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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE GOIÁS. Processo: ... RITA DA SILVA, já qualificada nos autos da ação CAUTELAR FISCAL movida por UNIÃO/FAZENDA NACIONAL, não se conformando com a r. sentença proferida pelo MM. Juíz, que decretou indisponibilidade de seus bens, vem, tempestivamente conforme determina o Art. 1003, §5º, nos termos do artigo 1009 e ss, CPC/2015 APELAR pelas razões anexas. Isto posto, juntando o comprovante do pagamento do preparo (CPC, artigo 1.007), requer digne-se Vossa Excelência de receber este recurso, e em caso de não reconsideração da decisão apelada, remeta os autos à segunda instância, cumpridas as necessárias formalidades legais, como medida de inteira justiça. Respeitosamente, pede, confia e espera deferimento. Goiânia-GO, (data do protocol) de 2021. GABRIELA REIS CARDOSO OAB nºXXXX-GO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO. Origem: ... Processo n.º ... Apelante: RITA DA SILVA Apelado: UNIÃO/FAZENDA NACIONAL EGRÉGIO TRIBUNAL COLENDA CÂMARA ÍNCLITOS JULGADORES RAZÕES DE APELAÇÃO Preliminarmente A Apelada promoveu ação cautelar fiscal com pedido de indisponibilidade dos bens em face da sociedade empresária Vigorosa LTDA, por mero inadimplemento de tributo. Infrutífera as tentativas de indisponibilizar bens da sociedade empresária para saldar a dívida, foi requerida a extensão da indisponibilidade dos bens da ora Apelante o que foi decidido pelo Juiz a quo com efeitos imediatos. Todavia, a decretação de indisponibilidade acabou bloqueando, por meio do sistema BacenJud, os valores presentes em conta bancária da Sra Rita da Silva, inclusive o valor depositado que correspondia à sua aposentadoria pelo INSS e ainda, condenou a sociedade empresária e a sócia administradora nas verbas de sucumbência Nada obstante, nos termos do art. 1.009, § 1º do Código de Processo Civil, requer a reforma da sentença, determinando efeito suspensivo imediato com o intuito de evitar que os prejuízos se propaguem no tempo. A Apelante comprova nos autos através de contracheques e extratos bancários que os valores são absolutamente impenhoráveis nos termos do Art. 833, IV, CPC/2015 o que confirma que a decisão foi desproporcional e data vênia, equivocada, devendo ter seus efeitos suspensos imediatamente, conforme ditames do Art. 1012, § 4º. NO MÉRITO AS RAZÕES DO PEDIDO DE REFORMA DA SENTENÇA Efetividade da tutela jurisdicional e segurança jurídica. A r. sentença de fls. (...), data vênia, no mérito, merece reforma. Senão vejamos: a Apelante é sócia administradora da sociedade empresarial requerida no polo passivo desta demanda, todavia, o mero inadimplemento de tributo não pode configurar excesso de poder ou infração legal capaz de provocar a desconsideração da personalidade jurídica ou atingir de forma solidária os bens do sócio administrador. A empresa inadimpliu tributos porém a responsabilidade ainda deve ser resolvida nos moldes da legislação tributária com as devidas garantias que a Carta Maior define concomitantemente com CTN, o que não se pode aplicar o exposto no Art. 135, III deste por não se amoldar ao caso concreto. Ainda, não deve a Apelante, ser atingida tal como foi, tendo seus proventos falimentares indisponibilizados provocando prejuízos e desequilíbrio nas relações, é o que garante a Sum. 430 STJ. Vejamos: “O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente.” (grifei) Posta assim a questão, em regra, exige-se a comprovação da irregularidade estrita, para que possibilite embasar a discussão sobre o limite da demonstração de boa-fé do contribuinte, bem como, das cautelas tomadas na atividade econômica. E, tudo isso não foi demonstrado pela Apelada, o que por obvio, impõe a exclusão da responsabilidade tributária solidária, a Apelante foi condenada de forma precitada. Na mesma linha é a jurisprudência pátria vejamos o que se extrai do processo n°. 5006649-74.2018.4.03.6100 em trâmite perante a 19ª Vara Federal da Subseção Judiciária de São Paulo/SP, que trata da cobrança e responsabilização solidária de quantia milionária, onde recentemente foi proferida a seguinte decisão: “Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO para afastar a responsabilidade solidária da autora pelos créditos tributários em cobrança oriundos dos processos administrativos de números 10314-720.802/2016-25, 10314-720.809/2016-47, 10314-720.812/2016-61 e 10314-720.811/2016-16 e, por conseguinte, concedo a tutela provisória, para que a União promova a exclusão da autora como responsável pelos citados créditos, no prazo de 5 (cinco) dias. Condeno a União ao pagamento de honorários advocatícios, que fixo nos percentuais mínimos previstos nos incisos I a V, do §3º, do art. 85, do CPC, incidentes sobre o valor atribuído à causa, atualizado.” Ocorre que, sem fundamento legal, nessa ação houve responsabilização pelo inadimplemento tributário com desconsideração da personalidade jurídica da empresa atingindo os bens e direitos do sócio administrador de forma arbitrária e desproporcional atingindo sobretudo valores “absolutamente impenhoráveis” nos termos do Art. 833, IV do CPC/2015, e o MM. Juiz a quo determinou de forma cautelar que fosse assim procedido confirmando a decisão em sentença de mérito o que merece ser totalmente reformada por ferir inclusive o princípio da dignidade humana, Art. 1º CF/88. É o que define os precedentes sobre a matéria que possuem o seguinte teor: "PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO. REMUNERAÇÃO. PENHORA. IMPOSSIBILIDADE. A