação assistencialista que visava assistir as mães que trabalhavam fora de casa e às viúvas desamparadas segundo afirmam Paschoal e Machado (2009). De acordo com Souza (2007, p. 15-16) A educação institucionalizada de crianças pequenas surgiu no Brasil no final do século XIX. [...] O setor privado da educação pré-escolar, voltado para as elites - os jardins-de-infância de orientação fröebeliana-, já tinha seus principais expoentes no Colégio Menezes Vieira no Rio de Janeiro, desde 1875, e na Escola Americana anterior a isso. [...] No setor público, o jardim-de-infância da Escola 22 Normal Caetano de Campos, que atendia à elite paulistana, foi inaugurado apenas em 1896, mais de vinte anos depois das fundações da iniciativa privada. O jardim-deinfância da Escola Caetano de Campos, cujo trabalho pedagógico se baseava em Fröebel, tinha como princípios educativos os conteúdos cognitivo e moral. Nas duas primeiras décadas do século XX, foram implantadas em várias regiões do Brasil, as primeiras instituições pré-escolares assistencialistas. Além disso, com o fim da escravidão muitas das crianças ficaram relegadas a própria sorte, sem ter políticas públicas de assistência, nem comida, ou um lar. Daí a necessidade de se pensar numa ação que minimizar-se tais fatos, e com isso surgiu os primeiros jardins de infância, lugares criados de acordo com as necessidades básicas das crianças. Nesse sentido, A criação dos Jardins de infância foram alvos de grandes polêmicas da época, pois, devido a sua ideia inicial de caráter assistencialista, alguns setores da sociedade achavam que não deveriam ser custeados pelo poder público. Ainda assim, se configuraram como entidades privadas e na sequência surgiram as instituições públicas servindo apenas as classes sociais mais nobres (OLIVEIRA apud CARMO 2016, p. 28). Ainda de acordo com Paschoal e Machado (2009, p.84) Após o avanço da industrialização como a revolução industrial e o aumento do número de mulheres para o trabalho fez com que houvesse um numero maior de procura dessas instituições que cuidam de crianças, porém essa assistência era feita para as mães de classe média. Por se tratar de ações assistenciais à mães de classe mais elevada, as mulheres de classes inferiores reivindicaram também a si tal assistencialismo, o que elevou o número de crianças neste ambientes, e consequentemente a expansão de tais espaços. À medida que expandiam-se novas ações eram planejadas e executadas. E com isso a criança passou a ser vista como um indivíduo com necessidades próprias, que de certa forma são padronizadas e únicas ao mesmo tempo. O que favoreceu a conquista de seu espaço na sociedade. A esse respeito Campos (2010) enfatiza que: O que as crianças fazem, sentem e pensam sobre a sua vida e o mundo, ou seja, as culturas infantis não têm um sentido absoluto e autônomo ou independente em relação às configurações estruturais e simbólicas do mundo adulto e tampouco é mera reprodução. As crianças não só reproduzem, mas produzem significações acerca de sua própria vida e das possibilidades de construção da sua existência concreta (CAMPOS, 2010, p.16). A partir de debates como estes muitas conquistas foram assegurdas às crianças. Pois passaram a serem considerados sujeitos de direitos, diferentes dos adultos, próprios da infância. O sentimento moderno de infância corresponde a duas atitudes contraditórias que caracterizam o comportamento dos adultos até os dias de hoje: uma considera a criança ingênua, inocente e graciosa e é traduzida pela paparicação dos adultos; e outra surge simultaneamente à primeira, mas se contrapõem a ela, tomando a criança como um ser imperfeito e incompleto, que necessita de moralização e da educação feita pelo adulto. (KRAMER, 1984: 18) 23 Já segundo Sarmento (2005, p. 365) “A infância é historicamente construída, a partir de um processo de longa duração que lhe atribuiu um estatuto social e que elaborou as bases ideológicas, normativas e referenciais do seu lugar na sociedade”. Com isso muitos documentos norteadores e regulamentadores da Educação Infantil no Brasil foram cuidadosamente elaborados, como por exemplo, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil – DCNEIS, que enfatizama problemática ao afirmar que: As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil articulam-se às Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica e reúnem princípios, fundamentos e procedimentos definidos pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, para orientar as políticas públicas e a elaboração, planejamento, execução e avaliação de propostas pedagógicas e curriculares de Educação Infantil (BRASIL, 2014). Já que estamos por dentro da história sobre o surgimento, bem como da importância da Educação Infantil no desenvolvimento do educando, afinal como defini-la. A esse respeito, ainda segundo as DCNEIS, a Educação Infantil configura-se como sendo a: Primeira etapa da educação básica, oferecida em creches e pré-escolas, às quais se caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade no período diurno, em jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por órgão 34 competente do sistema de ensino e submetidos a controle social (BRASIL, 2010, p.12). 