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PROFº CARLOS FERNANDO DE MELLO FARMA COLO GIA I CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA BEATRIZ FERNANDES NOGUEIRA ATM 2025/1 Beatriz Nogueira – Medicina UFSM, Turma 110 - 2 - A farmacocinética é o estudo do destino dos fármacos no or- ganismo após sua administração, estabelecendo esquemas po- sológicos padrões e de seus ajustes em presença de situações fisiológicas. Transferência do fármaco desde seu local de aplicação até a corrente circulatória. Depende de... x Movimentos transmembranas; x Fluxo sanguíneo no sítio absortivo; x Extensão e espessura da superfície de absorção; x Vias de administração. MOVIMENTOS TRANSMEMBRANAS Fármacos podem atravessar na membrana através de... x Transporte passivo: difusão simples e difusão por poros; x Transporte especializado: difusão facilitada, difusão por troca, transporte ativo, pinocitose, fagocitose, exocitose. São características dos fármacos determinantes... x Peso molecular; x Conformação estrutural; x Grau de ionização; x Lipossolubilidade. ⇨ Difusão simples: forma mais comum de passagem de fár- macos, desde que lipossolúveis. ⇨ Difusão por poros: fármacos de baixo peso molecular e hidrossolúveis, envolvendo fluxo de água por canais aquosos. x Importante nos tecidos renal, hepático e cerebral. ⇨ Transporte especializado: utilizado por fármacos hidrosso- lúveis de grande peso molecular, que utilizam carregadores* para se movimentar pelo sangue. * Eles têm especificidade pelo substrato e são saturáveis! ⇨ Grau de ionização: x Constante de dissociação (pK): valor de pH do meio em que 50% do fármaco está ionizado. → Ácidos: pKa → Bases: pKb x Meio ácido: ácidos possuem maior capacidade de difusão e bases, menor → devido ao deslocamento de equilíbrio para formas não ionizadas. H+ + A- → HA (lipossolúvel) H+ + B → HB+ (hidrossolúvel) x Meio básico: processos inversos. x Exemplo: a alcalinização urinária acelera a excreção renal de um barbitúrico (ácido fraco) que, quando ionizado, é mais difícil ser reabsorvido. Isso favorece o controle da intoxica- ção por esse fármaco. TRANSPORTADORES ⇨ Proteínas da família ABC ligante de ATP x Codificada por 49 genes; x Importante em drogas anfipáticas e planares (principal- mente digoxina); ⇨ Família SLC: carreadores de solutos iônicos, não iônicos e Xenobióticos. x Codificados por 300 genes. x Captação por hepatócitos e células do complexo coroide. ⇨ Glicoproteína P: x Presente em enterócitos, endotélio capilar da barreira he- matoencefálica, células do complexo coroide, células tubula- res proximais; x Proteína associada à resistência multidrogas 2 nas células tubulares proximais; Beatriz Nogueira – Medicina UFSM, Turma 110 - 3 - x Superexpressão do MDR1 confere resistência multidrogas 1: tratamento do câncer, epilepsia. VIA DE ADMINISTRAÇÃO Estruturas orgânicas com as quais o fármaco toma contato para sofrer absorção. Denominam-se x Enterais quando entra em contato com o trato digestivo; x Paraenterais quando acessadas por injeção (diretas) ou processos de inserção (indiretas). ⇨ Via oral: x Padrão de absorção variável. x Mais conveniente, econômica e segura. x Ideal para terapia crônica, com picos plasmáticos atenuados e duração de efeito prolongada, permitindo maior intervalo entre doses e menor toxicidade → nem sempre resultam em benefício, porque a absorção pode ser errática. x Inadequada para acamados, urgência, pico plasmático exato, fármacos com metabolismo de primeira passagem ou fár- macos inviáveis para o trato GI. x Influenciada pela alimentação. x Biodisponibilidade pode ser incompleta: 0,05 < f < 1. ⇨ Via subcutânea: x Absorção imediata de soluções aquosas x Absorção lenta e prolongada de preparações de depósito. x Adequada para suspensões pouco solúveis e instalação de transplantes de liberação lenta. x Inadequada para grandes volumes. x Substância irritantes podem causar dor ou necrose. x Boa biodisponibilidade: 0,75 < f < 1. ⇨ Via intramuscular: x Adequada para autoadministração (insulina), para volumes moderados, substâncias oleosas e irritantes. x Contraindicada durante tratamento anticoagulante → o músculo é mais vascularizado que o tecido subcutâneo x Pode interferir na interpretação de alguns exames diag- nósticos, como creatina-quinase. x Boa biodisponibilidade: 0,75 < f < 1. ⇨ Via intravenosa x Evita absorção com f=1. x Efeitos potencialmente imediatos x Adequada para grandes volumes, substâncias irritantes ou misturas complexas quando diluídas, emergência. x Permite a titulação da dose x Necessária para proteínas de alto peso molecular e fárma- cos peptídicos. x Aumenta o risco de efeitos adversos, além de dispender tempo e ambiente controlado x Inadequada para substâncias oleosas ou pouco solúveis. BIODISPONIBILIDADE Fração de droga que atinge a circulação sistêmica de forma inalterada após a administração por qualquer via, sendo um processo concorrente à absorção e a eliminação. x Representado por “F”. x Varia de um (máximo) a zero (mínimo). TAXA DE ABSORÇÃO O fármaco não é absorvido de uma só vez, pois depende da... x Afinidade pelos compartimentos central e periférico → se seu volume central for pequeno, haverá grande pico plas- mático que diminuirá conforme o fármaco é distribuído no volume final; x Tipo de liberação → em uma infusão lenta a absorção é lenta, logo boa parte é distribuída durante a administração e o pico plasmático será comparativamente menor e tardio. A partir do sangue, o fármaco se distribui para diferentes tecidos do organismo classificados em... x Suscetíveis: sofrem ação do fármaco; x Ativos: metabolizam o fármaco; x Indiferentes x Enuncitórios ⇨ Distribuição e eliminação de drogas: x Eliminação por qualquer via: metabolização plasmática, he- pática, renal etc., depende do fármaco. x Decréscimo depende da taxa de eliminação. x Atingir o pico plasmático pode variar em função da via de absorção. Bioequivalência Equivalentes farmacêuticos: possuem as mesmas quantida- des e concentrações dos mesmos princípios ativos, a mesma forma farmacêutica e idêntica via de administração. Bioequivalência: quando a biodisponibilidade de equivalentes farmacêuticos não difere significativamente em condições de testagem. Beatriz Nogueira – Medicina UFSM, Turma 110 - 4 - ⇨ Como os fármacos se distribuem: depende basicamente do tamanho da molécula e da lipossolubilidade. Exemplos: x Etanol: molécula pequena e com grande hidrossolubilidade → alto volume de distribuição (toda a água do corpo) x Moléculas grandes e hidrossolúveis → água extracelular x Moléculas muito grandes e/ou aderidas fortemente a pro- teínas do plasma sanguíneo → limitam-se ao sangue e ao plasma. x Moléculas altamente hipossolúveis → acúmulo na gordura → meia vida longa. x Íons → acúmulo nos ossos. ⇨ Redistribuição: quando há diminuição na concentração plas- mática, o fármaco acumulado nos tecidos volta para o sangue. MODELO DE DOIS COMPARTIMENTOS Divide o organismo entre compartimentos central e periférico, entre os quais o fármaco se move livremente. x C. central: sangue e tecidos de alta perfusão → a concen- tração do fármaco é alta logo após administração. x C. periférico: tecido adiposo, pele e musculatura estriada → fármaco chega mais lentamente. LIGAÇÃO A PROTEÍNAS PLASMÁTICAS E TECIDUAIS Afinidade do fármaco pelas proteínas do plasma, especial- mente albumina e α-1-glicoproteína ácida. x Só o fármaco livre sai do compartimento intravascular. x É uma interação dinâmica: sempre que parte da fração livre abandona o plasma, proporção correspondentes se desliga das proteínas. x Saturação dos sítios de ligação. forma livre + proteína ↔ complexo fármaco-proteína fração livre = [forma livre] [forma livre] + [forma ligada] Processo de retirada dos fármacos do organismo realizado através de biotransformação hepática e excreçãorenal. Deve- se considerar: x Variações interindividuais na capacidade de metabolizar as drogas → farmacogenética; x Interações entre drogas → individualizar a terapia; x Diferenças entre espécies na expressão de enzimas me- tabolizadoras → in vitro x in vivo BIOTRANSFORMAÇÃO Reações químicas que alteram o fármaco para que não seja reabsorvido, tornando-o mais hidrossolúvel e com maior peso molecular. Pode gerar metabólitos tóxicos e até carcinogênicos. x A capacidade de biotransformação hepática pode estar al- terada em situações fisiológicas e patológicas, além pela ação de fármacos e processos de inibição e indução enzi- mática x Circulação entero-hepática: recirculação do composto atra- vés do sistema porta. ⇨ Fase I (reações iniciais): funcionalização → reações de oxi- dação, redução e hidrólise. x Introdução de grupos -OH, -COOH, -SH, -O- ou -NH2 → ocorrência de ativação e inativação de pró-drogas x Enzimas: CYP, FMO e EH. ⇨ Fase II (reações sintéticas): reações de conjugação e ace- tilação. x Conjugação por transferases x Solubilização e aumento do peso molecular x Enzimas: SULT, UGT, GST, NAT, MT... x Outras enzimas: álcool-desidrogenases, aldeído-desidroge- nase, NQO. ⇨ Citocromo P450: x Enzimas que contém um grupo heme ligado não covalente- mente à uma cadeia polipeptídica, onde ocorre a catálise com consumo de O2 → reações desproporcionais geram muito oxigênio ativado, podendo causar estresse oxidativo deletério e doenças como cirrose hepática. Tolerância farmacocinética: indução de tolerância ao fár- maco por aumento de enzimas metabolizadoras, impedindo o alcance da janela terapêutica com a mesma dose. Tolerância farmacodinâmica: diminuição/aumento da atua- ção do fármaco por presença de um antagonista/agonista crônico. É reversível. Beatriz Nogueira – Medicina UFSM, Turma 110 - 5 - x CYPs metabolizadoras de fármacos possuem pouca espe- cificidade, logo