teor do disposto no artigo 649, IV, do CPC, é absoluta a impenhorabilidade dos vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios, as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, que apenas pode ser afastada nos casos de execução de alimentos, o que não é o caso dos autos. Precedentes: AgRg no AREsp 407.833/PR, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 3/2/2015; REsp 1.211.366/MG, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 13/12/2011; AgRg no REsp 1.127.084/MS, Rel. Ministro Arnaldo. Ainda, no mesmo sentido: “1. Em que pesa a tendência de mitigação do art. 833, inciso IV, §2º do CPC, orientando-se no sentido de ampliar a eficácia das normas fundamentais do processo civil, sobretudo para possibilitar o cumprimento das obrigações, com a penhora de conta salário e também do próprio salário, os pedidos devem ser analisados caso a caso, ponderando-se com os demais princípios sensíveis. 2. No caso concreto, a penhora requerida possui a potencialidade de afrontar direitos fundamentais do devedor, como a dignidade da pessoa humana, uma vez que o valor recebido pelo devedor não é de grande monta, refletindo inclusive no valor efetivamente penhorado em sua conta, que se revela insignificante diante da dívida cobrada. (...). Caso fosse deferido o bloqueio, é possível que a quantia seja até mesmo inferior aos encargos da dívida, de modo que não haveria amortização, mas um bloqueio no salário do devedor de forma indefinida. 4. O CPC estabelece em seu artigo 836 que não será efetivada a penhora se o custo da execução for superior aos bens arrecadados. De tal forma, uma interpretação sistemática da norma processual leva à conclusão de que a penhora só será realizada caso exista efetividade na sua consolidação e não coloque em risco a dignidade do devedor, não sendo ocaso dos autos.” (Acórdão 1149903, 07218775620188070000, Relator: ALFEU MACHADO, 6ª Turma Cível, data de julgamento: 07/02/2019, publicado no DJe: 13/02/2019.) Entretanto, mesmo em face dessas provas carreadas aos autos e, nada obstante ter provado a má fé por parte da Apelante o Juiz monocrático decidiu conforme rebatido neste ato ferindo de morte a lei e a jurisprudência pátria nos termos do Art. 926 e 927 CPC/15, decisão esta que ora é objeto do presente recurso de apelação. Em verdade, no caso em tela, NÃO reformar a sentença combatida estará sendo obstado o direito constitucional à ação e afrontado o art. 5º, inc. XXXV, da Constituição Federal, que consagrou o princípio da inafastabilidade da tutela jurisdicional pelo Poder Judiciário e a própria segurança jurídica. Ora, Nobres Desembargadores, há que se ter como premissa que todo direito corresponde a uma ação que o assegura ou, nos termos do art. 189 do Código Civil, violado o direito, nasce para o titular a pretensão... aqui é o da devolução do direito da Apelante. Demais disso, o equívoco perpetrado na sentença premia o enriquecimento ilícito na exata medida em que o apelado poderia apossar de forma indevida de coisa que não lhe pertence pelo negócio subjacente que a originou. Outrossim, não se exclui da apreciação do Poder Judiciário as lesões a direitos desde que instrumentalizados no poder de ação, tal qual se mostra pelas normas e princípios de direito processual. Nobre desembargadores, encontra-se devidamente provado nos autos (...), que a responsabilidade não é da Apelante! Portanto, resta evidente que é de única e exclusiva responsabilidade da Empresa RÉ (Pessoa jurídica de responsabilidade Limitada) a obrigação que a decisão apelada pretende carrear à apelante. Com a devida vênia, falhou o MM. Juiz a quo, sendo de rigor o provimento desta irresignação para reformar a r. decisão apelada, não só para evitar que a apelante seja colhida por prejuízos de difícil reparação, mas também para zelar e defender a correta aplicação do ordenamento jurídico. CONCLUSÕES Destarte, resta mais do que evidenciado neste recurso a prova inequívoca da exclusão de responsabilidade da Apelante, além da efetiva irregularidade na indisponibilidade dos bens da mesma com a penhora via Bacenjud de valores em conta salário INSS que são “absolutamente impenhoráveis”. Portanto, Nobres Julgadores, evidentes os equívocos perpetrados pela sentença, cuja reforma é necessária para prestigiar a mais pura aplicação da Lei. Sendo assim, requer a apelante seja dado provimento ao vertente recurso para o fim de: Preliminarmente, conceder o efeito suspensivo imediato nos termos do Art. 1012, §4, liberando os bens da Apelante e o desbloqueio imediato de sua conta via Bacenjud por ser medida de direito; No mérito, aceitar esta por ser tempestiva e dar monocraticamente o seu total provimento nos termos do Art. 1.011, I, CPC/2015 por ser a decisão combatida contrária a Súmula 430 STJ, conforme preceitua o Art. 932, V, a, do Código de Processo Civil; Subsidiariamente, em caso de entendimento diverso, pelo estabelecido no Art. 1011, II, elaborar relatório para julgamento colegiado e ao final, Reformar a r. decisão apelada, devolvendo assim a posse a Apelante de seus bens e direitos e desbloqueio definitivo de sua conta salário por reconhecer sua absoluta impenhorabilidade nos ditames do Art. 833, IV CPC/15, posto que, assim julgando, estará esta Corte tutelando o melhor Direito pátrio positivado; e, Inversão do ônus da sucumbência nos termos do Art 85 CPC/15. Nestes termos, Pede, confia e espera deferimento. Goiânia – GO, (data do protocolo) de 2021. GABRIELA REIS CARDOSO OAB n° XXXX- GO
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