2.2.2 Do Ensino Fundamental Com a ampliação para nove anos de duração do Ensino Fundamental obrigatório com início aos seis anos de idade, determinado pelo Plano Nacional de Educação (PNE) Lei Nº 172/2001, meta 2 do Ensino Fundamental, traz em seu bojo uma das necessidades primordiais ao que se refere aos processos de alfabetização e em promover com urgência a construção de uma escola inclusiva. Inclusiva no sentido de melhorar as condições de equidade e de qualidade da educação básica; estruturar um novo ensino fundamental para que as crianças prossigam nos estudos, alcançando maior nível de escolaridade; assegurar que, ingressando mais cedo no sistema de ensino, as crianças tenham um tempo mais longo para as aprendizagens da alfabetização e letramento. Nos referenciais desta nova política, há a argumentação de que, promover a todas as crianças um período mais longo de convívio escolar, bem como maiores e melhores oportunidades de aprendizagens, atenderá ao princípio da universalidade e democratização da educação. O MEC, no documento "Ensino Fundamental de nove anos: passo a passo do processo 24 de implantação (2009), orienta como deve ocorrer o processo de ampliação do ensino fundamental: a) Melhorar as condições de equidade e de qualidade da Educação Básica; b) Estruturar um novo ensino fundamental para que as crianças prossigam nos estudos alcançando maior nível de escolaridade; c) Assegurar que ingressando mais cedo no sistema de ensino, as crianças tenham um tempo mais longo para aprendizagem da alfabetização e do letramento (MEC, 2009, p. 5). A partir da Constituição Federal de 1988, em 1996 foram implementadas algumas mudanças no Sistema de Ensino no Brasil como consta no art. 4º da Lei nº 9.394/96: O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da seguinte forma: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) a) pré-escola; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) b) ensino fundamental; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) c) ensino médio; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013). (LDB, 1996, Lei nº 9.394, art. 4º, inciso I). Mas antes de trazer o conceito de Ensino Fundamental, é imprescindível levarmos em consideração o marco legal que rege esta etapa da educação básica. Tal amparo constitui-se dos seguintes dispositivos legais : - Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 – artigo 208. - Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – admite a matrícula no Ensino Fundamental de nove anos, a iniciar-se aos seis anos de idade. - Lei nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001 – estabelece o ensino fundamental de nove anos como meta da educação nacional. - Lei nº 11.114, de 16 de maio de 2005 – altera a LDB e torna obrigatória a matrícula das crianças de seis anos de idade no Ensino Fundamental. - Lei nº 11.274, de 6 de fevereiro de 2006 – altera a LDB e amplia o Ensino Fundamental para nove anos de duração, com a matrícula de crianças de seis anos de idade e estabelece prazo de implantação, pelos sistemas, até 2010. (BRASIL, 2010, p.5). A mudança, principalmente na idade de ingresso da criança no ensino fundamental, com base nessas últimas leis, trouxe grandes desafios às escolas e aos educadores, como escreve Barreto (2004, p. 15): Dimensionar a complexidade e sua implantação, apontando aspectos da estrutura e funcionamento das escolas, do currículo, da formação e envolvimento dos professores nas mudanças pretendidas, da participação dos pais e de outros atores, enfim, da cultura da escola, que são profundamente afetadas [...] um confronto que tradicionalmente tem faltado de modo dominante a organização escolar. (BARRETO, 2004, p.15). Uma vez que nos foi possível observarmos a leis que garantem a execução do ensino fundamental faz-se necessário entendermos melhor o seu conceito. Nesse sentido, a LDB em seu Art. 32 diz “o ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na 25 escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante[...]”: (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006) (BRASIL, 1996, p. 15) E acrescenta ainda em nos incisos do mesmo Art. 32 que: [...] I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social. § 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o ensino fundamental em ciclos. § 2º Os estabelecimentos que utilizam