baixa eficiência catalítica → interações me- dicamentosas entre fármacos metabolizados pela mesma CYP. x CYPs sintetizadoras de esteroides e ácidos biliares são al- tamente específicas. x Nomenclatura: CYP3A4 → família 3, subfamília A, gene 4. x 12 CYPs são importantes para o metabolismo de xenobióti- cos → 1A1, 1A2, 1B1, 2A6, 2B6, 2c8, 2c9, 2C19, 2D6, 2E1, 3A2 e 3A5. x Subfamílias CYP1A, 1B, 2A, 2B e 2E catalisam a ativação de muitas pró-toxinas e pró-carcinogênios x CYP3A4: citocromo mais abundante, estando envolvido no metabolismo de aproximadamente 35% dos fármacos usa- dos na clínica. EXCREÇÃO Retirada de compostos do organismo. x Fármacos hidrossolúveis são excretados na forma ativa. ⇨ Fígado: eliminação pela bile, que pode promover reabsorção pelo circuito êntero-hepático ou excreção pelas fezes. x Recirculação prolonga efeitos. x Fármacos de alto peso molecular e muito polares. ⇨ Rins: sendo filtrado ou secretado para a luz tubular, o fár- maco pode ser eliminado na urina ou reabsorvido pelo epitélio tubular x Fármacos na forma ativa (intactos) ou metabólitos ati- vos/inativos, desde que não ligados às proteínas. x Ácidos orgânicos fracos (3 < pKa < 7,5) são reabsorvidos. x Fármacos lipossolúveis são reabsorvidos por difusão pas- siva. x Velocidade: depende da fração livre do fármaco, da taxa de filtração glomerular, do fluxo plasmático renal e da perfu- são tecidual. x A função renal pode estar alterada em decorrência de me- canismos farmacológicos ou patológicos → recém nasci- dos, idosos, insuficiência renal → necessidade de reajuste de dose. Possibilita a modificação de esquemas de administração em presença de anormalidades nos processos de absorção, distri- buição e eliminação, evitando concentração subterapêuticas (ineficazes) ou supramáximas (potencialmente tóxicas). DEPURAÇÃO (CLEARANCE) Taxa de depuração: quanto de plasma se consegue deixar livre de fármaco a cada um minuto. x É a depuração que determina o regime de administração de um fármaco, desde que se saiba a concentração a ser atin- gida no equilíbrio. 𝐶𝑙 𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑚𝑖𝑐𝑜 = 𝐶𝑙 𝑟𝑒𝑛𝑎𝑙 + 𝐶𝑙 ℎ𝑒𝑝á𝑡𝑖𝑐𝑜 + 𝐶𝑙 𝑜𝑢𝑡𝑟𝑜 ⇨ Cinética de primeira ordem: valor de depuração constante com função praticamente linear porque enzimas e transpor- tadores não são saturados. x ↑concentração ↑taxa de eliminação. x ↑tx de administação ↑tx de eliminação/depuração. 𝐶𝑙 = 𝑡𝑥 𝑑𝑒 𝑒𝑙𝑖𝑚𝑖𝑛𝑎çã𝑜 𝐶 á × 𝐹 (𝑚𝐿/𝑚𝑖𝑛/𝐾𝑔) ⇨ Cinética (quase) de ordem zero: quantidade constante do fármaco é eliminada porque os mecanismos de eliminação estão saturados. x Fórmula desconsiderada x Fármacos saturáveis: etanol, altas doses de fenitoína. ⇨ Depuração hepática: fármacos depurados de maneira efi- ciente pelo fígado tem suas taxas de eliminação limitadas pela Latência: tempo que decorre entre o momento da adminis- tração e o início do efeito, influenciado por velocidade de absorção distribuição, localização no sítio-alvo e eliminação (indiretamente). Pico de efeito: concentração máxima e resultante do ba- lanço entre processos que levam o fármaco ao sítio de ação e os que de lá o retiram. Duração de efeito: depende da velocidade dos processos de eliminação (as vezes de distribuição também). Beatriz Nogueira – Medicina UFSM, Turma 110 - 6 - capacidade de passarem do sangue ao fígado. Quando a capa- cidade de metabolizar um fármaco em relação a taxa de for- necimento dele é... x Grande, a depuração é igual ao fluxo sanguíneo; x Pequena, a depuração é proporcional à fração livre e à de- puração intrínseca. ⇨ Depuração renal: são fatores a serem considerados... x Filtração: depende do volume de líquido filtrado no glomérulo e da concentração do fármaco livre no plasma; x Secreção: depende da depuração intrínseca do fármaco pelos transportadores; x Reabsorção para o sangue; x Fluxo sanguíneo glomerular. VOLUME DE DISTRIBUIÇÃO Quantifica a extensão da distribuição além do plasma, sendo o volume no qual o fármaco deve se dissolver para que sua con- centração se iguale a do plasma. x Considera o corpo um compartimento único e homogêneo. x Usado para cálculo de doses e intervalos de dose. x Geralmente ↑Volume = ↑Dose de ataque. 𝑉𝑑 = 𝑑𝑜𝑠𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑝𝑙𝑎𝑠𝑚á𝑡𝑖𝑐𝑎 𝐿/𝐾𝑔 ⇨ Volume aparente de distribuição (VAD): quando não repre- senta um conceito anatômico, mas puramente matemático; normalmente quando o Vd resulta em números irreais. ⇨ Taxas de distribuição: x 𝑉𝑑 í = 𝑉𝑑 + 𝑉𝑑 é x Considerar modelo de dois compartimentos: o fármaco se distribui mais rapidamente para o c. central e depois para o c. periférico de modo log-linear de constante k. CONCENTRAÇÃO NO EQUILÍBRIO x Eliminação = taxa de disponibilidade, sendo o fármaco admi- nistrado a uma taxa constante ou em intervalos regulares. x Concentração média no equilíbrio: intervalo entre doses. 𝐶 = 𝐹 × 𝑓𝑟𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑜𝑠𝑒𝑠 𝐶𝑙 MEIA-VIDA Tempo (t½) necessário para que a concentração plasmática de fármaco seja reduzida à metade. x 4 t½ para alcançar a concentração de equilíbrio x 6 t½ para eliminação total. x Depende do Clearance e do Volume de distribuição. ⇨ Farmacocinética de primeira ordem: eliminação em propor- ção constante, sendo proporcional à concentração. x Maior aplicação matemática. ⇨ Farmacocinética de ordem zero: eliminação em quantidade constante, sendo proporcional a dose. x ↑concentração no plasma ↑meia-vida. x Pode ocorrer por dependência da saturação dos mecanis- mos de eliminação quando os fármacos são eliminados por biotransformação → p. ex. enzimas hepáticas. ⇨ Meia vida terminal: t½ prolongado pela difusão do acumulado no compartimento periférico ao fim de uma infusão/adminis- tração regular e sua subsequente depuração. x Nem todos os fármacos têm t½ terminal Beatriz Nogueira – Medicina UFSM, Turma 110 - 7 - JANELA TERAPÊUTICA Variação das concentrações capazes de assegurar a eficácia do produto sem os efeitostóxicos inaceitáveis → esquema posológico deve ser planejado para isso. x Limite inferior: concentração do fármaco que produz me- tade do maior efeito terapêutico possível. x Limite superior: concentração do fármaco que produz efeito tóxico em 5-10% dos pacientes. x Índice terapêutico: DT50/DL50 → quantificação da janela terapêutica em um único número de segurança relativa para dada população. ↑IT: janela grande/larga; ↓IT: janela pequena/estreita x DL50: dose de fármaco capaz de induzir letalidade em 50% dos indivíduos. x DT50: dose de fármaco capaz de gerar efeito terapêutico em 50% dos indivíduos. x Posologia limitada pela toxicidade, e não pela eficácia. ⇨ Efeitos da alteração da absorção, eliminação e posologia e o perfil temporal de uma dose único administrada por via oral: DOSE DE MANUTENÇÃO Ajustes da frequência de administração do fármaco dentro da janela terapêutica para manter a concentração de equilíbrio necessária. x Infusão contínua ou doses repetidas. x Intervalo normalmente é menor que o t½. x Concentração alvo = concentração terapêutica x Frequência de doses = taxa de dosagem x Mesma equação. 𝑓𝑟𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑜𝑠𝑒𝑠 = 𝐶 × 𝐶𝑙 𝐹 EXEMPLO: Um paciente pós-operatório requer analgesia de uma droga que possui os seguintes parâmetros: x t½ = 12h x Cl = 0,08L/min x Vd = 60L Sabendo que se pretende atingir a concentração terapêutica de 8μg/mL após injeção IV a cada 4h, calcule a dose a ser administrada. Cl = 0,08L/min = 80mL/min 4h = 240min 𝑓𝑟𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑜𝑠𝑒𝑠 = 𝐶 × 𝐶𝑙 𝑑𝑜𝑠𝑒 = 𝐶 × 𝐶𝑙 × 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑜𝑠𝑒 = 8 × 80 × 240 𝑑𝑜𝑠𝑒 = 153600μg = 153,6mg DOSE DE ATAQUE Uma ou várias doses administradas no início do tratamento com o objetivo de alcançar rapidamente a concentração-alvo. AJUSTES DE DOSAGEM Alteração do clearance: doença renal ou diminuição do débito cardíaco alteram o clearance de drogas dependes da função renal. 𝑑𝑜𝑠𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑡𝑎 = 𝑑𝑜𝑠𝑒 𝑛𝑜𝑟𝑚𝑎𝑙 × 𝐶𝑙 𝑑𝑎 𝑐𝑟𝑒𝑎𝑡𝑖𝑛𝑖𝑛𝑎 100𝑚𝐿/𝑚𝑖𝑛 x No qual 100 mL/min é o clearance normal na creatinina. Beatriz Nogueira – Medicina UFSM, Turma 110 - 8 - Efeitos bioquímicos e fisiológicos dos fármacos e seus meca- nismos de ação. x “O que o fármaco faz conosco” x Receptores: macromolécula ou o complexo macromolecular da célula com o qual o fármaco interage para desencadear uma reação celular ou sistêmica. Há exceções, como os sistemas de tamponamento utili- zados contra efeitos de pirose → leite de magnésio, bicarbonato. x Aceptores: compostos que não causam diretamente qual- quer reação bioquímica ou fisiológica, mas podem alterar a farmacocinética das ações de um fármaco → albumina sérica. x Receptores que alteram as concentrações dos ligantes en- dógenos (neurotransmissores, hormônios etc.); x Receptores de fármacos associados aos processos extra- celulares (trombose, inflamação, reações imunes etc.); x Receptores utilizados por agentes anti-infecciosos (proteí- nas microbianas); x Receptores que regulam o equilíbrio iônico (bombas etc.). ⇨ Famílias estruturais e funcionais de receptores: x Receptores acoplados à proteína G ou Receptores com 7 domínios transmembrana (DMT) ou GPCR; x Canais iônicos; x Receptores transmembrana ligados a enzimas intracelula- res; x Receptores que estimulam a síntese de GMPc; x Receptores hormonais e fatores de transcrição nucleares. GPCR Ligação ao receptor ativa a proteína G ligada. ⇨ Família da rodopsina: o maior grupo. x Receptores para a maioria dos neurotransmissores amina- dos, muitos neuropeptídeos, purinas, prostanoides, canabi- noides etc. x Cauda extracelular (N terminal) curta. O ligante liga-se a hé- lices transmembrana (aminas) ou a alças extracelulares (peptídeos) ⇨ Família dos receptores