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Ponto 01 Pontos Iniciais de Direito Constitucional-1

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- Pontos Iniciais de Direito Constitucional. 
- Atualizado em 04/04/21: questões de concurso (as últimas questões de concurso, em especial, os concursos 
da Magistratura Estadual e MP Estadual). 
- Fontes: Aulas dos Cursos G7 Jurídico; Curso de Direito Constitucional do professor Marcelo Novelino e 
Bernardo Gonçalves. 
Atualização em 26/09/2020: Item 15.9 (histórico das Constituições brasileiras); item 6.1.1. (preâmbulo); 
12.2.1. (Promulgação de Emendas Constitucionais). Itens novos (Item 15, 16, 17, 18 – Constituição Simbólica; 
Constituição Chapa-branca; Constituição Liberal-Patrimonialista) 
 
1. Constitucionalismo 
 Inicialmente, abordaremos dois aspectos envolvendo o Constitucionalismo: definição e evolução 
histórica do constitucionalismo. 
 
1.1. Definição 
 Canotilho identifica vários constitucionalismos, como o inglês, o americano e francês, preferindo falar 
em “movimentos constitucionais”. Em seguida, define-o constitucionalismo como uma “... teoria (ou 
ideologia) que ergue o princípio do governo limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão 
estruturante da organização político-social de uma comunidade. Neste sentido, constitucionalismo moderno 
representará uma técnica específica de limitação do poder com fins garantísticos. O conceito de constitucionalismo 
transporta, assim, um claro juízo de valor. É, no fundo, uma teoria normativa da política, tal como a teoria da 
democracia ou a teoria do liberalismo”. 
Kildare Gonçalves Carvalho, por seu turno, vislumbra tanto uma perspectiva jurídica como 
sociológica: “... em termos jurídicos, reporta-se a um sistema normativo, enfeixado na Constituição, e que se 
encontra acima dos detentores do poder; sociologicamente, representa um movimento social que dá 
sustentação à limitação do poder, inviabilizando que os governantes possam fazer prevalecer seus interesses 
e regras na condução do Estado”. 
Segundo André Ramos Tavares, o termo “constitucionalismo” é empregado com 4 (quatro) diferentes 
sentidos. No primeiro, o constitucionalismo é visto como um movimento político-social cujo objetivo é a 
limitação do poder estatal. No segundo, como a imposição de que os Estados adotem cartas constitucionais 
escritas. Na terceira acepção, o constitucionalismo serve para indicar a função e a posição das constituições 
nas diversas sociedades. Por último, o “termo “constitucionalismo é também usado para se referir à evolução 
histórico-constitucional de um determinado Estado”. 
Normalmente, em concursos públicos, as bancas examinadoras utilizam primeira acepção, referindo-se 
ao constitucionalismo como sendo, na verdade, um movimento político-social.1 
Segundo Marcelo Novelino, o Constitucionalismo costuma ser referido em dois sentidos diversos: 
amplo e estrito. Vejamos, detalhadamente, abaixo cada um deles. 
 
1.1.1. Sentido amplo: existência de constituição. 
 O constitucionalismo corresponde a existência de uma constituição, independentemente do momento 
histórico ou do regime político adotado. 
 Ainda que a Constituição em sentido moderno tenha surgido apenas a partir das Guerras Religiosas 
dos séculos XVI e XVII, pode-se dizer que todos os Estados – mesmos os absolutistas ou totalitários – sempre 
possuíram uma norma básica, expressa ou tácita, responsável por legitimar o poder soberano. Enfim, todo o 
Estado para existir precisa ter uma Constituição, uma estrutura básica. Entretanto, esse sentido na atualidade 
não é o mais utilizado, sendo que a doutrina o utiliza um sentido estrito. 
Quando se vê em alguma obra, costuma-se adotar o constitucionalismo em um outro sentido, sentido 
mais estrito, porque Constituição todo o Estado sempre teve. Não existe Estado sem constituição, mesmo que 
ela não seja escrita. O Estado precisa se estruturar e isso somente possível graças a constituição. 
 
 1.1.2. Sentido estrito: garantia de direitos + limitação do poder 
 Esse sentido envolve duas ideias centrais, quais sejam, a garantia de direitos e limitação do poder 
(separação de poderes).2 
 
1 (MPGO-2014): O constitucionalismo nasceu, política e filosoficamente, inspirado por ideias libertárias, com a nítida 
intenção de afiançar a limitação do poder dos governantes e o respeito aos direitos dos governados. 
2 (DPEES-2012-CESPE): Na perspectiva moderna, o conceito de constitucionalismo abrange, em sua essência, a limitação 
do poder político e a proteção dos direitos fundamentais. 
(DPESP-2006-FCC): O que assegura aos cidadãos o exercício dos seus direitos, a divisão dos poderes e, segundo um dos 
seus grandes teóricos, a limitação do governo pelo direito é o constitucionalismo. 
O KARL LOEWENSTEIN costuma dizer que o constitucionalismo é a busca do homem político pela 
limitação do poder absoluto. E ela ocorre somente através da garantia de direitos aos indivíduos. 
Nesse sentido, o constitucionalismo se contrapõe ao absolutismo. Ele surge como uma tentativa de se 
impor os Estados Absolutistas que reinavam até o final do século XVIII. 
Para LOEWENSTEIN, a história do constitucionalismo “não é senão a busca pelo homem político das 
limitações do poder absoluto exercido pelos detentores do poder, assim como o esforço de estabelecer uma 
justificação espiritual, moral ou ética da autoridade, em vez da submissão cega à facilidade da autoridade 
existente”. 
Assim, o constitucionalismo exige que o poder seja limitado e que haja uma justificação espiritual, moral 
ou ética para o exercício do poder. 
Em outras palavras, o constitucionalismo se contrapõe ao absolutismo. É uma busca do homem político 
pela limitação do poder, uma busca contra o arbítrio do poder do Estado. 
É a partir dessa ideia de constitucionalismo estrito que serão analisadas as fases de evolução do 
constitucionalismo. 
Dentro da sua evolução histórica, o constitucionalismo passou inúmeras fases. A maioria dos Manuais 
apresenta apenas duas etapas (moderno e o contemporâneo). Faremos um estudo mais abrangente, já que o 
tema é aprofundado pelas bancas de concurso. Trataremos, portanto, do constitucionalismo antigo. 
 
2. Evolução Histórica do Constitucionalismo 
2.1. Constitucionalismo antigo (Antiguidade até o século XVIII)3 
 Essa fase do constitucionalismo tem como principal característica a existência de constituições 
consuetudinárias, ou seja, baseadas em costumes e em precedentes judiciais. Não havia nessa época 
constituições escritas. Existiam até documentos escritos, mas não um documento formal. 
 Mesmo nesse período é possível identificar aquelas ideias centrais acima tratadas: a garantia de 
direitos perante o soberano e a limitação do poder. Em razão da presença dessas duas ideias centrais é que 
mesmo antes do surgimento das constituições escritas, é possível se falar na existência de um 
constitucionalismo. 
 Foi a primeira experiência constitucional. Essa primeira fase começa na Antiguidade e vai até 
aproximadamente o final do século XVIII, no qual se destacaram as experiências constitucionais do Estado 
hebreu, da Grécia, de Roma e da Inglaterra: 
 
2.1.1. Estado Hebreu: Estado teocrático4 
 Segundo Karl Loewenstein (Teoría de la Constitución), na Antiguidade Clássica, o nascimento do 
constitucionalismo se deu com os Hebreus. Portanto, foi a primeira experiência do constitucionalismo. O 
Estado hebreu era considerado um estado teocrático. Nele, os dogmas religiosos limitavam não apenas os 
súditos, mas também o soberano. Estava presente esta ideia de limitação do poder por dogmas religiosos. 
 Embora eles não tivessem uma constituição escrita, como o Estado era teocrático, os dogmas religiosos 
limitavam não apenas os súditos, mas também os soberanos. Logo, essa ideia do constitucionalismo de 
limitação do poder já estava presente no Estado hebreu, pois os soberanos eram limitados pelo poder 
religioso, isto é, o governo era limitado através de dogmas consagrados na Bíblia. Por isso, são considerados 
a primeira experiência constitucional de que se tem notícia na história, no sentido de estabelecer limites ao 
poder políticodentro de uma determinada organização estatal. Segundo Karl Loewenstein, ao estabelecer 
limites para o soberano, este teria sido o marco histórico do nascimento do constitucionalismo.5 
Destaque-se, ainda, que, no sistema hebreu, os profetas possuíam legitimidade para fiscalizar os atos 
dos governantes que extrapolassem a lei do Senhor. Considerando-se que todo e qualquer Estado tem uma 
Constituição, a lei do Senhor pode ser vista como uma verdadeira Constituição em sentido material. 6 
 
2.1.2. Grécia: Democracia constitucional7 
 
3 (Cartórios/MS-2009-VUNESP): Assinale a alternativa que contém uma afirmativa correta a respeito do 
constitucionalismo: É possível identificar traços do constitucionalismo mesmo na antiguidade clássica e na Idade Média. 
4 ##Atenção: Caiu na prova do TJRO-2019. 
5 (Cartórios/TJCE-2011-IESES): Acerca da história do constitucionalismo, é correto afirmar que Karl Loewenstein 
identificou indícios do seu surgimento entre os hebreus durante a Antiguidade, por ter lá encontrado certas limitações ao 
poder político, mormente aquelas que asseguravam aos profetas a legitimidade para fiscalizar os atos governamentais que 
extrapolassem os limites bíblicos. 
6 (MPRN-2009): A origem do constitucionalismo remonta à antiguidade clássica, especificamente ao povo hebreu, do qual 
partiram as primeiras manifestações desse movimento constitucional em busca de uma organização política fundada na 
limitação do poder absoluto. 
7 ##Atenção: Caiu na prova do TJRO-2019. 
 Durante dois séculos, a Grécia foi um estado político plenamente constitucional. Foi aonde se adotou a 
forma mais avançada de governo, a chamada democracia constitucional, vindo a influenciar toda a cultura 
ocidental. 
Sendo assim, ainda na Antiguidade, é possível identificar, como exemplo de democracia constitucional, 
as cidades-estados gregas, nas quais vigorava um regime em que havia ampla participação dos governados 
na condução do processo político. Vigorava, nessas cidades-estados, a chamada democracia direta, regime em 
que os governados participam ativos diretamente do processo decisório nacional. 
 