progressão regular por série podem adotar no ensino fundamental o regime de progressão continuada, sem prejuízo da avaliação do processo de ensino-aprendizagem, observadas as normas do respectivo sistema de ensino. § 3º O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem. § 4º O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a distância utilizado como complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais. § 5º O currículo do ensino fundamental incluirá, obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, que institui o Estatuto da Criança e do Adolescente, observada a produção e distribuição de material didático adequado. (Incluído pela Lei nº 11.525, de 2007). § 6º O estudo sobre os símbolos nacionais será incluído como tema transversal nos currículos do ensino fundamental. (Incluído pela Lei nº 12.472, de 2011). Por fim, em seu Art. 34 a LDB afirma que: A jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de permanência na escola. § 1º São ressalvados os casos do ensino noturno e das formas alternativas de organização autorizadas nesta Lei. § 2º O ensino fundamental será ministrado progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas de ensino. O Ensino Fundamental caracteriza-sepor ser um espaço mais formal do que o da Educação Infantil, preocupando-se em preencher a maior parte do tempo das crianças, com atividades dirigidas, de caráter pedagógico. As dinâmicas são individualizadas, centralizadas no professor, que muitas vezes, foca a escrita através de exercícios mecânicos e cópias. Momento que expressa uma determinada pressa pela alfabetização, não considerando que algumas crianças, precisam de um tempo maior para corresponder esse processo de alfabetização. Nesse sentido, Barbosa, 2005 afirma que: Colocar uma criança de seis anos sem experiência escolar numa escola http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11274.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11525.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12472.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12472.htm#art1 26 tradicional como a nossa é uma violência. Sem uma proposta pedagógica clara, as crianças vão acabar sentadas na carteira copiando leitura da lousa... Não é só problema da alfabetização na primeira série. É uma questão de disciplina, de regras, de horários. (BARBOSA, 2005, p. 43) O obstáculo de acordo com estudiosos e entusiasta em educação, que a determinação da inclusão aos seis anos no ensino fundamental, vem acompanhada com poucas instruções de como seria essa inserção nem traz propostas de formação inicial e continuada para professores, deixando claro que não é a mesma coisa ensinar uma criança de sete anos e uma de seis. Só tem sentido uma criança no ensino fundamental se estiver preocupado com a totalidade do seu desenvolvimento. Não é para diminuir a repetência e aumentar a escolarização pura e simplesmente. É por respeito ao tempo da infância... Se for para manter a escola tradicional, conteudista, como é a nossa, eu não ampliaria em mais um ano. Não adianta colocar a criança que tem seis anos só para ela precocemente aprender a ler e escrever. Isso é escolarizar prematuramente uma criança a um sistema falho. (ARROYO, 2005, p. 35) Mas como promover uma transição entre estas duas etapas sem que haja uma ruptura do processo de ensino-aprendizagem, de maneira a prejudicar o desenvolvimento educacional do educando? A criança ao passar para o ensino fundamental não pode perder a magia que embasa a educação infantil, portanto faz-se necessário que os professores estejam sempre fazendo uma reflexão de sua prática no cotidiano da sala de aula, almejando que o ensino fundamental deixe um pouco de sua complexidade no que diz respeito aos aspectos formais da aprendizagem e passem a dar espaço para as crianças que estão chegando, continuem sendo crianças, ou seja, não deixem de brincar livremente com autonomia e espontaneidade, mas também que o professor ao proporcionar-lhes o espaço para brincar possa ter um olhar minucioso recheado de observações ricas para serem aproveitadas em prol da aprendizagem de seu aluno. Tanto as políticas públicas quanto os educadores devem considerar: A singularidade das ações infantis e o direito à brincadeira, à produção cultural, na educação infantil e no ensino fundamental. Isso significa que as crianças devem ser atendidas nas suas necessidades (a de aprender e a de brincar) e que tanto na educação infantil quanto no ensino fundamental sejamos capazes de ver, entender e lidar com as crianças como crianças e não só alunos. (Kramer: 2006). Segundo o filósofo grego Heráclito “Nada é permanente, exceto a mudança”. Nos últimos anos se intensificaram as reflexões acerca do processo de transição da criança na Educação Infantil para anos iniciais do Ensino Fundamental. Sabemos que ambas as etapas compreendem-se dentro da infância, onde as propostas pedagógicas devem ser alinhadas a ludicidade, de modo que fomente ações estratégicas que contribuam para a consolidação do aprendizado. 