de secretina/glucagon x Receptores para hormônios peptídicos, incluindo secretina, glucagon, calcitonina. x Cauda extracelular intermediária incorporando o domínio de ligação ao ligante ⇨ Família do receptor metabotrópico de glutamato/sensor de cálcio: grupo pequeno. x Receptores metabotrópicos de glutamato, receptores GA- BAB, receptores sensíveis ao Ca²+ x Cauda extracelular longa incorporando o domínio de ligação ao ligante. ⇨ Proteína G x Gs → ativa AC → aumenta AMPc x Gi → inibe AC → diminui AMPc x Gq → ativa PLC → aumenta IP3 → aumenta Ca²+ intra- celular. x G12/13 → ativa Rho → ativa Rho quinase CANAIS IÔNICOS x Cerca de 232 canais iônicos diferentes x Resposta em mseg Agonistas de receptores 7DMT induzem internalização de receptores, processo que envolve fosforilação do receptor pela GRK e ligação da β-arrestina. Beatriz Nogueira – Medicina UFSM, Turma 110 - 9 - ⇨ Canais regulados por voltagem x Na+: despolariza a membrana do repouso para +20mV → alvo de anestésicos locais e anti-arrítmicos. x Ca²+: modificam a forma e a duração de um potencial de ação iniciado pelos canais de Na+ → liberação de neuro- transmissores, controle da frequência cardíaca, regulação do tônus vascular da mm. lisa. x K+: regulação do potencial de membrana em repouso e hi- perpolarização (-90mV). x Cl- ⇨ Canais regulados por ligante: os principais são x Receptor nicotínico de ACh: gânglios autonômicos e junção neuromuscular; x Canais GABA; x HCN: despolarização lenta da fase 4 dos potenciais de ação das células dos nós sinoatrial e atrioventricular com K+; x Ca²+ sensível ao IP3. RECEPTORES TRANSMEMBRANA LIGADOS A ENZIMAS INTRA- CELULARES ⇨ Receptores tirosino-quinase: hormônios (p. ex. insulina), fa- tores de crescimento (p. ex EGF) e efrinas. x Fosforilação ativa proteínas. x Resposta de min a horas (quando induz transcrição). x Mecanismo Ras-MAPK ⇨ Receptor Jak-STAT: receptor não tem atividade enzimática. x Jak: tirosina quinase intracelular que fosforila proteínas... x STAT: regula a transcrição nuclear. RECEPTORES QUE ESTIMULAM A SÍNTESE DE GMPc ⇨ Receptor de peptídeo natriurético: GC ativado por ligante NPR-A (ANP e BNP) e NPR-B (CNP). x ANP: secretado dos grânulos de armazenamento atriais de- pois da expansão do volume intravascular ou da estimulação por hormônios vasopressores; x BNP: sintetizado e secretado em grandes quantidades pelos tecidos ventriculares em resposta à sobrecarga de volume; x CNP: sintetizado no cérebro e nas células endoteliais. x Principais efeitos: reduzir a pressão arterial (ANP e BNP), atenuar a hipertrofia e a fibrose cardíacas (BNP) e esti- mular o crescimento dos ossos longos (CNP). ⇨ NOS e sGC: ligação Ca²+/calmodulina → ativação da NO- sintase n → produção de NO → GC solúvel produz GMPc → PKG → fosfatase da cadeia leve da miosina → vasodilatação. x Inibição da liberação de Ca²+ das reservas intracelulares mediada por IP3; x Fosforilação dos canais de Ca²+ dependentes de voltagem; x Modulação da bomba de Ca²+ sarcoplasmática; x Abertura de canais de K+ forçando hiperpolarização e fe- chamento de canais Ca²+. Beatriz Nogueira – Medicina UFSM, Turma 110 - 10 - RECEPTORES HORMONAIS E FATORES DE TRANSCRIÇÃO NU- CLEARES x Receptores de hormônios esteroides circulantes e deter- minados ácidos graxos, ácidos biliares, lipídeos e metabólitos lipídicos. x Substância lipofílica atravessa a membrana e o complexo ligante-receptor induz resposta na região promotora do gene → transcrição gênica. x Resposta em horas. LIGANTES ORTOSTÉRICOS Ligam-se no mesmo sítio de ligação do agonista (ortostérico). ⇨ Agonistas ortostéricos: no mesmo sítio. Antigamente cha- mados de agonistas primários. x Agonista total: capacidade de efeito máxima. x Agonista parcial: capacidade de efeito inferior. Pode com- petir com um agonista pleno inibindo a resposta até um nível finito. ⇨ Antagonistas: bloqueiam ou reduzem a ação de um agonista. x Antagonista competitivo: competem pelo mesmo sítio do agonista em uma ligação reversível ou irreversível → re- duza potência do agonista. x Antagonista não competitivo: pode se ligar simultaneamente ao agonista de forma destrutiva ou inativadora. Antiga- mente chamado de antagonista alostérico → reduz a efi- cácia do agonista. x Antagonismo indireto: bloqueia a cadeia de eventos entre a ocupação dos receptores e a produção do efeito de modo irreversível. x Agonista inverso: ocupa o sítio ortostático de modo a pro- duzir um efeito oposto do agonista, diferente da ocupação neutra de um antagonista comum → reduz a eficácia do agonista. LIGANTES ALOSTÉRICOS Ligam-se a um sítio de ligação diferente do agonista (alostérico) ⇨ Agonistas alostéricos: simulam os efeitos dos compostos sinalizadores endógenos em um sítio diferente. x Agonista total: mesma capacidade de efeito. x Agonista parcial: capacidade de efeito inferior. ⇨ Moduladores alostéricos: modifica a ação de um agonista ortostérico, um ativador endógeno ou um antagonista. A administração crônica de um fármaco pode causar hipor- regução dos receptores, dessensibilização da resposta, to- lerância completa (tafilaxia), resistência ao fármaco etc. Beatriz Nogueira – Medicina UFSM, Turma 110 - 11 - x Positivos: aumenta a ação (afinidade e/ou eficácia); x Negativos: diminui a ação (afinidade e/ou eficácia). x Afinidade: força da interação reversível entre o fármaco (L) e seu receptor (R) definida pela estrutura da substância. MODELO DOS DOIS ESTADOS Receptores coexistem em dois estados no equilíbrio: inativo (re- pouso) e ativo. ⇨ Estado inativo: conformação que não ativa os mecanismos pós-receptor. x Ligação do agonista inverso induz inativação. x Quando não há ligantes, o equilíbrio desloca pra cá. ⇨ Estado ativo: ativa os mecanismos pós-receptor, portanto induz resposta. x Ligação do agonista induz ativação. ⇨ O antagonista apenas ocupa o lugar de ligação, não induzindo mudança. Seu efeito só é visível na presença de um agonista! CONSTANTE DE DISSOCIAÇÃO EM EQUILÍBRIO Descrita pela razão entre as constantes de associação (k-1) e dissociação (k+1) de um fármaco a seu receptor. 𝐾 = [𝐿][𝑅] [𝐿𝑅] = 𝑘 𝑘 x ↑Afinidade ↓Keq → fármaco liga-se a vários receptores mesmo em uma concentração baixa. x ↓Afinidade ↑Keq → fármaco liga-se a poucos receptores mesmo em uma concentração alta. OCUPAÇÃO PERCENTUAL DOS RECEPTORES 𝑓 = [𝐿] 𝐾 + [𝐿] x CE50: concentração que produz metade do efeito máximo, ou seja, ocupa apenas 50% dos receptores 𝑓 = 0,5 → [𝐿] = 𝐾 POTÊNCIA X EFICÁCIA x Potência: determinada pela comparação da EC50 → con- centração em que o fármaco produz 50% da resposta máxima. x Eficácia: Emáx → resposta máxima produzida pelo fármaco. Beatriz Nogueira – Medicina UFSM, Turma 110 - 12 - Usados para facilitar a intubação endotraqueal e relaxar a mus- culatura esquelética durante cirurgias, interferindo na placa motora sem ação central pela presença de um ou dois nitro- gênios quaternários (tornando-os pouco lipossolúveis). RECEPTORES NICOTÍNICOS nAChR Canais iônicos controlados por ligante (ACh) cuja ativação sem- pre causa um rápido aumento da permeabilidade celular ao Na+ e ao Ca²+, despolarização e excitação. Medeia a neurotrans- missão pós-sináptica na junção neuromuscular, estruturas pré e perissinápticas (auto ou heterorreceptores) e pós-sinápticas no SNC. ⇨ Estrutura: pentâmeros compostos por quatro subunidades (α, β, γ, δ). x Altamente permeável a Na+ e K+ x Subunidades que formam o sítio ortostático (ponto verme- lho) definem a especificidade do ligante. x Receptor Nm: nicotínico-muscular (JNM)* x Receptor Nn: nicotínico-neuronal → Gânglios simpáticos e parassimpáticos: (α3)2(β2)3* → Encéfalo: (α4)2(β2)3 (dopamina) ou (α7)5 (glutamato). * Atuação da nicotina x Impedem o acesso da acetilcolina ao receptor, logo impedem a despolarização. x Inibidores da colinesterase antagonizam o bloqueio. x D-tubocurarina, gantacúrio, rocurônio, vecurônio, pancurô- nio etc. FARMACOCINÉTICA Todos os fármacos bloqueadores neuromusculares são com- postos muito polares e inativos por via oral, sendo necessário administração parenteral. x Distribuição: rápida, com Vd similar ao volume sanguíneo. x Eliminação: lenta x Metabolismo renal: meia-vida maior com maior duração (>35min) → doxacúrio, pancurônio*, d-tubocurarina. x Metabolismo hepático: meia-vida menor com menor dura- ção → bile → esteroides*: vecurônio, rocurônio x Metabolismo enzimático: AchE plasmática → mivacúrio x Eliminação de Hofmann: degradação espontânea → atra- cúrio, cisatracúrio. ⇨ Atracúrio: x Degradação gera laudanosina, sem propriedade bloqueadora neuromuscular, porém atravessa a barreira hematoence- fálica e pode causar convulsões quando em altas concen- trações por ligação a receptores GABA. x Cisatracúrio: isômero que depende menos da inativação he- pática, produz menos laudanosina e tem menor tendência de liberação de histamina. Substituiu o atracúrio. DINÂMICA DE AÇÃO x Ligação do antagonista bloqueia competitivamente a ligação da ACh, induzindo fraqueza motora até a paralisia flácida. x Músculos pequenos são mais suscetíveis que os maiores → o mais resistente é o diafragma. x Capacidade de recuperação inversa a da paralisia. x Resposta não duradoura a estímulo tetânico. x Bloqueio parcial: estimulação tetânica seguida de facilitação pós-tetânica (aumento na resposta de contração). x Neostigmina e suxametônio: efeito antagonista. x Recuperação: 30-60min. Beatriz Nogueira – Medicina UFSM, Turma 110 - 13 - x Excesso de agonista despolarizante gera bloqueio (não são chamados de bloqueadores) x Suxametônio/succinilcolina (agonista), altas doses de acetil- colina, nicotina. FARMACOCINÉTICA x Metabolismo enzimático: hidrólise pela butirilcolinesterase → baixos níveis de suxametônio entram na placa motora! Verificar