##Atenção: ##TJRO-2019: ##VUNESP: Esparta e Atenas, duas sociedades contemporâneas, mas 
absolutamente diversas. O constitucionalismo espartano era extremamente militar. Por outro lado, o 
constitucionalismo ateniense foi marcado por uma organização política de base civil e democrática (governo 
do povo, que participava das polis/cidades), embora haja críticas de quem seria o real "povo" neste período. 
Portanto, em Esparta, adotou-se uma organização política militarista, condicionando a liberdade individual 
às exigências de defesa do território. 
 
Obs.: “Graphé paranomom” - A evolução histórica do controle de constitucionalidade segundo Sylvio 
Motta e William Douglas tem suas raízes na Grécia “que no século IV a C., em Atenas, foi instituído o graphé 
paranomon (argüição de inconstitucionalidade), de forma que todos os cidadãos se tornavam responsáveis pela defesa das 
leis e da Constituição”.8 É o antecedente mais remoto do controle de constitucionalidade, segundo Uadi 
Lammêgo Bulos, consistindo em uma acusação pública contra os proponentes de uma lei, visando verificar se 
ela foi editada para atender os seus interesses pessoais ou os da população. Por essa ação da Grécia Antiga, 
um júri, escolhido por sorteio, poderia reverter e até anular a lei “inconstitucional”, punindo seu respectivo 
autor. 
 
2.1.3. Roma: Democracia e liberdade (Jhering) 
 Também aqui se adotou a democracia, mas não exatamente igual a grega. Em Roma, além da 
democracia, foi desenvolvido alguns elementos conceituais extremamente importantes como, por exemplo, 
a ideia de res publica (coisa pública). A própria ideia de liberdade, segundo Jhering, alcançou a forma mais 
perfeita, correta e digna no Direito Romano. 
 
2.1.4. Inglaterra: Magna Carta (1215); Petition of Rights (1628); Habeas Corpus Act (1679); Bill of Rights 
(1689), Act of Settlement (1701) 
 Na Idade Média, uma importante manifestação do constitucionalismo foi Magna Carta inglesa (1215), 
que representou uma limitação ao poder monárquico, que, antes, podia tudo o que quisesse. A vontade do 
rei estaria, a partir de então, limitada pela lei. 
A experiência inglesa é, até hoje, muito importante (foi objeto de uma questão de prova do MP/MG). 
Na Inglaterra, uma experiência importantíssima foi a chamada “rules of law”, que deve ser traduzida por 
“governo das leis”. Na Inglaterra, o governo das leis surgiu em substituição ao “governo dos homens”. Esta 
experiência constitucional inglesa contribuiu com duas ideias fundamentais: 
1) governo limitado e 
2) igualdade dos cidadãos ingleses perante a lei. 
Essas são as duas ideias principais do “rule of law”. Essas ideias do constitucionalismo inglês surgiram 
na Idade Média. Na Inglaterra, não existe uma Constituição escrita, mas desde aquela época já havia 
documentos de grande valor constitucional, como a Magna Carta de 1215, por exemplo, o Bill of Rights e o 
Petition of Rights. 
JORGE MIRANDA separa a formação evolutiva do direito constitucional britânico desta época em 
duas fases, a saber, “a fase dos primórdios, iniciada em 1215 com a concessão da Magna Carta (pela primeira 
vez, porque diversas outras vezes viria a ser dada e retirada consoante fluxos e refluxos de supremacia do 
poder real) e a fase de transição, aberta em princípios do século XVII pela luta entre o Rei e o Parlamento e de 
que são momentos culminantes a Petição de Direito (Petition of Rights) de 1628, as revoluções de 1648 e 1688 
e a Declaração de Direitos (Bill of Rights) de 1689”.9 
 
8 (MPCE-2009-FCC): No constitucionalismo antigo, mormente o ateniense, a graphe paranomon - que permitia verificar a 
correção da lei votada pela assembléia popular em face do Direito ancestral - é antecedente remoto do controle de 
constitucionalidade. 
9 ##Atenção: ##TJRO-2019: ##VUNESP: Revolução Gloriosa e a Declaração de Direitos de 1689 (Bill of Right) – Idade 
média: como ponto culminante da assim chamada revolução gloriosa, pode ser considerada como um dos principais 
“momentos constitucionais” da Inglaterra, visto que representou a necessidade de estabelecer, demarcar e limitar, 
inclusive mediante um texto escrito, os poderes da legislatura e do monarca. Tal evolução, por sua vez, naquilo que legou 
ao mundo o modelo parlamentar e um primeiro sistema de liberdades civis e políticas, pode ser considerada como a grande 
contribuição inglesa ao constitucionalismo e para a história das instituições políticas. (Fonte: Sarlet) 
O primeiro deles é a Magna Carta de 1215, no período da Idade Média. Ela foi fruto de um pacto, acordo 
do Rei João Sem-Terra e seus súditos. Em seguida, já na Idade Moderna, tivemos o Petition of Rights (1628), 
que foi um acordo firmado entre o Parlamento e o Rei Carlos I, além de outros vários documentos, Habeas 
Corpus Act (1679), Bill of Rights (1689) e Act of Settlement. 
Todos esses foram documentos que garantiram proteção aos direitos fundamentais da pessoa humana, 
limitando a ingerência estatal na esfera privada. 
O marco que deu a origem a um novo constitucionalismo foram as constituições escritas. Até esse 
período, todas as constituições eram costumeiras, embora existissem documentos escritos como no caso da 
Inglaterra. 
Essas foram as experiências ocorridas no constitucionalismo antigo. 
Nessa primeira fase não existiam ainda as constituições escritas, sendo que as constituições eram 
consuetudinárias, ou seja, a Constituição nessa época não era um documento formal aprovado por uma 
Assembleia Constituinte onde os temas são organizados em títulos, capítulos e sessões. 
Existiam Constituições, normas que estruturavam o Estado, mas que não estavam formalizadas em 
um documento único, sendo que eram baseadas nos costumes de cada povo, de cada sociedade, e muitas 
delas em precedentes do poder judiciário. Algumas tinham documentos escritos como a da Inglaterra, mas 
não existia um documentoformalizado como se tem hoje. 
OBS1: Nos EUA, também é possível identificar alguns embriões do constitucionalismo, notadamente 
os contratos de colonização e a Declaration of Rights do Estado de Virginia (1776).10 
 
OBS2: Percebe-se que o conceito de constitucionalismo está ligado, em um primeiro momento, à 
necessidade de se limitar e controlar o poder político, garantindo-se a liberdade dos indivíduos perante o 
Estado. Não havia, nesse primeiro momento do constitucionalismo (o denominado constitucionalismo antigo), 
a obrigatoriedade/imposição de que existissem Constituições escritas. Essa é uma característica que aparece 
no momento seguinte do constitucionalismo: o constitucionalismo moderno. 
 
2.2. Constitucionalismo moderno (fim da 2ª Guerra Mundial em diante)11 
Essa segunda fase começa no final do século XVIII e vai até o final da 2ª Guerra Mundial, por volta de 
1945. 
Todavia, no final do século XVIII, com as revoluções liberais – francesa e norte-americana - , surgem 
as primeiras constituições escritas, rígidas e formais12. É esta a principal característica que levou a transição 
 
10 (MPSP-2017): A primeira Carta de Declaração de Direitos moderna, assim definida por conferir a suas normas eficácia 
jurídico-positiva mais elevada, inserindo as garantias das liberdades individuais em documento constitucional que 
delimitava a própria atuação reformadora do Poder Legislativo, foi a Carta da Colônia Americana da Virgínia. 
##Atenção: ##Justificativa da Banca pela manutenção do gabarito: Não se tratava, porém, de um movimento 
reestruturador dos antigos direitos e liberdades e da English Constitution porque, entretanto, no corpus da constituição 
britânica, se tinha alojado um tirano – o parlamento soberano que impõe impostos sem representação. Contra esta 
´onipotência do legislador´, a constituição era ou devia ser inspirada por princípios diferentes” (op. cit., p. 58). Nessa linha, 
pese a evolução significativa que representaram, notadamente no trato dos Direitos Humanos, tanto a Magna Carta do 
Rei João Sem Terra quanto a Bill of Rights inglesa de 1689 não trouxeram ou previram qualquer mecanismo de 
imunização contra o arbítrio e o poder de reforma inerentes à supremacia do legislativo, donde não constituem 
documentos integrantes do denominado constitucionalismo moderno. Demais disso, Gilmar Ferreira Mendes e Paulo 
Gustavo Gonet Branco afirmam que são “princípios fundamentais do constitucionalismo moderno, além da supremacia 
da Constituição, a soberania popular, os direitos fundamentais e o postulado do governo limitado, a que se ligam os 
princípios da separação de poderes, a independência do Judiciário e a responsabilidade política dos 
governantes, princípios acolhidos pioneiramente pela Declaração de Direitos da Virgínia de 1776” (cf. Curso de Direito 
Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 49). No mesmo sentido o escólio doutrinário de Fábio Konder Comparato (A 
Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva, 1999, p. 8), Alexandre de Moraes (Direitos Humanos 
Fundamentais. São Paulo: Atlas, 2000, p. 24), José Afonso da Silva (Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: 
Malheiros, 2003, p. 172), Luiz Alberto David Araujo e Vidal Serrano Nunes Júnior (Curso de Direito Constitucional. São 
Paulo: Saraiva, 2003, p. 82), André de Carvalho Ramos (Curso de Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 42). 
11 ##Atenção: Tema cobrado nas provas do TJMT-2018; TJAC-2019. 
12 (TJSP-2015-VUNESP): O constitucionalismo moderno, com o modelo de constituições normativas, tem sua base 
histórica a partir das revoluções americana e francesa. 
 (PCGO-2013): Nos estudos sobre a formação do direito constitucional, verifica-se que o constitucionalismo representou 
um importante movimento político e filosófico, com manifestações distintas, nos diferentes períodos da história. Os 
teóricos desse ramo do direito apresentam classificação do constitucionalismo, identificando características próprias a cada 
período. Assim, o constitucionalismo moderno, identificado nas Constituições dos Estados Unidos da América de 1787 e 
da França de 1791, caracteriza-se pela vinculação à ideia de constituição escrita e rígida, com força para limitar e vincular 
os órgãos do poder político. 
do constitucionalismo antigo para o constitucionalismo moderno.13 Cumpre destacar que o constitucionalismo 
moderno foi utilizado para conter o arbítrio estatal, tendo como marcos históricos as Constituições Americana 
de 1787 e Francesa de 1791. 
Já havia, anteriormente, alguns documentos escritos, mas que não chegavam a ser Constituições, como 
é o caso dos pactos (Magna Carta, Bill of Rights, Petition of Rights), forais, cartas de franquia e contratos de 
colonização. Considera-se que esses documentos são embriões do constitucionalismo moderno e das 
constituições escritas.14 
Nós tivemos nesse período duas fases: 
 
