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Unidade I - Sessão 3 - A Leitura

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Unidade I – Seção 3 – A leitura 
 
 
Menino lendo um livro. Fonte: https://pixabay.com/en/boy-reading-studying-books-286240/ 
 
 
 
Leitura e diversidade de gêneros 
Quando dizemos “leitura”, estamos nos referindo a uma das formas mais 
antigas de apropriação de informações, já inventadas pelo homem. Com efeito, na 
origem das sociedades, o ser humano encontrou na leitura uma maneira de absorver mais 
objetivamente informações, para que pudessem ser ampliadas e ressignificadas, 
alterando a sua relação com o mundo. Assim, a leitura favoreceu o desenvolvimento das 
sociedades humanas, na medida em que possibilitou, às novas gerações, o acesso a toda 
uma gama de saberes já descobertos e estruturados pelas gerações anteriores, 
registrados nos mais variados tipos e suportes de escrita. Em outras palavras, a leitura 
significou para o homem a possibilidade de acumular conhecimentos de maneira 
exponencial, o que se traduziu em avanços sociais e tecnológicos inimagináveis no 
período anterior à sua invenção. 
A leitura é um processo cognitivo delicado, que não se esgota no simples ato de 
extrair informações de um texto. Mais do que isso, a leitura supõe a recriação das 
ideias contidas no texto pelo leitor. Ou seja, o autor escreve, mas o seu texto só 
ganhará sentido, finalidade e razão de existir quando apropriado, interpretado e 
ressignificado pelo leitor. Para Soares (2000, p. 18), “Leitura não é esse ato solitário; é 
interação [...] entre indivíduos, e indivíduos socialmente determinados: o leitor, seu 
universo, seu lugar na estrutura social, suas relações com o mundo e com os outros; o 
autor, seu universo, seu lugar na estrutura social, suas relações com o mundo e com os 
outros”. 
Diante disto, percebemos que ler um texto é mais do que decifrar os seus 
códigos para apreender as suas informações superficiais. Ler, de verdade, é se 
apropriar das informações contidas no texto para ressignificá-las, para torná-las parte do 
que pensamos e sentimos. Por isto, não adianta muito o leitor consumir 
rapidamente as palavras do texto, ou mesmo tentar decorá-las. Talvez assim ele até 
consiga memorizar algumas informações pontuais, que logo serão esquecidas. A 
leitura em profundidade deve ser feita sem pressa, com calma, parcimoniosamente. O 
leitor deve deixar as ideias lidas decantar dentro de si, deve avalia-las e relacioná-las a 
outras ideias (talvez às suas próprias). Só assim a leitura cumprirá a sua função de 
desvendar a própria realidade e proporcionar o verdadeiro saber. 
No mundo contemporâneo, são inúmeras as possibilidades de leitura. Desde o 
momento em que somos alfabetizados, passamos a ler indiscriminadamente, não 
apenas no ambiente escolar, mas, sobretudo, no nosso cotidiano, o que implica o 
domínio de uma infinidade de gêneros de leitura, essenciais à compreensão do 
ambiente que nos cerca. 
Estes gêneros vão desde os mais tradicionais, como as cartas ou os jornais, até 
os mais recentes, como o e-mail ou as mensagens no Facebook. É importante 
notarmos que cada um destes gêneros possui estilo próprio, bem como função social 
específica e linguagem definida. Se analisarmos, por exemplo, as mensagens lidas nos 
outdoors, podemos perceber que atendem a uma necessidade de fomentar desejos de 
consumo na mente doleitor. Para tanto, aescrita dooutdoor se vale deumestilo ágil, 
criativo, fundamentado numa linguagem dinâmica e sedutora. Por outro lado, quando 
lemos a bula de um remédio, notamos a primazia da informação direta, objetiva, 
engajada numa linguagem altamente técnica, às vezes, apenas dominada por 
especialistas. Isto ocorre porque a escrita da bula deve informar imediatamente ao 
usuário/consumidor a indicação daquele medicamento, sua posologia, possíveis 
efeitos adversos, etc. 
Observe os dois textos abaixo. Ambos tratam das mudanças que a internet 
provocou em nossas vidas. Mas observe como eles são diferentes entre si. Isto ocorre, 
porque pertencem a gêneros diferentes, com estilos, funções e linguagens próprios. O 
texto 1 pertence ao gênero quadrinhos, possui um estilo leve, acessível, colorido, 
voltado ao entretenimento. A sua linguagem prioriza os elementos visuais da 
mensagem. 
 