27 A vida é naturalmente repleta de mudanças, mas é no processo de inserção e adaptação do ser humano que acontece a aprendizagem, transformação e evolução pessoal do indivíduo, no contexto social. Para que o desenvolvimento de cada situação aconteça de maneira saudável e produtiva, é imprescindível que o processo de transição, de um campo para o outro, seja organizado de maneira a atender as necessidades e fornecer segurança física e psicossocial à pessoa que está vivendo essa transição. (DRC p.24, 2019) Ainda a esse resspeito Kramer, Nunes e Corsino (2011) enfatizam que: [...] é prioridade que instituições de educação infantil e ensino fundamental incluam no currículo estratégias de transição entre as duas etapas da educação básica que contribuam para assegurar que na educação infantil se produzam nas crianças o desejo de aprender, a confiança nas próprias possibilidades de se desenvolver de modo saudável, prazeroso, competente e que, no ensino fundamental, crianças e adultos (professores e gestores) leiam e escrevam. Ambas as etapas e estratégias de transição devem favorecer a aquisição/construção de conhecimento e a criação e imaginação de crianças e adultos. (KRAMER, NUNES E CORSINO, 2011, p. 80) Neste contexto, os professores da Educação Infantil em conjunto com os professores do primeiro ano passam a constituir-se os principais mediadores deste processo de transição, são eles que irão facilitar, ou não, esta mudança para a criança, elaborando um planejamento no coletivo que intencione o aprender de forma intencional e organizada privilegiando situações de aprendizagem pautadas no lúdico, no jogo, na pesquisa. Para Kramer (2007. p. 20) a inserção da criança no Ensino Fundamental exige diálogo entre Educação Infantil e Ensino Fundamental, diálogo esse institucional e pedagógico, dentro da escola, entre as escolas e na sala de aula, e com objetivos claros. Educação infantil e ensino fundamental são indissociáveis: ambos envolvem conhecimentos e afetos; saberes e valores; cuidados e atenção; seriedade e riso. O cuidado, a atenção, o acolhimento estão presentes na educação infantil; a alegria e a brincadeira também. E, com as práticas realizadas, as crianças aprendem. Elas gostam de aprender. Na educação infantil e no ensino fundamental, o objetivo é atuar com liberdade para assegurar a apropriação e a construção do conhecimento por todos. Na educação infantil, o objetivo é garantir o acesso, de todos que assim o desejarem, a vagas em creches e préescolas, assegurando o direito da criança de brincar, criar, aprender. Nos dois, temos grandes desafios: o de pensar a creche, a pré-escola e a escola como instâncias de formação cultural; o de ver as crianças como sujeitos de cultura e história, sujeitos sociais (KRAMER, 2007, p. 20). Neste sentido o professor proporcionará o processo de transição, no qual o lúdico é visto como parte central deste processo (e não como uma perda de tempo), como parte integrante do processo ensino-aprendizagem, principalmente no que se refere à mediação do conhecimento. Cabe a todos os envolvidos com a escola fazer com que se cumpra à função pedagógica, na perspectiva de melhorar a qualidade do ensino, tendo a criança como ser único e capaz de aprender, fazendo-se necessário, para isto, a disposição de cumprir o papel de interlocutores de aprendizagens e conhecimentos. 28 Para Kramer (2007. p. 20) a inserção da criança no Ensino Fundamental exige diálogo entre Educação Infantil e Ensino Fundamental, diálogo esse institucional e pedagógico, dentro da escola, entre as escolas e na sala de aula, e com objetivos claros. Educação infantil e ensino fundamental são indissociáveis: ambos envolvem conhecimentos e afetos; saberes e valores; cuidados e atenção; seriedade e riso. O cuidado, a atenção, o acolhimento estão presentes na educação infantil; a alegriae a brincadeira também. E, com as práticas realizadas, as crianças aprendem. Elas gostam de aprender. Na educação infantil e no ensino fundamental, o objetivo é atuar com liberdade para assegurar a apropriação e a construção do conhecimento por todos. Na educação infantil, o objetivo é garantir o acesso, de todos que assim o desejarem, a vagas em creches e préescolas, assegurando o direito da criança de brincar, criar, aprender. Nos dois, temos grandes desafios: o de pensar a creche, a pré-escola e a escola como instâncias de formação cultural; o de ver as crianças como sujeitos de cultura e história, sujeitos sociais (KRAMER, 2007, p. 20). A BNCC pontua que, no momento da transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental, deve ocorrer uma preocupação por parte de gestores e professores, principalmente no que tange ao equilíbrio entre os aspectos didático-pedagógicos e a atenção afetiva. Isto devido à complexidade dos diferentes fatores que interferem no desenvolvimento sócio-cognitivo, intelectivo e afetivo da criança, principalmente os relacionados ao processo de alfabetização e desenvolvimento da linguagem. Logo, o documento descreve sobre a importância existente em criar meios a serem utilizados durante este processo, com a intencionalidade de favorecer não somente a criança durante este período, mas também o docente que se favorecerá dos resultados obtidos, para a continuação do processo pedagógico sem bloqueios maiores, pois, poderá estabelecer um princípio baseado no que a criança já traz consigo e assim dar continuidade ao processo do desenvolvimento global da criança. A transição entre essas duas etapas da Educação Básica requer muita atenção, para que haja equilíbrio entre as mudanças introduzidas, garantindo integração e continuidade dos processos de aprendizagens das crianças, respeitando suas singularidades e as diferentes relações que elas estabelecem com os conhecimentos, assim como a natureza das mediações de cada etapa. Torna-se necessário estabelecer estratégias de acolhimento e adaptação tanto para as crianças quanto para os docentes, de modo que a nova etapa se construa com base no que a criança sabe e é capaz de fazer, em uma perspectiva de continuidade de seu percurso educativo. (BNCC, p.53) Também se identificou como preocupação da BNCC a diminuição das barreiras que historicamente foram construídas entre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, pensadas como fases distintas e ou subsidiárias. Aspecto que merece um olhar aguçado pois não se resolve constando na BNCC ou por decreto, mas por meio de ações concretas e práticas que 29 permitam espaço para o diálogo e definição de metas de como dizimar a lacuna que separa os dois níveis de ensino. 2.3 Alfabetização e Letramento Quando a criança deixa o ambiente da Educação Infantil para o Ensino Fundamental, em muitos casos, há uma ruptura no processo ensino aprendizagem, pois se tem mais que a troca de ambiente. A maneira como este processo é trabalhado influência diretamente na apropriação do conhecimento. Entende-se que é preciso olhar detalhadamente o espaço educativo, isto é, a sala de aula, considerando que educando possui sua história, seus saberes, sua bagagem de conhecimento e vivências nas quais devem ser valorizadas. É importante frisar que os conceitos não são sinônimos, ainda que estejam intrinsecamente ligados. Nesse sentido, Soares citada por Morais e Albuquerque (2007, p. 47) afirma que: Alfabetizar e letrar são duas ações distintas, mas inseparáveis do contrario: o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja, ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o individuo se tornasse ao mesmo tempo alfabetizado e letrado. O processo de ensino-aprendizagem da alfabetização deve ser organizado de modo que a leitura e a escrita sejam desenvolvidas em uma linguagem real, natural, significativa e de acordo com o cotidiano da criança. A alfabetização tem como 6 objetivo criar situações para que a criança perceba o seu desenvolvimento e consequentemente adquira a sua autonomia, tornando-se fase adulta um ser crítico e conhecedor de seus direitos. Uma pessoa alfabetizada conhece o código alfabético, domina as relações grafônicas, em outras palavras, sabe que sons as letras representam, é capaz de ler palavras e textos simples, mas não necessariamente é usuário da leitura e da escrita na vida social (CARVALHO, 2010, p.66). Alfabetizar é muito mais do que codificar e decodificar o código alfabético, por isso letramento se soma com a alfabetização e, o educador precisa saber o momento certo para articular leitura e produção de texto, fazer as intervenções adequadas para o aluno progredir, pois é uma fase de libertação, aquisição da escrita e não pode ser entendida como um recurso memorativo, alfabetizar é oferecer ao aluno a oportunidade de se expressar dando a oportunidade do mesmo construir o seu próprio conhecimento. Hoje, os grandes objetivos da Educação são: ensinar a aprender, ensinar a fazer, ensinar a ser, ensinar a conviver em paz, desenvolver a inteligência e ensinar a transformar informações em conhecimento. Para atingir esses objetivos, o trabalho de alfabetização precisa desenvolver o letramento. O letramento é entendido como produto da participação em práticas sociais que usam a escrita como sistema simbólico e tecnologia (FERNANDES, 2010, p.19). 