2.2.1. Primeira fase: Constituições liberais: 
2.2.1.1. Experiência estadunidense: 
 Nos EUA, duas ideias sempre estiveram presentes na evolução do Direito Constitucional, as quais não 
faziam parte inicialmente do Direito Europeu. De um lado, a ideia de supremacia da constituição, e, de outro, 
adeia de garantia jurisdicional desta supremacia. Os americanos escolheram o Poder Judiciário para ser o 
guardião da supremacia constitucional. 
 A garantia da supremacia constitucional é atribuída ao Poder Judiciário em razão de sua neutralidade, 
fator que o tornaria o mais indicado para se manter à margem do debate político. 
 A onipotência do Parlamento inglês como origem de graves ofensas aos direitos históricos explica a 
desconfiança dos revolucionários estadunidenses em relação ao Legislador. A ideia de que o Parlamento pode 
exorbitar os limites de suas atribuições é a premissa da Judicial Review. 
 A constituição norte-americana tem uma característica peculiar, pois ela é sintética, concisa. Ela 
simplesmente se propõe a estabelecer as regras do jogo político. Como ela é responsável por isso, por uma 
questão lógica, ela deve estar acima daqueles que participam do jogo, isto é, do legislativo, do executivo e do 
judiciário. É essa a ideia de supremacia constitucional no direito norte-americano. 
 
 A CONSTITUIÇÃO NORTE-AMERICANA TRAZ UMA SÉRIE DE CONTRIBUIÇÕES: 
1) Primeira constituição escrita, rígida e dotada de supremacia:15 
A primeira constituição escrita da história foi a norte-americana, criada em 1787. Até 1787, as 
constituições eram costumeiras. 
 
2) Controle de constitucionalidade: 
Como decorrência do surgimento de uma constituição dotada de supremacia, surge o controle de 
constitucionalidade exercido pelo judiciário. 
Se a constituição é a suprema, é necessário que alguém exerça o controle de constitucionalidade dos 
demais atos e dos demais poderes para que esta supremacia não seja violada. 
O modelo de controle de constitucionalidade surgido nos EUA é o difuso em 1803 no caso Marbury 
vs. Madison, na decisão mais conhecida de todos os tempos. 
O controle de constitucionalidade norte-americano não tem previsão na constituição e em nenhuma lei. 
É uma criação jurisprudencial. O juiz Marshall, diante de um caso politicamente complicado, adotou uma 
solução na qual evitou o conflito com o Executivo, afirmando ser a Constituição a norma suprema à qual 
todos os poderes estavam submetidos. Note que através dessa decisão é que surge o controle de 
constitucionalidade. 
 
3) Sistema presidencialista de governo: 
O Presidencialismo é uma criação dos americanos, para substituir a figura do rei, já que nos EUA não 
existia monarquia. 
 
13 (TJAC-2019-VUNESP): Assinale a alternativa correta a respeito do constitucionalismo: A transição da Monarquia 
Absolutista para o Estado Liberal, em especial na Europa, no final do século XVIII, que traçou limitações formais ao poder 
político vigente à época, é um marco do constitucionalismo moderno. 
14 ##Atenção: ##PROVA MPF-2008: O conciliarismo pode ser considerado um antecedente remoto do constitucionalismomoderno (CORRETO). 
##Questiona-se: O que vem a ser o “conciliarismo”? O conciliarismo é uma doutrina (uma heresia, na verdade), surgida 
entre os séculos XIV e XV, que propugnava que os concílios (a reunião dos bispos da Igreja Católica, convocada geralmente 
para discutir alguma questão doutrinária) deveriam possuir mais poder do que o Papa (o líder máximo da Igreja Católica). 
Logo, choca-se com a autoridade do Papa, e também com o dogma da infalibilidade papal (daí ser uma heresia). Como 
se trata de um movimento destinado à limitação do poder religioso, pode ser considerado um precursor do 
constitucionalismo moderno (que tem como ideia central a limitação do poder político). 
15 (Especialista em Regulação/ANP-2013-CESPE): A supremacia formal ou jurídica somente existe nas constituições 
rígidas. 
O modelo desenvolvido por Montesquieu foi baseado na Inglaterra. Ocorre que na Europa as 
monarquias elas tinham os Reis, figura ausente nos EUA. Para substituir a figura do Rei, dentro da ideia de 
separação dos poderes, criou-se a figura do Presidente da República. 
 
4) Forma federativa de Estado: 
A forma federativa não é uma criação norte-americana. 
Todavia, o modelo de federação criado pelos EUA influenciou muito os Estados modernos, porque na 
época adotava-se uma forma unitária de Estado. O primeiro grande país a adotar a federação foram os 
EUA. É inegável que o modelo de federação criado pelos norte-americanos influenciou os Estados 
modernos. 
 
##EM RESUMO: ##TJMT-2018: ##VUNESP: O constitucionalismo estadunidense criou o sistema de 
governo presidencial, o federalismo, o controle difuso de constitucionalidade (dando importância a figura dos 
juízes), mecanismo sofisticados de freios e contrapesos e uma Suprema Corte que protege a Constituição, 
sendo sua composição uma expressão do sistema controle entre os poderes separados. 
 
 2.2.1.2. Experiência francesa: 
É oposto da experiência dos EUA. A constituição francesa era vista como um instrumento de 
interferência nos projetos políticos, não apenas estabelecer as regras do jogo como a norte-americana. 16 
Não havia a ideia de supremacia da constituição, mas sim a supremacia do Parlamento. 
O controle de constitucionalidade repressivo (após o surgimento da lei) só foi introduzido na França 
em 2010. Até então só existia o controle preventivo feito pelo Conselho Constitucional. Embora os modelos 
francês e norte-americano sejam bem diferentes um do outro, contribuíram muito para o desenvolvimento do 
atual modelo que temos de constitucionalismo. 
 
##Atenção: ##TJAC-2019: ##VUNESP: John Locke, Montesquieu e Rousseau são reconhecidos como 
os principais precursores do constitucionalismo moderno, visto que ligados ao "século das luzes" (XVIII) e que 
marcaram fundamentalmente, através da aplicação da razão, a derrubada - ou limitação, no caso da Inglaterra, 
por exemplo - das monarquias absolutistas. 
 
A CONSTITUIÇÃO FRANCESA TRAZ UMA SÉRIE DE CONTRIBUIÇÕES: 
1) Constituição prolixa: 
A constituição francesa já seguia o modelo de constituição que já conhecemos muito bem atualmente. 
De 1791, quando surgiu a primeira constituição escrita na França até 1795, eles tiveram três constituições na 
França. É o modelo adotado pela maioria dos países. 
 
2) Distinção entre Poder Constituinte Originário e Derivado (Emmanuel Joseph Sieyès): 
Na França havia uma distinção entre Primeiro Estado (Nobreza), o Segundo Estado (Clero) e o Terceiro 
Estado (Povo). A nobreza e o clero se aproveitavam dos impostos que eram pagos pelo povo. A Revolução 
Francesa veio justamente para extirpar com esses privilégios da nobreza e do clero. E a ideia de poder 
constituinte, segundo Sieyès, era de que esse poder tinha como verdadeiro titular a nação, ou seja, aquelas 
pessoas que formam o Terceiro Estado na França. Por isso que o livro do Sieyès se chama “O que é o Terceiro 
Estado?”, aonde ele trata exatamente dessa questão do poder constituinte tendo como titular o povo ou a nação. 
E fazendo a divisão entre o titular do poder constituinte, aquele que cria a constituição e aquele poder 
responsável por modificar a constituição, que é chamado de poder derivado. 17 
Com a revolução francesa o poder constituinte assume o caráter de um poder supremo com um titular, 
o povo ou nação, que passa a deter um poder constituinte que permite querer e criar uma nova ordem política 
e social, dirigida ao futuro, mas, simultaneamente, de ruptura com o antigo regime. A Constituição francesa 
de 1791 construiu um sistema fundado na supremacia do legislativo, restando ao executivo a função de 
dispor dos meios aptos a aplicação da lei. Nessa época, o parlamento ganha força e junto com ele, a lei ganha 
força, tornando impensável um controle judiciário das leis. 18 Além disso, neste período, o papel do juiz, 
dada a aversão à sua figura pelos revolucionários, decorrente de sua forte vinculação com a nobreza, restou 
 
16 (TJPI-2007-CESPE): Com o movimento constitucionalista francês, a partir da Revolução Francesa, sedimentou-se a visão 
de direitos individuais do homem, em oposição à visão do homem como integrante de um segmento estamental, adotada 
pelo movimento constitucionalista inglês. 
17 (MPPB-2018-FCC): A distinção entre poder constituinte e poder constituído, sendo aquele exercido pela nação, por meio 
de representantes para tanto investidos, é devida a Emmanuel-Joseph Sieyès, na obra “O que é o Terceiro Estado?”. 
18 (TJMT-2018-VUNESP): Assinale a alternativa correta a respeito da Constituição e do Constitucionalismo: A Constituição 
francesa de 1791 construiu um sistema fundado na supremacia do legislativo, restando ao executivo a função de dispor 
dos meios aptos à aplicação da lei. 
reduzido a de mero emissor da voz da lei, conforme resta claro no artigo 3º, título III, capítulo V da 
Constituição francesa de 1791: 
Artigo 3. - Os tribunais não podem, nem interferir com o exercício do Poder Legislativo, 
ou suspender a execução das leis, nem desempenhar as funções administrativas, ou convocar diante 
deles os administradores por razão de suas funções. (tradução livre) 
 