Texto 1 
 
Tirinha de Nina Paley. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_da_permiss%C3%A3o 
O texto 2 pertence ao gênero jornalístico. Por isto, foi redigido num estilo 
formal, embora igualmente acessível. Trata-se de um texto objetivo, cuja função é 
informar osleitores sobre fatos ocorridos. A sua linguagem está ancorada naescrita 
convencional, demaneira aimprimir credibilidade eisenção ao conteúdo emitido. 
 
Texto 2 
 
Reportagem do Jornal do C omércio. http://www.ienoticia.c om.br/wp-content/uploads/2012/02/PPP-Adv-Jornal-do-C omercio-RS 
http://www.ienoticia.com.br/wp-content/uploads/2012/02/PPP-Adv-Jornal-do-Comercio-RS
 
 
 
 
Leitura e vida universitária 
 
 
Menina lendo um livro. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Dislexia 
 
 
Ao longo da vida acadêmica, lemos, basicamente, os gêneros textuais típicos da 
literatura científica (livros, capítulos, artigos, ensaios, relatórios de pesquisas etc.). Este 
SAIBA MAIS 
 
Embora no nosso componente curricular priorizemos a ideia de “texto” 
como algo efetivamente escrito, o conceito de texto é muito mais 
abrangentedoqueisto: textoéoconjuntodeelementos(escritos,visuais ou 
orais) que atende à necessidade de compartilhar informações entre as 
pessoas. Assim, podemos ler textos escritos, como acontece na maior 
parte dos livros, mas podemos também experimentar textos visuais, como 
quadros ou fotografias. Podemos ainda acessar textos orais, como nas 
canções, ou mesmo entrar em contato com suportes que contenham 
todosas formasdetexto: seestamos nocinema, porexemplo,assistindo 
a um filme legendado, estamos absorvendo, ao mesmo tempo, as imagens 
do filme, as diálogos, efeitos sonoros e trilha sonora e as próprias 
legendas. 
manancial de leitura não constitui apenas mero suporte para realizar as avaliações e se 
dar bem com as notas. Antes, representa o lastro da nossa formação. Com efeito, não há 
formação acadêmica sem leitura. 
Éimportante que nos convençamos de que somos nós que fazemos a nossa 
carreira (acadêmica e profissional). Por mais boa vontade que tenham os nossos 
professores, por mais que nos preparem aulas fantásticas, que nos indiquem caminhos 
novos, a universidade nos exige mais. A universidade não está apenas nos conteúdos 
estudados nas aulas, nos ritos acadêmicos, nos congressos, palestras, eventos 
científicos que frequentamos... A universidade está, sobretudo, na nossa vontade de 
superar o nosso próprio conhecimento. E isso implica leitura. 
No ensino médio, costumamos ler os textos paradidáticos, nos quais os 
conteúdos são disponibilizados pontualmente, de maneira que possamos encontrar, 
condensadas e simplificadas, as informações necessárias tanto ao cumprimento das 
nossas avaliações escolares quanto para as provações institucionais a que estaremos 
submetidos: vestibulares, ENEM, concursos públicos, etc. Por outro lado, entramos em 
contato com a leitura ficcional, representada pelos textos de romancistas, contistas e 
poetas que lemos nas aulas de Literatura. Ora, nem a leitura paradidática nem a 
ficcional nos trazem a transcendência necessária à aquisição do conhecimento 
científico. 
A literatura científica nos deve proporcionar, além do contato com uma 
infinidade de novas ideias e teorias, as competências e habilidades necessárias à 
construção da nossa própria perspectiva teórica. Isso significa que não podemos 
aceitar, de imediato, as verdades contidas nos textos da Ciência. Antes de admitirmos as 
verdades dos conhecimentos absorvidos, devemos analisá-las, criticá-las e compará- las a 
outras ideias científicas. Somente depois disto, podemos assegurar algumas 
certezas sobre o que aprendemos. Ora, para atingirmos este nível de compreensão 
teórica,precisamos ler bastante. Mais do que isto, precisamos ler corretamente os 
autores, de maneiraa formar oque chamamos de “consciênciaepistemológica”. 
Consciência epistemológica é a capacidade que temos de reconhecer as 
propostas teóricas danossa área de formação, para nosfiliarmos auma corrente de 
autores. Ao contrário do que normalmente se imagina, a Ciência não fornece verdades 
absolutas. Antes, ela aponta caminhos que vão aproximando as sociedades das 
certezas do seu tempo. Por isto, temos uma grande variedade de métodos científicos, 
relacionados a linhas epistemológicas específicas. O aluno da graduação deve 
reconhece-las, sob pena de subaproveitar os seus estudos. 
 