possível deficiência de colinesterase plasmática. x Metabolismo hepático: pseudocolinesterse. x Meia-vida curta → bloqueio dura em média 10min. DINÂMICA DE AÇÃO x Despolariza a membrana de modo similar à ACh. x Mm. membros e pescoço são os primeiros a relaxar, segui- dos dos mm. respiratórios. ⇨ Bloqueio de fase I: despolarizante. x Período de excitação repetitiva (fasciculações) seguida de paralisia flácida. x Canais de Na+ perijuncionais se fecham e não reabrem en- quanto a placa terminal não se repolariza, isolando o resto do músculo da atividade na placa motora e impedindo impul- sos subsequentes. x Despolarização prolongada pela maior resistência a AChE → administrar inibidores da AchE aumenta o bloqueio. x Administrar suxametônio aumenta o bloqueio. x Resposta a estímulo tetânico é duradoura. x Recuperação rápida: 4-8min. x Tubocurarina age como antagonista. x Neostigmina têm efeito aumentado. ⇨ Bloqueio fase II: dessensibilizante não despolarizante x Há repolarização da placa motora para -80mV com canais de Ca²+ pontos pra abrir, mas o estado de dessensibilização não permite despolarização com facilidade; x Atua como curare e impede que o Na+ entre → K+ que entra é suficiente para repolarização. x Recuperação mais demorada: >20min; x Trens de estimulação elétrica diminuem o bloqueio; x Inibidores da AchE revertem ou antagonizam o bloqueio; x Administrar tubocurarina ou suxametônio aumenta o efeito. x Neostigmina atua como antagonista. Estimulação tetânica na monitorização do relaxamento: rápida aplicação de estímulos elétricos a um nervo periférico. Libera grandes quantidades de acetilcolina, seguida de facilitação pós- tetânica transitória da força de contração. x Trem de quatro (SDQ): quatro estímulos em 2Hz. x Razão SDQ (SDQ-R): força da quarta contração em relação a primeira. x Padrão de surto duplo: três estímulos em 50Hz seguidos de 700ms de repouso e repetição do processo. x Padrão de potencialização pós-tetânica: estímulo em 50Hz de vários segundos seguido de repouso e vários estímulos isoladosa uma taxa lenta. * Primeira contração pós-tetânica. ** Contagem pós-tetânica (CPT): número de contrações pós- tetânicas detectáveis x 4 contrações: 0-75% dos receptores nicotínicos bloq. x 3 contrações: >75% dos receptores nicotínicos bloq. x 2 contrações: ~80% dos receptores nicotínicos bloq. x 1 contração: ~90% dos receptores nicotínicos bloq. x 0 contrações: 100% dos receptores nicotínicos bloq. Beatriz Nogueira – Medicina UFSM, Turma 110 - 14 - x Hipotensor devido a liberação de histamina → mivacúrio e tubocurarina. x Autonômico (bloqueio leve) quando em doses maiores → metocurina e tubocurarina. x Taquicardia por bloqueio de receptores muscarínicos, prin- cipalmente por ação vagolítica → pancurônio. x Broncoconstrição por bloqueio M2 pré-sináptico → rapa- curônio. x Broncoespasmo* pela liberação de histamina → mivacúrio e tubocurarina. * A inserção de tubo endotraqueal é a causa mais comum de broncoespasmo após a indução da anestesia geral. x Convulsivante por geração de leudanosina → atracúrio. ⇨ Succinilcolina: estimulação muscarínica e ganglionar x Inotropismo e cronotropismo negativos → atenuados com administração de agente anticolinérgico (atropina). x Inotropismo e cronotropismo positivos com grandes doses. x Hiperpotassemia em grandes queimados, lesão nervosa ou doença neuromuscular (idosos, miastenia grave), traumatis- mos → pode gerar parada. x Aumento da pressão intraocular com máximo em 2-4min após a administração, desaparecendo em 5min. x Aumento da pressão intragástrica em pacientes com massa muscular muito desenvolvida, esvaziamento gástrico tardio (diabetes), disfunção esofágica ou obesidade mórbida → maior risco de regurgitação e aspiração do conteúdo. x Mialgias (dor muscular), comuns a pacientes com massa muscular bem desenvolvida ou que receberam altas doses. x Hipertermia maligna (antídoto: dantroleno). ⇨ Anestésicos inalatórios voláteis: isoflurano, sevoflurano, ha- lotano e óxido nitroso potencializam bloqueio de não despolari- zantes via dose dependente por causar... x Depressão do sistema nervoso em locais próximos a junção neuromuscular. x Aumento do fluxo sanguíneo muscular. x Diminuição da sensibilidade da membrana pós-juncional à despolarização. x Hipertremia maligna: rara interação com suxametônio que causa liberação anormal de cálcio. ⇨ Antibióticos: aminoglicosídeos aumentam o bloqueio por di- minuírem a liberação de Ach através do bloqueio de canais de cálcio tipo P pré-juncionais. x Mecanismo semelhante a administração de magnésio. ⇨ Anestésicos locais e antiarrítmicos: em grandes doses e bloqueadores de canais de sódio (quinidina), respectivamente. x Bloqueio dos canais iônicos dos receptores nicotínicos blo- queiam a contração muscular induzida pela Ach. x Doses para tratamento de arritmia cardíaca têm pouco significado clínico aqui. ⇨ Lítio: aumenta o tempo de bloqueio neuromuscular. Beatriz Nogueira – Medicina UFSM, Turma 110 - 15 - Sistema nervoso: eferente + aferente. x Aferente: dor, reflexos viscerais. x Eferente: autônomo + somático. Autônomo: simpático + parassimpático. Somático: funções conscientes. x Fibras eferentes pré-ganglionares se originam dentro do SNC e normalmente terminam em gânglios. x Fibras aferentes saem da periferia para os centros inte- gradores – plexos entéricos, gânglios autonômicos, SNC – e terminam no hipotálamo ou no bulbo, evocando atividade motora reflexa. FIBRAS PRÉ-GANGLIONARES ⇨ Simpático: nervos espinais tóraco-lombares e axônios ven- trais → gânglios simpáticos/paravertebrais (maioria curta), pré-vertebrais (longos) ou terminais. ⇨ Parassimpático: nervos cranianos mesencefálicos (III) e bul- bares (VII, IX e X) e nervos espinais sacrais (S2 a S4) → gân- glios parassimpáticos ou células ganglionares difusas/em redes. FIBRAS PÓS-GANGLIONARES ⇨ Simpático: x Paravertebrais: tórax, abdome e cabeça/pescoço (cadeia simpática cervical e seus três gânglios). x Pré-vertebrais: glândulas (suprarrenal como gânglio com células pós-ganglionares) e mm lisa abdominal e pélvica. x Terminais: plexos cardíaco, esofágico e pulmonar. ⇨ Parassimpático: Núcleo pré Fibra pré Gânglio Alvo Edinger Westphal Oculomotor (III) Ciliar Mm ciliar e circular da íris Salivatório superior Facial (VII) Ptérigo-pala- tino Gls lacrimais + mucosas nasais e palatais Submandibular Gls salivares + mucosas orais Salivatório inferior Glossofaríngeo (IX) Ótico Parótida e mucosas orais Dorsal e ventral do vago Vago (X) Gânglios pa- rassimpáticos e plexos intramu- rais Mm lisa e gls das vísceras torácicas e abdominais + mm estriada da faringe, la- ringe e esôfago + mm es- triada cardíaca S2 a S4 Esplâncnicos pélvicos Plexo pélvico Colos transverso e descen- dente + vísceras pélvicas São aspectos chave para a terapia farmacológica sobre os neurotransmissores... x Síntese; x Armazenamento; x Liberação; x Término de ação; x Efeitos receptores. O sistema nervoso entérico funciona de modo semiautô- nomo, utilizando o SNA para modulação da atividade GI e enviando informações sensoriais de volta para o SNC. Beatriz Nogueira – Medicina UFSM, Turma 110 - 16 - ⇨ Fibras colinérgicas: todas as autonômicas eferentes (pré- ganglionares) + motoras somáticas da mm. esquelética + mai- oria das parassimpáticas pós-ganglionares + algumas das sim- páticas pós-ganglionares. x Acetilcolina (ACh) x Receptores colinérgicos (AChR): nicotínicos neuronais (Nn) e musculares esqueléticos (Nm), muscarínicos (M) nos órgãos. ⇨ Fibras adrenérgicas: maioria das simpáticas pós-gangliona- res + medula suprarrenal. x Catecolaminas: noradrenalina, adrenalina e dopamina. x Receptores adrenérgicos: α e β → proteína G ⤷ Colinérgicos = azul; ⤷ Adrenérgicos = vermelho ⇨ Etapas da neurotransmissão: x Condução axonal: passagem de impulso elétrico ao longo do axônio ou de uma fibra muscular; x Transmissão juncional: passagem de impulso por uma junção sináptica ou neuroefetora por... Armazenamento e liberação do neurotransmissor; Interação do transmissor com receptores pós-juncio- nais e produção de um potencial pós-juncional; Iniciação da atividade pós-juncional; Destruição ou dissipação do transmissor; Funções não-eletrogênicas. NEUROTRANSMISSORES Substância Funções Acetilcolina (ACh) Transmissor primário nos gânglios do SNA, na junção neuromuscular somática, nas terminações nervosas pós-ganglionares parassimpáticas e no SNE (mm. lisas e células secretoras).. Trifosfato de Adenosina (ATP) Atua como transmissor ou cotransmissor em muitas sinapses efetoras do SNA Peptídeo relacionado com o gene da calcito- nina (CGPR) Estimulante cardíaco encontrado com a substân- cia P em muitas fibras nervosas sensoriais car- diovasculares e presente em alguns neurônios secretomotores e interneurônios no SNE. Dopamina Transmissor modulador em alguns gânglios e no SNE. Possivelmente um transmissor simpático pós-ganglionar em vasos sanguíneos renais e al- gumas fibras simpáticas periféricas. Neuropeptídeo Y (NPY) Encontrado em muitos neurônios noradrenérgi- cos, alguns neurônios secretomotores no SNC e cotransmissor em alguns neurônios pós-ganglio- nares parassimpáticos, causando vasoconstrição de longa duração. Óxido nítrico (NO) Sintetizado conforme demanda pela NOS, é um cotransmissor em junções inibidoras do SNE e outras junções neuromusculares, especialmente importante em esfíncteres. Nervos colinérgicos que inervam vasos sanguíneos parecem ativar a síntese de NO pelo endotélio vascular. Norepinefrina (NE) Transmissor primário na maioria das terminações nervosas pós-ganglionares simpáticas Serotonina (5-HT) Atua como transmissor ou cotransmissor impor- tante em junções excitatórias neurônio a neurô- nio no SNE Substância P e taquici- ninas relacionadas Transmissorde neurônio sensorial importante no SNE e em outros locais. As taquicininas parecem ser cotransmissores excitatórios com ACh em junções neuromusculares do SNE. É encontrada com CGRP em neurônios sensoriais cardiovascu- lares. A substância P é um vasodilatador (prova- velmente pela liberação de NO) Peptídeo intestinal vaso- ativo (VIP) Provável cotransmissor em muitos neurônios co- linérgicos. É vasodilatador (encontrado em neu- rônios perivasculares) e estimulante cardíaco Apenas a transmissão simpática, com exceção às glândulas sudoríparas, é colinérgica-adrenérgica pré e pós ganglionar, respectivamente. Beatriz Nogueira – Medicina UFSM, Turma 110 - 17 - 1. Síntese citoplasmática pela colina acetiltransferase (ChAT) a partir de acetil-CoA, sintetizada em mitocôndrias, e colina → processo rápido. 