3) Separação de Poderes: 
Não é uma exclusividade do direito francês. Também foi adotada pela constituição norte-americana. 
A separação de poderes é o mecanismo criado para a limitação do poder, que é uma das ideias centrais 
do constitucionalismo. A separação de poderes só surge com o constitucionalismo moderno. No 
constitucionalismo antigo não havia separação de poderes, embora houvesse a limitação do soberano naquelas 
experiências estudadas acima. 
Tem um artigo muito importante da Declaração Universal dos Direitos do Homem (1789), o art. 16, 
que refere que toda a sociedade na qual não é assegurada a garantia de direitos, nem determinada a separação 
de poderes, não tem uma verdadeira constituição.19 
 
 OBS: O constitucionalismo moderno nasce com um forte viés liberal, consagrando como valores 
maiores a liberdade, a proteção à propriedade privada, a proteção aos direitos individuais (evidenciando o 
voluntarismo) e a exigência de que o Estado se abstenha de intervir na esfera privada (absenteísmo estatal). 
Para Canotilho, “o constitucionalismo moderno representa uma técnica específica de limitação do poder com fins 
garantísticos.”20 Complementando, Pedro Lenza define como constitucionalismo liberal, marcado pelo 
liberalismo clássico e valores ligados ao individualismo, absenteísmo estatal, valorização da propriedade 
privada e proteção do indivíduo21. 
Nessa primeira fase do constitucionalismo surge um modelo de Estado em contraposição ao Estado de 
Polícia, que era aquele estado que podia tudo (estado absolutista). 
É o Estado de Direito ou Estado Liberal, sendo muitas vezes utilizados como sinônimos. Nós tivemos 
antes das revoluções liberais várias concretizações do Estado de Direito. Vejamos: 
 
 1ª FASE – ESTADO DE DIREITO (ESTADO LIBERAL) 
a) Rule of law (Inglaterra), Reschsstaat (antiga Prússia) e État Légal (França); État du Droit = 
VerfassungsstaatO Estado de Direito, tal como conhecemos hoje, uma sistematização coerente do Estado de Direito só 
ocorre com o fim antigo regime, ou seja, com o advento das revoluções liberais, embora tenham tido outras 
concretizações, tais como Rule of law. Reschsstaat e État Légal. 
 Nos dias de hoje, o Estado Democrático de Direito na França corresponde ao État du Droit e, na 
Alemanha, é o Verfassungsstaat (Estado Constitucional). 
 
b) Características do Estado de Direito: 
1) Abstencionista: 
É um Estado que não intervém nas relações sociais, econômicas e laborais. As questões econômicas e 
sociais são separadas das questões políticas. O Estado cuida das questões políticas, enquanto as questões 
econômicas e sociais ficam na esfera individual (cuidada pelos particulares). É um estado mínimo, que 
intervém na menor medida possível. É um contraponto ao Estado de Polícia. 
ADAM SMITH, ícone do liberalismo econômico, afirmava que o Estado deve ter apenas três deveres: 
a) proteger a sociedade contra a agressões ou a invasões estrangeiras; 
b) cuidar da administração da justiça; 
c) responsabilizar-se por aqueles bens e instituições que não são de interesse particular (privado), 
porque não gera um lucro. 
 
2) Direitos fundamentais 
 
19 (TCEMG-2005-FCC): Do ponto de vista histórico, o denominado conceito de Constituição liberal foi expresso pela 
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789. 
20 (MPRN-2009): O constitucionalismo moderno representa uma técnica específica de limitação do poder com fins 
garantidores. 
(PGEPE-2009-CESPE): O constitucionalismo pode ser definido como uma teoria (ou ideologia) que ergue o princípio do 
governo limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização político-social de uma 
comunidade. Nesse sentido, o constitucionalismo moderno representa uma técnica de limitação do poder com fins 
garantísticos. 
21 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, 2016, p. 66. 
Os direitos que a constituição consagrava no Estado de Direito são os direitos de liberdade, igualdade 
formal (todos são iguais perante a lei)22, vida e propriedade. São os direitos clássicos da burguesia.23 
Os outros direitos sociais não fazem parte desse modelo de Estado. 
 
3) Limitação do Soberano: 
Essa limitação do Estado pelo Direito se estende ao soberano, ou seja, num Estado de Direito ninguém 
está acima da lei, da Constituição. Todos estão limitados pelo ordenamento jurídico, inclusive, o soberano, o 
que não acontecia com as experiências anteriores ao Estado de Direito. 
 
4) Princípio da Legalidade: 
A atuação da Administração Pública é uma atuação sublegal, tal nós conhecemos hoje. A Administração 
Pública só pode agir quando a lei determina. É diferente dos particulares, que só é obrigado a fazer ou 
deixar de fazer alguma coisa se houver uma previsão em lei. 
 
Nessa primeira fase, há um grupo de direitos fundamentais que é consagrado nas constituições. 
 
 GERAÇÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS: 
✓ Karel Vazak; Norberto Bobbio; Paulo Bonavides. 
✓ Foi Karel Vazak que criou a teoria das gerações/dimensões dos direitos fundamentais. Foi 
difundida mundialmente pelo Norberto Bobbio. No Brasil, tal teoria teve uma grande projeção na 
obra de Paulo Bonavides, que não apenas reproduziu a teoria de Karel Vazak, como modificou em 
alguns e modificou a geração de direitos fundamentais. 
 Karel Vazak criou essa teoria por acaso. As três gerações criadas por Vazak referem-se ao lema da 
Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade (ou Solidariedade).24 Dentro dessa ideia de 
gerações, naquele período do constitucionalismo, na primeira fase, que nós podemos delimitar aqui do 
surgimento das primeiras constituições escritas até o fim da Primeira Guerra Mundial, nesta fase as 
constituições, em regra, eram liberais. Eram constituições que consagravam direitos fundamentais que o 
Karel Vazak vai denominar de Direitos Fundamentais de 1ª Geração, ligados ao valor Liberdade. 
 
 Direitos Fundamentais de 1ª geração 
✓ Que tipos de Direitos são considerados de 1ª Geração? São de duas espécies: os direitos civis e direitos 
políticos. Esses direitos têm características um pouco diferentes. 
1. Direitos Civis: 
Quando se fala em direitos civis, são o direito à vida, o direito à liberdade, a igualdade e a 
propriedade. São os direitos liberais clássicos. Esses direitos têm como característica o caráter 
negativo no sentido de exigir do Estado uma atuação negativa, uma abstenção. Os direitos civis 
são direitos de defesa do indivíduo contra o arbítrio do Estado. Foi por isso que as revoluções 
liberais ocorreram, para limitar o arbítrio estatal. 
 
2. Direitos Políticos: 
Ao lado desses direitos civis, as constituições liberais consagram também os direitos políticos. Não 
são direitos de defesa. São considerados como direitos de participação. 
São considerados como direitos de participação, por possibilitarem a participação dos indivíduos 
na vida política do Estado.25 
 
22 (MPT-2017): Considerada a evolução histórico-legislativa do constitucionalismo, pode-se afirmar que o Estado Liberal 
Originário, seja na Europa Ocidental, seja nas Américas, não estabeleceu regras firmes e claras com relação à liberdade em 
sentido real e com relação à igualdade em sentido material. Tais regras somente começaram a ingressar, ainda que em 
parte, no constitucionalismo a partir das primeiras décadas do século XX, com a Constituição do México, de 1917, e a 
Constituição de Weimar, de 1919, além do papel de impacto, nessa área, cumprido pela Organização Internacional do 
Trabalho, a partir de 1919. 
23 (TJRO-2019-VUNESP): O constitucionalismo representa uma série de movimentos históricos, culturais, sociais e 
políticos cujo objetivo central é a limitação do poder estatal mediante o estabelecimento de uma Constituição. Sobre a sua 
evolução histórica e caraterísticas, é correto afirmar: as Revoluções liberais do Século XVIII e início do Século XIX, 
promovidas na Europa Ocidental, são fruto do denominado constitucionalismo moderno, e foram caracterizadas, dentre 
outros elementos, pela consagração das liberdades individuais e defesa da igualdade em sentido formal. 
24 (PGESP-2009-FCC): Liberdade, Igualdade e Fraternidade, ideais da Revolução Francesa, podem ser relacionados, 
respectivamente, com os direitos humanos de primeira, segunda e terceira gerações. 
25 (Analista Legislativo/CD-2014-CESPE): Os direitos de primeira dimensão, ou direitos de liberdades, têm por titular o 
indivíduo, são oponíveis ao Estado, traduzem-se como faculdades ou atributos da pessoa, ostentando a subjetividade 
como traço característico, e são considerados direitos de resistência ou de oposição perante o Estado. 
 
2.2.2. Segunda fase: Constituições sociais: 
- Constituição mexicana/1917 
 - Constituição de Weimar/1919 
 
Essa segunda fase começa mais ou menos no final da 1ª Guerra Mundial. Ela serviu como um marco 
para o declínio do Estado de Direito. Aí surge a ideia de Estado Social. 
Tivemos constituições que serviram de paradigma para o Estado Social: a constituição mexicana e a 
constituição de Weimar. 
As exigências e reclamos sociais fizeram com que o Estado adotasse uma nova postura: ao invés de, 
simplesmente, deixar de intervir na vida privada (absenteísmo estatal), era necessário que o Estado ofertasse 
prestações positivas aos indivíduos, garantindo-lhes os chamados direitos sociais. 
 
2ª FASE – ESTADO SOCIAL 
1) Intervencionista: 
O Estado social é uma transformação da estrutura do Estado liberal. O Estado Social é aquele que 
intervém nas relações econômicas, sociais e laborais. 
Cuidado para não confundir Estado Social e o Estado Socialista, pois o primeiro adere ao capitalismo e 
o segundo não. 
 