 
SAIBA MAIS 
 
Epistemologia é uma palavra que vem do Grego - ἐπιστήμη, Episthème – e que 
designa o conhecimento superior. Na universidade, o normalmente o termo está 
circunscrito aos âmbitos da filosofia e da história da Ciência. Entendemos a 
Epistemologia como o estudo dos mecanismos que determinam as certezas 
científicas. 
Leitura e poder na universidade 
 
 
Fonte: https://pixabay.com/en/book-reading-study-learn-fingers-1000348/ 
 
 
Na graduação, temos acesso a um volume excepcional de informações, 
extraídas dos mais variados contextos: nossos grupos de ambiência, os 
estabelecimentos de ensino que frequentamos, os meios de comunicação que 
acessamos, as instituições sociais tradicionais ou recentes que fazem parte da nossa 
vida. No entanto, todo esse manancial de informações, isoladamente, não traz emsi 
nenhuma perspectiva de um conhecimento mais complexo, capaz de nos dotar da 
transcendência do saber — ou seja, de uma capacidade mais apurada de inferência, 
criatividade e criticidade —, que nos permita não somente compreender a nossa 
realidade, como também incidir sobre ela, alterando-a sempre que imaginarmos ser 
conveniente ou necessário. 
A posse da informação não gera automaticamente formação. Com efeito, 
nunca antes, emtoda a sua história, o ser humano teve tanto e tão irrestrito acesso à 
informação. Ironicamente, isto não torna as gerações que nasceram sob a égide da 
chamada Sociedade da Informação mais intelectualmente capacitadas — tampouco 
menos — do que quaisquer outras gerações humanas. Apenas há mais oportunidades 
para a aquisição de conteúdo, o que, em princípio, não traduz capacidade de organizá- 
los em conhecimentos sólidos e estruturados. Esther Gispert Pellicer afirma: “*...+ O 
conhecimento adquire-se, pois, quando as diversas informações se inter-relacionam 
mutuamente, criando uma rede de significações que se interiorizam. *...+” (apud 
COUTINHO; LISBÔA, 2011, p. 09). Esta rede de significações interiorizadas representa o 
alicerce do saber transcendente, qualidade de abstração superior na qual está pautada 
a atividade científica. 
O saber transcendente é adquirido unicamente da leitura. Até muito 
recentemente, a ideia de leitura se sustentava na concepção fenomenológica da 
semiótica, segundo a qual o ato de ler nada mais é do que o reconhecimento mecânico 
dos códigos linguísticos. O pensamento marxista, entretanto, fomentou a discussão sobre 
a importância da leitura para a formação de indivíduos críticos, comprometidos coma 
sociedade. Uma leituraautônoma eautodeterminada, emqueoleitor é sujeito da 
leitura — e na qual as informações são articuladas para, além de dar sentido, incidir sobre 
o seu contexto. 
A leitura deve, portanto, ser assumida como um iminente ato de poder. O 
exercício da leitura transcende a unidade do texto, interferindo diretamente na nossa 
autopercepção e na identificação ideológica dos elementos que compõem a nossa 
realidade. Assim,aleitura écondiçãoessencialna nossaformação nagraduação. 
No entanto, para Katya Luciane de Oliveira e Acácia Aparecida Angeli dos 
Santos, a leitura praticada por nós, alunos da graduação, não atende às nossas 
necessidades acadêmicas, nem contempla o grau de destreza que nos cobram neste 
nível de formação. De acordo com as autoras: 
 