2. Colina (obtida na dieta) é recaptada do líquido extracelular pelo transportador de colina dependente de Na+ → pro- cesso bloqueado por hemicolínios. 3. ACh sintetizada é transportada para as vesículas por um transportador associado à vesícula (VAT) → processo blo- queado por vesamicol. 4. ACh vesicular é ligada ao proteoglicano vesicular (VPG). 5. Influxo de Ca²+ com a chegada de um potencial de ação e ligação do íon com a VAMP sinaptotagmina na vesícula. 6. Fusão da vesícula pela interação de proteínas VAMP (v- SNARE, especialmente a sinaptobrevina) com proteínas SNAP (t-SNARE, especialmente a sintaxina e a SNAP-25) na parte interna da membrana celular. 7. Liberação da ACh do proteoglicano e expulsão exocítica (vá- rios cotransmissores são liberados ao mesmo tempo) → processo bloqueado pela toxina botulínica na VAMP 8. Degradação da ACh pela acetilcolinesterase (AChE) em co- lina e acetato → meia-vida muito curta (fração de seg). RECEPTORES MUSCARÍNICOS (mAChR) x Cinco subtipos de receptores GPCR* presentes pratica- mente em todos os órgãos, tecidos e tipos celulares. * Sete domínios transmembrana cuja terceira alça cito- plasmática é acoplada a proteínas G x Medeiam as ações da ACh em órgãos e tecidos inervados por nervos parassimpáticos, podendo estar presentes também em locais de baixa inervação destes (ex. vasos sg). ⇨ Localização: x M1: neurônios do SNC, neurônios pós-ganglionares simpáti- cos (glândulas), alguns sítios pré-sinápticos (gânglios). Beatriz Nogueira – Medicina UFSM, Turma 110 - 18 - x M2: amplamente expresso no SNC, miocárdio, mm. lisos, al- guns sítios pré-sinápticos. x M3: amplamente expresso no SNC (mais que os outros), glândulas exócrinas, vasos (m. liso e endotélio), coração. x M4: neurônios do SNC. x M5: área tegumentar ventral, substância negra (endotélio). ⇨ Ação M1, M3 e M5 x Proteína Gq → PLC → IP3 e DAG → ativação de PKC e enzimas sensíveis ao Ca²+ → contração x M3 e M5 ativam canais de Ca²+ tipo T no tálamo → des- polarização favorece crises epiléticas. ⇨ Ação M2 e M4 x Proteína Gi → inibe AC → diminui AMPc x Complexo βγ inibe canais de Ca²+ dependentes de voltagem e ativa canais de influxo retificador de K+ → hiperpolari- zação. ⇨ Fosforilação do mAChR: capacidade de interação com pro- teínas adaptadoras, como a β-arrestina. Promove acúmulo de ACh → estimulação do sistema paras- simpático e paralisia flácida na junção neuromuscular. x Agentes de ação indireta. ESTRUTURA ⇨ Álcoois simples com amônio quaternário: x Edrofônio: inibidor reversível. ⇨ Carbamatos: ésteres de ác. carbâmico + álcoois com amônio. x Fisiostigmina, neostigmina, piridostigmina, rivastigmina. x Mais seletivos contra insetos: carbaril, aldicard. ⇨ Organofosforados: derivados do ác. fosfórico. x Ecotiofato: derivado da tiocolina, sendo hidrofílico*. x Tiofosfatos: malationa (anti-moscas), parationa (pesticida). x Gases usados em guerra química: sarin, soman, tabun. FARMACOCINÉTICA x Absorção de organofosforados: completa (lipofílicos*) → grande capacidade de acumulação, porém t½ limitado x Absorção de iAChEs com amina quaternária: pequena (inso- lúveis em lipídeos), sendo necessárias doses maiores em administração oral que em parenteral. → Fisiostigmina possui boa absorção. FARMACODINÂMICA Inibição da acetilcolinesterase de forma... x Não covalente (2-10min), com ligações eletrostáticas e de hidrogênio a álcoois quaternários; x Reversível (30min-6h), com ligações covalentes ao subpro- duto da hidrólise do carbamato; x Pseudo-irreversível, com ligação covalente muito estável do sítio ativo fosforilado ao subproduto da hidrólise do organo- fosforado → envelhecimento da enzima. ⇨ Envelhecimento da enzima: quebra de uma das ligações oxi- gênio-fósforo do inibidor fortalece ainda mais a ligação fós- foro-enzima. x Velocidade varia de acordo com o composto. x Regeneradores de colinesterase (nucleófilos fortes) podem reverter antes do envelhecimento → pralidoxina. USO E EFEITOS ⇨ Miastenia gravis: produção de anticorpos contra recep- tores nicotínicos. Tratamento aumenta a quantidade de ACh, resultando em melhor força de contração. x Edrofônio: duração 5-15min x Neostigmina (modesta ação em nAChR): duração 0,5-4h x Piridostigmina: duração 4-6h ⇨ Glaucoma de ângulo agudo x Pilocarpina (45min-1,5h) + Fisostigmina (0,5-2h) x Ecotiofato: duração 100h. ⇨ SNC: lipofílicos x Baixa dose: ativação difusa no EEG e alerta subjetivo. x Alta dose: convulsões generalizadas, coma, parada. x Fisiostigmina com boa distribuição. x Tratamento de Alzheimer: rivastigmina, tacrina, donepezila. ⇨ Sistema cardiovascular: x Coração: parassimpatomimético; x Vasos: vasoconstrição pelos gânglios simpáticos. Beatriz Nogueira – Medicina UFSM, Turma 110 - 19 - INTOXICAÇÃO COM iAChE x Salivação extrema, lacrimejamento, sudorese; x Defecação e micção involuntária; x Ereção peniana; x Bradicardia e hipotensão (bloqueio ganglionar); x Crises convulsivas. ⇨ Como proceder: 1. Interrupção da exposição ao agente → uso de máscara, remoção de roupas, lavar a pele contaminada, lavagem gás- trica; 2. Manutenção da via aérea; 3. Ventilação mecânica e administração de O2; 4. Interrupção de convulsão com BDZ (diazepam 5-10mg IV); 5. Tratamento de choque: x Atropina (antagonista muscarínico) 2-4mg IV ou 2mg IM por 5-10min até o desaparecimento dos sintomas, man- tendo o bloqueio muscarínico por 48h. x Pralidoxima 1-2g IV em ao menos 5min de infusão con- tínua com início precoce devido ao envelhecimento. Agentes que imitam a ACh, sendo... x Ésteres de colina: ACh, metacolina, carbacol, betanecol; x Alcaloides (aminas terciárias): pilocarpina, nicotina, lobelina; x Aminas quaternárias: cevimelina, muscarina e arecolina. x Efeitos parasimpatomiméticos por agirem sobre os recep- tores de células efetoras, não naqueles dos gânglios. x Modulação dos efeitos do simpático e do parassimpático e, talvez, de sistemas não adrenérgicos e não colinérgicos (NANC). FARMACOCINÉTICA DOS COLINOMIMÉTICOS x Hidrofílicos (sem ação central); x Pouco ativos por VO (inativação por hidrólise ácida); x Ésteres são mais resistentes a AChE que a ACh → doses menores produzem mesmo efeito e tem maior duração. x Excreção renal, com depuração acelerada na urina ácida. NICOTINA E LOBELINA x Afinidade maior por receptores Nn que Nm. x Efeitos sobre o tronco cerebral e o córtex. x Receptores nicotínicos pré-sinápticos → regulação da li- beração de glutamato, serotonina, GABA, DA e NE. ⇨ Exposição crônica à nicotina: duplo efeito x Ativação (despolarização): maior liberação de DA no sistema mesolímbico → leve ação de alerta e propriedade aditiva; x Dessensibilização posterior: aumento da ligação com ago- nista de alta afinidade → terapia de reposição de nicotina. ⇨ Efeito x Sistema cardiovascular: simpatomiméticos → hipertensão, taquicardia alternada com bradicardia (vagal); x Trato GI e GU: parassimpatomiméticos → náusea, vômito, diarreia, eliminação da urina; x Respostas medulares complexas: tremores,estimulação do centro respiratório; x Convulsões. ⇨ nAChR α7 x Células não neuronais do sistema imune (macrófagos etc.) redução da liberação de citocinas inflamatórias → via anti- inflamatória colinérgica. x Fármacos em desenvolvimento para a melhora da função cognitiva no tratamento da esquizofrenia. EFEITOS E USOS CLÍNICOS ⇨ Coração: M2. Usados para o tratamento de taquicardia su- praventricular devido aos efeitos... → Nicotina: líquido lipossolúvel; → Lobelina: semelhante à nicotina; → Muscarina (Amanita muscaria) : toxicidade e ação central Beatriz Nogueira – Medicina UFSM, Turma 110 - 20 - x Dromotrópico negativo (velocidade de condução no nó atri- oventricular) por hiperpolarização; x Cronotrópico negativo por ação no nodo SA → bradicardia; x Inotrópico negativo (força de contração) principalmente nos átrios pela diminuição do período refratário → hipotensão → ação simpática reflexa → liberação de NE. ⇨ Vasos sanguíneos x Doses baixas: vasodilatação (M3 do endotélio → NO) com taquicardia reflexa dos barorreceptores; x Doses altas ou endotélio lesado (arteriosclerose): vasocons- trição pela não produção de NO. x Pilocarpina: produz breve resposta hipotensiva seguida de hipertensão por ativação de receptores M1 pós-gangliona- res → potenciais excitatórios/despolarizantes lentos. ⇨ Trato respiratório: M3 na mm. lisa brônquica e da traqueia. x Broncoconstrição → estimulação reflexa de quimiorrecep- tores da carótida e dos corpos aórticos; x Aumento na secreção traqueobrônquica; ⇨ Trato urinário: Betanecol usado no tratamento de retenção urinária pelos efeitos de... x Contração do m. detrusor da bexiga por M3. Os M2 o fazem indiretamente ao reverter o relaxamento por β3; x Relaxamento do trígono e do esfíncter (M2). ⇨ Trato GI: Betanecol usado no tratamento de depressão da motilidade sem obstrução, íleo paralítico, megacólon congênito e esofagite de refluxo devido seus efeitos de... x Aumento do tônus e