2) Papel decisivo na produção e distribuição de bens: 
O Estado Social chama para si muitas questões que antes ficavam na esfera individual. No Estado Social, 
o Estado desempenha um papel decisivo na produção e distribuiçãode bens. 
 
3) Garantia de bem-estar mínimo: 
No Estado social existe a garantia de bem-estar social. Ou seja, o Estado se preocupa com condições 
mínimas de existência digna ao cidadão.26 
Alguns chamam de Estado de Bem-Estar Social. É uma ideia ao que nós conhecemos hoje do mínimo 
existencial. Ex.: Benefício de Prestação Continuada, que independe de contribuição. 
 
Nessa segunda fase surgem os direitos fundamentais de 2ª geração/dimensão. 
 
Direitos Fundamentais de 2ª geração 
ATENÇÃO: Esta geração não substitui a 1ª geração. Por isso, alguns autores preferem utilizar o termo 
“dimensão”. 27 
1. Valor: Igualdade. 
O principal valor aqui é a igualdade material, ou seja, aquela que impõe aos poderes públicos o 
dever de reduzir as desigualdades fáticas existentes. Ela exige do Estado não uma abstenção, mas 
uma atuação positiva visando a redução dessas desigualdades. 
 
2. Direitos: sociais, econômicos e culturais. 
Os direitos de 2ª geração são chamados de direitos sociais, econômicos e culturais, que são direitos 
prestacionais ou direito a prestações. Esses direitos exigem do Estado uma atuação positiva para 
assegurar esses direitos.28 
Ex.: Moradia; Educação (construir escolas, contratar professores, adquirir material escolar); Saúde 
(construir hospitais, adquirir medicamentos, etc.). 
É por isso que esses direitos de segunda geração tem uma efetividade menor do que os direitos de 
primeira geração, porque eles exigem do Estado um custo maior, dificultando a implementação 
integral de muitos deles. 
Nessa segunda fase surgem as garantias institucionais para proteger aquelas instituições 
consideradas importantes para a sociedade. Ex.: família; imprensa livre, funcionalismo público. 
 
2.3. Constitucionalismo contemporâneo ou neoconstitucionalismo (Antiguidade até o século XVIII) 
 
26 (TRF1-2009-CESPE): O estado de bem-estar social é aquele que provê diversos direitos sociais aos cidadãos, de modo a 
mitigar os efeitos naturalmente excludentes da economia capitalista. 
27 (PGESP-2009-FCC): Os direitos humanos de primeira geração foram construídos, em oposição ao absolutismo, como 
liberdades negativas; os de segunda geração exigem ações destinadas a dar efetividade à autonomia dos indivíduos, o que 
autoriza relacioná-los com o conceito de liberdade positiva e com a igualdade. 
28 (DPEAM-2018-FCC): Os Direitos Humanos de segunda geração ou dimensão, dada a sua natureza prestacional, exigem 
uma atuação positiva do Estado para a sua efetivação. 
Com o fim da 2ª Guerra Mundial, tivemos o surgimento de um novo paradigma, embora alguns autores 
critiquem o chamado constitucionalismo contemporâneo, dizendo que não há nada que justifique falar em 
uma nova etapa ou em um novo constitucionalismo. 
 
2.3.1. “Neoconstitucionalismo”29 
 É um termo que tem sido muito utilizado no Brasil e em países europeus, especialmente aqueles de 
origem latina (Portugal, Espanha, Itália). 
O neoconstitucionalismo, também chamado por alguns de constitucionalismo contemporâneo, 
constitucionalismo avançado ou constitucionalismo de direitos, tem como marco histórico o pós-Segunda 
Guerra Mundial. Ele representa uma resposta às atrocidades cometidas pelos regimes totalitários (nazismo e 
fascismo) e, justamente por isso, tem como fundamento a dignidade da pessoa humana.30-31 
Esse novo pensamento se reflete no conteúdo das Constituições. Se antes elas se limitavam a estabelecer 
os fundamentos da organização do Estado do Poder, agora passam a prever valores em seus textos 
(principalmente referentes à dignidade da pessoa humana) e opções políticas gerais (redução das 
desigualdades sociais, por exemplo) específicas (como a obrigação do Estado de prover educação e saúde). 
Luís Roberto Barroso, de forma bem objetiva, nos explica que o neoconstitucionalismo identifica um 
amplo conjunto de modificações ocorridas no Estado e no direito constitucional. 
 OBS: O constitucionalismo hoje é uma síntese da experiência francesa e da experiência norte-
americana.32 
 
2.3.2. Características do constitucionalismo contemporâneo33 
a) força normativa da constituição34: Konrad Hesse. 
 
29 Aprofundamento sobre o tema, ler Capítulo 2 do Livro do Professor Marcelo Novelino. 
30 (PFN-2015-ESAF): Sobre “neoconstitucionalismo”, é correto afirmar que se trata de expressão doutrinária, que tem como 
marco histórico o direito constitucional europeu, com destaque para o alemão e o italiano, após o fim da 2ª Guerra mundial. 
(PGESP-2009-FCC): A positivação da dignidade humana nas Constituições do pós-guerra foi uma reação às atrocidades 
cometidas pelo regime nazista e uma das fontes do conceito pode ser encontrada na filosofia moral de Kant. 
31 (DPEMS-2008-VUNESP): Quando se fala em Direitos Humanos, considerando sua historiciedade, é correto dizer que a 
internacionalização dos Direitos Humanos surge a partir do Pós-Guerra, como resposta às atrocidades cometidas durante 
o nazismo. 
32 (PGEAC-2017-FMP): Considerando-se que a tradição constitucional norte-americana se encontra cifrada, ainda que não 
de forma total e absoluta, na ideia de Constituição como regra do jogo da competência social e política, assim como na 
afirmação e garantia da autonomia dos indivíduos como sujeitos privados e como agentes políticos, cuja garantia essencial 
é a jurisdição, enquanto que a tradição europeia é preponderantemente marcada por um forte conteúdo normativo que 
supera o limiar da definição das regras do jogo organizando o poder, afirmando-se como um projeto político delineado de 
forma a participar diretamente do jogo, condicionando decisões estatais destinadas a efetivar um programa transformador 
do Estado e da sociedade, seria correto afirmar que o Neoconstitucionalismo resulta da aproximação entre os dois 
modelos, tanto ao adotar a ideia - tipicamente europeia - de constituição como um texto jurídico supremo destinado a 
instrumentalizar um programa transformador, quanto ao deferir à jurisdição - o que é característico do modelo norte-
americano - a tarefa de implementar tal programa quando o legislador não o faz, de que é exemplo a inconstitucionalidade 
por omissão tal como existente no sistema constitucional brasileiro. 
33 (AGU-2015-CESPE): No neoconstitucionalismo, passou-se da supremacia da lei à supremacia da Constituição, com 
ênfase na força normativa do texto constitucional e na concretização das normas constitucionais. 
(DPPA-2014-FMP): É correto afirmar que o neoconstitucionalismo, que pode ser entendido tanto como uma teoria do 
Direito, quanto como uma teoria do Estado, na primeira das acepções apresenta como uma de suas características 
essenciais: a sobre interpretação constitucional, forma de integração constitucional, assim entendida como uma 
interpretação extensiva da constituição, de forma que de seu texto se possam extrair normas implícitas de molde a se 
afirmar que ela regula todo e qualquer aspecto da vida social e política, disso resultando a existência de espaços vazios de 
normatização constitucional relativamente aos quais a atividade legislativa não estaria previamente regulada ao nível 
constitucional. 
(MPGO-2014): Operando uma mudança paradigmática, o neoconstitucionalismo opera substancial mudança no 
Princípio da Legalidade, tornando o Princípio da Constitucionalidade uma ideia central que traz, consequentemente, o 
reconhecimento da força normativa da Constituição e da força normativa dos princípios. 
(PGEPA-2012): Assinale a alternativa que cite apenas conceitos próprios da Teoria dos Direitos Fundamentais ou do 
Neoconstitucionalismo: razão prática, ponderação como técnica decisória e força normativa da constituição. 
(MPF-2012): Para o neoconstitucionalismo, todas as disposições constitucionais são normas jurídicas ,e a Constituição, 
além de estar em posição formalmente superior sobre o restante da ordem jurídica, determina a compreensão e 
interpretação de todos os ramos do Direito. 
(MPF-2011): No neoconstitucionalismo preconiza-se a abertura da hermenêutica constitucionalaos influxos da 
moralidade crítica. 
34 (PGEGO-2010): Expressa uma das características do neoconstitucionalismo o reconhecimento da força normativa dos 
princípios constitucionais. 
A constituição, na experiência estadunidense, sempre foi reconhecida como um documento jurídico. 
Todavia, no direito europeu, até meados do século passado, era vista como instrumento eminentemente 
político. 
Hoje não se reconhece na constituição nada que não seja norma jurídica. Tudo que está no texto da 
constituição é norma, seja ela norma-princípio, seja norma do tipo regra. Tirando o preâmbulo, que é a parte 
introdutória da constituição e que não tem valor normativo, os artigos que a constituição possui, todos eles, 
são considerados como consubstanciadores de normas jurídicas. A constituição não possui conselhos, avisos, 
missões morais, ela contém normas jurídicas vinculantes e obrigatórias. 
 
b) Rematerialização dos textos constitucionais: 
É uma influência francesa. As constituições nos dias de hoje costumam ser prolixas, que tratam de vários 
assuntos, e não apenas das matérias constitucionais (clássicas). 
Direitos fundamentais, estrutura do estado e organização dos poderes são consideradas matérias 
constitucionais (norma materialmente constitucional). As demais normas contidas na constituição são 
apenas normas formalmente constitucionais, tendo como exemplo o art. 242 da CF/88, que fala do Colégio 
Pedro II, que será mantido na órbita federal (não trata de matéria constitucional). 
Outros exemplos de matéria não constitucional: Administração Pública, Sistema Tributário Nacional; 
Ordem Social. 
As constituições atuais se rematerializaram porque elas não tratam apenas das matérias 
constitucionais, mas de vários assuntos que não são típicos do Direito Constitucional. Por isso que elas são 
constituições prolixas. 
 
c) Centralidade da Constituição e dos direitos fundamentais = Dignidade da Pessoa Humana: 
Após a 2ª Guerra Mundial, a dignidade da pessoa humana passou a ser o valor constitucional 
supremo, como o núcleo axiológico das constituições ocidentais democráticas. 
As constituições anteriores à Segunda Guerra, é raro encontrar a referência sobre a dignidade da pessoa 
humana. Nos textos constitucionais posteriores a 2ª guerra mundial quase todos fazem menção à dignidade 
da pessoa humana. 
Na Constituição Brasileira de 1988, a dignidade da pessoa humana está prevista no art. 1º como um 
dos fundamentos da República Federativa do Brasil. 
Além disso, ocorreu a centralidade das constituições. Um fenômeno decorrente dessa centralidade é a 
chamada constitucionalização do direito.35 Esse fenômeno envolve três aspectos: 
1) a consagração de normas de outros ramos do direito na constituição; 
2) interpretação conforme – a interpretação das normas de outros ramos deve passar pelo filtro 
constitucional (filtragem constitucional36); 
3) eficácia horizontal dos direitos fundamentais (aplicação dos direitos fundamentais entre 
particulares). 
 