É inquestionável a responsabilidade da leitura em uma educação de 
qualidade, mas as evidências apontam que diversos alunos saem do ensino 
fundamental e médio sem essa habilidade. Tais alunos ingressam no ensino 
superior com sérias deficiências no comportamento de leitura [...]. Fato 
lastimável, pois no ensino universitário a leitura é primordial, visto que ela 
dará ao estudante subsídios para o desenvolvimento crítico, cultural e 
técnico necessário na sua formação (2005, p. 119). 
 
Umnúmero considerável de alunos contenta-se como a leitura superficial de 
capítulos e trechos, de artigos científicos, de apostila ou ainda de material retirado da 
Rede Mundial de Computadores. Trata-se de uma leitura instrumental, fragmentada, cujo 
objetivo é absorver imediatamente os conteúdos para realizar as tarefas 
propostas pelos seus cursos — dentre as quais, figura a pesquisa científica. 
Com efeito, ao observarmos as dinâmicas acadêmicas contemporâneas, 
notamos que a leitura integral tem sido cada vez mais relegada ao plano da 
desimportância. Tentando encontrar atalhos nos processos acadêmicos, optamos por 
fazer uso de suportes fragmentados de leitura — apostilas, módulos, cópia de 
capítulos, material obtidoda Internet —,cujo objetivo éiminentemente instrumental: 
absorver rapidamente os conteúdos das disciplinas para realizar as nossas tarefas. Com 
o tempo, esta postura termina sendo institucionalizada, cooptando, inclusive, as 
próprias faculdades, universidades e centros universitários, que passam a oferecer a 
comodidade dasapostilasetodotipodematerialcaracterístico daCulturadaXerox. 
Desta forma, não criamos o habito da leitura integral — de livros inteiros —, 
sem o qual não desenvolvemos a consciência epistemológica. Na nossa história escolar 
até a graduação, prescindimos da leitura crítica dos livros e do diálogo fecundo com os 
seus autores. Agora, na universidade, o nosso desafio é, mesmo sem o habito da 
leitura integral, dominar a gama metodológico-epistemológica necessária à 
consecução de uma atividade científica. Isto implica seriedade e determinação da 
nossa parte, mas também exige da universidade uma preocupação maior em municiar 
de leituras os cursos que envolvam a atividade de pesquisa. 
 
 
 
Método de leitura L.A.R. (Ler, anotar, resumir) 
 
 
Muita gente sente dificuldade na leitura. Realmente, a leitura não é um 
processo natural na nossa espécie, ela demanda vigorosa atenção e capacidade de 
relacionar o conteúdo absorvido à nossa vivência. A leitura na universidade exige ainda 
algo a mais: a formação da consciência epistemológica. Evidentemente, não é fácil 
atingir esse nível da leitura, é preciso treinamento diário, de forma que ganhemos 
familiaridade com o texto científico. Contar com o auxílio de um método de leitura 
também ajuda bastante. 
Vejamos um método relativamente simples de potencializar a nossa leitura. Este 
método é conhecido pela sigla LAR – Ler, anotar, resumir. Basicamente consiste em 
quatro etapas: 
 
1 - Leiturapanorâmica 
 
 
 
FONTE: http://www.publicdomainpictures.net/view-image.php?image=139320&picture=&jazyk=PT 
SAIBA MAIS 
 