das secreções (M3), consequente- mente aumenta o peristaltismo; x Relaxamento dos esfíncteres (M2). ⇨ Efeitos secretores: M3 e M1 . x Lacrimais, nasofaríngeas, salivares, sudoríparas; x Cevimelina e Pilocarpina (folha de Pilocarpus ) são usados no tratamento de boca seca (Síndrome de Sjögren). ⇨ Olhos: M3. x Miose: contração do m. esfíncter da pupila; x Acomodação da visão para perto: contração do m. ciliar. - a n t i m u s c a r í n i c o s - Ésteres alcaloides de aminas terciárias do ác. trópico. x Naturais e derivados: atropina, escopolamina, homatropina, tropicamida, pirenzepina, diciclomina, benzatropina, butiles- copolamina (Buscopam) x Com amina quaternária: menor ação central → propante- lina, glicopirrolato, ipratróprio, tiotrópio, aclidínio, umeclidínio, darifenacina e soliferacina. ORIGEM x Atropina: Atropa beladonna (dama da noite), Datura stra- monium (estramônio, figueira brava). x Escopolamina: Hyosciamus niger (meimendro negro). FARMACOCINÉTICA x Absorção: boa*. x Distribuição: boa* (0,5-1h), principalmente a escopolamina. * Exceto com aminas quaternárias, que são lipossolúveis e apresentam carga. x Eliminação da atropina: fase rápida (t½ 2h) e lenta (13h). x Excreção: 60% da dose é excretada inalterada. FARMACODINÂMICA Bloqueio reversível dos receptores muscarínicos por ligação iô- nica com o nitrogênio, podendo ser... x Antagonistas: escopolamina, propantelina, benzatropina... x Agonistas inversos: atropina, pirenzepina, ipratrópio... x M1: pirenzepina, telenzepina, diciclomina (antiespasmódico intestinal), triexifenidil (antiparkinsoniano). x M2: galamina (bloq. Neuromuscular obsoleto), metoctramina. x M3: darifenacina, soliferacina, oxibutinina, tolerodina. Betanecol: administração VO 3-4x por dia, com pico plas- mático em 60-90min. É usado como pró-cinético do TGI e do TGU pelo baixo efeito cardiovascular. A administração parenteral exibe mais efeitos no TGU Os isômeros levógiros (-) da atropina e da escopolamina são pelo menos 100x mais potentes que os dextrógiros (+). A atropina não é seletiva dentre os tipos de mAChR Beatriz Nogueira – Medicina UFSM, Turma 110 - 21 - EFEITOS ⇨ SNC x Atropina: efeito sedativo lento e duradouro. x Escopolamina: maiores efeitos, como sonolência e amnésia. x Antiparkinsonianos: diminuir a hiperestimulação colinérgica por deficiência de atividade dopaminérgica no sistema es- triado dos gânglios basais. x Doses tóxicas: excitação, agitação, alucinações, coma. ⇨ Olho: atropina tópica x Midríase: relaxamento do m. constritor da pupila. x Cicloplegia: enfraquecimento da contração no m. ciliar → não consegue focar a visão para perto. x Redução da secreção lacrimal. x Os efeitos sobre a íris e o m. ciliar persistem por ≥72h ⇨ Coração x Bradicardia inicial por bloqueio de receptores pré-sinápticos M1, limitando a liberação de ACh. x Taquicardia por bloqueio da lentificação vagal. x Doses tóxicas: bloqueio de contração intraventricular. ⇨ Vasos sanguíneos: não recebem inervação parassimpática direta, exceto os das vísceras tóraco-abdominais. x Bloqueio da vasodilatação de aa. coronárias e do leito vas- cular da mm. esquelética. x Doses tóxicas: vasodilatação cutânea. ⇨ Sistema respiratório: usados antes da administração de anestésicos inalantes. x Broncodilatação → pouco efetivos no tratamento da asma e da DPOC → bloqueio inespecífico: M2 pós-ganglionares se opõem ao bloqueio M3 na mm. lisa respiratória. ⇨ Trato gastrintestinal: x Redução da motilidade intestinal: tônus e movimentos pro- pulsivos → antidiarréico. x Redução da salivação → boca seca. x Redução da secreção gástrica → pirenzepina e telenze- pina seletivos a M1 → menos efeitos colaterais. x Secreções pancreática e intestinal são pouco afetadas. ⇨ Trato genitourinário: alívio sintomático de inflamações x Micção lenta: relaxamento de ureteres e m. detrusor. x Retenção urinária em homens com hiperplasia prostática. x Sem efeitos uterinos. ⇨ Intoxicação potencialmente letal em crianças, causando apenas alterações comportamentais e arritmia em adultos Se uma pessoa receber altas doses de inibidor da enzima acetilcolinesterase, ela irá apresentar um quadro de reten- ção urinária, constipação, hipersecreção brônquica e bron- coconstrição (que poderá ser revertido com Atropina), mas ainda sim correrá alto risco de morte por bloqueio despola- rizante do músculo esquelético (sendo a paralisia do dia- fragma e dos músculos intercostais a mais letal). Beatriz Nogueira – Medicina UFSM, Turma 110 - 22 - Beatriz Nogueira – Medicina UFSM, Turma 110 - 23 - C A T E C O L A M I N A S E S I M I L A R E S Compostos que contém um núcleo catecol, dois grupamentos hidroxila e uma cadeia lateral contendo amina. x NE: maioria das fibras simpáticas pós-ganglionares; x Epi: principal hormônio da suprarrenal; x DA: várias vias mesocorticais e mesolímbicas, sistema ex- trapiramidal e algumas fibras simpáticas periféricas em si- tuações especiais (p. ex. estresse). FUNÇÃO x Fuga ou luta x Vasodilatação nos músculos: melhora a perfusão x Vasoconstrição da pele e vísceras para redirecionar o san- gue aos sistemas de interesse; x Estimulação cardíaca → efeito cronotrópico positivo; x Estimulação catabólica → favorecimento da glicólise, que- bra de triglicerídeos. x Estímulos pró-catabólicos → hormônios pró-anabólicos x Estímulo do SNC → inibição pré-sináptica das vias da dor (já no neurônio aferente primário ou nociceptor) e também analgesia opioide pela ação hipofisária (p. ex. β-endorfina). CLASSIFICAÇÃO x Estrutura determina afinidade por receptores. x Noradrenalina → α x Adrenalina x Dopamina → D, α e β x Isoprotenol → β SÍNTESE x Dopa: etapa limitante por ser transportada para a vesícula. x NE: síntese vesicular. x Epi: em grânulos (diferentes dos que contém NE) nas células cro- mafins damedula suprarrenal, com proporção de 80% no ór- gão (NE 20%). TRANSMISSÃO ADRENÉRGICA 1. Síntese de dopa → processo bloqueado pela metirosina. 2. Dopa é transportada para a vesícula pelo transportador vesicular de monoaminas (VMAT2) → também pode captar NE citoplasmático → bloqueado pela reserpina. 3. AACD converte dopa em dopamina (DA). 4. Dopamina-β-hidroxilase (DβH) converte DA em NE. 5. Influxo de Ca²+ com a chegada de um potencial de ação e ligação do íon com a VAMP na vesícula. 6. Fusão da vesícula pela interação de proteínas VAMP (v- SNARE) com proteínas SNAP (t-SNARE) na parte interna da membrana celular. 7. Liberação exocítica de NE, ATP e outros cotransmissores → processo bloqueado por guanetidina e bretílio. 8. Recaptação de NE e moléculas semelhantes para o cito- plasma pré-sináptico pelo transportador de norepinefrina (NET), definindo o término da atividade → bloqueado por cocaína e antidepressivos tricíclicos. 9. Difusão de NE para fora do sítio receptor, definindo o tér- mino da atividade. x Receptores adrenérgicos: α e β → quando pré-sináticos, NE pode diminuir (α2) ou facilitar (β) a liberação. Beatriz Nogueira – Medicina UFSM, Turma 110 - 24 - ⇨ Transportadores das catecolaminas endógenas ⇨ Armazenamento vesicular: x Grandes de núcleo denso (grânulos cromafins): alta concen- tração de catecolaminas, ác. ascórbico, ATP, cromograni- nas, DβH, encefalina e NPY. x Pequenas de núcleo denso: NE, ATP e DβH. ⇨ ATP: x Entra na vesícula pelo cotransportador de sódio VNUT x Facilita o armazenamento de altas concentrações de cate- colaminas na vesícula. x Ativação de receptores P2X (iônicos) ou P2Y (GPCR) pós- sinápticos x Pode agir em locais pré-juncionais (receptores P1) para mo- dificar sua liberação ou de outros transmissores. ⇨ NPY: x Ativação de receptores Y (GPCR) pós-sinápticos. x Pode agir em locais pré-juncionais (receptores Y2) para mo- dificar sua liberação ou de outros transmissores. METABOLISMO ⇨ MAO: enzima de superfície mitocondrial localizada principal- mente nas terminações noradrenérgicas, no sinciciotrofoblasto da placenta, no fígado e no epitélio intestinal, sendo responsá- vel por metabolizar o transmissor no citosol pré-sináptico que ainda não entrou na vesícula ou que foi recrutado da fenda. x MAO-A: mais predominante que a B, principalmente áreas cerebrais com NE e DA (locus ceruleus ). x MAO-B: principalmente no fígado e onde há síntese e ar- mazenamento de 5-HT (núcleo dorsal da rafe, hipotálamo posterior, células gliais) x Inibidores da MAO (iMAOs): aumento da concentração de NE, DA e 5-HT, podendo ser seletivos (A: clorgilina; B: sele- gilina) ou inespecíficos → antidepressivos ⇨ COMT: enzima citoplasmática encontrada principalmente nos rins (epitélio tubular proximal), no fígado e nas células cro- mafins (ligada a membrana) sendo responsável pela degradação em sistemas extraneuronais. x Substratos: L-dopa, catecolaminas endógenas e seus me- tabólitos, catecolestrogênios, ác. ascórbico etc. x Inibidores da COMT: tratamento de Parkinson. Inibe a liberação de neurotransmissores simpáticos a ativa- ção pré-sináptica de... x Heterorreceptores: muscarínicos M2 e M4, 5-HT, PGE2, histamina, encefalina e receptores DA; x Receptores adrenérgicos α2A e α2C; x Receptores P1 para ATP; x Receptores Y2 para NPY. Beatriz Nogueira – Medicina UFSM, Turma 110 - 25 - Classificados de acordo com a potência dos agonistas, sendo... x α: Epi ≥ NE >> isoproterenol x β*: isoproterenol > Epi ≥ NE** * Maior ramificação no grupo amino confere mais afinidade. ** O receptor β3 é mais sensível a NE que Epi. ALFA 1 x Proteína Gq → PLC → IP3 e DAG → ativação de enzimas sensíveis ao Ca²+ e PKC → calmodulina e CPI-17 → qui- nase da cadeia leve da miosina (fosforila) → contração. ⇨ 1A x Vasoconstrição pela mm. lisa vascular; x Aumento da pressão diastólica; x Crescimento e estruturação do coração; x Presente também em pulmões, fígado, ductos deferentes, próstata, cerebelo, córtex