Na lição de Daniel Sarmento e Cláudio Pereira de Souza Neto, o fenômeno da constitucionalização do 
direito se bifurca em duas vertentes de compreensão, quais sejam, a constitucionalização-inclusão e a 
constitucionalização-releitura. 
A chamada constitucionalização-inclusão consiste no “tratamento pela Constituição de temas que 
antes eram disciplinados pela legislação ordinária ou mesmo ignorados”. Exemplo: a tutela constitucional 
do meio ambiente e do consumidor, algo até então inédito nas Constituições pretéritas. Essa inflação de 
assuntos no texto constitucional, marca das constituições analíticas, faz com que qualquer disciplina jurídica, 
ainda que dotada de autonomia científica, encontre um ponto de contato com a Constituição, cuja onipresença 
foi cunhada pela doutrina de ubiquidade constitucional. 
 
35 (DPEES-2016-FCC): A “despatrimonialização” do Direito Civil, conforme sustentada por parte da doutrina, é reflexo 
da centralidade que o princípio da dignidade da pessoa humana e os direitos fundamentais passam a ocupar no âmbito 
do Direito Privado, notadamente após a Constituição Federal de 1988. 
(TJSP-2015): A expressão “constitucionalização do Direito” tem, de modo geral, sua origem identificada pela doutrina 
na Alemanha, especialmente sob a égide da Lei Fundamental de 1949. 
36 ##Atenção: ##TJBA-2019: ##CESPE: O que se entende por FILTRAGEM CONSTITUCIONAL? “Ontem os Códigos; hoje 
as Constituições: a revanche de Grécia contra Roma”. (Paulo Bonavides e Eros Grau). Essa frase que soa à primeira vista 
bem poética ilustra bem o conceito de filtragem constitucional que, de acordo com Luís Roberto Barroso, consiste no 
fenômeno segundo o qual toda a ordem jurídica deve ser lida e aprendida sob as lentes da Constituição, de modo a 
realizar os valores nela consagrados. Assim, sob a égide do neoconstitucionalismo, a Constituição assumiu posição de 
centralidade no ordenamento, cujos preceitos são dotados de normatividade e se irradiam para os outros ramos do Direito, 
devendo, inclusive, os Códigos serem interpretados à sua luz. 
A constitucionalização-releitura traduz “a impregnação de todo o ordenamento pelos valores 
constitucionais”. Neste caso, os institutos, conceitos, princípios e teorias de cada ramo do Direito sofrem uma 
releitura, para, à luz da Constituição, assumir um novo significado. Portanto, a Constituição, que era mera 
coadjuvante, se torna protagonista na interpretação do direito infraconstitucional. Na feliz expressão de 
Paulo Bonavides, “Ontem, os Códigos; hoje, a Constituição”. 
Outros juristas adotaram uma classificação diferenciada para o fenômeno da constitucionalização do 
Direito. Não existe classificação certa ou errada, mas sim classificação útil ou inútil. 
Em provas de concursos públicos, devemos conhecer as principais. Quando se trata da 
constitucionalização do Direito, uma das mais célebres classificações é trazida por Louis Favoreu. O jurista 
francês elenca três grupos: 
i) constitucionalização-elevação: aquela pela qual opera-se um deslizamento de assuntos, até então 
confinados no compartimento infraconstitucional, para elevarem-se ao texto constitucional. 
ii) constitucionalização-transformação: aquela que impregna e transforma os demais ramos do Direito, 
para convertê-los em um Direito Constitucional Civil, Direito Constitucional Ambiental. 
iii) constitucionalização juridicização: traduz o surgimento da força normativa da Constituição. 
Crítica: a força normativa da Constituição é um pressuposto para a constitucionalização do Direito, não 
exatamente uma categoria autônoma desse fenômeno. 
 
d) Fortalecimento do Poder Judiciário: 
É uma característica do constitucionalismo norte-americano. Atualmente, temos visto esse 
fortalecimento do Judiciário – Judicialização das relações políticas e sociais. 
Hoje o juiz é o principal protagonista, e NÃO MAIS o legislador. Por exemplo: se o legislador faz uma 
lei contrária à constituição, o judiciário irá afastar essa lei. 
 
 ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO (ou ESTADO CONSTITUCIONAL DEMOCRÁTICO) 
 As duas expressões são usadas como sinônimas, no sentido que o Estado Constitucional Democrático 
seria uma espécie de Estado Democrático de Direito da modernidade. 37 
 Esse modelo de Estado tenta sintetizar a conquista dos dois modelos anteriores (estado liberal e o 
estado social) e superar as suas deficiências. 
A democracia é um forte componente desse tipo de Estado. A soberania popular38 é uma das vigas-
mestras do Estado Democrático de Direito, porque não basta que haja uma limitação do poder pelo direito, é 
necessário saber que direito é este, quem produziu este direito. Para ser democrático essas normas devem ser 
feitas por representantes do povo. 
 Estado Democrático de Direito: Remete a ideia de império da lei ou do direito. 
 Estado Constitucional Democrático: O paradigma é um pouco diferente. Remete a ideia de força 
normativa da constituição. 
 
##Atenção: ##CESPE: ##TJBA-2019: ##CESPE: Diferenças apontadaspela doutrina entre ESTADO 
DE DIREITO, ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO e ESTADO CONSTITUCIONAL DE DIREITO: 
O conceito de ESTADO DE DIREITO é relacionado ao poder do Estado, já que as decisões a serem 
tomadas pelos governantes são limitadas pelos conjuntos das leis, pelo direito. O Direito, através da 
legislação, vai definir o que pode ou não pode ser feito, tanto em relação aos governantes como em relação aos 
cidadãos. 
A diferença entre o ESTADO DE DIREITO e o ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO é ligada à 
proteção dos valores e princípios que são garantidos aos cidadãos pela Constituição e por outras leis. 
No ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO, assim como acontece no ESTADO DE DIREITO, as 
decisões dos governantes devem ser tomadas com base na lei e dentro dos limites que são estabelecidos 
pela legislação do país. A principal diferença é que no ESTADO DE DIREITO não existe a preocupação 
com a garantia dos direitos fundamentais e sociais dos cidadãos por parte do Estado, basta cumprir a lei e 
no ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO, além do poder de decisão continuar a ser limitado pela lei, 
ele também deve levar em consideração os valores sociais e os princípios fundamentais da Constituição. 
Já o ESTADO CONSTITUCIONAL DE DIREITO pauta-se no respeito às hierarquias nacionais, 
assim como aos direitos fundamentais dos cidadãos. Ele se opõe ao uso arbitrário do poder, em que se 
violam os direitos fundamentais conquistados. A Constituição dá suporte ao exercício e cumprimento das leis, 
além de dar limites a elas para que não sejam arbitrárias, ilegítimas ou maculem os direitos fundamentais. Em 
decorrência da normatividade da constituição, a relação entre poder político e direito passou a ter um novo 
 
37 (MPRN-2009): O neoconstitucionalismo caracteriza-se pela mudança de paradigma, de Estado Legislativo de Direito 
para Estado Constitucional de Direito, em que a Constituição passa a ocupar o centro de todo o sistema jurídico. 
38 (PCSP-2013-VUNESP): É característica essencial do Estado Democrático de Direito: a soberania popular. 
enfoque: a passagem do Estado legislativo para o Estado constitucional, com a transferência da garantia 
contra o uso arbitrário do poder do Legislativo para o Judiciário, órgão este encarregado de assegurar a 
Constituição e a unidade do ordenamento jurídico. Portanto, no atual modelo de Estado constitucional de 
direito, o papel do Judiciário é primordial na garantia dos direitos. 
 
 
 CARACTERÍSTICAS DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO (OU ESTADO 
CONSTITUCIONAL DEMOCRÁTICO): 
a) Direitos fundamentais: efetividade/conteúdo: 
Há preocupação com a efetividade e o conteúdo dos direitos fundamentais, ou seja, que eles sejam 
cumpridos e realizados pelos poderes públicos. A igualdade e a liberdade não são meramente formais, 
passam a ser também materiais. 
Exemplo: a Constituição brasileira de 1969 previa colônia de férias para trabalhadores, mas não existe 
nenhuma colônia de férias para trabalhadores, custeada pelo governo. 
 
b) Limitação do Poder Legislativo: 
Essa limitação do Poder Legislativo antes era uma limitação meramente formal. Kelsen, por exemplo, 
quando da elaboração da Constituição Austríaca (1920), introduziu a ideia de controle por um Tribunal 
Constitucional, mas apenas admitia o controle de aspectos formais (modo de produção das leis). 
Hoje o controle de constitucionalidade evoluiu. Ao lado do controle de constitucionalidade formal, há 
também o controle material e de omissões inconstitucionais. 
Exemplo: art. 1.783 do CC (união estável). Pela redação do dispositivo, apenas pessoas de gêneros 
diversos é que poderiam contrair a união estável. O STF, através de uma interpretação conforme a 
Constituição, fixou um novo sentido para o dispositivo, de modo a adaptá-lo aos valores consagrados no texto 
constitucional. 
 
c) Democracia substancial: 
É a vontade da maioria. 
O conceito de democracia substancial abrange a vontade da maioria, mas também engloba o respeito 
aos direitos de todos (inclusive das minorias). 
No Estado Democrático de Direito, a Democracia não é meramente formal; não é sinônimo da vontade 
da maioria (democracia formal). 
O conceito atual é mais amplo, abrangendo, é claro, a vontade da maioria, porque isso é a essência do 
conceito democrático, só ao lado da vontade da maioria, também há a proteção dos direitos das minorias. É 
essa a compreensão da democracia substancial. 
 