No Brasil, os livros são de difícil aquisição por parte de estudantes da graduação, 
uma vez que sejam caros e exigidos em grandes quantidades nos cursos. Por 
outro lado, as bibliotecas públicas — e mesmo as bibliotecas das instituições de 
ensino superior — não costumam oferecer variedade e atualização de literatura 
científica. Buscando contornar esta situação, os professores universitários 
disponibilizam pastas de capítulos e trechos dos livros recomendados para as 
suas disciplinas nos núcleos copiadores das instituições em que trabalham. Este 
material é largamente consultado por seus alunos, em substituição à compra do 
livro ou mesmo ao seu empréstimo. Esta situação configura o que chamamos de 
―Cultura da Xerox‖. 
http://www.publicdomainpictures.net/view-image.php?image=139320&amp%3Bpicture&amp%3Bjazyk=PTAssim como as pessoas, os textos nos impõem a sua “personalidade”. Vamos 
imaginar uma situação de flerte. Quando nos apresentam a alguém, costumamos fazer 
um esforço mínimo para reconhecer as suas características. Trata-se de um contato inicial 
que nos dirá se vale ou não a pena aprofundar aquela relação. Se a pessoa nos parecer 
interessante, iniciamos a paquera. Com os textos, não é diferente: quando travamos 
contato com um novo texto, normalmente, nada sabemos a seu respeito. É preciso tentar 
reconhecer as suas características imediatas, para decidir se ele atenderá, ou 
não, as nossas necessidades acadêmicas. 
Normalmente, procuramos ser simpáticos com as pessoas que paqueramos, 
costumamos dar-lhes uma chance de dizer algo sobre si e sobre a sua visão de mundo. 
Com os novos textos, é preciso que também permitamos que nos digam algo de si e do 
seu mundo. E o momento de dar esta chance ao texto é a leitura panorâmica. 
A leitura panorâmica consiste numa leitura superficial, onde o aluno procura 
identificar o assunto tratado e o ponto de vista que o autor adota para tratá-lo. É 
necessário que tenhamos alguma paciência com o texto. Assim como não dá para 
saber tudo sobre alguém no primeiro contato, com o texto, não poderemos nunca 
esgotar as suas possibilidades de produção de sentidos na primeira leitura. 
 
2 – Nova leitura, buscando resolver os possíveis entraves à compreensão do 
argumento. 
 
 
FONTE: http://1.bp.blogspot.com/_IoGUYeTGyh0/Sq0ukl1P6nI/AAAAAAAAACE/PKRED5RAAFw/s400/namoro.png 
 
 
 
Suponhamos que o flerte tenha dado certo e que nós passamos a namorar 
aquela pessoa. Durante o namoro, é natural que o convívio nos mostre as diferenças e as 
similaridades de pensamento entre os envolvidos na relação. Também é comum que a 
pessoa nos apresente alguns traços da sua personalidade que temos dificuldade em 
entender. Aliás, o namoro existe exatamente para compreendermos estes traços de 
personalidade, de modo a perceber se seremos capazes de conviver com eles num 
possível casamento. 
Nesta segunda leitura do texto, ocorre algo semelhante. Após realizarmos a 
leitura panorâmica, voltamos a ler o texto, mas, desta vez, o nosso objetivo é 
encontrar os elementos que criam dificuldades à nossa compreensão. Aqui, o texto 
nos mostrará os seus “traços de personalidade”, seja na forma de palavras que 
http://1.bp.blogspot.com/_IoGUYeTGyh0/Sq0ukl1P6nI/AAAAAAAAACE/PKRED5RAAFw/s400/namoro.png
desconhecemos, seja apresentando ideias, autores ou teorias sobre as quais nunca 
ouvimos falar, seja ainda na estrutura da sua redação ou na proposta estética do 
autor. 
O importante é que não saiamos desta leitura sem sanar toda e qualquer 
dúvida que porventura apareça. Devemos nos conscientizar que a leitura de um 
determinado texto implica consultas frequentes aoutros textos. No mínimo, aleitura 
do texto científico demanda ouso de umdicionário. Não precisamos ter pressa para 
fazer esta segunda leitura. Melhor ler devagar e tirar todas as dúvidas do que ler 
apressadamente e concluir otexto sem compreender todos os seus conceitos. 
 
 
3 – Terceira leitura, identificando a estrutura do texto. 
 