e hipocampo. ⇨ 1B x Crescimento e estruturação do coração, sendo o subtipo mais abundante aqui; x Presente também em rins, pulmões, baço, vasos sanguí- neos, córtex e tronco encefálico. ⇨ 1D x Vasoconstrição da aorta e artérias coronárias; x Presente também em plaquetas, próstata, córtex e hipo- campo. ALFA 2 x Proteína Gi → inibe AC → diminui AMPc → diminui PKA. Complexo βγ inibe canais de Ca²+ dependentes de voltagem e ativa canais de K+ (influxo) → hiperpolarização. x Outros sistemas → aceleração da troca Na+/H+ → ati- vação PLC-β2 → hidrólise de fosfoinositídeos → maior quantidade da Ca²+ intracelular → contração. x São pré-sinápticos: retroalimentação auto-inibitória. ⇨ 2A x Receptor inibitório de neurônios simpáticos pré-sinápticos; x Vasoconstrição de vasos pré-capilares no mm. esquelético (local), mas a hiperpolarização diminui o tônus simpático → menor liberação de NE sistêmica → hipotensão; x Presente também em plaquetas, pâncreas, vasos coroná- rios e do SNA, locus ceruleus, tronco encefálico e medula. ⇨ 2B x Principal agente da vasoconstrição por α2; x Presente também em fígado, rins, vasos coronários e do SNC, diencéfalo, pâncreas e plaquetas. ⇨ 2C x Principal modulador da neurotransmissão por DA; x Principal agente α2 na inibição de hormônios suprarrenais; x Presente também em gânglios basais, córtex, cerebelo e hipocampo. BETA x Proteína Gs → ativa AC → aumenta AMPc e GMPc → aumenta PKA e PKG → fosforilação da teloquina → fos- fatase da cadeia leve da miosina → relaxamento. ⇨ BETA 1 x Principal indutor de efeitos inotrópicos e cronotrópicos po- sitivos no coração → maior débito cardíaco; x Presente também em rins, adipócitos, mm. esquelético, nú- cleo olfatório, córtex, tronco cerebral, e medula. x Aumento da liberação de renina, logo angiotensinogênio → vasoconstrição → aumento da PA a longo prazo. ⇨ BETA 2: a maioria dos tipos celulares humanos expressa esse receptor. x Relaxamento da mm. lisa: broncodilatação e vasodilatação → reduz a pressão diastólica; x Hipertrofia do mm. esquelético; x Presente também em bulbo olfatório, córtex e hipocampo. ⇨ BETA 3: efeitos metabólicos no tecido adiposo (mobilização), no trato GI (relaxamento-micção) e no coração. Cocaína x A psicose por uso é resultado do aumento da concen- tração de dopamina sináptica na via mesolímbica. x Menor efeito em usuários crônicos de reserpina (anti- hipertensor) pela depleção de reservas de NE, podendo causar, inclusive, depressão. Localização geral x α1 e β1 – vizinhança de terminações nervosas adrenér- gicas simpáticas de órgãos-alvo. x α2 e β2 – regula a liberação do neurotransmissor dos terminais nervosos simpáticos. Beatriz Nogueira – Medicina UFSM, Turma 110 - 26 - - a g o n i s t a s a d r e n é r g i c o s - AÇÃO DIRETA Fármacos que atuam diretamente sobre um ou mais recepto- res adrenérgicos e têm resposta potencializada por cocaína, reserpina e guanetidina. ⇨ Seletivos: x α1 - fenilefrina x α2 - clonidina x β1 - dobutamina x β2 - terbutalina ⇨ Não seletivos: x α - oximetazolina x β - isoproterenol x α e β - epinefrina x α e β1 - norepinefrina AÇÃO MISTA x α e β - efedrina. x Resposta reduzida por reserpina ou guanetidina. AÇÃO INDIRETA Aumentam a disponibilidade de catecolaminas por estimular re- ceptores adrenérgicos por... x Disponibilizar agentes de liberação: anfetamina e tiramina → resposta inibida por reserpina ou guanetidina. x Inibir a recaptação: cocaína x Inibir a MAO: selegilina x Inibir a COMT: entacapona DOPAMINA x Baixa dose: vasodilatação periférica (D1) → pctes graves x Alta dose: vasoconstrição (α1). x Efeito inotrópico positivo (β1) → aumenta pressão sistólica. x Não exerce efeito central → L-dopa sim! ⇨ Receptores dopaminérgicos (D): x D1 e D5: proteína Gs → relaxamento. x D2, D3 e D4: proteína G1 → contração. ⇨ Efeitosadversos: náusea*, vômito, taquicardia, arritmias, cefaleia, hipertensão. * Metoclopramida (plasil): antagonista D de ação central usado para combater a náusea, porém tem efeitos extrapiramidais. ⇨ Usos: hipotensão, baixo débito cardíaco, perfusão baixa de órgãos vitais. Em administrações IV... x Dose baixa (1-5mcg/kg/min): aumento da diurese e fluxo sanguíneo renal por ativação de receptores D; x Dose média (5-15-mcg/kg/min): aumento do fluxo sanguí- neo renal, débito cardíaco, frequência e contratilidade car- díaca por ativação de receptores β1; x Dose alta (20-50mcg/kg/min): estímulo vasoconstritor acompanhado ou não de aumento da pressão arterial, po- dendo aumentar o risco de taquiarritmias por ligação a re- ceptores α NORADRENALINA x Agonista preferencialmente α que β1 → vasoconstrição e aumento da pressão diastólica + maior débito cardíaco (pouco aumento da pressão sistólica) e vasoconstrição a longo prazo → efeito hipertensor. x Diminuição da frequência cardíaca por ação de barorrecep- tores frente ao aumento da pressão sistólica. x Diminui o fluxo sanguíneo renal → constrição da arteríola aferente do néfron → necrose tubular aguda. x Tratamento de hipotensão aguda em ambiente hospitalar. Agonistas D1 e D2 inibem a recaptação de catecolaminas, utilizados em insuficiência cardíaca grave e choque séptico. Beatriz Nogueira – Medicina UFSM, Turma 110 - 27 - ADRENALINA Agonista de receptores α e β, causando efeitos mistos. ⇨ Sistema cardiovascular: atua em arteríolas menores e es- fíncteres pré-capilares. x Estimulação cardíaca (α e β); x Efeito cronotrópico e inotrópico positivo (β); x Vasoconstrição* (α) → baixa dose: vasodilatação; x Vasodilatação (β2) em mm. esqueléticos → menor pressão diastólica. * Vasodilatação rebote em mucosa devido a hipóxia causada por vasoconstrição → ativação de receptores de adenosina; ⇨ Efeitos sobre a mm. lisa: x Diminuição do trânsito GI: relaxa (β) e diminui secreções (α); x Relaxamento do mm detrusor da bexiga (β2); x Contração dos esfíncteres (α1); x Relaxamento da mm. uterina (β2); x Contração da mm. uterina na gravidez (α1) → “grávida não pode tomar susto”; ⇨ Efeitos respiratórios: ação broncodilatadora (β2). ⇨ Efeitos sobre o SNC: não ultrapassa a barreira hematoen- cefálica por ser bastante polar. x Pode causar ansiedade e tremor por efeitos periféricos; x Melhora a memória por aumento da glicemia. ⇨ Efeitos metabólicos: x Inibe a secreção de insulina (α2) e facilita um pouquinho sua produção (β2). x Aumenta a secreção de glucagon (β); x Estimula a glicogenólise (β); x Aumenta os ácidos graxos livres no sangue (β); ⇨ Efeitos sobre a mm. esquelética: x Estimula fibras glicolíticas de contração rápida* (β2) → re- lacionadas ao tremor não-parkinsoniano; * IIA ou brancas. x Aumento da contratilidade (α2); x Aumento da glicogenólise (β2). ⇨ Efeitos adversos: inquietação, cefaleia, tremor, palpitações. x Hemorragia cerebral devido a elevação aguda da PA; x Contra indicação: bloqueadores não seletivos dos recepto- res β, porque podem intensificar os efeitos da adrenalina → hipertensão e hemorragia mediada por receptores α. ⇨ Usos: x Tratamento de reações de hipersensibilidade (anafilaxia); x Hemostático tópico: interrompe sangramentos → quando aplicado em extremidades pode causar necrose! x Associação com anestésicos locais; x Estimulante de força e frequência cardíacas em parada; ⇨ Efeitos adversos: x β1 → hiperglicemia em diabéticos; x β1 e β2 → taquicardia; x β2 → tremor dos mm. esqueléticos e arritmias (↓K+) x β1 e β3 → hipertensão. x Ansiedade; x Isquemia em pacientes com coronariopatias; x Complicações em pacientes em uso de iMAO; ISOPROTERENOL ou ISOPRENALINA x Vasodilatação¹ → diminuição da pressão diastólica. x Relaxamento de quase toda a mm. lisa². x Efeitos inotrópicos e cronotrópicos positivos² → maior dé- bito cardíaco. DOBUTAMINA x Efeito inotrópico positivo → usado em curto prazo para descompensação/insuficiência cardíaca ou infarto → po- deria agravar o IAM por aumento de demanda metabólica. x Pouco efeito cronotrópico positivo. ⇨ Por que isso ocorre? x Isômero L: agonista α1 . x Isômero D: antagonista α1 (inibindo o efeito do L) e agonista β (efeito inotrópico positivo) Níveis baixos de insulina em estresse agudo podem estar relacionados a cetoacidose e diabetes. Beatriz Nogueira – Medicina UFSM, Turma 110 - 28 - METAPROTERENOL x β2 seletivo → broncodilatador menos seletivo que salbuta- mol e terbutalina, causando mais efeito cardiovascular. x Curta duração (3-4h) e resistência a COMT. x Tratamento de broncoespasmo agudo. TERBUTALINA (BRUCANYL) x β2 seletivo. x Curta duração (3-6h) e resistência a COMT. x Em desuso por causar arritmia fatal. ⇨ Uso x Doenças obstrutivas das vias respiratórias (longo prazo); x Broncoespasmo agudo; x Crise asmática. FENOTEROL (BEROTEC) x β2 seletivo. x Curta duração (4-6h) e resistência a COMT. x FDA: uso crônico pode causar crise asmática aguda. ⇨ Uso: via inalatória usado com ipratrópico, antagonista mus- carínico pra impedir broncoconstrição muscarínica também. x Crise de asma; x Broncoespasmo agudo. SALMETEROL x β2 seletivo. x Longa duração (>12h) com início de ação lento → não ade- quado pra crise asmática. x Resistente a COMT. x Associado a corticoide → efeito anti-inflamatório. x FDA: tarja preta → risco de ataque de asma fatal SALBUTAMOL (ALBUTEROL) x β2 seletivo x Curta duração (3-4h) com latência de efeito (15min) e re- sistência a COMT. ⇨ Uso: x Atraso do trabalho de parto (VO); x Broncoespasmo agudo; x Crise asmática. MIRABEGRON (BETMIGA) x β3 seletivo → relaxamento do m. detrusor da bexiga por aumento do AMPc (Gs). x β3 pré-sináptico diminui a liberação de ACh ⇨ Uso: bexiga hiperativa, uma das causas de incontinência uri- nária, combinado com soliferacina (antimuscarínico). x Efeitos adversos: hipertensão, infecção urinária (menor es- vaziamento), constipação, boca seca, nasofaringite. x