30 Alfabetização e letramento apresentam uma relação muito forte, pois uma depende exclusivamente da outra, as duas ações são distintas, mas inseparáveis, não se pode alfabetizar sem letrar, o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja, ensinar a ler e escrever de modo que a criança se torne ao mesmo tempo, alfabetizada e letrada, saber interpretar o que lê. De acordo com Rios e Libânio (2009, p. 33) “a alfabetização e o letramento são processos que se mesclam e coexistem na experiência de leitura e escrita nas práticas sociais, apesar de serem conceitos distintos”. Segundo Morais (2007) Alfabetização – processo de aquisição da “tecnologia da escrita”, isto é do conjunto de técnicas – procedimentos habilidades - necessárias para a prática de leitura e da escrita: as habilidades de codificação de fonemas em grafemas e de decodificação de grafemas em fonemas, isto é, o domínio do sistema de escrita (alfabético ortográfico) (MORAIS; ALBUQUERQUE, 2007, p. 15). Enquanto a alfabetização desenvolve a aquisição da leitura e da escrita, o letramento se ocupa da função social de ler e escrever. O letramento é o estado que um indivíduo ou grupo social alcança depois de se familiarizar com a escrita e a leitura, possuindo uma maior experiência para desenvolver as práticas do seu uso nos mais diversos contextos sociais. De acordo com Santos (2007, p. 29), “O letramento como prática social de leitura do cotidiano passa a ser substituído por um letramento escolar” O fenômeno do letramento, então, extrapola o mundo da escrita tal qual é concebido pelas instituições que se encarregam de introduzir formalmente os sujeitos do mundo da escrita. Pode-se afirmar que a escola, a mais importante das agências de letramento, preocupa- se, não com o letramento, prática social, mas com apenas um tipo de prática de letramento, a alfabetização, o processo de aquisição de códigos, (alfabeto, numérico) processo geralmente concebido em termos de uma competência individual necessária para o sucesso e promoção na escola (KLEIMAN, 2003, p.20). 31 3. METODOLOGIA 3.1 Tipo de pesquisa A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se ocupa, nas Ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ou não deveria ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes. Esse conjunto de fenômenos humanos é entendidoaqui como parte da realidade social, pois o ser humano se distingue não só por agir, mas por pensar sobre o que faz e por interpretar suas ações dentro e a partir da realidade vivida e partilhada com seus semelhantes. (MINAYO, 2007, p. 21). Pesquisa é um conjunto de ações, propostas para encontrar a solução para um problema, que têm por base procedimentos racionais e sistemáticos. A pesquisa é realizada quando se tem um problema e não se tem informações para solucioná-lo. (MENEZES, 2001, p.20. Diante dos objetivos que o estudo se propôs a alcançar e desvendar tais problemáticas, optou-se em realizar uma pesquisa descritiva, bibliográfica e de abordagem qualitativa. A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se ocupa, nas Ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ou não deveria ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes. Esse conjunto de fenômenos humanos é entendido aqui como parte da realidade social, pois o ser humano se distingue não só por agir, mas por pensar sobre o que faz e por interpretar suas ações dentro e a partir da realidade vivida e partilhada com seus semelhantes. (MINAYO, 2007, p. 21). A pesquisa qualitativa também tem como principal característica trabalhar com questões básicas relacionada a realidade humana, que permite através de interação com sujeitos, estudar os valores, concepções, atitudes. Características que irão ajudar a analisar os registros do diário de campo juntamente com os referenciais teóricos. Ressalta-se, a pesquisa está inserida no diário de campo, através dos registros feitos durante o estágio supervisionado, numa escola pública do município de Rio Branco - AC. A escola está situada na região central da cidade, numa parte antiga e tradicional do bairro, de classe média. Em seu entorno há diversos estabelecimentos comerciais como lojas de roupa, salões de beleza, padarias, lojas agropecuárias e outros tipos. Em relação ao seu funcionamento, ela atende em dois turnos, matutino e vespertino, contemplando a Educação Infantil (4 e 5 anos) ao 5º ano do Ensino Fundamental. Possui 12 salas de aula por turno e cada sala tem de 25 a 29 alunos. A escola 32 possui um alunado superior a 500 alunos que estudam nessa instituição. Por fim, a pesquisa elaborada trata-se de uma breve compilação bibliográfica, que não tem por objetivo estabelecer um juízo de valor, mas apresenta-se como sempre sendo resiliente, abertaa possível aperfeiçoamento. Ou seja, o tipo de pesquisa escolhida fora a qualitativa, com uma abordagem exploratória a respeito das informações e fatos. 