 
 
FONTE: http://www.donagiraffa.com/wp-content/uploads/2012/07/Formas-de-economizar-no-casamento.jpg 
 
 
 
Pronto. Flertamos, namoramos e agora é a hora do casamento! No casamento, 
a relação é marcada pelo equilíbrio e pelo profundo grau de intimidade. É exatamente isto 
que devemos buscar desta terceira leitura do texto científico. Devemos realizar mais 
uma leitura, agora, procurando identificar a estrutura do texto, ou seja, a maneira como o 
autor organiza as suas ideias. 
Notem que as ideias, em si mesmas, são homogêneas. Dificilmente poderíamos 
negar a efetividade de uma ideia. Bom, o texto é feito de uma sucessão de ideias, 
amarradas por conectivos. Se não podemos cingir as ideias, podemos, pelo menos, 
verificar a lógica destes conectivos. Imagine que o texto é uma parede, em que as 
ideias são os tijolos usados na sua construção. Os conectivos representam o cimento que 
unta as ideias/tijolos. Se quisermos derrubar a parede, não devemos concentrar os 
esforços nos tijolos, porque são sólidos, mas, antes, devemos mirar no cimento que os 
une, estes são bem mais frágeis. 
Vamos a um exemplo bem simples. Veja as duas ideias abaixo: 
 
 
Ideia 1: o dia está bonito lá fora. 
Ideia 2: gatos só podem ter duas cores; gatas podem ter até três. 
http://www.donagiraffa.com/wp-content/uploads/2012/07/Formas-de-economizar-no-casamento.jpg
Notem que são ideias verificáveis. Se olharmos pela janela e encontrarmos um 
belo dia de verão nos sorrindo, dificilmente poderíamos negar a Ideia 1. Assim como, com 
uma simples leitura de um manual de genética felina, comprovaríamos a 
efetividade da Ideia 2. Percebemos que os tijolos maciços das ideias não são nada 
fáceis de se quebrar. 
Agora, observe as duas ideias unidas por um conectivo: 
 
 
 
Claro que o conectivo “porque” foi escolhido propositadamente para criar uma 
incoerência argumentativa. Mas isto foi feito para que pudéssemos compreender o 
quanto os elementos que unem as ideias – o cimento – são mais facilmente refutáveis do 
queas ideias em si – os tijolos da parede. Quando realizamos a terceira leitura da 
técnica LAR, devemos nos preocupar em verificar a sustentabilidade dos conectivos, ou 
seja, devemos observar a consistência do cimento. 
Na prática, isso significa anotar, num papel ou no computador, cada ideia 
importante que encontramos nos parágrafos do texto, de maneira que possamos 
visualizar as relações que o autor estabelece entre elas. Quando estas anotações 
estiverem concluídas, podemos então organizá-las num esquema, produção visual que 
nos ajuda a sistematizar as ideias do texto. 
Os esquemas são muito pessoais e nos ajudam a identificar os argumentos do 
texto. Podemos construir um esquema na forma de gráfico, ou de organograma, ou 
ainda por tópicos numéricos (1. - 1.1. - .1.2. - 2. - 2.1...). O importante é que, ao 
passarmos os olhos sobre o esquema, as ideias do texto possam ser reconstruídas na 
nossa mente. 
 
4 – Confecção doresumo 
 
 
 
 
FONTE: http://colorir.estaticos.net/desenhos/color/201208/familia-feliz-familia-pintado-por-laila-1008300.jpg 
Ideias unidas: odiaestálindolá fora, porqueosgatos sópodemter duascores 
e as gatas podem ter até três. 
http://colorir.estaticos.net/desenhos/color/201208/familia-feliz-familia-pintado-por-laila-1008300.jpg
Normalmente, após algum tempo de casamento, aparecem os filhos. Vamos 
imaginarqueanossa relação como texto chegou aummomento emque nosexigea 
produção de algo, um“filho” daleitura, por assim dizer. Na técnica LAR, este “filho” é 
um resumo, que confeccionamos para nos facilitar o nosso acesso ao conteúdo do 
material lido, sempre que necessitarmos. 
Devemos ter em mente que a capacidade de armazenagem da nossa memória é 
limitada. Os detalhes daquilo que lemos agora, no primeiro semestre, serão 
esquecidos daqui a algum tempo. Então, o resumo nos ajuda a guardar estas leituras 
feitas, para que as acessemos sempre que necessitarmos delas. 
A técnica correta para confeccionarmos um resumo acadêmico será aprendida na 
Seção seguinte, mas, por ora, basta entendermos que o resumo acadêmico não é aquele 
texto sintético que costumamos imaginar no ensino médio. O resumo acadêmico 
representa uma maneira de facilitarmos a compreensão das ideias lidas no texto original. 
Nós já selecionamos as ideias principais do texto e já as disponibilizamos na forma de 
um esquema. Agora, basta que reescrevamos o esquema e o resumo 
automaticamente será consubstanciado. 
 