 Direitos fundamentais que surgem no pós-guerra: 
No constitucionalismo contemporâneo, surgem novas gerações de direito, não só a terceira geração 
mencionada por KAREL VAZAK, mas para alguns autores, até 4ª e 5ª gerações de direitos fundamentais. 
Se entre a 1ª e a 2ª geração de direitos há um consenso da maioria da doutrina, a partir da 3ª geração já 
não mais esse consenso. Há uma grande divergência de quais direitos que compõem a terceira, quarta e quinta 
gerações de direitos fundamentais. 
 Faremos uma análise com base na obra do professor PAULO BONAVIDES, porque é ele que trata de 
maneira mais profunda desse tema e também porque nos concursos públicos, em especial a CESPE, cobram a 
classificação do professor BONAVIDES. 
 
 Direitos fundamentais de 3ª geração: 
1. Valor: fraternidade/solidariedade: Existem vários direitos mencionados como direitos 3ª geração. 
2. Exemplos: O rol não é exaustivo (numerus clausus), mas meramente exemplificativo (numerus 
apertus). Exemplos citados por PAULO BONAVIDES: direito ao desenvolvimento (ou direito ao 
progresso), ao meio ambiente,39 de autodeterminação dos povos (é um dos princípios que regem 
 
39 (TJPR-2019-CESPE): Considerando-se o surgimento e a evolução dos direitos fundamentais em gerações, é correto 
afirmar que o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é considerado, pela doutrina, direito de terceira 
geração. BL: art. 225, CF. 
(TJPA-2019-CESPE): Segundo a jurisprudência do STF, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado constitui 
um direito fundamental de terceira geração, pautado na solidariedade. BL: art. 225, CF. 
(TJSP-2013-VUNESP): O direito ao meio ambiente, como direito de terceira geração ou terceira dimensão, apresenta 
uma estrutura bifronte, cujo significado consiste em contemplar direito de defesa e direito prestacional. 
##Atenção: #MPRO-2010: #TJPA-2019: #TJPR-2019: #CESPE: O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado 
é exemplo de direito de terceira geração/dimensão, com expressa previsão na CF/88. Trata-se de um direito de defesa (ou 
o Brasil nas relações internacionais), sobre o patrimônio comum da humanidade e de 
comunicação. 
3. Outros: Alguns autores citam ainda como exemplo o direito do consumidor, direito da criança e 
dos idosos. Seriam direitos transindividuais.40 
 
 Direitos fundamentais 4ª geração: 
1. PAULO BONAVIDES: Ex.: Democracia, direito à informação e pluralismo. 
a. A democracia, é claro que ela não surge após a 2ª Guerra Mundial, só que ela ganha uma nova 
feição após esse período. Por isso ela é elencada como direito de 4ª geração. Que feição é essa? 
São dois aspectos: a) o sufrágio universal, ou seja, aonde todos que reúnam as condições 
formais (nacionalidade, idade mínima, alistamento) possam participar desse processo; b) a volta 
dos mecanismos de participação popular direta: plebiscito, referendo e iniciativa popular, além 
do recall (previsto em alguns países), que são mecanismos de participação popular direta na 
vida política do Estado. Por isso a democracia essa feição substancial, sendo considerado um 
direito 4ª geração.41 
b. O direito à informação abrange três aspectos: a) o direito a informar, que na nossa CF/88 está 
prevista nos arts. 220 a 224; b) o direito de se informar, que também está consagrado na nossa 
CF/88, no art. 5º, inciso XIV; c) o direito de ser informado, previsto no art. 5º, XXXIII da CF/88. 
Esses três direitos são que fazem parte do direito à informação. 
c. O pluralismo é fundamento da República Federativa do Brasil, que faz parte da estrutura doEstado. O que significa pluralismo político? Previsto no art. 1º, inciso V da CF/88, não é um 
apenas um pluralismo de partidos políticos, é muito além disso. Quando se fala em pluralismo 
político, abrange um pluralismo religioso, artístico, cultural, de ideologias políticas, de 
orientações, ou seja, o pluralismo exige um respeito à diversidade, que é uma das maiores 
riquezas que o nosso povo possui. E o pluralismo não é só fundamento. Lá no preâmbulo da 
Constituição Federal refere: “construir uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos”. E lá 
no art. 3º da CF/88, na parte dos objetivos fundamentais refere: “promover o bem de todos, sem 
preconceito de origem, raça, sexo”. Ou seja, essa ideia de pluralismo político está relacionada ao 
respeito as diferenças, a diversidade e respeito ao outro. Tem uma frase de BOAVENTURA 
DE SOUZA SANTOS, sociológico português, relacionada ao direito à diferença que, afirma: 
 
seja, que busca defender o meio ambiente por meio de proibições às pessoas) e prestacional (exige prestações comissivas 
ou positivas do Estado e da coletividade). 
40 (MPGO-2019): Segundo doutrina de Samuel Sales Fonteles, “em toda a história do Direito Constitucional, jamais a 
Constituição recebeu tanto protagonismo como nos dias atuais. Hoje, todos os ramos da árvore jurídica gravitam em torno da 
Constituição, de onde emana uma força irradiante, o que se pode denominar de constitucionalização do Direito”. Tendo por base tal 
assertiva, é correto afirmar: Os interesses metaindividuais, seus institutos, princípios e normas, estão diretamente ligados 
aos Direitos Fundamentais, o que marca uma das características do neoconstitucionalismo. 
Seguindo Lenza, “Nas palavras de Walber de Moura Agra, “o neoconstitucionalismo tem como uma de suas marcas a 
concretização das prestações materiais prometidas pela sociedade, servindo como ferramenta para a implantação de um 
Estado Democrático Social de Direito. Ele pode ser considerado como um movimento caudatário do pós-modernismo. Dentre suas 
principais características podem ser mencionadas: a) positivação e concretização de um catálogo de direitos fundamentais; b) 
onipresença dos princípios e das regras; c) inovações hermenêuticas; d) densificação da força normativa do Estado; e) desenvolvimento 
da justiça distributiva”. (Lenza, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 23. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019). 
41 (TJBA-2019-CESPE): “O Estado constitucional, para ser um Estado com as qualidades identificadas com o constitucionalismo 
moderno, deve ser um Estado de direito democrático. Eis aqui as duas grandes qualidades do Estado constitucional: Estado de direito e 
Estado democrático. Estas duas qualidades surgem muitas vezes separadas. Fala-se em Estado de direito, omitindo-se a dimensão 
democrática, e alude-se a Estado democrático, silenciando-se a dimensão do Estado de direito. Essa dissociação corresponde, por vezes, 
à realidade das coisas: existem formas de domínio político em que esse domínio não está domesticado do ponto de vista de Estado de 
direito, e existem Estados de direito sem qualquer legitimação democrática. O Estado constitucional democrático de direito procura 
estabelecer uma conexão interna entre democracia e Estado de direito.” J. J. Gomes Canotilho. Direito constitucional e teoria da 
Constituição. 7.ª ed., Coimbra: Almedina, 2003, p. 93 (com adaptações). Tendo o texto precedente como referência inicial, 
assinale a opção correta, a respeito do Estado democrático de direito: No Estado constitucional, os direitos políticos 
implicam limites à maioria parlamentar. 
##Atenção: Sem dúvida, a Constituição limita a maioria Parlamentar, quando, por exemplo, impõe cláusulas pétreas. A 
concessão de direitos políticos não é incondicionada, mas garantia dúplice: de representação democrática e de atuação 
conforme os limites da constituição. Nesse sentido, explicam SARLET, MARINONI e MITIDIERO que “os direitos 
políticos, ainda mais quando assumem a condição de direitos fundamentais (vinculando os órgãos estatais, incluindo o Poder 
Legislativo), exercem, nesse contexto, dúplice função, pois se, por um lado, são elementos essenciais (e garantes) da 
democracia no Estado Constitucional – aqui se destaca a função democrática dos direitos fundamentais –, por outro representam 
limites à própria maioria parlamentar, já que esta, no campo de suas opções políticas, há de respeitar os direitos 
fundamentais e os parâmetros estabelecidos pelos direitos políticos, de tal sorte que entre os direitos políticos e os direitos 
fundamentais em geral e a democracia se verifica uma relação de reciprocidade e interdependência, caracterizada por uma permanente 
e recíproca implicação e tensão”. (edição 2017). 
“Temos o direito de ser iguais quando a diferença nos inferioriza; temos o direito de ser 
diferentes quando a igualdade nos descaracteriza”. Ou seja, quando a diferença é um fator de 
inferiorização, por exemplo, uma diferença social, econômica, nós direitos de ser iguais. Entra 
a ideia de igualdade material. O Estado tem que agir positivamente para reduzir essas 
desigualdades fáticas. Agora, muitas vezes, a diferença é um fator de caracterização do 
indivíduo, no caso dos índios, por exemplo. O objetivo não é que os índios se tornem as 
demais pessoas, mas sim que as diferenças culturais sejam respeitadas. Por isso, o pluralismo 
é tão importante. 
2. Outros: Outros autores citam como exemplos de direitos de 4ª geração os direitos relacionados à 
biotecnologia e à bioengenharia; identificação genética do indivíduo. Não há um consenso sobre 
esses direitos. 
 
Direitos fundamentais 5ª geração: 
 BONAVIDES cita como exemplo a paz, que era na classificação de VAZAK um direito de 3ª geração. 
Não há consenso sobre esta 5ª geração de direitos. 
 