3.2 Universo e Amostra O universo, ou população, é o conjunto de elementos que possuem as características que serão objeto do estudo, e a amostra, ou população amostral, é uma parte do universo escolhido selecionada a partir de um critério de representatividade (VERGARA, 1997). UNIVERSO: Alunos do 4ºAno do Ensino Fundamental I. AMOSTRA: 4º ano dos anos iniciais do Ensino Fundamental da Escola Estadual de Ensino Fundamental Boa União. A amostra está composta por 24 alunos (11 meninos e 13 meninas). Todas eles frequentam o 4º ano dos anos iniciais do Ensino Fundamental e a maioria são alunos da escola desde o 1º ano. A idade mínima é de 9 anos e a máxima de 10 anos. 3.3 Instrumentos de coletas de dados O trabalho fora elaborado através de pesquisas bibliográficas de caráter documental sobre o tema (pesquisa livros, revistas, sites, mídias sociais) que abordassem a temática. E, por conseguinte a síntese dos fatos, com ênfase nos objetivos alcançados: o entendimento da relevância do ato lúdico atrelado a prática pedagógica do professor, como parte integrante de sua proposta pedagógica. 3.4 Método de análise Analisados descritiva e qualitativamente (reflexão e discussão das leituras realizadas)a respeito do lúdico e dos conceitos decorrentes, de forma a constituir-se em um referencial norteador a estudos posteriores, tendo como principal público-alvo professores que atuam na Educação Infantil. Porquanto, foram procedidas, análises e sistematização dos pressupostos teóricos analisados e que passaram a ser descritos qualitativamente. 33 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES DOS DADOS Os dados foram coletados mediante pesquisa em livros, sites, entrevistas, vídeos estão atrelados ao aporte teórico de estudiosos como Piaget (1975), Vygotsky (1984) e Fantin (2000) que mediante compilação bibliográfica da seleção de informações analisadas nos foi possível concluir que os fatos, aqui apresentados, são imprescindíveis quando entrelaçados numa proposta pedagógica que preze pelo propício ambiente de sala de aula, buscando o pleno desenvolvimento da criança. Podemos dizer que o ato lúdico corrobora de forma eficaze eficiente para com a prática docente. Estando a referida análise subdividida em três momentos específicos, mas comumente interligados num mesmo sentido. Tais subdivisões são: observação diagnóstica dos fatos coletados realizada mediante a escolha das ferramentas mais precisas para abstrair maisfielmente as informações relevantes sobre a problemática, por exemplo, por meio da leitura, diz-se de um primeiro contato com os escritos. Em seguida é realizada uma nova etapa, da seleção de informações, organizando-a por meio de classificações e\ou categorias. E por fim, faz-se uma breve compilação dos dados, isto é, diz-se dos resultados da análise de dados, onde o observador\pesquisador realiza a inferência dos dados em observação, dando-lhes finalmente um norte, uma direção para a conclusão do trabalho final. 34 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A pedagogia nos remete aquilo que somos, o ideal transformador e ressignificador que nos faz querermos nos aventurar nas estradas da docência, que nos apresenta aos desafios e chama pra si a responsabilidade por construir as bases daqueles que são os futuros cidadãos daquela realidade. Como vimos à prática em pedagogia perpassa o espaço físico, sendo assim, onde houver uma prática educativa, que se instala, propiciando uma ação pedagógica transformadora. Constitui-se uma intenção onde todas as demais convertem, fazendo de formas sistêmicas e intencionais a promoção e a formação do educando, portando a pedagogia é subsidiada por todas as demais áreas da educação, que atuam de maneira recíproca e sustentadora do ato pedagógico, propiciando condições para o desenvolvimento das competências sociais e individuais do educando, e assim, sua inserção proveitosa na sociedade. A Educação Infantil bem como o Ensino Fundamental dispõem de atos pedagógicos distintos, mas que se entrelaçam, construindo assim o elo que sustenta o saber. Trata-se de valorizarmos a importância da pedagogia para as demais áreas do conhecimento, e assim potencializar cada vez mais suas possibilidades. Todo processo visa à confecção de um produto, de um bem de consumo, e não é diferente na educação, ou seja, o processo de ensino-aprendizagem ao qual o educando está sujeito deve ser produtivo, instigante, motivador, entusiasta, criador, daí produziremos um produto de alta qualidade, que estará pronto para ir às prateleiras do mundo a acrescentar. O conhecimento é a edificação dos diversos saberes, e não a recapitulação de enfadonhos e monótonos conteúdos, o ensino híbrido surge como um norteador metodológico, buscando parâmetros para se alcançar uma significativa aprendizagem e transformadora de realidades. A transição entre essas duas etapas da Educação Básica requer muita atenção, para que haja equilíbrio entre as mudanças introduzidas, garantindo integração e continuidade dos processos de aprendizagens das crianças, respeitando suas singularidades e as diferentes relações que elas estabelecem com os conhecimentos, assim como a natureza das mediações de cadaetapa. Torna-se necessário estabelecer estratégias de acolhimento e adaptação tanto para as crianças quanto para os docentes, de modo que a nova etapa se construa com base no que a criança sabe e é capaz de fazer, em uma perspectiva de continuidade de seu percurso educativo. 