β1: bradicardia por cronotropismo e inotropismo negativos, além de reduzir a resistência periférica pela menor produ- ção de renina. x β2: bradicardia por cronotropismo e inotropismo negativos e aumento da resistência periférica. x Inespecífico: vasoconstrição em grandes mm., bradicardia, inotropismo positivo (aumenta um pouquinho a PA) e bron- coconstrição. ⇨ Usos: x Hipertensão → não reduzem a PA em pacientes saudáveis; x Insuficiência cardíaca congestiva; x Arritmias (taquiarritmias). ⇨ Efeitos adversos: x Broncoconstrição fatal em pacientes com asma ou doença obstrutiva crônica; x Insuficiência cardíaca e bradicardia; x Disfunção sexual com hipertensão; x Fadiga, distúrbios do sono, depressão. PROPANOLOL (INDERAL) x β1 e β2 x Retarda recuperação da glicemia em DM I → estimulação β1 aumentaria a glicemia. x Pode causar crises de broncoconstrição em asmáticos Beatriz Nogueira – Medicina UFSM, Turma 110 - 29 - ⇨ Uso: x Hipertensão e angina (IAM) → retirada abrupta pode cau- sar IAM; x Tratamento de tremor de ansiedade e glaucoma. LABETALOL x α: vasodilatação por relaxamento da mm. lisa arterial → menor resistência periférica. x β: contribui pra diminuição da PA em pacientes hipertensos. x Pode causar síndrome de baixo débito ANTAGONISTAS SELETIVOS AO BETA 1 x Acebutolol: usado no controle da pressão arterial e no tra- tamento de arritmia ventricular. x Timolol: tratamento de glaucoma. x Pindolol: usado para reduzir a frequência cardíaca de re- pouso e a pressão arterial. x Carvedilol: tratamento de hipertensão, além de possuir ati- vidade antioxidante. x Metoprolol: tratamento de hipertensão, angina e disrritmia. x Atenolol: tratamento da hipertensão. x Levobunolol: tratamento de glaucoma. x α1 → vasoconstrição: descongestionantes nasais ou agen- tes hipertensores. x α2 → vasoconstrição local e diminuição do tônus simpático:tratamento de hipertensão e diminuição da pressão intra- ocular, causando também sonolência, sedação e analgesia. ⇨ Etilefrina: α1 x Descongestionante nasal. ⇨ Efedrina: α1 e β x Descongestionante nasal em desuso. x Pode ser usado como precursor da anfetamina. x Causa retenção urinária. ⇨ Clonidina: α2 x Anti-hipertensivo e tratamento de drogadição. x Usado para evitar diarreia em diabéticos por aumentar a absorção de Na+ e diminuir a secreção de bicarbonato → diminui pressão osmótica → água absorvida. x Usado como sedativo adjunto por ser ansiolítico, diminuir se- creções (por vasoconstrição) e pelo efeito sedativo leve. x Causa também bradicardia, boca seca e disfunção sexual. ⇨ Metildopa: precursor de α-metilnorepinefrina. x Em desuso pelo forte efeito de disfunção sexual. ⇨ Guanfacina: α2 x Anti-hipertensivo e tratamento de drogadição. x Causa também sedação, bradicardia, boca seca e disfunção sexual. ANFETAMINAS: AGONISTAS INDIRETOS Aumentam a disponibilidade de noradrenalina na fenda por me- canismo não vesicular ao reverter os transportadores DAT e VMAT2 → poderosa ação estimulante sobre o SNC: acelera- ção dos pensamentos, taquilalia; x Aumento da PA; x Contração do esfíncter vesical; x Estímulo do centro respiratório: taquipneia. ⇨ Uso clínico: x Metilfenidato (ritalina): TDAH → não se sabe o porquê; x Obesidade por causa do efeito de saciedade → inadequado porque causa tolerância e dependência. ⇨ Efeitos adversos: x Pode aumentar aa analgesia induzida por fármacos seme- lhantes à morfina (liberação de NE periférica → α2); x Maior autoconfiança e desempenho atlético; x Inquietação, irritabilidade, insônia, agressividade; x Tontura, tremor, tensão, febre; x Alteração da libido; x Delírios, alucinações, estado de pânico (aumento de DA); x Tendências suicidas na descontinuação (diminuição NE). x Anti-hipertensivos: vasodilatação (e diminuição da resistên- cia periférica). x Inibe vasoconstrição por bloqueio da contração da mm. lisa. x Aumento do tônus vagal. x Micção facilitada (α1A). x Hipotensão postural: PA não se mantém em mudanças de decúbito. ⇨ Prazosin: protótipo. ⇨ Fentolamina: controle da hipertensão ⇨ Tolazolina: tratamento da hipertensão pulmonar ⇨ Terazosina e Doxazosina: tratamento da hipertensão ⇨ Tansulosina: relaxamento do colo da bexiga e da cápsula prostática, inibindo a hipertrofia (α1). Beatriz Nogueira – Medicina UFSM, Turma 110 - 30 - Beatriz Nogueira – Medicina UFSM, Turma 110 - 31 - Caracterizado por dois polos, a depressão e a mania/hipomania. EPISÓDIO MANÍACO Durante o período de perturbação do humor e aumento da energia ou atividade, três (ou mais) dos seguintes sintomas (quatro se o humor é apenas irritável) estão presentes em grau significativo e representam uma mudança notável do com- portamento habitual: 1. Autoestima inflada ou grandiosidade. 2. Redução da necessidade de sono → sente-se descansado com apenas três horas de sono. 3. Mais loquaz que o habitual ou pressão para continuar fa- lando. 4. Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensa- mentos estão acelerados. 5. Distratibilidade: atenção desviada muito facilmente por es- tímulos externos insignificantes ou irrelevantes. 6. Aumento da atividade dirigida a objetivos (seja socialmente, no trabalho ou escola, seja sexualmente) ou agitação psico- motora (atividade sem propósito, não dirigida a objetivos). 7. Envolvimento excessivo em atividades com elevado poten- cial para consequências dolorosas → envolvimento em sur- tos desenfreados de compras, indiscrições sexuais ou in- vestimentos financeiros insensatos. ⇨ Episódio hipomaníaco: menos severo e com menor duração em relação a mania. x A perturbação do humor e a mudança no funcionamento são observáveis por outras pessoas, mas o episódio não é suficientemente grave para causar prejuízo acentuado. TAB CLÁSSICO ou TIPO 1 Episódios de mania francos ou mistos com depressão, seguidos por episódio depressivo, sendo aquele presente por pelo menos uma semana na maior parte do dia ou todos os dias. x Boa resposta ao lítio quando no máximo 2 episódios/ano. x Melhor resposta a antipsicóticos atípicos quando é ciclagem rápida. ⇨ Especificadores: de acordo com... x Tipo do episódio atual ou mais recente: maníaco, hipomaní- aco ou depressivo; x Gravidade: leve, moderado ou grave; x Características psicóticas: sim ou não; x Remissão: parcial ou completa. TAB TIPO II Ao menos um episódio hipomaníaco seguido por episódio de- pressivo, sendo aquele presente por pelo menos 4 dias na maior parte do dia ou todos os dias. x Boa resposta a antipsicóticos atípicos ou valproato, carba- mazepina, lamotrigina. ⇨ Especificadores: de acordo com... x Tipo do episódio (mais) atual: hipomaníaco ou depressivo; x Gravidade: leve, moderado ou grave; x Características psicóticas: sim ou não; x Remissão: parcial ou completa. x Ação fisiológica desconhecida!! x Único estabilizador de humor que previne suicídio. x Sem efeitos psicotrópicos em indivíduos normais. x Dose: 0,5mEq/L/kg/dia em doses fracionadas. FARMACODINÂMICA x Latência de 15 dias para efeito. x Melhor resposta em TAB I e no máximo 2 episódios/ano. x Não se sabe quais ações do lítio influenciam nos transtornos de humor. ⇨ Ação central: na concentração de 1-10mM inibe a secreção de NE e DA induzida por Ca²+ nos sinaptossomos e aumenta a secreção de serotonina, sendo os efeitos visíveis com cerca de 5d de administração. x Não se mostra equivalente em humanos porque 0,8mM já é uma concentração tóxica, além do lítio ter uma latência de efeito de 15 dias. Há sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no fun- cionamento social, profissional ou em outras áreas importan- tes da vida do indivíduo. Beatriz Nogueira – Medicina UFSM, Turma 110 - 32 - ⇨ Bloqueio de respostas mediadas por AC e PLC: estabilização do heterotrímero da proteína G impede os mecanismos de se- gundos mensageiros, descrevendo alguns efeitos adversos... x Inibição do efeito do hormônio antidiurético (ADH) → poliúria e polidipsia; x Inibição da secreção de hormônios tireoideanos (pouco sig- nificativo) → bócio. ⇨ Inibição de monofosfatases na cascata do fosfatidil inositol: interfere na ressíntese de PIP3, exibindo depleção do subs- trato necessário em cerca de 15d de administração. x Os efeitos dos transmissores sobre a célula diminuem pro- porcionalmente à quantidade de atividade nas vias depen- dentes de PIP2. x Principal hipótese de funcionamento do lítio. x Pessoas com TAB possuem maior síntese da molécula. ⇨ Inibição da PKC: impede mecanismos de segundos mensa- geiros ativados por proteína Gq. x Valproato também o faz. ⇨ Inibição da GSK-3β: essa quinase ativada pelo receptor AMPc quando inibida não consegue desfosforilar a β-catenina, um regulador gênico → facilita vias que modulam metabolismo energético, proporcionando neuroproteção e neuroplasticidade. x A latência de efeito, por esse mecanismo, pode ocorrer pela necessidade de expressar certas proteínas. x Valproato reduz indiretamente a atividade da GSK-3. FARMACOCINÉTICA x Absorção entérica com pico entre 2-4h completa em 6- 8h → a alimentação prejudica a absorção, mas diminui a náusea. x Distribuição: cérebro concentra 40-50% da concentração plasmática, sem ligação a proteínas. x Metabolismo: nenhum. x Excreção em secreções: leite materno detém 33% da con- centração plasmática. x Excreção renal (95%) em dois sistemas: de alta capaci- dade/baixa afinidade (⅔ em 6-12h) e de baixa capaci- dade/alta afinidade (⅓ em 10-14d). x t½ 20-24h. x Concentração plasmática alvo: 0,6-1,4mEq/L → baixo ín- dice terapêutico (2-3). EFEITOS ADVERSOS ⇨ Neurológicos e psiquiátricos x Tremor fino: efeito extrapiramidal aliviado por antiparkin- sonianos; x Coreoatetose: movimentos involuntários e incontroláveis; x Hiperatividade motora; x Ataxia: dificuldade de balanço
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