##Questiona-se: O que vem a ser o totalitarismo constitucional? A expressão "totalitarismo 
constitucional" foi forjada por Uadi Lanmêgo Bulos para se referir aos textos constitucionais amplos, extensos 
e analíticos, que encarceram temas próprios da legislação ordinária, característica do constitucionalismo 
contemporâneo, da qual a nossa Constituição de 1988 é exemplo, de modo que é equivocado dizer que a 
CRFB/88 "veda" o totalitarismo constitucional, , uma vez que se trata de lei suprema. Portanto, o totalitarismo 
não se refere ao Estado e sim a Constituição. Ademais, este "totalitarismo" está ligado diretamente com a ideia 
de constituição dirigente (ou programática). 
 
2.4. Panconstitucionalização e liberdade de conformação do legislador 
Embora uma das principais características do neoconstitucionalismo seja a defesa da 
constitucionalização do Direito, parte da doutrina defende que tal fenômeno deva ocorrer com parcimônia. 
Isso porque a excessiva constitucionalização do Direito, conhecida como panconstitucionalização, poderia 
gerar um viés antidemocrático no ordenamento jurídico de determinado Estado; afinal, se tudo já está 
decidido e definido pela Constituição, é pequeno ou quase nulo o espaço de liberdade e conformação do 
legislador. 
Nessa linha, os representantes do povo seriam meros executores de medidas já impostas pelo 
constituinte, o que atentaria contra o regime democrático. Logo, para que a constitucionalização do Direito 
ocorra de forma democrática, é necessário que se respeite a liberdade de conformação do legislador.42 
 
2.5. Constitucionalismo do Futuro (ou do Porvir) 
Quem utiliza esta expressão é um autor argentino chamado José Roberto Dromi. 
O que seria? Busca equilíbrio entre as características marcantes do constitucionalismo moderno e os 
excessos praticados pelo constitucionalismo contemporâneo. Será um meio-termo. 
Valores fundamentais das constituições do futuro: 
1) Verdade (promessas inalcançáveis, por exemplo, devem ser reprimidas) 
2) Solidariedade 
3) Consenso 
4) Participação 
5) Continuidade 
6) Integração 
7) Universalização 
 
OBS: O que é constitucionalismo WHIG ou TERMIDORIANO? No pensamento constitucional,tende-
se a chamar de constitucionalismo whig (ou para alguns “termidoriano”) o processo de mudança de regime 
político-constitucional lento e evolutivo, mais que revolucionário e radical. É o mote das chamadas 
 
42 (MPPR-2019): Atribui-se viés antidemocrático à panconstitucionalização – excesso de constitucionalização do Direito -, 
porque, se o papel do legislador se resumir ao de mero executor de medidas já impostas pelo constituinte, nega-se 
autonomia política ao povo para, em cada momento de sua história, realizar suas escolhas. 
##Atenção: Conforme SARMENTO, com efeito, quem defende que tudo ou quase tudo já está decidido pela 
Constituição, e que o legislador é um mero executor das medidas já impostas pelo constituinte, nega, por consequência, a 
autonomia política ao povo para, em cada momento da sua história, realizar as suas próprias escolhas. O excesso de 
constitucionalização do Direito reveste-se, portanto, de um viés antidemocrático (Fonte: SARMENTO, Daniel. O 
Neoconstitucionalismo no Brasil: riscos e possibilidades.). 
transições constitucionais de nossos dias. Não é preciso derramamento de sangue para que haja mudanças, 
nascendo os regimes políticos gradualmente de dentro dos regimes caducos. 
 
2.6. Patriotismo constitucional43 
Concebido por Habermas desde a década de 80 como forma de reorganização do espírito de unificação 
alemão, abalado com o término da 2ª Guerra Mundial, o patriotismo constitucional se opõe ao denominado 
nacionalismo xenófobo. 
Significa que as pessoas de um determinado país devem estabelecer vínculos entre si não apenas em 
virtude de raça, etnia, religião e outras características que lhes são particulares, mas, sobretudo, por meio de 
uma concepção política universal comum, liberal e democrática, que deve reinar sobre o Estado. São essas 
concepções que devem prevalecer sobre o nacionalismo estritamente ético ou religioso, que pode resultar em 
atrocidades como as experiências pelo nazismo. 
Segundo Habermas, o patriotismo constitucional produziu de forma reflexiva uma identidade política 
coletiva conciliada com uma perspectiva universalista comprometida com os princípios do Estado 
Democrático de Direito. Isto é, o patriotismo constitucional foi defendido como uma maneira de conformação 
de uma identidade coletiva, baseada em compromissos com os princípios constitucionais democráticos e 
liberais capazes de garantir a integração e assegurar a solidariedade, com o fim de superar o conhecido 
problema do nacionalismo étnico, que por muito tempo opôs culturas e povos (Dirley). 
Habermas aposta no patriotismo constitucional como ideal capaz de unir todos os cidadãos, 
independentemente de suas nacionalidades, antecedentes culturais ou heranças étnicas, imprimindo nos 
indivíduos uma lealdade constitucional que, não podendo ser imposta juridicamente, deve estar 
internalizada nas motivações e convicções de cada um dos cidadãos – o que só é possível quando cada um 
deles entende o Estado Constitucional enquanto uma realização de sua própria história. 
O patriotismo constitucional busca, portanto, o reconhecimento de um constitucionalismo 
intercultural, que deve reconhecer a diversidade de culturas e promover a conciliação entre todas as práticas 
culturais. 
 
2.7. Constitucionalismo garantista (Ferrajoli) 
A ideia de direitos fundamentais já está presente no constitucionalismo jurídico, independentemente 
do modelo garantista, mas esse traz como contribuição quatro postulados essenciais à efetivação da 
democracia pelo constitucionalismo garantista. Esses postulados constituem em duas garantias de ordem 
primária e duas secundárias, essenciais para que o constitucionalismo seja perfeito. 
O constitucionalismo proposto por Ferrajoli (2015) é elaborado sobre quatro postulados: 
 
1) Princípio da legalidade: tanto na concepção formal quanto na substancial, ou seja, todos os poderes 
(públicos: legislativo, executivo e judiciário; e privados) devem agir nos limites formais e substanciais que a 
lei e a Constituição impõe. Diferente do modelo positivista, a própria lei é limitada pela Constituição e pelos 
direitos fundamentais (hierarquia das fontes com caráter substancial ≠ do princípio da mera legalidade). 
Portanto, o princípio da legalidade se constitui como norma e como expressão de abstração racional; 
 
2) Princípio da completude deôntica: sempre que as normas primárias estabelecerem direitos ou 
interesses, os deveres correspondentes devem ser estabelecidos como garantias primárias desses. Se o 
indivíduo tem o direito à liberdade de expressão, deve haver o dever (negativo) do Estado de não criar normas 
que lesem esse direito. Se o indivíduo tem o direito à greve, deve haver o dever (positivo) do Estado de 
regulamentar esse direito. Esse princípio anuncia a normatividade dos princípios constitucionais. Portanto, o 
princípio da completude deôntica pressupõe a existência de garantias aos direitos primários, através de 
proibições e obrigações. 
 
3) Princípio de jurisdicionalidade: onde existem as garantias primárias, devem existir normas 
secundárias ou jurisdicionais que garantam a efetivação dessas. Ou seja, no caso de descumprimento das 
garantias primárias, o ordenamento deve prever uma solução normativa para concretizar o direito por elas 
garantido. Obs.: o Judiciário está submetido à lei e somente à lei, por isso é essencial a previsão legal das 
normas secundárias sob pena de imperfeição do ordenamento. Assim, o princípio da jurisdicionalidade 
determina normas secundárias de garantia secundária em proteção aos direitos e interesses primários. Ex.: 
ADI, ADPF 
 
 
43 (MPGO-2014): O patriotismo constitucional apregoa o abandono de ideias nacionalistas e a associação aos fundamentos 
do republicanismo, buscando um potencial inclusivo calcado nos valores plurais do Estado Democrático de Direito e no 
multiculturalismo. 
4) Princípio da acionabilidade: remete ao acesso à justiça. O ordenamento deve prever meios para que 
todos consigam alcançar o judiciário. Desse modo, o princípio da acionabilidade prevê a existência de 
jurisdição passível de acionamento para a efetivação da garantia secundária. Ex.: Defensorias públicas, 
gratuidade da justiça, Ministério Público.44 
 
3. Jusnaturalismos, Positivismo e Pós-positivismo 
O jusnaturalismo, o positivismo e o pós-positivismo são correntes doutrinárias com distintas 
concepções acerca do Direito. Todas elas são importantes e devem ser estudadas, na medida em que têm 
grandes influências no direito moderno e contemporâneo. Cabe destacar que não há que se falar na existência 
de uma cronologia entre elas, uma vez que até hoje há os que defendem o jusnaturalismo e o positivismo, 
embora o pós-positivismo seja o pensamento mais moderno. 
A corrente jusnaturalista defende que o direito é uno (válido em todo e qualquer lugar), imutável (não 
se altera com o tempo) e independente da vontade humana (para os jusnaturalistas, a lei é fruto da razão, e 
não da vontade humana). Para os jusnaturalistas, há um direito anterior ao direito positivo (escrito), que é 
resultado da própria natureza (razão) humana: trata-se do chamado direito natural. 
O jusnaturalismo apresenta diferentes escolas, com diferentes concepções. As principais são a Escola 
Tomista e a Escola do Direito Natural e das Gentes. A primeira delas tem como fundamento a doutrina de 
São Tomás de Aquino, segundo o qual existe um direito eterno, que vem de Deus, sendo este revelado 
parcialmente pela Igreja e parcialmente pela razão. A parcela revelada pela razão consiste na Lei Natural. A 
lei positiva só tem validade, segundo essa escola, quando em conformidade com a Lei Natural. Assim, o 
Direito Natural tem como fundamento a própria Lei de Deus. 
Já para a segunda, a Escola do Direito Natural e das Gentes, o fundamento do Direito Natural se 
encontra na razão humana e na sua característica de ser social. Seu principal representante é Hugo Grócio. 
Para o positivismo jurídico, o direito se resume àquele criado

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