35 Para isso, as informações contidas em relatórios, portfólios ou outros registros que evidenciem os processos vivenciados pelas crianças ao longo de sua trajetória na Educação Infantil podem contribuir para a compreensão da história de vida escolar de cada aluno do Ensino Fundamental. Conversas ou visitas e troca de materiais entre os professores das escolas de Educação Infantil e de Ensino Fundamental – Anos Iniciais também são importantes para facilitar a inserção das crianças nessa nova etapa da vida escolar. Além disso, para que as crianças superem com sucesso os desafios da transição, é indispensável um equilíbrio entre as mudanças introduzidas, a continuidade das aprendizagens e o acolhimento afetivo, de modo que a nova etapa se construa com base no que os educandos sabem e são capazes de fazer, evitando a fragmentação e a descontinuidade do trabalho pedagógico. Nessa direção, considerando os direitos e os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, apresenta-se a síntese das aprendizagens esperadas em cada campo de experiências. Essa síntese deve ser compreendida como elemento balizador e indicativo de objetivos a ser explorados em todo o segmento da Educação Infantil, e que serão ampliados e aprofundados no Ensino Fundamental, e não como condição ou pré-requisito para o acesso ao Ensino Fundamental. A pedagogia é uma das mais precisas ferramentas para a apreensão do conhecimento seja em qual for à etapa da educação, uma vez que ela propiciar situações em que o indivíduo seja o protagonista no processo de ensino-aprendizagem. Situações estas formadas entorno do lúdico, neste sentido emerge o ato pedagógico, como potencializador de uma aprendizagem significativa nos âmbitos da Educação Infantil e Ensino Fundamental. A educação não se limita a uma mera recapitulação e/ou transmissão de conhecimentos, ela transcende o convencional mediante o ato pedagógico da ludicidade, marcante na pedagogia infantil e dos anos iniciais, e por fim consolida-se. É importante ainda ter em mente que essa divisão que há na Educação Básica é meramente burocrática, pois o itinerário formativo é único e contínuo, e assim o é, pois a pedagogia o possibilita. Além de sua importância no âmbito escolar, a pedagogia perpassa as quatro paredes, e muros da Instituição de Ensino, e destaca-se como imprescindível na compreensão da realidade local, a saber, da sociedade na qual o educando faz parte como cidadão empotencial. Em relação à prática pedagógica na Educação Infantil ela é por excelência o ato de brincar, bastante marcante no Ensino Fundamental I. Mas o brincar não se limita ao brincar por brincar, este ato é intrínseco a criança, ou seja, natural, e se bem direcionado e potencializado pode-se alcançar resultados expressivos, como da fomentação da qualidade do 36 processo de ensino-aprendizagem. É comum ouvirmos que as crianças aprendem brincando, e sem dúvida há aí certa verdadeira, pois o ato de brincar é demasiadamente marcado por uma ludicidade rica e estimulante à experiência “de saber”. Como diria o saudoso Paulo Freire - ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua própria produção ou sua construção-, neste sentido emerge o lúdico como este elo que se cria no entrelaçar da abordagem pedagógica. Em suma, a pedagogia é o espírito de todo processo de aprendizado, seja ele na sala de aula, no ambiente escolar ou fora dele. Sendo consenso que a pedagogia é mais do que um curso com vista à formação de profissionais para exercer a docência, ela é por excelência a ferramenta imprescindível ao educador. 37 REFERÊNCIAS AGUIAR, Lucas K. Da Educação Infantil para o Ensino Fundamental: uma análise de documentos oficiais sobre a transição das crianças entre estas duas etapas da Educação Básica. 2016. ARROYO, Miguel G. Imagens quebradas. Trajetórias e tempos de mestres. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005. 2ª edição. BARBOSA, Maria Carmem S, DELGADO, Cristina Coll. A Infância no Ensino Fundamental de Nove Anos, Editora Penso, ARTMED, 2005. BRASIL. 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