 
 
 
Questão reflexiva 
Agora que você aprendeu a técnica de leitura conhecida pela sigla LAR – Ler, Anotar, 
Resumir -, faça um pequeno exercício e teste a sua habilidade de produzir uma boa 
leitura científica. 
Acesse o texto “A organização da vida de estudos na universidade”, deAntônio 
Joaquim Severino, e aplique a técnica LAR na sua leitura. 
O texto está disponível em: www.aureliano.com.br/downloads/severino1.doc 
Devemos aprender como otimizar a nossa leitura, pois ela é a base da vida 
 
mais do que acumular conteúdo. A leitura nos torna aptos a avaliar o mundo de 
acordo com as nossas próprias crenças. Nesse sentido, ler éumato de poder. 
páginas da internet, etc.). O ideal é que possamos ler os autores nos seus livros 
que entendamos o ambiente intelectual proposto na graduação. 
Ler os autores da Ciência nem sempre é algo agradável. Mas podemos superar as 
http://www.aureliano.com.br/downloads/severino1.doc
 
 
 
Referências 
 
 
ADLER, Mortimer Jerome. Arte de Ler: como adquirir uma educação 
liberal. Rio de Janeiro: Agir, 1954. P. 287. 
ADLER, Mortimer J.; VAN DOREN, Charles. Como ler livros: o guia clássico 
para leitura inteligente. São Paulo: É Realizações, 2010. (Col. Educação 
Clássica). 
BORBA, Valquíria C. M.; GUARESI, Ronei (Orgs.). Leitura: processos, 
estratégias e relações. Maceió: EDUFAL, 2007. P. 184. 
COUTINHO, Clara; LISBÔA, Eliana. Sociedade da informação, do 
conhecimento e da aprendizagem: desafios para a educação no século XXI. 
Revista de Educação. Lisboa, v. XVIII, nº 01, pp. 05-22, 2011. 
FISCHER, Steven Roger. História da leitura. São Paulo: UNESP, 2006. 
MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, 
resumos, resenhas. 16ª Ed., São Paulo: Atlas, 2014. 
ORLANDI, Eni Pulcinelli. Discurso e leitura. São Paulo: Cortez, 1988. 
PERISÉ, Gabriel. Ler, pensar e escrever. 4ª Ed, São Paulo: Arte e Ciência, 
2004. (Col. Elementos de criação literária). P. 94. 
PERROTTI, Edmir. Confinamento cultural, infância e leitura. São Paulo: 
Summus, 1990. (Col. Novas Buscas em Educação; vol. 38). 
SILVEIRA, Maria Inês Matoso. Modelos teóricos e estratégias de 
leitura: suas implicações no ensino. Maceió: EDUFAL, 2005. 
SOARES, Magda Becker. As condições sociais da leitura: uma reflexão em 
contraponto. In: ZILBERMAN, Regina; SILVA, Ezequiel T. (Org.). Leitura: 
perspectivas disciplinares. 5ª. Ed., São Paulo: Ática, 2000. pp. 18-29. 
YUNES, Eliana (Org.). Pensar a leitura: complexidade. São Paulo: Loyola, 
2002. (Col. Teologia e Ciências Humanas; Vol. 05). 
que visamos encontrar o tema e o posicionamento do autor; 2) nova leitura, cuja 
funçãoésanarasdúvidassobreoconteúdodotexto;3) maisumaleitura,procurando 
aestrutura queoautor forneceuaoseumaterial.Estaleituradeveserdisponibilizada

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